T73 - CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR PELA TÉCNICA DE PCR EM TEMPO REAL DE SOJA GENETICAMENTE MODIFICADA N.G. Lemos1; R. Stolf2; S.R.R. Marin3; A.M. Polizel1; M.A. Beneventi4; N. Yamanaka5 ; A.L. Nepomuceno3 1 UEL, 2 UNESP, 3 Embrapa Soja; 4 UFRGS, 5 JIRCAS (Japan International Research Center for Agricultural Sciences) Palavras chave: Soja transgênica, PCR em tempo real, Número de cópias. INTRODUÇÃO Recentes avanços em biotecnologia e engenharia genética têm tornado possível inserir genes específicos no genoma de uma planta e obter um organismo geneticamente modificado (OGM) (Kiihl, 2004). O uso de culturas transgênicas pode ajudar a aumentar a produtividade de culturas, evitando, sobretudo, maiores desmatamentos e o aumento da erosão dos solos provocados pelo uso da agricultura convencional (Souza, 2004). Para obter uma planta geneticamente modificada viável, é necessária a identificação do número de cópias e expressão do gene inserido, através de análises moleculares. Dentre as técnicas para detecção do número de cópias de um transgene, o Southern blot é a mais utilizada, apesar de ser mais trabalhosa e demorada, requerendo grandes quantidades do material a ser utilizado. Além disso, em caso de perda do sítio de restrição ou formação de concatâmeros, o número de bandas pode não corresponder com o número de cópias (Mason et al., 2002). A técnica de PCR em Tempo Real se baseia na detecção e quantificação de um repórter fluorescente, um sinal que aumenta na proporção direta à quantidade do produto de PCR em uma reação (Ambion, 2004). O DNA molde usado no PCR em Tempo Real pode ser tanto DNA genômico, quando se quer analisar número de cópias em um genoma, quanto DNAc quando o objetivo é estudar os níveis de expressão de um determinado gene. Na técnica de PCR em Tempo Real é possível monitorar a reação durante todos os ciclos (Dorak, 2001). O objetivo deste trabalho foi utilizar a técnica de PCR em Tempo Real para análise do nível de expressão através de genótipos de soja gerados pela Embrapa Soja unicamente para essa finalidade. O gene introduzido pela técnica de Biobalística foi o ahas, obtido de Arabidopsis thaliana com uma mutação de ponto que confere resistência aos herbicidas da classe das imidazolinonas. MATERIAL E MÉTODOS No processo de transformação, as construções gênicas foram introduzidas nos embriões da cultivar MGBR 46 pela técnica de biobalística, de acordo com o método patenteado pela Embrapa (Aragão et al., 2000). O fragmento introduzido conteve somente o gene de interesse, sua região promotora e terminadora da construção pAG1. Para análise de PCR das plantas transformadas, foram utilizados primers específicos que amplificaram um fragmento 685 pares de base, localizado dentro do promotor e dentro da seqüência codante do gene ahas. As sementes positivas na geração R0 foram coletadas e ressemeadas até a geração R3. Dezessete plantas positivas entre as duas últimas gerações (R2 e R3) foram escolhidas para as análises moleculares. Foi conduzida nas plantas transformadas: Quantitativa Relativa (QR) para avaliação dos níveis de expressão em cada evento. A quantificação relativa foi realizada utilizando DNAc das 17 amostras de folhas das plantas positivas para o gene ahas. As reações de PCR em Tempo Real foram realizadas em triplicata, utilizado primers que geram fragmentos de aproximadamente 200 pares de bases, sendo que o primer reverso está localizado sob a região de mutação do gene. Para normalização das amostras, foi usado como controle endógeno o gene 18S RNAr (n0 acesso: X02623.1). Antes da avaliação dos níveis de expressão foi construída uma curva de calibração para verificar a eficiência do sistema, que foi calculada pela fórmula E = [10(1/inclinação