ESTÁGIO EXTRA-CURRICULAR E SEUS REFLEXOS NA FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR Paulo Sergio Ceretta Faculdade de Ciências Administrativas - UFSM Professor Assistente Santa Maria (RS) Marcelo Trevisan Faculdade de Ciências Administrativas Acadêmico do Curso de Administração Floriano Peixoto, 1 184 Santa Afaria (RS) Fone (055) 222 3444 R 296 Glenara Charão de Melo Faculdade de Ciências Administrativas Acadêmica do Curso de Administração Santa Maria (RS) 1 - INTRODUÇÃO Em nossas dias, é cada vez maior o número de estudantes de todas as áreas do ensino superior, que preocupados com uma sólida e diferenciada formação acadêmica, buscam maneiras de se tomarem mais competitivos no mercado profissional dentre estas podemos citar: § domínio de ao menos uma língua estrangeira; § conhecimentos em informática; § estágios extra-curriculares § viagens, seminários, projetos de pesquisas, trainees etc. Assim o perfil ideal de um profissional em Administração é uma abstração formada a partir das exigências de novas interpretações das abordagens administrativas já existentes e também da necessidade de compreensão dos novos campos do conhecimento humano (Silva, 1995). 2 - OBJETIVOS DA PESQUISA 2.1 - Objetivo Geral Com a presente pesquisa foram analisadas as influências da realização de estágios extra-curriculares para a formação profissional do acadêmico do curso de Administração da Universidade Federal de Santa Maria. 2.2 - Objetivos Específicos Os objetivos específicos para a operacionalização do objetivo geral foram os seguintes: § detectar o pedi do estudante estagiário; § detectar o pedi da empresa cedente do estágio; § analisar a natureza das tarefas desenvolvidas no estágio; § identificar as influências no rendimento escolar do estágio; § determinar os motivos que levaram os estudantes a procurarem esta atividade; § detectar as principais dificuldades encontradas pelo estagiário dentro da empresa 3 - BASE TEÓRICO-EMPÍRICA Uma constatação facilmente observável em todas as relações de troca seja de produtos ou prestação de serviços, é a inexistência de espaço para amadores no contexto mundial anual. Embora o emprego ainda seja uma necessidade dos empregados e empregadores, ele está deixando de ser sinônimo de estabilidade e segurança. Os funcionários estão sendo substituídos de forma ampla e crescente por máquinas que elevam a produtividade com menores custos. Diante deste panorama, o mercado de trabalho exige pessoas profissionais para que exerçam funções pensantes, que acompanhem a nova ordem econômica e social vigente e que saibam agir de forma eficaz, pois as modificações a nível mundial são rapidamente sentidas nas organizações Prova desta realidade podem ser verificadas nos altos índices de demissões ocorridas em vários países do mundo (FRANCO, 1996). Constatase que o padrão de empregados está mudando porque as empresas estão mudando. Já não é suficiente um bom diploma de graduação, e os jovens recém saídos dos estabelecimentos de ensino superior enfrentam dificuldades em obterem seu primeiro e tão esperado emprego. Percebe-se que unicamente a formação recebida em bancos escolares é insuficiente para um destacado e bom futuro cargo, especialmente àqueles que se preparam para exercer atividades de administradores profissionais. Segundo Ricardo Semler (1988,p.180), para destacar a importância da prática e da experiência empresarial, afirma que os graduados em administração deveriam passar por uma fase de desaprendizado: esquecer parte do que lhes ensinaram nas escolas e adquirir humildade para um novo aprendizado no dia-a-dia da empresa. Paulo Mota (1992, p. 51j, em seu livro "Gestão Contemporânea", observa que para Matthew Cullingan e seus companheiros, o administrador deve ser mais do que racional em termos de conhecimento e raciocínio deve saber combinar mente, corpo e emoções. Mas para encontrar soluções e alternativas á estas questões não depende somente de se ser racional, parar, pensar e analisar; é preciso, também experimentar, ensaiar e, acima de tudo, agir num processo de aprendizado organizacional constante. É fácil admitir que as empresas são complexas e dinâmica, difícil é agir e ser eficiente nesta realidade. É necessário entender que as organizações convivem com acontecimentos que não se adaptam às regras e aos esquemas; consequentemente as normas se apresentam insuficientes e limitadas para a condução dos negócios (MOTTA, 1992). Uma parcela significativa dos estudantes de administração no Brasil, parece