Editorial
O movimentado centenário do ano de ouro da ciência
O ano de 2005 celebra o centenário do ano
de ouro da ciência. Há exatos 100 anos, Einstein
formulou sua mais famosa teoria e desencadeou
uma série de transformações científicas para a
humanidade. Einstein dizia que “viver é como
andar de bicicleta, para manter o equilíbrio, é
preciso continuar se movendo”. E no século
XX, principalmente a partir da segunda metade,
houve um movimento acelerado. O centenário
ficou conhecido como aquele no qual o homem
mais avançou cientificamente. Desde a invenção
da penicilina até o desvendamento do genoma
humano, o homem desfrutou de descobertas que
lhe trouxeram melhor qualidade de vida, aumentaram sua expectativa de existência, abrandaramlhe o sofrimento físico e, de quebra, solucionaram
muitos dos mistérios da vida.
Quando pensamos sobre tudo isso, destacamos
um aspecto importante: salvo algumas exceções
- toda descoberta surgiu da pesquisa científica e
todo benefício foi testado à exaustão antes de ser
utilizado. O meio acadêmico, por seu envolvimento com o ensino e suas extensões, sempre proveu
situações favoráveis à pesquisa, ao intercâmbio
e à prática docente, sendo conseqüentemente
o berço dos maiores cientistas do mundo. No
Brasil, a Universidade é ainda a maior geradora
de pesquisas científicas e, ultimamente, apresenta
uma sintonia maior com a indústria. Esperamos
que essa aproximação se traduza em agilidade
para transformar a pesquisa em conhecimento
aplicável e útil para a comunidade.
No que tange as comemorações desse ano
para a ciência, devemos incluir a discussão sobre a
relevância da pesquisa acadêmica para a sociedade
em geral. Fazer pesquisa apenas para cumprir as
exigências legais da faculdade, optando por um
modelo já existente, é no mínimo falta de interesse
pala ciência.Apesar de muitos sucumbirem diante
da ineficácia dos laboratórios e equipamentos, da
escassez de pessoal especializado, além da falta de
verbas para a ciência nacional, há muito que se
possa fazer quando o foco passa a ser a aplicação
da pesquisa. Por exemplo, uma pesquisa que não
acrescenta conhecimento à prática da Ortodontia,
pode ser descartada ainda quando projeto acadêmico. É preciso que nossos mestres ajam com rigor
e, principalmente, com abnegação para orientar
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
seus pupilos no sentido de trazerem, senão novidades transformadoras, informações que tornem
a escolha do tratamento ortodôntico mais segura
para os clínicos e seus pacientes. Negar essa necessidade é desvalorizar o poder que a sociedade
em geral transfere para essas instituições.
Muitos temas como o crescimento, o desempenho de novos materiais, a biologia que envolve
a movimentação dentária, reações morfológicas
da face diante de determinados tratamentos são
assuntos que, embora pareçam batidos, ainda aperfeiçoam as soluções para o cotidiano do ortodontista. Claro que a idealização de técnicas biológicas
revolucionárias e pesquisas genéticas abrangendo
o contexto das más oclusões comporão, quiçá,
um futuro próximo. Enquanto aperfeiçoa-se a
tecnologia, novidades e descobertas devemos acreditar nas soluções que temos à mão, tornando-as
plenamente claras.
Na concepção dessa edição levamos todos esses
aspectos em consideração.Abordando a tecnologia
e, em especial, a informática na Ortodontia, nossa
entrevista traz a palavra do Dr. Cléber Bidegain
Pereira, conhecido como um dos primeiros ortodontistas a falar e a utilizar o computador em
seu trabalho. A inovação e a pesquisa de ponta no
mundo da Odontologia passarão também, a partir
dessa edição, a serem abordadas na Seção “O que
há de novo da Odontologia”, sob a coordenação do
Dr. Jorge Faber. Num esforço para reunir o maior
número possível de artigos, estamos publicando
13 estudos de variados profissionais do país. São
estudos que fazem sentido não só como pesquisas acadêmicas, mas também como informações
pertinentes para a especialidade. Enfim, nessas
160 páginas de ciência buscamos captar a essência
do que ocorre no país da Ortodontia. Resultados
de idéias e pesquisas que refletem o movimento
de nossos cientistas. Queremos iniciar o ano de
ouro da ciência mundial, com o ouro de nossos
pesquisadores. Queremos incentivá-los a acreditarem cada vez mais no valor da ciência, no valor
das pesquisas relevantes, no valor das pesquisas
que são aplicadas à prática. Que continuemos
nos movimentando!
Adilson Luiz Ramos
Editor
Maringá, v. 10, n. 1, p. 5, jan./fev. 2005
Novos Produtos
DX Pliers
A Ortho Organizers acaba de lançar vários alicates da
linha DX Pliers. Fabricados em aço inoxidável cirúrgico
de alta qualidade, os novos alicates não possuem parafusos
em suas articulações, permitindo maior firmeza e precisão
no trabalho ao ortodontista. Além disso, essa característica
aumenta a durabilidade do material.
O polimento das bordas dos DX Pliers aumenta a
facilidade de manuseio, ampliando o conforto aos pacientes. A Ortho Organizers dá uma garantia inédita de
12 anos ao produto.
No Brasil, a Orthoghia é a representante exclusiva
dos produtos Ortho Organizers, desde outubro de 2002,
e a única autorizada pelo fabricante a comercializar e
atender seus clientes.
Representante exclusivo no Brasil:
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0800-162699 – fone (11) 5561-5554
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Novidades Editoriais
Mecânica Ortodôntica Corretiva em Typodont
Mais um lançamento da Editora Santos, Mecânica Ortodôntica
Corretiva em Typodont tem a coordenação do Prof. Mário Vedovello
Filho da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Com mais de 100 páginas ilustradas e em cores, a obra aborda
tópicos importantes para o ensino e aprendizado do Typodont.
Os quatro capítulos principais: Montagem da Aparelhagem, Instalação de Meios Auxiliares da Ancoragem, Fase de Nivelamento e
Alinhamento, Arco Ideal Superior, Arco Ideal Inferior, abordam todos
os aspectos do Typodont demonstrando passo a passo a forma correta
da confecção de bandas, da colagem e descolagem de acessórios entre
outras informações relevantes.
A linguagem prática aliada ao grande número de ilustrações presentes no livro fazem de Mecânica Ortodôntica uma obra de grande
importância para o ortodontista.
Informações: Editora Santos
Fone: (11) 5574-1200 Fax: (11) 5573-8774
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R Dental Press Ortodon Ortop Facial
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 10, jan./fev. 2005
O
que há de novo na
Odontologia
Transplante de células tronco mesenquimais
pode auxiliar a regeneração periodontal
A regeneração parcial dos tecidos periodontais pode
ser obtida por meio de uma série de técnicas, tais como
a regeneração tecidual guiada e uso de fatores de crescimento polipeptídicos. Uma técnica recente, que tem sido
aplicada na regeneração tecidual de diferentes tecidos e
órgãos, é a colonização da área afetada por células tronco
da medula óssea. Essas células podem ser obtidas com
facilidade e já se demonstrou que podem se diferenciar
em osteoblastos, condrócitos, adipócitos, células musculares, entre outras. Pesquisadores da Universidade de
Hiroshima, no Japão, fizeram um transplante de células
tronco mesenquimais da medula óssea de cães para tratar
defeitos de furca de Classe III em cães, e relataram seus
achados no fascículo de setembro de 2004 do Journal of
Periodontology. Inicialmente, as células tronco foram aspiradas da crista ilíaca dos animais, cultivadas em meios
de cultura, e armazenadas em nitrogênio líquido até o
momento de seu emprego. Quando defeitos de furca de
Classe III foram criados, suspensões de células tronco
em diferentes concentrações foram transplantadas para
o defeito, embebidas em um veículo em gel contendo
colágeno do Tipo I. Os animais foram mortos, e blocos
de tecido foram removidos, descalcificados e processados para microscopia de luz. Os autores quantificaram
a regeneração dos tecidos periodontais e compararam a
regeneração ocorrida nos cães que receberam diferentes
concentrações de células tronco com aquela apresentada
por animais controle, que não receberam o transplante
celular. Os resultados desse trabalho mostraram que as
células tronco, nas condições do estudo, aumentaram à
quantidade de regeneração periodontal. O aprimoramento dessa técnica, em conjunto com a facilidade de
obtenção das células tronco, pode trazer novas perspectivas para o tratamento de pacientes com periodonto
reduzido. Isso também poderá aumentar o potencial das
correções ortodônticas.
KAWAGUCHI, H., et al. Enhancement of Periodontal Tissue Regeneration by Transplantation of Bone Marrow Mesenchymal Stem Cells.
J Periodontol, Chicago, v. 75, n. 9, p. 1281-1287, sept. 2004.
Descoberto um novo mecanismo de
defesa celular contra infecções bacterianas
A autofagia para degradação de componentes citoplasmáticos em células eucarióticas é um importante
processo da vida celular. Ela ocorre pelo englobamento
de parte do citoplasma por uma membrana e o conjunto recebe o nome de autofagossomo. Posteriormente à
sua formação, o conteúdo do autofagossomo é degradado através da fusão deste com lisossomos, que possuem
enzimas específicas para esse fim. Um grupo de pesquisadores japoneses se debruçou sobre a possível participação da autofagia no processo de defesa celular de células
não envolvidas diretamente no processo imunológico.
Esse grupo, formado em sua maior parte por dentistas,
relatou seus achados no fascículo de 5 de novembro de
2004 da revista Science. Eles acompanharam o destino
do Streptococcus pyogenes dentro das células avaliadas.
Essa bactéria é também denominada Streptococcus do
Grupo A (SGA), sendo o agente etiológico de um grande número de doenças humanas. Os autores puderam
observar, através de técnicas imunohistoquímicas, que os
SGA, inicialmente, eram incluídos em autofagossomos.
Testes adicionais demonstraram que a maquinaria celular dessas estruturas foi capaz de matar os SGA e conter
a expansão da infecção, todavia, a fusão dessas vesículas
com lisossomos foi importante para matar as bactérias
de uma forma eficaz. Outros ensaios demonstraram que
decorridas 24 horas da infecção com SGA, aproximadamente 50% das células realizaram apoptose (morte
programada) e esses resultados sugerem que a morte das
bactérias SGA pelo mecanismo de autofagia não é capaz
de proteger as células. Todavia, é possível que esse mecanismo contribua de forma importante para diminuir a
virulência dos SGA, porque a morte das bactérias dentro
das células reduz a quantidade de SGA no meio extracelular, atenuando a infecção. Essa descoberta poderá
trazer novos entendimentos a respeito do mecanismo de
defesa do organismo contra infecções, como o que ocorre na doença periodontal inflamatória crônica.
