UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSO ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES ENTRE PROFESSOR – ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM Jucilene Pereira de Lima Farias Brasília, 2014 1 Jucilene Pereira de Lima Farias A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES ENTRE PROFESSOR – ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM Monografia apresentada a Universidade Cândido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Administração Escolar. Professor orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Brasília, 2014 2 Jucilene Pereira de Lima Farias A Influência das Relações entre Professor – Aluno no Processo de Ensino – Aprendizagem Monografia apresentada a Universidade Cândido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Administração Escolar. Professor orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Aprovado pelos membros da banca examinadora em _____/_____/____, com menção ______ (_________________________). Banca Examinadora _____________________________________________ _____________________________________________ 3 AGRADECIMENTO Agradeço a Deus e a Virgem Maria, por todas as graças e bênçãos em minha vida; minha filha Sofia e meu filho Eitor, por serem a razão dos meus sonhos, ao meu esposo João por sua presença e incentivo e a minhas irmãs e amigas que sempre me incentivaram a vencer os obstáculos com amor e dedicação. Infinitamente, obrigada! 4 DEDICATÓRIA Dedico a todos os professores e alunos que constroem nas relações de sala de aula um espaço de interação e respeito. 5 “[...] quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (PAULO FREIRE, 1996, p.2). RESUMO O presente trabalho tem como principal objetivo estudar as influências que as relações construídas em sala de aula entre professor e aluno e como influenciam no processo de ensino e aprendizagem. Tendo como base o estudo bibliográfico de grandes autores precursores do tema. A conclusão inicial leva-nos a constatar que dependendo da relação construída pode ser instaurados sucessos e fracassos no 6 processo ensino-aprendizagem, nesse contexto; o administrador escolar tem grande importância como mediadores nos conflitos que podem surgir em sala de aula, principalmente se forem influenciados por representações sócio culturais. Daí a importância do tema, pois, tendo conhecimento do poder dessa relação, é possível a transformação de tais relações e o professor terá condições de reverter o fracasso e promover o sucesso de seus alunos e certamente do trabalho docente. Palavras – chaves: Professor – Aluno – Relações – Ensino – Aprendizagem. Abstract The present work has as main objective to study the influences that built relationships in the classroom between teacher and student and how they influence in the process of teaching and learning. Based on the bibliographical study of great authors forerunners of theme. The initial conclusion leads us to conclude that depending on the relationship built can be instituted successes and failures in the teaching-learning process in this context; the school administrator has great importance as mediators in conflicts that can arise in the classroom, especially if they 7 are influenced by social and cultural representations. Hence the importance of the subject, because, having knowledge of the power of this relationship, it is possible the transformation of such relationships and the teacher will be able to reverse the failure and promote the success of its students and faculty will work. Key words: Teacher - Student - relations – Teaching – Learning. METODOLOGIA A pesquisa terá como base o estudo bibliográfico tipo qualitativo, com referenciais teóricos, no que se refere ao professor e ao aluno como sujeitos individuais e sociais, culturais e históricos. Também será preciso, a compreensão da base das relações como, emoções, afetos, desafetos, empatia e apatia. Para compreensão do sucesso e do fracasso no ensino aprendizagem é essencial à fundamentação teórica desse processo incluindo as influencias da instituição escolar e o administrador 8 escolar, por isso buscaremos referencial teórico nos estudos de Trigo, Tacca, Mosquera, Gonzaga e outros contemporâneos. O estudo será desenvolvido por meio da pesquisa bibliográfica de caráter teórico qualitativo. Embasados teoricamente, teremos subsídios para uma analise das relações e conclusão dos estudos. Sumário INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 CAPÍTULO I FUNDAMENTOS DAS RELAÇÕES EM SALA DE AULA ....................................... 14 1.1 Reflexões a respeito do processo ensino-aprendizagem.............................. 18 9 CAPÍTULO II OBSERVAÇÕES A RESPEITO DO PROFESSOR E DO ALUNO ........................... 19 2.1 O Ser humano professor .................................................................................. 20 2.2 O Ser humano aluno ......................................................................................... 21 CAPÍTULO III AS EXPECTATIVAS PROFESSOR-ALUNO NA DINÂMICA INSTITUCIONAL ..... 24 3.1 O diretor escolar – sujeito oculto no processo de ensino-aprendizagem ... 26 3.2 Os reflexos das representações na relação professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem ............................................................................................. 30 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 40 INTRODUÇÃO O presente estudo sobre “A influência das relações entre professor e aluno no processo de ensino – aprendizagem”; busca uma compreensão das relações estabelecidas entre o professor e o aluno no processo de ensino aprendizagem em sala de aula e como as representações construídas nessas relações podem influenciar em cada sujeito envolvido. 10 A questão central parte da reflexão: pode o professor e o aluno conviver em sala de aula sem construírem uma relação de afeto ou desafeto? E ainda, a relação construída entre esses sujeitos pode influenciar nas ações e interesses um do outro no processo ensino aprendizagem? No Capítulo I, buscamos fundamentar as relações em sala de aula com algumas reflexões a respeito do ensino e aprendizagem, apresentando assim a importância do tema, pois, qualquer tipo de educação envolve relações e relacionarse não é apenas estarmos presentes no mesmo ambiente e sim convivermos, interagirmos, compartilharmos, ou seja, influenciar e ser influenciado por meio de interações objetivas e subjetivas. A sala de aula é o espaço escolar mais propenso à construção de relações, pois, envolve a complexidade do sujeito professor e do sujeito aluno, que certamente já trazem para sala de aula, uma imagem préconstruída um do outro. Diante da complexidade dos sujeitos envolvidos no processo ensino aprendizagem percebemos a importância de uma fundamentação em estudos bibliográficos, para conhecimento e analise dos processos de construção do sujeito professor e do sujeito aluno, relacionando a visão que cada um traz do outro. Assim apresentamos no Capítulo II, algumas observações a respeito do professor e do aluno, pois de acordo com Abreu e Masetto, apud Aquino (1996, p. 22), que consideram essa relação é à base do processo educativo, acreditamos que dependendo do rumo dessa relação poderá sucesso ou fracasso dos sujeitos envolvidos. Esse estudo contagia e envolve-nos na pesquisa, pois parte do conhecimento prévio de que de que em qualquer relação humana estabelecida há o envolvimento por meio do afeto e das emoções e principalmente da compreensão do processo social, histórico e cultural que formam e transformam as pessoas. Nosso principal objetivo é investigar se a representação que o aluno faz do professor e o professor faz do aluno, influência nas ações desses sujeitos contribuindo no sucesso ou no fracasso do processo de ensino - aprendizagem em que