já ter despertado para esta percepção, seja de maneira independente seja por orientação de professores e pessoas mais experientes. Por mais que um mestre se esforce e se dedique, ele jamais conseguirá transmitir ao futuro administrador o que este encontrará dentro de uma organização. A formação teórico-formativa característica da instituição escolar, é uma parte do espaço social que oferece experiências e informações ao estudante. A outra parte está localizada no objeto de estudo destes cursos: a empresa. Conforme questiona Botelho (1991, p. 48), que outra solução têm as empresas a não ser a de serem, ou de se tomarem, verdadeiras e eficazes escolas de líderes ?. É nesse contexto que encontramos acentuada a importância das experiências nas empresas que um acadêmico vivencia em sua formação profissional. Com a Resolução n° 02, de 04/10/93 do Conselho Federal de Educação, todo aluno matriculado num curso de administração nas instituições de Ensino Superior no pais, deverá realizar um estágio supervisionado de 300h/aula. Muitos estudantes no entanto, vão além desta exigência e realizam os chamados estágios extracurriculares. De acordo com a Lei n° 6.494, de 07/12/77, em seu artigo 1°, parágrafo 2° consta o seguinte: "Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares, a fim de se constituírem em instrumentos de integração, em termas de treinamento prático, de aperfeiçoamento técnico-cultural, científico e de relacionamento humano". Na prática, um estágio desta natureza traz benefícios para o estudante, para a escola e para a própria empresa que oportuniza a sua realização. Como principais vantagens para o estudante um estágio deve: § servir como elemento motivador ao estudo; § ser um facilitador no processo de assimilação das matérias teóricas; § incentivar o censo critico e estimular a criatividade e § facilitar a transição da vida estudantil para a vida profissional. Para a instituição de ensino o estágio cria a oportunidade de: § divulgar a qualidade de ensino da instituição; § renovação/aperfeiçoamento nos conteúdos das disciplinas e § complementação didática dos currículos. Como beneficias que a empresa cedente do estágio deverá receber temos: § espírito de criatividade das novas gerações de estudantes; § divulgação e assimilação de novas tecnologias e § redução de custos com treinamento. Diante do exposto, viu-se par bem organizar a seguinte metodologia para colaborar na concretização dos objetivos propostos. 4 – ASPECTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa, realisada no primeiro semestre de 1996, pode ser considerada como uma pesquisa de campo, pois observa os fatos tal como ocorrem, sem qualquer intervenção cientifica. Onde as principais variáveis analisadas são: § perfil do estagiário; § perfil do estágio; § características das atividades desenvolvidas no estágio; § perfil da empresa que concede o estágio e § influências na formação do acadêmico. Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi tomado como amostra todos os alunos regularmente matriculados no curso de Administração (diurno e noturno) da UFSM, que tenham cursado no mínimo um semestre letivo e que realizaram ou estão realizando algum tipo de estágio extra-curricular. O instrumento de coleta de dados que foi utilizado nesta pesquisa, constitui-se de um questionário elaborado com perguntas mistas, ou seja, contém tanto perguntas abertas como perguntas fechadas. Para a análise dos dados foram considerado aspectos quantitativos bem como qualitativos da informações obtidas. 5 - APRESENTAÇÃO DOS DADOS Os dados que serão apresentados na seqüência estão subdivididos em sete partes, enfatizando-se a relação entre a realização de estágios extra-curriculares pelos alunos do Curso de Administração de Universidade Federal de Santa Maria, e as influências destas atividades pata a formação profissional do acadêmico. Inicialmente, discorre-se os dados referentes a faixa etária, o sexo, o rumo e o semestre cursado pelos estagiários, caracterizando-se o perfil dos mesmos. A seguir divulga-se o tipo de empresa que possibilitou o estágio. A terceira pane relata dados referentes a duração, jornada de trabalho semanal, remuneração e razões que motivaram a procura pelo estágio. A quarta parte analisa a natureza das tarefas desenvolvidas pelos alunos e o planejamento do estágio. Na seqüência, verifica-se os resultados da pesquisa em relação as avaliações e treinamentos a que o estagiário foi submetido e a possibilidade ou não de sua efetivação na empresa. Na sexta parte, analisa-se os reflexos do estágio no rendimento escolar dos futuros profissionais. E finalmente, evidencia-se os dados sobre as principais dificuldades enfrentadas no decorrer do estágio. 