1. INTRODUÇÃO O surgimento dos CAPS é o resultado do processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil, a qual se conceitua como um processo político e social complexo, composto de atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública (BRASIL, 2005). Em geral, a Reforma Psiquiátrica está comprometida em colocar fim aos hospitais psiquiátricos, como dispositivos de ordenação e segregação social, substituindo por uma rede comunitária de serviços, capaz de garantir cuidado e cidadania às pessoas com transtornos mentais. A idéia da substituição dos leitos psiquiátricos pelos centros só surgiu a partir da década de 90, foi a partir daí que o Ministério da Saúde, baseado no crescente número de denúncias de maus tratos nos hospitais psiquiátricos, buscou uma maneira de humanizar o tratamento dos portadores de doenças psíquicas. Em 2003 a cidade de Anápolis passou por um processo de municipalização da saúde e um dos requisitos era a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Foram criados três na cidade, CAPS II - Vida Ativa (prestam serviços para cidades de médio porte e atendem durante o dia clientela adulta), CAPS ad (prestam serviços para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte com funcionamento durante o dia) e CAPSi (prestam serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia). Após alguns anos de experiência com o CAPS, já é notável os melhores resultados obtidos em relação aos métodos de tratamento utilizados anteriormente. Porém, apesar dos avanços conquistados, há muito que se fazer, pois se precisa de maiores investimentos, desde a infra-estrutura à qualificação profissional dos prestadores de serviço, para que se obtenha o resultado almejado. Este estudo, com intuito de expor as dificuldades ainda enfrentadas para a consolidação do CAPS, e de torná-lo mais conhecido pela população,tem como problema científico a seguinte questão: quais são as estratégias de reabilitação psicossocial de portadores de transtorno mental e comportamental empregadas pelo Centro de Atenção Psicossocial Vida Ativa do Município de Anápolis-GO? E a partir desse questionamento 12 diagnosticar os benefícios e dificuldades para a implementação completa e correta das atividades terapêuticas. As estimativas iniciais indicam que cerca de 450 milhões de pessoas atualmente no mundo, sofrem de perturbações mentais ou neurobiológicas ou, então, de problemas psicossociais, como os relacionados com o abuso de álcool e de drogas. Muitas sofrem em silêncio. Além do sofrimento e da falta de cuidados, encontram-se nas fronteiras do estigma, da vergonha, da exclusão e, mais frequentemente do que se desejaria reconhecer, da morte (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001). É importante que a população tenha conhecimento da existência do CAPS, já que se trata de uma forma recente e mais eficaz do tratamento das doenças psíquicas. Foi com objetivo de mostrar à população que existe outra maneira de tratamento fora dos hospitais psiquiátricos, que esse assunto foi escolhido para ser tratado nesse estudo. 1.1 TRAJETÓRIA DOS TRATAMENTOS PSICOSSOCIAIS DOS HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS ATÉ O CAPS Durante toda a História da Humanidade, a “loucura” esteve ligada ao mal, ao fantástico, ao inacreditável e às vezes até ao satânico, divergindo-se sempre da razão (NETO, 2006). Há séculos, antes de se tornar um tema essencialmente médico, o “louco” era visto pela cultura popular de diversas formas ilusórias. Era comum serem considerados possuídos pelo demônio. O “louco” era motivo de chacota e escárnio, e por não se enquadrar nos preceitos morais vigentes se tornaram marginalizados (AMSTALDEN; PASSOS, 2008, online). Na época da Renascença, a segregação dos “loucos” se dava pelo seu banimento dos muros das cidades européias. Eles eram condenados a andar de cidade em cidade ou colocados em navios que vagavam sem destino, chegando, ocasionalmente, a algum porto. No entanto, a partir da Idade Média, os “loucos” passaram a ser confinados em grandes asilos e hospitais, foram rotulados de indesejáveis, ou seja, os inválidos, portadores de doenças venéreas, mendigos e libertinos. Nessas instituições, os mais violentos eram acorrentados e a alguns era permitido sair para mendigar (AMSTALDEN; PASSOS, 2008, online). Somente no século XIX que a medicina passou a considerar a “loucura” como doença que deveria receber tratamento mais científico. A partir daí, preconcebeu-se o início da psiquiatria, especialidade médica que trata as doenças mentais. Vários tipos de doenças 13 mentais, aos poucos foram sendo identificados e estudados. Porém, ainda hoje, as pessoas, por falta de informação, associam doença mental a periculosidade e imprevisibilidade (NETO, 2006). Philippe Pinel (1745 – 1826), considerado o pai da psiquiatria, propõe uma nova forma de tratamento aos loucos, que consistia em libertá-los das correntes e transferi-los aos manicômios, destinados somente aos doentes mentais. Várias experiências e tratamentos foram sendo desenvolvidos e difundidos pela Europa (AMSTALDEN; PASSOS, 2008, online). Ao retirar as correntes dos loucos, Philippe Pinel é reconhecido como o libertador. O tratamento por ele elaborado estava baseado na cura moral, e qualquer desvio em relação a uma conduta considerada normal deveria ser vetado (EWALD, 2006). O tratamento nos manicômios, defendido por Pinel, baseia-se principalmente na reeducação dos “alienados”, no respeito às regras e no desencorajamento das condutas inadequadas. Para Pinel, a função disciplinadora do médico e do manicômio deve ser exercida com firmeza, porém com gentileza. Isso indica o caráter essencialmente moral com o qual a loucura passa a ser revestida (AMSTALDEN; PASSOS, 2008, online). Não obstante, com o passar do tempo, o tratamento moral de Pinel vai se alterando e perdem-se as idéias originais do método. Conservaram-se as idéias corretivas do comportamento e da rotina dos doentes, porém como meios de imposição da ordem e da disciplina institucional. No século XIX, o tratamento ao doente mental incluía correções físicas como duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias (AMSTALDEN; PASSOS, 2008, online). No entanto, começava-se a surgir uma nova visão sobre os meios de tratar os pacientes psiquiátricos. A partir da segunda metade do século XX, motivada principalmente por Franco Basaglia (1924 – 1980), psiquiatra italiano, principiou-se uma radical crítica e modificação do conhecer, do tratamento e das instituições psiquiátricas (AMSTALDEN; PASSOS, 2008,online). Basaglia, considerado precursor do movimento de Reforma Psiquiátrica italiano, criticava a postura tradicional da cultura médica, que transformava o indivíduo e seu corpo em simples objetos de intervenção clínica. No campo das relações entre a sociedade e a loucura, ele assumia uma posição crítica para com a psiquiatria clássica e hospitalar, por esta se focar no princípio do isolamento do louco (a internação como modelo de tratamento), sendo, portanto excludente e repressora (AMARANTE, 1996). O movimento da Reforma Psiquiátrica inicia-se na Itália, mas refletiu-se em todo o mundo e muito particularmente no Brasil. A partir daí inicia-se o movimento da Luta Antimanicomial que surge fortemente marcado pela idéia de defesa dos Direitos Humanos e de 14 recuperação da cidadania dos que são acometidos por transtornos mentais (AMSTALDEN; PASSOS, 2008,online). Desde a Primeira Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em 1978, em Alma-Ata (Cazaquistão), a temática dos Direitos Humanos tornou-se o centro para as questões sobre as políticas de saúde. A partir dessa reunião, a saúde foi vista como um Direito Humano fundamental, que exige a participação da sociedade no planejamento e na prestação de serviços e cuidados (BRASIL, 2010). Aliado a Luta Anti-Manicomial, surge o movimento da Reforma Psiquiátrica. Na década de 90 iniciou-se a desativação dos hospitais psiquiátricos do País e o movimento da Reforma Psiquiátrica deu mais um passo em direção à transformação do modelo assistencial manicomial (MELLO, 2005). Na tentativa de modificar a estrutura geral hospitalocêntrica foram criados, a partir da Portaria GM 224/92, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e foram conceituados como “unidades de saúde locais/regionalizadas que contam com uma população definida pelo nível local e que oferecem atendimento de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois turnos de quatro horas, por equipe multiprofissional” (BRASIL, 2004). Tornou-se claro que a promoção da saúde mental é uma meta importante para todos os membros da sociedade, porém ainda há muito que aprender sobre como alcançar esse objetivo (OMS, 2002). Ao longo dos anos, com o movimento da Reforma Psiquiátrica, vários fatores relacionados à ‘loucura’ vieram sofrendo alterações, como: tratamento, visão da sociedade, vivência do “louco” junto à família e o manejo diante da “loucura”, dentre outros, com o propósito de interferir na cultura e nos preconceitos da sociedade no que se refere a “loucura” e aos “loucos” (PIMENTA, 2008). Considera-se a luta pela Reforma Psiquiátrica como parte da própria história de consolidação dos valores expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da Organização das Nações Unidas (BRASIL, 2010). Compreende-se por Reforma Psiquiátrica um processo complexo no qual ocorre há articulação simultânea das seguintes dimensões: epistemológica, criações de novos dispositivos e estratégias, revisões de conceitos dentro da dimensão jurídico-política, transformações no campo social, político, cultural e na forma de ver e lidar com a loucura. Por um lado, o processo se dá pela dimensão epistemológica que atua em uma revisão e reconstrução no campo teórico da ciência, da psiquiatria e da saúde mental. Por outro, na construção e invenção de novas estratégias e mecanismos de assistência e cuidado, tais como: os centros de convivência, os núcleos e centros de atenção psicossocial, as cooperativas de trabalho, dentre outras. No campo jurídico-político tem-se a análise de conceitos 15 fundamentais na legislação civil, penal e sanitária (irresponsabilidade civil, periculosidade etc.) e a mudança, na prática social e política, de conceitos, tais como cidadania, direitos civis, sociais e humanos. Enfim, na área cultural, um conjunto muito amplo de iniciativas incentiva as pessoas a indagarem sobre princípios, preconceitos, opiniões formadas com relação à “loucura” (AMARANTES, 2001 apud PIMENTA, 2008). De acordo com a OMS (2002), apesar de ainda haver muito que aprender, a evidência científica é clara: temos à disposição o conhecimento e a capacidade necessários para diminuir de forma significante a carga das perturbações mentais e comportamentais em todo o mundo. No Brasil, a Reforma Psiquiátrica, teve início, no final da década de 70, com o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental o qual denunciou os métodos do modelo até então vigente, por isso foi considerado o principal marco no projeto dessa reforma (PIMENTA, 2008). A denúncia foi feita a partir de três médicos bolsistas do Centro Psiquiátrico II no Rio de Janeiro, eles descreveram irregularidades que ocorriam naquele hospital (AMARANTES, 1998 apud PIMENTA, 2008). Através do Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental ocorreu a reformulação do sistema assistencial e consolidou o pensamento crítico acerca do conhecimento psiquiátrico tradicional (PIMENTA, 2008). No decorrer dessa jornada, os paradigmas da saúde mental foram se transformando e apresentando matizes mais humanísticos, menos centralizados nos hospitais psiquiátricos e no médico e modificando a relação da sociedade com o paciente com o quadro de transtorno mental. Novos formatos de assistência foram criados, a fim de aproximar ou conservar a pessoa com transtorno mental em se meio social (PIMENTA, 2008). Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) começaram a surgir no Brasil na década de 80 e passaram a receber financiamento do Ministério da Saúde a partir do ano de 2002, a partir de então estes serviços apresentaram grande expansão (BRASIL, 2005). Em 1988 foi incorporado à Constituição Federal daquele ano, preceitos da Declaração Universal, e incorporou-se, em seu artigo 1º, a dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Brasileiro. Os preceitos da Reforma Psiquiátrica remetem ao artigo 5º da Constituição Federal, que estabelece: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Além do artigo citado, os artigos 6º e 7º da Constituição Federal, abordam a concepção dos Direitos Humanos para além dos direitos civis e políticos, destacando os direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência-social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados (BRASIL, 2010). 16 O Deputado Paulo Delgado, em 1989, formulou o projeto de Lei n. 3.657/89, que propunha a extinção progressiva dos manicômios, a proibição da construção de novos hospitais psiquiátricos públicos e a contratação de leitos privados (BRASIL, 1989). Apenas em 2001 o projeto foi aprovado tornando-se a Lei n. 10.216/2001, que instituiu a Reforma Psiquiátrica no Brasil, e expõe a cidadania em contraposição ao antigo pensamento, excludente e estigmatizante, das políticas de saúde voltadas ao atendimento do “doente mental” (BRASIL, 2010). A lei citada redireciona o modelo assistencial em saúde mental no Brasil, garantindo o direito do portador de transtorno mental ser tratado. A partir dessa proposta, a internação só é indicada se os recursos extra-hospitalares oferecidos não forem o suficiente, então as ações de cuidado que passam a acontecer no espaço em que o indivíduo vive (PIMENTA, 2008). Nessa perspectiva, a Lei n. 10.216/2001 destaca-se por reafirmar o direito do usuário à convivência sócio-familiar, ao mesmo tempo em que apresenta as singularidades possíveis dos tratamentos. As ações de cuidado são variadas e devem ser analisadas para cada caso em particular, sem preconceitos, para garantir a especificidade da atenção (BRASIL, 2010). No segundo governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, correspondente ao período de 2007 a 2010, foram apresentados avanços e aprofundamento na ampliação do acesso em saúde mental, em continuidade ao período que se precede, consolidando, em larga medida, a transformação no modelo de atenção no SUS. Com a inclusão decisiva de novos desafios para a Política Nacional de Saúde Mental (PNSM), o quadriênio foi igualmente definido pela transposição das fronteiras anteriores do processo de Reforma Psiquiátrica (BRASIL, 2011). Em 2010 realizou-se a IV Conferência Nacional de Saúde Mental, vista como o símbolo maior desta ampliação de fronteiras. A Conferência abordou os desafios da intersetorialidade, trazendo para a PNSM (Política Nacional de Saúde Mental), de modo definitivo e mais usual, o componente da parceria e articulação com outras políticas públicas (BRASIL, 2011). Ao contrário dos quatro anos anteriores, a relação de entidades corporativas do campo da saúde mental e personagens políticos relevantes no parlamento tornaram-se mais tensa e estreita. Três temas mais recorrentes foram abordados neste debate: a crítica à realidade da rede de atenção comunitária e ao suposto “erro” da PNSM, que teria diminuído o número de leitos psiquiátricos de modo inadequado, expondo os pacientes ao risco de desassistência; a possível ausência de diálogo com as entidades corporativas, que teria excluído os psiquiatras e conselhos profissional médicos das decisões e da execução da política; a presumida 17 incapacidade da PNSM, e do próprio Ministério da Saúde, de fornecerem uma resposta efetiva ao problema do crack (BRASIL, 2011). Com a Reforma Psiquiátrica, a “loucura” foi e está sendo gradativamente incluída no meio social, na família, na sociedade e no cotidiano. Entretanto, ainda há dificuldades na consolidação dessa nova proposta, muitas estratégias e serviços foram criados e, ainda hoje, avanços ocorrem (PIMENTA, 2008). 1.2 DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS QUE RECEBEM ASSISTÊNCIA DO CAPS Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) prestam serviços preconizados a partir do início do movimento da Reforma Psiquiátrica, a fim de substituírem os hospitais psiquiátricos. O atendimento realizado nos CAPS é direcionado para os indivíduos que apresentam intenso sofrimento psíquico, que lhes incapacitam de viver e realizar seus projetos de vida. São, principalmente, pessoas com transtornos mentais severos e/ou persistentes, ou seja, pessoas com grave comprometimento psíquico, incluindo os transtornos relacionados às substâncias psicoativas (álcool e outras drogas) e também crianças e adolescentes com transtornos mentais, cuja severidade e/ou persistência expliquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e que fomenta a vida (BRASIL, 2004). Vários outros tipos de serviços foram criados como também várias parcerias são estabelecidas objetivando à intersetorialidade e à abrangência do portador de transtorno mental como um ser biopsicossocial (PIMENTA, 2008). Para que uma pessoa possa ser atendida pelo CAPS é necessário um encaminhamento pelo Programa de Saúde da Família ou por qualquer serviço ou profissional de saúde. O paciente pode ir sozinho ou acompanhado, devendo procurar, preferencialmente, o CAPS que atende à região onde mora (BRASIL, 2004). Após ser encaminhada, a pessoa deverá ser acolhida e escutada em seu sofrimento. Esse acolhimento poderá ser de variadas formas, dependerá da organização do serviço. O objetivo nesse primeiro contato é compreender, de forma abrangente, a condição da pessoa que procura o CAPS e iniciar um vínculo terapêutico e de confiança com os profissionais que lá trabalham. Determinar um diagnóstico é importante, mas não deverá ser o único, nem o principal objetivo desse momento de encontro do usuário com o serviço (BRASIL, 2004). A partir do acolhimento inicia-se a construção de uma estratégia ou um projeto terapêutico para cada usuário. Se a pessoa não puder ou optar por não ser beneficiada com o trabalho oferecido pelo CAPS, ela deverá ser encaminhada para outro serviço de saúde que 18 atenda às suas necessidades. No caso de um paciente estar isolado, sem meios de acesso ao CAPS, ele poderá ser atendido por um profissional da equipe do CAPS em casa, juntamente com as equipes de saúde da família da região, quando um familiar ou vizinho solicitar ao CAPS. Por isso, é importante que a pessoa busque o CAPS mais próximo possível da região de sua moradia (BRASIL, 2004). De acordo com a Portaria n. 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002, foram estabelecidos os tipos de atendimento que o serviço do CAPS deve prestar: a) O atendimento dito intensivo é aquele destinado aos pacientes que, em função de seu quadro clínico atual, precisem de acompanhamento diário. b) O atendimento semi-intensivo é o tratamento designado aos pacientes que necessitam de acompanhamento frequente, porém não precisam estar diariamente no CAPS. c) O atendimento não-intensivo se trata de um serviço que pode ter uma freqüência menor, em função do quadro clínico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu uma classificação específica de transtornos mentais para uso na prática e pesquisa clínicas. A Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), que apresenta fatores que melhoram o diagnóstico de transtornos mentais. O acolhimento e os tratamentos utilizados pelo CAPS se baseiam no diagnóstico pela CID-10 (WORLD HEALTH ORGANIZATION,1996). Código Transtorno F00# Demência F05 Delírium F10 Transtornos por uso de álcool F11# Transtornos por uso de drogas F17.1 Transtornos por uso de tabaco F20# Transtornos psicóticos crônicos F23 Transtornos psicóticos agudos F31 Transtorno bipolar F32# Depressão F40 Transtornos fóbicos F41.0 Transtorno de pânico F41.1 Ansiedade generalizada F41.2 Ansiedade e Depressão mistas F43.2 Transtorno de ajustamento 19 F44 Transtorno dissociativo (conversivo) F45 Queixas somáticas inexplicadas F48.0 Neurastenia F50 Transtornos alimentares F51 Problemas de sono F52 Transtornos sexuais F70 Retardo mental F90 Transtorno hipercinético (déficit de atenção) F91# Transtorno de conduta F98.0 Enurese Z63 Transtorno de perdaela F99 Transtorno mental, sem outra especificação U50# Não usado/temporariamente atribuído a qualquer categoria Quadro 1: Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 da World Health Organization (1996). Para ser acolhido como usuário do CAPS, o paciente pode apresentar uma longa história de internações psiquiátricas, pode nunca ter sido internados ou pode já ter sido atendido em outros serviços de saúde (ambulatório, hospital-dia, consultórios etc.). O essencial é que essas pessoas tenham o conhecimento de que podem ser atendidas e saibam o que são e o que fazem os CAPS (BRASIL, 2004). Foram criados diferentes tipos CAPS que se diferenciam quanto ao tamanho do equipamento, estrutura física, profissionais, diversidade nas atividades terapêuticas, especificidade da demanda, ou seja, para crianças e adolescentes, usuários de álcool e outras drogas ou para transtornos psicóticos e neuróticos graves. Os tipos de CAPS são: CAPS I e CAPS II são: a) CAPS para atendimento diário de adultos, em sua população de abrangência, com transtornos mentais severos e persistentes; b) CAPS III são CAPS para atendimento 24 horas de adultos, durante sete dias da semana, acolhe a população de referência com transtornos mentais severos e persistentes; c) CAPSi, CAPS para crianças e adolescentes que apresentam transtornos mentais; d) CAPSad, CAPS para usuários de álcool e drogas, para acolhimento diário à população com transtornos decorrentes da utilização e dependência de substâncias psicoativas, como álcool e outras drogas. Esse tipo de CAPS disponibiliza leitos de repouso com o objetivo exclusivo de tratamento de desintoxicação (BRASIL, 2004). 