CAPA USINA O presidente Luiz Inácio Foz do Chapecó ministros de Minas e Energia, Fazenda e Aqüicultura e Pesca participaram do evento de concretagem do vertedouro Fotos: Almir Chieregato / Eny Miranda / Luiz Fajardo RECEBE PRESIDENTE LULA Lula da Silva e os 6 REVISTA FURNAS ! ANO XXXIII ! Nº 345 ! OUTUBRO 2007 Caçamba para lançamento de concreto se aproxima da estrutura do vertedouro O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou no dia 5 de outubro, o canteiro de obras da Hidrelétrica Foz do Chapecó, onde participou da solenidade de início da concretagem estrutural do vertedouro. O evento contou com as presenças dos ministros Nelson Construção Hubner (Minas e Energia), Guido Mantega (Fazenda), Altemir O empreendimento está localizado entre os municípios de Gregolin (Aqüicultura e Pesca) do Águas de Chapecó (SC) e Alpestre (RS) e conta com investimentos governador de Santa Catarina, de, aproximadamente, R$ 2,2 bilhões. A usina terá 855 MW de Luiz Henrique da Silveira; de par- potência instalada e 432 MW médios de energia assegurada, o lamentares federais, lideranças que seria suficiente para atender cerca de 25% de todo o políticas regionais e municipais; e consumo de energia de Santa Catarina ou em torno de 18% diretores do consórcio Foz do do Chapecó Energia, formado pelas a previsão é de que sua energia esteja à disposição do país em empresas CPFL (51%), FURNAS agosto de 2010. (40%) e CEEE-GT (9%). Rio Grande do Sul. A construção deve durar 50 meses e Durante este período, além de arrecadar impostos – previsão Em seu pronunciamento, o pre- de R$ 16 milhões em ISS, os municípios da região serão benefi- sidente Lula destacou a importân- ciados com a execução de 32 programas socioambientais e com cia da construção de usinas hidre- a geração de, aproximadamente, 6 mil empregos. Hoje, 2,2 mil létricas para atender à demanda operários trabalham na obra. Após a entrada em operação da atual e futura de energia. “Tenho hidrelétrica, serão repassados também mais de R$ 12 milhões por imensa alegria de estar aqui ven- ano por meio da compensação financeira pela utilização dos do o começo de uma grande obra recursos hídricos, divididos entre os municípios, estados e União. que vai gerar energia para o Brasil, criar empregos e ajudar finan- Inovações ceiramente as prefeituras e os es- Quando máquinas e homens chegaram para instalar o tados de Santa Catarina e Rio Gran- canteiro de obras da Hidrelétrica Foz do Chapecó, em janeiro de do Sul. Nada é melhor para o deste ano, oficialmente também se abria para o setor de geração de país do que construir uma hidre- FURNAS uma nova fronteira. Primeira usina da Empresa na região Sul, létrica, que gera uma energia pu- Foz do Chapecó está inserida no Programa de Aceleração do ramente limpa, barata e que pode Crescimento (PAC) do governo federal. A usina traz, ainda, ser explorada por muito tempo”. inovações de projeto, construção e gestão. REVISTA FURNAS ! ANO XXXIII ! Nº 345 ! OUTUBRO 2007 7 CAPA É a primeira hidrelétrica no país a ter barragem de enrocamento com núcleo asfáltico. A concepção do projeto como central de desvio, onde a casa de força e a barragem encontram-se localizadas em áreas distintas, aliadas ao desnível natural gerado pela grande volta do rio Uruguai, permite ganhos significativos de energia. Além de atuar como sócio investidor, FURNAS também desempenha as atividades de engenharia do proprietário e foi contratada pelo consórcio para prestar serviços de controle tecnológico dos materiais empregados. Logística Segundo Clóvis Ribeiro, gerente do Departamento de Construção de Geração de Corumbá (DGB.C) responsável pelas obras, um dos desafios para a implantação da usina foi a mobilização simultânea para as frentes de Pedro Solsona Seuba, o Pedrinho, que começou a trabalhar em 1959 nas obras