1. INTRODUÇÃO O estágio é um momento fundamental à formação de qualquer profissional. Ao menos, é a partir da conclusão do estágio que estamos, do ponto de vista institucional, aptos a exercer a docência em filosofia. O objetivo geral desse trabalho é apresentar as atividades desenvolvidas durante o período de regência de classe, no colégio Edna May Cardoso. Aqui estão registradas as condições em que se realizou o estágio, os procedimentos e planejamentos assumidos em sala de aula, bem como um conjunto de reflexões que procuram esclarecer o modo como foram conduzidas as aulas, manifestando também meu modo de compreender a experiência de estágio. Contudo, acredito que a formação do professor certamente não se limita às teorias estudadas no tempo de universidade e tampouco encontra suas “diretrizes últimas” a partir das experiências vivenciadas durante a curta experiência do estágio. É um processo contínuo e, como tal, requer um esforço constante de auto-revisão, na medida em que devemos nos questionar constantemente a respeito de nossas práticas e nossos modos de compreender a docência. E, sob essa perspectiva, costumo pensar o estágio como uma, entre tantas oportunidades que surgirão para nos desenvolver como professores. Este relatório representa, ainda que resumidamente, um momento desse processo de formação. Um momento único para o “aspirante” a professor, que pela primeira vez estabelece com mais clareza a diferença entre o que foi discutido na universidade e a prática docente propriamente dita. 2. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Nome do Aluno: Endrigo Corso Longhi Endereço: Av. Roraima, s/nº aptº 4203 campus UFSM – Camobi Telefone: (55) 81211707 E-mail: 3 2.2 Memorial Para mim, seria muito difícil hoje explicitar com exatidão quais foram os motivos pelos quais resolvi cursar licenciatura em filosofia. Acredito que o hábito da leitura, cultivado desde o início da minha formação primária e secundária, a crescente curiosidade, principalmente por questões políticas e morais, aliada a uma autoexigência de respostas mais satisfatórias a respeito da realidade em geral, foram os motivos e condições fundamentais que me conduziram às ciências humanas, e em especial à especulação filosófica. Talvez por conviver em um contexto familiar que preservava rigorosos princípios morais e religiosos, desde cedo me aventurei em reflexões sobre questões morais, o que me levou, conseqüentemente, a perguntas que exigem uma reflexão acerca da cultura, da religião, da ciência. E assim foi que provavelmente passei a cultivar um “espírito filosófico” e a buscar assumir isso também como atividade profissional, através da licenciatura. Certamente não busquei uma formação acadêmica alimentando aspirações puramente profissionais, mas buscando satisfazer curiosidades e questionamentos pessoais. Contudo, os seres humanos – ao que me parece – cumprem invariavelmente um processo de receber informações, organizá-las de modo singular, e expressar, manifestar (por meio de posturas práticas e/ou teóricas) seu modo particular de compreender os fenômenos. Assim, pelo menos para mim, é sempre um momento agradável discutir acerca daquilo que penso e apresentar meu modo de entender determinadas problemáticas que me são de grande interesse. E talvez sejam esses aspectos que permitam justificar a minha opção de ser um professor. As considerações de que há muitos professores mal remunerados e sobrecarregados, e de que historicamente houve uma progressiva desvalorização dessa classe em relação a outras classes profissionais podem servir para repensar a possibilidade de se seguir esse caminho. Mas tais considerações não são, a meu ver, suficientes para deixarmos de encarar com otimismo o futuro. Obstáculos financeiros, problemas familiares, institucionais, sempre foram constantes durante todo meu processo de graduação. Eu entendo isso como um processo de evolução, no qual cada 4 adversidade acabou cumprindo um papel determinado; um processo que, aliás, é contínuo, constante e vai além do tempo em que se está na universidade. Ademais, não é novidade que todos nós vivemos num contexto sócio-político e econômico muito problemático. São muitos os problemas, mas cada dificuldade deve ser encarada como um desafio à nossa capacidade de pensar, de agir e interagir. Em uma época cada vez mais agitada, competitiva, cabe a nós o dever (não apenas como educadores, mas como cidadãos) de promovermos um debate para repensarmos nossos valores e nossas práticas. Muitos são os heróicos professores que assumem essa perspectiva, e que resistem a inúmeras adversidades para cumprirem seus ideais. Por eles tenho uma profunda admiração e respeito; são sem dúvida a minha maior “fonte de inspiração”, me dão força e coragem para enfrentar e vencer as dificuldades que eventualmente terei no nobre exercício da docência. O estágio curricular representa o final de uma trajetória curta de universitário, não obstante complexa e rica em aprendizados e experiências, tanto no âmbito estritamente profissional quanto no âmbito pessoal. Mas representa também o início de uma nova trajetória, certamente mais rica, emocionante e desafiadora. 