O QUE É VIDA?
Não existe uma definição
definitiva sobre o que seja a
vida. Para a ciência, um ser
vivo é algo que atenda o
conjunto das definições a
seguir:

A definição Fisiológica

Foi popular por vários anos. Um
ser vivo é definido como sendo
um ser capaz de realizar
algumas funções básicas, como
comer, metabolizar, excretar,
respirar, mover, crescer,
reproduzir e reagir a estímulos
externos.
Várias máquinas realizam
todas estas funções e,
entretanto, não são seres
vivos. Um automóvel, por
exemplo, come e metaboliza
a gasolina, e joga seus
excrementos pelo escape.
Respira oxigênio e expira
gás carbônico.

Por outro lado, algumas
bactérias vivem na ausência
completa de oxigênio, isto é,
não respiram, e, sem dúvida,
são seres vivos. A definição,
portanto, tem falhas.

A definição Metabólica

É ainda popular entre muitos
biólogos. Descreve um ser
vivo como um objeto finito,
que troca matéria
continuamente com as
vizinhanças, mas sem alterar
suas propriedades gerais.
A definição parece correta
mas, novamente, existem
excessões: certas sementes
e esporos são capazes de
permanecer imutáveis,
dormentes, durante anos ou
séculos e, depois, nascerem
aos serem semeados.

A chama de uma vela, por
outro lado, também tem uma
forma definida, e troca
matéria continuamente com
as vizinhanças.

A definição Bioquímica (ou
bio-molecular)
Seres vivos são seres que
contém informação hereditária
reproduzível codificada em
moléculas de ácidos nucléicos e
que controlam a velocidade de
reações de metabolização pelo
uso de catálise com proteínas
especiais chamadas de enzimas.

Existem, também neste caso,
alguns contra-exemplos: existe
um tipo de vírus que não
contém ácido nucléico e é
capaz de se reproduzir sem a
utilização do ácido nucléico do
hospedeiro.

Definição Genética
Um sistema vivo é um
sistema capaz de evolução
por seleção natural. Em
1859 Charles Darwin
publicou o livro que o
tornou famoso: "A Origem
das Espécies".

Um parafraseamento moderno
de sua teoria poderia ser algo
como: informação hereditária é
transportada por grandes
moléculas conhecidas como
genes. Genes diferentes são
responsáveis por
características diferentes do
organismo.

Na reprodução, este código
genético é repassado para o
organismo gerado.
Ocasionalmente, pequenas
"falhas" ocorrem na
replicação do código, e
surgem indivíduos com
pequenas variações - ou
mutações.

Algumas mutações podem
conferir características
especiais que tornam o
organismo mais apto à
sobrevivência. Como um
resultado, estes genes
"mutantes" vão se reproduzir
com mais facilidade do que os
normais, e esta será a espécie
dominante.

DEFINIÇÃO TERMIDINÂMICA
O segundo princípio da
termodinâmica diz que, em um
sistema fechado, nenhum processo
que leve a um aumento da ordem
interna do sistema pode ocorrer. O
universo, como um todo, está
constantemente indo para uma
situação de maior desordem - a
entropia do universo aumenta com o
passar do tempo.

Em um organismo vivo a
ordem parece aumentar: uma
planta pega moléculas
ordinárias de água e gás
carbônico e as transforma
em clorofila, açúcares e
outros carbohidratos,
moléculas bem mais
elaboradas e ordenadas.

Isto ocorre porque um ser
vivo é um sistema aberto,
que troca massa e energia
com as vizinhanças. Alguns
cientistas concordam que,
na maioria dos sistemas
abertos, a ordem aumenta
quando se fornece energia
para o sistema, e que isto
acaba formando ciclos.

O mais comum dos ciclos
biológicos na Terra é o ciclo
biológico do Carbono. Na
oxidação dos carbohidratos,
o dióxido de carbono é
devolvido a atmosfera,
completando o ciclo.

Vários ciclos termodinâmicos
existem mesmo na ausência de
vida, como é observado em
vários processos químicos. De
acordo com este ponto de
vista, ciclos biológicos são
meramente explorações de
ciclos termodinâmicos por
organismos vivos.