curva) ] –1 .Para as reações de PCR foi utilizado o kit Platinum� SYBR� Green qPCR Supermix UDG (Invitrogen, Carlsbad, California, USA cat. 11730-017). Os primers foram desenhados pelo programa PrimerExpress�, as reações conduzidas no Termociclador - 287 - Mejoramiento Genético para PCR em Tempo Real ABI 7300 e a análise dos dados foi feita pelo programa Sequence Detection (SDS) (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA). Foram montadas placas para a avaliação dos níveis de expressão, utilizando-se em cada placa como controles positivos dois eventos gerados anteriormente na Embrapa, sendo o evento controle com uma cópia confirmada por Southern blot e o evento 16 com duas cópias estimadas por cálculos de segregação mendeliana, e um genótipo sem inserção do transgene. Para essa quantificação, os eventos foram comparados em relação ao nível de expressão somente em relação ao genótipo não transgênico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 170 plantas R0 regeneradas, 11 plantas foram positivamente confirmadas por PCR. Na geração R1 apenas um indivíduo se apresentou positivo para o gene ahas. Nas gerações seguintes (R2 e R3 ), foram utilizadas apenas sementes dessa planta positiva. Na análise dos níveis de expressão, foi possível observar que eventos obtidos de um mesmo evento de transformação apresentaram níveis de expressão diferentes entre eles, e entre uma geração e outra. O evento controle, contendo uma cópia, foi o que apresentou o menor nível de expressão (Figura 1). Segundo Andow et al. (2004), como a inserção gênica é aleatória no genoma, o transgene pode integrar-se em regiões de alta ou de baixa expressão gênica, ou até mesmo dentro de genes endógenos inativando-os, ou adjacentes a eles alterando sua expressão. A recombinação genética que ocorre nas gerações seguintes, dependendo dos loci de inserção na R0 , pode causar um desbalanço nos níveis de expressão do gene de interesse e mesmo de genes nativos da planta (Wilson et al., 2004). Os resultados mostraram também que os níveis de expressão podem não estar diretamente relacionado com o número de cópias do evento. 1,8 1,6 Número de Cópias 1,4 1,2 1,0 0,8 1. Controle 2. 306 3. 16 4. 102 5. 110 6. 122 7. 129 8. 131 9. 25 10. 29 11. 31 0,6 12. 36 13. 55 0,4 14. 96 15. 160 0,2 0,0 16. 165 17. 157 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Eventos Figura 1. Níveis de expressão relativo das amostras da geração R2,( 102, 110, 122, 129, 131) R3 (25, 29, 31,36, 55, 96, 160, 165, 157), evento controle e evento com duas cópias (16) em relação a amostra controle (genótipo não transformado). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ambion. Disponível em <www.ambion.com>. Acesso em julho, 2004. Andow Da, Somers Da, Amugune N, Aragão Fjl, Ghosh K, Gudu S, Magiri E, Moar Wj, Njihia S And Osir E Transgene locus structure and expression of BT maize. In: Hilbeck A and Andow DA (eds.). Environmental Risk Assessment of Genetically Modified Organisms, v.1. CAB International, Wallingford, UK, p. 83-116, 2004. Aragão, F.J.L., Sarokin, L., Vianna, G.R., Rech, E.L. Selection of transgenic meristematic cells utilizing a herbicidal molecule results in recovery of fertile transgenic soybean �Glycine max (L.) Merril� plants at a high frequency. Theor Appl. Genet, v.101, p.1-6, 2000. Dorak, M.T. Real Time PCR Special Issue. Methods Journal, v.25, 4, dez.2001. - 288 - Mejoramiento Genético Kiihl, T. A. M.; ARIAS, C. A. A. Behavior of soybean genotypes transformed with the AHAS gene wich confers tolerance to the herbicide imazapyr. Crop Breeding and Applied Biotechnology, Viçosa, v. 4, n. 3, p. 267-272, Sept. 2004. Mason, M.; Provero, P.; Vaira, A.M.; Accotto, G.P. 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