Questão 9 CURSO E COLÉGIO Observe o seguinte trecho de Til, de José de Alencar, no qual o narrador caracteriza a personagem Berta: Contradição vida, seu gênio é o ser e não ser. Busquem nela a graça da moça e encontrarão o estouvamento do menino; porem mal se apercebam da ilusão, que já a imagem da mulher despontará em toda sua esplêndida fascinação. A antítese banal do anjo-demônio torna-se realidade nela, em quem se cambiam no sorriso ou no olhar a serenidade celeste com os fulvos lampejos da paixão, à semelhança do firmamento onde ao radiante matiz da aurora sucedem os fulgores sinistros da procela. a) Segundo o narrador, Berta é uma “contradição viva”, cujo “gênio é o ser e o não ser”. Como essa característica da personagem se relaciona à principal função que ela desempenha na trama do romance? b) Considerando a expressão “anjo-demônio” no contexto cultural da época em que foi escrito o romance, justifica-se o fato de o narrador classificá-la como “antítese banal”? Explique resumidamente. Resposta: CURSO E COLÉGIO a) A personagem Berta poderia ser a típica heroína romântica e devotar toda a sua vida às aventuras amorosas e a um romance passional. No entanto, embora tivesse todos os atributos necessários para ser cortejada e amada, com toda sua beleza e graça, resolveu dedicar-se ao outro, aos marginalizados e abdicar de todas as possibilidades de prestígio e amor. Tem como função no romance, portanto, ser essa personagem contraditória que abdica de um pai (Luis Galvão) e amor (Miguel) em favor dos mais necessitados, como Jão Fera, Zana e Brás. b) A antítese anjo-demônio constituiu um dos tópicos mais utilizados na estética romântica, como uma fórmula para a composição das personagens femininas das narrativas. Berta, por ser anjo e demônio, incorpora em si um modelo estético reproduzido à exaustão em milhares de romances: por isso é uma “antítese banal”.