NAKAGAWA, I., et al. Autophagy Defends Cells Against Invading
Group A Streptococcus. Science, v. 306, n. 5698, p. 1037-1040, nov.
2004.
Essa seção é realizada pelo Dr. Jorge Faber, Doutor em Biologia Animal, Laboratório de Microscopia Eletrônica - UnB e Mestre em Ortodontia - UFRJ ([email protected]) . Envie suas sugestões e opiniões para o e-mail [email protected].
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 11, jan./fev. 2005
Entrevista
Cléber Bidegain Pereira
Temos a honra de apresentar, nesta edição, o consultor da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial,
Cléber Bidegain Pereira. Podemos considerar sem dúvida o Dr. Cléber como um homem à frente de seu tempo.
Dedicado e determinado sobre o trabalho que realiza, sempre antecipou-se no uso das tecnologias e inovações que
surgem na Ortodontia, testando-as, analisando-as e, o mais importante de tudo, transmitindo os conhecimentos
adquiridos de forma benévola, imparcial e apaixonante. Suas experiências com os índios Yanomamis, no início da
década de 70, tornaram-se referenciais para o mapeamento da saúde bucal nos diversos rincões do país, além da
contribuição para a pesquisa. Pioneiro na introdução da Informática na Ortodontia, o Dr. Cléber fala-nos sobre
as mudanças que o dia-a-dia do consultório pode sofrer com a tecnologia e com a presença do computador, sobre
certificação digital e sobre como manter a paixão pela Ortodontia após tantos anos de profissão.
Adilson Luiz Ramos
1) Dr. Cléber, o que o Sr. poderia nos informar sobre a atual legislação e procedimentos
quanto à legalidade das imagens digitais? Adilson Luiz Ramos
A Legislação vigente é muito clara e determinante. Pela Medida Provisória 2200-2, de 24 de agosto
de 2001, foram criadas as Autoridades Certificadoras, que estão credenciadas para emitir Certificados
Digitais, os quais correspondem à Carteira de Identidade eletrônica do indivíduo. Com este Certificado, de baixo custo e validade de dois anos, pode-se
assinar arquivos digitais, em qualquer formato e em
qualquer quantidade, dentro da validade do Certificado. Este procedimento confere ao arquivo digital inquestionável legalidade, tendo o mesmo valor
jurídico que documentos em papel com assinatura
reconhecida em Cartório. Isto é, tem maior valor do
que papéis assinados sem reconhecimento de firma.
É oportuno comentar que os Três Poderes da República estão migrando rapidamente para o digital,
exigindo, em muitos casos, do público, empresas e
instituições que todos os trâmites sejam em digital,
com Certificado. Um dos muitos exemplos: o MEC
só aceita inscrições para bolsas pela internet com assinatura digital (http://www.mec.gov.br/prouni/Digital.asp).
• Cinco Livros editados, 91 Trabalhos publicados,
105 conferências e 41 cursos ditados no Brasil e Exterior.
• Pesquisador no Burlington Growth Centre da Universidade
de Toronto.
• Seis Medalhas, entre elas “Dr. Luiz Cesar Pannain”Ortodontia 1.990.
• Ex-presidente e atual Vice-presidente da ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE USUÁRIOS DE COMPUTADORES NA
ODONTOLOGIA.
• Presidente do I, II, III, IV, V e VI SIMPÓSIO DE INFORMÁTICA
NA ORTODONTIA E ORTOPEDIA, SPO, São Paulo.
• Presidente do I CONGRESSO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA
NA ORTODONTIA - SOGAOR, Porto Alegre, 1.997.
• Membro da Academia Gaúcha de Odontologia.
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 12-17, jan./fev. 2005
Pereira, c. b.
disser: “pai não dá prá agüentá esta minha máquina,
é muito lenta, tem pouca memória e sua placa de vídeo não serve para os joguinhos avançados que meus
amigos têm”... Então você compra outro computador para ele e fica com o dele que lhe servirá muito
bem, pelo menos de início, até chegar a níveis mais
altos...Segunda prioridade: uma câmara fotográfica
digital. Não precisa ser uma super câmara, apenas
o suficiente para que permita documentar seus casos, com fotos intrabucais e da face. O antes e depois
pode ser feito nos Serviços de Documentação, mas
o trans-tratamento deverá ser feito por nós mesmos.
Fotografar a evolução do tratamento é uma fonte de
aprendizado e estímulo para o profissional e paciente. Eu continuo um aprendiz de Ortodontia – em
casa, revejo as fotografias do dia e, algumas vezes,
observo detalhes que me haviam passado desapercebidos... Nestes 50 anos de fotografias ortodônticas
tenho apreendido muito vendo e revendo imagens.
Em minhas fotografias de anos passados aprendo na
escola da vida. É quase como se tivesse uma bola
de cristal... Não é possível guardar modelos por toda
uma vida.... Imagens sim. E imagens digitais mais
fácil ainda... (http://www.cleber.com.br/50depois.
html). Mandar fotos trans-tratamento, via internet,
para o paciente fotografado, e para o clínico que nos
recomendou este paciente, é uma poderosa maneira de mostrar o que estamos fazendo. Minha amada
mãe me ensinou: não é suficiente fazer bem feito, é
preciso mostrar o bem que realizamos. Saibas que
estas imagens têm valor jurídico se forem assinadas com Certificado Digital, e podem ser valioso
elemento de prova em caso de demanda judicial.
as comunicações com o paciente serão através da
internet. Tudo será falado de viva voz e, posteriormente, remetido pela internet, com Certificado
Digital, e pedido de confirmação do recebimento.
Ao invés de passar-lhes informações em papel, que
carecem da assinatura do paciente concordando e
nos obrigando a guardar estes papéis, teremos tudo
digital, facilmente armazenado e encontrado, possibilitando múltiplas cópias idênticas, sem custo, a
qualquer hora. É um sonho que se realiza. Mensagem pelo correio com o sistema AR será coisa do
passado. Mais garantia nos dá a mensagem autenticada. Remarcação de consultas, registro de falhas
na freqüência de visitas, registro de descuido com
a escovagem, com o uso de gomas, tudo ficará documentado, com valor legal, se for remetido pela
internet, com Certificado Digital. E isto será feito
sem constrangimento, como um procedimento natural de confirmação. O paciente até vai gostar e
vai valorizar a nossa sistemática. Ao contrário de
quando lhe damos uma cópia de receita etc. etc. e
lhe pedimos que assine e declare que recebeu o original de igual teor, o que é legalmente necessário.
Adilson Luiz Ramos
- Professor da Universidade Estadual de Maringá - UEM.
-Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Ortodontia e Ortopedia Facial - Especialização Latu sensu,
promovido pela Associação Maringaense de Odontologia (regional ABO – Maringá).
-Mestre e Doutro em Ortodontia.
Kurt Faltin Júnior
-Pós-graduado em Ortopedia Maxilar pela Universidade de Bonn – Alemanha.
-Doutorado (Dr. Medicina Dentística) em Ortopedia
pela Universidade de Bonn – Alemanha.
-Professor Titular da disciplina de Ortodontia da UNIP.
-Presidente da Associação Brasileira de Ortodontia.
13) Quais os horizontes da aplicação da Informática na clínica odontológica? Como será o
consultório do futuro? Ricardo Nakama
Para todos os lados que olharmos encontramos
o computador presente. Assim, no futuro próximo o computador estará em todos os consultórios,
com agenda de horário, ficha clínica, administração em geral... Será o suporte de todas as nossas
atividades clínicas e administrativas. Antevejo que
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
Ricardo Nakama
- Mestre – especialista em Ortodontia e Ortopedia
Facial.
- Doutor em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Universidade Estadual Paulista Unesp/Araraquara.
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 12-17, jan./fev. 2005
Artigo Inédito
Diagnóstico e tratamento das assimetrias
dentofaciais
João Luiz Carlini*, Kelston Ulbricht Gomes**
Resumo
A assimetria facial é uma característica humana comum, que muitas vezes não é notada pelo
próprio paciente nem pelas pessoas com quem ele convive. Entretanto, ela se torna relevante
quando o próprio paciente relata alguma alteração. A avaliação profissional deve ser requisitada para que a etiologia seja estabelecida através de diversos métodos de diagnóstico. A deformidade poderá decorrer de fatores genéticos, como encontrado em pacientes portadores de
microssomia hemifacial, ou adquirida em traumas e patologias. O tratamento das assimetrias
faciais tem como objetivo um resultado estético satisfatório e, principalmente, estabilidade
oclusal e funcional. O plano de tratamento é elaborado de acordo com a etiologia, a severidade da deformidade, a idade do paciente e as áreas afetadas, corrigindo a deformidade instalada ou impedindo sua evolução. O propósito deste trabalho é revisar a literatura no que diz
respeito à etiologia, métodos de diagnóstico e às formas de tratamento das assimetrias faciais,
exemplificando com casos clínicos as diferentes formas de abordagem das assimetrias.
Palavras-chave: Cirurgia. Assimetria facial. Tratamento.
nética, patológica ou traumática será fundamental
para a orientação do plano de tratamento. Os métodos de diagnóstico são decisivos no planejamento, principalmente no que se refere às estruturas
atingidas, pois há limitações da Ortodontia e da
Cirurgia, em virtude da complexidade de estruturas anatômicas envolvidas, sendo necessário variações das técnicas em casos específicos.
Introdução
Considerando que todas as faces são assimétricas, o que determinará a necessidade de tratamento é a questão estética relatada pelo paciente,
a importância clínica com relação à estabilidade
oclusal e a etiologia da deformidade.
Uma vez identificado o problema, deve-se
avaliar as áreas da face afetadas, a intensidade da
deformidade, interceptar a evolução ou corrigir a
deformidade já instalada, buscando um resultado
que ofereça estética, função e estabilidade.
A definição da etiologia da assimetria, seja ge-
FATORES ETIOLÓGICOS
As assimetrias craniofaciais podem ser divididas em fatores de origem genética e adquiridas.
* Universidade Federal do Paraná - UFPR; CAIF - Centro de Atendimento Integral ao Fissurado Lábio Palatal. Professor
Adjunto de Cirurgia I da Universidade Federal do Paraná. Staff do Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial do CAIF.
** Cirurgião Dentista formado pela Universidade Federal do Paraná em 2002. Estagiário do Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial do CAIF.
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 18-29, jan./fev. 2005
Carlini, J. L.; Gomes, K. U.