20 É preciso uma equipe multiprofissional com diversas formações para trabalhar no CAPS. O grupo de profissionais é constituído por diferentes técnicos de nível superior e de nível médio. Os profissionais de nível superior são: enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, pedagogos, professores de educação física ou outros necessários para as atividades oferecidas nos CAPS. Os profissionais de nível médio podem ser: técnicos e/ou auxiliares de enfermagem, técnicos administrativos, educadores e artesãos. Os CAPS devem conter ainda equipes de limpeza e de cozinha (BRASIL, 2004). Todos os CAPS devem seguir à exigência da variedade profissional e cada tipo de CAPS (CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad) tem suas próprias características quanto aos tipos e à quantidade de profissionais (BRASIL, 2004). A Portaria n.336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 estabeleceu a quantidade e os tipos de profissionais que devem compor às equipes técnicas, as quais serão responsáveis pela prestação de serviço em cada tipo de CAPS: Tipos de CAPS Tipos de profissionais que trabalham no CAPS - Equipe mínima - Um médico com formação em saúde mental; - Um enfermeiro; CAPS I - Três profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico. - Quatro profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão; - Um médico psiquiatra; - Um enfermeiro com formação em saúde mental; CAPS II - Quatro profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico. - Seis profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. - Dois médicos psiquiatras; - Um enfermeiro com formação em saúde mental. CAPS III - Cinco profissionais de nível superior entre as seguintes categorias: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; - Oito profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. 21 - Um médico psiquiatra, ou neurologista ou pediatra com formação em saúde mental; - Um enfermeiro; CAPSi - Quatro profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; - Cinco profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. - Um médico psiquiatra; - Um enfermeiro com formação em saúde mental; CAPSad -Um médico clínico, responsável pela triagem, avaliação e acompanhamento das intercorrências clínicas; - Quatro profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; - Seis profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. Quadro 2: Equipe mínima de profissionais necessárias para cada tipo de CAPS. Fonte: BRASIL, 2004 1.3 ATIVIDADES TERAPÊUTICAS OFERECIDAS PELO CAPS Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm grande valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Através do surgimento destes serviços, que há possibilidade de organizar uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no País. O CAPS é definido por: prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, prevenindo assim as internações em hospitais psiquiátricos; promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais a partir de ações intersetoriais; controlar a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar apoio à atenção à saúde mental na rede básica. É função, portanto, dos CAPS gerenciar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios (BRASIL, 2005). Os CAPS devem substituir, e não complementar o hospital psiquiátrico. É papel dos CAPS fazer o acolhimento e a atenção às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, buscando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território (BRASIL, 2005). A fim de alcançar seus objetivos os CAPS oferecem diversos tipos de atividades terapêuticas, por exemplo: psicoterapia individual ou em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, atividades artísticas, orientação e acompanhamento do uso de medicação, atendimento domiciliar e aos familiares (BRASIL, 2004). 22 Através do CAPS, a pessoa portadora de transtornos mentais terá acesso a diversos recursos terapêuticos, como: atendimento individual (prescrição de medicamentos, psicoterapia, orientação); atendimento em grupo (oficinas terapêuticas, oficinas expressivas, oficinas geradoras de renda, oficinas de alfabetização, oficinas culturais, grupos terapêuticos, atividades esportivas, atividades de suporte social, grupos de leitura e debate, grupos de confecção de jornal); atendimento para a família (atendimento nuclear e a grupo de familiares, atendimento individualizado a familiares, visitas domiciliares, atividades de ensino, atividades de lazer com familiares); atividades comunitárias (atividades desenvolvidas juntamente com associações de bairro e outras instituições presentes na comunidade, que têm como propósito as trocas sociais, a integração do serviço e do usuário com a família, a comunidade e a sociedade em geral) podem ser realizadas através de festas comunitárias, caminhadas com grupos da comunidade, participação em eventos e grupos dos centros comunitários; assembléias ou Reuniões de Organização do Serviço (a Assembléia é um instrumento importante para que o funcionamento dos CAPS seja efetivo como um lugar de convivência) trata-se de uma atividade, de preferência semanal, que congrega técnicos, usuários, familiares e outros convidados, que juntos discutem, avaliam e propõem encaminhamentos para o serviço (BRASIL, 2004). Nos anos de 2003 a 2010, a reconstrução da assistência hospitalar psiquiátrica ocorreu num processo coordenado e pactuado, que possibilitou que a redução do número de leitos e de hospitais psiquiátricos fosse conectada com a construção e aumento progressivo de uma rede de atenção aberta, variada e inserida na comunidade, com base estratégica nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ações de saúde mental na atenção básica, Programa De Volta para Casa e programas de inclusão social pelo trabalho. Dessa forma, simultâneo à redução gradual de leitos de baixa qualidade estava ocorrendo um processo responsável de desinstitucionalização de pacientes há longo tempo internados, processo que foi possível devido a implantação de Residências Terapêuticas e a inclusão de beneficiários no Programa de Volta para Casa, programa criado em 2003 (BRASIL, 2011). Apesar do grande avanço, ainda discutem-se os problemas e sugestões sobre a convivência, as atividades e a organização do CAPS, buscando sempre melhorar o atendimento oferecido (BRASIL, 2004). 23 1.3.1. Programa de volta para casa Ao mesmo tempo em que a Reforma Psiquiátrica apresenta-se com grandes avanços, percebe-se que muito se focou na assistência do paciente, e não se considerou a família, sendo que, na realidade, o portador de transtorno mental está inserido na família e não isolado em manicômios. Além disso, a família é considerada o principal fator da promoção dos laços sociais na vida do portador de transtorno mental (PIMENTA, 2008). De acordo com Pimenta (2008), para que o tratamento aconteça efetivamente, é fundamental que o serviço e a família estejam juntos no processo. O serviço deve ser uma referência para o tratamento e possibilitar, através do projeto terapêutico, a remissão ou estabilização dos sintomas, a fim de que o usuário possa estar inserido, na sociedade relacionando-se com outras pessoas, e, principalmente, com sua família. Todavia, tornou-se claro que a família deve estar presente, participando e auxiliando ativamente na reintegração do portador de transtorno mental junto à sociedade e na promoção dos laços sociais (PIMENTA, 2008). Como consequência, em 31 de julho de 2003, o Ministério da Saúde cria o programa “De Volta para Casa”, definido pela Lei n. 10.708, o qual visa à reintegração social de pessoas acometidas de transtornos mentais, egressas de longas internações. Esta estratégia é o resultado de recomendações da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e OMS (Organização Mundial da Saúde) para a área de saúde mental a fim de a reverter aos poucos num modelo de atenção centrado em tratamentos de internação em hospitais especializados por um modelo de atenção de base comunitária, consolidado em serviços territoriais e de atenção diária (BRASIL, 2003). O objetivo deste programa é colaborar de forma efetiva para o processo de inserção social do portador de transtorno mental, estimulando a organização de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, capaz de garantir o bem-estar global e incentivar o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania (BRASIL, 2003). O “De Volta para Casa” atende ao disposto na Lei n. 10.216, o que define que os pacientes internados por um longo período ou para aqueles que se caracterizam na situação de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida (BRASIL, 2008). Além de todo o processo de reintegração do portador de transtorno mental junto à sociedade, existe um benefício, que consiste no pagamento mensal de auxílio no valor de R$240,00 (duzentos e quarenta reais) ao beneficiário ou seu representante legal, muitas vezes, com duração de um ano. Poderá ser renovado, somente seguido de uma avaliação de equipe 24 municipal e de um parecer da Comissão de Acompanhamento do programa “De Volta para Casa”, a qual tem como objetivo acompanhar o beneficiário no seu processo de reabilitação psicossocial (BRASIL, 2003). Em 2008, o valor do pagamento mensal de auxílio foi reajustado para R$320,00 (BRASIL, 2011). O programa de Volta para Casa forma o suporte fundamental para o efetivo processo de desinstitucionalização e resgate da cidadania das pessoas, acometidas por transtornos mentais, submetidas à privação da liberdade nos hospitais psiquiátricos brasileiros (BRASIL, 2008). 