Teoria Matemática Da Polarização Ferroelétrica Murilo R. Cândido ∗ Departamento de Matemática, UFU 3239-4156, Uberlândia, MG E-mail: [email protected], José de los Santos Guerra Universidade Federal de Uberlândia - Instituto de Fı́sica Grupo de Ferroelétricos e Materiais Multifuncionais 3239-4190, Uberlândia, MG E-mail: [email protected]. RESUMO Os materiais ferroelétricos são materiais que possuem um trunfo tecnológico em relação a muitos outros: a direção da polarização elétrica pode ser controlada pela aplicação de um campo elétrico. A polarização pode ser definida como a quantidade de carga elétrica, em forma de dipolos elétricos, que conseguimos armazenar em um dado volume de material. Nos materiais ferroelétricos o momento de dipolo local é muitas vezes induzido pelo deslocamento de um átomo ou ı́on na estrutura cristalina do material. Esse tipo de operação é que dá a origem aos sinais matemáticos binários ”0 ”e ”1 ”que constituem a base de todo o processamento de informação pelos computadores. Nos materiais ferroelétricos a polarização apresenta uma forte dependência com a freqüência do campo elétrico aplicado, tornando-o um ótimo aplicativo para dispositivos eletrônicos de transmissão e armazenamento de dados sendo em alguns casos ate 800 vezes melhores que as memórias convencionais de computadores. Por essas caracterı́sticas, materiais ferroelétricos têm atraı́do grande interesse da comunidade cientifica sendo que nas ultimas décadas o número de publicações cientificas nesses materiais vem crescendo constantemente e hoje em dia pode-se falar que a ferroeletricidade é uma das áreas da Fı́sica em maior evidencia na comunidade cientifica internacional. O objetivo deste trabalho é tentar responder uma questão que permanece em aberto na teoria da ferroeletricidade: ”qual o real mecanismo de polarização destes materiais?”. Na tentativa de responder esta pergunta, propomos neste trabalho modelar a permissividade dielétrica em função da freqüência do campo elétrico aplicado. Esta grandeza mede a capacidade de um material ser polarizado, e para isso assumimos que o deslocamento da partı́cula no interior da estrutura cristalina, que gera o momento dipolo no cristal, é semelhante ao movimento de um oscilador harmônico sobreamortecido, colocado em movimento forçado pela ação do campo elétrico. Esta analogia permite modelar a posição destes osciladores como solução de uma equação diferencial de segunda ordem não homogênea [1], representada por uma função complexa dependente do tempo. Essa abstração sutil foi crucial para que pudéssemos perceber que o que faltava para descrever a polarização era descrever simultânea e separadamente o deslocamento sem a resistência do material e o deslocamento resistido por meio de uma única equação. Usando ferramentas da teoria macroscópica da polarização [2], podemos mostrar que a polarização é função da permissividade dielétrica, redirecionando nossos esforços em descrever de maneira assertiva a permissividade dielétrica. ∗ bolsista de Iniciação Cientı́fica PIBIC/FAPEMIG 1148 Palavras-chave: Equações diferenciais, Modelagem Matemática, Ferroeletricidade Referências [1] R. Feynman, The Feynman Lectures on Physics, Vol. 1 (Eq. 23.2) [2] C. Kittel, Introduction to Solid State Physics (Fourth Edition), John Wiley and Sons, New York-London (1971). Agradecemos o apoio da FAPEMIG. 1149