5.1- Faixa Etária, Sexo, Turno e Semestre Cursado A Tabela 0l apresenta a faixa etária dos alunos pesquisados do Curso de Administração da UFSM, que realizaram ou estão realizando estágios extra-curriculares. Verifica-se que prevalece os estagiários com até 21 anos. Na faixa compreendida de 22 a 24 anos e de 25 a 27 anos, estão 30 e 9% dos respondentes, respectivamente. Constata-se também que 3% dos pesquisados têm entre 28 e 30 anos e os outros 3% possuem mais de 30 anos. Até 21 anos 22 a 24 anos 25 a 27 anos 28 a 30 anos Mais de 30 anos Total Tabela 01 - Faixa Etária 36 20 06 02 02 66 55 30 9 3 3 - Os dados referentes ao sexo dos alunos estagiários demonstram que 67% são do sexo feminino, enquanto que somente 33% são do sexo masculino. Verifica-se ainda, que o turno diurno contém 70% dos respondentes e que apenas 30% dos pesquisados estudam à noite. Quanto ao semestre cursado, ou em curso ao iniciar o estágio, 6% dos alunos estavam cursando até o 3° semestre, 46% dos estagiários estavam entre o 4° e o 6° semestres, 12% estavam estudando além do 6° e 36% cursavam disciplinas de diversos semestres. Estes dados refletem a predominância no curso noturno de alunos que já estão estabelecidos em seus empregos e que não possuem condições de realizarem um estágio desta natureza. Percebe-se também que a maioria dos estudantes iniciam o estágio da metade do curso em diante. 5.2 - Tipo de Empresa que Possibilitou o Estágio Em relação ao tipo de empresa que possibilitou o estágio, verificou-se que 83% são empresas dó setor público ou de economia mista, restando 14% e 3% para as empresas do setor privado e entidades filantrópicas, respectivamente Perguntou-se também como poderia se enquadrar a empresa quanto ao seu ramo de atividade, obtendo-se os seguintes resultados de acordo com o Gráfico 01: 77% eram de instituições financeiras (bancos), 5% eram de assessoria empresarial, 3% eram empresas da construção civil, outros 3% eram compreendidos por empresas comerciais e 12% eram empresas de outras atividades. Estes dados permitem concluir que a maioria dos alunos de Administração da UFSM, realiza seu estágio em instituições bancárias, por ser o setor que oferece o maior número de vagas para esta atividade. Constata-se ainda que, apesar do comércio ser bastante desenvolvido em Santa Maria, a oferta de estágios neste setor é pequena para os futuros profissionais da área administrativa. No que se refere á indústria, percebe-se a inexistência de oportunidades de estágios neste ramo, fato este que pode estar relacionado ao reduzido número de empresas industriais na cidade. Gráfico 01 - Ramo de Atividade da Empresa 80% 77% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 3% 3% 5% 12% 0% Bancos Comércio Construção Assessoria Civil Empresarial Atividade Outros 5.3 - Duração, Jornada de Trabalho Semanal, Remuneração e Razões que Motivaram a Procura pelo Estágio. No que se refere ao tempo de duração do estágio, constatou-se que 83% dos mesmos são de um ano renovável por mais um, 6% são de apenas um semestre, 3% têm duração de um semestre renovável por mais um, e 2% dos estágios têm duração de um semestre renovável por mais três; um percentual de 6% dos alunos entrevistados não responderam o tempo de duração de seus estágios. Quanto à jornada de trabalho semanal desenvolvida pelos estagiários, os dados pesquisados evidenciam que 82% passam de 21 a 30 horas por semana na empresa, 12% trabalham de 6 a 20 horas e 6% possuem um estágio de 31 a 40 horas semanais. O questionário demonstra ainda que, 77% dos alunos pesquisados possuem uma remuneração que varia entre 2,1 a 4 salários mínimos, 20% recebem até 2 salários mínimos e apenas 1,5% recebem acima de 4 salários mínimos, sendo que outros 1,5% não possuem nenhuma remuneração em seu estágio. Com base nos resultados obtidos quanto aos motivos da realização do estágio, e de acordo com a Tabela 02, pode-se constatar que 56% dos respondentes afirmaram que realizam ou estão realizando o estágio para um maior desenvolvimento profissional, para 50% dos acadêmicos o estágio é necessário por causa da bolsa-auxílio, já para outros 18% a atividade visa aproveitar melhor o tempo, e somente 2% afirmaram que buscaram o estágio por outros motivos. Observa-se que a soma dos percentuais ultrapassa 100%, isto acontece pelo