Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
NUTRIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
Adolescência – Período da vida que começa com o aparecimento de características sexuais secundárias e
finaliza com o término do crescimento somático
Estirão de Crescimento – é o período da adolescência quando a taxa de crescimento é mais rápida e varia
entre 18 a 24 meses
Idade Ginecológica (pós-menarca) – É o número de anos entre o início da menstruação e a idade
cronológica atual
Imagem corporal – Autoconceito mental relacionado à taxa de crescimento e alterações nas proporções
corporais
Menarca – Início da menstruação na mulher
Pico de Velocidade de Ganho de Altura – É a taxa mais rápida de crescimento durante o estirão de
crescimento
Puberdade – Período durante o qual as características sexuais secundárias começam a se desenvolv er e a
capacidade de reprodução sexual é atingida
Tarefas de Adolescência – As realizações esperadas na adolescência que levam à maturidade nos
desenvolvimentos emocional e intelectual
Taxas de Maturidade Sexual (TMS) – Usada para avaliar o estágio de desenvolvimento sexual de uma
pessoa; normalmente expressa como estágios de maturação sexual ou estágios de Tanner.
A adolescência é um dos períodos mais desafiadores no desenvolvimento humano. O crescimento
relativamente uniforme da infância é subitamente alterado por um rápido aumento na sua velocidade de
crescimento. Estas mudanças súbitas criam necessidades nutricionais especiais. Os adolescentes são
considerados especialmente vulneráveis em termos nutricionais, por várias razões.
1º) Sua demanda de nutrientes é maior em decorrência de dramático aumento no crescimento e
desenvolvimento físicos
2º) As mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares dos adolescentes afetam a ingestão e as
necessidades de nutrientes.
3º) os adolescentes têm necessidades especiais de nutrientes associados à participação em
esportes, gravidez, desenvolvimento de um distúrbio de alimentação, realização excessiva de dietas, uso de
álcool e drogas ou outras situações comuns aos adolescentes.
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS
A Puberdade, processo de desenvolvimento físico de uma criança em adulto, é iniciada por
fatores fisiológicos e inclui a maturação do corpo todo. A adolescência é o único momento após o
nascimento quando a velocidade de crescimento realmente aumenta. Os adolescentes ganham cerca de
20% da altura de adulto e 50% do seu peso de adulto durante este período.
A puberdade não é, portanto, sinônimo de adolescência, mas uma parte desta, compreendendo o
período desde o aparecimento dos caracteres sexuais secundários (broto mamário, aumento do testículo
e/ou desenvolvimento de pêlos pubianos), até o completo desenvolvimento físico e parada de crescimento.
Este crescimento continua durante aproximadamente os 5 a 7 anos de desenvolvimento puberal.
Uma grande porcentagem desta altura será ganha durante o período de 18 a 24 meses de estirão de
crescimento. O pico de velocidade de ganho de altura é a taxa mais rápida de crescimento durante o
estirão de crescimento e ocorre em diferentes idades para diferentes indivíduos, como ocorre com o início
da puberdade; ou seja, meninos com a mesma idade, 13 anos por exemplo, podem ter níveis de maturação
diferentes e, conseqüentemente, diferentes necessidades nutricionais diárias.
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
A idade de início da puberdade apresenta ampla
variação individual, ocorrendo no sexo feminino mais
freqüentemente entre 10 e 13 anos e no sexo masculino entre 12
e 14 anos de idade. O processo de crescimento e
desenvolvimento da adolescência ocorre em diversos setores do
organismo, porém as manifestações mais evidentes e marcantes
relacionam-se ao aumento de altura e peso e à maturação sexual.
Estas características biológicas são universais e ocorrem
de forma semelhante em todos os seres humanos. Elas podem
ser quantificadas e classificadas através de avaliação clínica
(tabelas de crescimento, critérios de Tanner), exames
laboratoriais (dosagem de hormônios, radiografias) e data da
primeira
menstruação
(menarca).
Entretanto,
estas
características não são imutáveis, pois podem ser modificadas ou
interrompidas por fatores ambientais, incluindo situações de
estresse (medo, ansiedade, depressão, perdas afetivas), atividade
física intensa, desnutrição ou uso de substâncias químicas ilícitas
ou não.
