TERAPIA NUTRICIONAL EM PEDIATRIA Especialização em Nutrição Parenteral e Enteral/ PUCRS Nut. Sônia Alscher QUANDO INDICAR O SUPORTE NUTRICIONAL? QUANDO INDICAR O SUPORTE NUTRICIONAL? • Perda de peso superior a 5% nos últimos 3 a 5 meses (não lactentes); • Índice de peso/altura inferior ou igual a 90% ou abaixo do percentil 10; • Albumina inferior ou igual a 3,2g/dL (ausência de estresse metabólico nos últimos 14 dias); • Prega cutânea do tríceps inferior ao percentil 5; • Diminuição do peso e/ou estatura em pelo menos 2 canais de crescimento; • Ingestão voluntária menor do que 70% das necessidades por mais de 5 dias; Chwals, Walter J. Terapia nutricional do paciente pediátrico grave, 2005 PACIENTE PEDIÁTRICO GRAVE • Quando iniciar a terapia nutricional? ESTRESSE AGUDO Citocinas Hormônios contraregulatórios - resistência à insulina GH IGF-1 Proteína Proteínas de visceral (préFÍGADO fase aguda albumina) ACÚMULO (PCR) DE AA Músculo (3metil-histidina urinária ) ENERGIA (GER) Gliconeogênes e (NUT) Oxidação de CHO e AG CONSEQÜÊNCIAS DO ESTRESSE METABÓLICO • Músculo esquelético: – Neoglicogênese (alanina, glicina e BCAA); – Redução de massa corpórea; • Sistema ventilatório: – Redução de massa diafragmática; – Alterações no parênquima respiratório, com disfunção ventilatória; – Elevação do consumo de O2 e na produção de CO2; – Quociente respiratório aumentado CONSEQÜÊNCIAS DO ESTRESSE METABÓLICO • Coração: – Diminuição de massa muscular com diminuição de reserva cardíaca; – Edema cardíaco; – Elevação do débito cardíaco e da freqüência cardíaca e redução da resistência vascular periférica; • Fígado: – Aumento da síntese de proteínas de fase aguda – Redução na síntese de outras proteínas plasmáticas – Alteração do metabolismo de drogas; CONSEQÜÊNCIAS DO ESTRESSE METABÓLICO • Rins: – Diminuição da capacidade de concentração; – Diminuição da capacidade de excreção ácida; • Via digestiva: – Diminuição da superfície de absorção; – Diminuição da motilidade; – Predisposição à translocação bacteriana (DMOS); • Sistema imune: – Aumento da incidência, gravidade e duração das doenças infecciosas; – Imunidade deficiente. ADAPTAÇÃO AO ESTRESSE Magnitude da resposta DMOS morte DMOS morte Perfusão periférica, temp, TMB, cons O2, deb cardíaco, insulin, glicemia temp, FC, TMB, cons O2, cortisol, ACTH, glucagon, AG, glicemia, ác lático contraregulatórios, AG, ác lático Recuperação crescimento Metas nutricionais Insulina e catecolaminas normal Complicações Febre Taquicardia Vasodilatação Suporte nutricional deficiente gradativo da TN TN mínima 1 2 Fase de choque (Ebb fase) 3 4 Fase catabólica (Flow fase) 5 6 Fase anabólica 7 Dias após agressão COMPLICAÇÕES Magnitude da resposta DMOS inicial HIPERMETABOLISMO DMOS tardio PERSISTÊNCIA, REATIVAÇÃO OU NOVO FATOR DE AGRAVO MORTE 0 3 Fase aguda 6 9 13 15 18 Fase de Fase de Fase de recuperação recuperação recuperação Dias após agressão 21 TERAPIA NUTRICIONAL NA SEPSE, DMOS E TRAUMA • TMB amentada de 1,1 a 1,5 vezes; • Condutas básicas: – Oferta hídrica adequada (diarréia, edema, disfunção renal, cardíaca ou hepática); – Introdução precoce de nutrientes (primeira 48h, via enteral); – Monitorização glicêmica – Aumento da oferta protéica – Evitar a hiperalimentação HIPERALIMENTAÇÃO • Efeitos sobre a respiração: – Aumenta o quociente respiratório, independente da quantidade de CHO na dieta; • Função hepática: – Aumenta a carga de trabalho hepático, podendo gerar lesão hepatocelular; • O metabolismo do estresse não pode ser revertido pela superalimentação; • Impacto negativo na sobrevivência. Necessidades energéticas TERAPIA NUTRICIONAL Recomendações diárias de energia para crianças (RDA, 1989) Fonte: National Research Council. Recommended dietary allowances. Washington, National Academy Press, 1989. Necessidades energéticas TERAPIA NUTRICIONAL • Métodos para determinação do GEB: Referência Sexo Idade Equação GEB OMS