UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS Torque teno vírus (TTV) (Exame de qualificação) Thais Fumaco Teixeira Histórico • 1997: Torque teno vírus (TTV) ▫ Paciente com hepatite pós-transfusional de etiologia desconhecida Iniciais do nome do paciente (T.T.) “transfusion transmitted virus” Histórico • 2000: “TTV-like mini virus” (TLMV) • 2005: Novo significado para TTV e TLMV ▫ Torque teno vírus (TTV) ▫ Torque teno mini vírus (TTMV) “Torque” = colar “teno” = pequeno Histórico • 2007: Torque teno midi-vírus (TTMDV) ▫ Vírus relacionado ao TTV ▫ Tamanho intermediário Histórico • Infecção por TTV não é restrita a humanos ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ Chimpanzés Tupaias Suínos Bovinos Cães Gatos Leões marinhos Taxonomia • Família Anelloviridae • Gênero Anellovirus ▫ Sub-classificados em genogrupos Taxonomia Características moleculares • DNA circular • Variabilidade no tamanho • Fita simples • Polaridade negativa ▫ TTV humano (3,4 kb – 3,9 kb) ▫ TTMDV (3,2 kb) ▫ TTMV (2,8 kb – 2,9 kb) ▫ TTSuV (2,9 kb) ▫ TTV felino (2,1 kb) Epidemiologia • Amplamente difundidos ▫ Distribuição não está associada com a sua origem geográfica • Prevalência TTSuV1 varia de 24% a 100% • Prevalência de TTSuV2 na Espanha (77%) Epidemiologia • TTV estaria associado a diferentes patologias auto-imunes: ▫ Doenças reumáticas ▫ Patologias hepáticas ▫ Disturbios respiratórios • Não existem dados definitivos indicando que TTV é responsável por qualquer doença em humanos ▫ Vírus órfão Epidemiologia • Em suínos: TTSuV infecta uma elevada proporção de animais aparentemente saudáveis • Co-infecção com outros patógenos • Prevalência de TTSuV2 em suínos com SMDS (91%) e em suínos saudáveis (72%) (Kekarainen et al., 2006) • TTSuV1 facilita indução da SMDS pelo PCV2 (Ellis et al., 2008) Patogenia • DNA de TTV tem sido identificado em: ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ Células mononucleares de sangue periférico; Células hematopoiéticas da medula óssea; Plasma; Fezes; Saliva; Suabes nasais e de garganta. • Aparentemente necessita de células em multiplicação ativa para se replicar Transmissão • Principal transmissão TTSuV: oral-fecal (soro, plasma, fezes) • Transmissão vertical: colostro, útero, soro de porcas e seus natimortos • Sêmen • Trato respiratório: pulmões, secreções nasais e saliva Detecção de Torque teno vírus suíno 1 (TTSuV1) em diferentes tecidos de suínos Introdução • Aparentemente TTSuV não tem associação com qualquer patologia • Estudo mostrou uma aparente associação negativa entre a presença de TTSuV1 e a ocorrência da SMDS (Teixeira et al., 2008) • Estudo de distribuição de TTSuV em tecidos detectou uma maior prevalência de TTSuV no pulmão (Bigarré et al., 2005) Introdução • Replicação do TTSuV não parece estar restrita a este órgão • Formas replicativas intermediárias de fita dupla de TTV foram encontradas: ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ Fígado Células da medula óssea Pulmão Pâncreas Baço Outros tecidos linfóides Objetivos • Detecção de TTSuV em órgãos de suínos com e sem a Síndrome Multissistêmica do Definhamento dos Suínos; Material e Métodos • Amostras ▫ Órgãos de suínos (pulmão, fígado, rim, baço e linfonodo) 11 suínos saudáveis 76 suínos com SMDS • Extração de DNA • Quantificação (100 ng) • PCR Material e Métodos • Sensibilidade da PCR ▫ Produto da PCR de TTSuV1 (349 pb) e TTSuV2 (572 pb) clonado no vetor pCR2.1; ▫ Sequenciamento; ▫ Plasmídeo: C+1 e C+2; ▫ DNA plasmidial foi quantificado; ▫ Diluição seriada na base 10. Material e Métodos • Construção do controle interno ▫ Mesmos primers usados na PCR para TTSuV1 e 2; ▫ PCR com temperatura de anelamento de 40 °C; ▫ TTSuV1: célula de linhagem de rim de suíno (SK6); Produto de 293 pb foi clonado e sequenciado; Plasmídeo: CI1; ▫ TTSuV2: célula de linhagem de rim de suíno livre de PCV1 (PKsC3); Produto de 441 pb foi clonado e sequenciado; Plasmídeo: CI2; ▫ DNA plasmidial foi quantificado; ▫ Diluição seriada na base 10. Resultados A) 1 2 3 4 5 6 7 349 bp 293 bp 400 bp 200 bp B) 500 bp 1 2 3 4 5 6 7 572 bp 441 bp Figura1. A) Sensibilidade da PCR para detecção de TTSuV1 B) Sensibilidade da PCR para detecção de TTSuV2 Resultados Tabela 1. Prevalência de TTSuV1 e 2 em tecidos de suínos saudáveis e com Síndrome Multissistêmica do Definhamento dos Suínos (SMDS). Com um tecido positivo o animal foi considerado positivo para TTSuV. % de suínos positivos para sTTV1 % de suínos positivos para sTTV2 Suínos saudáveis (n=11) 100 (11/11) 100 (11/11) Suínos com SMDS (n=76) 48.7 (37 /76) 94.7 (72 /76) Total (n=87) 55.17 (48/87) 93.1 (81/87) Resultados Tabela 2. Prevalência de TTSuV1 e 2 em 5 diferentes amostras de tecidos de suínos saudáveis e com a Síndrome Multissistêmica do Definhamento dos Suínos (SMDS). Grupos Órgãos Pulmão Fígado TTSuV1 100% (11/11) saudáveis TTSuV2 Suínos Suínos com TTSuV1 SMDS TTSuV2 Rim Baço Linfonodo 100% (11/11) 90.9% (10/11) 100% (11/11) 100% (11/11) 81.8% (9/11) 81.8% (9/11) 81.8% (9/11) 100% (11/11) 90.9% (10/11) 37.7% (26/69) 41.9% (31/74) 37.8% (28/74) 38.5% (27/70) 30.4% (21/69) 76.8% (53/69) 81.1% (60/74) 59.4% (44/74) 77.1% (54/70) 68.1% (47/69) Resultados Figura 2. árvore filogenética baseada na sequência de nucleotídeos da região não traduzida do genoma do TTSuV. Número de acesso do GenBank das sequências de referência para TTSuV1 (AB076001 e AY823990) e TTSuV2 (AY823991). Discussão • Bigarré et al. (2005) relatou que o TTSuV foi encontrado mais frequentemente no pulmão. (11,2% pulmão; 8,1% linfonodo inguinal; 5,6% linfonodo mesentérico; 4,4% tonsila; 3,1% ileo) • Difere dos resultados encontrados por Ellis et al. (2008) e Kekarainen et al.(2006). Conclusão • Trabalho mostra que a distribuição de TTSuV1 em tecidos aparentemente não apresenta em particular um órgão alvo. • Resultados reforçam uma aparente correlação inversa entre a presença de TTSuV1 e o desenvolvimento da SMDS. • Corrobora com trabalho prévio realizado por nossa equipe. Torque teno vírus suíno (TTSuV) em cultivos celulares e tripsina Introdução • Interação entre TTSuV e PCV2 • Sistema eficaz de replicação para o TTSuV • Nenhum cultivo que permita a propagação de TTSuV foi identificado • Nenhum cultivo foi avaliado em busca de TTSuV como contaminante Objetivos • Detectar a presença de genomas de TTSuV em células de linhagem, soro e tripsina Material