Diagnosis and treatment of dentofacial asymmetry
Abstract
Facial asymmetry is a common human characteristic, which is not notice by the patients themselves many times,
not even by those who live with them. The facial asymmetry becomes important when the patient itself relates
some alteration. Professional evaluation should be required in order to establish the etiology, through efficient
methods of diagnosis. The facial asymmetry can be caused by genetic factors, as found in patients with hemifacial
microsomia, or by trauma and pathologies. The treatment for the facial asymmetry has the purpose to bring a
satisfactory esthetic result and mainly functional and oclusal stability. The treatment plan is elaborated following
the etiology, severity, age and affected areas, correcting the deformity installed or avoiding its progress. The purpose of this study is to review the literature about the etiology, methods of diagnosis and treatment of facials
asymmetries, exemplifying with clinical cases the different types of treatment.
Key words: Surgery. Facial asymmetry. Treatment.
Referências
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Endereço para correspondência
João Luiz Carlini
Rua Bruno Filgueira, 369 - Cj.1502
Batel - Curitiba - PR
CEP: 80240-220
E-mail: [email protected]
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 18-29, jan./fev. 2005
Artigo Inédito
Aparelho Herbst: Protocolos de tratamento
precoce e tardio
Omar Gabriel da Silva Filho*, Carlos Alberto Aiello*, Marcelo Veloso Fontes**
Resumo
Até que ponto o crescimento mandibular pode ser realmente influenciado pelos aparelhos
ortopédicos de reposicionamento anterior, ainda permanece indecifrável. Mas a lógica leva a
crer que se existe alguma chance de potencializar o deslocamento anterior da mandíbula, ela
será mais certa quando se utiliza aparelhos de avanço contínuo. O presente artigo discorre
sobre os protocolos de tratamento precoce e tardio para a correção da deficiência mandibular
com o aparelho Herbst.
Palavras-chave: Aparelho Herbst. Má oclusão de Angle Classe II. Mandíbula.
O que fica claro na literatura é que o aparelho
Herbst, depois da sua reintrodução e crescente
popularidade na Ortodontia, ganhou diferentes
versões. A ancoragem original prevê uma estrutura metálica fixa em ambos os arcos dentários. Uma
das possibilidades de ancoragem metálica fixa é o
apoio no maior número de dentes posteriores mediante o emprego de uma armação metálica fundida ou sua estrutura mais próxima, que corresponde à armação metálica soldada usando bandas
como elemento de união intra-arcos15,27,28,29,31,34,35.
Tendo como um dos motivos a fragilidade estrutural nos locais de solda, pontos de constante quebra, a estrutura metálica soldada também tem sido
substituída pelo esplinte de acrílico cobrindo toda
a extensão dos arcos dentários. O esplinte pode
ser colado somente no arco dentário inferior12 ou
em ambos os arcos dentários11,13,14, e até mesmo
ser removível inferior44, ou removível em ambos
os arcos dentários2,22,41. As ancoragens alternativas
Ancoragem na dentadura
permanente
O aparelho Herbst consiste num aparelho intrabucal de ancoragem intermaxilar recíproca. Isso
implica que a ação do aparelho em avançar a mandíbula provoca uma reação igual e contrária no
arco dentário superior. Assim, a instalação do mecanismo Herbst induz uma força superior e posterior nos dentes superiores (reação) e uma força
inferior e anterior nos dentes inferiores (ação). A
utilização de uma ancoragem pesada (Fig. 1,2,3)
tem pretensões de transformar a ação do mecanismo telescópico em resposta ortopédica (remodelação da ATM e aumento no comprimento
mandibular) e neutralizar a força de reação. Neste
contexto, o planejamento da ancoragem retoma o
propósito de minimizar o efeito ortodôntico em
benefício do ganho ortopédico quando da adaptação do mecanismo telescópico bilateral responsável pelo avanço mandibular contínuo.
* Ortodontistas do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo (HRAC/USP), Bauru-SP.
** Aluno do Curso de Especialização em Ortodontia da Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio-Palatal (PROFIS), Bauru-SP.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
30
Maringá, v. 10, n. 1, p. 30-45, jan./fev. 2005
Aparelho Herbst: protocolos de tratamento precoce e tardio
bular intermitente1,18,21,22, além de potencializar
o crescimento mandibular, o aparelho de Herbst
induz as nem sempre bem-vindas alterações ortodônticas, que podem alcançar mais de 50% do
efeito total do aparelho38. As alterações ortodônticas podem ser consideradas “perda de ancoragem”
e incluem: distalização e intrusão dos molares
superiores23,32,29, verticalização dos incisivos superiores, vestibularização dos incisivos inferiores
e extrusão e mesialização dos molares inferiores34.
Pancherz29 menciona que mais de 40% da correção obtida com o aparelho Herbst pode ser atribuída ao reposicionamento posterior dos dentes
posteriores superiores.
eletromiográfico em humanos10, e dentro de 8 a
12 semanas em macacos20. Essa adaptação muscular precede as alterações morfológicas remodelativas esperadas no côndilo e na fossa articular.
No que se refere aos efeitos ortopédicos, os
conceitos correntes admitem, além da remodelação da ATM, aumento no comprimento mandibular e redução no comprimento maxilar29,31. O fato
é que, como conseqüência do avanço contínuo da
mandíbula, o aparelho Herbst aponta melhora
oclusal, porém de impacto facial imprevisível e,
muito provavelmente, determinado pelo padrão
de crescimento mandibular.
Assim como os aparelhos de avanço mandi-
Enviado em: Julho de 2003
Revisado e aceito: Setembro de 2003
The Herbst appliance: early and late treatment protocol
Abstract
The question as to what extent mandibular growth may be influenced by orthopedic appliances remains
unanswered. However, it seems reasonable to believe that the use of continuous forces potentialize the anterior
displacement of the mandible. The current paper describes the early and late protocols of treatment of the
mandibular deficiency with the Herbst appliance.
Key words: Herbst appliance. Angle Class II malocclusion. Mandibular.
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Endereço para correspondência
Omar Gabriel da Silva Filho
Setor de Ortodontia do HRAC/USP
Rua Silvio Marchione, 3-20
CEP: 17043-900
Bauru - SP
E-mail: [email protected]
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
45
Maringá, v. 10, n. 1, p. 30-45, jan./fev. 2005
Artigo Inédito
Apresentação de um caso clínico de Classe III
de Angle, tratado com o aparelho extrabucal
basculante inferior de ação reversa, proposto por
Baptista
Sylvio Gonçalves Filho*, Andrea Chaves**, Miguel Neil Benvenga***
Resumo
As más oclusões de Classe III são as de menor incidência em nossas clínicas. Porém, a intervenção precoce têm-se mostrado muito importante para que não haja um agravamento
do quadro, influenciando o comportamento psicossocial do paciente. Neste artigo serão demonstrados os resultados com um aparelho muito simples de usar, com boa colaboração dos
pacientes e resultados animadores.
Palavras-chave: Classe III. Ancoragem extra-oral reversa do Dr. Baptista. Tratamento interceptador.
diagnosticada a má oclusão, independente do tipo
de Classe III, para prevenir que o problema se torne mais severo e, ocasionalmente, evitar ou reduzir a necessidade de cirurgia ortognática.
INTRODUÇÃO
As más oclusões da Classe III de Angle se caracterizam por uma relação sagital entre os arcos
dentários, na qual a arcada dentária inferior oclui
mesialmente à superior. Não é raro que o paciente
apresente algum grau de comprometimento também no sentido transversal.
Essa anomalia afeta o aspecto estético, funcional e psicossocial do paciente, por seu efeito altamente deformante, o que nos permite reconhecêla como uma verdadeira síndrome.
As Classes III dentárias podem também refletir
uma relação esquelética de Classe III. O diagnóstico preciso é fundamental para avaliar que tipo de
terapêutica é a mais indicada.
O tratamento deve ser iniciado tão logo seja
REVISÃO De LITERATURA
De acordo com Monti10, a utilização de forças
ortopédicas extrabucais para a correção das más
oclusões das Classes III foi iniciada por Cellier,
em 1802, que usava um dispositivo semelhante
à mentoneira atual. As mentoneiras são usadas
como um dos dispositivos ortopédicos para tratamento das más oclusões Classes III.
Levi et al.8 mencionaram Farrar, Kingsley,
Angle e Case, como precursores do uso de forças extrabucais do tipo mentoneira para a corre-
* Especialista em Ortodontia pela Universidade São Francisco – Bragança Paulista – São Paulo, Ex-Professor Assistente
do Curso de Especialização em Ortodontia da Universidade São Francisco – Bragança Paulista – São Paulo.
** Especialista em Ortodontia pela Universidade São Francisco - Bragança Paulista – São Paulo.
*** Pós-Graduado em Ortodontia pela Universidade de São Paulo, Ex-Professor Coordenador do Curso de Especialização
da Universidade São Francisco – Bragança Paulista – São Paulo, Membro da Academia Brasileira de Odontologia.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 46-58, jan./fev. 2005
Apresentação de um caso clínico de Classe III de Angle, tratado com o aparelho extrabucal basculante inferior de ação reversa, proposto por Baptista
Apresentation of a Angle Class III clinic case, treated with lower headgear of
reverse action appliance, suggested by Baptista
Abstract
Early treatment in patients with Class III maloclusion can avoid psychological disordes.The effects of orthopedic
therapy an mandibular growth with Batista’s reverse arch is showd in this case, indicating that is possible to solve
this maloclusion with efficacy.
Key words: Class III maloclusion. Reverse anchorage. Interceptive treatment.
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Endereço para correspondência
Sylvio Gonçalves Filho
Rua Siqueira Campos, 560 – 8o andar
Centro
Santo André – SP
CEP: 09.020-240
E-mail: [email protected]
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 46-58, jan./fev. 2005
Artigo Inédito
Oclusão normal na dentadura mista: reconhecimento
das características oclusais por alunos de graduação
José Augusto Mendes Miguel*, Ione Portela Brunharo**, Priscila Tayah Garcia Esperão***
Resumo
O propósito deste artigo foi avaliar o grau de conhecimento sobre o desenvolvimento normal
da oclusão durante a fase da dentadura mista. A amostra foi composta de 138 alunos do último período de graduação de dez Faculdades de Odontologia do Estado do Rio de Janeiro,
que foram avaliados por meio de questionários com perguntas fechadas. Foram apresentados
aos alunos fotografias e modelos de estudo de um paciente Classe I de Angle na fase do “patinho feio” (oclusão normal). Constatou-se que há certa facilidade por parte dos estudantes
em diagnosticar a Classe I de Angle (n=120 ou 87,6%), assim como a presença de trespasse
horizontal aumentado (n=109 ou 79,6%) e a existência de diastemas (n=112 ou 81,7%).