Considera-se como puberdade atrasada, a ausência de
qualquer característica sexual secundária em meninas a partir
dos 13 anos de idade e em meninos a partir dos 14 anos de
idade. Já a puberdade precoce pode ser considerada quando o
início das características sexuais nas meninas ocorre antes dos 9
anos e nos meninos antes dos 10 anos.
MATURAÇÃO SEXUAL
A maturação sexual abrange o desenvolvimento das
gônadas, órgãos de reprodução e caracteres sexuais secundários.
Existe uma ampla variação normal da idade de início e da
velocidade de progressão da maturação sexual dentro de uma
população. Na maioria das vezes os estágios de maturação sexual
ocorrem numa seqüência constante.
No sexo masculino os sinais de maturação sexual
costumam ocorrer na seguinte seqüência: aumento dos testículos
e da bolsa escrotal (média aos nove e dez anos de idade),
crescimento de pelos pubianos (em torno de 11, 13 anos de
idade), pelos axilares, pelos sobre o lábio superior, na face e em
outras partes do corpo, mudanças da laringe e da voz e
crescimento do pênis. A mudança na voz ocorre em média entre
11 a 15 anos de idade.
Características sexuais secundárias
Masculino
Crescimento do pênis e testículos
Aparecimento de pêlos na zona púbica, axilas e no rosto
Crescimento lento e prolongado
"Caroço de Adão"
Aumento dos ombros.
Primeira ejaculação
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
Feminino
Desenvolvimento das glândulas mamárias
Aparecimento de pêlos na zona púbica e nas axilas
Crescimento rápido e curto
Aumento da bacia (ficando com as ancas mais largas).
Menstruação (menarca)
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS
Características dos Adolescentes
A adolescência é um período de maturação para mente e corpo. Juntamente com o crescimento
físico da puberdade, o desenvolvimento emocional e intelectual são rápidos. A capacidade de pensamento
abstrato do adolescente, ao contrário dos padrões de pensamento concreto da infância, os tornam capazes
de realizar as funções da adolescência. Estas funções são as realizações esperadas que levam à maturidade
no desenvolvimento emocional e intelectual, muitas das quais têm implicações para o seu bem-estar
nutricional.
O desenvolvimento cognitivo e emocional, pode ser dividido em adolescência inicial,
intermediária e final (ou tardia). A determinação do estágio da adolescência pode ser muito útil no
fornecimento de aconselhamento nutricional assim como no planejamento de programas educacionais.
Adolescência inicial
Está preocupado com o corpo e a imagem corporal
Confia e respeita os adultos
É ansioso quanto às suas relações com os colegas
É ambivalente sobre autonomia
As implicações nutricionais significam que os adolescentes neste estágio são desejosos de fazer
ou experimentar qualquer coisa que os fará parecer melhor ou melhorar sua imagem corporal. Entretanto,
os adolescentes nesse estágio querem resultados imediatos, de forma que o aconselhamento nutricional
deve ser adaptado aos objetivos a curto prazo e tratar de preocupações nutricionais relev antes para a
aparência ou desempenho do adolescente (por exemplo: dança, esportes) ou ambos.
Adolescência intermediária
É muito influenciado por seu grupo de colegas
Desconfia dos adultos
Vê a independência como algo muito importante
Experimenta um desenvolvimento cognitivo significante
Durante este estágio, o adolescente escutará mais os colegas que os pais ou outros adultos. Os
adolescentes estão se tornando mais responsáveis pelos alimentos que consomem. O impulso em direção à
independência com frequência resulta em rejeição temporária dos padrões dietéticos da família. É nessa
época que os adolescentes muitas vezes experimentam o vegetarianismo. O aconselhamento nutricional
deve incluir a tomada de decisões criteriosas ao se alimentar fora de casa.