estão inseridos. Com isso o estudo tem como objetivo específico contribuir na qualidade do ensinar e do aprender e colaborar tanto com o professor como com o 11 aluno para que percebam quando e como seus sentimentos e emoções no ambiente de sala de aula estão contribuindo ou não no seu desempenho no ensino e na aprendizagem. Ainda desenvolver uma prática educativa prazerosa e cheia de sucesso para esses sujeitos envolvidos. Partindo da certeza de que em todos os momentos da nossa vida é comum sermos protagonistas de situações inusitadas que não se limitam ao nosso controle ou compreensão; desempenhamos diversos papéis complementares ou contraditórios, mas que são à base de várias relações como; pais e filhos, médicos e pacientes, esposo e esposa, colegas de trabalho e são claro, professores e alunos. Em cada situação em que essas relações acontecem há a interação de valores, sentimentos, comportamentos que diferencia e torna cada um único. A interação dessas diferenças torna as relações mais complexas e subjetivas, pois as representações construídas nessas relações estão sujeitos interferências afetivas e sociais. A relação professor aluno, assim como qualquer outra, não se estabelece por acaso e nem está centrada em si e isolada da sociedade. É antes de tudo uma relação historicamente constituída. Com isso, apresentamos no Capítulo III, algumas expectativas da relação professor aluno na dinâmica da instituição escolar, analisando também o diretor escolar como sujeito oculto nesse processo ensino – aprendizagem. O estudo terá como base a pesquisa bibliográfica de caráter teórico qualitativo sobre o tema, fundamentando de onde vem à base dessas relações? Que espaço é esse que gera sucesso e fracasso? Qual a influencia das relações construídas no contexto escolar? Com base nesses e em outras perguntas, faremos o estudo do que acontece na sala de aula e como acontece analisando um espaço anterior a ela, ou seja, a própria sociedade. Acreditamos que o que acontece dentro de uma sala de aula ilustra um contexto histórico – social, por isso se há algo nessa relação que influencie no sucesso ou no fracasso, não se originou ali. Acreditamos então que com a pesquisa teremos ao final a resposta a nossa questão central e assim nossos objetivos alcançados. 12 CAPÍTULO I FUNDAMENTOS DAS RELAÇÕES EM SALA DA AULA Em todos os momentos da nossa vida é comum sermos protagonistas de situações inusitadas que não se limitam ao nosso controle ou compreensão. Durante a vida o ser humano desempenha diversos papéis complementares ou 13 contraditórios, mas que são à base de várias relações como; pais e filhos, médicos e pacientes, esposo e esposa, colegas de trabalho e são claro, professores e alunos. Em cada situação em que essas relações acontecem há a interação de valores, sentimentos, comportamentos que diferencia e torna cada um único. A interação dessas diferenças torna as relações mais complexas e subjetivas, pois as representações construídas nessas relações estão sujeitos interferências afetivas e sociais. A escola cada vez mais se torna núcleo observação e construção da representação individual e do outro como ser humano e essas representações construídas na escola por meio das relações poderá ser benéfica ou não. A sala de aula pode ser considerada um palco onde podemos observar a construção da representação que cada personagem, nesse caso professor e aluno constroem de si e do e do outro e também a influencia que essas representações exercem na relação entre eles. Durante toda história da educação, professor e aluno sofreram grandes transformações na estrutura de sua atuação em sala. Desde o poder absoluto conferido ao professor e a submissão social e intelectual do aluno, até chegarmos ao sujeito mediador do processo de construção do conhecimento de um aluno visto como um sujeito que contribui e participa ativamente. Questões ligadas à relação professor e aluno são discutidas por vários teóricos que, em épocas diferentes da história da educação que destacaram peculiaridades, muito significativas, detalhes que podem possibilitar uma visão mais específica de como ela se estabelece. Dentre os diversos teóricos que discutiram a dinâmica da relação professor e aluno no que se refere ao sentido e significado nos processos de aprendizagem, temos Tacca, (2005) que afirma: Essas conceituações e compreensões relativas aos sentidos e aos significados são muito pertinentes, esclarecedoras e enriquecedoras para a análise dos processos de ensino-aprendizagem na escola (...). Assim, os conteúdos são objetivados e o aluno percebido “objetivamente” apenas como sendo “um aluno a mais”, ou como ocupante de um espaço delimitado na sala de aula. As questões relativas ao modo como o aluno participa das atividades e constrói significados a partir dos conteúdos culturalmente construídos, bem como a verificação de quais sentidos pessoais estão 14 emergindo na situação de ensino, ficam à margem das preocupações e, portanto, do próprio ensino. (TACCA, 2005, p. 234) Para a questão da prática profissional, do desenvolvimento dos papéis docentes, Tardif (2002), propõe uma epistemologia da prática de ensino profissional, como “o estudo do conjunto dos saberes utilizado realmente pelos profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano, para desempenhar todas as suas tarefas” (p.255). Tardif (2002), ainda dá ao termo saber um sentido que engloba os conhecimentos, as competências, as habilidades e as atitudes, isto é, aquilo que muitas vezes foi chamado de saber/fazer e saber/ser. Para esse autor, a epistemologia da prática profissional visa compreender a natureza desses saberes, assim como o papel que desempenham tanto no processo de trabalho docente quanto em relação à identidade profissional dos professores. De acordo com Gimeno (2000), o professor além de contribuir para a configuração do autoconceito geral da criança, vai determinar o desenvolvimento de um de seus aspectos específicos, o autoconceito acadêmico, referindo-se às características e capacidades que o aluno acha que possui, em relação ao trabalho acadêmico e ao rendimento escolar. O professor com um elevado sentimento de eficácia, segurança em suas execuções e pouca ansiedade, fomenta nos alunos o desenvolvimento de percepções positivo a respeito deles mesmo e de seus colegas, incrementando a qualidade da interação em aula. Tanto as relações que mantém com as crianças, como os modelos gerais de atuação que apresenta em aula, possuem um impacto positivo no êxito acadêmico e no autoconceito dos alunos. Os vínculos estabelecidos na relação com a criança são ações de ordem emocional, pois a emoção é a promotora da formação de alguns espaços sociais, como a escola, em que a aprendizagem se estabelece por uma emoção na conquista do conhecimento. Conforme Almeida (1999), (...) “as emoções revelam-se como o elo entre o indivíduo e o ambiente concreto como também o indivíduo e outros indivíduos”. São as emoções que possibilitam aos indivíduos se agregarem em uma forma primitiva de comunhão e comunidade. As mudanças por elas estabelecidas diminuem os 15 seus meios de expressão, os transformando em formas sociais cada vez mais especializadas (Wallon, apud Kohl, 1999). González Rey (2003) diz que a emoção evidencia o estado do sujeito mediante a ação, ou melhor, as emoções e as ações não se separam. Por meio das ações o sujeito se relaciona com o social, participando do cenário cultural. Por isso, a emoção está presente em qualquer atividade que o sujeito realize. Maturana (2000) reafirma essa ideia ao dizer que toda ação humana está ligada a uma emoção que possibilita o ato. Ele conclui, então que não é a razão que promove a ação, mas a emoção. Enfim, o vínculo emocional é o agente determinante da vida social do sujeito, estimulando-o a se aproximar do outro