Recomendações para a Terapia AntiRetroviral em Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV II Diretrizes Brasileiras para Tuberculose 2004 I Encontro Nacional de TUBERCULOSE Olavo Henrique Munhoz Leite Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina da USP Brasília, julho de 2004 HIV/Aids no Brasil • Casos de Aids notificados até 09/2003: 277.141 • Taxa de Incidência de Aids: 105 novos casos por milhão de habitantes • 10.000 mortes por ano • Taxa de mortalidade por Aids: 60 por milhão de habitantes • Prevalência estimada de HIV: 0.65% na faixa etária de 15-49 anos (0.47 mulheres e 0.84 homens) • Epidemia afeta especialmente as classes sociais mais desfavorecidas Programa Brasileiro de Acesso aos ARV: Principais Aspectos • POLÍTICA DE ACESSO LIVRE E UNIVERSAL A MEDICAMENTOS ANTI-RETROVIRAIS ESTABELECIDA EM MEADOS DOS ANOS 90 – (Decreto Presidencial, 9313/96) • RECOMENDAÇÃO NACIONAL PARA TRATAMENTO ARV (Adultos, Crianças e Gestantes) – Recomendações Específicas para CoInfecções com HIV (TB e Hepatites Virais) • CONTROLE LOGÍSTICO DE ARV – (distribuição, aquisição, etc) Anti-retrovirais distribuídos pelo Ministério da Saúde.  ZIDOVUDINA (AZT)*  SAQUINAVIR SGC (SQV)  DIDANOSINA (ddI) *  INDINAVIR  LAMIVUDINA (3TC) *  RITONAVIR  ESTAVUDINA (d4T) * ITRN  ABACAVIR (ABV) (IDV)* (RTV)*  NELFINAVIR (NFV)  AMPRENAVIR (APV)  AZT + 3TC  LOPINAVIR/r (LPV/r)  TENOFOVIR (TDF)  ATAZANAVIR (ATV)  NEVIRAPINA (NVP)*  EFAVIRENZ (EFV) ITRNN (*) disponível versão produzida localmente IP Evolução dos ARV Pré HAART 1987 AZT 1991 ddI 1992 ddC 1994 d4T 1995 3TC 5 ARV/ 8a Pós HAART 1995 SQV 1996 RTV IDV NVP 1997 1998 NFV DLV BIO FTV EFV ABV 9+1 ARV / 4a 1999 2000 2001 2003 APV LPV/r ddI EC TZV TDF T20 ATZ FTC F-APV 8 ITRN/Nt 7 IP 3 ITRNN 1 IF 19 ARV 16 anos 7+2 ARV / 4a Max Igor Banks Ferreira Lopes Pacientes sob terapia ARV no sistema público de Saúde - Brasil, 1997 - 2001 120000 100000 80000 60000 40000 20000 105.000/ 2001 113.000 / Oct 2003 ja n/ 9 m 7 ar /9 m 7 ai /9 7 ju l/9 7 se t/9 no 7 v/ 97 ja n/ 9 m 8 ar /9 m 8 ai /9 8 ju l/9 8 se t/9 no 8 v/ 98 ja n/ 9 m 9 ar /9 m 9 ai /9 9 ju l/9 9 se t/9 no 9 v/ 99 ja n/ 0 m 0 ar /0 m 0 ai /0 0 ju l/0 0 se t/0 no 0 v/ 00 ja n/ 0 m 1 ar /0 m 1 ai /0 1 ju l/0 1 se t/0 no 1 v/ 01 0 Fonte: Coordenação Nacional de DST/Aids, Ministério da Saúde. Impacto da Política de ARV no Brasil (1996-2002)  Redução da mortalidade ¾ 40 - 70%  Redução de Morbidades ¾ 60 - 80%  Ocorrência de novos casos de AIDS ¾ 58.000 casos evitados  Ocorrência de mortes por AIDS ¾ 90.000 óbitos evitados  Internações:  Redução de 70%  358.000 internações evitadas (1997- 2001) ¾ Economia: U$ 2.2 bilhões (assistência hospitalar e ambulatorial) Tuberculose e PCP entre casos notificados de AIDS. Brasil, 1988-2002. 50 40 % 30 20 10 0 HIV/TB 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 20,5 26 22,6 22,9 26,3 28,7 27,8 25,1 25,5 23,9 21,5 22,3 HIV/PCP 21,5 25,9 25,1 26,3 25,9 25,4 22,5 19,3 18 20 21 16,3 13,3 12,5 11,6 11,9 ano de diagnóstico de Aids fonte: Vigilância Epidemiológica – C.N. DST/AIDS (dados até Dez 2002). Pacientes HIV/Aids entre casos notificados de TB. Brasil, 2000-2002. numero de casos 100000 80000 TB (total) 60000 TB/HIV 40000 20000 0 TB (total) TB/HIV 2000 2001 2002 88257 90401 93834 7643 8300 7927 ano de notificação da TB Fonte: Área Técnica de Pneumologia Sanitária– M.S.. Dados até Setembro 2003. Pacientes HIV/Aids entre casos notificados de TB. Estado de São Paulo, 1993-2001. 