e Métodos • Amostras ▫ 25 células de linhagem 10 células em cultivo 15 ampoladas e estocadas em nitrogênio líquido ▫ 9 lotes de soros (diferentes fornecedores) Soro fetal bovino Soro de equíno Soro de ovino Soro de terneiro ▫ 5 lotes de tripsina Material e Métodos • Extração de DNA • Quantificação (100 ng) • PCR ▫ forward-1: 5’ GGG AGC TCA AGT CCT CAT TTG 3’ ▫ forward-2: 5’ GGG CCW GAA GTC CTC ATT AG 3’ ▫ reverso: 5’ GCG GCA TAA ACT CAG CCA TTC 3’ (Rijsewijk,2008) • TTSuV1: 106 pb • TTSuV2: 103 pb Material e Métodos • Todos os produtos de PCR foram clonados e sequenciados • Sequências obtidas foram depositadas no GenBank n° de acesso (GU574709 A GU574729) • Análise filogenética Resultados Presença de DNA viral de TTSuV1 Presença de DNA viral de TTSuV2 Baby hamster kidney (BHK-21) - + Chicken embryo related (CER) - + Crandell feline kidney (CRFK) - + Human embryonic intestine (H407) + - Human leukemic cell (K562) (28/05/04)* + - African green monkey kidney embryonic (MA-104) (28/04/93)* + - Madin-darby bovine kidney (MDBK) (17/08/01)* + - Madin-darby canine kidney (MDCK) (25/10/05)* + - Porcine kidney PK(15) + + Porcine kidney (PK-2a) - + Porcine kidney sub-clone 3 PCV1 free (PKsC3) + + Swine kidney (SK6) - + Swine testicle (ST) + + Bovine thyroid cell (TB) (27/02/85)* + - African green monkey kidney (Vero) - + Células de linhagem Resultados Presença de DNA viral de TTSuV1 Presença de DNA viral de TTSuV2 Canine Carcinoma (A-72) (2/07/08)* - - Mutant MDBK Resistant to BVDV Infection (CRIB) (16/01/06)* - - Embryonic Bovine Trachea (EBTr) (29/12/04)* - - Equine Dermis (ED) (9/07/08)* - - Foetal Lamb Kidney (FLK) (6/12/90)* - - Murine Fibrosarcoma (L929) (3/06/08)* - - Monkey Kidney (LLC-MK2) (15/07/86)* - - Murine Neuroblastoma (N2A) (18/10/04)* - - Rabbit Kidney (RK13) (13/01/93)* - - Murine myeloma (SP2/O-Ag14) - - Células de linhagem Resultados Presença de DNA viral de sTTV1 Presença de DNA viral de sTTV2 Fetal Bovine Serum (supplier A) - - Fetal Bovine Serum (supplier B) - - Fetal Bovine Serum (supplier C) - - Calf Serum (treated in house with polyethylene glycol) - - Horse serum (inactivated) - - Horse serum (1 donor) - - Horse serum (pool) - - Ovine serum - - Calf serum - - Trypsin (supplier A) + + Trypsin (supplier B) - - Trypsin (supplier C) - - Trypsin (supplier D) - - Trypsin (supplier E) - - Soro e tripsina Resultados Fig. 1. Árvore filogenética baseada nas sequências de nucleotídeos da região não codificante do genoma dos sTTVs. AB076001 e AY823990 são as sequências de referência para sTTV1 e AY823991 é a sequência referência para sTTV2. Discussão • Devido a natureza ubíqua do TTSuV fontes comuns de transmissão devem existir (McKeown et al., 2004) ▫ Vacinas preparadas em células contaminadas • Kekarainen et al. (2009) relataram presença de TTSuV1 e 2 em enzimas e vacinas. • Segales et al. (2009) também detectaram TTSuV1 e 2 em soro de suínos desde 1985. Conclusão • Primeira evidência de TTSuV como contaminante celular. • Resultados sugerem que a fonte da contaminação pode ter sido a tripsina. • Contaminação existente no laboratório desde 1985 (Tireóide bovina-TB). Obrigada ! Thais Fumaco Teixeira Doutoranda PPGCV