CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE FRANGOS DE CORTE CRIADOS EM
DIFERENTES MATERIAIS DE CAMA AVIÁRIA
Isabela Maria Machado de Oliveira1, Kely Cristina Bastos Teixeira Ramos1, Mytre
Fernandes Moufarreg1, André Mantegazza Camargo1, Paulo Henrique Gomes Sales1,
Arisléa Fernandes Cunha Lara2
Faculdade de Imperatriz - FACIMP/Departamento de Zootecnia, Av. Prudente de Moraes, s/nº
Residencial Kubitscheck, Imperatriz/ MA, CEP: 65900-000, [email protected],
[email protected]; [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
Coordenadora de Campo Asa Norte Alimentos Ltda
Resumo- O objetivo deste estudo foi avaliar alguns materiais usados como cama aviária sobre as
características da carcaça de frangos de corte. As aves foram distribuídas em delineamento experimental
inteiramente casualizado, com três tratamentos (T1: cepilho de madeira, T2: casca de arroz e T3: capim
seco picado) e cinco repetições. Foram utilizados 45 frangos de corte da linhagem Cobb, não sexados. Os
parâmetros avaliados foram peso vivo, peso e rendimento de carcaça e cortes (peito, coxas, dorso e asas).
Pode ser observado para características de peso vivo aos 42 dias de idade, que as aves criadas sobre piso
de cepilho de madeira obtiveram peso vivo superior aos frangos criados sobre casca de arroz e capim seco
picado. Não houve diferenças significativas entre os valores de peso e rendimento das carcaças e dos
cortes (peito, dorsos, asas, pescoço e pés). No entanto, observou-se que as aves dos tratamentos 1 e 3,
apresentaram maiores pesos de coxa quando comparados com os frangos do tratamento 2. Conclui-se que
os frangos criados sobre casca de arroz aperesentaram menor peso e rendimento de coxas.
Palavras-chave: coxas, frangos de corte, peito, peso vivo, rendimento de carcaça
Área do Conhecimento: V - Ciências Agrárias
Introdução
A avicultura de corte é uma das atividades
econômicas que mais se desenvolveu no setor
agropecuário nos últimos anos. Este fato ocorreu,
pois este setor passou por inúmeras mudanças,
tais como avanços tecnológicos, genética,
nutrição, adequação e modernização das
instalações e equipamentos, implantação de
normas de biossegurança e aperfeiçoamento do
manejo.
Pensando sempre em reduzir os custos de
produção, para manter o produto competitivo no
mercado, a avicultura busca continuamente
alternativas com esse intuito, mas sempre
querendo
equilibrar
melhores
resultados
econômicos e sem prejudicar o desempenho.
Visando alcançar parâmetros produtivos e
econômicos, uma das formas de reduzir o custo
seria a aquisição de materiais utilizados como
cama, com menor preço de mercado e fácil
aquisição.
A cama de aviário consiste na mistura de
excreta (fezes e urina), com o material utilizado
como substrato para receber e absorver a
umidade da excreta, penas, restos de alimentos e
secreções, afirma Bellaver & Palhares (2002).
De acordo com Ávila et al. (1992) o uso de
cama nos aviários de frango de corte tem por
objetivos evitar o contato direto das aves com o
piso, servir de substrato para a absorção da
umidade do ambiente, incorporação de fezes,
urina, penas, descamações da pele e restos de
alimentos caídos dos comedouros e contribuir
para a redução das oscilações de temperatura no
aviário. Permitindo que a qualidade da carcaça
seja mantida, diminuindo a incidência de lesões
em regiões como peito, joelho e coxim plantar.
O objetivo deste estudo foi avaliar alguns
materiais usados como cama aviária sobre as
características da carcaça de frangos de corte.
Metodologia
O experimento foi conduzido na Fazenda
Tarcílio Leite de Andrade da Faculdade de
Imperatriz (FACIMP), fica localizada a 13 km do
município
de
Imperatriz/MA.
O
período
experimental foi de 17 de outubro a 29 de
novembro de 2008.
As médias da temperatura e da umidade
mínima e máxima registradas foram de 23,6ºC,
o
33% e 37,6 C, 98%, respectivamente, monitoradas
diariamente, durante o período experimental.
Foram alojados 180 pintos de corte de 1 dia de
idade da linhagem comercial Cobb, não sexados,
doados pela empresa Asa Norte Alimentos, os
quais foram alojados em 15 boxes divididos por
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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tela galvazinada com área de 6,5m (3,25m x
2,0m). Cada compartimento (repetição) foi provido
de um bebedouro do tipo pendular e um
comedouro tipo tubular com capacidade para 50
animais.