Em relação à sobremordida, observou-se que 40 (28,9%) alunos identificaram um aumento
da mesma, e apenas um número muito reduzido da amostra considerou estas características
compatíveis com a fase da dentadura mista. Apenas 10,1% entenderam que não havia necessidade de tratamento ortodôntico, já que a oclusão era totalmente compatível com a fase de
desenvolvimento. Os resultados mostraram que uma grande parte dos alunos termina o curso
de graduação com dificuldades em identificar as características normais do desenvolvimento,
o que pode levar a tratamentos desnecessários ou encaminhamentos tardios.
Palavras-chave: Ortodontia. Dentadura mista. Crescimento.
característica desta etapa é a presença de incisivos inferiores desalinhados, que não devem ser corrigidos
precocemente, pois na maioria das vezes apresentam
melhora ao final da dentadura mista5,6,11.
Embora não necessite de tratamento, muitos
clínicos interpretam como necessária a intervenção
ortodôntica em pacientes nesta fase do desenvolvimento da oclusão. Este fato tem especial importância quando se leva em consideração que o clínico geral e o odontopediatra são geralmente os primeiros
Introdução
A dentadura mista é marcada por diversas mudanças no arco dentário e faz parte do desenvolvimento
normal o aparecimento de algumas características
oclusais transitórias, muitas vezes confundidas com
má oclusão. Um período característico deste estágio
da dentadura é a fase do “patinho feio”, quando os
incisivos superiores apresentam-se projetados vestibularmente, divergência do longo eixo de apical para
incisal, sobremordida profunda e diastemas. Outra
* Mestre e Doutor em Odontologia. Professor Adjunto e Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FO-UERJ).
** Mestre e Doutoranda em Ortodontia da FO-UERJ.
*** Especialista em Odontopediatria e aluna do Curso de Especialização em Ortodontia da FO-UERJ.
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59
Maringá, v. 10, n. 1, p. 59-66, jan./fev. 2005
Oclusão normal na dentadura mista: reconhecimento das características oclusais por alunos de graduação
portante para o tratamento do caso, visto que apenas 8% entenderam que a correção de possíveis
más posições dentárias em uma paciente Classe
I com a oclusão normal não depende do surto de
crescimento.
4) Para 34,8% dos alunos, a fase pais propícia
para o tratamento seria durante a fase de dentadura decídua ou mista, enquanto para 46,4% ao
final da dentadura mista, desconhecendo que muitas das características encontradas no caso seriam
corrigidas fisiologicamente.
5) O surto de crescimento foi considerado im-
Enviado em: Julho de 2003
Revisado e aceito: Outubro de 2003
Normal occlusion during mixed dentition: recognition of occlusal traits by dental
students
Abstract
The aim of this study was to evaluate the knowledge degree about normal occlusion development during the
mixed dentition phase. The sample was composed of 138 students in their senior year from 10 Dental Schools
in the Rio de Janeiro state. After observing photographs and study casts of a Class I patient showing normal
occlusion during mixed dentition, students were evaluated through a questionnaire. It was found that was fairly
easy for them to diagnose a Class I patient (n=120 or 87.59%), as much as the increased overjet (n=109 or
79.6%) and diastemas (n=112 or 81.7%). Considering the overbite, it was observed that 40 students (28.9%)
were able to identify the increase of such occlusal trait, and only a small part of the sample considered these
characteristics as normal during the period of mixed dentition. Only 10.1% perceived that there was no orthodontic treatment need, since the occlusion was compatible with the normal development. It was concluded
that toward the end of the Dental School Program in Rio de Janeiro, a great amount of students had difficulties
to identify normal occlusal traits present during the children’s development, what can cause unnecessary treatment or even avoidable referrals for a specialist.
Key words: Orthodontics. Mixed dentition. Growth.
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Endereço para correspondência
José Augusto Mendes Miguel
Rua Mem de Sá, 19 sala 706 - Icaraí
Niterói – RJ
CEP 24220-261
E-mail: [email protected]
66
Maringá, v. 10, n. 1, p. 59-66, jan./fev. 2005
Artigo Inédito
Características cefalométricas dos indivíduos
Padrão I
Sílvia Augusta Braga Reis*, Leopoldino Capelozza Filho **, Maurício de Almeida Cardoso***,
Marco Antônio Scanavini****
Resumo
As características cefalométricas de uma amostra de 30 pacientes brasileiros, adultos, leucodermas, Padrão I, selecionados a partir da avaliação morfológica de fotografias do perfil, foram
estudadas em telerradiografias laterais com o objetivo de definir um padrão de referência, considerando-se as médias e, principalmente, os desvios padrões para estudos comparativos com
amostras portadoras de discrepâncias esqueléticas. Na avaliação do padrão de crescimento facial
obteve-se 9,4°± 3,2° para o ângulo do plano palatino e 121,4°± 5,3° para o ângulo goníaco,
ambos apresentando dimorfismo sexual. O ângulo do plano mandibular apresentou média de
29,2°± 4,2°, sem diferença entre os gêneros. Os valores obtidos para as alturas faciais total, inferior, média e posterior foram, respectivamente, 123,0mm± 8,3mm; 68,8mm± 6,6mm;
55,9mm± 3,5mm e 62,6mm± 4,7mm. Todas essas variáveis foram significativamente maiores
no gênero masculino. Os valores das medidas que definiram a relação maxilo-mandibular corroboraram o equilíbrio esquelético da amostra, pois observou-se 82,2° ± 2,9° para o SNA;
79,8° ± 2,5° para o SNB e 2,4° ± 1,4° para o ANB, sem dimorfismo sexual. Os valores obtidos
para os comprimentos efetivos da maxila e da mandíbula foram 95,2mm ± 5,7mm e 124,2mm
± 8,2mm, respectivamente, sendo as variáveis do gênero feminino significativamente menores
que as do masculino. Os incisivos superiores e inferiores apresentaram-se mais inclinados que as
médias da literatura, ou seja, 115,2° ± 5,5° para o 1.PP e 93,9° ± 5,7° para o IMPA.
Palavras-chave: Cefalometria. Má oclusão. Análise facial.
te por Andrews como o portador de má oclusão
normal. Contrariamente aos indivíduos Padrão II,
Padrão III, Padrão Face Longa e Padrão Face Curta, os pacientes objeto de estudo desse artigo não
apresentam discrepância esquelética, seja ela sagital ou vertical que, geneticamente determinadas,
Introdução
Favorecido pela normalidade das relações esqueléticas estabelecidas geneticamente e perpetuadas pelo crescimento, o paciente Padrão I foi
definido por Capelozza Filho2 como o indivíduo
normal com má oclusão, denominado anteriormen-
* Especialista em Ortodontia pela PROFIS-USP-Bauru; Mestre em Ortodontia pela Universidade Metodista de São Paulo;
Professora Assistente do Departamento de Ortodontia de Universidade Metodista de São Paulo.
** Professor Doutor da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, USP-Bauru e membro do setor de
Ortodontia do HRAC da Universidade de São Paulo, USP-Bauru.
*** Mestre em Ortodontia pela Universidade do Estado de São Paulo, UNESP-Araçatuba.
**** Professor Doutor Titular da Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo, Coordenador do
Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade de São Paulo.
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 67-78, jan./fev. 2005
Reis, S. A. B.; Capelozza Filho, L.; Cardoso, M. A.; Scanavini, M. A.
fornece os padrões de normalidade para comparação com grupos discrepantes dessa mesma população, permitindo quantificações mais realistas dos
erros apresentados e oferecendo referências para
correções na direção do normal do grupo ao qual
o paciente pertence. Os desvios-padrão devem ser
considerados, pois os indivíduos podem se encontrar nos extremos dos mesmos e ainda apresentarem uma face normal. Para os casos cirúrgicos, por
exemplo, planeja-se a correção da face de um indíviduo Padrão Face Longa considerando como comparativo as característica do Padrão I dolicofacial.
Desse modo, admite-se portanto, perfil mais convexo, alturas faciais anteriores aumentadas e incisivos mais verticalizados. Para o Padrão Face Curta o
resultado almejado é o Padrão I braquifacial, com
medidas cefalométricas situadas no extremo oposto do caso anteriormente citado.
O presente estudo, propõe, portanto, um conjunto de medidas a serem utilizadas como referência para a comparação com outras amostras brasileiras portadoras de discrepâncias, considerando a
média e o desvio padrão de cada variável estudada.
Considerações Finais
Uma das validades dos estudos cefalométricos é
quantificar erros de amostras discrepantes comparando-os com valores normativos. Entretanto, devese considerar as características das amostras a partir
das quais estas normas foram definidas. A princípio,
as mesmas deveriam ser estabelecidas para cada população, devido às características peculiares de cada
grupo, decorrentes, principalmente, da miscigenação.
Outra consideração é o critério de seleção da amostra padrão. A oclusão normal foi, por muitos anos,
considerada o indício de normalidade. Observamos,
entretanto, que da mesma forma que faces equilibradas, denominadas Padrão I, podem apresentar
qualquer tipo de má oclusão, a oclusão normal pode
ser observada em faces Padrões II, III, Face Longa ou
Face Curta com discrepâncias moderadas, passíveis
de compensações dentárias naturais ou ortodônticas2. Portanto, a característica oclusal não deve ser a
referência para a seleção de faces equilibradas, selecionadas, então, a partir da avaliação morfológica da
face nas visões frontal e lateral.
Portanto, o estudo cefalométrico das faces Padrão I
Enviado em: Novembro de 2003
Revisado e aceito: Dezembro de 2004
Cephalometric characteristics assessment of Pattern I
Abstract
The aim of this study was to determine cephalometric characteristics of Pattern I patients, to establish averages,
and mainly, standard deviation references to be used comparatively with values of skeletally compromised cases.
The sample was comprised by 30 white brazilian adults selected by morphologic facial analysis in lateral photographs. In the study of facial growth pattern, the palatine plane angle was 9,4°± 3,2°, while goniac angle was 121,4°±
5,3°, both with sexual dimorphism. For the mandibular plane angle, the value was 29,2°± 4,2°, without sexual
dimorphism. The average values for total, lower, medium and posterior facial height were, respectively, 123,0mm±
8,3mm, 68,8mm± 6,6mm, 55,9mm± 3,5mm e 62,6mm± 4,7mm. For all those measures, feminine values were smaller then masculine ones. Cephalometric position of maxillary and mandibular bones confirmed the skeletal balance
of the sample. SNA was 82,2° ± 2,9°, SNB was 79,8° ± 2,5° and ANB was 2,4° ± 1,4°, without sexual dimorphism.
Maxillary length was 95,2mm ± 5,7mm, while mandibular length was 124,2mm ± 8,2mm, with sexual dimorphism.