Masculino 0 a 3 anos 60,9 (P) – 54 3 a 10 anos 22,7 (P) + 495 0 a 3 anos 61 (P) – 51 3 a 10 anos 22,5 (P) +499 Feminino P=peso real Kg; E=estatura real cm Fonte: World Health Organization. Energy and Protein Requiriments. WHO Techinical Report Series. Nº 724. Geneva: World Health Organization, 1985. Necessidades energéticas TERAPIA NUTRICIONAL • HOLLIDAY SEAGAR: – Até 10 Kg: 100Kcal/Kg – 11 – 20 Kg: 1000Kcal + 50Kcal/cada Kg – > 20 Kg: 1500Kcal + 20Kcal/cada Kg Falcão MC; Carrazza FR, 1999 Necessidades energéticas TERAPIA NUTRICIONAL FATORES QUE MODIFICAM A NECESSIDADE CALÓRICA CALCULADA ATIVIDADE FATOR ATIV Confinado 1,2 Febre Cada 1°C Fora do leito 1,3 EST CLÍNICO GRAVIDADE FATOR LESÃO Moderado 1,2 a 1,3 Grave 1,3 a 1,5 Esquelético 1,2 a 1,35 Fechado 1,15 a 1,35 Pequena 1,0 a 1,1 Grande 1,1 a 1,2 1,12 Infec/sepse Trauma Cirurgia Necessidades protéicas TERAPIA NUTRICIONAL Necessidades de proteína por Kg de peso da criança (RDA 1989) Idade g/dia < 6 meses 2,2 6 a 12 meses 1,6 1 a 3 anos 1,2 4 a 6 anos 1,1 7 a 10 anos 1,0 Fonte: National Research Council. Recommended dietary allowances. Washington, National Academy Press, 1989. Necessidades de carboidratos e lipidios TERAPIA NUTRICIONAL CARBOIDRATOS E LIPÍDIOS CHO – evitar dieta hiperglicídica (aumento da produção de CO2) LIP – 30% do VCT, máximo de 4g/Kg/dia ÔMEGA 3 – efeito antiinflamatório ÔMEGA 6 – efeito imunossupressor e pró-inflamatório Falcão MC; Carrazza FR, 1999 Outros nutrientes TERAPIA NUTRICIONAL OUTROS NUTRIENTES ARGININA E GLUTAMINA – imunomoduladores FERRO – observar quantidades VITAMINA C e ZINCO – cicatrização ELETRÓLITOS - monitorização CASO CLINICO Paciente pediátrico grave: Queimado Caso clínico - Queimados • Identificação: – J.A, 4 anos, masculino, vítima de queimadura de terceiro grau, causada por eletricidade (30% SCQ); – Criança chega ao atendimento de emergência inconsciente, e é encaminhada para os precedimentos necessários; – Peso e estatura informados: 18Kg, 100 cm Caso clínico – Queimados PROFUNDIDADE DA QUEIMADURA • I grau: compromete somente a epiderme, com eritema e ardência local, melhora em 3 a 5 dias; • II grau: compromete a epiderme e a derme, acarreta dor intensa, bolhas e ulcerações cruentas, com grande perda de plasma: – II grau superficial: cicatriza em torno de 2 semanas – II grau profundo: mais de 30 dias Caso clínico – Queimados PROFUNDIDADE DA QUEIMADURA • III grau: – destruição de tecido cutâneo, anexos dérmicos e tecidos profundos (vasos, nervos, músculos, tendões e ossos – Coloração enegrecida ou perolácea, indolor, pois destrói inervações; – Obrigatoriamente necessita de enxerto Caso clínico – Queimados EXTENSÃO DA QUEIMADURA Caso clínico – Queimados PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA • Foi realizada fasciotomia descompressiva no atendimento de urgência Fasciotomia descompressiva Caso clínico – Queimados CUIDADOS INICIAIS • Exame físico geral: – Quadro respiratório: sem lesões inalatórias e sem inalação de gases tóxicos; – Estado hemodinâmico: temperatura a 38°, pele e mucosas pálidas, boa perfusão, pulso e pressão arterial baixos, desidratada; – Estado de consciência: grau de consciência, pupilas foto-reagentes; – Grau de extensão da lesão: SCQ (II e III grau); • Lesões e politraumas; • Maus tratos Caso clínico – Queimados CUIDADOS INICIAIS • Medidas gerais: – Sedação e analgesia: sedar para diminuir a dose de analgesia (dor aumenta o hipermetabolismo); – Limpeza e curativos: Água e gaze (hipotermia em mais de 25% da SCQ), não romper bolhas, isolamento; – Oxigenação: manter vias aéreas livres; – Acesso venoso: o mais rápido possível; Caso clínico – Queimados CUIDADOS INICIAIS • Ressuscitação hídrica: Caso clínico – Queimados CUIDADOS INICIAIS • Exames auxiliares: – Gasometria arterial: estado metabólico e ventilatório; – Hemograma completo: anemia e infecções; – Urina: densidade (hidratação); – Uréia e creatinina: função renal; – Eletrólitos: hiperK inicial, hipo Ca, Mg e Na; – Transaminases e enzimas cardíacas: TGO, TGP, CPK e CKmb – Ecocardiograma e eletrocadiograma: choques elétricos Caso clínico – Queimados TERAPIA NUTRICIONAL • Via enteral preferencial; • Início, se possível nas primeiras 24h; • Nutrição parenteral: incapacidade de uso do TGI ou de receber NE efetiva em 4 a 5 dias; • Logo após o acidente: aumento do metabolismo basal (até o dobro em mais de 50% da SCQ); Caso clínico – Queimados TERAPIA NUTRICIONAL • Evitar o jejum, mesmo sendo comum a inapetência por dor, ansiedade, manipulações excessivas, odor de queimado, medo; • Vantagens da dieta enteral: – Reforça a defesa do hospedeiro; – Diminui resposta hipermetabólica; – Mantém estrutura da mucosa intestinal íntegra; – Previne translocação bacteriana; – Evita destruição da microflora. TERAPIA NUTRICIONAL NECESSIDADES ENERGÉTICAS RDA para idade Currieri (3 – 15 anos) TMB + 40 kcal x SCQ Cunninghan TMB x 1,4 a 1,7 vezes TERAPIA NUTRICIONAL GER – HARRIS BENEDICT PARA CRIANÇAS GER= 22,1 + (31,1 x PC) + (5 x altura) Necessidades protéicas TERAPIA NUTRICIONAL NECESSIDADES PROTÉICAS •Crianças menores de 3 anos: 3g ptn/Kg/dia •Crianças maiores e adolescentes: 1,5 a 2,5 ptn/Kg/dia •Relação N/calorias não protéicas: 1:100 a 1:150 •20% do VCT Falcão MC; Carrazza FR, 1999 Caso clínico - Queimados • Após 10 dias da fasciotomia, apresentando necrose seca, sem perda de funcionalidade do membro ou edema. Imagem após 10 dias de queimadura Caso clínico – Queimados TERAPIA NUTRICIONAL – Avaliação do estado nutricional (antropometria, exames bioquímicos, exame físico); – Avaliação da extensão e do grau de queimadura; – Determinação da terapia nutricional (necessidades energéticas, protéicas, demais macronutrientes, nutrientes imunomoduladores, necessidade hídrica, sugestão de fórmula, volume, administração a ser usado, possibilidade de NPT) PACIENTE PEDIÁTRICO CRÔNICO Cardiopatias Neuropatias Insuficiência respiratória Insuficiência renal CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS • 24 a 90% das crianças cardiopatas apresentam desnutrição; • Efeitos da desnutrição sobre o coração: – Diminuição da massa miocárdica; – Diminuição do débito cardíaco e ativação de mecanismos compensatórios; – Prejuízo na função e no metabolismo cardíaco Tipos CARDIOPATIAS Acianogênicas: - Comunicação interatrial (CIA) - Comunicação Interventricular (CIV) - Defeito do septo Atrioventricular (DSAV) - Persistência do Canal Arterial (PCA) - Dupla via de saída do ventrículo direito (DVSVD) - Estenose Aortica - Estenose Mitral - Coartação de Aorta - Estenose Pulmonar Cianogênicas: - Tetralogia de Fallot - Transposição de Grandes Artérias - Atresia Tricústide - Atresia Pulmonar - Truncus Arteriosus - Drenagem Anômala Total de Veias Pulmonares - Anomalia de Ebstein CIA – Comunicação intra-atrial CIV – Comunicação intra-ventricular Tetralogia de Fallot Tetralogia de Fallot EFEITOS DA LESÃO CARDÍACA NO ESTADO NUTRICIONAL • Ingestão insuficiente: – Baixa aceitação VO (dispnéia, 88% da recomendação); – Calcular necessidade energética com o peso ideal para estatura; • Hipermetabolismo: – Aumento do trabalho do miocárdio, da musculatura respiratória e do sistema hematopoiético; • Alterações nas proteínas contráteis: – Incapacidade das ptn contráteis do miocárdio em transformar energia química em trabalho mecânico. OUTRAS ALTERAÇÕES • Hipóxia celular: – Aumento da eritropoiese, hiperplasia da série vermelha, redução da tensão de O2 no sangue venoso = hipóxia celular é a conseqüência mais importante da insuficiência miocárdica e da ICC; – Reduz níveis de ATP; – Papel central na patogênese cardíaca; • Perdas anormais pelo TGI: – Impacto da hipóxia sobre o intestino; – Limitação da capacidade absortiva. Cardiopatias TERAPIA NUTRICIONAL • Cuidados: – Dificuldade de eliminação de água; – Sistema respiratório trabalhando