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PESO ESPECÍFICO DO MILHO E SUA RELAÇÃO COM ERGOSTEROL,
MICOTOXINAS E ENERGIA
CRISTIANO EMANUELLI PEREIRA1, DENIZE TYSKA2 , ABRAHÃO CARVALHO
MARTINS3, FERNANDA MARIA BUTZEN3, ADRIANO OLNEI MALLMANN3, CARLOS
AUGUSTO MALLMANN4.
1
Médico Veterinário, Mestrando, UFSM, CCR, DMVP, LAMIC, – Santa Maria RS [email protected]
Acadêmica do Curso de Zootecnia, CCR, UFSM, – Santa Maria RS .
3
Acadêmica do Curso de Med. Veterinária, CCR, UFSM, – Santa Maria RS
4
Médico Veterinário – Prof Dr da UFSM – DMVP – CCR – UFSM – Santa Maria RS
2
ABSTRACT: PEREIRA, C.E.; TYSKA, D.; MARTINS, A.C.; BUTZEM, F.M.;
MALLMANN, A.O.; MALLMANN, C.A. Weight of particular maize and his
relationship with ergosterol, mycotoxins and energy. Corn is a cereal easily
attacked by pests that change their chemical composition and in consequence their
nutritional value. During the process of drying, seeds suffer physical changes, caused by
gradients of temperature and humidity, which cause expansion, contraction and
changes in the density and porosity, which can cause internal cracks or surface, making
the seeds more susceptible to breakage during processing. The mycotoxins are toxic
substances resulting from the secondary metabolism of different strains of filamentous
fungi. They are organic compounds of low molecular weight and have no
immunogenicity and in conditions of inadequate storage an increase the humidity of
grain can occur, which provides development of fungi and, consequently, contamination
by mycotoxins. The ergosterol is the most important sterol, natural constituent of cell
membranes or miceliais of the fungi. Its concentration in a fungal mass is dependent on
the stage of development and may be present since harvest to storage. One of the
indicators of the quality of maize is your specific weight, or maize with low density is a
consequence of greater fungal contamination, with losses in dry grain with the decline of
its specific weight and energy levels.
Keywords: density, corn, mycotoxins.
INTRODUÇÃO
Micotoxinas são substâncias tóxicas resultantes do metabolismo secundário de
diferentes cepas de fungos filamentosos. São compostos orgânicos de baixo peso
molecular e não possuem imunogenicidade (TANAKA et al., 2001). Em climas tropicais
e subtropicais, o desenvolvimento fúngico é favorecido por fatores como excelentes
condições de umidade e temperatura. Os fungos crescem e proliferam-se bem em
diversos cereais, encontrando um substrato altamente nutritivo para seu
desenvolvimento (MALLMANN et al., 2007). O crescimento fúngico e a produção de
micotoxinas em cereais pode ocorrer nas diversas fases do desenvolvimento,
maturação, colheita, transporte, processamento ou armazenamento dos grãos. A
formação de micotoxinas depende de uma série de fatores, como a umidade,
temperatura, presença de oxigênio, tempo para o crescimento fúngico, constituição do
substrato, lesões à integridade dos grãos causadas por insetos ou dano
mecânico/térmico, quantidade do inóculo fúngico, assim como a interação/competência
entre as linhagens fúngicas. O ergosterol é o mais importante esterol, constituinte
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natural das células ou membranas miceliais da grande maioria dos fungos. Os maiores
níveis são encontrados nas camadas fosfolipídicas da membrana fúngica onde
desempenha importante função estrutural e hormonal na progressão do ciclo celular. A
concentração do ergosterol numa massa fúngica é dependente do estágio de
desenvolvimento, e em conseqüência da umidade, temperatura e tempo de
crescimento. A correlação entre concentração de ergosterol e unidades formadoras de
colônias fúngicas é alta (r2 = 0,94), indicando boa equivalência entre as técnicas para a
avaliação do grau de contaminação fúngica do milho. Um dos indicadores de qualidade
do milho é o peso específico, sendo a massa em quilos de 1000 litros de grãos
(DIDONET et al., 2001). Conforme o peso específico do grão será maior ou menor o
conteúdo de matéria seca do mesmo, sendo constituído principalmente de amido, fonte
energética do milho. Entretanto, a correlação entre o peso específico do milho,
contaminação fúngica, presença de micotoxinas e qualidade nutricional ainda não foi
determinada experimentalmente.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Análises Micotoxicológicas (LAMIC)
no ano de 2007. Foram analisadas 200 amostras de milho classificados em mesa
densimétrica conforme o peso específico. As análises nutricionais foram realizadas
através do equipamento NIRS (Near Infrared System) e as análises micotoxicológicas
foram realizadas através de cromatografia liquida de alta eficiência (CLAE) acopladas a
detectores de ultra-violeta, fluorescência e de massas. Os dados obtidos foram
submetidos à análise estatística descritiva (ANOVA) para cálculo e comparação de
médias. As diferenças entre as médias foram comparadas pelo teste de Bonferroni
(P=0,05), utilizando o pacote estatístico Statgraphics Centurion XV.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
TABELA 1: Relação entre o peso específico do milho, contaminação fúngica, presença de micotoxinas e
qualidade nutricional de 200 amostras de milho classificadas em mesa densimétrica.
Densidade (< 650)
Densidade (> 750)
Diferença
Atividade de água (AW)
0,641
0,656
+2,3%
Aflatoxinas (ppb)
41,1
5,0
-86,6%
Zearalenona (ppb)
480,5
68,8
-84,3%
Fumonisina (ppb)
6181
740
-87,1%
Ergosterol (ppm)
61,3
5,6
-90%
Energia (kcal)
3826
3956
+3,4%
De acordo com a Tabela 1, observamos que o milho que apresentou densidade inferior
a 650 possui maiores níveis de micotoxinas e ergosterol, além de menores níveis de
energia. Uma menor densidade pode ocorrer em conseqüência da contaminação por
fungos, desde a lavoura até o armazenamento, havendo consumo de matéria-seca do
grão com diminuição do seu peso específico e da energia. Leeson et al., (1976)
avaliaram a relação entre a densidade do grão e valores de energia metabolizável
aparente (EMA), e verificaram que o decréscimo de 20% da densidade do grão está
associado à redução de 4,3% no valor de EMA. Este estudo indica que a densidade do
milho está relacionada aos conteúdos de EMA, entretanto as variações de EMA são
baixas quando comparadas às grandes variações de densidade. Uma menor densidade
pode ocorrer em conseqüência da contaminação por fungos, desde a lavoura até o
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armazenamento, havendo consumo de matéria-seca do grão com diminuição do seu
peso específico e da energia. A presença de fungos em uma massa de grãos não
significa que haverá produção de micotoxinas, entretanto tratando-se de fungos
pertencentes a linhagens toxígenas, coincidindo com variáveis ambientais propícias e
condições de manejo inadequadas à produção de micotoxinas pode ser acentuada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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