Upper and lower incisors were more protruded them those of literature samples. Upper incisors were studied by
1.PP angle, and the average was 115,2° ± 5,5°, while the value for IMPA was 93,9° ± 5,7°.
Key words: Cephalometry. Malocclusion. Facial analysis.
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 67-78, jan./fev. 2005
Características cefalométricas dos indivíduos Padrão I
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Endereço para correspondência
Sílvia A. Braga Reis
Rua Timbiras, 1560 - Conj. 308
Lourdes
Belo Horizonte/MG
CEP: 30140-061
E-mail: [email protected]
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Artigo Inédito
Previsibilidade das medidas ANB e 1-NA da análise
cefalométrica de Steiner*
Maria Fernanda Martins-Ortiz**, Arnaldo Pinzan***, Célia Pinzan****, Décio Rodrigues Martins*****
Resumo
Objetivou-se, no presente estudo, verificar nas fases - final de tratamento ortodôntico
corretivo e aproximadamente 5 anos (último controle) - a previsibilidade das medidas
ANB e 1-NA estimadas inicialmente na elaboração da análise de Steiner, considerando-se os padrões de crescimento. A amostra constou dos valores registrados do ANB
e 1-NA, da análise de Steiner, de 149 brasileiros leucodermas, da região de Bauru,
descendentes de portugueses, italianos e/ou espanhóis; apresentando Classes I e II de
Angle, tratados com e sem extrações de quatro pré-molares, pela técnica de Edgewise,
divididos em grupos: horizontal (com 27 pacientes), equilibrado (com 79 pacientes)
e vertical (com 43 pacientes), pareados por idade. De acordo com a metodologia empregada e com os resultados obtidos, foi possível constatar que: houve influência do
padrão facial no comportamento do ANB, mas não no comportamento do 1-NA; ocorreu diferença estatisticamente significante entre o ANB proposto, o final e o obtido no
último controle somente nos grupos horizontal e equilibrado. Observou-se diferença
estatisticamente significante entre o 1-NA proposto, o final e o obtido no último controle, nos três grupos estudados; o 1-NA aumentou estatisticamente com o evolver da
idade, nos grupos pesquisados. Clinicamente, o erro das estimativas do ANB e 1-NA
apresenta-se pouco relevante. Portanto, pode-se concluir que: seria mais interessante
que os tratamentos fossem planejados vislumbrando os resultados a longo prazo; as
limitações destas estimativas não invalidam o seu emprego desde que, conscientes de
suas deficiências, sejam utilizadas com restrições.
Palavras-chave: Cefalometria. Análise de Steiner. ANB. 1-NA.
* Dissertação de mestrado realizada na Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP, originalmente
intitulada: “Estudo comparativo entre os valores propostos e os obtidos, nas fases final de tratamento e pós-contenção, das
medidas ANB E 1-NA, da análise cefalométrica de Steiner”.
** Mestre em Ortodontia e Doutora em Patologia Bucal pela FOB – USP.
*** Professor Livre Docente da Disciplina de Ortodontia da FOB-USP.
**** Mestre e Doutoranda em Ortodontia pela FOB-USP.
***** Professor Titular da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP.
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 79-87, jan./fev. 2005
Martins-Ortiz, M. F.; Pinzan, A.; Pinzan, C.; Martins, D. R.
Predictability of ANB and 1-NA values from Steiner cephalometric analysis
Abstract
The purpose of our study was to verify in the beginning, at the end of treatment, and approximately 5 years posttreatment, the predictability of the estimated values for ANB and 1-NA during treatment planning when using the
Steiner analysis. The sample consisted of 149 caucasian patients, descending on spaniards, italians and portuguese, from the Bauru county, with Class I or II malocclusions, who had undergone Edgewise therapy with and without
extraction of four premolars. The sample was divided in three groups according to the facial pattern: horizontal
(27 patients), balanced (79 patients) and vertical (43 patients), matched by age. According to the methodology
used the results showed that there was correlation between the facial pattern and ANB, but no correlation with
the behavior of 1-NA; the estimated ANB was statistically different compared to the end of treatment and 5 years
posttreatment, except for the vertical group. The estimated values for 1-NA where statistically different compared
to the end of treatment and 5 posttreatment in all three groups; the 1-NA value raised significantly with age. The
error of the estimated values for ANB and 1-NA are not very relevant clinically, therefore they could still be used as
long as they remain as a flexible tool and not a strict parameter.
Key words: Cephalometrics. Steiner analysis. ANB. 1-NA.
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Endereço para correspondência
Maria Fernanda Martins-Ortiz
Rua Caetano Sampieri, 5-38
Vila Universitária
Bauru/SP - CEP: 17012-533
E-mail: [email protected]
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 79-87, jan./fev. 2005
Artigo Inédito
Análise da qualidade de adesão de diferentes
bases de braquetes metálicos
Danielle Morello Park*, Fábio Lourenço Romano**, Ary dos Santos-Pinto***, Lídia Parsekian Martins****, Darcy
Flávio Nouer*****
Resumo
Diante das diferenças existentes nas características das bases dos braquetes usados atualmente, objetivou-se neste trabalho comparar entre si três tipos de bases de braquetes metálicos
(Monobloc, Equilibrium e Dynalock). Foram utilizados 36 pré-molares humanos, divididos em 3
grupos de 12 dentes. Os dentes foram incluídos em troquéis com gesso pedra tipo IV e posicionados com suas faces vestibulares perpendiculares à base do troquel. Todos os braquetes foram
colados com o compósito Concise Ortodôntico e submetidos ao ensaio de cisalhamento em uma
Máquina Universal com uma velocidade de 0,5 mm por minuto. O braquete Monobloc obteve
o maior valor médio de resistência adesiva (x = 28,19 Kgf/cm2), sendo superior estatisticamente
aos braquetes Equilibrium (x = 18,07 Kgf/cm2) e Dynalock (x = 18,24 Kgf/cm2). Em relação ao
ARI (Índice de Remanescente Resinoso), não foi encontrada diferença estatística entre os
braquetes testados.
Palavras-chave: Ortodontia. Colagem. Resistência ao cisalhamento. Braquetes. Base.
rios ortodônticos, exigindo adequada adesão ao
esmalte para que não ocorram falhas clínicas.
Segundo Santos Pinto et al.19, a queda de acessórios ortodônticos acontece devido a falhas na
técnica de colagem, pouca retentividade de determinadas bases de braquetes e ação da força mastigatória.
Com o intuito de melhorar a resistência adesiva
do acessório ortodôntico ao dente, diversos tipos de
base de braquetes têm sido testadas2,4,5,8,9,10,13,20,21.
INTRODUÇÃO
A avaliação dos materiais de colagem é extremamente importante para verificação da qualidade de adesão ao esmalte, porém, o tipo de braquete, principalmente as características estruturais de
sua base, assim como o número e forma de suas
retenções também devem ser analisados.
Retief e Sadowsky14 relataram que forças no
sentido ocluso-gengival, ou seja, forças de cisalhamento, são as que mais incidem sobre os acessó-
* Faculdade de Odontologia de Araraquara/ UNESP; Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial; Aluna do Curso de
Mestrado em Ortodontia.
** Faculdade de Odontologia de Piracicaba/ UNICAMP; Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial; Aluno do Curso
de Mestrado em Ortodontia.
*** Faculdade de Odontologia de Araraquara/ UNESP; Professor Adjunto do Departamento de Clínica Infantil; Professor
Livre Docente.
**** Faculdade de Odontologia de Araraquara/ UNESP; Professora Assistente Doutor do Departamento de Clínica Infantil;
Professora Doutora.
***** Faculdade de Odontologia de Piracicaba/ UNICAMP; Professor responsável pela área de Ortodontia da FOP / UNICAMP; Professor Titular.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 88-93, jan./fev. 2005
Análise da qualidade de adesão de diferentes bases de braquetes metálicos
adequada adesão ao esmalte e/ou pode ter havido
durante a descolagem fraturas na estrutura do esmalte. Esta segunda hipótese poderá ser confirmada somente com análise microscópica do esmalte
dos dentes da amostra.
Dynalock e Equilibrium. Entre estes dois últimos grupos não foram encontradas diferenças
estatísticas significantes, apesar da retenção de
suas bases serem totalmente diferentes.
Divergindo deste estudo, Beltrami et al.3 relataram que um braquete experimental com sulcos retentivos na base apresentou superioridade
estatística em relação aos braquetes Dentaurum
705-0225, Unitek 019-321, Unitek 019-312/377,
Morelli nº 15, entre outros.
A avaliação da superfície dentária após descolagem dos acessórios é de vital importância para
verificar o remanescente de material de colagem
em diferentes tipos de braquetes, para isto foi
utilizado os escores de Artun e Bergland1. Assim, não foi encontrada diferença estatística significante entre os grupos da amostra em relação
ao ARI (Índice de Remanescente Resinoso).
Nesta avaliação, constatamos que na maioria
dos corpos de prova, menos da metade do compósito utilizado na colagem ficou aderido ao esmalte. Diante deste fato pode não ter ocorrido uma
CONCLUSÕES
Em concordância com os resultados obtidos,
podemos concluir que:
1) O grupo formado por braquetes Monobloc
foi estatisticamente superior aos grupos dos braquetes Dynalock e Equilibrium em relação à resistência ao cisalhamento da colagem;
2) Não houve diferença estatística significante
entre os grupos com braquetes Dynalock e Equilibrium em relação à resistência ao cisalhamento
da colagem;
3) Na avaliação do ARI, não houve diferença
estatística significante entre os grupos testados;
4) Durante o processo de descolagem o maior
número de fraturas ocorreu entre o esmalte e o
braquete nos três grupos estudados.
Enviado em: Janeiro de 2003
Revisado e aceito: Abril de 2003
Analysis of the adhesion quality of different metallic bracket bases
Abstract
Considering the differences in the bracket bases currently used, it was performed a study with the purpose of comparing three different metallic bracket bases commercially available. It was used 36 human bicuspids divided into
3 groups of 12 teeth. These teeth were immersed in a troquel with gypsy stone type IV and positioned with their
buccal face perpendicular to the troquel base. For each group of teeth it was bonded one of the three brackets
using Concise Orthodontic composite. Afterwards they were submitted to a shear bound strength test in a universal
machine calibrated for a 0,5mm/minute speed. Monobloc bracket base showed the greater mean value of adhesive resistance (x = 28,19 Kgf/cm2), result statistically superior to that shown by Equilibrium (x = 18,07 Kgf/cm2) and
Dynalock (x = 18,24 Kgf/cm2) ones. The ARI (Adhesive reminiscent index) showed no statistically difference among
the bracket bases studied.