Adolescência tardia
Estabeleceu uma imagem corporal
Está orientado em direção ao futuro e está fazendo planos
Está cada vez mais independente
É mais consistente em seus valores e crenças
Está desenvolvendo intimidade e relações permanentes
Na adolescência tardia, os adolescentes estão pensando sobre o futuro e estão interessados na
melhora de sua saúde geral. O aconselhamento nutricional durante esse estágio pode se destinar aos
objetivos a longo prazo. Os adolescentes nesse estágio ainda querem tomar suas p róprias decisões, mas
estão abertos a informações fornecidas pelos profissionais de saúde. Os conselheiros nutricionais devem
não apenas apresentar atuais como também explicar o fundamento lógico que as apóia.
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
Conforme os adolescentes buscam a independência, com frequência assumem riscos. Muitos
desses riscos são importantes para se tornarem independentes (por exemplo, colocar-se em prova para
uma equipe, dedicar-se ao ensino superior, namorar), mas muitos comportamentos podem ser perigosos.
Os comportamentos sérios, chamados de comportamentos de representação, podem ser
classificados e incluem: uso de drogas, absentismo escolar e risco de lesão não intencional, tal como beber
e dirigir, não usar cinto de segurança e nem capacete para dirigir bicicleta. O s egundo grupo de
comportamentos sérios, chamado de comportamentos perturbados não abertos, constitui a preocupação
dos profissionais de nutrição porque abrangem comportamento relacionados à imagem corporal precária;
alimentação desordenada, como comer em excesso, bulimia e realização constante de dietas; medo de
perda do controle sobre a alimentação; estresse emocional e idéias de suicídio.
Imagem corporal
Desenvolver uma imagem corporal – a imagem do próprio físico que pode ser a de um corpo
adulto – é uma tarefa intelectual e emocional que é mesclada a considerações nutricionais. Os
adolescentes sentem-se desconfortáveis com as alterações rápidas de seus corpos, e ao mesmo tempo,
querem ser como seus colegas mais perfeitos e ídolos culturais. Seu senso de valor pode ser derivado dos
sentimentos sobre seus próprios atributos físicos, uma característica pessoal que os torna vulneráveis a
distorções graves, caso se desenvolva um distúrbio de alimentação.
O rápido ganho de peso que acompanha o desenvolvimento das características sexuais
secundárias faz com que muitas jovens restrinjam desnecessariamente a quantidade de alimentos que
consomem. Os meninos são tentados a usar suplementos nutricionais, esperando atingir a aparência
muscular de adultos. A importância dos adolescentes se encaixarem, tendo imagens corporais que
acreditam os ajudará a se adaptarem não podem ser negligenciada no aconselhamento nutricional.
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
Durante a adolescência, a alimentação balanceada é tão importante quanto na primeira infância,
pois além de satisfazer as elevadas necessidades de nutrientes durante esta fase, ela serve também para
criar e manter bons hábitos alimentares para o resto da vida.
Neste período podem aparecer novos hábitos de consumo explicáveis por motivos psicológicos,
sociais e socio-econômicos, pela influência de amigos, rebeldia contra os controles exercidos pela família,
busca de autonomia e identidade, aumento do poder de compra, hábito de preparar rotineiramente seu
próprio alimento, a urbanização e o costume de comer fora de casa. Estes novos padrões alimentares
podem repercutir, a longo prazo, na saúde futura do indivíduo maduro e na escolha posterior dos
alimentos.
Determinantes do comportamento alimentar do adolescente
Objetivo único de aliviar a fome. Não possui, muitas vezes, a percepção de que o alimento é
fonte de energia e nutrientes indispensáveis ao crescimento, desenvolvimento, desempenho presente e
futuro;
A necessidade de aceitação grupal é muito importante para os jovens, que consequentemente
adequarão seus padrões alimentares às expectativas do grupo, deixando-se influenciar pelos outros.
Muitos adolescentes desenvolvem preocupações ligadas ao corpo e à aparência. Excessos e
restrições se fazem então presentes, tendo em vista imagens idealizadas, às vezes irreais;
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
O fácil acesso e incentivo da propaganda ao consumo de refeições rápidas (lanches ou produtos
industrializados) podem também modificar o hábito alimentar do adolescente.