e a iniciar uma relação, ou qualquer outra ação que realize. Esse papel da emoção garante à criança sua participação no espaço social e no desenvolvimento da cultura e da educação. O referencial histórico/cultural representa uma nova maneira de entender a relação entre sujeito e objeto no processo de construção do conhecimento. Na concepção de Vygotsky, apud Kohl (1999), o indivíduo constrói conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com os outros indivíduos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a constituição de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social – relações interpessoais para o plano individual interno – relações intrapessoais. Vygotsky apud Kohl (1999) argumenta que as crianças não conseguem escapar das suposições preconceituosas que a sociedade de classes lhes transmite, as quais, modelando suas atitudes e comportamentos, acabam por perpetuar a discriminação e a injustiça social. Ora, a produção e reprodução do sistema de valores em nosso contexto social não se perpetuam automaticamente; portanto, a questão da educação não pode ser encarada de maneira ingênua. Assim a tarefa da educação é agir no sentido de superar ou transcender positivamente o processo de alienação a que o homem é submetido cotidianamente no campo de suas relações sociais, afetivas, culturais e econômicas. 16 Diante do grande numero de estudos a respeito da relação professor aluno, percebemos a complexidade dos aspectos que constroem e influenciam nessa relação polemica e dinâmica. A relação professor aluno, assim como qualquer outra, não se estabelece por acaso e nem está centrada em si e isolada da sociedade. É antes de tudo uma relação historicamente constituída. A escola tem papel fundamental na construção do conhecimento, pois é a instituição social responsável sistematização do saber e de sua socialização. Segundo Trigo, 1986, escola pode construir relacionamentos humanos profundos, interacionais e permanentes envolvendo os sujeitos em todas as suas potencialidades. Sendo assim dentro dela criam-se laços afetivos e até mesmo relações desarmoniosas entre professor e aluno e entre outros sujeitos. O professor e o aluno são os sujeitos sociais que convivem diretamente, por isso para compreensão desses sujeitos e dos aspectos que os envolve segundo Kohl, Piaget diz que afirmar que o homem é um ser social ainda não significa optar por uma teoria que explique como este ser social interfere no desenvolvimento e nas capacidades da inteligência humana. Então de onde vem à base dessas relações? Que espaço é esse que gera sucesso e fracasso? Qual a influencia das relações construídas no contexto escolar? O “ser social”, dos indivíduos envolvidos influenciam e são influenciados pela sociedade? Com base nesses e em outras perguntas, faremos o estudo do que acontece na sala de aula e como acontece analisando um espaço anterior a ela, ou seja, a própria sociedade. Acreditamos que o que acontece dentro de uma sala de aula ilustra um contexto histórico – social, por isso se há algo nessa relação que influencie no sucesso ou no fracasso, não se originou ali. 1.1 Reflexões a respeito do Ensino e da Aprendizagem O processo ensino aprendizagem ocorre nas relações professor – aluno, aluno – professor e aluno - aluno; assim como esses sujeitos, o ensino e a 17 aprendizagem não acontecem isoladamente e nem da mesma forma em diferentes tempos e ambientes. As relações dentro da sala de aula ocorrem de acordo com as expectativas que os sujeitos envolvidos possuem do ensino e da aprendizagem. Comecemos por entender o que ensinar e o que aprender, porém esses conceitos não são tão simples, pois nos levam a compreensão das diferentes épocas que se desenvolveram como também compreender sua mudança no decorrer da história, o que nos leva mais uma vez ao questionamento de que homem pretendeu formar. Pois, o ensino e a aprendizagem estão diretamente relacionados aos sujeitos do processo de ensino-aprendizagem que são professor e aluno. O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente caracterizado de formas diferentes que vão desde a representação do professor como transmissor de conhecimento, até as concepções atuais que concebem o processo de ensinoaprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do educando. Lembrando o que está na LDB. 9394/96 TÍTULO I, ART. 1º que afirma que a aprendizagem ocorre em todo momento e em qualquer lugar, podemos entender que o ensino ocorre da mesma forma, logo ensino e aprendizagem ocorrem em processo de formação e desenvolvimento dos sujeitos. CAPÍTULO II OBSERVAÇÕES A RESPEITO DO PROFESSOR E DO ALUNO 18 A educação é um dos instrumentos sociais mais discutidos na história e será interpretada como vilã ou heroína, de acordo com o contexto histórico, todos os pensamentos e atitudes dos envolvidos no processo educativo parecem estar certos. Durante seu percurso histórico, a educação teve o processo de ensinar e aprender organizada e baseada na relação professor aluno, sistematizando conteúdos e a forma de ensinar num único padrão. A escola é uma instituição social que tem sua prática determinada por sua funcionalidade. “Quanto mais complexa e avançada for à sociedade que a escola serve, tanto maiores serão as exigências impostas à escola.” (Sandstrom, 1973). Uma vez que a educação visa à formação do homem, se faz necessário ter objetivos claros e coerentes, além disso, lidar com a educação também significa lidar com os valores sociais numa relação dialética, pois o tipo de homem a ser formado atenderá as concepções e valores de quem estiver envolvido no processo educativo consequentemente da sociedade que a legitima. Para compreender a dinâmica educacional como todo é importante conhecer as peculiaridades de seus componentes, destacando suas funções, compreendendo suas atitudes, percebendo as relações existentes entre as partes, ressaltando os benefícios e prejuízos que essa relação pode trazer para os sujeitos envolvidos. Cabe-nos então questionarmos sobre quem é esse professor e que influências esse sujeito histórico – social pode ter sobre as relações construídas em sala de aula e no processo ensino – aprendizagem. Da mesma forma quem é esse aluno, sujeito igualmente histórico – social, quais suas expectativas em relação ao professor, como ele influencia e como é influenciado nas relações complexas do ambiente escolar. Com isso, buscaremos então entender como as relações entre esses sujeitos podem influenciar no processo ensino – aprendizagem. 2.1. O professor: um ser humano Antes de ser um professor, o sujeito que ocupa essa função social é uma pessoa que tem um passado histórico que não se mede apenas por um relato 19 subjetivo, mas principalmente nas experiências vivenciadas e construídas em suas ações. Um sujeito que desenvolveu habilidades e competências durante a sua vida social e acadêmica que influenciaram na estrutura de sua base profissional. Mosquera (1996) destaca algumas habilidades básicas para ser um professor, como comunicação adequada, conhecimento de sua personalidade, conhecimento de sua área de ensino, bom nível afetivo e social, bem como objetivos e metas alcançáveis e disposição para trabalhar; pois a profissão professor exige dedicação e energia. Aquino (1996), também destaca outras características do professor: esforçado, atualizado, sério, mas nunca intransigente. Deve evitar a distancia excessiva do aluno, ser companheiro, amigo, além de apresentar um domínio profundo o seu campo de conhecimento, bem como das técnicas de transmitir conteúdos. Segundo Filho, apud, Coll e Solé (1997) “o professor possui valores, atitudes e comportamentos que adquiriu fora da escola, nesse contexto, é conhecimento aquilo que ele construiu ao longo de sua vida que dá a ele a habilidade de trabalhar sobre o provável e o possível e interagir com o outro simbolizado, inclusive por meio da palavra escrita”. Sendo assim, podemos afirmar que é conhecimento o que foi construído ao longo de sua vida. O professor possui valores e atitudes e comportamentos adquiridos fora da escola, sua própria formação profissional servirá de base para sua postura profissional em sala de aula. A qualidade e a profundidade da formação do professor certamente influenciarão na sua prática pedagógica. Lindgren (1971) aponta três categorias dos papéis desempenhados pelo professor na instituição escolar; a primeira se refere aos papéis educativos e administrativos, que envolve várias funções secundárias conde o professor atua como instrutor, modelo representante da sociedade, administrador da sala de aula e interprete para o público. Já na segunda categoria encontram-se os papéis psicologicamente orientados do professor incluem os de psicólogo educacional, artista em relações humanas, organizador de grupos, agente catalizador e promotor de higiene mental. E ainda uma terceira categoria de papéis que estão ao auto conceito dos professores, como a função de assistente social e símbolo paterno. 