Notícia anterior Próxima notícia Classificação do artigo 12 nov 2014 O Globo SÉRGIO ROXO [email protected] NA WEB glo.bo/1xFtuCA Policiais brasileiros matam mais em cinco anos do que americanos em 30 País tem média de 6 pessoas mortas por hora Número de vítimas chegou a 53.646 em 2013, incluindo homicídios, latrocínios e lesões seguidas de morte “A Segurança Pública talvez seja a área que menos atenção recebeu nestes 25 anos de democracia” Oscar Vilhena Professor da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas O número de homicídios no Brasil chegou a 53.646 em 2013, um aumento de 1,1% em relação a 2012 (53.054), segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O total de roubos cresceu 12%. -SÃO PAULO- Uma pessoa é morta a cada dez minutos no Brasil. Essa é a principal conclusão da oitava edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado ontem. O país teve 53.646 assassinatos em 2013, média de 6,11 pessoas mortas por hora. Em comparação com o ano anterior, o estudo revela que houve um aumento de 1,1% no total de mortes violentas, que inclui homicídios, latrocínios ( roubo seguido de morte) e lesões corporais seguidas de morte. Em 2012, foram 53.054 ocorrências. — Os dados são dramáticos porque, se somarmos os números de homicídios que ocorreram desde a democratização, com a Constituição de 1988, temos mais de 1 milhão de homicídios no Brasil em 26 anos. Isso é quatro vezes o que ocorreu no conflito do Vietnã, que também durou cerca de duas décadas — afirmou Oscar Vilhena, professor da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para Vilhena, os problemas decorrentes da violência foram colocados em segundo plano no país: — A Segurança Pública talvez seja a área que menos atenção recebeu nestes 25 anos de democracia. NO RIO, CRESCIMENTO DE 15% O estudo também constata que 68% das vítimas de homicídios no país em 2013 eram negras ou pardas. O Anuário, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que o país teve 26,6 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes ano passado. A Organização Mundial de Saúde considera epidemia quando a taxa ultrapassa 10 por 100 mil. Em 2012, o número tinha sido de 27,4 mortes por 100 mil habitantes, o que indica redução de 2,6% — devido ao aumento da população. Proporcionalmente ao número de habitantes, Alagoas foi o estado com mais assassinatos registrados em 2013, com taxa de 67,5 por grupo de 100 mil habitantes (no ano anterior, o índice foi de 67,8). O Rio teve aumento de mortes violentas em 2013. O total de assassinatos passou de 4.241 para 4.928. Considerando-se a taxa por grupo de 100 mil habitantes, o índice de assassinatos do Rio passou de 26,1 para 30,1, o que colocou o estado na 11 ª posição no ranking nacional. Ao todo, 15 das 27 unidades da Federação conseguiram reduzir o índice em 2013, na comparação com o ano anterior. São Paulo é o estado com a menor taxa proporcional de assassinatos: 11,7 por cem mil habitantes. O estado teve queda de 11,7% no índice. O Rio Grande do Norte foi o estado com o maior crescimento de assassinatos, com uma elevação de 102,4%. A taxa de mortes violentas por 100 mil habitantes passou de 12 para 24,3. Já o Paraná foi o estado que mais reduziu as ocorrências em 2013, com o índice por 100 mil habitantes passando de 31,1 para 24,5. Durante a apresentação do Anuário, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentou uma meta de redução dos homicídios no país de 65,5% até 2030. A expectativa é que a queda anual dos índices seja de 5,7% ao ano, o dobro do esperado como média mundial. A projeção apresentada tem como base as quedas de assassinatos registradas nos últimos anos nos estados de São Paulo, Pernambuco, Rio e Minas. — Com as exper iências que foram acumuladas, é possível dizer que, se o Brasil fizer uma aposta na integração (do trabalho das polícias), a gente consiga reduzir os assassinatos em 65,5% até 2030 — afirmou Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Anuário também revela que o déficit de vagas nos presídios brasileiros aumentou 9,77% entre 2012 e 2013. De acordo com o levantamento, faltavam, ao final do ano passado, 220 mil vagas no sistema prisional, 19,5 mil a mais do que no ano anterior. A média nacional é de 1,7 detento por vaga. Os estados que apresentam a pior situação são: Alagoas (2,9), Pernambuco (2,7), Amapá ( 2,6) e Amazonas ( 2,3). O Rio manteve o déficit de 1,3 por vaga, um dos estados com menor índice. O estudo mostra ainda que 40,1% dos detentos do país são presos provisórios, que aguardam julgamento. Em nove estados, porém, o total de presos que aguardam julgamento ultrapassa os 50%. São eles: Piauí ( 66,7%), Amazonas ( 66,2%), Pernambuco ( 62,3%), Minas Gerais (59,8%), Sergipe (58,4%), Maranhão ( 57,7%), Bahia (52,9%), Mato Grosso (51,3%) e Tocantins (51,2%). Impresso e distribuído por NewpaperDirect | www.newspaperdirect.com, EUA/Can: 1.877.980.4040, Intern: 800.6364.6364 | Copyright protegido pelas leis vigentes. Notícia anterior Próxima notícia