Key words: Orthodontic. Bonding. Shear bond strength. Bracket. Base.
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92
Maringá, v. 10, n. 1, p. 88-93, jan./fev. 2005
Park, D. M.; Romano, F. L.; santos-Pinto, A.; Martins, L. P.; Nouer, D. F.
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Endereço para correspondência
Danielle Morello Park
Rua Campos Sales, 1191 Apto. 92 - Higienópolis
Ribeirão Preto – SP
Cep: 14015-110
E-mail: [email protected]
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
93
Maringá, v. 10, n. 1, p. 88-93, jan./fev. 2005
Artigo Inédito
Avaliação in vitro da influência do polimento superficial de resina acrílica para aparelhos ortodônticos na
adesão e remoção de Streptococcus mutans*
Selma Sano Suga**, Antonio Carlos Guedes-Pinto***, Maria Regina L. Simionato****
Resumo
No presente estudo, foi realizada análise microbiológica in vitro da superfície interna de placas para arcadas superiores, confeccionadas em resina acrílica utilizadas em aparelhos ortodônticos. Procurou-se avaliar se o fator polimento químico e polimento mecânico estavam
associados à adesão microbiana de Streptococcus mutans.Também foi analisada a limpeza
química e mecânica dos aparelhos. Na pesquisa, foram examinados 48 aparelhos, divididos
em 3 grupos, sendo que cada grupo foi subdividido em 2 subgrupos, referente aos tipos distintos de polimento. O Grupo 1 serviu como controle; no Grupo 2 foi realizado a higienização mecânica das placas em resina acrílica, através da limpeza com escova para prótese total
(Denture Brush, Kolynos) e no Grupo 3 realizou-se a higienização dos aparelhos através de
30 minutos de imersão em solução de perborato de sódio (Limpador Efervescente de Próteses
e Aparelhos Ortodônticos, Farmácia Fórmula & Ação). Pelos resultados estatísticos, através de
análise descritiva, conclui-se que o tipo de polimento realizado na face interna da resina acrílica não influencia a adesão de Streptococcus mutans. A análise inferencial, realizada através
de comparações entre os grupos avaliados, indica que houve redução na remoção do biofilme
formado pela contaminação por Streptococcus mutans nos grupos, sendo que a utilização do
limpador químico foi mais eficiente do que a limpeza mecânica através da escovação. Não
houve, entretanto, diferenças entre os subgrupos, o que confirma que o tipo de polimento
(químico e mecânico) não interfere na adesão e remoção de Streptococcus mutans.
Palavras-chave: Resina acrílica. Aparelhos ortodônticos removíveis. Streptococcus mutans.
tuem-se em regiões preferenciais de colonização
de determinados microorganismos. Com isto, o
uso de aparelhos ortodônticos e protéticos favorece a retenção de biofilme e alimentos.
Vários fatores físicos são importantes na colo-
INTRODUÇÃO
É do conhecimento dos cirurgiões–dentistas
que o biofilme dental é fator necessário para o desenvolvimento da doença cárie e que a presença
de áreas retentivas de superfícies sólidas consti-
*Dissertação (Mestrado)
**Especialista (UNISA), Mestre e Doutoranda (FOUSP) em Odontopediatria; Professora Adjunta das disciplinas de Odontopediatria e Ortodontia - Ortopedia Facial – UNICSUL.
***Professor Titular da Disciplina de Odontopediatria – FOUSP.
****Professora do Departamento de Microbiologia Oral – ICB II USP – São Paulo.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
94
Maringá, v. 10, n. 1, p. 94-107, jan./fev. 2005
Avaliação in vitro da influência do polimento superficial de resina acrílica para aparelhos ortodônticos na adesão e remoção de Streptococcus mutans
CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos no presente
estudo, pode-se concluir que:
- O tipo de polimento, químico ou mecânico,
realizado na face interna da resina acrílica utilizada para confecção de aparelhos ortodônticos não
influencia a adesão de Streptococcus mutans.
- O tipo de polimento realizado na face interna da resina acrílica não influencia a remoção de
Streptococcus mutans através de limpeza química
e mecânica.
- A limpeza química, através da imersão em solução de perborato de sódio, durante 30 minutos, é mais
eficiente do que a limpeza mecânica, realizada pela
escovação, na remoção de Streptococcus mutans
aderidos na face interna da resina acrílica, sendo que o
ideal seria conjugar os dois métodos de higienização.
como recursos para motivação: evidenciação do
biofilme dental e do acessório ortodôntico, orientação de escovação associada à imersão em produtos químicos, retornos periódicos e instruções
por escrito.
Este trabalho, cujo objetivo inicial foi verificar se o tipo de polimento realizado em aparelhos ortodônticos intrabucais em crianças influenciaria na adesão de Streptococcus mutans,
mostrou-nos que este capítulo deve ainda ser
pesquisado de forma a nos levar a conclusões
clínicas palpáveis que venham a beneficiar o cotidiano de nosso trabalho. Isto porque os resultados que obtivemos, ainda que cientificamente
corretos, mostraram-nos a necessidade de pesquisas com outras variáveis para elucidar o que
ainda não pudemos avaliar neste estudo.
Enviado em: Julho de 2003
Revisado e aceito: Outubro de 2003
In vitro evaluation of the influence of resin acrylic surface polishing for orthodontic appliances on adhesion and removal of Streptococcus mutans
Abstract
The aim of this in vitro microbiologic analysis was to evaluate the adhesion of microorganisms on the internal surface of intra oral removable plates made in acrylic resin for orthodontic and prosthetic appliances. The hypothesis to
be tested was that there is an association between chemical or mechanical polishing and the microbilogical adhesion of Streptococcus mutans. The chemical and mechanical cleasing of the appliances was also checked. Forty
eight appliances were prepared and divided into 3 groups. Each group was subdivided in 2 groups, concerning the
different types of polishing. Group 1) control; Group 2) mechanical brushing of the acrylic resin plates with Denture
Brush, Kolynos; Group 3) hygiene (chemical cleansing) of the appliances by immersing them in sodiun perborate
solution for 30 minutes (Fizzy Cleanser of Prosthetic and Orthodontic Appliances, “Fórmula & Ação” Pharmacy). By
the statistical results, obtained from the described analysis, it was concluded that the polishing type performed in
the internal surface of acrylic resin did not influence the adhesion of Streptococcus mutans. The inferential analysis,
implemented by comparing the assessed groups, determined that there was a reduction in the removal of biofilm
formed by the contamination of Streptococcus mutans in the groups. The chemical cleanser was more efficient than
the mechanical brushing. However there was no difference between the subgroups, confirming that polishing type
(chemical or mechanical) did not influence the adhesion and removal of Streptococcus mutans.
Key words: Resin acrylic. Removable orthodontic appliance. Streptococcus mutans.
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 94-107, jan./fev. 2005
Suga, S. S.; Guedes-Pinto, A. C.; Simionato, M. R. L.
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Endereço para correspondência
Selma Sano Suga – Rua Tonelero, 510-93
São Paulo – SP
CEP: 05056-000
E-mail: [email protected]
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107
Maringá, v. 10, n. 1, p. 94-107, jan./fev. 2005
Artigo Inédito
Estudo da função muscular peribucal, do grau de
inclinação vestíbulo-lingual e da discrepância de
modelo dos incisivos inferiores permanentes em
crianças respiradoras nasais e bucais com oclusão
normal e má oclusão de Classe I
Sabine W. Vieira**, Orlando M. Tanaka***, Hiroshi Maruo****, Luiz Renato C. Essenfelder****, Sérgio Vieira*****
Resumo
O objetivo deste trabalho foi verificar a existência de correlação entre o modo respiratório
bucal, o comportamento dos músculos orbicular inferior da boca e mentoniano e a determinação de características oclusais específicas, na região anterior do arco dentário inferior.
A amostra constituiu-se de 88 crianças brasileiras, leucodermas, sendo 49 do gênero masculino
e 39 do gênero feminino, com média de idade de 6 anos e 11 meses, dividida em 4 subgrupos,
portadores de: oclusão normal e modo respiratório nasal (ONRN); oclusão normal e modo
respiratório bucal (ONRB); má oclusão de Classe I e modo respiratório nasal (CLIRN) e má
oclusão de Classe I e modo respiratório bucal (CLIRB). Foram realizados 22 testes eletromiográficos, avaliação do grau de inclinação vestíbulo-lingual (FMIA) e da discrepância de modelo
(DM) dos incisivos inferiores permanentes. Após terem sido submetidos à análise estatística os
resultados indicaram que, quando comparados os subgrupos, não houve diferença estatisticamente significativa para as variáveis dentárias e para a maioria das variáveis eletromiográficas
avaliadas. Desta forma, a alteração do modo respiratório não pôde ser relacionada às características oclusais e aos comportamentos musculares estudados.
Palavras-chave: Eletromiografia. Respiração bucal. Musculatura peribucal. Inclinação dentária.
(respiração bucal), a disfunção muscular peribucal e a alteração de determinadas características
dentofaciais.
Alusões ao possível significado das forças musculares lábio-linguais, no estabelecimento das más
INTRODUÇÃO E Revisão de literatura
Diversas foram as teorias elaboradas ao longo do tempo na tentativa de explicar a possível
existência de uma relação de causa-efeito entre
a manifestação do modo respiratório alterado
* Resumo de Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Mestre em Odontologia (Ortodontia).
**
***
****
****
Mestre em Odontologia (Ortodontia). Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Professor Doutor em Odontologia (Ortodontia) - UFRJ.
Professor Doutor em Odontologia (Ortodontia) - UNICAMP.
Professor Doutor em Odontologia (Dentística) - FOB-USP.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
108
Maringá, v. 10, n. 1, p. 108-116, jan./fev. 2005
Vieira, S. W.; Tanaka, O. M.; Maruo, H.; Essenfelder, L. R. C.; Vieira, S.
A perioral muscles activity, buccal-lingual inclination and space discrepancy of the
lower incisors study, in mouth or nasal breathing children with normal or Class I
malocclusion
Abstract
The purpose of this study was to verify the existence of any correlation between the mouth breathing, the
inferior orbicularis oris and mentalis muscles activity and specific dental features in the anterior area of the
lower dental arch. A sample formed by 88 leucodermas brazilian children, 49 boys and 39 girls, with a medium
age of 6 years and 11 months, was divided into 4 subgroups according to the oclusal type and breathing mode
presented: normal occlusion and nasal breathing (ONRN), normal occlusion and mouth breathing (ONRB),
Class I malocclusion and nasal breathing (CLIRN) and Class I malocclusion and mouth breathing (CLIRB).
