FUNORTE / SOEBRÁS CONSIDERACÕES SOBRE PREVALÊNCIA DE MALOCLUSÕES E NECESSIDADE DE TRATAMENTO ORTODÔNTICO EM CRIANÇAS DURANTE A DENTIÇÃO DECÍDUA E MISTA. MARIA CRISTINA FERREIRA BUTA Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO ANÁPOLIS, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. ANÁPOLIS- GOIÁS 2009 FUNORTE / SOEBRÁS CONSIDERACÕES SOBRE PREVALÊNCIA DE MALOCLUSÕES E NECESSIDADE DE TRATAMENTO ORTODÔNTICO EM CRIANÇAS DURANTE A DENTIÇÃO DECÍDUA E MISTA. MARIA CRISTINA FERREIRA BUTA Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO ANÁPOLIS, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. ORIENTADOR: Dr. Cláudio de Góis Nery ANÁPOLIS- GOIÁS 2009 “Mantenha sua mente aberta, assim como a capacidade de se preocupar com a humanidade e a consciência de fazer parte dela”. Dalai Lama. iii “Quanto mais aprendermos a respeito do crescimento e seus potenciais, mais a respeito das influências da função sobre a dentição em desenvolvimento e mais a respeito da posição normal mésio-distal da dentição em suas relações aos ossos basais e estruturas da cabeça, iremos adquirir um melhor entendimento de como e quando intervir na orientação do processo de crescimento de forma que a natureza irá poder aproximar seu plano de crescimento a cada paciente em particular. Em outras palavras, o conhecimento irá gradualmente trocar difíceis mecânicas, e em um futuro não tão distante a vasta maioria dos tratamentos ortodônticos serão efetuados durante o período de crescimento e desenvolvimento da dentição mista e antes da difícil idade da adolescência”. Charles H. Tweed. iv AGRADECIMENTO Agradeço ao professor Dr. Cláudio de Góis Nery, pelo apoio e encorajamento contínuos no estudo, aos demais Mestres da Instituição pelos conhecimentos transmitidos. v DEDICATÓRIA A minha mãe Josefina e a minha filha Aline, pela compreensão das minhas ausências, pelo incentivo e pelo amor que nos envolve. Ao meu amor Martin, pelo apoio na conclusão deste trabalho. Aos amigos, aos funcionários da Clínica Ortoative e aos que colaboraram direta e indiretamente na elaboração desta monografia. vi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................. viii LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................ ix LISTA DE TABELAS ................................................................................. xi ABREVIATURAS ........................................................................................ xiii RESUMO ................................................................................................... xiv ABSTRACT ............................................................................................... xv 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 16 2. OBJETIVOS ........................................................................................... 17 3. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................. 18 4. DISCUSSÃO .......................................................................................... 52 5. CONCLUSÃO......................................................................................... 55 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 56 7. ANEXOS ................................................................................................ 61 vii LISTA DE FIGURAS Figura 1: _ Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico: sintomas morfológicos e funcionais nas cinco grades (1 e 2 = não há necessidade; 3 = necessidade limite; 4 e 5 = grande ou extrema necessidade de tratamento) do Componente de Saúde Dental (DHC).................................................................. 19 Figura 2: _ Componente Estético (AC) do IOTN, EVNAS; SHAW, 1987. ........... 20 Figura 3: _ Prioridade de tratamento de acordo com diagnóstico orto-dôntico. A idade sugerida para abordagem seria a correspondente à da dentição decídua início da dentição mista. ............................ .......................................................... 41 viii LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: _ Componente de Saúde Dental (DHC) do (IOTN). ............................. 21 Gráfico 2: _ Distribuição de maloclusão de acordo com a severidade, Componente de Saúde Dental (DHC)...............................................................................23 Gráfico 3: _ Necessidade de tratamento ortodôntico em crianças e adolescentes da cidade de Bogotá ............................................................................................ 27 Gráfico 4: _ Distribuição de maloclusão e anomalias oclusais (mordida aberta, sobremordida, mordida cruzada, classe III, overjet, e apinhamentos) em 1.975 escolares entre 6 e 8 anos de idade na cidade de Bogotá. .................................. 31 Gráfico 5: _ Necessidade de tratamento ortodôntico em 1.975 escolares avaliados com o Componente de Saúde Dental (DHC) do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico........................................................................................ 31 Gráfico 6: _ Necessidade de tratamento ortodôntico avaliada pelo DHC e pelo AC do IOTN em 407 escolares entre 9 e 12 anos de idade em escolas públicas da cidade de Nova Frigurgo-RJ, Brasil. .................................................................... 37 Gráfico 7: _ Comparação estatística da disto oclusão na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial. ........................ 45 Gráfico 8: _ Comparação estatística do aumento da overjet (>2mm) na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial.45 Gráfico 9: _ Comparação estatística da diminuição do overjet (prognatismo mandibular) (overjet ≤ 0mm) na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial. ............................................................ 46 Gráfico 10: _ Comparação estatística de mordida cruzada lateral na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial.................................................................................................................46 ix Gráfico 11: _ Comparação estatística de mordida aberta anterior na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial................................................................................................................. 47 Gráfico 12: _ Comparação estatística de mordida profunda na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial................ 47 x LISTA DE TABELAS Tabela 1: _ Prevalência de má oclusão entre as crianças da amostra, segundo a idade e sexo..........................................................................................................24 Tabela 2: _ Prevalência de má oclusão (%) em crianças e adolescentes em diferentes grupos étnicos.......................................................................................26 Tabela 3: _ Prevalência de diferentes tipos de anomalias na dentição decídua, início e final da mista, e na dentição permanente (%)...........................................27 Tabela 4: _ Distribuição de gênero de acordo com a graduação do DHC e a percepção ortodôntica (%).....................................................................................29 Tabela 5: _ Necessidade de tratamento ortodôntico em crianças da Tanzânia, de acordo com o Componente de Saúde Dental (DHC) do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) (n=643)...............................................................30 Tabela 6: _ Distribuição de prevalência de oclusão normal e maloclusão segundo a idade, na dentadura mista..................................................................................32 Tabela 7: _ Amostra que receberam tratamento ortodôntico e que apresentaram necessidade clínica de tratamento........................................................................34 Tabela 8: _ Classificação do IOTN (Lunn et al., 1993)..........................................35 Tabela 9: _ Estudos que utilizaram o IOTN...........................................................36 Tabela 10: _ Frequência do Componente de Saúde Dental (DHC) do Índice de Necessidade de Tramento Ortodôntico (IOTN) por gênero, em crianças entre 9 a 12 anos de idade...................................................................................................38 xi Tabela 11: _ Frequência Componente Estético (AC) do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) por gênero, em crianças entre 9 a 12 anos de idade......................................................................................................................38 Tabela 12: _ Relacionamento oclusal intermaxilar na dentição decídua e início da dentição mista. ..................................................................................................... 42 Tabela 13: _ Frequência do aumento de overjet na dentição decídua e início da dentição mista. ..................................................................................................... 