20 Apesar de secundários muitos professores aceitam esses papéis, pois é claramente uma parte da função do professor. Segundo Mosquera, apud Coll e Solé (1997), “acima de qualquer tipo de papel a ser atribuído ao mestre, temos inicialmente o de mediador da aprendizagem, já que pode influir no ambiente de diferentes maneiras.” Coll e Solé (1997), compartilham desse pensamento de Mosquera e defendem que “ (...) o verdadeiro papel do professor consiste em agir como intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva que os alunos exercitam para assimilá-los”. O sujeito professor apresenta-se ao longo da história como o responsável direto do processor de ensino, muitas vezes visto de forma desarticulada da aprendizagem. 2.2. O aluno: sujeito da aprendizagem O aluno assim como o professor, é um ser constituído historicamente e que também responde de um lugar determinado socialmente; as representações do aluno também estão entrelaçadas a um determinado momento histórico – social. A representação desse sujeito “o aluno”, está na maneira de pensar o tipo de homem que se quer formar. Segundo Libânio (1994) na pedagogia tradicional a aprendizagem é conduzida de forma “mecânica, associativa, não mobilizando a atividade mental, a reflexão e o pensamento independente e criativo dos alunos” (LIBÂNEO, 1994, p.61), ou seja, esta se apresenta como uma proposta de formação baseada em atitudes receptivas, em que o papel do aluno se restringe a ouvir atentamente o que é transmitido pelo professor e em silêncio, pois se acredita que assim os alunos teriam condições de reter a matéria ensinada pelo professor. Com o capitalismo Martins (2008) afirma que a ordem social era a formar trabalhadores, ou seja, profissionalizar para instrumentalizar o mercado de trabalho; “uma sociedade comum pela disseminação de determinados conteúdos previamente selecionados e impostos a todos passa a ser entendida como espaço de manipulação dos meios mais adequados para transmitir, socializar 21 aquilo que é necessário para a formação do homem adequado à unificação da sociedade desejada” (MARTINS, 2008). Entende-se que nessa perspectiva de educação a postura do aluno é a de mero espectador, que assimila os conhecimentos de maneira disciplinada, repetitiva, reproduzindo o que lhe é repassado. O ensino e a aprendizagem necessária era a que o mercado de trabalho necessitava e oferecia. Atualmente, envolvidos pelos estudos de teóricos como Piaget com o construtivismo em Vygotsky com o sócio interacionismo, temos uma educação voltada para o exercício da cidadania, onde o aluno é tido como um sujeito ativo na sua aprendizagem, que possui uma história e participa socialmente da mesma. Evidencia-se que nesse momento a educação e a formação do aluno se caracterizam de modo igual para todos, já que advoga um princípio de que “a educação é direito de todos e dever do Estado” (SAVIANI, 2008). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) em seu art. 2º destaca que; [...] a educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (LDB. 9394/96 TÍTULO II, ART. 2º) Temos então destacado o fato de que o aluno na atualidade não é um ser passivo. Preparar o aluno para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, colocando esse sujeito como um cidadão de direitos que vão desde a expressão de suas ideias como ter possibilidades de desenvolvimento de forma que amplie seu conhecimento; afirmando assim o que diz na LDB 9393/96 art. 1º; A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (LDB. 9394/96 TÍTULO I, ART. 1º) 22 Lindigren (1971), afirma que, os professores e os alunos são igualmente afetados pelas normas e padrões da cultura e da comunidade e sentem tensões e pressões para equilibrar suas necessidades pessoais com as exigências do grupo. Ou seja, esses sujeitos e seus papéis estão relacionados ao processo histórico social, envolvem-se e determinam-se constantemente de acordo com as expectativas de ensino e aprendizagem. CAPÍTULO III AS EXPECTATIVAS PROFESSOR-ALUNO NA DINÂMICA INSTITUCIONAL 23 Outro ponto a se discutir refere-se à evolução das expectativas do professor e do aluno de acordo com o ano e etapa de ensino. Enquanto as crianças mudam de ano e avançam nos estudos, mudam também as expectativas tanto do aluno, quanto do professor com relação a si e ao outro. E na medida em que os alunos crescem os problemas da clientela começam a se sofisticar, embora a disciplina continue a ser o pano de fundo do perfil discente. Então, além do comportamento, o professor se depara com um número excessivo de alunos, raramente possui o aparato pedagógico de que precisa, como recursos didáticos, por exemplo, dispõe de pouco tempo para elaborar suas atividades, chegando a estender sua jornada de trabalho ao conforto de sua casa, e consequentemente dificultando seu relacionamento familiar, uma vez que leva seus problemas profissionais para casa. No entanto, como ressalta Mosquera, apud Coll e Solé (1997) cabe ao professor propiciar condições de estudo para turmas superlotadas, devem conseguir chamar e prender a atenção e o entusiasmo das crianças devem dominar diversas áreas de estudo, terá que saber lidar com problemas emocionais, e até mesmo, doenças físicas de seus alunos. É evidente que dependendo das condições de trabalho de que o professor dispuser, sua atuação pedagógica poderá ser prejudicada. Mas isso não o impede de tentar fazer o melhor possível para que o sucesso se instaure. O que muitas vezes acontece é que o professor usa as dificuldades que encontra na escola, ou na instituição, como justificativa para o seu insucesso. Se a falta de material didático, o grande número de aluno e várias outras dificuldades, fossem as únicas causas reais do fracasso de alguns professores, como se explica o sucesso de outros que consegue, por exemplo, alfabetizar crianças de várias idades em classes multi - seriadas como as que existem na zona rural? O professor que é competente precisa usar sua criatividade para contornar seus problemas e também precisa lutar por melhores condições de trabalho, e não apenas queixar-se delas. O sistema educacional apresenta muitas incoerências, cobra um resultado e números sem muitas vezes, ter dado chances ou meios para que ele fosse possível. Nestas circunstancias a docência assume vário papéis que não lhe são próprios, como o de sanitarista – ao manter a reeducação dos hábitos alimentares e higiênicos; religioso – quando o professor sente como se fosse um missionário para 24 dar conta de seu trabalho; pai/mãe/família – quando o professor se percebe com uma responsabilidade superior ou igual a dos pais, se vendo obrigado a suprir carências emocionais, materiais