PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS LGN 5799 – Seminários em Genética e Melhoramento de Plantas Departamento de Genética Avenida Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 83, CEP: 13400-970 - Piracicaba - SP http://www.genetica.esalq.usp.br/semina.php RITMOS CIRCADIANOS EM PLANTAS Aluno: Ms. Ricardo Augusto de Oliveira Rodrigues Orientador: Prof. Dr. Marcio de Castro Silva Filho O metabolismo, fisiologia e comportamento da maioria dos organismos se alteram profundamente ao longo do dia e noite. Os organismos não somente respondem ao nascer do sol, mas também são capazes de antecipar o amanhecer e ajustar as atividades biológicas de acordo com o ambiente. Mesmo quando desprovidos de estímulos externos, diversos organismos mantém processos rítmicos, os chamados ritmos biológicos. Os ritmos circadianos são um subgrupo dentro dos ritmos biológicos com o período, definido como o tempo para completar um ciclo, de aproximadamente 24 horas. São caracterizados por uma origem endógena e apresentarem pouca (ou nenhuma) variação decorrente da mudança de temperatura. Os primeiros estudos dos ritmos biológicos datam do século 40 a.C. Androsthenes, durante as marchas de Alexandre o Grande, descreveu os movimentos foliares de Tamarindus indicus. A literatura científica teve início em 1729 quando o astrônomo francês de Mairan mostrou que os movimentos foliares diários da planta Mimosa pudica persistiam em escuridão constante. Em 1832, de Candolle mostrou que o período de movimento foliar de M. pudica era consideravelmente menor que 24 horas. As análises genéticas, para identificar os componentes do relógio molecular, só iniciaram em 1970, com a descoberta de mutantes temporais de Drosophila melanogaster. Diversos processos biológicos nas plantas são controlados pelo relógio circadiano endógeno. Em espécies como Betula pubescens e Chamaedaphne calyculata a germinação é controlada pelo comprimento do dia. Após a germinação, hipocótilos de Arabidopsis apresentam elongação seguindo um padrão circadiano, sendo a taxa de crescimento maior no anoitecer e mínima pela manhã. O relógio circadiano também regula as respostas para evitar a sombra, as quais permitem às plantas competirem por luz e energia, através do aumento peciolar. O fenômeno melhor caracterizado é a transição da fase vegetativa para a reprodutiva, através da via do fotoperíodo. Após tal evento, o relógio circadiano continua a controlar eventos fisiológicos, como a polinização, através da abertura das flores e liberação de compostos voláteis, coincidentes com os horários de atividades dos polinizadores. Outros processos biológicos, como o desenvolvimento de órgãos de estocagem e dormência, dependem do fotoperíodo. Em Solanum tuberosum confirmou-se o envolvimento do gene CONSTANS na tuberização e em Castanea sativa os ortólogos LHY e TOC1 possivelmente apresentam um envolvimento no estado dormente. Apesar de todo progresso alcançado desde os primeiros trabalhos de de Mairan, muitas lacunas ainda estão pendentes. Pouco se sabe sobre a interação dos genes constituintes do relógio endógeno com os processos fisiológicos. Entretanto, atualmente o campo ganha novas pesquisas nas áreas ecológica, evolucionária e agrícola. Referências bibliográficas: Black M & Wareing PF (1954) Photoperiodic control of germination in seed of birch (Betula pubescens Ehrh.). Nature 174, 705–706. Dowson-Day MJ & Millar AJ (1999) Circadian dysfunction causes aberrant hypocotyl elongation patterns in Arabidopsis. Plant J 17, 63–71. Kolosova N, Gorenstein N, Kish CM & Dudareva N (2001) Regulation of circadian methyl benzoate emission in diurnally and nocturnally emitting plants. Plant Cell 13, 2333–2347. Martinez-Garcia JF, Virgos-Soler A & Prat S (2002) Control of photoperiod-regulated tuberization in potato by the Arabidopsis flowering-time gene CONSTANS. Proc Natl Acad Sci USA 99, 15211–15216. McClung CR (2006) Plant circadian rhythms. Plant Cell. Apr;18(4):792-803. Ramos A, Perez-Solis E, Ibanez C, Casado R, Collada C, Gomez L, Aragoncillo C & Allona I (2005) Winter disruption of the circadian clock in chestnut. Proc Natl Acad Sci USA 102, 7037–7042. Salter MG, Franklin KA & Whitelam GC (2003) Gating of the rapid shade-avoidance response by the circadian clock in plants. Nature 426, 680–683. Searle I & Coupland G (2004) Induction of flowering by seasonal changes in photoperiod. EMBO J 23, 1217–1222. van Doorn WG & van Meeteren U (2003) Flower opening and closure: a review. J Exp Bot 54, 1801– 1812.