Os pintos foram pesados após o recebimento e
distribuídos no círculo de proteção, apresentando
peso médio de 40,7g. O aquecimento das aves foi
fornecido por meio de campânula elétrica provido
de lâmpada de 150 Watts que foi controlado
observando-se a disposição dos animais e através
de medições diárias da temperatura. O
aquecimento foi finalizado quando as aves foram
distribuídas nas unidades experimentais.
o
No final do 7 dia de idade, todas as aves
foram pesadas novamente e redistribuídas nas
unidades experimentais, tendo em vista a
equalização dos pesos corporais entre os
tratamentos, sendo o peso médio das repetições
de 199,93g.
Os pintos foram vacinados contra as doenças
de Marek, Bouba Aviária e Gumboro no
incubatório. Aos onze dias de idade os pintos
foram vacinados contra doença de Newcastle,
amostra La Sota, na água de bebida.
Durante o período de criação (1 – 42 dias) as
aves receberam 20 horas de iluminação (natural +
artificial). Todas as aves tiveram livre acesso à
água e ração.
Foram utilizados cepilho de madeira, casca de
arroz e capim picado (Brachiaria decumbens)
como materiais de cama. Utilizaram-se 50kg de
2
cada material por box de 6,5m . A altura média da
cama foi de 10cm.
O cepilho de madeira foi coletado de três
madeireiras da região metropolitana de Imperatriz.
A casca de arroz foi doada pela empresa Cerelista
Sales Ltda de beneficiamento de arroz. O capim
(Brachiaria decumbens) foi obtido da própria
fazenda experimental, previamente foi triturado em
máquina apropriada para se obter tamanho
semelhante aos demais materiais de cama e
posteriormente seco por um período de 48 horas.
As aves foram distribuídas em delineamento
experimental inteiramente casualizado, com três
tratamentos (T1: cepilho de madeira, T2: casca de
arroz e T3: capim seco picado) e cinco repetições,
com doze animais por repetição.
Utilizaram-se dois tipos de rações comerciais
que atenderam no mínimo as recomendações
preconizadas por Rostagno et al. (2005).
Ao final do ensaio de desempenho, aos 42 dias
de idade, as aves foram submetidas a jejum de
sólidos por oito horas. Para avaliação das
características da carcaça, foram retiradas três
aves por unidade experimental com peso médio
do grupo, sendo 15 aves por tratamento e
totalizando 45 frangos.
As aves foram individualmente pesadas,
identificadas e sacrificadas por deslocamento
cervical.
Posteriormente
foram
sangradas,
o
escaldadas a 54 C por 2 minutos, depenadas,
evisceradas, sendo retirado a cabeça, o pescoço e
os pés.
Após serem lavadas as carcaças foram
dependuradas por 5 minutos para eliminação do
excesso de água. As carcaças foram pesadas
novamente para avaliação do peso da carcaça
quente, em seguida foram embaladas em sacos
plásticos previamente identificados e foram
mantidas resfriadas por 1 hora em água com gelo.
Após esse período foram transferidas para câmara
o
fria a 5 C por um período de 24 horas, de onde
foram retiradas para pesagem individual e
determinação do peso da carcaça resfriada (sem
pés, sem cabeça e sem vísceras), realização dos
cortes (peito, coxa + sobrecoxa, dorso, asa e
pescoço) e pesagem dos mesmos.
O rendimento de carcaça (%) foi obtido pela
relação entre o peso da carcaça resfriada (sem
pés, cabeça e pescoço) e o peso vivo após o
jejum. O rendimento dos cortes (%) foi obtido pela
relação entre o peso desses cortes e o da carcaça
resfriada.
Os dados obtidos foram submetidos à análise
de variância, utilizando-se o programa SISVAR
Ferreira (2000) e as médias dos tratamentos
comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5%
de probabilidade.
Resultados
Os resultados obtidos para peso absoluto (g) e
rendimento (%) da carcaça, peito, coxas, dorso,
asas, pescoço e pés estão apresentadas na
Tabela 1.
As aves criadas sobre piso de cepilho de
madeira (tratamento 1) obtiveram peso vivo
superior (P<0,05) aos frangos criados sobre casca
de arroz (tratamento 2) e capim seco picado
(tratamento 3).