e até alimentares do aluno, e a escola termina se tornando realmente a segunda casa do aluno. “As condições da maior parte das instituições educacionais são tais que os professores devem possuir qualidades sobre-humanas para realizar um trabalho produtivo.” (Mosquera, apud Coll e Solé (1997). A escola como uma instituição social tem refletido, com cada vez mais evidência, a estrutura social vigente, que está aos poucos descaracterizando o espaço de formação e transição de informações e transformando num centro de assistência social comunitário. Nesse contexto, “as representações acerca do processo educacional parecem congregar uma multiplicidade de âmbitos, e o professor, uma variedade de funções, que vão desde uma espécie de assessoria psicopedagógica até a indução de discussões éticas, de valores.” (Aquino, 1996). Aqui também entra a questão do “preparar para a vida”, missão que o professor costuma assumir como meta do seu trabalho, só que a escola não prepara para a vida, ela fá faz parte desta vida que se desenvolve a cada dia. “O que se visa, parece-nos é a internalização das regras morais de conduta – o que definiria o caráter do aluno para a vida afora. Não mais uma submissão cega ao professor, mas uma obediência voluntária e livremente arbitrada pelo aluno. Não mais um movimento implacável, mas fundamentalmente concebido.” (Aquino, 1996. P. 47). Além disso, como lembra Coll e Solé (1997) à educação institucionalizada tem como um dos principais objetivos o processo de socialização, no qual joga um papel preponderante a figura do professor. O professor possui para isso poder e autoridade que lhe é atribuído pelo cargo que ocupa e por seu status de líder da sala de aula. 25 As expectativas relativas ao aluno ou ao professor são fundamentais na ocupação de quaisquer lugares, configurando-se como professor-aluno, fator destacado por Aquino, 1996; “... o grau de estimulação do professor parece determinar a legitimidade dos interesses dos alunos, ao passo que, da parte do professor, o interesse do aluno é aquilo que reiterava a viabilidade do seu trabalho, do seu lugar e da ocupação deste.” (Aquino, 1996). Além disso, as atitudes do aluno parecem sustentar as habilidades a ele atribuídas e o papel fundamental que os professores se atribuem parece ser algo relativo à formação do caráter do aluno, e a prioridade é a vida fora da escola. Desta forma, a vida dentro da escola seria como que um ensaio da vida real, para além dos muros da escola. Enfim, o que os professores e alunos esperam uns dos outros pode conduzir a formação de suas representações mútuas, o que irá formar diferentes expressões para analisar as peculiaridades da relação professor-aluno. 3.1 O diretor escolar – sujeito oculto no processo de ensino-aprendizagem Nas relações em sala de aula existe um “sujeito oculto” que faz grande diferença dependendo de sua atuação ser ativa ou passiva. Esse sujeito é o diretor da escola. Historicamente a representação do sujeito diretor sofreu algumas modificações sociais desde ser visto como aquele que cuida de tarefas administrativas e não tem relação com as questões pedagógicas, como também do sujeito que representa a escola em estancias superiores e outros órgãos repassando as decisões para que o quadro de funcionários siga; até ser o sujeito que pensa em todos os detalhes para que não só a educação naquele espaço escolar seja de qualidade, e sim que todos sejam escutados buscando encontrar o ponto de união entre a equipe escolar e a comunidade. “Um dia, enquanto caminha pelos arredores de uma nova construção, Miguelangelo aproximou-se de dois artesãos. Ele se dirigiu ao primeiro e perguntou-lhe o que estava fazendo. – “Senhor, eu estou quebrando estas pedras”, foi à resposta. Então, 26 prossegue e perguntou a mesma coisa ao segundo. A resposta desta vez foi: “Eu sou parte de um grupo de trabalhadores e artesãos que está construindo uma catedral”. A tarefa era a mesma, mas a perspectiva, bem diferente”. “Da segunda, por certo, resulta a possibilidade de sucesso de qualquer empreendimento” (Heloisa Luck e outros, 1998, p. 40). Em seu cotidiano, as prioridades da agenda do diretor consistem em cuidar da infraestrutura, corrigir o comportamento dos alunos, atender os pais, receber as crianças na porta, participar de reuniões com as secretarias de Educação e providenciar material. Sobra pouco tempo para conversar com professores, prestar atenção nas aulas e buscar a melhoria do ensino, a meta essencial da escola. Porém para o sucesso do processo ensino-aprendizagem, como na citação de Heloisa Luck, 1998, é preciso a interação de todos os componentes desse processo em uma perspectiva participativa de trabalho em equipe. Para que os objetivos e metas sejam atingidos nenhum sujeito está sozinho. Assim, podemos afirmar que o diretor escolar deve entender que uma escola bem organizada e com uma gestão de qualidade é aquela que cria e assegura condições organizacionais, operacionais, pedagógicas e didáticas para o bom desempenho de professores e alunos em sala de aula, de modo a se obter sucesso nas aprendizagens e é claro no ensino. O papel do diretor escolar não se resume meramente à administração do estabelecimento de ensino, mas a de um agente responsável por mudanças. O diretor de uma escola deve ter os olhos e ouvidos abertos, percebendo o que está certo ou errado, o que não funciona em que aspectos podem melhorar em si mesmo, nos professores, nos alunos, nos objetivos da escola, na disposição do tempo, na visão que os outros fazem da instituição, nas suas próprias atitudes e habilidades. Para Maria Luiza Alécio, diretora de Fortalecimento Institucional e Gestão da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), “... o gestor que cuida apenas de administração e infraestrutura esquece que isso só faz sentido quando utilizado como meio para melhorar o desempenho das turmas”. Por isso o diretor escolar precisa perceber a importância de capacitar seus professores a fim de que se vejam como ótimos profissionais, criando um conceito 27 positivo nos mesmos, causando motivação, pois, trabalhar motivado é o caminho para o sucesso. O diretor escolar precisa entender que a educação não é uma área inerte, as transformações ocorrem à medida que o aluno interage com o mundo externo. Como gestor do processo educacional, o diretor educacional precisa perceber o ambiente educacional e seus componentes, como uma organização que tem uma missão, um objetivo a ser alcançado e, recursos a serem administrados, e que tudo está relacionado ao sucesso do ensino e aprendizagem. No contexto educacional atual cabe ao gestor escolar pensar o processo educacional e as ações da escola, definindo um projeto de cidadania, atribuindo-lhe finalidades e pressupostos filosóficos, sociais e educacionais congruentes com a proposta político-pedagógica do processo de ensino. O administrador escolar e todos de sua equipe devem ser capazes de trabalhar com os atores sociais do processo educacional e suas relações, como sujeitos da construção desse processo, gerando participação, compromisso e responsabilidades, decentralizando decisões e interagindo. Nas pesquisas Saviani 2008, citando os estudos realizados por Nóvoa, 1995; Barroso, 1996; Luck, 1998, mostra que o modo como funciona uma escola faz diferença em relação aos resultados escolares dos alunos. Embora as escolas não sejam iguais, essas pesquisas indicam características organizacionais úteis para compreensão do funcionamento das escolas, considerados os contextos e as situações escolares específicos. Compete ao diretor escolar alertar e orientar os professores quanto à importância de se dar atenção especial aos alunos, tendo em vista suas dificuldades de adaptação, em consequência das mudanças no processo ensino-aprendizagem das duas séries, ressaltando a necessidade de se dedicar atenção especial à orientação dos professores, por meio de cursos de formação que priorizem a relação teoria-prática, num espaço de construção coletiva de conhecimento, oportunizando o desenvolvimento de competências necessárias à sua atuação profissional, com vistas a favorecer o desenvolvimento integral do educando e o sucesso do processo ensino-aprendizagem. 