Conferencia Internacional Violencia en Barrios en America Latina Notas sobre experiências de Pacificação em favelas do Rio de Janeiro - Brasil. Lia de Mattos Rocha Universidade do Estado do Rio de Janeiro Brasil O que são as UPPs? 17 unidades de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro. A primeira, na favela Santa Marta, foi inaugurada em 29 de dezembro de 2008. A ultima, na favela São Carlos, foi inaugurada no começo deste ano. Neste momento, o conjunto de favelas do Alemão encontra-se ocupado pelo Exército Brasileiro, em preparação à instalação da próxima UPP. Em Cidade de Deus a UPP foi instalada em 16 de fevereiro de 2009 (foi a segunda a ser instalada). (Provável) Impacto das UPPs sobre os índices de criminalidade no Rio de Janeiro. Desde a implantação das UPPs, os principais indicadores da violência têm apresentado queda no município do Rio. Os homicídios recuaram 35%. Os roubos a transeuntes tiveram queda de 31%; os roubos de veículos, de 46% (dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro). Entre 2009 e 2010 a taxa de homicídio caiu 18%. Em 2010 está em 29,8 por 100 mil habitantes. Na Cidade de Deus, o número de homicídios caiu de 34 para seis no ano seguinte à instalação da UPP (dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, amplamente divulgados pela mídia). Projeto de Pesquisa Políticas Públicas de Segurança e as Juventudes Cariocas. Pesquisa Pronex Juventude (CNPq-Faperj). Questões de pesquisa: qual o impacto das ações de policiamento da UPP sobre a sociabilidade local, particularmente dos jovens. Metodologia: estudo de caso (desde março de 2011), com observação e realização de entrevistas: – 15 jovens (16 a 24 anos, sendo 4 mulheres e 11 homens); – 6 adultos (acima de 30 anos, sendo 3 lideranças locais) – Pesquisa em andamento: momento de expanão para outras favelas (inclusive sem UPP) e outras faixas etárias. Cidade de Deus e Pereirão. Por que comparar? Significativas diferenças de dimensão: – Experiências de ocupação policial, piloto de políticas de segurança pública e “ocupação social”: – Cidade de Deus: 45 mil moradores X 5 mil moradores no Pereirão (estimativa em 2010); Cidade de Deus: UPP em 2009 x Pereirão: Mutirão pela Paz em 2000 (“pacificada” desde então). Comparação contrastiva, que permite compreender melhor as dinâmicas atualmente em funcionamento em Cidade de Deus. Dimensões analisadas Circulação pelo território e ocupação do espaço público: Diminuem constrangimentos à circulação; Aumentam impedimentos à ocupação do espaço público (especialmente de sociabilidade juvenil) Percepções sobre segurança, crime e violência na localidade (aumentou, abaixou ou mudou de qualidade): Fim dos conflitos armados e exposição de armas (garantia da rotina); Ausência de um poder ordenador dos conflitos. Sentimentos de segurança e insegurança, ao mesmo tempo. Dimensões analisadas Interação Polícia e moradores – UPP é uma nova polícia? Denúncias de corrupção e abusos por parte dos policiais; Desconfiança em relação à instituição e ao projeto (continuidade); Presença de traficantes na localidade diminui ainda mais a confiança na polícia. Avaliação da experiência: apoiam, mas defendem mudanças (melhoria na qualidade do serviço policial), maior diálogo e outras políticas (apenas polícia é insuficiente) Diferenças geracionais: jovens são mais críticos, e relatam mais histórias de abusos cometidos (são mais vigiados). Comparações possíveis com o caso do Mutirão pela Paz Caráter excepcional do Projeto – Pereirão como favela modelo (Santa Marta); Projeto que demanda grande engenharia institucional. Expectativa de reprodução do modelo em outros lugares (Mutirão não era consenso). Crítica dos moradores: o tráfico de drogas não acaba, mas diminui sua visibilidade e os confrontos entre traficantes e entre esses e a polícia. Política incompleta e “de cima para baixo”. Medo e o silêncio permanecem – gerando desconfiança da população em relação à polícia. Resultados Parciais Garantia da rotina pela diminuição do conflito (entre traficantes e entre esses e a polícia); Maior controle policial sobre jovens (revista e controle de espaços de sociabilidade); Histórico de tensões e conflitos entre polícia e moradores permanece (imagem da polícia não mudou); Ausência de mecanismos de mediação entre formuladores da política, polícia e moradores (entidades representativas enfraquecidas, UPP Social em estruturação). Gracias!