ao máximo; – Maior porpensão às complicações da TN (glicose, oferta hídrica, hiperalimentação); – Necessidades específicas: carnitina, tiamina, K, Mg, Ca, Se, P. Cardiopatias: Pré-operatório TERAPIA NUTRICIONAL • Objetivo: melhorar o estado nutricional e preparar para cirurgia; • Recomendações: – 150 Kcal/Kg de peso ideal para a estatura (lactentes); – Outros métodos de cálculo de necessidades energéticas; – Hiperprotéica (RDA, no mínimo); – Demais nutrientes (vitaminas, SM, lipídios, CHO) Cardiopatias: Pós-operatório TERAPIA NUTRICIONAL • Observar risco: – Maior instabilidade; – Maior tempo de VM; – Permanência mais prolongada na UTI; – Dificilmente atingem necessidades nas duas primeiras semanas de PO – Reposta inflamatória ao trauma, circulação extracorpórea – sepse (aguardar fase de anabolismo). Cardiopatias: Pós-operatório TERAPIA NUTRICIONAL • Recomendações: – Evitar hiperalimentação; – UTI: oferta nutricional limitada em 1,1 a 1,2 vezes a TMB; – Após 7 dias: aumentar gradativamente aporte nutricional (fase de recuperação); – Se não houver perspectiva de receber NE em até 5 dias, iniciar NPT INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA • Desnutrição, aumento da TMB, complicações: – Limitações na capacidade de manipular volume hídrico e substrato; – Ofertas excessivas de líquidos e de nutrientes comprometem a função pulmonar; – Necessidade de restrição de volume hídrico, e consequentemente, menor oferta nutricional. EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO SOBRE A FUNÇÃO PULMONAR • Perda de massa muscular diafragmática, comprometimento da musculatura respiratória e redução da ventilação pulmonar; • Predisposição à infecção, por atelectasia r redução da função imunológica; • Redução da eficiência da fagocitose e aumento da aderência das bactérias ao epitélio respiratório, favorecendo a colonização bacteriana. EFEITOS DA HIPÓXIA NO ESTADO NUTRICIONAL • Alterações nutricionais e metabólicas: – Afeta a regulação do metabolismo energético e a transcrição genética; – Diminui a ingestão alimentar; – Promove a atrofia muscular e a diminuição da atividade; PROCESSO DE DESNUTRIÇÃO Insuficiência respiratória aguda TERAPIA NUTRICIONAL • Oferta hídrica: – Considerar a necessidade de restrição de volume e perdas concomitantes; – Avaliação diária de peso e balanço hídrico para avaliar o estado de hidratação; • Oferta de eletrólitos: – Hipocalcemia reduz a contração da musculatura difragmática; – Hipopotassemia causa fraqueza muscular; – Hipofosfatemia está associada a um maior tempo de internação Insuficiência respiratória aguda TERAPIA NUTRICIONAL • Energia: – Evitar hiperalimentação; – Baseado nas necessidades de crianças normais: • 1,2 a1,3 vezes a TMB – Ventilação mecânica: • Redução da atividade • Sedação • Diminuição das necessidades energéticas Insuficiência respiratória aguda TERAPIA NUTRICIONAL • Macronutrientes: – CHO: • evitar sobrecarga; – Lipídios: • não ultrapassar 50% • Ômega3 e 6, AG essenciais – Proteínas: • Hiperprotéica (1g à 3g/Kg por dia) • Aa cadeia ramificada Insuficiência respiratória aguda TERAPIA NUTRICIONAL • Objetivos: – Fase inicial: atenuar perdas pelo hipercatabolismo, preservar massa corpórea, sem prejudicar as trocas gasosas (TMB+20 ou 30%); – Segunda fase: com a resolução do estresse metabólico, deve-se aumentar a oferta energética para promover o anabolismo Insuficiência respiratória aguda TERAPIA NUTRICIONAL • Iniciar NE preferencialmente nas primeira 24 a 48h; • Parâmetros de função intestinal adequada: – Ausência de distensão abdominal ou vômitos; – Resíduo gástrico em pequena quantidade Insuficiência respiratória aguda TERAPIA NUTRICIONAL • Posição da sonda: – Atonia gástrica: sepse, sedação; – Indicação de sonda com posicionamento póspilórico (menor risco de aspiração). • Pneumonia aspirativa: – Diminuição do nível de consciência, posição supina e presença de tubo