43 Tabela 14: _ Comparação da taxa de frequência de disfunção orofacial em crianças na dentição decídua e início da dentição mista. ............................................ 44 Tabela 15: _ Prevalência de maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em vários países .................................................................................................. 50 Tabela 16: _ Distribuição absoluta e percentual do estado oclusal segundo a necessidade de tratamento ortodôntico. .............................................................. 51 xii ABREVIATURAS IOTN: (Orthodontic Treatment Need Index), Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico. DHC: (Dental Health Component), Componente de Saúde Dental. AC: (Aesthetic Component), Componente Estético. TPI: (Treatment Priority Index), Índice de Prioridade de Tratamento. IPION: (Modified Index for Preventive and Interceptive Orthodontic Needs), Índice Modificado para avaliar a Necessidade de Prevenção e Interceptação Ortodôntica. UBS: Unidades Básicas de Saúde. DAI: (Dental Aesthetic Index), Índice de Estética Dental. VPT: (Very Premature Term), Criança Muito Prematura. EPT: (Extremy Premature Term), Criança Extremamente Prematura. NOTI: (Norwegian Need for Orthodontic Treatment Index), Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico Norueguês. xiii RESUMO A demanda por tratamento ortodôntico em crianças, tanto no serviço de saúde pública como na rede privada, nas últimas décadas, tem se mostrado cada vez mais crescente. Assim, este estudo avalia levantamentos epidemiológicos de prevalência de maloclusões e necessidade de tratamento ortodôntico durante a dentição decídua e mista, baseado em índices e classificações utilizadas como método de avaliação de maloclusões em crianças. Atualmente, existem índices reprodutíveis e capazes de predizer a necessidade de tratamento ortodôntico na dentição decídua e mista. O Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (Index of Orthodontic Treatment Need –IOTN) demonstra um aumento significativo na prevalência das maloclusões e no grau de severidade das oclusopatias na transição da dentição decídua para a mista, revelando uma necessidade de intervenção ortodôntica, de caráter preventivo, neste período. Palavras-chave: Prevalência. Má Oclusão. Necessidade de Tratamento Ortodôntico. Dentição Decídua e Mista. . xiv ABSTRACT In recent decades the demand for orthodontic treatment in children even in both, public health service and in a private office, has shown increasingly growing. Therefore, this study evaluates an epidemiological survey, the prevalence of malocclusion and necessities of orthodontic treatment in children during the primary and mixed dentition through different indices and classifications, used in the evaluation of malocclusion. Currently there are reproducible indices able to predict the orthodontic treatment need for deciduous and mixed dentition. The index of orthodontic treatment need, (Index of Orthodontic Treatment Need – IOTN) shows a significant increase in the prevalence of malocclusion and the degree of severity malocclusion in the transition from deciduous to dentition, emphasizing, on this period, mixed the necessity of preventive orthodontic intervention. Keywords: Prevalence. Malocclusion. Orthodontic Treatment Need. Deciduous and Mixed Dentition. xv 1. INTRODUÇÃO De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a má oclusão é considerada o terceiro maior problema de saúde bucal em todo o mundo (Dias, 2006). A demanda por tratamento ortodôntico em crianças, tanto no serviço de saúde pública como na rede privada, nas últimas décadas, tem se mostrado cada vez mais crescente (Moura e Cavalcante, 2007). Na atualidade, a questão do tratamento ortodôntico em crianças apresenta ampla discussão no fórum científico através de levantamentos epidemiológicos sobre a prevalência de maloclusões e necessidade de tratamento ortodôntico. Assim, diversos índices e classificações das maloclusões têm sido utilizados para avaliar a prevalência e a gravidade da maloclusão em diferentes grupos populacionais e, para categorizar os indivíduos de acordo com o nível de urgência e necessidade de tratamento ortodôntico. Mesmo assim, ainda não foi proposto um índice de classificação oclusal que seja universalmente aceito como padrão para o estudo epidemiológico de má oclusão em criança (PINTO, 2008). Apesar disto, o Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (Index of Orthodontic Treatment Need – IOTN) ganhou crescente aceitação e é bastante utilizado em todo o mundo nos recentes levantamentos epidemiológicos sobre má oclusão em crianças. Pretende-se, portanto, avaliar estudos sobre levantamentos epidemiológicos e prevalência de maloclusão em crianças, entre os quais utilizam o índice IOTN, para então tecer considerações sobre a prevalência de maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico durante a dentição decídua e mista. 2. OBJETIVOS 1. Avaliar através da literatura a prevalência de maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em criança, na dentição decídua e mista. 2. Avaliar a distribuição do grau de severidade da maloclusão entre crianças na dentição decídua e mista, de acordo com o Componente de Saúde Dental (DHC) do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN). 3. REVISÃO DA LITERATURA Brook e Shaw (1989), com o objetivo de desenvolver um índice válido e reprodutível de prioridade de tratamento ortodôntico, após revisarem a literatura disponível, consideraram que este poderia ser conseguido através de dois componentes separados. Em primeiro lugar o Componente de Saúde Dentária (DHC) e indicações funcionais para o tratamento e, em segundo, o prejuízo estético causado pela maloclusão, o Componente Estético (AC). Para testar o Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico e seus dois Componentes, o de saúde dental (DHC) e o estético (AC), duas populações de amostras foram definidas, um grupo de pacientes encaminhados para tratamento, e uma amostra aleatória de crianças entre 11 e 12 anos de idade. Ambas as amostras foram analisadas por meio do índice e níveis satisfatórios de intra e inter-examinadores e assim se obteve uma concordância dos resultados obtidos. A partir de modificação do índice usado pelo Conselho de Saúde Dental Sueco para registrar a necessidade de tratamento ortodôntico sobre a saúde dental e as variações orais funcionais, o DHC deste índice foi organizado pela definição de cinco classes, com precisas linhas divisórias entre cada uma (Figura - 1). Uma escala de 10 pontos foi usada para avaliar de forma independente o componente da necessidade de tratamento estético (AC) dos pacientes, através da observação de fotografias intrabucais de crianças de 12 anos de idade, coletados durante um grande inquérito multidisciplinar (Figura - 2). Seis juízes, sem conhecimento prévio em odontologia, avaliaram estas fotografias em escala analógica visuais, e em intervalos iguais ao longo do intervalo considerado, para assim serem escolhidas as fotografias representativas a serem utilizadas neste índice. Figura 1:- Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico: sintomas morfológicos e funcionais nas cinco grades (1 e 2 = não há necessidade; 3 = necessidade limite; 4 e 5 = grande ou extrema necessidade de tratamento) do Componente de Saúde Dental (DHC). Fonte: (Brook e Shaw , 1989, p. 311). Figura 2: - Componente Estético (AC) do IOTN, EVNAS; SHAW, 1987. Fonte: (Brook e Shaw , 1989, p. 312). Birkeland et al. (1996), realizaram um estudo na Universidade de Bergen, na Noruega, com os objetivos de comparar opiniões das crianças e seus pais, sobre a avaliação da necessidade de tratamento ortodôntico; investigar a autoestima das crianças e a opinião dos pais sobre os resultados do tratamento ortodôntico em relação ao Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN). Questionários, em separados, foram distribuídos para o grupo de estudo de 359 crianças (51% meninas, 49% meninos, com média de idade 10,6 anos) e para seus pais. Um ortodontista avaliou os modelos de gesso das crianças através do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN). Avaliados de acordo com o componente de saúde dental (DHC) do IOTN; 53,2% das crianças tinham grande a moderada necessidade de tratamento e 46,8% tinham pouca ou nenhuma necessidade (Gráfico - 1). Não foi observado diferença entre os gêneros. As avaliações das próprias crianças quanto ao componente estético (AC) do IOTN estavam mais perto do atraente do que a escala dos ortodontistas. Para crianças com grande necessidade de tratamento, a elevada auto-estima foi relacionada com a preocupação ortodôntica. Os pais (90,8%) consideraram que a estética dental foi igualmente importante para as meninas e os meninos. A maioria dos pais (93,0%) considerou como bom os resultados do tratamento ortodôntico. Os resultados indicam associação significativa entre a preocupação ortodontia e a necessidade de tratamento ortodôntico avaliada pelo IOTN. No entanto, alguns pacientes com grande necessidade de tratamento não expressam preocupação ortodôntica, enquanto outros com oclusão perto do ideal expressaram grande preocupação. Gráfico 1: – Componente de Saúde Dental (DHC) do (IOTN). Fonte: (Birkeland 1996, p. 201). Miguel (1998) avaliou o grau de severidade das maloclusões em 1182 escolares com 12 anos de idade, da Rede Municipal do Rio de Janeiro. O Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico, ou IOTN, formado por um Componente de Saúde Dental (DHC) e outro Componente Estético (AC), foi utilizado em 50 escolas selecionadas aleatoriamente. Através dos resultados do DHC, pôde-se concluir que aproximadamente metade da população estudada (51,1%) apresentou pouca ou nenhuma necessidade de tratamento ortodôntico. Um quarto (26,7%) foi avaliado como prioritário para receber tratamento, enquanto 22,2% ficaram em nível intermediário. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os gêneros. O AC julgado pelo examinador mostrou que 59,1% dos alunos apresentaram boa estética; 32,7% foram considerados aceitáveis enquanto 8,1% foram classificados como tendo uma estética ruim. O AC quando avaliado pelos próprios alunos, apresentou leve diferença entre as opiniões do examinador. Ugˇur et al. (1998), avaliaram a prevalência de maloclusões e a necessidade de tratamento ortodôntico entre 771 crianças de 6 a 10 anos de idade das escolas primárias da Turquia. O Índice de Prioridade de Tratamento (TPI) foi usado para registrar e avaliar as maloclusões. Os resultados demonstraram que 40% da população apresentaram oclusão normal, 21,85 % teve leve ou moderada manifestação de maloclusão e 25,17 % definitivamente apresentou maloclusão, 7,54 % com maloclusões severas e 5,06 % com grave manifestação de más oclusões e presente necessidade de tratamento (Gráfico - 2). Os autores detectaram uma crescente necessidade de tratamento ortodôntico entre 6 e 10 anos de idade. Não houve, estatisticamente, diferença significativa entre os valores médios do TPI entre os gêneros masculinos e femininos. Gráfico 2: – Distribuição de maloclusão de acordo com a severidade, Componente de Saúde Dental (DHC) Fonte: (UGˇUR 1998, p. 191). Tomita et al. (2000), avaliaram como o desenvolvimento de hábitos bucais deletérios e os problemas de fala afetam a oclusão dentária em pré-escolares. Foi constituída a amostra probabilística por 2.139 crianças de ambos os sexos, na faixa etária de 3 a 5 anos, matriculadas em instituições públicas ou privadas do Município de Bauru, SP, Brasil. Foi desenvolvido estudo transversal em duas etapas: exame de oclusão e questionário socioeconômico. A classificação de Angle foi adotada para avaliação de aspectos morfológicos da oclusão, observando-se também trespasse horizontal e vertical, espaçamento/apinhamento, mordida aberta anterior, mordida cruzada total, mordida cruzada anterior e mordida cruzada posterior uni ou bilateral. Uma subamostra de 618 crianças apresentou resposta ao questionário sobre hábitos bucais, saúde infantil e informações sobre condições socioeconômicas. A prevalência de má oclusão foi de 51,3% para o gênero masculino e 56,9% para o feminino. A maior prevalência de má oclusão foi verificada no grupo etário de três anos, decrescendo significantemente com a idade (Tabela - 1). Entre os fatores ambientais estudados, o hábito de sucção de chupeta foi o mais importante na associação com maloclusão (5,46 %), seguido da sucção digital (1,54%). Dificuldades na fala não apresentaram relação com a má oclusão. Tabela 1: – Prevalência de má oclusão entre as crianças da amostra, segundo a idade e sexo. Fonte: (Tomita et al., 2000, p. 302). Thilander et al. (2001), a partir de estudos sobre a prevalência de maloclusão em diferentes grupos étnicos (Tabela - 2), realizaram na cidade de Bogotá (Colômbia), um levantamento sobre a prevalência de maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico entre as crianças e adolescentes desta cidade. A amostra constou de 4724, crianças entre 5 a 17 anos de idade, sendo que nenhuma havia sido submetida previamente a tratamento ortodôntico. A amostra foi agrupada em dentição decídua, início da dentição mista, final da dentição mista e dentição permanente. Os registros foram realizados de acordo com o método de Bjork et al. (1964). A necessidade de tratamento ortodôntico foi avaliada de acordo com o índice usado pelo Conselho de Saúde Nacional Sueco. Quanto à necessidade de tratamento ortodôntico, observaram que 35% das crianças apresentaram pouca necessidade, 30% necessidade moderada, 20% grande necessidade e foi estimada urgente necessidade de tratamento em 3% dos casos, os quais compreendiam pacientes com extrema disto e mesio oclusão e incisivos maxilares impactados (Gráfico - 3). Os resultados mostraram que os pacientes apresentavam algum tipo de anomalia oclusal (Tabela - 3), que variava de suave a severa, compreendendo crianças com maloclusão de classe II e III, sobressaliência e sobremordida (>6mm), mordida cruzada posteriore unilateral com desvio da linha média (>2mm), apinhamento severo e espaçamento, ausência congênita dos incisivos maxilares; caninos impactados ou mordida aberta anterior, (>3mm na dentição permanente). Autores População Amostra Registro Idade Tabela 2: – Prevalência de Maloclusão (%) em crianças e adolescentes em diferentes grupos étnicos. Fonte: (Thilander et al. 2001, p. 155). Anomalia Decíduos Início Mista Final Mista Permanente Anomalia Oclusal Sagital Disto oclusão Mesio oclusão Protusão bimaxilar Overjet maxilar >4mm Overjet mandibular <0mm Vertical Overbite >4mm Mordida aberta anterior Transversal Mordida cruzada Desvio mandibular >2mm Discrepância de espaço Apinhamento Espaçamento Diastema mediano >2mm Anomalias Dentais Inversão incisivos, caninos Deslocado >30º Girado >45º Bjorj et al. (1964) Tabela 3: – Prevalência de diferentes tipos de anomalias na dentição decídua, início e final da mista, e na dentição permanente (%). Fonte: (Thilander et al. 2001, p. 161). Gráfico 3: – Necessidade de tratamento ortodôntico em crianças e adolescentes da cidade de Bogotá Fonte: (Thilander et al. 2001, p. 162). Chew e Aw (2002), avaliaram a auto-percepção e necessidade de tratamento das crianças encaminhadas para consulta ortodôntica. A amostra foi constituída por 257 crianças, com idade média de 12 anos. Um ortodontista avaliou a necessidade do tratamento das crianças através do componente de saúde dental (DHC) do índice de necessidade de tratamento ortodôntico (IOTN), e para os pacientes na dentição mista a necessidade de tratamento interceptivo foi avaliada. Os questionários foram respondidos pelas crianças e por seus pais, para avaliar a satisfação com a aparência dental e o desejo de tratamento. Na tabulação dos dados observaram que 73% das crianças apresentavam necessidade de tratamento, enquanto 27% apresentavam situação limite, ou sem necessidade de tratamento ortodôntico. Vinte e seis por cento das crianças e 17% dos pais não expressaram preocupação ortodôntica, embora mais da metade destas crianças apresentassem necessidade de tratamento, como avaliado pelo IOTN (Tabela - 4). A preocupação das crianças foi significativamente relacionada com as pontuações do DHC. A distribuição das 103 crianças que estavam na dentição mista, apenas 16% demandava tratamento interceptivo. Os resultados indicaram que um número significativo de crianças foi mal encaminhado para tratamento ortodôntico. Assim, os dentistas deveriam avaliar a necessidade de tratamento ortodôntico das crianças de acordo com os estudos de referência, bem como o desejo de tratamento ortodôntico das crianças e dos pais deveria ser avaliado antes de decidir sobre a necessidade de encaminhamento para tratamento ortodôntico. Tabela 4: – Distribuição de gênero de acordo com a graduação do DHC e a percepção ortodôntica (%). Fonte: (Chew e Aw 2002, p. 451). Frazão et al. (2002), publicaram um estudo sobre a prevalência de oclusopatia na dentição decídua e permanente de crianças de escolas públicas e privadas do Município de São Paulo, SP, Brasil, realizado em 1996. A condição oclusal foi classificada em três categorias: normal, leve e moderada/severa conforme os critérios da Organização Mundial da Saúde. Os resultados referemse a 985 exames em crianças de 5 e 12 anos de idade. A prevalência das oclusopatias foi alta, aumentando de 48,97 ± 4,53% na dentição decídua a 71,31 ± 3,95% na dentição permanente, sendo que a proporção de oclusopatias de moderada a severa foi quase duas vezes maior na dentição permanente. Quanto ao gênero e ao tipo de estabelecimento de ensino, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nas idades estudadas. Mugonzibwa et al. (2004), realizaram um estudo prospectivo em dezesseis escolas da zona urbana na Tanzânia, utilizando modelos de gesso de 643 pacientes, selecionados aleatoriamente, divididos em grupos etários 3-5, 6-8, 9-11 e 15 - 16 anos de idade, os quais foram avaliados pelo Índice de necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN), com o objetivo de determinar a necessidade de tratamento ortodôntico entre estas crianças. Os resultados demonstraram, de acordo com o componente estético (AC), que o escore entre 8 e 10 ocorreu em 5-15%; o componente de saúde dental (DHC) entre 4 e 5, ocorreu em 16-36% das crianças estudadas (Tabela - 4). De acordo com DHC, a maior necessidade de tratamento ortodôntico aumentou significativamente entre os dois grupos etários mais velhos (Tabela – 5). A característica mais predominante de maloclusão, a qual categorizou as crianças com grande necessidade de tratamento ortodôntico, foi mordida cruzada. Enquanto cerca de 3 a 19% das crianças apresentaram características de oclusão distal, Classe II de Angle; 1-3% das crianças apresentaram oclusão de molar mesial, Classe III de Angle. Assim, os autores concluiram que este estudo fornece dados básicos sobre a necessidade de tratamento ortodôntico entre as crianças da Tanzânia. Tabela 5: – Necessidade de tratamento ortodôntico em crianças da Tanzânia, de acordo com o Componente de Saúde Dental (DHC) do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) (n=643) Fonte: (Mugonzibwa et al. 2004, p. 12). Tausche et al. (2004), efetuaram um estudo em 8768 escolares, entre as idades de 6 a 17 anos, da cidade de Dresden, na Alemanha, e destes, 1975 crianças (970 meninos e 1005 meninas), com idade entre 6 a 8 anos, foram avaliadas quanto à prevalência de maloclusões e necessidade de tratamento ortodôntico no início da dentição mista. A prevalência de maloclusão apresentou mordida profunda (46,2%) e sobressaliência >3,5 mm (37,5%), como as discrepâncias mais frequentes (Figura 4). Mordida aberta anterior em 17,7%, cruzada posterior em 8,2% e sobressaliência negativa em 3,2% (Gráfico - 4). A proporção estimada de crianças utilizando o Componente de Saúde Dental (DHC) do IOTN para ter uma grande necessidade de tratamento entre 4 e 5 foi de 26.2% (Gráfico - 5). Os resultados indicam que o desenvolvimento inicial de sintomas progressivos de má oclusão, ocorre de acordo com a sigla "MOCDO" (falta de dentes, sobressaliência, mordida cruzada posterior, substituição dentária com deslocamento e mordida profunda), como também os distúrbios miofuncionais. Gráfico 4: – Distribuição de maloclusão e anomalias oclusais (mordida aberta, sobremordida, mordida cruzada, classe III, overjet, e apinhamentos) em 1.975 escolares entre 6 e 8 anos de idade na cidade de Bogota. Fonte: (Tausche et al., 2004, p. 12). Gráfico 5: – Necessidade de tratamento ortodôntico em 1.975 escolares avaliados com o Componente de Saúde Dental (DHC) do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico. Fonte: (Tausche et al., 2004, p. 242). Biazio et al. ( 2005), avaliaram a prevalência de maloclusão e sua distribuição quanto ao gênero e a idade, em crianças de 3 a 9 anos no Distrito de Entre Rios em Guarapuava-PR. No estudo participaram 49 crianças no estágio da dentição decídua completa, 21 eram do gênero feminino e 28 do masculino; das 77 crianças no estágio da dentadura mista, 39 eram do gênero feminino e 38 do masculino. Os exames foram realizados por um único profissional. Os resultados na dentadura decídua mostraram que apenas 24,5% da amostra apresentou oclusão normal e que a maioria, 75,5%, apresentou maloclusão (Tabela – 6). No que se refere à distribuição de maloclusão, prevaleceu a Classe I (67,5%), seguida pela Classe II (29,8%) e, finalmente, pela Classe III (2,7%). Quanto aos resultados na dentadura mista a oclusão normal apresentou-se em 23,4% da amostra, enquanto o restante, 76,6%, apresentou maloclusão. Houve uma maior prevalência de maloclusão de Classe I (74,5%), seguida pela Classe II (20,2%) e Classe III (5,1%). Observou-se neste estudo que houve uma alta prevalência de má-oclusão em estágios iniciais da oclusão, revelando a necessidade de se introduzir programas eficazes de prevenção e interceptação, garantindo um desenvolvimento normal ao futuro da oclusão permanente. Tabela 6: – Distribuição de prevalência de oclusão normal e maloclusão segundo a idade, na dentadura mista. Fonte: (Biazio et al., 2005, p.36). Karaiscos et al. (2005), realizaram um estudo para avaliar o reconhecimento precoce do desenvolvimento de maloclusões e o potencial que simples procedimentos de tratamento ortodôntico podem minimizar, ou eliminar futuros tratamentos quanto a custo benefício, entre crianças que vivem em ambiente de renda limitada na Canadá. Foi utilizado um índice modificado para avaliar as necessidades de prevenção e interceptação ortodôntica (IPION), e a partir de então determinar a necessidade para tal tratamento entre escolares de 6 e 9 anos. Dois examinadores calibrados analisaram, independentemente, cada criança e os vários componentes da sua oclusão, incluindo a relação molar, mordida cruzada, mordida aberta, sobremordida e sobressaliência. Foram registradas variáveis dentais como a presença de cáries e perda precoce dos dentes. Um total de 395 crianças foram divididas em 2 grupos, com idades entre 6 e 9 anos. De acordo com os resultados observou-se alta prevalência de cárie na dentição decídua (30,4% para 6 anos de idade, 20,6% para 9 anos) e perda precoce de dentes decíduos (11,9% para os 6 anos de idade e 29,4% para 9 anos). Uma grande porcentagem de crianças apresentava mordida cruzada nos segmentos anterior ou posterior, ou ambos. Mordidas abertas também foram comumente observadas. Problemas ortodônticos foram identificados em 28% dessa população, utilizando o índice IPION modificado. Assim, os autores concluíram que a maioria das maloclusões identificadas em desenvolvimento, neste estudo, seria passível de ortodontia interceptativa, consistindo de manutenção do espaço, correção da mordida cruzada e expansão do arco, confirmando assim a hipótese inicial desta pesquisa, que o reconhecimento precoce do desenvolvimento de maloclusões integrado ao potencial de simples procedimentos de tratamento ortodôntico, pode minimizar ou eliminar a necessidade de tratamentos no futuro. Mandall et al. (2005), estudaram uma amostra composta por 525 alunos, entre 11 a 12 anos de idade, da Grande Manchester no Reino Unido, com o objetivo de avaliar se o índice de necessidade de tratamento ortodôntico (IOTN) poderia ser associado aos estudos socioeconômicos, para auxiliar no planejamento de serviços adequados de ortodontia oferecidos à população. Foi registrada a percepção da criança quanto ao componente estético (AC) do índice de necessidade de tratamento ortodôntico (IOTN), o componente de saúde dental (DHC) e o status socioeconômico da criança (Escala de Townsend). Esta escala avalia a condição socioeconômica da criança através de variáveis tais como casa própria, proprietários de carro, empregados ou não e número de pessoas por cômodo. Três anos depois, foi registrada a proporção de indivíduos desta amostra que tinham recebido o tratamento ortodôntico ou ainda estavam em uma lista de espera, e assim, a taxa de captação de tratamento ortodôntico foi determinada. Os resultados demonstraram que crianças com maior necessidade de tratamento clínico tiveram 3 vezes mais probabilidade de receber tratamento ortodôntico do que crianças com baixa necessidade de tratamento clínico (Tabela - 7). Assim, concluiu-se que os fatores baseados em informações socioeconômicas, não auxiliam no planejamento e implantação de serviços de ortodontia. Por outro lado os fatores clínicos como o índice de necessidade de tratamento ortodôntico (IOTN) e a percepção da criança quanto ao componente estético (AC) irão adequadamente auxiliarem no planejamento de serviços adequados de ortodontia oferecidos à população. Tabela 7: – Amostra que receberam tratamento ortodôntico e que apresentaram necessidade clínica de tratamento. Fonte: (MANDALL et al. 2005, p. 705). DIAS em 2006, a partir de estudos que utilizaram o Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) nos levantamentos sobre prevalência de maloclusão em crianças (Tabela - 9), avaliou a relação do gênero, período de dentição, presença de maloclusões, auto-percepção de necessidade de tratamento e interesse das crianças e de seus responsáveis no tratamento ortodôntico com a necessidade de tratamento ortodôntico de escolares de 9 a 12 anos de idade do município de Nova Friburgo (RJ). A amostra contou com 407 crianças (53,1% do gênero feminino e 46,9% do masculino), sem histórico de tratamento ortodôntico prévio. A necessidade normativa de tratamento ortodôntico foi avaliada através dos dois componentes do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN), (Tabela - 8), por uma única profissional calibrada. O interesse das crianças e responsáveis no tratamento ortodôntico foi obtido por meio de questionário. Através do Componente de Saúde Dental (DHC), foi identificada grande necessidade de tratamento em 34,2% das crianças. Através do Componente Estético (AC), 11,3% foram classificadas com grande necessidade de tratamento