Os MECANISMOS
BIOQUÍMICOS DA VIDA
Nós, seres humanos,
somos uma coleção
ambulante de algo perto
de 1014 células.

As células humanas se
assemelham, em muitos
aspectos, a todas as células
que constituem os animais e
vegetais da Terra. Cada célula
consiste, em geral, de um
núcleo central, esférico,
imerso em uma grande
solução: o citoplasma.

Este conjunto é chamado de
protoplasma, e é envolto por
uma membrana fosfolipídica.
Dentro de cada célula,
milhões de moléculas são
sintetizadas a cada minuto.
Uma única enzima é capaz de
catalisar a síntese de mais de
100 moléculas por segundo!

A informação contida em
uma única célula foi
estimada como sendo em
torno de 1012 bits, o
equivalente a mais de 100
milhões de páginas de uma
enciclopédia.


A magnitude destes números
não impediu com que
centenas de pesquisadores
no mundo inteiro
dedicassem suas carreiras
na tentativa de elucidar o
mecanismo da vida. E alguns
dos aspectos fundamentais
já foram esclarescidos:
Ácidos Nucléicos
No interior dos núcleos
celulares de todas as
células eucariontes existe
um complicado trançado de
proteínas e ácidos
nucléicos, que dá origem
aos cromossomos.
Os ácidos nucléicos é que
carregam as informações
genéticas e hereditárias,
através de uma codificação
química chamada de código
genético.


O ácido deoxirribonucléico,
o DNA, é uma dupla hélice:
dois "cordões" moleculares
enrolados um no outro,
ligados covalentemente por
ligações entre as bases
adjacentes.

Cada célula
originada
no
organismo
leva uma
cópia do
DNA
consigo.

A duplicação do DNA ocorre
pela separação das duas
hélices, cada qual servindo
de "planta" para a
construção de outra
molécula de DNA, idêntica
ao seu par adjacente.
Ácido ribonucléico, RNA,
difere do DNA por possuir
um açúcar diferente (ribose)
e por uma base (uracil)
diferente. O RNA parece não
existir numa forma de dupla
hélice, tal como o DNA.


Um conjunto fosfato-açúcarbase é chamado de
nucleotídeo. Hoje, sabe-se
que o DNA, o RNA e as
enzimas possuem uma interrelação curiosa e elaborada,
que parece ser exatamente a
mesma em todos os
organismos vivos da Terra.
CÓDIGO GENÉTICO
Foi descoberto que um
conjunto de 3 nucleotídeos
consecutivos são o código
para um aminoácido de uma
proteína, e.g., uma enzima.

Através do controle da
síntese de enzimas, os
ácidos nucléicos controlam o
funcionamento e
crescimento da célula. Como
só existem 4 bases
diferentes, só existem (43) 64
combinações possíveis.

O significado de cada uma
destas combinações já é
conhecido - a maioria
representa um determinado
amino ácido; alguns
representam sinais de
pontuação, como onde
começar ou terminar uma
síntese.

Este tipo de relação entre
ácidos nucléicos e proteínas
é não somente o mesmo em
todos os seres vivos, como
o mesmo "dicionário" pode
ser utilizado para decifrar o
código de qualquer
organismo vivo na face da
terra.

O ser humano é um ser
extraordinariamente improvável:
a grande maioria de todas estas
possibilidades levaria para uma
completa disfunção biológica!
Pode-se dizer que, nestes 3
trilhões de anos de vida, houve,
também, uma seleção natural nas
seqüências possíveis de
nucleotídeos.


Existem, ainda, outros fatos em
comum para todos os
organismos vivos na Terra. Por
exemplo: só existe uma classe
de moléculas que armazenam
energia para processos
biológicos nas células de todos
os seres vivos, os fosfatos
nucleotídicos.