28 Compreende-se que na perspectiva de uma gestão participativa no processo educacional professores e alunos não estão sozinhos com a missão do sucesso do processo de ensinar e aprender; dessa forma não é possível à escola atingir seus objetivos de melhoria da aprendizagem escolar dos alunos sem formas de organização e gestão, tanto como provimento de condições e meios para o funcionamento da escola, quanto como práticas socioculturais e institucionais com caráter formativo. O diretor escolar deve ser o articulador e mediador promovendo o desenvolvimento de novos padrões de gestão educacional como forma de canalizar e reordenar as forças emergentes no cotidiano escolar, viabilizando a consecução de propostas pedagógicas que garantam o sucesso do processo ensinoaprendizagem. O gerenciamento do processo educacional requer de seus administradores a capacidade de articulação e construção do processo, não limitando suas funções, apenas ao controle dos padrões de legalidade. Devem ser capazes de lidar com as relações de poder, presentes no cotidiano, sabendo observar, investigar e interpretar os acontecimentos do universo escolar, aceitando os conflitos como desafios saudáveis, conduzindo-os para o sucesso da ação administrativa Devem ser articuladores de todas as forças no interior da instituição, administrando tensões entre professores, professores e alunos e demais segmentos da unidade escolar, buscando o equilíbrio e o bem estar, sem perderem de vista o seu papel de mediadores e articuladores dos buscando o equilíbrio e o bem estar, sem perderem de vista o seu papel de mediadores. 3.2 Os reflexos das representações na relação professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem Conforme apresentado anteriormente, as representações mútuas do professor e do aluno podem interferir no processo educativo. Uma vez que as ações de ambos irão girar em torno das representações que forem constituídas ao longo 29 deste processo. As representações iniciais dos professores podem incluir ou excluir os alunos de determinadas categorias instituídas socialmente. Esta inclusão ou exclusão pode acarretar tanto no sucesso quanto no fracasso do aluno em diversos setores de sua vida, vai depender muito, dentre outros fatores, das concepções que o professor tiver sobre o seu papel e o papel do aluno. O preconceito que está diluído na educação também é um gerador de fracassos. Tacca, 1999 revela em sua pesquisa realizada em escolas públicas do Distrito Federal sobre o que há por trás das explicações dos professores para fracasso e sucesso escolar, que há um grande preconceito dos professores com relação à classe social do aluno, ocorrendo uma não aceitação do seu ser social. Ela relata que os comentários que o aluno recebia como retorno de suas atividades era desanimadores; Geralmente, o professor recebia a tarefa feita pelo aluno e mal olhava, tanto para a criança, como para o trabalho que lhe estava sendo entregue. (...) Se olhava, o que lhe chamava a atenção eram os erros e, às vezes, melhor seria não comentar nada, já que, quando falava, ressaltava apenas o lado negativo. (Tacca, 1999). Esse tipo de comportamento manifesto pelo professor, dizem ao aluno quais são suas expectativas e preconceitos, o que termina gerando um distanciamento entre professor e aluno. Em sua pesquisa, Tacca chegou à conclusão de que quanto mais o professor se distanciava do seu aluno, menores eram suas chances de percebê-lo em suas verdadeiras possibilidades. Desconhecendo o aluno ele propunha atividades inadequadas e, assim, maiores eram as possibilidades de fracasso. Se acontecia fracasso, este era explicado pela falta de condições do aluno e da sua família. Outro fato interessante em sua pesquisa foi à constatação na prática, do que se supunha na teoria; Na situação de fracasso, o professor se colocava mais facilmente na situação de observador e, então, buscava causas para esse fenômeno no aluno ou no seu contexto social. Já na situação de sucesso, assumia uma 30 posição de ator e chamava para si as explicações para esse acontecimento. (Tacca, 1999). Mas o que é o fracasso? “O fracasso, opondo-se ao sucesso, implica um julgamento de valor.” (Cordié, 1996). Cordié destaca que o sucesso escolar remetese ao sucesso na vida, ser bem sucedido na escola é ter a perspectiva de ter mais tarde, uma bela situação, de ter acesso, portanto, ao consumo de bens. Significa também, ser alguém, isto é, ser considerado, respeitado. O fracasso escola pressupõe a renúncia a tudo isso, a renúncia à vitória. O fracasso escola pode ser concebido sob vários enfoques, a culpa existente nele é por via de regra, endereçado a um dos envolvidos no processo ensinoaprendizagem. Dependendo do ponto de vista em que é analisado, a culpa do fracasso escolar pode se centralizar em um ou vários personagens da educação; professor, aluno, direção escolar, comunidade e família. Com a intenção de facilitar o trabalho escolar, muitas vezes os alunos são divididos em turmas segundo seu nível de aprendizagem, maturidade, domínio de conteúdo ou qualquer outra característica que possa justificar a homogeneização. Neste momento fica clara a influência das representações do professor com relação ao seu aluno. Existe um grande preconceito envolvido neste processo, classificar uma turma de acordo com seu desenvolvimento cognitivo é como negar ao aluno a possibilidade de evolução de sua aprendizagem dando saltos qualitativos em seu desenvolvimento. Numa classe homogênea os bons sempre serão bons e os ruins tendem a ficar piores ainda. Sobreviver a este cotidiano escolar é muito difícil e como ele foge ao controle do aluno, este acaba por fracassar. Quando uma criança fracassa, ao contrário do que discursa a escola, significa eu houveram falhas gerais e não apenas dela, ou do professor, ou da instituição. A responsabilidade sobre o fracasso escolar deve ser partilhada com responsabilidade. Mas ao contrário disso, a escola apresenta-se como vítima de uma clientela inadequada, e como se não bastasse, ainda encontra justificativas de diversas naturezas para respaldar suas teses sobre o real motivo para o fracasso. Este acontecimento não é isolado, ele é um reflexo do atual contexto social, que 31 busca justificativas em terceiros para não assumir as responsabilidades dos próprios atos. A questão socioeconômica está sempre presente em meio a tais justificativas, se não há recursos financeiros na família da criança, então ela não consegue aprender, como se a inteligência do ser humano fosse compatível com a renda familiar. Na verdade, as escolas é que não estão preparadas para desenvolver um trabalho pedagógico significativo nas comunidades de baixa renda. A desnutrição é outra justificativa constante, no entanto, ela não pode ser associada diretamente com o fracasso escolar, pois, até então, nenhuma pesquisa feita nesta área comprovou haver algum tipo de correlação entre ambos. A desnutrição grave, no inicio da vida e de longa duração teoricamente poderia vir a exercer alguma influência nas funções intelectuais superiores, mas essa informação não tem respaldo científico, uma vez que não se pode medir a capacidade intelectual de uma pessoa, principalmente se tal capacidade depender do tipo e qualidade da alimentação da criança. A escola, no entanto, torna a desnutrição uma justificativa para o fracasso escola, mesmo não podendo comprovar sua existência. Esta é uma das formas de preconceitos