1.3.2. Oficinas Terapêuticas As oficinas terapêuticas têm a finalidade explícita de recuperar o portador de transtornos mentais como cidadão através da reabilitação psicossocial que se fundamenta na idéia de que o indivíduo portador de sofrimento psíquico sofreu inúmeras perdas em decorrência do seu adoecimento. Desse modo, a reabilitação parte do registro da falta e segue em direção ao desejo de assegurar a eqüidade entre iguais e diferentes que é a grande empreitada da Reforma Psiquiátrica (CAMPOS, 2011). A reabilitação psicossocial é uma exigência ética, isto quer dizer que depois de anos tratando a questão da loucura através do circuito “crise-contenção-internação”, produzindo exclusão e cronificação e consolidando uma ruptura dos laços familiares, sociais e de trabalho, faz-se necessário um movimento de superação deste paradigma asilar. Essa ruptura aborda, prioritariamente, a questão do tratamento, visando à viabilização de uma estratégia de inclusão social (LAPPANN-BOTTI; LABATE, 2004). A estratégia utilizada pela oficina deve ser global e não-técnica, permitindo o questionamento das Políticas de Saúde Mental para que haja uma ruptura radical com o modelo asilar. Assim, é necessário considerar que a reabilitação deve englobar todos os profissionais como atores de processo de “saúde-doença”, quais sejam: profissionais, usuários, seus familiares e a comunidade de forma geral. A reabilitação é um processo de reconstrução, um exercício pleno da cidadania, e, também, de plena contratualidade nos três grandes cenários: habitat, rede social e trabalho como valor social. Entretanto, muito mais que oferecer uma variedade enorme de oficinas, intentando criar uma relação artificial entre “arte“ e loucura, é utilizar a Reabilitação Psicossocial tão somente para viabilizar um estatuto de cidadania, onde caiba a diferença que o portador de sofrimento mental expressa em sua 25 experiência contratual com o social, fazendo com que as oficinas possam operar no reposicionamento da sociedade em relação à loucura (LAPPANN-BOTTI; LABATE, 2004). As oficinas terapêuticas objetivam diferenciar-se das práticas antecessoras decorrentes da idéia de estabelecer o trabalho como um recurso do paradigma asilar (LAPPANN-BOTTI; LABATE, 2004). Nesse contexto, entende-se que as oficinas não se apresentam, por si só, como uma forma inaugural de lidar com a loucura (LAPPANN-BOTTI, 2004). Nos últimos anos observou-se a construção de inúmeras práticas nas quais atividades expressivas, criativas e produtivas, relacionadas a abordagens psicodinâmicas, estéticas e sociais, são convidadas a fazerem parte de um processo de transformação das instituições psiquiátricas (DAMASCENO; REINALDO, 2009). As oficinas enfatizam a importância do pertencimento a um grupo, da convivência e da comunicação com o outro, e do desenvolvimento do pragmatismo. Assim, a função terapêutica das oficinas é dada pela própria convivência que ela instaura, por meio da relação que se estabelece entre oficineiros e usuários do serviço. A convivência, desse modo, apresenta um lugar central no dispositivo terapêutico. Grande parte dos transtornos mentais é marcada por uma forte tendência ao isolamento bem como pela dificuldade de se estabelecer vínculos afetivos e sociais. Porém, ainda mesmo que esse isolamento persista no cotidiano, o momento de convivência nas oficinas assume importante valor (DAMASCENO; REINALDO, 2009). Elas são atividades que permitem o encontro de portadores de sofrimento psíquico, promovendo o exercício da cidadania, a expressão de liberdade e a convivência dos diferentes. Estas oficinas surgiram ao longo do processo histórico da Psiquiatria, com um objetivo diferente do referencial do paradigma psicossocial. Atualmente, vêm-se constituindo através de princípios específicos, ou seja, a partir da reinserção das pessoas em sofrimento psíquico em seu meio social, respeitando-se a singularidade de cada um, as suas peculiaridades e regionalidades (LAPPANN-BOTTI, 2004). O trabalho no campo, o artesanato e o trabalho artístico são até hoje utilizados como técnicas de tratamento e ressocialização dos doentes mentais, pois estas atividades apresentam em comum a capacidade de acomodar largas variações individuais, assim como de respeitar o tempo e o ritmo psíquico de cada trabalhador (LAPPANN-BOTTI, 2004). As oficinas procuram caminhar no sentido de permitir ao sujeito estabelecer laços de cuidado consigo mesmo, de trabalho e de afetividade com os outros, determinando a finalidade político-social associada à clínica. E as atividades realizadas nas oficinas em saúde mental passam a ser vistas como instrumento de enriquecimento dos sujeitos, de valorização 26 da expressão, de descoberta e ampliação de possibilidades individuais e de acesso aos bens culturais (MENDONÇA, 2005). Em conivência com os ideais de ressocialização, mais que o desenvolvimento de habilidades, as oficinas prestam-se a introduzir, na cultura, a diferença que a loucura representa, convidando o portador de transtornos mentais a “inserir-se em alguma forma de liame social, ou seja, participar de um conjunto de signos que o inscrevam enquanto ser social e político à medida que lhe for possível” (GUERRA, 2004). E elas só podem ser encaradas como espaços terapêuticos a partir do momento em que possibilitem aos sujeitos que nelas participam um lugar de fala, expressão e acolhimento (LAPPANN-BOTTI; LABATE, 2004). São atividades terapêuticas que possibilitam uma apropriação da história de vida desses sujeitos. Ao produzirem um texto, ao lerem ou recitarem um poema, os pacientes muitas vezes se remetem ao seu passado, compartilhando com os colegas sua história de vida, histórias que sustentam vivências de dor e sofrimento, de profunda angústia e desumanização. Por vezes emocionam-se e fazem circular suas lembranças, motivando, no outro também, a expressão de relatos pessoais (MENDONÇA, 2005). Elas funcionam como uma forma de incentivo, despertando interesse em algumas pessoas em voltar a estudar, interesse por leitura, filiação na biblioteca pública, interesse em valorização do desenvolvimento profissional (LUZIO, 2007). As atividades da oficina funcionam como o que se poderia chamar de uma “extensão” da clínica, onde o efeito terapêutico, além de ser de cunho psicossocial, de acordo com a intervenção do coordenador, pode ser o de se possibilitar o posicionamento do psicótico como sujeito, e não como objeto de gozo do outro. As oficinas pretendem ser facilitadoras da comunicação entre os pacientes. Por isso, no seu manejo, o coordenador não deve visar meramente à realização da atividade proposta, mas, pautado por uma lógica clínica, deve considerar os modos de sustentação do sujeito na lida com cada um. E essas atividades realizadas devem ser pensadas, planejadas e orientadas por parâmetros éticos e estéticos e por uma equipe interdisciplinar, conciliadora dos diversos discursos (MENDONÇA, 2005). As oficinas se sustentam “na possibilidade de representarem dispositivos que sejam catalisadores da produção psíquica dos sujeitos envolvidos, facilitando o trânsito social deles na família, na cultura, bem como sua inserção ou reinserção no trabalho produtivo”. Dessa maneira, os estatutos que regulamentam as oficinas terapêuticas mostram que elas são a estratégia por meio da qual a reabilitação psicossocial deve se realizar (CEDRAZ, 2005). De um modo geral, as oficinas terapêuticas podem ser: 27 a) Oficinas expressivas: espaços de expressão plástica (pintura, argila, desenho etc.), expressão corporal (dança, ginástica e técnicas teatrais), expressão verbal (poesia, contos, leitura e redação de textos, de peças teatrais e de letras de música), expressão musical (atividades musicais), fotografia, teatro (BRASIL, 2004). b) Oficinas geradoras de renda: servem como instrumento de geração de renda através do aprendizado de uma atividade específica, que pode ser igual ou diferente da profissão do usuário. As oficinas geradoras de renda podem ser de: culinária, marcenaria, costura, fotocópias, venda de livros, fabricação de velas, artesanato em geral, cerâmica, bijuterias, brechó, etc (BRASIL, 2004). c) Oficinas de alfabetização: esse tipo de oficina contribui para que os usuários que não tiveram acesso ou que não puderam permanecer na escola possam exercitar a escrita e a leitura, como um recurso importante na reconstrução da cidadania (BRASIL, 2004). As oficinas dos Serviços de Saúde Mental podem ser realizadas em espaços diversos, tanto dentro do CAPS, como extra- instituição: parques, quadras esportivas e ONGs. Além da participação de outros profissionais, existe também a recomendação da diversificação dos seus espaços, como meio de ampliar a variedade das atividades (LAPPANN-BOTTI; LABATE, 2004). As oficinas caracterizam-se como um lugar de prática de diversos saberes, tendo os profissionais de Saúde Mental à responsabilidade de oferecerem aos usuários todas as ações necessárias para lhes assegurar a reabilitação, em parceria com outras instituições. Elas organizam-se de forma horizontalizada, pois contam com a participação de vários profissionais e de familiares dos usuários; características que indicam um dispositivo assistencial do modo psicossocial (LAPPANN-BOTTI; LABATE, 2004). 1.3.3. Centros de Convivência e Cultura Em meio ao movimento de criação de serviços substitutivos ao modelo manicomial, a fim de oferecer aos pacientes psiquiátricos um tratamento humanizado, surgiu também a necessidade de elaboração de um espaço onde fosse possível a inserção social e cultural dos usuários da rede de saúde mental. A necessidade era de um serviço inovador, que possibilitasse a circulação do sujeito com transtorno mental nos espaços públicos, a fim de que os pacientes tivessem acesso à cultura, o qual, por longos anos, lhes foi retirado. Possibilitando, assim, o início de uma luta por direitos, uma conquista a ser garimpada a cada 28 dia, uma batalha contra o preconceito instalado anos a fio (GOMES; SILVA; SILVEIRA, 2010). Os Centros de Convivência e Cultura constituem-se em uma prática intersetorial em parceria entre as secretarias da cultura e da saúde e são dispositivos públicos que compõe a rede de atenção substitutiva em saúde mental e que oferecem às pessoas com transtornos mentais espaços de sociabilidade, produção cultural e intervenção na cidade. Estes Centros, através da construção de espaços de convívio e sustentação das diferenças na comunidade, facilitam a construção de laços sociais e a inclusão das pessoas com transtornos mentais (BRASIL, 2005). São espaços organizados para troca de experiência, convivência social e aprendizado, que objetivam facilitar o desenvolvimento das aptidões sociais de seus usuários. Podem estar ou não vinculados a serviços de atenção diária (POLITICA ESTADUAL MENTAL, 2005). É um local de lazer e profissionalização, além de permitir, também, que os usuários entrem em contato com a comunidade, devido ser aberto ao público (JUNIOR; SILVEIRA; OLIVEIRA, 2009). O valor estratégico e a vocação destes Centros para efetivar a inclusão social residem no fato de serem equipamentos concebidos fundamentalmente no campo da cultura, e não exclusivamente no campo da saúde. Os Centros de Convivência e Cultura não são, portanto, equipamentos assistenciais e tampouco realizam atendimento médico ou terapêutico. São dispositivos públicos que se oferecem para a pessoa com transtornos mentais e para o seu território como espaços de articulação com a vida cotidiana e a cultura (BRASIL, 2005). Centros de Convivência (CC) são um dos serviços que contribuem para a construção do projeto de inserção das pessoas portadoras de sofrimento mental na cidade. Os Centros apresentam um papel diferenciado e estratégico para a rede de saúde mental e comunidade em geral, sendo fundamental ao processo de desinstitucionalização. Constrói e articula com os outros dispositivos da rede e setores sociais, utilizando recursos disponíveis fora do campo sanitário e patológico. É através da cultura, nas suas mais diversas expressões e possibilidades que surgem pelos recursos utilizados nas oficinas, que acontece a produção de inegáveis e fortes efeitos terapêuticos na vida das pessoas que frequentam esse serviço (SILVA; BASTOS, 2005). Os primeiros CC tinham como proposta através de oficinas de arte, trabalhar a criação, expressão e produção, possibilitando alcançar a proposta que fundamenta a existência desse serviço, o resgate da cidadania do portador de sofrimento mental (MIMEO, 2005). Com o resultado positivo dessa experiência, os