Desonerações: magnitude, Eleição condiciona resultados aobjetivos políticaeeconômica *Róber Iturriet Avila O professor de Economia da UFRGS Flávio Benevett Fligenspan (Coreconesde afala crisesobre de 2008, desoneRS 3214) as asperspectivas rações têm sido uma relevante de crescimento do PIB e de inflação ferramenta da política para 2014. Ele acredita quemacroeo mercado conômica. No não inícioterá dessa fase, os de trabalho saltos ouseus recuos resultados foram quaseasincontestes: importantes. Como projeçõesaopara invés de não a economia mergulhar em este ano indicam grandes mudanças, uma espiral comenta negativa,oaque redução de esperar imFligenspan se pode postos oportunizou a retomada do crespara 2015. cimento. Mais recentemente, oo caráter Corecon-RS – Para Instituto das desonerações alterou-se, priorizanBrasileiro de Economia da Fun-dação do a redução de preços e oosaumento da Getulio Vargas, todos componentes do PIB vão desacelerar competitividade. neste ano em relação a 2013, mas o padrão de crescimento será É possível, portanto, categorizar semelhante ao do ano passado. Concorda? as renúncias, estimadas em R$ 70,0 bilhões, três ano distintos objetivos. Fligenspan – O mais provável é queemeste tenhamos um Dentre as queem visam ampliar a competitividade, destacam-se as da focrescimento torno de 2%, o que configuraria uma média de lha de pagamentos e as do 2% Programa Integração So-cial/Contribuição crescimento dos mesmos para o de governo Dilma. Não há dúvida de Para Financiamento Seguridade de setores que que éouma média baixa,daa metade da deSocial Lula. (PIS/Cofins) Mas deve-se levar em conta sofrem maisnão com a concorrência internacional (R$ 12,8que bilhões R$ que Dilma se beneficiou de uma série de vantagens Lula eteve, 10,0 bilhões respectivamente), as da energia elétrica (R$ 8,0 bilhões), a tanto no plano internacional como no doméstico. Dilma passou todo ampliação do limite de isenção do Sistema Integrado de Pagamento de seu governo com os efeitos negativos da crise internacional e, no plano Impostos e Contribuições deosPequeno interno, pegou um períododas emMicroempresas que começarame aEmpresas se esgotar efeitos Porte (Simples) (R$ 6,3 bilhões) e a reintegração de valores tributários de positivos das medidas de sucesso de Lula: elevação do salário mínimo, exportadores (R$ 1,1 bilhão). Dentre as desonerações que objetivam a reBolsa Família e expansão do crédito. Neste ano a política econômica dução de preços,pelo salientam-se medidas zeramento datentar Contribuição está amarrada processo as eleitoral e odegoverno deve levar o de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre gasolina e diesel barco sem fazer marola. Não vai arriscar nada, principalmente porque (R$ 11,4 bilhões), a redução de impostos sobre produtos da cesta básica a inflação está no limite, prevendo-se para o final do ano algo entre 6% (R$ 6,0 bilhões), a redução de PIS/Cofins sobre transporte coletivo (R$ e 6,5%, que é o teto da meta. Os graves problemas de infraestrutura 0,7 bilhão) e, mais uma vez, a redução das tarifas de energia. Por último, continuam presentes e não vão se resolver tão cedo, pressionando foram renunciados ainda R$ 14,0 bilhões para ampliar o consumo e recustos e evitando uma expansão mais acelerada. ativar o crescimento, através da tributação dos automóveis, materiais de Corecon-RS – Se o quadro de 2014 está definido, o que se pode construção, serviços de banda larga, produtos da linha branca e outros. esperar para 2015? Contudo os resultados econômicos de 2013 foram modestos. As Fligenspan – Seja quem for o vencedor das eleições, hoje ainda exportações não aumentaram, a inflação ficou acima do centro da mecom Dilma em primeiro lugar nas pesquisas, nada indica uma reversão ta, o crescimento econômico foi positivo, mas abaixo das expectativas importante em 2015. Não parece que haverá mudança significativa de iniciais, o consumo das famílias obteve relativa acomodação, e o invespolítica econômica, como por exemplo, a troca do sistema de metas timento produtivo, mesmo tendo aumentado três vezes mais do que o de inflação, tal como o temos visto, isto é, adaptado às condições produto, não atingiu o esperado, dado o montante de incentivos fiscais condições de infraestrutura não serão muito diferentes e ebrasileiras. creditícios.As Deve-se ponderar que US$ 7,7 bilhões das plataformas fonem o mercado de como trabalho terá saltos mas, ou recuos importantes. Isto nos ram contabilizados exportações, concretamente, elevaram a leva para um crescimento pequeno. O que de melhor pode acontecer em capacidade produtiva. De todo modo, o País continuou gerando empre2015Atalvez não venha pelo lado das da Economia, masnão simé pela Política. gos. mensuração dos impactos desonerações um exercício Se o arranjo político que sair das urnas for positivo, o novo trivial, já que os dados poderiam estar piores sem elas, sobretudogoverno no que poderá questões institucionais permitam uma aceleração se referedestravar às que objetivaram a redução deque preços. Entretanto a renúncia do crescimento nos próximos anos. Alguns achar que isto para ampliar o consumo, aparentemente, perdeupodem o seu sentido diante dosé pouco para um país com o potencial como o do Brasil, mas eu acho resultados e da consequente piora do resultado fiscal. que Cabe seria auma mudança qualitativa e jásem estaria satisfeito reflexão contrafactual doimportante que sucederia as desoneracom isso. Basta ver que há travas institucionais que estão aí há ções, direcionando-se os recursos a fins outros, sempre urgentes,anos. como Corecon-RS – E sobre as expectativas inflação 2014?da infraestrutura. A baixa resposta do consumo, de mesmo compara o aumento Fligenspan – O ano boas, mas logo massa salarial, permite quecomeçou se aventecom que expectativas apenas o aprofundamento na vieram más notícias do setor de alimentos, tal como em 2013, o que distribuição de renda, via mudança da matriz tributária ou via alterações já propriedade, ameaça fecharmos o ano no teto da intensa meta. Onasistema metas, tal na traria uma resposta mais variávelde consumo. O como vem sendo estáfaz comprometido Brasil. Basta ver comportamento dosaplicado, preços livres repensar se asno desonerações foram que aproximadamente umconsumidor terço da inflação anual ainda estáno vinculado totalmente transferidas ao final, particularmente setor de à inflação passada, porque o processo de indexação ainda está posbem alimentos. Talvez as políticas ativas de governo e de investimentos presente, mesmo vinte anostomadas depois diretamente do início dopela Plano Ora, sam ser mais eficazes quando açãoReal. do Estado da inflaçãodeéagentes praticamente dois pontos percentuais, que é eum nãoterço por intermédio privados. justamente a diferença entre o centro da meta e o teto. Logo, todo ano nossa “folga” para absorver desvios da do FEE, centroCorecon-RS da meta já7884 está *Economista, Pesquisador comprometida de antemão. Isto seria um bom início de discussão para mudanças doacima sistema deametas. OBS.:O artigo integra Carta de Conjuntura FEE de 11 de fevereiro de 2014. D [email protected]