ENSP/ CEENSP/ CICT/ Cadernos de Saúde Pública Epidemiologia e Investigação em Serviços de Saúde: A Evidência em Saúde Pública Cesar Victora UFPEL 3/8/2005 1 Enfoque da apresentação • • • • Epidemiologia Estudos de impacto Avaliações em larga escala Saúde da criança 2 Esboço da apresentação • • • • • A evidência em Saúde Pública Delineamentos de probabilidade Delineamentos de adequação Delineamentos de plausibilidade Conclusões 3 Tipos de evidência epidemiológica em Saúde Pública Tipo de evidência Tipo de estudo Freqüência de doença Descritivo Freqüência de exposição Descritivo Relação exposição/doença Experimental (ou observacional) Cobertura de intervenções Descritivo Eficácia de intervenção Experimental (ou observacional) Efetividade de programa Observacional 4 Sobre ratos, homens e populações • Ciências de laboratório (estudos em animais) – “Um rato é um rato” • Ciência clínica – “Um paciente é um paciente” • Saúde Pública – “Nem todas as populações são iguais” • A modificação de efeito é a regra, não a exceção • Especialmente em Saúde Intenacional 5 Estudos de eficácia • A intervenção funciona quando implantada sob condições ideais? • Características dos estudos: – Implementação integral – Qualidade excelente – Alta cobertura populacional • Incluindo os mais pobres – A intervenção é altamente necessária – Fatores contextuais são raramente descritos 6 Estudos de efetividade • A intervenção funciona na minha comunidade? • Características dos estudos: – Implementação imperteita – Qualidade média – Cobertura parcial • Provavel exclusão dos mais pobres – Necessidade da intervenção pode ser menor do que no local dos estudos de eficácia – Fatores contextuais essenciais podem estar ausentes 7 Esboço da apresentação • • • • • A evidência em Saúde Pública Delineamentos de probabilidade Delineamentos de adequação Delineamentos de plausibilidade Conclusões 8 Ensaios randomizados • Priorizam a validade interna – Alocação aleatório reduz viés de seleção e a probabilidade de confusão – Cegamento reduz viés de informação • Popularizados através de ensaios clínicos de novas drogas • Essenciais para determinar a eficácia de novas intervenções • Adequados para cadeias causais curtas – Efeitos biológicos de drogas, vacinas, suplementos droga efeitoetc. farmacológico cura ou melhora nutricionais, 9 O que mostra um ensaio randomizado? • A probabilidade de que o resultado observado seja devido à intervenção • Evidências adicionais são necessárias para tornar este resultado conceitualmente plausível – Plausibilidade biológica – Plausibilidade operacional 10 Tipos de ensaios randomizados Tipo de ensaio Eficácia clínica Unidades Oferta da Aderência de estudo intervenção (recipientes) Indivíduos Ideal Ideal Eficácia de regime Grupos Ideal Ideal Eficácia de oferta Grupos Ideal “Boa prática” Eficácia de programa Grupos Efetividade Grupos “Boa prática” “Boa prática” Rotina Source: Victora, Habicht, Bryce, AJPH 2004 Rotina 11 CONSORT Statement • • • • • • • • Allocation Rationale Eligibility Interventions Objectives Outcomes Sample size Randomization – – – – Sequence generation Concealment Implementation Blinding (masking) • • • • • • • • • • • Statistical methods Participant flow Recruitment Baseline data Numbers analyzed Outcomes and estimation Ancillary analyses Adverse events Interpretation Generalizability Overall evidence 12 Principais etapas em ensaios de SP • Oferta da intervenção do nível central para unidades locais (ex: serviços de saúde) • Aderência dos trabalhadores de saúde à intervenção • Aderência da população • Efeito biológico da intervenção As cadeias causais em SP são muito mais complexas do que em estudos clínicos Source: Victora, Habicht, Bryce, AJPH 2004 13 Exemplo de uma intervenção em SP: Ensaio randomizado de aconselhamento nutricional Programa nacional implementado A equipe central é competente Agentes de saúde treinados Os agentes são treináveis Melhora no conhecimento do agente Melhora no desempenho A demanda é adequada Equipmentos estão disponíveis Melhora no conhecimento da mãe Mudança na dieta da criança Alimentos estão disponíveis Aumento na ingesta calórica e protêica Falta de alimentos é uma causa de desnutrição Melhora no estado nutricional Source: Santos, Victora et al. J Nutr 2001 14 Exemplo de uma intervenção em SP: Ensaio randomizado de aconselhamento nutricional Programa nacional implementado Agentes de saúde treinados Melhora no conhecimento do agente Melhora nodedesempenho Desempenho 80% em cada etapa Efetividade final = 21% Melhora no conhecimento da mãe Mudança na dieta da criança Aumento na ingesta calórica e protêica Melhora no estado nutricional Source: Santos, Victora et al. J Nutr 2001 15 Os resultados de ensaios de eficácia são generalizáveis para a rotina? • A dose da intervenção pode ser menor – Modificação de efeito comportamental • Comportamento do agente • Comportamento do recipiente • A relação dosereposta pode ser diference – Modificação de efeito biológica Quanto maior a cadeia causal, maior a probabilidade de modificação de efeito Source: Victora, Habicht, Bryce, AJPH 2004 16 Associações não lineares Resposta Ensaios Aplicação dos resultados Necessidade da intervenção Source: Victora, Habicht, Bryce, AJPH 2004 17 Limitações dos ensaios clínicos para implementação em larga escala • Impossível randomizar – Anti-ético, politicamente inaceitável, implementação rápida • A avaliação afeta a oferta da intervenção – A oferta é pelo menos “boa prática” • A modificação de efeito é a regra – A implementação é variável • Necessidade de enfoques complementares para avaliações em Saúde Pública 18 Types of inference in impact evaluations • Adequacy (descriptive studies) – the expected changes are taking place • Plausibility (observational studies) – observed changes seem to be due to the programme • Probability (RCTs) – randomised trial shows that the programme has a statistically significant impact Source: Habicht, Victora, Vaughan, IJE 1999 19 Esboço da apresentação • • • • • A evidência em Saúde Pública Delineamentos de probabilidade Delineamentos de adequação Delineamentos de plausibilidade Conclusões 20 Avaliações de adequação • Questões: – Os objetivos iniciais foram atingidos? • Ex: reduzir a mortalidade infantil em 20% – As tendências observadas foram • No sentido esperado? • De magnitude adequada? 21 Vacina Hib no Uruguai, anos 1990 Casos notificados caíram 95% após a introdução da vacina em 1994. Source: PAHO, 2004 22 Mortes/ 100.000 mulheres Câncer de colo uterino, RS, 1980-2000 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 Ano 23 Avaliações de adequação • São sempre necessárias – Mesmo em delineamentos mais complexos • Podem ser suficientes para a tomada de decisões quando: – Não há melhoria no desfecho – Há melhoria, e: • A magnitude do efeito é grande • A cadeia causal entre a intervenção e o desfecho é relativamente curta • A probabilidade de confusão é baixa Source: Victora, Habicht, Bryce, AJPH 2004 24 Avaliações de adequação • São a única alternativa quando o programa inclui: – Mudança na legislação • Uso de capacetes para motociclistas • Tributação de cigarros • Programa de desarmamento – O programa é implementado em larga escala • Imunização universal • Fortificação de alimentos 25 Esboço da apresentação • • • • • A evidência em Saúde Pública Delineamentos de probabilidade Delineamentos de adequação Delineamentos de plausibilidade Conclusões 26 Avaliações de plausibilidade • Questão: – O impacto observado parece ser devido à intervenção? • Necessidade de excluir a influência de fatores externos à intervenção: – Grupo de comparação ou controle – Ajuste para fatores de confusão • Também conhecidos como quaseexperimentos 27 Programa Nacional de Controle da Diarréia • Manejo de casos de diarréia em menores de 5 anos – Região Nordeste – 1980-1990 – Ênfase na Terapia de Reidratação Oral (TRO) • Indicadores de impacto – Mortalidade proporcional – Hospitalizações • Grupos controle – Histórico – Geográfico Soutrce: Victora et al Health Policy and Planning 1996. 28 Tendências nas internações por diarréia infantil 70 % INTERNAÇÕES 60 50 40 30 20 10 0 80 81 82 83 84 85 ANO 86 87 88 89 90 % DE TODOS OS ÓBITOS 14 12 30 ÓBITOS INFANTIS POR DIARRÉIA 25 10 20 8 15 6 ENVELOPES DE SRO 10 4 2 5 0 0 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 ANO MILHÕES DE ENVELOPES DE SRO Tendências na mortalidade proporcional % óbitos infantis por diarréia Análise ecológica 40% Cada ponto = 1 estado 35% 30% 25% 20% 15% Spearman r = -0,61 (p=0,04) 10% 30% 35% 40% 45% Cobertura de TRO 31 Simulação dos efeitos de fatores contextuais • Fatores contextuais podem explicar o declínio na diarréia (pobreza, saneamento, amamentação, desnutrição, etc) • Simulações matemáticas usando riscos relativos de outros estudos brasileiros • Mudanças nestes fatores explicariam uma redução de 21% na mortalidade • O declínio observado foi de 57% 32 Resumo das evidências • Aumento na oferta e cobertura de TRO • Redução na mortalidade e internações por diarréia • Associação ecológica inversa entre cobertura de TRO e mortalidade • Mudanças em fatores contextuais não explicam a redução na mortalidade por diarréia • Melhorias no manejo da diarréia parecem ser responsáveis por boa parte da redução na morbidade grave e na mortalidade 33 Avaliações de plausibilidade são particularmente úteis quando: • A artificialidade dos ensaios clínicos é inapropriada à complexidade da intervenção • Ensaios randomizados demonstraram eficácia mas a efetividade é duvidosa • Razões éticas ou práticas impedem a randomização • A intervenção é rapidamente universalizada • Gestores demandam resultados locais 34 • Transparent Reporting for Evaluations with Nonrandomised Designs (TREND) • Similar to CONSORT guidelines • Include – – – – conceptual frameworks used intervention and comparison conditions research design methods of adjusting for possible biases • AJPH, March 2004 35 Source: Des Jarlais, Lyles, Crepaz and the TREND Group, AJPH 2004 Esboço da apresentação • • • • • A evidência em Saúde Pública Delineamentos de probabilidade Delineamentos de adequação Delineamentos de plausibilidade Conclusões 36 De que precisamos? • • • • Estudos de eficácia e de efetividade Estudos randomizados e observacionais Validade interna e externa Agências financiadoras e editores de revistas científicas precisam apoiar e publicar estudos de efetividade 37