This research involved the performance of 22 electromyographic tests, the quantitative assessment of the buccal-lingual inclination (FMIA) and space discrepancy (DM) of the permanent lower incisors. Obtained results
were submitted to statistic methods and showed no significant statistical difference for the dental variables and
for the majority of the electromyographic variables studied. In this way, the clinically assessed mouth breathing
could not be associated to the oclusal features and muscular functions studied.
Key words: Electromyography. Mouth breathing. Perioral muscles. Dental inclination.
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Endereço para correspondência
Sabine Westphal Vieira
Rua Martim Afonso, 779 – Apto. 501
CEP: 80430-100
Curitiba-PR
E-mail: [email protected]
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
116
Maringá, v. 10, n. 1, p. 108-116, jan./fev. 2005
Artigo
de
Fonoaudiologia
Distância interincisiva máxima em crianças na
dentadura mista
Débora Martins Cattoni*, Fernanda Dreux Miranda Fernandes**
Resumo
A distância interincisiva máxima é muito importante na avaliação miofuncional orofacial, pois
distúrbios miofuncionais orofaciais e cervicais podem limitar a abertura da boca. O objetivo
deste estudo foi descrever a distância interincisiva máxima e verificar se há diferença estatisticamente significante entre as médias desta medida, segundo idade e gênero. Participaram 253
crianças, com idades entre 7,0 e 11,11 anos, leucodermas, na dentadura mista, sem queixas
fonoaudiológicas. Os resultados mostram que a média da distância interincisiva máxima foi,
no total das crianças, 44,75mm e apresentou diferença estatisticamente significante entre as
médias das idades, no gênero masculino. As meninas apresentaram médias inferiores às dos
meninos. Como conclusão da pesquisa, aponta-se a importância de considerar a idade e o
gênero durante a avaliação da distância interincisiva máxima em crianças
Palavras-chave: Face. Medidas. Boca. Criança.
abertura da boca e da distância interincisiva máxima
nos portadores de distúrbios que envolvem a articulação têmporo-mandibular3, bem como nas vítimas
de queimaduras de face e pescoço, ocasionando seqüelas da motricidade oral e disfunções estomatognáticas, entre elas a abertura bucal reduzida16.
Durante a avaliação miofuncional oral, investigase os aspectos morfológicos e posturais, do tônus e da
mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios, bem como
das funções de mastigação, respiração, deglutição e
fala10, incluindo o exame da sensibilidade da região
orofacial7 e da postura corporal12.
A avaliação fonoaudiológica da motricidade oral
envolve a constatação da existência de alterações funcionais e de relações desencadeantes do problema,
Introdução
O interesse para a realização desta pesquisa cresceu à medida em que se observou a escassez de estudos nacionais sobre os referenciais da normalidade, em crianças da nossa população, para a distância
interincisiva máxima, bem como de padronização
dos critérios de avaliação empregados. Dado que os
indivíduos com distúrbios miofuncionais orofaciais
e cervicais podem apresentar limitações na abertura
da boca, revela-se a importância de investigar a medida esperada para as estruturas faciais em crianças
saudáveis, para melhor análise dos dados obtidos durante a avaliação fonoaudiológica.
Faz-se importante a investigação sobre a distância interincisiva máxima, pois verifica-se limitação da
* Fonoaudióloga clínica. Especialização em Saúde Coletiva pela Faculdade de Medicina Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP). Especialista em Motricidade Oral pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa). Mestre em
Ciências pela FMUSP.
** Fonoaudióloga. Professora Livre-Docente do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP).
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
117
Maringá, v. 10, n. 1, p. 117-121, jan./fev. 2005
Cattoni, d. m.; Fernandes, F. D. M.
A dentadura mista foi o período de desenvolvimento da dentadura escolhido, sendo que a presença
dos quatro primeiros molares permanentes erupcionados também foi critério para selecionar as crianças,
uma vez que importantes transformações ocorrem
na cavidade oral, entre os 5 e 6 anos de idade, em
decorrência da erupção desses dentes8,13. Assim, foi
possível obter uma amostra mais homogênea quanto
ao desenvolvimento da dentadura.
Conclusão
A média da distância interincisiva máxima foi,
no total das crianças, 44,75mm e apresentou diferença estatisticamente significante entre as médias
das idades, no gênero masculino.
As meninas apresentaram médias inferiores às
dos meninos, exceto aos 8 anos de idade.
Enviado em: Outubro de 2003
Revisado e aceito: Fevereiro de 2004
Maximum interincisal distance in children in mixed dentition period
Abstract
The maximum interincisal distance is very important during the orofacial myofunctional evaluation, because orofacial
myofunctional disorders can modify this measurement. The aim of this study was to describe the maximum interincisal
distance and to verify if there is statistically significant difference among the averages of this measurement, according
age and gender. 253 children participated, with ages ranging from 7,0 to 11,11 years, leukoderm, in mixed dentition
period, with no history of speech and swallowing disorders. The results showed that the average of the maximum interincisal distance was 44,75mm and showed statistically significant difference among averages according age, in male.
Girls showed lower averages than boys. As conclusion of this reseach, it is observed the importance of considering the
age and the gender during the evaluation of the maximum interincisal distance.
Key words: Face. Measurements. Mouth. Child.
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Endereço para correspondência
Débora Martins Cattoni
Rua Paulo Franco, 142 - Apto. 111 - São Paulo/SP - CEP: 05305-030
E-mail: [email protected]
121
Maringá, v. 10, n. 1, p. 117-121, jan./fev. 2005
Revisão
de
Literatura
A influência de medicamentos na movimentação
ortodôntica - Uma análise crítica da literatura
Ligiane Vieira Tokano Ramos*, Laurindo Zanco Furquim**, Alberto Consolaro***
Resumo
Neste trabalho analisou-se criteriosamente a literatura pertinente sobre a influência de medicamentos na movimentação dentária induzida, avaliando os métodos experimentais para
correlacioná-los com a aplicabilidade e extrapolação para a clínica ortodôntica. Devido aos
trabalhos experimentais serem feitos em animais, que têm um tempo de vida curto, as doses
dos medicamentos são elevadas e os períodos de administração muito longos. Portanto, não se
pode afirmar sobre qualquer alteração na movimentação dentária induzida causada por algum
tipo de medicamento que o paciente faça uso durante o tratamento ortodôntico.
Palavras-chave: Medicamentos. Movimentação ortodôntica.
deradas de mediadores químicos. Em situações de
hipóxia, compressão mecânica ou numa hiperfunção, há uma liberação excessiva destes mediadores.
Dentre eles estão as citocinas, os fatores de crescimento, os produtos do ácido aracdônico e outros,
como o óxido nítrico, estrógenos, etc.
O ácido aracdônico é proveniente da quebra
de fosfolipídios da membrana celular, pela ação
das enzimas fosfolipases, que são ativadas pelo
acúmulo de íons cálcio dentro da célula. Estas
moléculas de ácido aracdônico sofrem a ação das
enzimas cicloxigenases e lipoxigenases, também
existentes no citosol, originando as prostaglandinas e os leucotrienes, respectivamente. Portanto,
quando uma célula entra em estresse, ocorre uma
maior entrada de cálcio extracelular para dentro
da célula, pelos canais de cálcio das integrinas.
Introdução
Para que haja entendimento sobre a influência
de medicamentos sobre a movimentação ortodôntica, faz-se necessário compreender a biopatologia
da movimentação dentária induzida. Esta acontece graças a uma série de eventos biológicos que
alteram o nível local de mediadores químicos relacionados à remodelação óssea, como resposta ao
estímulo, representado pelas forças aplicadas via
aparelho ortodôntico.
Os mediadores químicos são os responsáveis
pela intercomunicação celular, ou seja, as células só exercem sua função mediante a liberação
destas substâncias, que interagem com os receptores de membrana de outra célula, transmitindo a
mensagem seqüencialmente. Quando uma célula
está em equilíbrio iônico, libera quantidades mo-
* Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela AMO (Associação Maringaense de Odontologia) / ABO. Consultora
Científica de traduções publicadas no site www.dentalpress.com.br
** Especialista em Ortodontia pela PROFIS – USP – Bauru. Professor de Ortodontia do Departamento de Odontologia da
Universidade Estadual de Maringá – UEM. Doutor em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia da Universidade
de São Paulo USP – Bauru.
*** Professor Titular e Chefe do Departamento de Estomatologia da FOB-USP.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
122
Maringá, v. 10, n. 1, p. 122-130, jan./fev. 2005
A influência de medicamentos na movimentação ortodôntica - Uma análise crítica da literatura
ortodôntico causava um aumento na velocidade
da movimentação dentária. Já nas infusões intermitentes, não houve diferenças entre os grupos
tratados com PTH e o grupo controle. Os autores
concluem que o paratormônio liberado localmente e continuadamente in situ durante o movimento ortodôntico apresenta perspectiva terapêutica.
A calcitonina estimula a neoformação e inibe a
reabsorção óssea. Na revisão de Tyrovola e Spyropoulos67, isto atrasaria o tratamento ortodôntico.
Esta afirmativa não tem fundamentação revelada ou
citada. Os autores mesmos recomendam mais estudos sobre a influência dos medicamentos e dos fatores sistêmicos na movimentação dentária induzida e
sugerem uma análise particular de cada caso clínico.
De um modo geral, ler trabalhos sobre a influência de medicamentos na movimentação dentária
requer cuidado: são experimentais e para detectar os efeitos dos medicamentos sobre os tecidos,
as doses são elevadas e os períodos muito longos,
se considerarmos o tempo de vida destes animais.
O rato, por exemplo, vive em média 1,5 ano e submetem-no à medicação por 2 a 3 meses, o equivalente a 1/6 da sua vida média. Desta forma,
observam-se microscopicamente os efeitos dos medicamentos nos tecidos, mas a extrapolação para a
clínica requer uma boa dose de responsabilidade14.
CONCLUSÕES
Um medicamento, para ser capaz de interferir no turnover ósseo maxilar, deve se basear
em um efeito altamente específico para esta
região ou então sua aplicação deverá ser local.
A dose deve ser alta e o período de ação muito
prolongado.
Os analgésicos e os antiinflamatórios, apesar
de atuarem sobre certos mediadores locais da
remodelação óssea, são administrados em doses
pequenas e em curtos períodos de tempo, não interferindo significantemente na velocidade da movimentação dentária.
Os corticosteróides podem levar à osteoporose
quando administrados por longos períodos e doses
elevadas, mas nos maxilares, isto só acontecerá em
uma fase muito avançada, quando a doença já tiver sido detectada.
Os trabalhos experimentais aqui relatados são
feitos com animais experimentais e para detectar
estes efeitos dos medicamentos sobre os tecidos, as
doses são elevadas e os períodos muito longos, uma
vez que estes animais têm um tempo de vida curto.