Centros de Convivência da rede municipal foram 29 construídos sob a lógica de ampliar a potência desse serviço e cumprir com a proposta de projeto da luta antimanicomial (SILVA; BASTOS, 2005). Dessa forma, a lógica que orienta a criação desses dispositivos aposta na inclusão na sociedade como primeiro e importante passo rumo à “desconstrução do manicômio”. E a arte é vista como o principal instrumento já que “a loucura encontra a arte para fazer arte na vida, para viver com graça e em liberdade” (SILVA; BASTOS, 2005). Os Centros de Convivência atuam, prioritariamente, no campo da cultura e não no da saúde e apresentam valor estratégico para efetivar a inclusão social. A clientela dos CC é composta, sobretudo, mas não exclusivamente, de indivíduos com transtornos mentais. Suas oficinas e atividades coletivas compõem o eixo do seu trabalho (DAMASCENO; REINALDO, 2009). São implementados em municípios que já foram capazes de construir minimamente uma rede efetiva de acolhimento e atendimento eficaz aos indivíduos portadores de transtornos mentais severos e persistentes. Sua criação se justifica apenas nas localidades onde a rede substitutiva de atenção à saúde mental conta com cobertura adequada, especialmente de Centros de Atenção Psicossocial (DAMASCENO; REINALDO, 2009). No entanto, os Centros de Convivência se constroem e buscam favorecer o que seu próprio nome designa: “o convívio, com a diferença, entre os diferentes e com formas singulares de expressão e assim, efetivam a meta da desinstitucionalização”. É um lugar de atenção coletiva, que acolhe e faz circular a diferença, possibilitando aos sujeitos se perceberem criativos e protagonistas de suas próprias histórias, além de mostrar para a rede e seus trabalhadores, efeitos que são notados na clínica de cada sujeito que ali frequenta (SILVA; BASTOS, 2005). 1.4 ESTRATÉGIA E PLANO ESTRATÉGICO 1.4.1 Conceito de Estratégia Estratégia significava inicialmente a ação de comandar ou conduzir exércitos em tempo de guerra – um esforço de guerra (GHEMAWAT, 2000). Representava um meio de vencer o inimigo, um instrumento de vitória na guerra, mais tarde estendido a outros campos do relacionamento humano: político, econômico e ao contexto empresarial, mantendo em todos os seus usos a raiz semântica, qual seja, a de estabelecer caminhos. Origina-se assim como um meio de “um vencer o outro”, como uma virtude de um general de conduzir seu 30 exército à vitória, utilizando-se para isso de estratagemas e instrumentos que assegurassem a superioridade sobre o inimigo (CAMARGOS; DIAS, 2003). Estratégia é a seleção dos meios, de qualquer natureza, empregados para realizar objetivos. O conceito de estratégia nasceu da necessidade de realizar objetivos em situações complexas, principalmente nas quais um concorrente procura frustrar o objetivo de outro. A finalidade da estratégia, segundo Aristóteles, é a vitória (MAXIMIANO, 2000). No contexto organizacional, a estratégia corresponde à capacidade de se trabalhar contínua e sistematicamente o ajustamento da organização às condições ambientais que se encontram em constante mudança, tendo sempre em mente a visão de futuro e a perpetuidade organizacional (BARBOSA; BRONDANI, 2005). Dentre os muitos conceitos de estratégia, um dos mais utilizados é o que a definem como planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000). No campo da administração das organizações, a estratégia abrange os objetivos da organização na relação com seu ambiente: a seleção dos produtos e serviços e dos mercados e clientes com os quais a organização pretende trabalhar (MAXIMIANO, 2000). Alguns autores mais recentes da Administração Estratégica enfatizam a importância da ligação entre o processo de planejar objetivos em sintonia com as ameaças e oportunidades oferecidas pelo ambiente. Adaptar a empresa ao ambiente não significa apenas torná-la mais capaz de enfrentar seus concorrentes, porque os desafios vêm de diversas fontes. A estratégia é a ferramenta para enfrentar esses desafios e oportunidades, que se apresentam não apenas para empresas, como também para sindicatos, órgãos da administração pública ou prefeituras e outras organizações que não têm concorrência nem o objetivo do lucro (MAXIMIANO, 2000). Qualquer que seja a definição de estratégia destacam-se algumas palavras-chave que sempre a permeiam, entre elas: mudanças, competitividade, desempenho, posicionamento, missão, objetivos, resultados, integração, adequação organizacional, palavras que muitas vezes reduzem sua amplitude, ao serem empregadas como sinônimos dela (CAMARGOS; DIAS,2003). 1.4.2 Planejamento Estratégico Planejar significa a formulação sistemática de objetivos e ações alternativas, que ao final, a escolha se dará sobre a melhor ação. Também diz respeito a implicações futuras de 31 decisões presentes, pois é um processo de decisões recíprocas e independentes que visam alcançar objetivos anteriormente estabelecidos (BARBOSA; BRONDANI, 2005). Planejamento é um processo constante, que sempre esta se reestruturando para que possa envolver todas as variáveis possíveis tornando-se cada vez mais próximo da realidade, este processo nas organizações parte da premissa do hoje, do presente, para que a partir desta dimensão possam-se avaliar as decisões pensando no futuro das organizações e em suas eventuais implicações (OLIVEIRA, 2007). O bom planejamento ajuda a empresa a se antecipar às mudanças ambientais agindo de forma rápida e precisa, preparando-a para alterações inesperadas (LOZ, 2008). Para se desenvolver uma estratégia precisa-se de ter um planejamento estratégico que compreende a tomada de decisões que afetam a empresa ou instituição por longo prazo, especialmente decisões sobre os produtos/serviços que a organização pretende oferecer e os mercados/clientes que pretende atingir (MAXIMIANO, 2000). A estratégia esta ligada com o futuro da organização. Consisti da visão da organização estabelecendo objetivos normalmente dirigidos para longo prazo tornando-se um elo para o seu futuro (CHIAVENATO; SAPIRO, 2003). O planejamento estratégico deve maximizar os resultados e minimizar as deficiências utilizando o principio da maior eficiência, eficácia e efetividade (CHIAVENATO; SAPIRO, 2003). Ele não deve ser considerado apenas como uma afirmação das pretensões da empresa, pois nele se inclui também o que deve ser feito para modificar essas pretensões transformando-a em realidade. Pensando sempre em aumentar seus resultados, fazendo um estudo sobre o futuro minimizando os riscos (LOZ, 2008). O planejamento estratégico surge como uma valiosa “ferramenta” de auxílio à alta administração, pois permite nortear as ações gerenciais da empresa dentro de um plano previamente determinado de metas e estratégias diminuindo, com isso a possibilidade de tomada de decisões equivocadas, num mercado extremamente competitivo sem margem para erro (MAXIMIANO, 2000). O objetivo do planejamento estratégico é orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa de modo que gere lucros e crescimento satisfatórios (BARBOSA; BRONDANI, 2005) e são focalizados, inicialmente, na análise da situação atual, são definidos de forma genérica, especialmente a missão e o negócio. Estudar a missão da organização é uma das tarefas mais importantes no desenvolvimento de um plano estratégico. A missão estabelece o propósito ou as razões para a existência da organização, do ponto de vista de sua utilidade 32 para os clientes. Identificar a missão é entender qual a necessidade do mercado (ou ambiente) a que a organização atende (MAXIMIANO, 2000). A elaboração do plano estratégico depende de dois processos: I) Análise do ambiente externo - ameaças e oportunidades do ambiente; II) Diagnóstico interno da organização pontos fortes e pontos fracos dos sistemas internos (MAXIMIANO, 2000). Para analisar a missão do planejamento estratégico, é preciso fazer perguntas como (MAXIMIANO, 2000): O que a organização está fazendo agora? Qual sua utilidade para os clientes? Em que negócio estamos? Quem são nossos clientes? A que necessidades estamos atendendo? Que papéis estamos cumprindo? As metas e objetivos devem ser definidos de maneira agressiva e desafiadora, porém deve-se levar em conta as limitações da organização. Esses deverão ser qualitativos e quantitativos e precisarão obedecer a prazos previstos no planejamento (BARBOSA; BRONDANI, 2005). Portanto, para entender o planejamento estratégico é necessário examinar a estrutura organizacional da organização, normalmente dividida em três níveis: alta administração, unidades de negócios da empresa e produto. Desta maneira, é incumbência da alta administração elaborar e desenvolver o planejamento estratégico corporativo para levar a empresa a um futuro promissor e rentável (BARBOSA; BRONDANI, 2005). Neste contexto, o trabalho após referenciar teoricamente as trajetórias dos tratamentos psicossociais dos hospitais psiquiátricos até os CAPS; os distúrbios psiquiátricos que recebem assistência e as atividades terapêuticas oferecidas pelo CAPS abordam também os conceitos de estratégia e plano estratégico para salientar que os CAPS necessitam elaborar com rigor ações estratégicas que viabilizam os serviços já desenvolvidos, além de criar outras ações que proporcionem melhorias nos tratamentos oferecidos aos portadores de transtornos mentais. 33 2. METODOLOGIA 2.1 TIPOS DE PESQUISA 2.1.1 Quanto aos fins O estudo em questão pode ser classificado como descritivo, pois segundo Silva (2001), a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve. A classificação ainda pode ser como um estudo explicativo, o qual segundo Silva (2001) visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos, aprofunda o conhecimento da realidade. Quando realizada nas ciências sociais, como é o caso desse estudo, requer o uso do método observacional. 2.1.2 Quanto aos meios Nesse estudo foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, sendo elaborados a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e disponibilizados na Internet (GIL, 2009). Envolveu também um diagnóstico, causas e consequências de um determinado problema, para propor ações que possam vir a aliviar o problema, tipo considerado um estudo de caso. Outro meio da pesquisa foi a observação realizada in loco. Várias entrevistas foram realizadas com a profissional responsável pelo CAPS Vida Ativa, com perguntas não estruturadas e sem questionário elaborado, apenas um roteiro e a gravação das falas. 2.2 UNIVERSO O universo de avaliação consistiu no Centro de Atenção Psicossocial Vida Ativa (CAPS) do Município de Anápolis. No local foi observado desde as condições das instalações físicas do centro, até a parte de acolhimento e tratamento dos usuários. Sendo que, o foco de 34 atenção foi na identificação das estratégias utilizadas pelo CAPS para a inserção do usuário na sociedade. 