Em função de numerosas atividades exercidas pelo jovem durante o dia, resta pouco tempo
para o planejamento das refeições e escolha dos alimentos. Os hábitos alimentares dos adolescentes são
caracterizados por omissão freqüente de refeições, ou ingestão de alimentos inadequados, muitos lanche s,
dietas de moda e restrição alimentar.
Excesso no consumo de gordura, sal e colesterol também são comuns nos adolescentes. As
meninas consomem em média menor quantidade de alimentos e são mais propensas a ter menor ingestão
de vitaminas e minerais que os meninos. Os alimentos devem ser selecionados cuidadosamente para
atingir as recomendações.
Rápidos aumentos de peso relacionados ao desenvolvimento de características sexuais
secundárias podem levar muitas mulheres jovens, que não adotaram uma imagem corporal madura, a
restringir desnecessariamente a quantidade de comida que ingerem. Homens jovens, por outro lado, são
tentados a usar suplementos nutricionais, esperando obter a aparência muscular de adulto.
Os jovens, muitas vezes são considerados um grupo de risco justamente por seus maus hábitos
alimentares: muitas vezes deixam de fazer o café da manhã, pulam algumas refeições e as substituem por
lanches, consomem alimentos industrializados e refrigerantes em grande quantidade. O aumento da
freqüência de excesso de peso e obesidade observado entre os adolescentes é preocupante, assim como o
hábito de fazer regime para emagrecer, especialmente entre as meninas, que pode determinar níveis de
ingestão inferiores ao recomendado.
Energia
Existe uma variabilidade marcante para as necessidades estimadas de energia entre os sexos
masculino e feminino em razão das variações na taxa de crescimento e de atividade física. As necessidades
de energia dos adolescentes são projetadas para manter a saúde, promover o crescimento e a maturação e
suportar um nível desejável de atividade física. É importante garantir energia adequada para o crescimento.
Os adolescentes que limitam sua ingestão de energia ou têm questões sobre segurança alimentar que
limitam sua ingestão de energia podem limitar o seu crescimento adulto final.
Para determinar a ingestão adequada de energia (em kcal), a avaliação da atividade física é
necessária. As necessidades de energia permitem quatro níveis de atividade ( sedentário, pouco ativo, ativo
e muito ativo). Esta atividade física reflete a energia gasta nas atividades além das atividades da vida diária.
Veja as tabelas abaixo.
NECESSIDADES ESTIMADAS DE ENERGIA PARA ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO
IDADE
PESO DE
REFERÊNCIA (Kg)
ALTURA DE
REFERÊNCIA (m)
10
11
12
13
14
15
16
17
18
31,9
35,9
40,5
45,6
51,0
56,3
60,9
64,6
67,2
1,39
1,44
1,49
1,56
1,64
1,70
1,74
1,75
1,76
NECESSIDADES ESTIMADAS DE ENERGIA (Kcal/dia)
POUCO
MUITO
SEDENTÁRIO
ATIVO
ATIVO
ATIVO
1601
1875
2149
2486
1691
1985
2279
2640
1798
2113
2428
2817
1935
2276
2618
3038
2090
2459
2829
3283
2223
2618
3013
3499
2320
2736
3152
3663
2366
2796
3226
3754
2383
2823
3263
3804
Dados do Institute of Medicine, Food and Nutrition Board: Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber,
fat, fatty acids, cholesterol, protein, and amino acids, Washington, DC, 2002, National Academies Press.
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
NECESSIDADES ESTIMADAS DE ENERGIA PARA ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO
IDADE
PESO DE
REFERÊNCIA (Kg)
ALTURA DE
REFERÊNCIA (m)
10
11
12
13
14
15
16
17
18
32,9
37,2
40,5
44,6
49,4
52,0
53,9
55,1
56,2
1,38
1,44
1,49
1,51
1,60
1,62
1,63
1,63
1,63
NECESSIDADES ESTIMADAS DE ENERGIA (Kcal/dia)
POUCO
MUITO
SEDENTÁRIO
ATIVO
ATIVO
ATIVO
1470
1729
1972
2376
1538
1813
2071
2500
1798
2113
2428
2817
1617
1909
2183
3640
1718
2036
2334
3831
1731
2057
2362
2870
1729
2059
2368
2883
1710
2042
2353
2871
1690
2024
2336
2858
Dados do Institute of Medicine, Food and Nutrition Board: Dietary reference in takes fo r en ergy, carbohydra te, fiber,
fat, fatty acids, cholesterol, pro tein, and amino acids, Washington, DC, 2002, National Academies Press.