que se disseminam no âmbito escolar. As disfunções neurológicas, que se referem a uma condição biológica inerente ao individuo, representam outra justificativa para o fracasso escola. No entanto, os diagnósticos destas disfunções não podem ser feitos a “olho nu” ou com rápidas e isoladas observações acerca do sujeito em questão. A escola também se especializou neste tipo de preconceito, pois é muito mais fácil atribuir a uma criança o estigma de hiperativo, dislexia ou qualquer outra deficiência neuro- cognitiva do que assumir seus próprios preconceitos e as falhas no processo de ensinoaprendizagem. O professor, mesmo sem formação adequada precipita-se em fazer diagnóstico e recomendar a especialidades médicas e psicológicas para solução de um problema que muitas vezes surgiu de uma dificuldade de relação. Essa situação pode ser fruto de muitas situações: o professor pode ter tido informações superficiais sobre determinados distúrbios de aprendizagem, ter sido mal orientado na 32 identificação das mesmas e ainda aprendido a identificar em pouco tempo, os alunos portadores das mesmas. Se a criança não consegue aprender, inicialmente é porque ela pode ter algo, assim responsabilidade do professor é inabalada, amenos que o contingente de fracassados seja muito grande. Aí vem a justificativa da escola, quando poucos alunos fracassam, o problema pode estar neles, mas quando se trata de mais da metade da turma, então a culpa é do professor! E não é bem assim, pode acontecer de a forma como o conteúdo foi trabalhado não ter sido significativa para os alunos, ou outras situações que fazem do planejamento, uma ação flexível. As crianças que de fato têm algum tipo de deficiência vale ressaltar que o conceito de “deficiência” foi construído historicamente, sofrem o estigma de ser diferente sendo tratada de forma igual. Na sala de aula, é marginalizada, sendo alvo de um atendimento pedagógico precário e preconceituoso. Muitas vezes por que a escola pode não saber como proceder com aquele ser que recebeu. E na tentativa de evitar que a criança se constranja na sala de aula, a escola acaba ressaltando as limitações desta criança. Além deste agravante, há a crença de que uma criança portadora de necessidades especiais ou acometidas por algum tipo de doença é incapaz de aprender. O que não é verdade. A criança é um ser histórico, e como tal evolui constantemente. Sendo respeitada, ela aprenderá a lidar com suas emoções e com todas as situações novas que a escola lhe propõe. Infelizmente, a maioria dos professores se esquece de que esta criança está num período de desenvolvimento diferente do seu, e as alegações de imaturidade são um tanto quanto vagas e infundadas. A cada momento, o ser humano tem características físicas, cognitivas que a determinam em uma categorização. A cada momento, o ser humano tem características físicas, cognitivas e emocionais diferentes, que se adequam a um momento determinado. Considerar uma criança imatura é o mesmo que sufocar e limitar seu desenvolvimento. Interessar-se pela escola e por tudo o que ela possa oferecer, não é responsabilidade integral da criança. A escola deve se estruturar de forma tal que a criança se sinta acolhida e livre para construir novos conhecimentos. 33 A escola construiu alguns mitos acerca da criança que nela estuda. Muitos deles servem podem desviar a responsabilidade pelo fracasso escolar. Então muitos passam a ser culpados, como; se a criança não tem família, ela não consegue aprender. Ou seja, a escola só da conta de seu trabalho se houver alguém que a represente fora dos seus muros. E esta família não pode ser qualquer família, ela precisa se enquadrar no padrão de família politicamente correta, onde os pais vivem bem, trabalham, vão à escola sempre que são solicitados e ajudam nas atividades de casa. Cabe a pergunta: quem faz o papel de quem? A escola sente-se no dever de alimentar a criança, de identificar possíveis problemas de saúde que interfiram na sua aprendizagem, promover atividades recreativas enquanto que a família cabe o dever de prover o ambiente necessário à aprendizagem dos conteúdos escolares. Ao idealizar uma família, a escola revela o pouco conhecimento sobre a vida concreta das pessoas com as quais convive e divide a responsabilidade da educação das crianças. Vindas de uma família ideal, as crianças ideais são as que progridem na escola. Essas crianças existem como hologramas na escola, pois todas sofrem com algum tipo de fracasso num dado momento de sua escolaridade. Ninguém acerta sempre; os erros são fundamentais na vida de uma pessoa, pois através deles pode-se exercitar a reflexão sobre as próprias ações. Para a escola, uma família desestruturada, gera crianças desestruturadas, revoltadas e agressivas, depois de diagnosticado este quadro, à escola cabe à função de rotular e classificar cada criança. É evidente a presença do preconceito gerado de acordo com categorias socialmente construídas. O que acontece na escola, não é um fato isolado, mas um eco dos preceitos sociais vigentes. É interessante observar como a escola concebe a colaboração da família em seu recinto. Segundo relato de Collares, 1996 para a escola, colaborar significa participar sem questionar, atender aos seus chamados quase eu de forma inusitada, indo às reuniões e acompanhando as tarefas escolares, ajudando com uma inusitada, indo às reuniões e acompanhando as tarefas escolares, ajudando com uma aula de reforço, como se apenas isso bastasse. O preconceito advindo das representações constituídas ao longo do processo educativo tem duas faces: a de quem o exercita e a de quem é estigmatizado por 34 ele. A primeira se sustenta na tentativa de justificar o fracasso usando o próprio individuo, fazendo-o culpado por tudo, ou seja, não aprende porque não se esforça. A segunda é muito mais dolorosa; uma pessoa pode vir a ser absorvida pelo estigma de tal maneira, que poderá comprometer não só seu desenvolvimento, mas também, qualquer possibilidade de sucesso que a mesma possa ter. Daí o perigo de ser incluído numa categoria por engano. No entendimento de Goes, 1997 quando o processo de ensino-aprendizagem é assumido como transmissão-recepção de conhecimentos, espera-se que o outro transmita algo que possui, enquanto ao sujeito é atribuído o papel de receber os conhecimentos a que é exposto. Considerando o contexto pedagógico, o aluno pode ou não aprender tudo o que o professor transmite. Existe, portanto uma assimetria entre professor e aluno. Essa assimetria é fundamental, pois ela contribui para o crescimento de ambos, uma vez que se faz necessária à intervenção do outro nas formas de elaboração de conhecimento pelo sujeito. O papel do outro na relação ensino-aprendizagem é fundamental, pois permite a ressignificação dos conteúdos escolares, que terminam por atribuir a função de mediador ao outro. O “erro construtivo” não pode ser confundido com uma “visão construtiva do erro”, pois é conceitos que podem fazer a diferença na hora de se corrigir a produção dos alunos. Segundo Davis, (1990), “no erro construtivo, a produção do aluno pode não ser a resposta certa, mas indica o caminho para alcança-la”. Já numa visão construtiva do erro, o “erro” do aluno propõe uma investigação do pensamento e do trabalho, o erro é visto como uma hipótese construída pelo aluno, também situa e norteia a intervenção e a mediação do professor. O erro permite enxergar não só a natureza do pensamento, mas também serve de indicativo para que o professor analise sua prática pedagógica e situe seu trabalho nas necessidades do aluno. Por outro lado, se o professor não tem uma visão positiva do erro e o encara como um fracasso único e exclusivo do aluno, então as possibilidades de progresso e evolução deste aluno, é menor e como poucas possibilidades de sucesso. Tanto 35 