2.3 COLETA DE DADOS Os dados foram coletados no primeiro momento através de uma revisão bibliográfica, em artigos científicos publicados via internet com base de dados no Scielo, trabalhos de conclusão de curso de acadêmicos da USP, UNICAMP, e outras instituições de ensino com renome científico. Também se utilizou livros da área de Saúde que continham informações relevantes sobre o assunto em questão. A coleta de dados também se baseou em documentos oficiais públicos e privados, tais como ofícios, livros atas, circulares, cartas, diários, tabelas, gráficos, e outros, portanto pôde ser enquadrada como uma pesquisa documental. Ainda assim, ocorreu a busca por documentos oficiais divulgados por órgãos como o Ministério da Saúde (MS), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Organização Mundial da Saúde (OMS), dentre outros, sendo estes documentos impressos ou telematizados. A coleta de dados através da entrevista com a coordenadora do CAPS foi gravada e utilizado em um roteiro com perguntas planejadas previamente. 2.4. TRATAMENTO DE DADOS Os dados foram tratados de forma qualitativa, utilizou-se de análise textual, interpretativa das informações e confrontada com o Referencial Teórico. 2.5 CRITÉRIOS ÉTICOS Não foram identificados, nem fotografados os usuários do CAPS Vida Ativa e não se conversou com nenhum destes pacientes. Todas as perguntas feitas à coordenadora da instituição foram respondidas por ela. Portanto, não foi necessária a submissão da pesquisa a uma avaliação por nenhum Comitê de Ética em Pesquisa. 35 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 HISTÓRICO A Reforma Psiquiátrica é um processo político e social complexo e que ainda caminha a passos lentos em Anápolis. Atualmente está entre os principais debates de organizações ligadas ao tema, a construção de uma rede de cuidados em saúde mental que seja equivalente às necessidades da população anapolina. O destino dos investimentos e os modelos aos quais os pacientes são submetidos estão marcados por impasses, tensões, conflitos e desafios (SILVA, 2010). O atendimento aos portadores de distúrbios mentais, atualmente, é feito em Anápolis pelo Hospital Espírita de Psiquiatria que tem aproximadamente 350 internos, e pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Vida Ativa, que atende cerca de 400 pacientes (SILVA, 2010). Em 2003 a cidade de Anápolis passou por um processo de municipalização da saúde e um dos requisitos era a implantação dos CAPS (VIEIRA, 2010). Foram criados três na cidade de Anápolis, CAPS II - Vida Ativa (prestam serviços para cidades de médio porte e atendem durante o dia clientela adulta), CAPSad (prestam serviços para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte com funcionamento durante o dia) e CAPSi (prestam serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia). As unidades do CAPS prestam serviços de saúde comunitários, com atendimento diário, no âmbito dos municípios. O objetivo é reduzir e evitar as internações psiquiátricas, articulando-se com a rede de serviços da comunidade e favorecendo a reinserção dos usuários (VIEIRA, 2010). Entretanto, o programa, muitas vezes, ultrapassa a própria estrutura física e sua capacidade de atendimento que não consegue se desenvolver no ritmo necessário, como é o caso do CAPS Vida Ativa. 3.2 ORGANOGRAMA O horário de funcionamento do Centro de Atenção Psicossocial Vida Ativa é de segunda a sexta das 08h:00min às 19h:00min. Durante a semana acontecem consultas médicas com psiquiatra e psicóloga, tem o desenvolvimento de oficinas terapêuticas, yoga, atividades 36 artísticas, psicoterapia em grupo ou individuais e reuniões entre os usuários e os prestadores de serviço do CAPS. A equipe multiprofissional existente no CAPS Vida Ativa é composta por um médico psiquiatra, uma enfermeira, um técnico em enfermagem, a coordenadora da unidade, uma psicóloga, um farmacêutico, uma assistente social, um assistente administrativo, uma terapeuta ocupacional, uma funcionária responsável pela limpeza e duas estagiárias do curso de Farmácia. Secretaria Municipal de Saúde Médico psiquiatra CAPS Enfermeira Psicóloga Coordenadora Farmacêutico Terapeuta ocupacional Equipe multiprofissional Técnico em enfermagem Assistente administrativo Assistente social Funcionária da limpeza Estagiárias do curso de Farmácia Figura 1: Organograma do CAPS Vida Ativa Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 37 As atividades são bem distribuídas durante a semana. Existem divisões de grupos como: Grupo de terapia ocupacional (atividades corporais); Grupo de terapia comunitária; Grupo de relaxamento; Grupo de psicoterapia em grupo; Grupo de oficina de expressão verbal e o Grupo de família realizado por uma assistente social. Cada grupo tem uma duração média de uma hora e os usuários participam dos grupos que são indicados a eles. A idéia dos grupos é uma forma de tratamento em que, de acordo os usuários, são pautados na ocupação do tempo e com isso, os façam esquecer possíveis sofrimentos vivenciados no decorrer da semana. Uma das maiores reclamações, tanto dos usuários, quanto dos funcionários é o número reduzido de profissionais presentes no CAPS Vida Ativa, o que faz com que as atividades não sejam realizadas todos os dias. A presença de mais grupos como de pintura, coral, higiene e limpeza e outros e também a quantidade de usuários em cada grupo excede o número proposto indicado que prejudica um acompanhamento mais direcionado ao participante. 3.3 ESTRUTURA FÍSICA O CAPS Vida Ativa apresenta uma estrutura física dividida entre vários cômodos e uma extensa área arborizada. O espaço foi cedido pela prefeitura para a implantação do CAPS. O local apresenta 15 cômodos amplamente bem distribuídos e todos estes tem sua utilização. A sua estrutura é de grande porte e é dividida em: uma sala para psicoterapia, uma sala para as consultas médicas, uma sala de recepção, dispensação de medicamentos, sala de reuniões para funcionários e outra para reuniões com usuários (que também é usada para oficinas terapêuticas), banheiros feminino e masculino, cozinha, sala para atividades artísticas, uma sala para guardar materiais de limpeza, uma sala para o almoxarifado e um espaço arborizado. Atualmente, a área arborizada no CAPS encontra-se em forma precária, como pode ser observado, através das fotografias abaixo, não passa por manutenção e infelizmente, por falta de profissionais e repasse de verba pelo governo, não é utilizada para realização de grupos de jardinagem, plantio de alimentos que poderiam ser consumidos por todos que frequentassem o CAPS e mesmo ser utilizado para convivência. A localização do CAPS Vida Ativa não é muito favorável, pois fica em um local afastado do centro de Anápolis e a maioria das pessoas, inclusive os motoristas dos ônibus que fazem rota pelo setor, não sabem da existência do centro. Alguns usuários têm que se 38 deslocar de setores bem distantes, o que prejudica a permanência do paciente na unidade, e como consequência a otimização do seu tratamento. Sua infra-estrutura é ampla considerando-se a quantidade de salas. Entretanto, para um melhor aproveitamento desse espaço seria necessária maior preocupação por parte da prefeitura. Figura 2: Entrada do CAPS Vida Ativa. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 Figura 3: Sanitários e área de serviço do CAPS Vida Ativa. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 39 Figura 4: Pátio do CAPS Vida Ativa. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 Figura 5: Área dos fundos do CAPS Vida Ativa. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 40 Figura 6: Entrada da sala onde são realizadas as atividades corporais. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 3.4 USUÁRIOS E OS TRANSTORNOS MENTAIS Os usuários atendidos pelo CAPS Vida Ativa apresentam os mais variados transtornos mentais, como por exemplo, esquizofrenia, depressão, transtorno de pânico, ansiedade, retardo mental, transtorno bipolar, transtornos alimentares, transtorno hipercinético (déficit de atenção) e outros. De acordo com os dados coletados durante o período da pesquisa analisou-se as CIDs de maior freqüência acolhidas pela instituição que foram esquizofrenia, transtorno bipolar, ansiedade generalizada, transtorno depressivo recorrente, retardo mental, depressão, transtorno de pânico, retardo mental, transtornos fóbicos, queixas somáticas inexplicadas, problemas de sono, transtorno de humor (efetivos) persistente e transtornos delirantes persistentes. Os sexos nos quais essas CIDs especificadas são mais presentes são variados como, por exemplo, esquizofrenia e retardo mental a maioria são do sexo masculino já os transtornos depressivos recorrentes, depressão, ansiedade generalizada e transtorno bipolar são freqüentes ao sexo feminino. Com essa analise as terapias são mais direcionadas e algumas podem até ser divididas por sexo o que facilita a interação do usuário com os outros participantes e com as atividades realizadas. 41 3.5 AÇÕES 3.5.1 Tratamento medicamentoso Durante toda a semana é realizada a dispensação de medicamentos de acordo com as receitas prescritas pelo médico psiquiatra da unidade. Somente os usuários do CAPS recebem a medicação O farmacêutico responsável comparece no CAPS Vida Ativa somente nas segundasfeiras no período da manhã, pois existe só um farmacêutico responsável para todos os CAPS existentes em Anápolis. Essa situação mostra que a Atenção Farmacêutica não é feita regularmente, pois todos os dias, exceto nas segundas-feiras, a dispensação é feita por um técnico de enfermagem (no período matutino) ou uma enfermeira (no período vespertino). Existem palestras uma vez por mês sobre a ação dos medicamentos (principalmente aqueles dispensados no local) feita pela enfermeira da unidade onde são discutidos os seguintes temas: interações medicamentosas, efeitos colaterais, posologias, alimentação, horários e outros assuntos que ajudem os usuários a se adaptar com o tratamento medicamentoso a ele indicado. Os medicamentos dispensados são: MEDICAMENTO (princípio ativo) CLASSE TERAPÊUTICA Ácido Valpróico 500mg Anticonvulsivante Amitriptilina 25mg Antidepressivo Sedativo Biperideno 2mg Antipsicótico Carbamazepina 200mg Antiepiléptico Carbonato de Lítio 300mg Antidepressivo e Estabilizador de humor Clomipramina 10mg e 25mg Antidepressivo Clorpromazina 25mg e 100mg Psicotrópico sedativo Clonazepam 0,5mg e 2mg Anticonvulsivante Cloxazolan 2mg Benzodiazepínico Diazepam 5mg e 10mg Benzodiazepínico e Ansiolítico 42 Fenitoína 100mg Antiepiléptico Fenobarbital 100mg Antiepiléptico Fluoxetina 20mg Antidepressivo Haloperidol 5mg e 2 mg/L(injetável) Neuroléptico Imipramina 10mg e 25mg Antidepressivo Naltrexona 50mg Antagonista de narcóticos Levomepromazina 25mg e 100mg Antipsicótico Nortriptilina 25mg, 10mg e 50mg Antidepressivo Prometazina injetável Hipnótico,sedativo Risperidona 2mg Antipsicótico Sulpirida 200mg Neuroléptico Quadro 3: Medicamentos dispensados no CAPS Vida Ativa. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 Quando o usuário recebe o medicamento, a receita fica retida e ele assina um caderno de controle onde é colocado o nome do usuário, o medicamento dispensado, as miligramas, quantidade, assinatura do usuário e do dispensador. Isso é realizado para ter o controle da dispensação e mostrar ao usuário que ele recebeu o medicamento aquele mês, pois muitos esquecem que foram no CAPS. Atualmente, dentre os vinte e um medicamentos a serem dispensados, sete estão em falta e não tem previsão de quando irão chegar e enquanto isso, o usuário fica prejudicado com seu tratamento e o seu transtorno mental fica incontrolável dependendo do tipo de diagnóstico, pois o tratamento deve ser contínuo. E outro problema evidenciado por um profissional do CAPS Vida Ativa mostra que a gestão pública não disponibiliza todos os medicamentos necessários para o tratamento correto do paciente acometido de transtorno mental, além de não individualizar a medicação o que pode, inclusive, causar reações adversas e o agravamento do sintoma. 43 Figura 7: Sala de armazenamento dos medicamentos. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 3.5.2 Tratamento terapêutico Atualmente, o CAPS Vida Ativa oferece para os seus usuários diversas atividades com o objetivo de recuperar o portador de transtorno mental e reabitá-lo psicossocialmente. As atividades aplicadas consistem em: grupo de terapia comunitária (semanalmente nas quintasfeiras), grupo de terapia ocupacional (semanalmente nas quartas e sextas-feiras), atividades corporais (semanalmente nas quartas e sextas-feiras), grupo de relaxamento (semanalmente nas quartas-feiras), psicoterapia em grupo (quinzenalmente nas segundas e terças-feiras), oficina de expressão verbal (quinzenalmente) e o grupo de família (mensalmente). São aproximadamente 153 usuários que recebem somente atendimento ambulatorial. O CAPS em questão abrange dois dos três tipos de atendimentos: a) Não-intensivo: o número de 112 usuários vai ao CAPS na frequência de uma a três vezes ao mês, em que o portador do transtorno é integrado em uma atividade terapêutica. b) Semi-intensivo: o número de 41 usuários vai ao CAPS na frequência de quatro a doze vezes ao mês, o atendimento não é somente ambulatorial, o usuário é integrado em mais de uma atividade terapêutica. c) Intensivo: o usuário frequentaria o CAPS por mais de 12 vezes ao mês, entretanto não é realizado este tipo de atendimento no CAPS Vida Ativa. 44 As terapias ocupacionais e comunitárias são realizadas por uma terapeuta ocupacional, onde é proposta uma dinâmica entre terapeuta-paciente-atividade em usuários com transtornos mentais graves com o objetivo de manter a saúde mental e a sociabilidade. A função da terapeuta ocupacional no CAPS é muito ampla, pois este profissional da saúde realiza as seguintes atividades, como: a) Oficinas terapêuticas (espaço destinado às atividades plásticas artesanais com o objetivo de desenvolver as potencialidades, organização e independência dos usuários); b) Grupo de atividade corporal e relaxamento (que tem como objetivo estimular expressão corporal, trabalhar consciência e imagem corporal e minimizar efeitos de tensão muscular e rigidez causada pelos medicamentos); c) Grupo de expressão verbal (que objetiva acolher e minimizar sofrimento psicossocial através da escuta e trocas de experiências; busca-ativa na comunidade) d) e também a Terapia Comunitária (em que são utilizados vários recursos: dinâmica de grupo, eventos comemorativos, festas, cinema, viagens, gincanas, atividades musicais lúdicas e sociais para proporcionar maior reinserção do usuário na sociedade). Figura 8: Banquinhos feitos de sucata pelos usuários, durante a oficina terapêutica artesanal. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 45 Figura 9: Porta-celulares feitos pelos usuários, resultado da oficina terapêutica artesanal. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 Figura 10: Mural com desenhos e dobraduras feitos pelos usuários Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 46 Figura 11: Colchonetes e almofadas utilizados na no grupo de atividade corporal e relaxamento. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 3.5.3 Acompanhamento familiar Dentre as atividades, o grupo de família, acompanhado pela assistente social, é um grupo não-terapêutico com a finalidade de capacitar e promover as relações saudáveis entre os membros da família e o usuário em saúde mental. Este acompanhamento é fundamental, pois a família é o principal fator para promover a socialização do usuário. É importante a assistente social estar atenta e verificar os seguintes aspectos: a) A percepção que a família tem da doença e a interferência na sua vida pessoal; b) O grau e compreensão da doença e tratamento; c) Se a família percebe que pode ajudar no tratamento; d) Como a família se comporta em momentos de tensão ou o que faz para aliviá-la; e) A gama de aspectos emocionais que podem auxiliar a perceber novos recursos ou a falta deles. 3.5.4 Ações externas 3.5.4.1 Dia Nacional da Luta Antimanicomial: 18 de maio Há 21 anos, o dia 18 de maio é o “Dia Nacional da Luta Antimanicomial. É celebrado em todo o País com manifestações públicas de organizações da sociedade que lutam pelo fim 47 dos manicômios, pelo fim do preconceito e pela garantia dos direitos à cidadania dos portadores de transtornos mental. São aproximadamente duas décadas de um esforço de profissionais da área de saúde, motivados em desmentir os mitos da periculosidade e da incapacidade dos portadores de doenças mentais, e afirmar que é possível conviver com as diferenças. Essa luta aliada a diversos parceiros pressionou o Estado Brasileiro à implantação de políticas públicas em saúde mental, obtendo grandes ganhos em relação à mudança da assistência e a conquista de direitos. Assim, um grande número de pessoas portadoras transtorno mental, sendo aceitas em suas diferenças, pôde ter outras oportunidades em suas vidas presente e em seus projetos futuros. Atualmente, essas pessoas são tratadas em serviços abertos, substitutivos ao hospital psiquiátrico, como os CAPS. Em Anápolis, o CAPS Vida Ativa, desde o ano passado, busca promover, no dia 18 de maio, alguma forma de manifestação pública, como em 2010 que foi realizada uma caminhada em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial. O objetivo do evento foi chamar a atenção da população e de autoridades em relação à necessidade de ampliação da rede pública de atendimento na área de transtornos mentais. Nesse dia de luta, exige-se o fim dos manicômios, o cuidado em liberdade com fortalecimento dos serviços substitutivos existentes, implantação imediata de CAPS 24 horas, centros de convivência e investimento em ações intersetoriais como lazer, cultura, educação, moradia e trabalho capazes de proporcionar uma vida digna às pessoas com transtorno mental A coordenadora do CAPS Vida Ativa reconheceu que o movimento de Luta Antimanicomial ainda é tímido em Anápolis. Segundo ela, há cidades até de menor porte mais avançadas na política pública de saúde mental. “É a primeira vez que levamos às ruas a reflexão sobre o assunto”, informou a coordenadora. Infelizmente, neste ano, a realização de movimento no dia 18 de maio não foi autorizado pela prefeitura de Anápolis. É realmente lamentável o descaso da prefeitura da cidade em relação à saúde mental. O movimento no dia nacional da Luta Antimanicomial no CAPS Vida Ativa já estava sendo planejado, como colocado no cartaz (Figura 12), porém pela não autorização da gestão atual da cidade, foi apenas relembrado através de alguns vídeos repassados pela terapeuta ocupacional para seu grupo, a fim de gerar discussão sobre o tema. 48 Figura 12: Cartaz de convocação dos usuários para reunião sobre o dia 18 de maio e a Conferência Municipal de Saúde deste ano. Fonte: Autoras da pesquisa, 2011 3.5.4.2 Conferência municipal de saúde mental A III Conferência Nacional de Saúde aconteceu em novembro de 2001. Em 14 de janeiro de 2009, o Ministro da Saúde, de então, fez a convocação da IV Conferência Nacional da Saúde Mental. Por todo o País, as Conferências municipais ou regionais garantem os debates e levantamentos das necessidades, para fazer avançar e fortalecer os serviços necessários de cuidado às pessoas portadoras de transtorno mental. Garantir o acesso ao tratamento de que necessitam, ter melhor condição de vida e principalmente para que se evitem as internações que, em grande parte, acontecem pela falta de assistência por parte do pode público. O colegiado gestor da Regional Pirineus de Saúde, em reunião no dia 5 de março do ano passado, definiu pela realização da conferência de forma regional, envolvendo 12 municípios que a compõem. A I Conferência de Saúde Mental da Região Pirineus e II do município de Anápolis foi realizada nesta mesma cidade, nos dia 5 e 6 de abril de 2010, no Teatro Municipal. Contou com a presença de 552 participantes representantes de vários segmentos da sociedade: trabalhadores, usuários e familiares, prestadores de serviços e gestores dos municípios envolvidos. O tema central da Conferência seguiu a orientação da Nacional, assim sendo: “Saúde Mental: direito e compromisso de todos - Consolidar avanços e enfrentar desafios”. O evento 49 contou coma participação de palestrantes especialista nas áreas de psiquiatria, psicologia e saúde pública. Os eixos temáticos consistiram em: 1) Saúde mental e políticas de estado: pactuar caminhos intersetoriais; 2) Consolidar a rede de atenção psicossocial e fortalecer os movimentos sociais; 3) Direitos humanos e cidadania como desafio ético e profissional. A coordenadora do CAPS Vida Ativa assegura que é preciso ressocializar o paciente, além de fortalecer o serviço público em saúde mental. Para ela a Conferência foi importante para sensibilizar a gestão pública a abraçar a causa para o tratamento de pessoas com problemas de saúde mental. Com a realização da Conferência em Anápolis, esperava-se que o evento atenderia os anseios de todos os envolvidos na construção da atenção à saúde mental pública de qualidade, entretanto, apesar do grande passo dado, ainda há muito em que avançar, o primeiro passo deveria ser dado pela Secretaria de Saúde da cidade, que deveria colocar em dentre as prioridades da gestão a questão da saúde mental. 