rato de ter sido aceito a mais de uma única alternativa como resposta. Tabela 02 - Motivos para Realização do Estágio Motivo Desenvolvimento Profissional Necessidade de bolsa-auxílio Aproveitar melhor o tempo Outros Tabela 02 – Motivos para Realização do Estágio Absoluto 37 33 12 1 Relativo 56 50 18 2 Tais dados confirmam a principal finalidade de um estágio extra-curricular, que é o desenvolvimento profissional do acadêmico, mas o elevado índice de procura de estágios por necessidade da bolsa-auxílio vem refletir a atual conjuntura econômica do país. 5.4 - Natureza das Tarefas Desenvolvidas e o Planejamento do Estágio Neste segmento buscou-se verificar quais as tarefas desenvolvidas pelos estagiários nas empresas e a exigência da elaboração de um plano de estágio por parte do aluno, ou seja, um planejamento das atividades a serem executadas, bem como as etapas ou fases do estágio com objetivos a serem alcançados. Em relação à natureza das tarefas desenvolvidas pelos estagiários, conforme Tabela 03, 85% responderam que realizaram ou realizam atividades de digitação de documentos, separação e conferência de papéis, enquanto que 9% prestavam ou prestam apoio à programas de desenvolvimento gerencial, planejamento e/ou elaboração de projetos empresariais, e outros 6% trabalhavam ou trabalham com cálculo de impostos, preenchimento de formulários, compra e venda de mercadorias. Atividade Cálculo de impostos, preenchimento de formulários, compra e venda de mercadorias Digitação de documentos, separação e conferência de papéis Apoio a programas de desenvolvimento gerencial, planejamento, elaboração de projetos Assessoria para outras empresas Total Tabela 03 – Tarefas Desenvolvidas Absoluto Relativo 4 6 56 85 6 9 0 66 0 100% Quanto ao planejamento da atividade, observou-se que, de 92% dos acadêmicos não foi exigida nenhuma elaboração de plano de estágio, e somente 8% dos pesquisados afirmaram que necessitam planejar as atividades a serem desenvolvidas durante a realização do mesmo. O elevado percentual de atividades relacionadas a digitação, separação e conferência de documentos (85%), vem a confirmar os dados do Gráfico 01, onde a maioria dos estágios são realizados em instituições bancárias, mesmo que estas atividades possuam pouca relação direta para a aplicação da teoria aprendida em sala de aula. 5. 5 - Avaliação, Treinamento e Possibilidade de Efetivação A Tabela 04, exposta a seguir, relaciona dados sobre a avaliação do aluno durante o estágio, a existência ou não de um treinamento adequado, se houve orientação por pane de professores da UFSM, e a possibilidade de efetivação na empresa. Você foi avaliado formalmente durante o estágio Caso a avaliação não tenha apresentado resultados positivos, a empresa colocou treinamento à disposição Você recebe orientação de algum professor, durante a realização do estágio Há possibilidade de efetivação na empresa Tabela 04 – Desenvolvimento do Estágio 47 71 19 29 11 35 20 65 01 02 65 98 09 14 57 86 No que se refere a avaliação formal durante o estágio, um percentual de 71% dos alunos entrevistados responderam que foram submetidos a este processo. Um fato preocupante ocorre quando a avaliação não obtém resultados positivos, pois 65% das empresas não oferecem um treinamento adequado para uma maior eficiência dos estagiários. Vale ressaltar que 98% dos alunos que realizam estágios extra-curriculares, não recebem qualquer orientação e acompanhamento por pane dos professores da faculdade durante a realização da atividade. Constatou-se que, quanto á possibilidade de efetivação do aluno na empresa cedente do estágio, um percentual de 86% dos respondentes afirmaram que inexiste esta condição. Através da análise destes dados, percebe-se que o aluno estagiário sofre uma carência quanto ao acompanhamento desta atividade extra-curricular tanto por parte da empresa cedente, quanto por parte de seus professores. 