Proteínas
Durante a adolescência, as necessidades de proteína, como as de energia, se correlacionam mais
estreitamente ao padrão de crescimento do que com a idade cronológica. Os DRI de 2002 para proteína são
baseadas na quantidade de proteína necessária para o crescimento e o balanço positivo de nitrogênio. As
DRI fornecem as necessidades médias estimadas (EAR) e as recomendações nutricionais (RDA). As DRI
recomendam utilizar a EAR quando se avalia a ingestão de nutrientes de grupos de adolescentes. A EAR
fornece a ingestão adequada para 50% da população. A RDA é recomendada para ser usada quando se
avalia a ingestão de um indivíduo.
Proteína: Necessidades médias estimadas e recomendações nutricionais para adolescentes
IDADE
9 – 13
14 – 18
Meninos
Meninas
EAR* (g/Kg/dia)
0,76
RDA** (g/Kg/dia)
0,95 ou 34 g/dia
0,73
0,71
0,85 ou 52 g/dia
0,85 ou 46 g/dia
* EAR = Necessidades Médias Estimadas
** RDA = Recomendações Nutricionais. Baseadas no peso médio para idade
Dados do Institute of Medicine, Food and Nutrition Board: Dietary reference in takes fo r en ergy, carbohydra te, fiber,
fat, fatty acids, cholesterol, pro tein, and amino acids, Washington, DC, 2002, National Aca demies Press.
A ingestão insuficiente de proteína é rara na população adolescente. Todavia, se a ingestão de
energia for inadequada por qualquer razão (por exemplo, problemas de segurança alimentar, enfermidade
crônica, tentativas de perder peso), a proteína dietética pode ser usada para atender às necessidades de
energia e, portanto, será indisponível para a síntese de tecido novo ou para reparo tecidual. Isto pode
resultar em um estado insuficiente de proteína, o qual levará à redução na taxa de crescime nto e na massa
corporal magra.
As ingestões excessivas de proteína também podem ter um impacto sobre o estado nutricional.
Por exemplo, uma alta ingestão de proteínas pode interferir no metabolismo de cálcio e aumentar as
necessidades de fluídos. Estas necessidades de fluídos podem colocar os atletas em alto risco de
desidratação.
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
Vitaminas e Minerais
Os micronutrientes desempenham um papel importante no crescimento e saúde dos
adolescentes. O consumo inadequado de frutas e hortaliças tem sido ligado a certos tipos de câncer e
outras doenças. As recomendações nacionais indicam um consumo maior de frutas e hortaliças por suas
contribuições de vitaminas, minerais e fitonutrientes.
Ingestões inadequadas causam um tremendo impacto sobre a quantidade de vitami nas e minerais
necessários para o crescimento. Os adolescentes incorporam duas vezes mais cálcio, ferro, zinco e
magnésio em seus corpos durante os anos de seu estirão de crescimento do que em outros períodos.
Cálcio
Em função dos desenvolvimentos muscular, esquelético e endócrino acelerados, as necessidades
de cálcio são maiores durante a puberdade e adolescência que na infância ou fase adulta. No pico do
estirão de crescimento, a deposição diária de cálcio pode ser duas vezes a deposição média durante o resto
do período da adolescência. Na realidade, 45% da massa esquelética é adicionado durante a adolescência.
A DRI para Cálcio é 1.300mg para todos os adolescentes, mas nem todos os adolescentes
conseguem atingir essa recomendação devido ao alto consumo de refrigerantes, devido ao fato da
substituição do leite pelo mesmo. Estima-se que 9% da ingestão calórica total dos adolescentes do sexo
masculino e 8% da ingestão calórica total do sexo feminino pode ser atribuída pelo consumo de
refrigerante.