os professores como o aluno devem entender que errar não é o mesmo que não aprender ou não ensinar e sim que há sempre a possibilidade de buscar melhorar. Com relação a essa postura do professor, é preciso estar atento ao alerta feito por Luckesi, citado por Romão, 1990 onde se registra que não se pode fazer “apologia do erro e do insucesso como fontes necessárias do crescimento”. Por tanto, se o equivoco e o insucesso deixa de ser fonte de julgamento e punição, é porque a visão de mundo de quem os aborda considera-os como contingências necessárias no processo de construção do saber. Não se trata de buscar o erro para que se possa construir o conhecimento, mas encará-lo como fonte de outros saberes. CONSIDERAÇÕES FINAIS 36 No desenvolvimento da pesquisa a respeito da “Influência das relações entre professor e aluno no processo de ensino – aprendizagem, percebemos que se quisermos compreender se professor e o aluno podem conviver em sala de aula sem construírem uma relação de afeto ou desafeto e ainda, se a relação construída entre esses sujeitos pode influenciar nas ações e interesses um do outro no processo ensino aprendizagem, devemos entender como esses sujeitos interagem, como se comportam e como se comunicam no ambiente escolar, temos que reconhecer não somente os comportamentos manifestados e visíveis, mas também aqueles apresentados indiretamente pelas representações que trazem de si e do outro, como sujeitos do processo ensino – aprendizagem. Com o objetivo de compreender como a relação entre um professor e seus alunos, tanto em sala de aula, quanto ano contexto escolar, poderia afetar significativamente o ensino e a aprendizagem, percebemos a necessidade analisar o que existe por trás do sujeito que ensina (professor) e do sujeito que aprende (aluno), que concepções de mundo estão presentes, que valores, representações, expectativas, conceitos e pré-conceitos estão presentes no universo social do professor e do aluno. E isso foi o que buscamos com essa pesquisa. Durante este estudo tivemos momentos em que nossas representações permaneceram e momentos em que se fez necessária uma grande reflexão sobre nossos paradigmas, preconceitos. A falta de conhecimento e de compreensão da dinâmica que ocorre dentro da sala entre professor e aluno e justamente a relação de conhecimento e interação entre esses sujeitos, leva - os a se verem de forma isolada e estanque com papéis e objetivos estanques; é como se conseguissem isolar sentimentos, afetos e até mesmo a própria história simplesmente para ensinarem (professor) e aprenderem (aluno). Porém o professor e aluno são seres humanos, ou seja, sujeitos ativos que influenciam e são influenciados pelo meio social em que vivem. Acreditamos que nossos objetivos foram alcançados, pois entendemos que a visão do educador acerca da origem das características individuais interfere na sua maneira de compreender e explicar as relações entre o ensino e a aprendizagem, além de revelarem determinadas concepções sobre os processos de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano e do papel da educação. Portanto, 37 as metodologias utilizadas, os objetivos propostos, as formas de avaliação, o tipo de interação estabelecida em sala de aula, bem como as explicações sobre o desempenho dos alunos, dependerão não só das concepções de homem do educador, mas também das representações que construir a respeito de todo o processo educativo. Da mesma forma reconhecemos que o aluno na atualidade não é um ser passivo e sim um cidadão de direitos que vão desde a expressão de suas ideias como ter possibilidades de desenvolvimento de forma que amplie seu conhecimento até a expressão de ideias e sentimentos que representam sua história, sócio cultural. Esse aluno trás consigo uma representações que são fonte das expectativas sobre ensino e aprendizagem e consequentemente influenciaram no ensino aprendizagem dependendo de como a relação for construída no ambiente de sala. Concluímos nossa pesquisa acreditando que uma opinião já formada a respeito de determinado assunto, pessoa ou objeto, somada a atitude de preconceito frente a uma coisa, está apoiada num conjunto referencial de representações. Este referencial de representações foi construída na relação social estabelecida pelas pessoas. Ela continua suas considerações sobre o preconceito lembrando que se a nossa conduta é apoiada num conjunto de representações sociais, essas noções e teorias coletivas estão também presentes em nosso cotidiano de trabalho e, por conseguinte, na prática escolar. Assim, é comum que os preconceitos e as atitudes de diferenças façam parte do nosso cotidiano escolar, na medida em que se absorve para dentro do processo educativo aquilo que somos. Ou seja, a complicada dinâmica do processo de interação social e ainda destaca que o preconceito advindo dessa interação afeta todos os âmbitos de nossas relações na dinâmica escolar. Um fato curioso na pesquisa e que merece destaque em estudos posteriores foi percebermos que o administrador escolar não está ausente nas relações em sala de aula e principalmente nas responsabilidades com o ensino e a aprendizagem, esse sujeito influencia e é influenciado da mesma forma, pois, dependendo de qual for o tipo de relação estabelecida dentro da sala de aula, muitos problemas podem surgir e outros serem resolvidos ou perderem a relevância na dinâmica escolar. 38 Passam a existir muitas possibilidades e muitas hipóteses podem ser levantadas. Se houver identificação entre professor e alunos, é possível que a turma se desenvolva melhor e com menores dificuldades e consiga muito mais sucessos. Se a turma de alunos de um professor não corresponder às suas expectativas e se criar uma gama de representações superficiais e negativas sobre ambos, haverá possibilidade de fracasso do ensino e da aprendizagem. O sucesso no processo ensino aprendizagem não está na “aprovação ou reprovação” para a série ou etapa seguinte. Trata-se de despertar o interesse em buscar o conhecimento. Em estimular a formação de um cidadão, ativo, crítico, pesquisador e autônomo na sociedade. Ensinar e aprender não ocorre como em uma via de mão única, embora as representações que esses sujeitos trazem um do outro sejam de que cada um tenha um papel e uma função a desempenhar, esses sujeitos constroem uma relação em sala de aula que promove o despertar de interesses, objetivos e sonhos. Nesse sentido concordamos com Paulo Freire ao afirmar que o ensinar e o aprender não ocorram separadamente, eles ocorrem nas relações construídas e de forma intrínseca, dialógica e dinâmica. Dessa forma se essas relações forem harmônicas e de cooperação e respeito, o processo ensino aprendizagem acontecerá de forma, positiva, prazerosa e significativa. Porém, ainda há muito que se pesquisar para compreendermos de fato toda dinâmica da vida social existente dentro da escola. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39 AQUINO, Júlio Groppa. Confrontos na sala de aula. Uma leitura institucional da Relação professor-aluno. São Paulo: Summus, 1996. ALMEIDA, Guido de. O professor que não ensina. São Paulo, Summus, 1999. BRASIL. Ministério de Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96. MEC, 1999. COLL, Cesar. SOLÉ, Isabel. A interação professor aluno no processo de ensino e aprendizagem. In: Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação. Org. Papirus, 1997. COLLARES, Cecília. Preconceito no cotidiano escolar. – Ensino e medicalização. São Paulo, Cortês, 1996. CORDIE, Anny. Os atrasos não existem: psicanálise da criança com fracasso escolar. Porto Alegre, Artes Médicas, 1996. DAVIS, Claúdia. ESPOSITO. Papel e função do uso da avaliação escolar. Caderno de pesquisa nº 78. Brasília, 1999. FREIRE, Paulo. NOGUEIRA, Adriano. 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