endotraqueal ou SNE; – Gastroparesia, colonização da orofaringe e estômago; – Agentes pró-cinéticos (metoclopramida). FATORES QUE PODEM RETARDAR A RETIRADA DA VM • Desnutrição; • Secreções, broncoespasmo, atelectasias; • Broncodisplasia pulmonar; • Febre; • Excesso de CHO, levando a um aumento no QR; • Acidose metabólica, hipofostatemia, hipocalcemia, hipomagnesamia; • Atrofia pelo desuso da musculatura respiratória BRONCODISPLASIA PULMONAR • Alterações crônicas, caracterizada pela necessidade de O2: – além do 28° dia de vida; – Por repedidas doenças pulmonares; • Cursa com: – Aumento da TMB (25% maior); – Necessidade de suplementar eletrólitos (diuréticos); – Uso de corticoesteróides (depleção ptn, déficit de crescimento e diminuição da mineralização óssea); SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO - SDRA • Diminuição do parênquima pulmonar e lesão da barreira no alvéolo capilar, com aumento da permeabilidade; • Cursa com: – Aumento do GEB e catabolismo protéico; – Risco nutricional devido à resposta inflamatória; – Reduzir oferta de CHO. INSUFICIÊNCIA RENAL INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA • Condição clínica decorrente da redução abrupta dos rins; • Secundária a uma doença de base, com dano renal: – Hipóxico-isquêmico ou nefrotóxico • Repercussões metabólicas e nutricionais: – Gravidade da queda da função renal; – Causa da IRA; – Presença de estresse metabólico; – Desnutrição prévia. ALTERAÇÕES METABÓLICAS NA IRA • Metabolismo energético: – Na ausência de sepse, GEB diminuido ou igual a indivíduos normais; – Com sepse: evitar aumento excessivo da oferta calórica (20 a 30% do GEB); • Metabolismo protéico: – Acelerado catabolismo protéico e balanço nitrogenado negativo; • Metabolismo dos CHO: – Intolerância à glicose e hiperglicemia; – Glicose é eliminada em todas as formas de diálise ALTERAÇÕES METABÓLICAS NA IRA • Metabolismo de lipídios: – Hipertrigliceridemia, colesteral normal ou diminuído (HDL-c) • Micronutrientes: – Diálise: perda de micronutrientes – Ingestão oral é insuficiente Insuficiência renal aguda AVALIAÇÃO METABÓLICA Objetivos: os mesmos para paciente com estresse metabólico GRAU DE HIPERCATABOLISMO LEVE MODERADO GRAVE Situação clínica GNDA Cirurgia eletiva, infecção Sepse, DMOS Mortalidade 20% 50% >80% Diálise Rara Freqüente Freqüente Via de administração Oral Enteral e/ou parenteral Enteral + parenteral Energia (%TMB) 100% 110 – 120% 130% Substratos Glicose Glicose + lipídios Glicose + lipídios Aminoácidos AAE + AANE AAE + AANE AAE + AANE Nutrientes Dieta Fórmulas e/ou NP Fórmulas + NP Adaptação de Druml, W. Nutritional management of acute renal failure. Am J Kidney Dis 37(1 suppl2):S89-94, Jan 2001 Insuficiência renal aguda TERAPIA NUTRICIONAL • Energia: – Presença de hipercatabolismo: acréscimo de 20 a 30% da TMB; • Carboidratos: – 50 a 60% do VCT; • Lipídios: – 25 a 40% do VCT – NPT (0,5 a 2,0g/Kg) • Proteínas: – Sem estresse: recomendações normais para faixa etária; – Hipercatabolismo: objetivo é a manutenção da massa corpórea e não o crescimento – Kcal não protéicas:g N = 1:100 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA • Principais alterações: – Alteração no metabolismo dos CHO, com resistência periférica à insulina; – Alteração no metabolismo do Ca (osteodistrofia e hipoparatireoidismo); – Produção deficiente de eritropoetina (anemia); – Redução da produção de hormônios da tireóide; – Hemorragias, por defeitos nos mecanismos de coagulação; – Uremia com auto-intoxicação endógena. Insuficiência renal crônica DESNUTRIÇÃO • Época da vida em que iniciou a IRC; • Presença de sintomas: anorexia, vômitos, máabsorção, alteração do paladar (Zn); • Perda de nutrientes causada pelo tratamento dialítico; • Baixa ingestão protéico-energética (tto.conservador e dialítico); • Dieta hiperprotéica: efeito deletério do rim e aumento da desnutrição Insuficiência renal crônica