pelo profissional e 5,1% pela auto-percepção da criança. Os responsáveis mostraram-se mais interessados no tratamento dos filhos do que as próprias crianças. Concluiu-se que cerca de um terço da população avaliada apresentou grande necessidade de tratamento ortodôntico e que o interesse das crianças e de seus responsáveis no tratamento ortodôntico não possui relação com a necessidade normativa de tratamento (Gráfico – 6). Destacou ainda que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as maloclusões são consideradas o terceiro problema de saúde pública na área de saúde bucal e, como tal, necessitam de um método de avaliação uniforme que priorize o atendimento dos indivíduos com maior necessidade de tratamento ortodôntico. Tabela 8: – Classificação do IOTN (Lunn et al, 1993). Fonte: (DIAS et al., 2006, p. 24). Tabela 9: – Estudos que utilizaram o IOTN. Fonte: (DIAS et al., 2006, p. 24). Gráfico 6: – Necessidade de tratamento ortodôntico avaliada pelo DHC e pelo AC do IOTN em 407 escolares entre 9 e 12 anos de idade em escolas públicas da cidade de Nova Frigurgo-RJ, Brasil. Fonte: (Dias et al., 2006, p. 37). Souames et al. (2006), avaliaram a necessidade de tratamento ortodôntico em uma amostra de 511 crianças (268 do gênero masculino e 243 do gênero feminino), entre 9 a 12 anos de idade, de 12 diferentes escolas da mesma área geográfica na França, as quais não haviam recebido tratamento ortodôntico previamente. Não foram utilizadas radiografias, modelos de estudo ou registros escritos das crianças. O IOTN foi calculado a partir de exame direto. Vinte e um por cento (21%) das crianças apresentaram uma necessidade objetiva para o tratamento ortodôntico (Tabela - 10 e Tabela – 11), 28% havia apinhamentos, 28% com aumento da sobressaliências e 15 por cento com aumento de sobremordidas. O componente de Saúde Dental (DHC) foi considerado confiável, de rápida aplicação, fácil de usar e adaptável quanto aos levantamentos epidemiológicos em saúde pública dental. Tabela 10: - Frequência do Componente de Saúde Dental (DHC) do Índice de Necessidade de Tramento Ortodôntico (IOTN) por gênero, em crianças entre 9 a 12 anos de idade. Fonte: (Souames et al., 2006, p. 607). Tabela 11: - Frequência Componente Estético (AC) do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) por gênero, em crianças entre 9 a 12 anos de idade. Fonte: (Souames et al., 2006, p. 607). Evensen e Øgaard (2007) realizaram um estudo com o objetivo de descrever a prevalência e a severidade das maloclusões em uma amostra de noruegueses medievais através do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico Norueguês (NOTI) e comparar estes resultados com uma amostra moderna, analisada com o mesmo índice. O material constituiu-se de crânios da época medieval de cemitérios abandonados de Oslo do século XVI (85 homens e 61 mulheres). De acordo com os resultados, apenas 36% do grupo medieval apresentaram reais necessidades de tratamento ortodôntico, em comparação com 65% da amostra atual. Entre os crânios medievais, 27% dos masculinos e 49% dos femininos, apresentaram necessidades de tratamento. Não houve diferença de gênero relacionado à gravidade ou a prevalência de maloclusão na amostra moderna. A amostra medieval, organizada de acordo com a severidade, apresentou grande necessidade de tratamento ortodôntico em 7%; necessidade moderada em 29%; e pouca ou nenhuma necessidade em 64%. Os resultados nas amostras dos tempos atuais foram, respectivamente, 20%; 44% e 35%. Assim, este estudo indica um aumento significativo tanto na prevalência como na severidade das maloclusões, durante os últimos 400-700 anos, em Oslo na Noruega. Atualmente, mais de 30% das crianças e adolescentes nos países escandinavos recebem tratamento ortodôntico. Hagg et al. (2007), realizaram uma revisão da literatura para descrever sobre os índices oclusais mais comumente utilizados para avaliar a prevalência de maloclusão e ao mesmo tempo avaliar sua relação com a percepção do paciente em relação a esses índices, sua saúde oral e qualidade de vida. Com o aumento da demanda de tratamento ortodôntico, vários índices foram desenvolvidos para classificar os diferentes tipos de maloclusão e determinar a necessidade de tratamento ortodôntico. Estes índices podem ser usados para estimar a necessidade de tratamento ortodôntico, tanto para o paciente da clínica privada como para o paciente da rede de saúde pública, como também são utilizados para justificar o tratamento e salvaguardar o paciente da necessidade do tratamento. Entre eles, destacam-se o Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN), o Índice de Estética Dental (DAÍ) e o Índice de Complexidade, Necessidade e Resultados (ICON), os quais são usados para avaliar a prevalência de maloclusão e determinar a necessidade de tratamento ortodôntico, enquanto o ICON e o índice PAR avaliam os resultados do tratamento ortodôntico, comparando o pré-tratamento e pós-tratamento. O ICON pode também ser utilizado para avaliar a dificuldade de avaliar o tratamento. Na conclusão deste estudo os autores destacam a necessidade de mais estudos que investiguem a maior concordância em determinar a prevalência de maloclusão e destacam a fraca correlação entre os índices oclusais e a percepção do paciente sobre a saúde oral relacionada à qualidade de vida (OHQoL). Hebling et al. (2007), em estudo com o objetivo de elaborar um protocolo de assistência ortodôntica em saúde coletiva, fazem considerações e sugestões sobre programa de prevenção e interceptação ortodôntica com a inclusão de atitudes que visem à prevenção das oclusopatias em programas de saúde já existentes e a ampliação da oferta de serviços nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), abrangendo a instalação de mantenedores de espaço e procedimentos interceptores. Os possíveis problemas oclusais, a serem abordados no programa interceptor, foram discutidos e classificados em prioridades primária e secundária de atendimento, enfatizando os desvios oclusais que deveriam ser tratados precocemente (Figura – 3). A idade sugerida para abordagem seria a correspondente à da dentição decídua e início da dentição mista. A organização e inclusão de procedimentos ortodônticos são possíveis de serem aplicados com o gerenciamento dos recursos físicos, humanos e financeiros e o estabelecimento de critérios para acesso aos serviços. A utilização de protocolo de assistência e o correto planejamento das ações ortodônticas podem possibilitar a realização de ações preventivas e interceptoras nas próprias UBSs, enquanto maiores recursos possam ser alocados para a criação de Centros de Referência de Especialidades, com a possível implantação de procedimentos em Ortodontia Corretiva. Figura 3: – Prioridade de tratamento de acordo com diagnóstico ortodôntico. A idade sugerida para abordagem seria a correspondente à da dentição decídua início da dentição mista. Fonte: (Hebling et al., 2007 p. 1072). Grabowski et al. (2007), no estudo sobre prevalência de maloclusão relacionada à disfunção orofacial e as relações ocluso funcionais no seu contexto, avaliaram o potencial da prevenção ortodôntica e a necessidade de tratamento ortodôntico de 766 crianças na dentição decídua completa e 2275 crianças no início da dentição mista. Estas 3.041 crianças apresentavam uma média de idade entre 4,5 anos e 8,3 anos de idade e foram selecionadas da pré-escola e do 1º grau da cidade de Rostock na Alemanha. Os examinadores foram calibrados antes de iniciar a pesquisa. Os resultados obtidos demonstraram que 25,3% das crianças na primeira dentição apresentavam relações oclusais normais. A frequência de crianças com dentição normal caiu significativamente na dentição mista para 7,3%. A prevalência de disto oclusão bilateral aumentou a partir da dentição decídua para a dentição mista. O aumento da sobressaliência maxilar foi diagnosticado em 49,3% e 59,0% das crianças na dentição decídua e mista, respectivamente (Tabela – 13). A prevalência de mordida cruzada posterior lateral aumentou consideravelmente da dentição decídua para a mista (7,2% para 12,0%). Mordidas profundas e de topo-a-topo foram encontradas com maior freqüência no início da dentição mista. Assim, concluíram que houve um aumento significativo na prevalência de maloclusões nesta transição da dentição decídua para a mista, revelando uma necessidade de intervenção ortodôntica, neste período (Tabela – 12). Os autores destacam ainda, que na Alemanha há uma ausência sistemática de indicação de tratamento ortodôntico preventivo para crianças na dentição decídua e mista, o que não cumpre as exigências de prevenção e necessidade de atendimento odontológico estabelecido a partir dos Índices Internacionais de Necessidade de Tratamento Ortodôntico. Tabela 12: - Relacionamento oclusal intermaxilar na dentição decídua e início da dentição mista. Fonte: (Grabowski et al., 2007, p. 30). Tabela 13: – Frequência do aumento de overjet na dentição decídua e início da