20000 18000 numero de casos 16000 14000 TB (total) 12000 TB/HIV 10000 8000 6000 4000 2000 0 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 TB (total) 16763 16615 17276 17634 17947 17537 18628 18874 16642 TB/HIV 2396 3052 3224 3472 3556 2620 2829 2516 2176 ano de notificação da TB Fonte: Divisão de Tuberculose. SES/SP (dados até 14/05/2002). Tuberculose entre pacientes HIV/Aids, de acordo com o ano do primeiro diagnóstico de TB no Serviço. CRT-Centro de Referencia e Treinamento DST/Aids. São Paulo/Brasil, 1994-2003 400 350 1997/96: 1997/96:- -63% 63% 2001/96: 2001/96:- -69% 69% 300 250 200 150 100 50 casos 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 casos 1994 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 378 294 317 117 87 116 91 98 59 29 Fonte: Vigilância Epidemiológica – CRT-DST/AIDS (dados até Julho/2003). Dra. Leda Fatima Jamal Recomendações para a Terapia AntiRetroviral em Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV 2004 Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids Ministério da Saúde do Brasil Consenso ARV Adultos 2004 - Aspectos Principais Início do tratamento Parâmetros clínicos e imunológicos Sintomáticos CD4 < 200/mm3 Æ Tratamento recomendado Æ Tratamento recomendado Assintomáticos CD4 entre 200 e 350/mm3 CD4 > 350 Æ Considerar tratamento Æ Não tratar Parâmetros virológicos Sem valor para determinarem sozinhos o início do tratamento RECOMENDAÇÕES PARA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL EM ADULTOS E ADOLESCENTES INFECTADOS PELO HIV – 2004 Quadro I: Recomendações para início de terapia anti-retroviral Assintomáticos sem contagem de linfócitos T-CD4+ disponível (1) Assintomáticos com CD4 > 350 células/mm Não tratar Não tratar (2) Assintomáticos com CD4 entre 200 e 350 células/mm (3) Considerar Tratamento Assintomáticos com CD4 <200 células/mm3 Tratar + quimioprofilaxia para IO Sintomáticos Tratar + quimioprofilaxia para IO 1. Na impossibilidade de acesso à contagem de CD4, considerar a contagem inferior a 1000 linfócitos/mm3, especialmente se HB < 13 g/dL. 2. Risco de desenvolvimento de IO em curto prazo é baixo, não iniciar o tratamento e monitorar o paciente com freqüência de 3 a 4 meses. 3. Quanto mais próxima de 200 células/mm3 (CD4) e/ou carga viral (>100.000 cópias/mL), mais forte a indicação para início tratamento antiretroviral. Esquemas Preferenciais para Início de Tratamento ARV de acordo com o estágio da infecção pelo HIV ASSINTOMÁTICO com CD4 < 350 ou SINTOMÁTICO Preferencial: 2 ITRN + ITRNN Alternativo: 2 ITRN + IP ASSINTOMÁTICO com CD4 > 350 NÃO TRATAR Drogas e Combinações Preferenciais 1 2 3 4 5 – – – – – Grupo Farmacológico 1ª Escolha 2ª Escolha ITRN AZT + 3TC d4T + 3TC1,2 ITRNN EFZ3 NVP IP 5 LPV/r ou ATV NFV4 ou SQV/r5 d4T + 3TC Æ opção pac. com intolerância ao 3TC ou uso 3TC prévio TDF se contra-indicação a AZT e d4T e associado a 3TC/EFV EFV preferencial a NVP (exceto gestantes) Não usar NFV se CV > 100.000cp/ml. Preferencial em gestantes. Opção IP se uso RFP. Se intolerância a SQV/r e EFV usar 3ITRN RECOMENDAÇÕES PARA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL EM ADULTOS E ADOLESCENTES INFECTADOS PELO HIV – 2004 Esquemas Terapêuticos • Equivalência entre IP e ITRNN na supressão viral – CV elevada – CD4< 200/mm3 ou sintomático, IP é preferencial para alguns – Estudo ATLANTIC – Alterações Metabólicas – Comitê - 1a opção ITRNN, IP alternativo • Efavirenz preferível à Nevirapina na terapia inicial – CD4< 200/mm3 ou sintomático – 2NN eficácia comparável EFV X NVP Poor Virologic Responses and Early Emergence of Resistance in Treatment Naive, HIV-infected Patients Receiving a Once Daily Triple Nucleoside Regimen of Didanosine, Lamivudine, and Tenofovir DF • Uso de regime com três ITRN (ddI + 3TC + TDF 1x/dia) resulta em alta freqüência de resposta subótima com emergência precoce de resistência. Consistente com outros estudos com a combinação de 3 ITRN mostrando a inferioridade desta estratégia. 