5.6 - Influência no Rendimento Escolar Neste segmento analisaremos o objetivo geral desta pesquisa, que constitui-se na verificação das influências do estágio extra-curricular na formação profissional do acadêmico do Curso de Administração da UFSM. De acordo com o Quadro 0l, evidencia-se que o maior reflexo dos estágios extra-curriculares no rendimento acadêmico do aluno refere-se a dificuldade de acompanhar as atividades didáticas e uma conseqüente redução das notas, atingindo um percentual de 62% dos entrevistados. Um índice de 52% dos alunos responderam que diminuiu o tempo destinado ao estudo. Já 47% afirmaram que obtiveram uma maior participação e assimilação dos conteúdos em sala de aula. Para 32% dos respondentes ocorreu um aumento do interesse pela Administração Outros 14% dos estagiários responderam que não houve qualquer alteração significativa em sua formação profissional. Em a relação ao aumento da assiduidade e melhoramento das notas, 12% dos acadêmicos afirmaram que alcançaram este resultado ao longo da realização do estágio. Por fim, para 5% e 3% dos entrevistados, respectivamente, aumentou o tempo destinado ao estudo e sentiram outras influências em sua formação profissional. Percebe-se que a soma dos percentuais ultrapassa 100%, isto ocorre pelo rato de se aceitar a escolha de mais do que uma única alternativa como resposta. Dificuldade de acompanhar as atividades didáticas e redução das notas Diminuiu o tempo destinado ao estudo Maior participação e assimilação dos conteúdos Aumentou o interesse pela administração Não houve qualquer alteração significativa Aumentou a assiduidade e malhorou as notas Aumentou o tempo destinado ao estudo Outros Quadro 01 – Influência do Estágio na Formação do Administrador 41 62 34 31 21 9 8 3 2 52 47 32 14 12 5 3 Com a apresentação destes dados é fácil verificar que uma grande maioria dos estagiários encontram dificuldades didáticas devido a realização dos estágios. 5.7 - Dificuldades Encontradas ao Longo do Estágio Pesquisou-se também, quais as principais dificuldades encontradas pelos alunos no decorrer do estágio. Conforme a Tabela 05, 44% dos estagiários enfrentaram problemas com a chefia e/ou supervisores quanto a comunicação, autoritarismo e perseguição. Para outros 44% dos entrevistados, a maior dificuldade está na falta de treinamento para o desempenho das funções. Enquanto que 6% responderam que encontraram problemas com a inexistência de horário fixo para trabalhar, e por fim, outros 6% , sentiram a falta de conhecimento prévio das atividades a serem desenvolvidas. Problemas com a chefia/supervisores quanto autoritarismo, perseguição. Falta de treinamento Não há horário fixo Falta de conhecimento prévio das atividades Total Tabela 05 – Principais Dificuldades Encontradas a comunicação, 7 44 7 1 1 16 44 6 6 100 Estes dados deixam transparecer a deficiência que muitos profissionais em cargos de liderança apresentam, bem como estudantes - que estão se preparando para trabalharem em organizações compostas por permanentes relações humanas - quanto á dificuldade de comunicação e diálogo, através da troca de idéias e ponderação do valor das opiniões alheias. É possível, também, ratificar a necessidade que as empresas têm, de investirem mais no treinamento e aperfeiçoamento para maior eficiência de seus estagiários. CONCLUSÃO De uma maneira geral o presente estudo permitiu concluir que as influências da realização do estágio extra-curricular para a formação profissional do acadêmico do Curso de Administração da UFSM - RS, podem ser sintetizadas da seguinte forma: § É visível que a grande maioria dos estágios estão sendo desenvolvidos no setor bancário, em atividades que apresentam pouca ou nenhuma influência no desenvolvimento gerencial de futuros profissionais em administração, ou seja, favorecem apenas o desenvolvimento de habilidades operacionais, burocráticas e repetitivas; § Em relação a influência no desenvolvimento do futuro profissional, em termos de atividades didáticas, fica claro que o realização do estágio extra-curricular deixa a desejar. Na grande maioria dos casos os acadêmicos estão tendo problemas para alcançarem um bom desempenho; § Outra questão preocupante, è que quase todos os entrevistados, afirmaram que não foi necessário o planejamento de suas atividades antes da realização do estágio extra-curricular, o que fere um principio básico da administração científica de Taylor (1856 - 1915), considerado por muitos como superada. Esses fatores evidenciam claramente a necessidade que há de se questionar, não a validade do estágio extra-curricular, mas sim os moldes em que os mesmos estão sendo desenvolvidos, buscando uma maior integração dos três elementos essenciais para este tipo de atividade: Empresa - Aluno - Escola, para um melhor aproveitamento tanto teórico como empírico BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Apresentação de citações em documentos NBR-10520. Rio de Janeiro, 1990. 2 p. BOTELHO, Eduardo F. Do Gerente ao líder: a evolução do profissional. 2° ed. São Paulo: Atlas, 1991. 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