Os pesos e os rendimentos da carcaça quente,
da carcaça resfriada e dos cortes (peito, dorsos,
asas, pescoço e pés) não foram influenciados pelo
diferentes materiais de cama. No entanto, o peso
das coxas das aves dos tratamentos 1 e 3,
apresentaram maiores pesos de coxa (P<0,05)
quando comparados com os frangos do
tratamento 2.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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Tabela – 1 Peso vivo pós jejum, pesos (g) e
rendimentos (%) das carcaças e dos cortes (peito,
coxas, sobrecoxa, dorso e asas) de frangos de
corte criados em diferentes tipos de materiais
utilizados como cama aviária aos 42 dias de idade
Variáveis
Tratamentos
CV
(%)
1
2
3
Peso (g)
1
PV
2388,48a 2193,33b 2324.66ab 7,02
2
CQ
1881,67a 1773,13a 1878,00a 7,39
3
CR
1866.33a 1762.00a 1863.67a 7,66
Peito
615,40a
602,47a
630,20a
9,96
4
Coxas
579,27a
521,40b
560,13a
7,43
Dorso
365,07a
348,80a
373,06a
8,98
Asas
194,80a
187,67a
198,20a
8,42
Pescoço
74,33a
71,33a
75,93a
10,38
Pés
75,33a
72,27a
73,73a
9,07
Rendimentos (%)
Carcaça
79,47a
80,30a
80,34a
2,29
Peito
32,97a
34,15a
33,73a
5,69
Coxas
31,04a
29,67b
30,02ab
4,65
Dorso
19,63a
19.81a
19,97a
7,36
Asas
10,45a
10,65a
10,61a
5,01
Pescoço
3,99a
4,00a
4,07a
9,80
Pés
4,07a
3,95a
4,13a
11,91
Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem pelo
teste Tukey (P>0,05).
1
Peso vivo pós jejum
2
CQ: carcaça quente
3
CR: carcaça resfriada
4
Coxas: sobrecoxa e coxa
Discussão
Pode ser observado para características de
peso vivo ao abate, que as aves criadas sobre
piso de cepilho de madeira (tratamento 1)
obtiveram peso vivo superior (P<0,05) aos frangos
criados sobre casca de arroz (tratamento 2) e
casca de capim seco picado (tratamento 3).
Observou-se uma média de perda de peso por
frango criado sobre casca de arroz de 195,15g em
relação aos animais criados sobre cepilho de
madeira. Para a indústria avícola este parâmetro é
de suma importância, pois pode levar a um menor
rendimento dos cortes e a elevados prejuízos
econômicos para o setor. Descordando com os
resultados relatados por Demirulus (2006) que
mostraram não haver efeito significativo no peso
vivo de frangos de corte criados em diferentes
materiais de cama aviária.
Os resultados presentes nesse estudo não
estão de acordo aos relatados por diversos
autores (Mouchrek et al., 1992a,b; Willis et al.,
1997 e Conte et al., 1998), os quais não
encontraram diferenças significativas no peso vivo
de frangos criados em diferentes materiais como
cama aviária. No entanto, Santos et al. (2000)
observaram valores superiores no peso vivo em
animais criados sobre cama de casca de arroz
quando comparado ao cepilho de madeira, casca
de café e sabugo de milho triturado.
Com relação ao peso e ao rendimento da
carcaça quente, da carcaça resfriada e dos cortes
(peito, dorsos, asas, pescoço e pés) não houve
diferenças significativas entre os valores
encontrados.
Atencio et al. (2008) ao avaliar diferentes
materiais como cama sobre as características de
carcaça observou efeito significativo no peso vivo,
peso da carcaça das aves criadas sobre cama de
areia em relação à serragem de madeira e casca
de arroz.
Ao avaliar o peso das coxas foi verificada
influência (P<0,05) pelos tipos de materiais de
cama aviária que as aves foram criadas.
Observou-se que as aves dos tratamentos 1 e 3,
apresentaram maiores pesos de coxa (P<0,05)
quando comparados com os frangos do
tratamento 2. O peso deste corte nobre pode ter
sido influenciado pelo menor peso vivo
apresentado pelos animais criados sobre cama de
casca de arroz (tratamento 2) o que também levou
a um mesmo comportamento para o rendimento
das coxas das carcaças dos frangos do tratamento
2.
Conclusão
Os frangos criados sobre casca de arroz
aperesentaram menor peso e rendimento de
coxas.
Agradecimentos
Asa norte Alimentos pela doação dos animais e
a empresa Cerelista Sales LTDA pela doação da
casca de arroz.
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