TERAPIA NUTRICIONAL • Objetivos: – Favorecer o crescimento e reduzir o grau de desnutrição; – Retardar ao máximo a evolução da doença para a fase terminal; – Minimizar as conseqüências metabólicas da uremia; – Repor nutrientes perdidos no tratamento dialítico; – Amenizar distúrbios do metabolismo de proteínas e lipídios pós transplante. Insuficiência renal crônica TRATAMENTO CONSERVADOR • Calorias: – No mínimo 100% da RDA para idade da estatura ou para o peso ideal para estatura; • Proteínas: – Controle de ingestão de proteínas, sem restrição severa (crescimento), com ingestão calórica adequada; • Líquidos: – Sem restrição; – Restrição somente em casos de edema, hipertensão... Ingestão de calorias e proteínas recomendadas para crianças em tratamento conservador e dialítico IDADE KCAL /Kg/dia PROTEÍNAS (g/Kg/dia) Conservador Hemodiálise CAPD 0 – 0,5 108 2,2 2,6 2,9 – 3,0 0,5 – 1 98 1,6 2,0 2,3 – 2,4 1–3 102 1,2 1,6 1,9 – 2,0 7 – 10 70 1,0 1,4 1,7 – 1,8 55 45 40 1,0 0,9 0,8 1,4 1,3 1,2 1,7 – 1,8 1,4 – 1,5 1,3 47 40 38 1,0 0,8 0,8 1,4 1,2 1,2 1,7 – 1,8 1,4 – 1,5 1,3 Meninos 11 – 14 15 – 18 18 – 21 Meninas 11 – 14 15 – 18 18 – 21 National Kidney Foundation – DOQI. Clinical practice guidelines for nutrition in chronic renal failure. Am J Kidney Dis 35 (6) (suppl 2):S105-37, 1996 Insuficiência renal crônica TRATAMENTO CONSERVADOR • Sódio de potássio: – Sem restrição; – Edema ou hipertensão: 1 a 2 mEq/Kg/dia (dieta sem adição de sal); – Diuréticos: atenção ao K; • Cálcio, fósforo e Vit D: – RDA – Atenção à osteodistrofia renal • Vitaminas e SM: – RDA Insuficiência renal crônica TRATAMENTO DIALÍTICO • Calorias: – RDA (usar peso seco); – CAPD: considerar glicose do dialisato no cálculo da ingestão calórica total (7 a 10 Kcal/Kg/dia); • Proteínas: – Oferta aumentada: RDA + 0,4 g/Kg/dia; – 60 a 70% PAVB; • Líquidos: – Observar ganho de peso interdialítico, edema, hipertensão ; – 400 a 600ml/m2/dia adicionada ao volume urinário de 24h. Insuficiência renal crônica TRATAMENTO DIALÍTICO • Sódio e potássio: – Restrição apenas na presença de edma, excesso de ganho de peso enterdialítico ou hipertensão; – 1 a 2mEq/Kg/dia; • Cálcio, fósforo, vitaminas e SM: – Idem tratamento conservador TRANSPLANTE RENAL • Alterações metabólicas: – Catabolismo protéico: glicocorticóides e ciclosporina (imunossupressores); – Obesidade: aumento do apetite (corticoesteróides); – Hiperlipemia: hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e baixos níveis de HDL-c (doenças cardiovasculares). Transplante renal TERAPIA NUTRICIONAL • Calorias: – Promover anabolismo e adequação do peso para estatura; – RDA idade da estatura ou peso ideal para estatura; – Ingestão calórica controlada na obesidade (estimular atividade física); • Proteínas: – Primeiros meses: ingestão aumentada (2-3g/Kg/dia); – RDA para idade, não ultrapassando 10 a 15% do VCT; Transplante renal TERAPIA NUTRICIONAL • Demais nutrientes: – Não há necessidade de restrição; – Observar alterações: • Edema, hipertensão; • Obesidade; • Hiperlipemia (lipídios 30% do VCT, <300mg colesterol); • Catabolismo protéico. PARALISIA CEREBRAL INCAPACIADE DO DESENVOLVIMENTO Constelação de transtornos que levam a um prejuízo funcional na infância e adolescência: • Paralisia cerebral • Autismo • Retardo mental • Deficiência visual ou auditiva • Doenças genéticas Fadden, K. S. et al, 1996 PARALISIA CEREBRAL • Comprometimento neurológico • Pré ou perinatal • Não progressivo • Dano às fibras nervosas motoras • Com ou sem déficits cognitivos • Prevalência de 2,5 por 1.000 nascidos vivos Weiner & Levitt’s - Pediatric Neurology, 2003. PARALISIA CEREBRAL RISCO NUTRICIONAL • • • • • Desordens do movimento Prejuízo nas habilidades orais Condições clínicas associadas Uso crônico de medicamentos Estresse psicológico CLASSIFICAÇÃO • Monoplegia - Paralisia em apenas um membro do corpo. • Hemiplegia - Paralisia total das funções de