Uma outra coincidência que
intriga os cientistas: os
espermatozóides possuem
cílios e flagelos para sua
locomoção em ambientes
líquidos. Estas fibras
sempre estão organizadas
em grupos de 9 periféricas e
1 interna.
Certas bactérias, como a
paramecia, também tem
cílios e a forma de
organização, 9:1, é idêntica!
A porfirina é a base
molecular para a
hemoglobina, nos animais, e
para a clorofila, nas plantas.


A relevância estereoquímica de
determinados estereoisômeros
é a mesma em todos os
organismos vivos. Muitos
biólogos dizem que todas estas
coincidências são um forte
apoio para a teoria de que
todos os seres vivos são
descendentes de uma única
célula.
A ORIGEM DA VIDA
A maioria das explicações
giram em torno de 4
hipóteses:
I) A origem da vida é o
resultado de um evento
sobrenatural, isto é, além
dos poderes descritivos
da química e da física.
II) A vida surge
espontaneamente a partir
da matéria não viva em
curtos períodos de tempo,
hoje e no passado.
III)A vida é coexistente com a
matéria e não tem começo.
Chegou à Terra no mesmo
tempo da origem do planeta, ou
imediatamente depois.
IV)A vida se iniciou na Terra
primitiva por uma série de
reações químicas progressivas.
Para as várias correntes
religiosas e para os teólogos, a
hipótese I é a verdadeira: a vida
foi criada por um fenômeno
sobrenatural. A descrição da
criação do mundo na Bíblia
judaico-cristã, em Gênesis, não
está de acordo com várias
observações experimentais, e
não é aceita pela ciência.

O Gênesis, além de
apresentar uma visão
geocêntrica do universo,
fala que quando o sol foi
criado, já havia não somente
o planeta Terra, mas vida
abundante por toda sua
superfície.

A grande maioria dos
organismos vivos que habitam
ou habitaram a Terra requerem a
luz do sol para sua
sobrevivência. A formação dos
primeiros compostos orgânicos,
como demonstrado em
laboratório, só foi possível
graças à radiação UV provinda
do sol.


Deve estar claro, para o leitor,
que a hipótese atualmente
aceita pela ciência é a
hipótese IV. Mas até há pouco
tempo atrás, a hipótese II, a
da geração espontânea de
vida, era plenamente aceita
nos meios acadêmicos.

No século XVII, os experimentos
levavam a acreditar na geração
espontânea da vida: de uma
banana podre surgiam,
inexplicavelmente, larvas de
moscas e mosquitos. O mesmo
acontecia com qualquer pedaço
de matéria orgânica em
decomposição.
Foi somente no final do
século que o biólogo
italiano Francesco Redi
demonstrou que estas
larvas provinham de ovos
deixados por moscas ou
mosquitos adultos.

Somente em 1850, Louis
Pasteur demonstrou que quem
promovia a fermentação do
suco de uva eram germes
microscópicos, que flutuavam
no ar. Mostrou que uma
filtração adequada era capaz
de remover os germes e evitar
a fermentação.

Hoje, acredita-se que a
hipótese IV seja a verdadeira:
de que a vida se originou, após
a formação do planeta, numa
série de reações químicas
aleatórias. Como estes eventos
aconteceram e quais foram as
reações químicas?

A Origem do Código
Imagine um oceano primitivo,
cheio de nucleotídeos e seus
fosfatos, e bastante superfície
mineral para atuar como
catalisador. De repente, surge
um polinucleotídeo. Como já
vimos, este poderia servir, tal
como na duplicação do DNA,
como um padrão para "fábricar"
o segundo.

Alguns erros, entretanto,
poderiam ocorrer na duplicação.
Isto corresponde a uma molécula
capaz de se reproduzir e sofrer
mutações. Alternativamente,
pode-se supor que o surgimento
de tais moléculas ocorreu
diversas vezes, em vários pontos
do oceano primitivo.

Esta população de
polinucleotídeos que se duplicam
não pode, ainda, ser considerada
viva, por nenhuma das definições
de vida vistas acima: ela não
influencia seu ambiente
significativamente. A formação de
vários polímeros de amino ácidos,
as proteínas, também pode ter
ocorrido, espontaneamente, no
mar primitivo.