dentição mista. Fonte: (Grabowski et al., 2007, p. 31). Na sequência, Grabowski et al. (2007), publicaram a segunda parte deste estudo com o objetivo de fornecer dados básicos sobre a prevalência de disfunções orofaciais na dentição decídua e início de dentição mista e, ao mesmo tempo, analisar as relações oclusais no seu contexto funcional, avaliando o potencial requerido de prevenção ortodôntica e necessidade de tratamento precoce. Avaliaram as relações oclusais e miofuncionais de 3.041 crianças. A presença de distúrbios miofuncionais dinâmicos e estáticos e a presença de quaisquer hábitos orais foram documentadas durante a análise funcional. Compararam a frequência de maloclusão em crianças com e sem disfunção na dentição decídua e mista e analisaram a influência das disfunções independentemente (respirador bucal, postura lingual, padrão de deglutição, articulação de fonemas, hábitos bucais deletérios). A frequência de distúrbios miofuncionais foi estatisticamente maior em crianças com aumento da sobressaliência maxilar, mordida aberta anterior, mordida cruzada lateral e prognatismo mandibular, e houve um aumento estatisticamente significativo da prevalência de disfunções orofaciais e hábitos orais da dentição decídua para a dentição mista (Tabela - 14). Os resultados evidenciam que a postura habitual de mordida aberta expressando hipotonia nos músculos periorais e um padrão de deglutição visceral, se estabelece durante a primeira dentição e este padrão se agrava cada vez mais durante a dentição mista. Ambos os critérios, juntamente com a avaliação das relações oclusais, são parâmetros adequados para identificar "as crianças em risco, as quais devem ser indicadas para o tratamento ortodôntico preventivo". Tabela 14: – Comparação da taxa de frequência de disfunção orofacial em crianças na dentição decídua e início da dentição mista. Fonte: (Grabowski et al., 2007, p. 78). Dando continuidade ao estudo, Grabowski et al. (2007), analisaram a relação entre selecionados tipos de maloclusão e específicos tipos de disfunção orofacial estática e dinâmica e compararam os resultados com indivíduos os quais apresentavam oclusão normal. O objetivo foi identificar quais sintomas funcionais e ortodônticos na dentição decídua levariam a maloclusão mais tarde. As relações oclusais e miofuncionais foram avaliadas em 3041 crianças. Os resultados encontrados afirmam não haver disfunção orofacial em 11,2% das crianças com dentição decídua e em 10,2% das crianças com dentição mista precoce. Os autores observaram não haver nenhuma correlação entre a existência de distoclusão e distúrbios funcionais (Gráfico - 7). Tanto o aumento da sobressaliência, como a presença do prognatismo mandibular, a mordida cruzada posterior e a mordida aberta anterior, foram associados à alta taxa de disfunções orofaciais (Gráficos - 8 a 9). As crianças na dentição decídua, que apresentem algum dos quatro tipos de maloclusão citados, associado com disfunções orofaciais, apresentam maior probabilidade de agravar estas maloclusões na transição para a dentição mista e permanente (Gráficos - 10 a 12). Prevenção ortodôntica e tratamento precoce devem incluir reabilitação funcional, de modo a eliminar, ou pelo menos diminuir os fatores que provoquem o desenvolvimento indesejável de mal oclusão. Gráfico 7: – Comparação estatística da disto oclusão na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial. Fonte: (Grabowski et al., 2007, p. 465). Gráfico 8: – Comparação estatística do aumento da overjet (>2mm) na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial. Fonte: (Grabowski et al., 2007, p. 465). Gráfico 9: – Comparação estatística da diminuição do overjet (prognatismo mandibular) (overjet ≤ 0mm) na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial. Fonte: (Grabowski et al., 2007, p. 466). Gráfico 10: – Comparação estatística de mordida cruzada lateral na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial. Fonte: (Grabowski et al., 2007, p. 466). Gráfico 11: – Comparação estatística de mordida aberta anterior na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial. Fonte: (Grabowski et al., 2007, p. 467). Gráfico 12: – Comparação estatística de mordida profunda na dentição decídua e início da dentição mista em pacientes com e sem disfunção orofacial. Fonte: (GrabowskI et al., 2007, p. 467). Lima et al. (2007), avaliaram a capacidade dos Índices de Estética Dental (DAI) e de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) em predizer necessidade de tratamento ortodôntico baseado em uma propriedade: reprodutibilidade. Dois examinadores calibrados examinaram 60 escolares através do índice DAI e do índice IOTN. O índice DAI foi desenvolvido nos Estados Unidos (1989) e identifica alterações oclusais, perda dental; relação molar; presença ou ausência de espaços (diastemas e apinhamentos), overjet maxilar e mandibular e problemas verticais. O IOTN foi desenvolvido na Inglaterra (1989) e possui um componente estético (AC) e um componente dentário (DHC). O componente estético (AC) consiste em uma escala ilustrada com 10 fotos as quais representam um escala hierárquica de necessidade de tratamento ortodôntico. Os instrumentos para coleta de dados foram: uma régua plástica do componente DHC, a escala visual do componente AC para o índice IOTN e a sonda periodontal da OMS utilizada no índice DAI. Os resultados indicam que ambos os índices foram altamente reprodutíveis de acordo com os coeficientes de Pearson e Spearman. Entretanto o índice IOTN foi mais reprodutível que o índice DAI. Moura e Cavalcanti (2007), avaliaram a prevalência das maloclusões e da cárie dentária em crianças de 12 anos de idade, de escolas municipais em Campina Grande – PB. Investigaram uma possível associação existente entre a prevalência de cárie dentária e as maloclusões observadas. A relação entre a severidade das maloclusões e percepções de estética e função dos dentes também foi avaliada. Oitenta e oito escolares (45 meninos e 43 meninas) foram aleatoriamente selecionados, nenhum deles tinha recebido qualquer tipo de tratamento ortodôntico anteriormente. Os estudantes também responderam a um questionário contendo duas perguntas relacionadas à aparência e função de seus dentes. Nenhuma correlação pode ser estabelecida entre a prevalência de cárie e as maloclusões estudadas bem como entre função mastigatória e severidade das maloclusões. No entanto, uma correlação estatisticamente significativa foi encontrada entre a aparência dos dentes e escores do DAI. O tratamento ortodôntico foi considerado necessário em 69 (78,4%) escolares, eletivo em 21 (23,8%), já para 16 (18,2%) e 32 (36,4%), o tratamento foi considerado altamente desejável e fundamental, respectivamente. Quanto à satisfação dos escolares com a aparência de seus dentes ao sorrir relacionada com a severidade das maloclusões, verificou-se que 43,2% dos escolares estavam insatisfeitos com seu sorriso e que destes 71% apresentavam maloclusões de severa a muito severa, de acordo com os escores do DAI. Os resultados sugerem que existem diferentes graus de problemas oclusais tecnicamente definidos e que são aceitáveis na amostra dos estudantes e que deveriam influenciar na decisão de tratamento, interferindo diretamente na demanda para esse tipo de atendimento. Nobile et al. (2007), conduziram, a partir de estudos sobre prevalência de maloclusão (Tabela – 15), um levantamento epidemiológico em escolares da Itália com o objetivo de determinar a prevalência de maloclusões, a necessidade de tratamento ortodôntico e fatores de risco relacionado. Foi selecionada uma amostra, aleatória, de 546 crianças entre 11-15 anos de idade. Os pais responderam a um questionário sobre características sócio demográficas, história ortodôntica e sobre a percepção da necessidade de tratamento ortodôntico em seus filhos. As crianças foram entrevistadas sobre a utilização dos serviços odontológicos, a necessidade de tratamento ortodôntico e sobre o uso de aparelhos ortodônticos. O Componente Estético (AC) do IOTN foi avaliado pelos pais, crianças e dentista. De acordo com os resultados, trezentos e vinte e cinco crianças (59,5%) receberam uma pontuação (IOTN) de 4 ou 5, portanto, necessitando tratamento ortodôntico. A partir da avaliação do ortodontista, 8,6% das crianças apresentaram pontuação entre 8-10 (AC), ou seja, definitiva necessidade de tratamento, 5,4% pelos pais e 3,2% pelas próprias crianças. Necessidade de tratamento ortodôntico foi prevista de acordo com a presença de apinhamentos, espaçamentos e sobressaliência. A partir da avaliação do Componente Estético (AC), observou-se que as percepções da necessidade do tratamento ortodôntico, pelo ortodontista, pais e crianças, se diferem e não se sobrepõem à alta proporção de crianças com reais necessidades de tratamento ortodôntico, definidas a partir do Componente de Saúde Dental. Tabela 15: – Prevalência de maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em vários países Fonte: (Nobile et al., 2007, p. 638). Suliano et al. (2007), estimaram a prevalência de maloclusões em 173 escolares com 12 anos de idade do Município de Camaragibe, Pernambuco, Brasil. As maloclusões foram associadas com às seguintes funções: fonoarticulação, respiração e deglutição. As maloclusões foram avaliadas por intermédio do Treatment Prioritiy Index (TPI) e as referidas funções por meio de critérios utilizados na clínica fonoaudiológica. De acordo com os resultados 82,1% apresentaram maloclusão, 38,2% com manifestações menores; 20,8% definidas; 13,3% severas; e 9,8% maloclusões muito severas (Tabela – 16). Concluiu-se que há uma alta demanda por tratamentos ortodônticos e que quanto maior a severidade das maloclusões maior é a possibilidade de associação com alterações funcionais, fato que deve ser levado em consideração no planejamento de programas de saúde bucal dentro do sistema de saúde pública. Tabela 16: – Distribuição absoluta e percentual do estado oclusal segundo a necessidade de tratamento ortodôntico. Fonte: (Suliano et al. 2007, p. 1917). Paulsson et al. (2008), avaliaram se crianças nascidas prematuramente têm maior prevalência de maloclusão e maior necessidade de tratamento ortodôntico em relação ao grupo controle de crianças nascidas a termo. Setenta e três crianças com idade entre 8 e 10 anos foram avaliadas, e selecionadas a partir do registro médico de nascimentos e divididas em dois subgrupos de acordo com sua idade gestacional. Um grupo consistiu-se de 37 crianças nascidas muito prematuras (VPT), e as outras 36 crianças nascidas extremamente prematuras (EPT). As amostras foram comparadas com um grupo controle de 41 crianças que nasceram a termo e foram pareados por sexo, idade e nacionalidade. A mais severa necessidade de tratamento ortodôntico (grau 4 e 5) foi encontrada nos grupos EPT (52,8%) e VPT (51,4%) em comparação ao grupo controle (36,6%). Os resultados demonstraram que dois ou mais traços de maloclusão ocorreram com maior frequência entre EPT (83,3%) e em crianças VPT (73,0%), comparado ao grupo controle (51,2%). Assim, os autores sugerem que o clínico deve estar ciente do potencial de um maior número de traços de maloclusão e maior necessidade de tratamento ortodôntico em crianças nascidas prematuramente em comparação com crianças nascidas a termo. Pinto et al. (2008), realizaram uma análise crítica dos diversos métodos de avaliação e registro das maloclusões. Inicialmente a classificação de Angle (1899) tornou-se o maior instrumento de medida das más oclusões durante todo o século passado. Atualmente diversos autores realizaram diferentes estudos para avaliar a maloclusão e propuseram outros sistemas de avaliação, objetivando melhor avaliar o desenvolvimento da maloclusão dentro do complexo crânio facial. Entre eles podemos mencionar os de Massler e Frankel (1951), Altemus e Van kirk (1959), HDL de Draker (1960), Comitê de especialistas da OMS (1962), Björk, Krebs e Solow (1964), HMAR de Salzman (1968), TPI de Grainger (1967), OI de Summers (1971), F.D.I. (1972), a Academia Nacional de Ciências dos EUA (1976), Slakter et al., (1980), o sistema de Ackerman-Proffitt (1988) e o IOTN de Brook e Shaw (1989). Todos foram testados com a finalidade de se obter reprodutibilidade, precisão e sensibilidade e muitos se mostraram satisfatórios para esses objetivos. Posteriormente, ainda surgiu o método proposto pela OMS (1991), o método de Katz (1992) e um novo índice proposto pela OMS, o Índice Estético Dentário (DAI), em 1997. Contudo, nenhum deles foi largamente utilizado. Sugere-se então, que novos índices deverão ser desenvolvidos e padronizados no estudo da maloclusão. Manzanera et al. (2009), determinaram a prevalência da maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico entre escolares espanhóis de 12 a 16 anos, usando o Componente Estético (AC) e o Componente de Saúde Bucal (DHC) do Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) e analisaram a relação entre gênero e idade. A amostra foi composta por escolares da população escolar da Comunidade Valencian, 655 crianças (306 meninos e 349 meninas) que não haviam sido submetidos a tratamento ortodôntico, divididos em dois grupos: 363 com 12 anos de idade e 292 entre 15 a 16 anos,. A necessidade de tratamento ortodôntico, utilizando o DHC, foi encontrada em 21,8% aos 12 anos e em 17,1% dos 15 aos 16 anos e o AC em 4,4% e 2,4% respectivamente. Considerando-se os dois componentes juntos DHC e AC; 23,5% da população aos 12 anos e 18,5% entre 15 e 16 anos de idade, demonstraram decisiva necessidade de tratamento ortodôntico. Não houve diferenças quanto ao gênero. A necessidade de tratamento ortodôntico entre os espanhóis é semelhante ao relatado em estudos mais recentes na Europa, com cerca de uma criança entre 5 a 6 apresentar necessidade de um tratamento ortodôntico. 4. DISCUSSÃO O índice de necessidade tratamento ortodôntico (IOTN) desenvolvido por Brook e Shaw (1989) tem sido adotado em estudos epidemiológicos e considerado de elevada confiabilidade e credibilidade pela comunidade científica. Contudo, os estudos de Ugˇur et al. 1998; Thilander et al. 2001; Frazão et al. 2002; Karaiskos et al. 2005, com o mesmo objetivo de avaliar a prevalência e necessidade de tratamento ortodôntico em crianças, utilizaram diferentes índices. Respectivamente o Índice de Prioridade de Tratamento (TPI), método de Bjork, índice da Organização Mundial da Saúde e o Índice de Necessidades de Prevenção e Interceptação Ortodôntica (IPION). Indicando, como pode se observar, que ainda não há um consenso entre os pesquisadores a respeito do melhor índice a ser empregado. Hagg et al., 2007, constataram que os índices que avaliam a necessidade e prioridade de tratamento ortodôntico podem ser usados para estimar a necessidade de tratamento ortodôntico, tanto para o paciente da clínica privada como para o paciente da rede de saúde pública, como também são utilizados para justificar o tratamento e salvaguardar o paciente da necessidade do tratamento. Contudo, Pinto et al. 2008, concluíram que nenhum dos índices propostos até o momento é amplamente utilizado e que novos índices deverão ser desenvolvidos e padronizados no estudo da maloclusão. Segundo Tausche et al. 2004, o desenvolvimento inicial de sintomas progressivos de maloclusão inibindo ou perturbando o crescimento da mandíbula ou da maxila ou o desenvolvimento normal do arco dental, deveriam ser tratados numa fase inicial, conforme as prioridades do sistema hierárquico do índice IOTN. Em consonância, Karaiskos et al. 2005, reconhecem que a identificação precoce do desenvolvimento de maloclusões integrada ao potencial de simples procedimentos de tratamentos ortodôntico, pode minimizar ou eliminar a necessidade de tratamento futuro. Estudos recentes enfatizam a importância da prevenção ortodôntica através do tratamento precoce de maloclusões, adicionado à reabilitação funcional (Grabowski et al. 2007 ; Leighton et al. 2007), assim como a necessidade do clínico geral em reconhecer as verdadeiras manifestações do desenvolvimento de maloclusões desde tenra idade e identificar aquelas que se corrigem espontaneamente com o objetivo de diminuir os fatores que provoquem o desenvolvimento indesejável de maloclusões futuras. De acordo com os referidos trabalhos, apesar da não uniformização dos critérios de avaliação, atualmente há uma tendência de se iniciar o tratamento ortodôntico a partir da manifestação das maloclusões, durante a dentição decídua e mista. De acordo com os estudo de Frazão et al. 2002, Mugonzibwa et al. 2004, Ugˇur et al. 1998 e Grabowski et al. 2007, observou-se um aumento significativo na prevalência das más oclusões e no grau de severidade das oclusopatias na transição da dentição decídua para a mista, revelando uma necessidade de intervenção ortodôntica, de caráter preventivo, desde que, neste período a maloclusão possa ser interceptada evitando sua evolução para um grau máximo de severidade. Sobre o Componente Estético (AC), Birkeland et al. 1996, indicam que alguns pacientes com grande necessidade de tratamento não expressam preocupação ortodôntica, enquanto outros com oclusão perto do ideal expressaram grande preocupação. Chew e Aw (2002), sugerem que os dentistas deveriam avaliar a necessidade de tratamento ortodôntico das crianças de acordo com os estudos de referência, bem como o desejo de tratamento ortodôntico das crianças e dos pais deveria ser avaliado antes de se decidir sobre a necessidade de encaminhamento para tratamento ortodôntico. Segundo Dias (2006), os responsáveis pelas crianças mostraram-se mais interessados no tratamento dos filhos do que elas próprias e que cerca de um terço da população avaliada apresentou grande necessidade de tratamento ortodôntico e o interesse das crianças e de seus responsáveis no tratamento ortodôntico não possui relação com a necessidade normativa de tratamento. Demonstrando assim que a real necessidade de tratamento ortodôntico difere da preocupação