O risco de desenvolver osteoporose depende parcialmente de quanta massa óssea é construída
no início da vida. As meninas constroem 92% de sua massa óssea em torno dos 18 anos de idade, mas uma
ingestão inadequada de cálcio pode limitar seu crescimento ósseo final. Pesquisas apontam que quanto
maior o consumo de refrigerante, maior o risco de desenvolver osteoporose.
Ferro
Todos os adolescentes têm altas necessidades de ferro. A construção da massa muscular nos
meninos é acompanhada de maior volume sanguíneo; as meninas perdem ferro mensalmente com o início
da menstruação. Durante períodos rápido crescimento, os adolescentes com freqüência possuem baixas
concentrações séricas de hematócritos ou hemoglobina. A maioria desses adolescentes possui reservas
adequadas de ferro mas, em vista do rápido crescimento e aumento significante na massa corporal magra,
seu ferro circulante pode ser baixo. Esta condição é chama da de uma anemia fisiológica do crescimento.
Durante a adolescência, a anemia secundária à deficiência de ferro pode prejudicar a resposta imunológica
e diminuir a resistência à infecção. A anemia por deficiência de ferro também pode afetar o aprendizado,
conforme evidenciado por estudos que mostram que crianças e adolescentes com anemia têm problemas
com memória de curto prazo.
Zinco
Sabe-se que o zinco é essencial para o crescimento e maturação sexual. Apesar dos níveis
plasmáticos de zinco declinarem durante o desenvolvimento puberal, a retenção de zinco aumenta
significativamente durante o estirão de crescimento. Esta utilização aumentada pode levar ao uso mais
eficiente de fontes dietéticas. Entretanto, a ingestão limitada de alimentos que contêm zinco pode afetar o
crescimento físico, assim como o desenvolvimento de características sexuais secundárias.
Planejamento Alimentar 2009
Profª Vivian Pupo de Oliveira Machado
Ácido fólico
As recomendações para ácido fólico foram aumentadas em 1998 (DRI) para 400µg/dia. Este
aumento foi projetado para reduzir o risco de defeito do tubo neural em mulheres capazes de
engravidarem. Antes da fortificação do alimento com ácido fóli co, a ingestão média de folato era
aproximadamente 250µg/dia. Por força da Lei de Fortificação Alimentar ( Food Fortification Act de
01/01/1998), espera-se que a ingestão de ácido fólico aumente.
Como os outros nutrientes, as necessidades de vitaminas são primariamente determinadas por
um grau de maturidade física do indivíduo, ao invés de idade cronológica, devido a demandas variáveis de
crescimento. Os adolescentes que fazem dietas, apresentam um distúrbio alimentar ou doença crônica, ou
fazem consistentemente escolhas alimentares precárias, são as exceções a essa regra.
Uso de Suplementos pelos Adolescentes
A declaração da posição da American Dietetic Association com relação à suplementação de
vitaminas e minerais afirma que o consumo de uma ampla variedade de alimentos é preferida à
suplementação nutricional como um método para obter as vitaminas e minerais necessários (American
Dietetic Association, 2001). Apesar dessa recomendação, os estudos mostram que os adolescentes não
consomem os alimentos ricos em nutrientes e normalmente têm ingestões inadequadas de muitas
vitaminas e minerais.
Os resultados da Pesquisa Contínua de Consumo Alimentar dos Indivíduos de 1994 mostrou que
apenas 15,6% dos adolescentes relataram o uso diário de suplementos e 8,2% relataram uso menos
frequente. Os adolescentes que usavam suplementos tinham ingestões dietéticas médias maiores da
maioria dos micronutrientes e carboidratos e ingestões menores de gordura total e saturada do que
aqueles que não tomavam suplementos. Mais de 1/3 de todos os adolescentes tinham ingestões dietéticas
de vitamina A e E, cálcio, zinco que eram menores do que 75% da RDA do USDA. Além disso, 35% dos sexo
feminino que não usavam suplementos consumia quantidades inadequadas de todos os micronutrientes no
estudo. É evidente que a prevenção e os programas de educação são necessários para melhorar as
ingestões dietéticas dos adolescentes – programas que promovam as ingestões alimentares apropriadas e
o uso de alimentos fortificados e suplementos, conforme seja necessário.
Download

Planejamento Alimentar