3.6 DIFICULDADES NO CAPS VIDA ATIVA O CAPS Vida Ativa acolhe portadores de doenças como esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), depressão e outros. Porém, devido à falta de estrutura e número insuficiente de profissionais qualificados, o acompanhamento dos usuários fica muito aquém do ideal. O CAPS Vida Ativa atende cerca de 400 pacientes, e há, aproximadamente, 200 na fila de espera. Analisando-se a quantidade de profissionais e o número de usuários, fica evidente que a equipe multiprofissional atual não é suficiente para a obtenção do resultado almejado. Essa é a realidade dos usuários desse tipo de serviço no município de Anápolis. Isso, somado às poucas unidades para o tratamento de portadores de transtorno mental. Atualmente, apenas os três CAPS e o Hospital Espírita de Psiquiatria de Anápolis, disponibilizam tratamento a essas pessoas. De acordo com a coordenadora do CAPS Vida Ativa os mecanismos para atendimento à saúde mental não são bem utilizados em Anápolis. Ela afirma: “Temos esses instrumentos funcionando de uma forma muito frágil, tanto na sua estrutura física, quanto nos recursos humanos e nos implementos que precisamos para o trabalho”. Alega, porém, que há demonstração de interesse em discutir o assunto e fazer um estudo aprofundado da situação, e 50 que essa iniciativa pode fortalecer os CAPS já existentes e criar modelos e mais instrumentos que são necessários. Além dos CAPS, com a reforma psiquiátrica foi criado o programa “De Volta Para Casa”, o qual disponibiliza: a) Uma bolsa de R$320,00 para quem passou mais de dois anos ininterruptos internado; b) As residências terapêuticas, destinadas a quem perdeu o contato com a família; c) Os centros de convivência e cultura; d) Ambulatórios e leitos em hospitais gerais. Entretanto, em Anápolis, para os instrumentos citados serem efetivados ainda é preciso um grande esforço daqueles que lutam pela melhoria do tratamento na saúde mental do município. Um dos principais anseios é a criação do CAPS III, unidade que funcionará 24 horas no atendimento de pacientes com transtornos mentais, destaca-se por incluir o acolhimento noturno daqueles que sofrem de alguma crise. “Essa proposta diminui consideravelmente as internações”, ressalta a coordenadora. O atendimento à saúde mental no município de Anápolis é classificado pelo Ministério Público como insatisfatório. O modelo do serviço, que atua com a reinserção do paciente, é apoiado pelo promotor. Ele saliente não ser contra o Hospital Espírita, mas que defende o tratamento mais humanitário (VIEIRA, 2010). Após alguns anos de experiência com o CAPS, já é notável os melhores resultados obtidos em relação aos métodos de tratamento utilizados anteriormente. Porém, apesar dos avanços conquistados, há muito que se fazer, pois se precisa de maiores investimentos, desde a infra-estrutura à qualificação profissional dos prestadores de serviços, para que se obtenha o resultado almejado. 3.7 PROPOSTAS DE AÇÕES Considerando-se todos os obstáculos enfrentados pelo CAPS Vida Ativa, desde a sua estrutura física à sua equipe multiprofissional, é necessário que algumas ações sejam realizadas para aumentar a capacidade e a qualidade do atendimento do usuário, com intuito de diminuir consideravelmente o número de internações no Hospital Espírita de Psiquiatria. De acordo com uma profissional do CAPS, uma ação emergencial que precisaria ser feita é a criação de novos Centros de Atenção Psicossocial. Ela afirma que, dessa forma, 51 aliviaria o Hospital Psiquiátrico, além de fornecer tratamento adequado ao paciente, pois muitos casos não deveriam ser encaminhados para o hospital. Oferecer cursos de capacitação aos agentes de saúde do PSF (Programa Saúde da Família) é uma das propostas de quem faz parte da luta antimanicomial. Os agentes treinados estariam aptos a identificar doentes nas visitas já feitas nas residências. A partir disso, casos mais simples seriam tratados nas unidades de atenção básica e pacientes em estágio mais avançado direcionados para o CAPS. A coordenadora do CAPS Vida Ativa explica que a função do serviço é justamente atender casos mais graves, mas por a rede não estar articulada, apenas aqueles que têm condições vão até a unidade. “E são pessoas que estão melhores do que as trancadas em casa, impedidas de viver não pela doença, mas pela falta de tratamento”, afirma a coordenadora. Verificou-se que o modelo hospitalocêntrico, ou seja, sistema em que, na crise, o paciente é internado e recebe alta depois de aparente melhora, não é o ideal. O hospital cria um ambiente artificial em que o paciente se sente feliz e, depois, encontra dificuldades no cotidiano. Além disso, o hospital mistura pessoas de alta agressividade, com outras que não necessitariam estar internadas. O Presidente da Associação dos Usuários da Saúde Mental em Anápolis defende que é preciso integrar o portador de transtorno mental à sociedade, ensinar esta mesma sociedade a conviver com a situação e preparar as famílias para lidarem com seus parentes que necessitam de tratamento especial. Portanto, outra proposta levantada pelo presidente para ajudar o usuário da saúde metal a dar continuidade ao tratamento, é beneficiá-lo, assim como um familiar, com o passe livre no transporte coletivo. A justificativa é evitar que o paciente interrompa o tratamento por falta de condições financeiras, pois em momentos de crise, muitos não conseguem ir sozinhos ao centro de apoio, e precisam de acompanhante. Ele ainda acrescenta a necessidade da criação de projeto de geração de renda para pacientes que precisam ser inseridos na sociedade. Felizmente, a melhoria da estrutura física do CAPS Vida Ativa está próxima de ser concretizada, de acordo com a coordenadora, a prefeitura disponibilizou um prédio novo, porém será alugado. Com a mudança, a classificação do CAPS passa a ser de CAPS III, o qual funcionará 24 horas, incluindo finais de semana e feriados. Esse é o resultado das medidas tomadas em 2009 pelo Ministério da Saúde para melhorar o atendimento de pacientes com transtornos mentais e ampliar a assistência a usuários de álcool e drogas no 52 País. O objetivo é habilitar 73 novos Centros de Atenção Psicossocial e criar incentivo financeiro para internações curtas, até 20 dias, de pacientes em crise. É evidente que o atendimento dos portadores da saúde mental pelo CAPS Vida Ativa é insatisfatório, e que falta muito a fazer para reverter essa situação. No início deste ano, a coordenadora do CAPS entregou para a nova gestão um projeto que contempla dois temas principais: a estruturação da saúde mental na atenção básica e a criação de uma coordenação municipal de saúde mental, dessa forma, haverá a articulação dos três CAPS existentes, CAPS Vida Ativa, álcool e drogas e o infantil. A coordenadora alega que o que não falta é verba, mas priorizar a saúde mental, uma política de saúde mental no município será o ideal. 53 4. CONCLUSÃO O tema apresentado neste trabalho foi “Estratégias de reabilitação psicossocial de portadores de transtorno mental e comportamental empregadas pelo Centro de Atenção Psicossocial Vida Ativa do Município de Anápolis-GO”. O objetivo geral constituiu em identificar essas estratégias e os específicos foram: relatar o funcionamento do CAPS, caracterizar os métodos utilizados pelo CAPS e também expor as dificuldades enfrentadas por ele na busca de um tratamento mais eficaz. O primeiro capítulo tratou de uma introdução sobre o tema e de um referencial teórico sobre o assunto. No segundo capitulo foi abordada a metodologia da pesquisa que quanto os fins foi descritiva e explicativa e os meios utilizados foram artigos de periódicos disponibilizados na internet e documentos oficiais e públicos referentes ao tema. O universo da pesquisa foi o CAPS Vida Ativa do município de Anápolis e a coleta de dados foi obtida dentro do local de estudo, também por meio de artigos científicos publicados via internet e trabalhos de conclusão de curso de acadêmicos de várias instituições de ensino superior do Brasil. No terceiro capitulo foram expostos os resultados e discussão de todo material coletado. O CAPS Vida Ativa surgiu em 2003 e atualmente atende 400 pacientes que sofrem dos mais variados transtornos mentais. Essa instituição pública surgiu com o objetivo de reduzir e evitar as internações psiquiátricas, mas devido à enorme quantidade de usuários o tratamento oferecido não é executado no ritmo necessário. O funcionamento do CAPS é em horário comercial com diversas atividades diárias, bem distribuídas durante a semana, de maneira a atender todos os usuários e a equipe multiprofissionais presente é qualificada. No entanto, o número de profissionais é muito pequeno pela grande demanda de pacientes acolhidos. A sua estrutura física é ampla, entretanto há pouco investimento do Governo Municipal em valorizar o local tornando-o um ambiente bem mais acolhedor. Dentre as ações exercidas no CAPS estão o tratamento medicamentoso cujos medicamentos são dispensados diariamente para os usuários. Mas a presença do farmacêutico ocorre somente uma vez na semana o que coloca de forma evidente que a Atenção Farmacêutica não é exercida de modo contínuo. Outro fator é a constante falta de medicamentos a serem dispensados no qual o que vem a prejudicar o tratamento do paciente. 54 Outra ação do CAPS são suas atividades que tem como objetivo recuperar o portador de transtorno mental, como cidadão, através da reabilitação psicossocial através dos grupos de terapia comunitária e ocupacional, atividades corporais, relaxamento, psicoterapia em grupo, oficina de expressão verbal e grupo de família. Cada uma dessas atividades tem como principal intenção reinserir o usuário na sociedade e assim estabelecer laços de cuidado consigo mesmo, de trabalho e de efetividade com os outros. Existem também ações externas que tem como objetivo colocar a sociedade a par sobre o transtorno mental e colocá-la também como agente principal para o melhor tratamento do usuário. Dentre as ações estão o Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio) e Conferência Municipal de Saúde Mental. Portanto, as dificuldades enfrentadas são evidentes como o número de profissionais, a estrutura física, os recursos humanos que são frágeis e a falta de recursos financeiros, que vem dificultar o andamento qualificado do CAPS. As propostas para melhoramento da instituição são muitas, como: a criação de novos centros de atenção psicossocial, oferecer cursos de capacitação aos agentes de saúde do PSF ( Programa de Saúde da Família), criação de oficinas de geração de renda, criação do CAPS III, criar projetos no intuito de fazer o usuário dar continuidade ao seu tratamento, aumento do número de profissionais qualificados, além de outros. Assim, conclui-se esse trabalho deixando em aberto para que outros acadêmicos e/ou pessoas interessadas sobre o assunto possam dar continuidade a essa pesquisa mostrando as estruturas assistenciais substitutivas ao modelo hospitalocêntrico como o CAPS e assim, proporcionar, com a divulgação dessa instituição e a sua importância para um tratamento mais humanizado, a criação de novas condições de inclusão social como novos dispositivos terapêuticos e com isso, atender ao surgimento de novos anseios propostos pelo usuário. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARANTE, Paulo. O Homem e a Serpente: outras histórias para a loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, 1996. AMARANTE, P. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica na Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998. AMARANTE, P. Sobre duas proposições relacionadas à clínica e à reforma psiquiátrica. In: QUINET, Antônio. Psicanálise e psiquiatria; controvérsias e convergências. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001, p. 103-110. 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