11th CROI, 51:2004, San Francisco, USA Associações e Esquemas de Tratamento Inaceitáveis Monoterapia Æ exceto AZT como quimioprofilaxia para transmissão vertical em alguns casos Qualquer terapia dupla inicial Æ exceto em quimioprofilaxia pós acidente ocupacional AZT + d4T IP não associado ao RTV, 3 ou mais IPs # exceto Nelfinavir, Ritonavir como coadjuvante farmacológico 3 ou + ITRN AZT+3TC+ABC em situações especiais 2 ou + ITRNN Dificuldades Na Co-Infecção HIV/TB: • Diagnóstico • Tratamento • Profilaxia Dificuldades na Co-Infecção HIV/TB: • Diagnóstico laboratorial: – Exame direto freqüentemente negativo – Necessidade de confirmação de TB (relacionamento com ARV; possibilidade de ser MNT) – Demora nos resultados de exames confirmatórios (cultura e identificação) – Necessidade de diagnóstico rápido em pacientes graves (hospitalizados) Dificuldades na Co-Infecção HIV/TB: • Tratamento: – Manejo de drogas ARV e anti-TB • Poucos ARV que compõem HAART compatíveis com uso concomitante com a R (Efavirenz, Saquinavir/ritonavir, Nevirapina) – Adesão ao Tratamento (dose fixa/combinada de E1) – Toxicidade da associação drogas anti-TB/HIV. – Resistência aos medicamentos anti-TB – Tratamento EV indisponível no Brasil (RMP, INH e etambutol) DIRETRIZES BRASILEIRAS PARA TUBERCULOSE II CONSENSO BRASILEIRO DE TUBERCULOSE SBPT MINISTÉRIO DA SAÚDE 2004 Tratamento na co-infecção TB-HIV Paciente virgem de tratamento para tuberculose e para HIV Tratar TB por 6 m com esquema I (E-1). Após a estabilidade clínica, determinar CD4+ e carga viral para avaliar necessidade de TARV. Iniciar TARV com um dos seguintes esquemas: Paciente sob terapia antiretroviral, virgem de tratamento para tuberculose Tratar TB por 6 m com esquema I (E-1). Caso necessário, adequar TARV, substituindo drogas incompatíveis com o uso de R, esquemas: Meningoencefalite tuberculosa Tratar TB por 9 m, com esquema II (E-2). Iniciar ou substituir a TARV por esquemas compatíveis com R: Retratamento para tuberculose Tratar TB por 6 m, esquema I reforçado – IR (E-1R) (6). Iniciar ou substituir TARV por esquemas compatíveis com uso concomitante de R: 2 ITRN + Efavirenz 2 ITRN + Saquinavir + Ritonavir 2 ITRN + Efavirenz 2 ITRN + Saquinavir + Ritonavir 2 ITRN + Efavirenz 2 ITRN + Saquinavir + Ritonavir 2 ITRN + Efavirenz 2 ITRN + Saquinavir + Ritonavir Tratamento na co-infecção TB-HIV Falência ao tratamento para tuberculose Tratar TB por 12 m, com esquema III (E-3) (6). Iniciar ou substituir TARV pelo esquema considerado mais adequado do ponto de vista imunológico e virológico. Tuberculose Multirresistente Encaminhar aos serviços de referência em tuberculose, para avaliação de especialistas e uso de esquemas especiais FONTE: CONSENSO DE TERAPIA ANTIRETROVIRAL, 2004, PROGRAMA NACIONAL DE DST/aids DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. ITRNN IP sem Ritonavir IP com Ritonavir Dificuldades na Co-Infecção HIV/TB: Tratamento: – Hepatopatia – ARV, particularmente IPs – Co-infecção • Vírus da Hepatite B • Vírus da Hepatite C – Reação Paradoxal – Síndrome de Imunorreconstituição – Exacerbação temporária de sinais, sintomas e exames radiológicos Quadro V: Esquemas de tratamento anti-retroviral para pacientes em falha terapêutica - Primeiro resgate Dificuldades na Co-Infecção HIV/TB: Tratamento: – Pacientes com esquemas de resgate – Poucos ARV compatíveis com R – Possibilidade de uso de Lopinavir/r • Grande número pílulas • Baixa tolerância Ritonavir 300mg • Escalonar o RTV – Alterações Metabólicas – Intolerância a glicose – Diabetes Mellitus