Hoje, sabe-se que as
proteínas não tem poder
reprodutivo, e os
polinucleotídeos não tem
atividade catalítica. É a
parceria entre estas duas
moléculas que faz a vida
contemporânea possível.

Sendo assim, a vida teve
origem no exato instante em
que ocorreu alguma
associação funcional entre
as proteínas e os
polinucleotídeos, ou seja,
com a origem do primeiro
código genético.

Os mecanismos auxiliares à
reprodução do código, as
enzimas, os mensageiros,
ribossomos, etc., são o
produto de uma longa história
evolutiva, e são produzidos
de acordo com instruções
contidas no código genético.


No momento da origem, o código
para tais mecanismos estava,
obviamente, ausente. Várias
linhas de evolução de códigos
genéticos distintos pode ter
iniciado em vários pontos do
planeta, porém, na competição,
somente um modelo de código
sobreviveu:
Todos os organismos
vivos da Terra são
descendentes do
mesmo código.
A QUÍMICA da vida
EXTRATERRESTRE
A vida na Terra é
estruturalmente baseada no
carbono, e utiliza a água
como meio de interação.

O hidrogênio e o nitrogênio
ajudam a definir formas
estruturais; fósforo é
importante para o
armazenamento e transporte
de energia; o enxofre, para as
configurações tridimensionais
das proteínas.

A vida, na Terra, é limitada
por uma estreita faixa de
temperatura, que
corresponde aos pontos de
fusão e ebulição da água.


A pergunta é: a vida,
necessariamente, precisa de
tais átomos e tais condições
físico-químicas?
Pode a vida, em um outro
planeta, se desenvolver em
condições totalmente
diferentes?

Uma resposta aproximada a
esta pergunta deve levar em
conta algumas considerações.
O meio para interações
moleculares precisa ser
líquido, pois a difusão é muito
lenta nos sólidos e as
interações são muito fracas no
estado gasoso.

O líquido deve possuir uma
grande faixa de temperatura
entre a fusão e a ebulição, e
deve ser um excelente
solvente. O planeta deve,
também, possuir alguns gases,
mediados por ciclos
biológicos, assim como o gás
carbônico na Terra.

A temperatura do planeta
não pode ser muito alta - as
forças das ligações
químicas são fracas em
altas temperaturas.

A MORTE...

É a parada total dos processos
vitais que eventualmente
ocorrem em todos os
organismos vivos. Para os
médicos e biólogos a definição
exata do que realmente seja a
morte ainda é conflitante.
Um sujeito pode ter morte
cerebral, e todas as funções
vitais básicas serem
mantidas artificialmente.
Neste caso, suas células
estão vivas, mas o
organismo não.


O conceito de morte não é
puramente biológico, mas
sim cultural, ético e legal.
Como consenso, define-se
que a morte seja a "perda
irreversível das funções
vitais".
E quanto ao carbono?
Existe algum outro
elemento que possa
substituí-lo?

Na forma como conhecemos
e definimos vida, é difícil se
pensar em outra
organização estrutural que
não utilize o carbono.
Poucos átomos tem a
capacidade de formar
polímeros como o carbono.
Uma outra opção seria o
silício, mas estes tendem a
produzir silicatos, que são
cristais de uma mesma
unidade repetida
periodicamente, sem
cadeias laterais aperiódicas
com conteúdo potencial de
informação.


Poucos átomos são candidatos tão
fortes quanto o Hidrogênio para
conferir um meio de interação
intermolecular necessário para a
vida. Por todas as razões, a água é
certamente o melhor meio para o
desenvolvimento da vida, mas, em
temperaturas baixas, amônia
líquida ou ácido cianídrico líquido
também podem ser um meio
líquido adequado.
Não existe, ainda, nenhuma
evidência de vida extraterrestre.
Podemos, somente, afirmar que,
para a existência de vida, um
planeta deve possuir um meio
reacional líquido, superfícies
inorgânicas catalíticas, uma
atmosfera, e uma proteção contra
os raios ultravioletas, tal como
temos a camada de ozônio.

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