Portanto, não se pode afirmar sobre qualquer alteração na movimentação dentária induzida causada por algum tipo de medicamento que o paciente
faça uso durante o tratamento ortodôntico.
Enviado em: Outubro de 2003
Revisado e aceito: Dezembro de 2003
The influence of medication on orthodontic tooth movement - a critical review of
the literature
Abstract
In this work the pertinent literature concerning the influence of medication in the induced dental movement appraising
the experimental methods to correlate them with the applicability and extrapolation was critically analyzed for the orthodontic clinic. Owed the experimental works they be done in animals, that they have a time of life short, the doses of the
medicines are high and the very long administration periods. Therefore, one cannot affirm about any alteration in the induced dental movement caused by some medication type that the patient makes use during the orthodontic treatment.
Key words: Medication. Orthodontic movement.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
128
Maringá, v. 10, n. 1, p. 122-130, jan./fev. 2005
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Endereço para correspondência
Ligiane Vieira Tokano Ramos
Rua Luiz Gama, 933 - sala 2
Maringá - PR
CEP: 87013-320
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 122-130, jan./fev. 2005
Revisão
de
Literatura
Correlação entre os estágios de mineralização
dentária na arcada inferior e a idade esquelética.
Revisão da literatura
Luiz Fernando Eto*, Enio Tonani Mazzieiro**
Resumo
O objetivo do presente trabalho foi o de revisar a literatura buscando uma correlação entre
os estágios de mineralização dentária e a idade esquelética. Enquanto alguns trabalhos não
encontraram nenhuma correlação entre essas idades biológicas, outros mostraram uma íntima
relação entre elas, sugerindo a determinação da idade esquelética a partir da mineralização
radicular de dentes específicos, principalmente no arco inferior. Portanto, um levantamento
minucioso das opiniões acerca do assunto poderá colaborar para uma melhor compreensão
das controvérsias existentes.
Palavras-chave: Mineralização dentária. Surto de crescimento puberal. Idade esquelética.
sendo chamado de surto de crescimento puberal
(SCP). Para a Ortodontia, o SCP apresenta grande
importância, pois nessa época, melhores resultados
de tratamento são obtidos num período de tempo
relativamente curto, principalmente na presença
de más oclusões associadas a desvios esqueléticos.
Isto se deve à relação existente entre o SCP e as
dimensões faciais da maxila e da mandíbula4. De
acordo com Chertkow10, quando se possui uma
informação precisa desse surto, pode-se determinar se o pico de velocidade de crescimento é eminente, presente ou completo.
Para determinar o estágio que um indivíduo
atingiu no seu desenvolvimento, podemos utilizar,
além da idade cronológica, a idade fisiológica e a
idade biológica44. As três formas mais utilizadas
Introdução
Para alcançar a maturidade, um indivíduo passa por processos contínuos de desenvolvimento.
Segundo Marcondes30, a maturidade é o produto
final de um processo, isto é, um estado acabado e a
maturação é o processo através do qual este estado
é atingido.
O desenvolvimento do homem possui características próprias, com dois períodos de aceleração
ao longo do crescimento. O primeiro desses dois
períodos ocorre entre as idades de seis a oito anos
e é chamado de surto de crescimento infantil.
O segundo, mais acentuado e evidente, ocorre
durante a puberdade, envolvendo os fenômenos
físicos que acompanham a maturação do aparelho
genital e o alcance da capacidade reprodutiva33,
* Especialista e Mestre em Ortodontia pela PUC-MINAS. Professor do curso de especialização em Ortodontia da F.O.U.
Itaúna.
** Doutor em Ortodontia pela USP-Bauru, Profesor Adjunto III da PUC/Minas, Coordenador do Mestrado em Ortodontia da
PUC/Minas.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
131
Maringá, v. 10, n. 1, p. 131-138, jan./fev. 2005
Eto, L. F.; Mazzieiro, E. T.
tram contradições em seus resultados e ao longo
do tempo percebemos alternância de opiniões entre os autores.
As contradições dos resultados podem estar
relacionadas ao tamanho das amostras utilizadas,
metodologias de avaliação e validade dos resultados estatísticos. Isto deixa margem para um trabalho com metodologia clara e objetiva, amostra
compatível e principalmente análise estatística
adequada para os objetivos propostos.
Alem disso, resaltamos a necessidade de se avaliar tais dados em relação à população brasileira,
uma vez que são extremamente escassas pesquisas
direcionadas a nossa população, indiscutivelmente diferente das demais pesquisadas em relação às
características genéticas, ambientais e até mesmo
nutricionais.
ceiros molares em relação à idade cronológica e
esquelética. Como conclusão de seus trabalhos, os
autores encontraram uma forte correlação entre o
desenvolvimento do terceiro molar e a maturação
esquelética (r =0.77). Eles discutem seus resultados sugerindo que um número menor de estágios
de mineralização associado a uma mineralização
mais longa do terceiro molar permite uma comparação mais precisa com os eventos de maturação
esquelética.
Parece que independente do dente examinado, a idade dentária está mais relacionada à idade
cronológica do que à idade esquelética20,43.
CONCLUSÕES
Pelo exposto acima pode-se concluir que muitas dúvidas ainda persistem na literatura sobre a
possibilidade de correlação entre as idades esquelética e dentária. Os trabalhos publicados mos-
Enviado em: Maio de 2003
Revisado e aceito: Outubro de 2003
Correlationship between the stages of tooth mineralization on the lower arch
and the skeletal age. Literature review
Abstract
The aim of this work was to get a correlationship between the stages of tooth mineralization and the skeletal
age. This work was carried on in order to clean the controverses find in the literature about this subject. While
some articles don’t get any correlationship between those biological age, some show a great relation between
them, suggesting the possibility of determine the skeletal age using the stages of tooth mineralization.
Key words: Tooth mineralization. Puberal growth spurts. Skeletal age.
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Endereço para correspondência
Luiz Fernando Eto
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 131-138, jan./fev. 2005
Tópico Especial
Análise cefalométrica Padrão Unesp Araraquara
Luiz G. Gandini Jr.*, Ary dos Santos-Pinto**, Dirceu Barnabé Raveli**, Maurício Tatsuei Sakima*, Lidia Parsekian
Martins*, Tatsuko Sakima***, João Roberto Gonçalves*, Cristiana Silveira Barreto****
Resumo
O objetivo desse artigo é descrever a análise cefalométrica que vem sendo aplicada nos cursos de mestrado, doutorado e especialização da Faculdade de Odontologia de
Araraquara – UNESP. A mesma foi desenvolvida utilizando medidas cefalométricas já existentes e descritas na literatura as quais foram agrupadas em campos a fim de permitir que o
profissional faça a interpretação adequada de cada área e tenha, no final da mesma, todas as
informações necessárias para um correto diagnóstico e plano de tratamento. Da mesma forma,
após o tratamento, a comparação das diferentes medidas e áreas de análise permitirão a interpretação de quais foram os efeitos provocados pelo tratamento aplicado.
Palavras-chave: Análise cefalométrica. Cefalometria. Padrão Unesp.
que fornecem informações sobre tamanhos e formas dos componentes craniofaciais, suas posições
relativas e orientações.
Desde a introdução do cefalostato, várias
análises cefalométricas foram publicadas, como
as análises de Tweed19, Donws3,4, Steiner17,18, Ricketts14,15, McNamara11,12, Wits9,10 e Interlandi6,7,8,
entre outras. Por meio delas são possíveis a descrição, comparação, classificação e a comunicação
dos casos clínicos. Estas análises utilizam padrões
de normalidade, numéricos ou morfológicos, para
comparar as características esqueléticas, dentárias
e faciais encontradas no paciente.
Cada autor estipulou pontos, linhas e planos cefalométricos próprios para reproduzir as posições
dentárias e esqueléticas, através de medidas angulares e lineares. O resultado disso é um número expressivo de medidas com o mesmo objetivo.
Introdução
A cefalometria durante algum tempo pertenceu mais à pesquisa científica e à craniometria
anatômica do que à Ortodontia. Posteriormente,
mostro-se um método válido de diagnóstico, na
avaliação dos padrões de normalidade do complexo craniofacial, na observação do crescimento, na
determinação do plano de tratamento e na avaliação dos resultados terapêuticos13.
O surgimento da telerradiografia, com Broadbent2 e Holfrath5, em 1931, possibilitou a medição com relativa precisão das diversas grandezas
cefalométricas de interesse ortodôntico, levando
muitos profissionais e instituições a desenvolverem inúmeras técnicas e sistemáticas para a caracterização da arquitetura esquelética da face.
A partir do agrupamento das diversas medidas
cefalométricas, surgiram análises cefalométricas,
*
**
***
****
Professor Assistente Doutor do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP.
Professor Livre-docente do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP.
Professor Titular aposentado do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP.
Aluna do curso de Especialização da EAP-APCD/UNESP de Araraquara.
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Maringá, v. 10, n. 1, p. 139-157, jan./fev. 2005
Gandini Jr., L. G.; Santos-Pinto, A.; Raveli, D. B.; Sakima, M. T.; martins, L. P.; Sakima, T.; Gonçalves, J. R.; Barreto, C. S.
Castro, Márcia Regina E. Ap. Schiavon Gandini,
Daniel Ianni, Sérgio Penido, Acácio Fuziy, Patrícia Zambonato de Freitas, Raquel Kioko Sakima,
Kioto Myamoto, Cassi Panitz Selaimen e Ronald
Paixão pela colaboração na elaboração da primeira
versão dessa análise, sob a coordenação do Prof.
Luiz G. Gandini Jr.
tratamento com aparelho funcional Bionator de
Balters. O caso está ilustrado apenas na fase de
correção esquelética com o aparelho ortopédico. Este relato tem por finalidade exemplificar
a aplicação clínica da Análise Cefalométrica Padrão Unesp Araraquara.
Agradecimentos
Os autores agradecem os alunos do curso
de pós graduação nível de mestrado Adriano de
Enviado em: Dezembro de 2002
Revisado e aceito: Abril de 2003
unesp Araraquara cephalometric analysis
Abstract
The purpose of this paper is to describe the cephalometric analysis that have been used in Master, PhD and
Certificate Programs at Araraquara Dental School - UNESP. This analysis was developed by cephalometric
measurements existent and described in literature, organized by fields to allow the professional to do a correct
interpretation of each area and to have all necessary information to the correct diagnose and treatment plane
in the end of the analysis. In the same way the comparison among the different measurements and areas, before
and after treatment, will allow the interpretation of the treatment results.
Key words: Cephalometrics analysis. Cephalometric. Unesp pattern.
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