ortodôntica dos pais e das crianças, identificando falta de conhecimento por parte dos mesmos sobre a maloclusão e seu desenvolvimento. O que nos leva à questão da educação em saúde bucal, quando observa-se que pela falta de informação e educação em saúde bucal a população não tem conhecimento sobre a própria saúde bucal e sobre o desenvolvimento das maloclusões e suas consequências no desenvolvimento harmônico do complexo crânio facial. Os estudos de Evensen e Øgaard (2007) e Paulsson et al. (2008), diferenciaram-se dos demais quanto ao tipo da amostra, contudo auxiliam no presente trabalho, pois o primeiro indica um aumento significativo tanto na prevalência como na severidade das más oclusões, durante os últimos 400 a 700 anos e concluíram que atualmente, mais de 30% das crianças e adolescentes nos países escandinavos recebem tratamento ortodôntico. O segundo corrobora com os estudos sobre prevalência de maloclusão, identificando um maior número de traços de maloclusões e maior necessidade de tratamento ortodôntico em crianças nascidas prematuramente, em comparação com crianças nascidas a termo. No Brasil os levantamentos epidemiológicos sobre prevalência de maloclusões e necessidade de tratamento ortodôntico em crianças, assim como em outros países, divergem quanto ao método mais adequado de avaliação. O Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) foi utilizado por Miguel (1998) e Dias (2006); enquanto Tomita et al. (2000) e Biázio et al. (2005), utilizaram Angle; Frazão em 2002, o método indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS); Moura e Cavalcanti em 2007, o índice DAÍ; Suliano et al. (2007) o índice de Prioridade de Tratamento (TPI). Tomita et al. (2000) e Biázio et al. (2005) concordam quanto a alta prevalência de maloclusão em estágios iniciais, correlacionando este fato aos problemas funcionais e ainda destacam a necessidade de desenvolver programas eficazes de prevenção e interceptação de maloclusões. Assim como, Suliano et al. (2007), concluem que há uma alta demanda reprimida por tratamentos ortodônticos, fato que deve ser levado em consideração no planejamento de serviços públicos destinados aos referidos agravos. 5. CONCLUSÃO Com base no que foi exposto, pode-se concluir que: 1. Os estudos apresentados na literatura sobre prevalência de maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em crianças, utilizam índices reprodutíveis e capazes de predizerem a necessidade de tratamento ortodôntico na dentição decídua e mista, entretanto observa-se grande diversidade de levantamentos quanto aos índices utilizados em diferentes países, dificultando assim a avaliação e comparação entre os mesmos. 2. Quanto à necessidade de tratamento ortodôntico e a distribuição do grau de severidade das maloclusões entre crianças na dentição decídua e mista, nos estudos que utilizam o Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN), demonstrou um aumento significativo na prevalência das maloclusões e no grau de severidade das oclusopatias na transição da dentição decídua para a mista, revelando, neste período, necessidade de intervenção ortodôntica, de caráter preventivo e ou interceptivo. Apesar de ainda não se ter um índice universal ou um padrão ouro, sugerem-se novas pesquisas com o objetivo de viabilizar políticas de saúde publica, enfatizando a necessidade de tratamento ortodôntico em crianças, uma vez que a má oclusão é considerada o terceiro maior problema de saúde bucal em todo mundo, de acordo com a OMS. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BIÁZIO, R. C. Costa GC, Virgens Filho J. S. Prevalência de má-oclusão na dentadura decídua e Mista no distrito de entre rios, Guarapuava-Pr. 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Este índice classifica a necessidade de tratamento ortodôntico de acordo com a importância e a gravidade de várias características oclusais para a saúde e as funções dentais e de acordo com o prejuízo estético percebido. O IOTN é formado por dois componentes distintos: o Componente de Saúde Dental (Dental Health Component – DHC) e o Componente Estético (Aesthetic Component – AC). O DHC demonstra ser um método objetivo e reproduzível de avaliação. Nele, todas as características oclusais julgadas como interferentes na longevidade e funcionamento satisfatório da oclusão foram classificadas através de uma escala de cinco graus com ordem crescente de necessidade de tratamento ortodôntico. A avaliação é feita com o auxílio de uma régua plástica de origem inglesa especialmente projetada para uso no IOTN. Ela torna a medição mais rápida por ser marcada em graus de necessidade de tratamento. O IOTN pode ser aplicado tanto em modelos de estudo quanto clinicamente e esta segunda opção diminui o tempo e o custo da avaliação. O AC é a parte subjetiva do IOTN que visa refletir a necessidade sóciopsicológica do tratamento ortodôntico demonstrada pelo paciente ou avaliada pelo profissional. É composto por uma escala de avaliação da atratividade dental ilustrada por 10 fotografias coloridas numeradas. Esta escala apresenta um grau de atratividade decrescente e contínuo, onde a foto 1 representa o arranjo dentário mais atrativo e a foto 10, o menos atrativo (Figura 1; 2). Anexo II Índice de prioridade de tratamento TPI: (Treatment Priority Index) De acordo com Queiroz, V. S, et al., em 2008, o Índice de Prioridade de Tratamento Ortodôntico (TPI) utilizado para avaliar os resultados de tratamentos ortodônticos preventivos, passou a ser utilizado como ferramenta importante no levantamento epidemiológico das maloclusões, principalmente devido à facilidade de sua aplicação. Este índice indica valores que expressam os distúrbios da oclusão dentária e a necessidade de tratamento ortodôntico além de ser um dos mais aceitos na literatura, tendo sua validade e reprodutibilidade testada em vários estudos. O TPI é calculado avaliando-se os seguintes fatores clínicos: 1Relação molar; 2- Relação horizontal de incisivo (overjet ou trespasse horizontal); 3- Relação vertical de incisivos (overbite ou trespasse horizontal); 4Deslocamentos dentários; 5- Mordida cruzada posterior. Deve-se preencher um formulário de coleta de dados de acordo com a orientação do Índice (Figura A). Figura A - Formulário de coleta de dados do Índice de Prioridade de Tratamento Ortodôntico - Modificado (TPI). Fonte: (Queiroz, V. S, et al., 2008; p.376). Anexo III Índice Dental Estético DAI: (Dental Aesthetic Index) Recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1997, o Índice Dental Estético (Dental Aesthetic Index - DAI) é um índice numérico que avalia as características oclusais, selecionadas de acordo com o potencial de causar incapacidade psicossocial. O Índice Dental Estético (DAÍ) permite uma avaliação da relativa aceitabilidade social da aparência dentária, a qual é fundamentada na percepção do público sobre a estética dentária. A mensuração do DAÍ é feita através dos dez componentes do Índice Dental Estético e estão dispostos em três grupos: dentição, espaço e oclusão (Figura – B, C, D e E ), são medidos milimetricamente com uma sonda periodontal CPI (OMS). Com exceção das condições da dentição, alguns componentes do DAI são caracterizados por códigos, enquanto outros são mensurados em milímetros, utilizando-se a sonda CPI. O Índice Dental Estético tem demonstrado validade e precisão em estudos realizados no mundo todo. No Brasil Fernandes dos Santos et al., em 2008, descrevem um instrumento simples, feito com um fio ortodôntico de aço inoxidável (o fio DAI), associado a um cursor endodôntico de silicone ou borracha, uma simples régua, estabelecendo um preciso, fácil e econômico método para avaliar o DAÍ (Figura – F). Figura B - Componentes oclusais considerados no Índice Dental Estético padrão (DAI) e respectivos coeficientes de regressão. Fonte: (Fernandes dos Santos et al., 2008, p. 36). Figura C - Escores do DAI distribuídos de acordo com a severidade da má oclusão e da necessidade de tratamento ortodôntico18. Fonte: (Fernandes dos Santos et al., 2008, p. 36). Figura D - Divisão dos dez componentes do DAI em três grupos: dentição, espaço e oclusão. Fonte: (Fernandes dos Santos et al., 2008, p. 36). Figura E - Separação de nove componentes do Índice Dental Estético, de acordo com a maneira pela qual seu valor numérico é obtido. Fonte: (Fernandes dos Santos et al., 2008, p. 36). Figura F - (A) _ Instrumento alternativo de medida do DAI com cursor introduzido de 2 a 5mm da extremidade - { a - circunferência; b - parte reta do instrumento; c - cursor; d - régua milimetrada endodôntica; e - régua milimetrada comum}; (B) _ Aferição do diastema incisal; (C) _ Aferição do desalinhamento maxilar anterior; (D) _ Aferição do desalinhamento mandibular anterior; (E) _ Aferição do overjet maxilar anterior; (F) _ Aferição do overjet mandibular; (G) _ Aferição da mordida aberta vertical anterior; (H) _ Aferição do overjet maxilar anterior. Fonte: (Fernandes dos Santos et al., 2008, p. 38).