de FURNAS trabalho. Estão sendo construídos refeitórios, centrais de concreto e de britagem, pátios de prémoldados, oficinas etc. “As frentes estão instaladas a uma distância de mais de 400 metros, separadas pelas águas do rio Uruguai. Enquanto na margem esquerda fazemos as escavações para a casa de força, na margem direita trabalhamos a barragem e vertedouro. Este é um projeto diferenciado, pois as estruturas separadas exigem uma logística de apoio ágil e eficiente”, ressaltou. A conclusão das obras da ponte de serviço que unirá as duas frentes está prevista para março de 2008. Enquanto isso, homens e equipamentos são transportados diariamente por duas balsas que se revezam no percurso. Com grande capacidade de carga, elas garantem o suprimento necessário para manter o cronograma das escavações e do concreto. “As balsas são essenciais neste momento para o andamento das obras. Sem elas, seria muito difícil manter os três turnos de trabalho já que transportam tudo, desde equipamentos pesados até os diversos materiais de almoxarifado utilizados nesta fase da construção”, assinalou o gerente do DGB.C. 8 REVISTA FURNAS ! ANO XXXIII ! Nº 345 ! OUTUBRO 2007 P edro Solsona Seuba, o Pedrinho, técnico eletromecânico (67 anos), começou a trabalhar na Usina de Furnas (MG) em 1959, contratado pela Companhia Agro-Brasileira. Após dois anos e meio, passou para o quadro efetivo da Empresa e, como ajudante técnico, atuou na montagem eletromecânica das primeiras unidades geradoras. “Naquela época, FURNAS estava formando seu quadro profissional; recebemos diversos treinamentos na Cemig (MG) e no Arsenal da Marinha (RJ). Fiquei entre seis e sete anos na Usina de Furnas”, relembra. Após a conclusão das montagens, Pedrinho foi enviado para a Usina de Estreito (MG/SP), hoje Luiz Carlos Barreto de Carvalho (MG/SP). De lá, para a Usina de Porto Colômbia (MG/SP) e depois para a Usina de Marimbondo (MG/SP). Já com uma grande experiência em eletromecânica, recebeu uma proposta da iniciativa privada que o levou a atuar na Usina de Itaipu, onde ficou até 1991. Após as obras, voltou, via empreiteira, a se relacionar com FURNAS. Desta vez, em Serra da Mesa (GO) e depois passou a trabalhar no Departamento de Apoio e Controle Técnico (DCT.C), em Goiânia(GO). Recentemente, foi convidado pelo diretor técnico da Usina Foz de Chapecó, Miguel Zerbini, para voltar ao canteiro de obras. “Minha vida sempre foi trabalhar em montagens eletromecânicas de hidrelétricas. Enquanto tiver saúde, continuarei atuando nas obras que me chamarem”, destacou. Cronograma As obras civis estão sendo executadas dentro do cronograma estabelecido. Parte das atividades de momento, 21% das obras iniciais civis e da montagem eletromecânica previstas. instalação dos alojamentos, escritórios, refeitórios, Os volumes totais de escavação comum, em rocha a estações de tratamento de água e esgoto, oficinas de céu aberto e subterrânea chegam, respectivamente, a manutenção, estradas de acesso, área de lazer etc, já mais de 1,7 milhão de m³, 3,4 milhão de m³ e 200 mil está concluída. Também já foi finalizada a implan- m³, para a construção do vertedouro, canal de adução, tação da ensecadeira de primeira fase do vertedouro. casa de força e canal de fuga. Esta quantidade equivale Na margem esquerda, prosseguem em ritmo acelera- a uma fila de 9 mil km, composta por cerca de 1 milhão do as escavações do túnel de desvio, da casa de força de caminhões basculantes. O volume total de concreto e do canal de adução. De acordo com Francisco que será utilizado na obra supera a casa dos 580 Cordero Donha Filho, gerente responsável pela en- milhões de m³, equivalente a quase sete vezes o que foi genharia do proprietário, já foram realizados, até o aplicado na construção do Maracanã. REVISTA FURNAS ! ANO XXXIII ! Nº 345 ! OUTUBRO 2007 9