um dos lados. • Paraplegia - Paralisia da cintura para baixo. • Tetraplegia - Paralisia do pescoço para baixo. QUANTO MAIS EXTENSO O DANO, MAIOR O GRAU DE ATROFIA PROBLEMAS NUTRICIONAIS • Retardo de crescimento, baixo peso ou sobrepeso • Necessidades nutricionais alteradas • Atraso das habilidades motoras orais • Consumo alimentar inadequado ou excessivo • Interações medicamento- nutriente • Constipação ou diarréia • Cáries dentais AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM PARALISIA CEREBRAL AVALIAÇÃO NUTRICIONAL •História médica/saúde • Antropometria e histórico do padrão de crescimento • Avaliação dietética • Habilidades motoras orais • Interação medicamento/ nutriente • Avaliação bioquímica • Atividade física (deambulação) American Dietetic Association: Quality Assurance Criteria for Pediatric Condition, 1988 HISTÓRIA MÉDICA • • • • • • • • Incapacidade motora/ Hipercinese Epilepsia Refluxo Gastro-Esofágico Infecções recorrentes Cardiopatia Congênita Desordens Metabólicas Depressão Hipersensibilidade Fadden et al. Developmental disabilities.In: Adolescent Nutrition, 1990 ANTROPOMETRIA Relação Peso/Altura/IMC (?) •Relação Altura/Idade •Dobra Cutânea Triciptal •Área Muscular do Braço •Tabela do NCHS/Classificação cfe. Frisancho, 1990 AVALIAÇÃO DIETÉTICA •Hábitos alimentares incomuns • Ingestão alimentar quantitativa e qualitativa • Preferências e aversões • Observação do ambiente da refeição • Uso de suplementos • Intolerâncias e alergias • Padrão de evacuação AVALIAÇÃO DIETÉTICA • Registro alimentar de três dias: quantidade, modo de preparo, uso de suplementos • Avaliação pelas DRIs (EAR) para a idade • Necessidades de macronutrientes podem diferir • Necessidades de micronutrientes podem variar • Importante monitorar ingestão e antropometria p/ ajustes AVALIAÇÃO DE HABILIDADES ORAIS • Modificação da consistência: picada amassada liquidificada espessados talheres não metálicos • Inabilidade oral completa: nutrição enteral ANTROPOMETRIA • Peso: às vezes, difícil de obter • Estatura: sem contratura: comprimento c/contratura : comprimento da tíbia altura do joelho • Composição corporal: dobra cutânea triciptal área muscular do braço balança digital suspensa PESO ALTURA Comprimento da tíbia Comprimento Altura do joelho sentado Altura do joelho deitado Stevenson, R.D., 1995 FÓRMULAS PARA ESTIMAR ALTURA 0 -12 anos com contratura (Stevenson, 1995): Estatura (cm) = 3,26 x altura da tíbia) + 30,8 6 a 18 anos com contratura (Lee e Nieman, 1995) Mulheres: alt= 43,21 + (2,14 x altura do joelho) Homens: alt= 40,54 + (2,22x altura do joelho) COMPOSIÇÃO CORPORAL Circunferência do braço deitado Dobra cutânea triciptal deitado Lee and Nieman ,1995 INTERAÇÃO MEDICAMENTO-NUTRIENTE • Anticonvulsivantes: Vit. D, ácido fólico • Estimulantes do SNC: anorexia, insônia • Antidepressivos: apetite, retenção de líquido • Laxativos: absorção de nutrientes AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA • Hemograma • Contagem de linfócitos • Ácido fólico • Vitamina B6 • Cálcio (fosfatase alcalina) • Vitamina D AVALIAÇÃO CLÍNICA/EXAME FÍSICO • Pele e cabelos • Olhos • Mucosas • Boca • Dentes • Hidratação • Contraturas PROBLEMAS NUTRICIONAIS • Retardo de crescimento, baixo peso ou sobrepeso • Atraso das habilidades motoras orais • Consumo alimentar inadequado ou excessivo • Interações medicamento- nutriente • Constipação ou diarréia • Necessidades nutricionais alteradas • Cáries dentais CONDIÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS •Incapacidade motora/ Hipercinese •Epilepsia •Refluxo Gastro-Esofágico •Infecções recorrentes •Cardiopatia Congênita •Desordens Metabólicas •Depressão •Hipersensibilidade a temperaturas e consistências CÁLCULO DADS NECESSIDADES ENERGÉTICAS(calorias por cm de altura) Condição kcal Deambulante, 5 a 12 anos 13,9 kcal/cm Não deambulante, 5 a 12 anos 11,1 kcal/cm Paralisia Cerebral c/ ativ. diminuída 10 kcal/cm Paralisia Cerebral c/ ativ.aumentada 15 kcal/cm Manual of Pediatric Nutrition. Hendricks and Walker, 1990 INTERVENÇÕES DIETÉTICAS Orientações Gerais: - Refeições pequenas e freqüentes - Temperatura tépida - Consistência de acordo com habilidade oral - Oferecer líquidos conforme horários - Posicionamento correto ao alimentar-se BAIXO PESO • Falta de habilidades orais para alimentar-se • Necessidades energéticas acima da capacidade de ingestão (hipercinese, infecções) • Falta de apetite (medicação ou depressão) • Problemas comportamentais na hora das refeições Estratégias: TRABALHO AMBIENTAL FÓRMULAS LÁCTEAS HIPERCALÓRICAS ADITIVOS CALÓRICOS NAS REFEIÇÕES AVALIAÇÃO DA CONSISTÊNCIA REFLUXO GASTROESOFÁGICO Líquidos engrossados • Obesos engrossar com fruta • Desnutridos engrossar com cereais précozidos • Constipados engrossar com mamão e aveia em flocos finos Decúbito elevado, posicionamento correto Não deitar a criança antes de meia hora após a refeição. CONSTIPAÇÃO - Hipotonia muscular - Imobilidade - Medicamentos (anticonvulsivantes e relaxantes musculares) - Ingestão de líquidos insuficiente (incapacidade de manifestar sede); salivação em excesso ESTRATÉGIAS • Horários de hidratação: chá de ameixa sem açúcar água • Fibras: aveia / módulo de fibra nas bebidas lácteas nas refeições grãos, se possível • Frutas laxativas diariamente SOBREPESO • Ingestão alimentar aumentada • Hipotonia • Baixo gasto energético ESTRATÉGIAS Cálculo do VET em 7 kcal/cm Oferecer vegetais antes do prato principal Frutas frescas como sobremesas Adoçantes não calóricos NUTRIÇÃO ENTERAL •Cálculo do VET: Kcal/cm •Necessidades Hídricas: 1 a 1,5 mL/kcal •Sistema fechado de nutrição enteral: SNG / gastrostomia •Dietas iso e hipercalóricas com fibra •Observar requerimento de micronutrientes •Administração: contínua/noturna (16-18 hs) intermitente (2h gotejando) ORIENTAÇÕES AOS CUIDADORES . Posicionamento adequado na hora da refeição: cabeça e tronco apoiados e elevados pés apoiados altura da mesa apropriada o corpo próximo à mesa . Ambiente tranqüilo, sem luzes fortes ou ruídos . Atitudes positivas: paciência ao administrar a refeição . Explicar o porquê dos procedimentos/dietas especiais . Não realizar comentários negativos referentes à dieta EQUIPE MULTIDISCIPLINAR • Médico • Enfermeiro • Nutricionista • Fisioterapeuta • Fonoaudiólogo • Terapeuta ocupacional • Psicólogo • Odontólogo RECOMENDAÇÕES • • • • Intervenção nutricional precoce Equipe multidisciplinar Vigilância nutricional Atenção aos cuidadores NECESSIDADE DA PARTICIPAÇÃO CONJUNTA DE CUIDADORES, NUTRICIONISTAS E DEMAIS TERAPEUTAS “Há de se cuidar do broto, para que a vida lhe dê flor e fruto.” Coração de estudante – Milton Nascimento Caso clínico: Paralisia cerebral • Paciente pediátrico neuropata, sexo masculino, 3 anos e 3 meses, apresentando disfagia grave com pneumonias recorrentes. Internou para colocação de gastrostomia, devido á incapacidade para alimentar-se por via oral. Permaneceu no hospital para recuperação nutricional, tendo alcançado um peso atual de 11 Kg. O comprimento da tíbia mediu 18,5 cm. Caso clínico: Paralisia cerebral • Faça a avaliação antropométrica • Prescreva as necessidades de energia e proteína • Micronutrientes: conforme RDA • Vitamina C: 15 mg • Vitamina A: 300mcg • Ferro: 7 mg Caso clínico: Paralisia Cerebral • De acordo com a dieta artesanal indicada, quais os nutrientes estão contemplados segundo 100% das necessidades desta criança? • Caso haja uma condição sócio-econômica favorável, quais os produtos industrializados que poderiam ser utilizados na prevenção da diarréia, da má-absorção e da intolerância à lactose? Caso clínico: Paralisia cerebral • Se a criança tivesse 8 meses de idade, que alimentos seriam usados na dieta enteral? • Como seria planejada a administração da dieta (velocidade de gotejamento, horários)? • Quais os cuidados ao infundir a dieta?