3. DADOS DA ESCOLA Escola: Colégio Estadual Profª Edna May Cardoso Endereço da Escola: Rua 09, Quadra 28, COHAB Fernando Ferrari, Camobi, Santa Maria-RS Diretora: Silvani Amadori Frasson Professor Regente: Sandra Izabel da Silva Fontoura Coordenador Pedagógico: Solaine Maria Massierer Professor Orientador do Estágio: Elisete M. Tomazetti Série: 2º ano do ensino médio Turma: 2º B Turno: Noite 5 Data de início do ECS II: 14/06/2006 Data do Término do ECS II: 27/12/2006 3.1 Descrição da escola Na escola, havia espaço suficiente e infra-estrutura adequada1. Isso, obviamente, se não considerarmos certas limitações de recursos que, afinal de contas, não se restringem a escola Edna May, mas são limitações que podemos observar em diversas instituições que não dependem basicamente da iniciativa privada. Acredito que a biblioteca da escola, por exemplo, poderia oferecer maior diversidade de títulos, mais materiais para pesquisa, acesso à internet. A relação entre o corpo docente era aparentemente agradável, num clima animado, o que certamente contribuiu muito para que eu me sentisse seguro para tomar certas decisões e resolver os problemas que surgiam no dia-a-dia, dentro e fora da sala de aula. A coordenação pedagógica e a direção foram muito participativas e atenciosas, sempre que solicitadas. Os professores em geral também mantinham uma boa relação com o corpo discente. Havia reuniões periódicas (os conselhos de classe) e reuniões festivas, abertas a professores e alunos ou, às vezes, organizadas unicamente pelo corpo docente. Todas essas atividades contribuíram muito para uma maior integração entre todos os envolvidos com a escola. Essa relação com os professores e alunos é o que eu identifiquei como o aspecto mais positivo. Contudo, havia certos problemas de organização que eu consideraria como crônicos, como, por exemplo, o hábito de os alunos sempre chegarem atrasados para as aulas. Como muitos trabalhavam durante o dia, a justificativa geral era o cansaço ou mesmo a dificuldade de chegar em tempo hábil. O fato é que muitos apenas se negavam a entrar na sala, não obstante o zelador sempre fazer uma “atividade de busca” pelos corredores. Como meu período era de apenas 40 minutos, muitas vezes a 1 Tais aspectos já foram devidamente descritos no relatório referente ao Estágio Curricular Supervisionado I. 6 aula teve duração média de meia hora devido aos atrasos. Assim, acredito que poderia haver uma fiscalização mais rigorosa no que diz respeito às justificativas dos alunos. Outro aspecto negativo é o infeliz estado de insegurança do qual todos somos vítimas; no caso da escola, em particular, muitos foram os relatos de furto. Da pouca experiência que tive durante o estágio e do pouco conhecimento que tenho a respeito dos aspectos político-administrativos, só posso afirmar que não me frustrei com o que encontrei, mas também que não me “encantei”. Haveria muito que se fazer lá, muitas iniciativas poderiam surgir naquele espaço (como, por exemplo, organizar temáticas interdisciplinares), programas (incentivo à leitura, educação ambiental, por exemplo). Todavia, isso é algo que depende não apenas dos professores ou funcionários, mas também da colaboração e participação efetiva do corpo discente. Além disso, muitos são os professores sobrecarregados, sem tempo para realizar de modo adequado suas atividades. E, para esses casos, dependemos de soluções que não podem ser efetivadas unicamente a partir da iniciativa de um pequeno grupo de pessoas. De modo geral, havia no colégio as condições necessárias (ao menos foi o que pareceu, a partir das minhas observações), para realizar com certo êxito uma formação mínima dos alunos. Mas muitas foram as reclamações que ouvi entre os professores, sobretudo em uma reunião realizada no final do ano letivo de 2006, no qual cogitou-se até mesmo o fechamento do ensino médio noturno e a abertura de um curso profissionalizante (técnico). Nessa reunião, as críticas dos professores se concentravam principalmente acerca da questão da evasão escolar e da falta de interesse dos alunos. Pude observar ainda que alguns professores, ao final do ano letivo, estavam um pouco frustrados com o desempenho dos alunos. 4. SOBRE A PROFESSORA-TUTORA Nome: Sandra Isabel Fontoura Endereço: Cohab Fernando Ferrari, Rua 10, Quadra 5 C 17, Camobi, Santa Maria - RS Telefone: (55) 3226 2905 E-mail: [email protected] 7 Esclarecimentos acerca da metodologia adotada em sala de aula “No processo de avaliação uso o método quali-quantitativo: o primeiro refere-se a relação dialógica estabelecida em sala de aula na construção de pesquisas e oficinas temáticas, uma vez que busca valorizar os traços de aprendizagem, a oralidade e a percepção filosófico-crítica que o aluno constitui no decorrer de cada semestre e que, por vezes, não podem ser mensurados diretamente por uma nota. Utilizo o método quantitativo nos procedimentos finais, no que concerne ao fechamento das notas, enquanto exigência pontual prevista pelo PPP (projeto político-perdagógico da escola), mas considero fundamentalmente que por trás de uma nota deverá existir uma aprendizagem crítico-dialógica”. Quanto a sua concepção de ensino de filosofia “Tenho como base a teoria crítica neo-moderna, que parte da análise crítica da razão planejadora, peculiar ao iluminismo, onde busca enfatizar os recortes no processo de emancipação dos sujeitos sociais, já que a destinação de uma igualdade significativa no campo da participação política e da cidadania fica restrita a classe patronal e aos intelectuais que protagonizaram esse processo transformativo, com pouca abrangência nos ambientes vivenciados pelas classes populares. Não podemos negar que hoje vivenciamos nas sociedades ocidentais a universalização do voto, e a luta pela manutenção dos direitos dos trabalhadores, porém, em um universo de globalização da pobreza e da miséria. Nesse sentido, a decantada democracia produz um abismo econômico e social, entre ricos e pobres, no desalento de uma tão sonhada igualdade social. À filosofia cabe produzir uma análise crítica desse processo, tendo como ponto de partida o enfoque sobre a diversidade e as possibilidades de buscarmos dentro dela os caminhos para uma nova racionalidade, com vistas ao reconhecimento do outro e, por conseguinte, do coletivo, e a ressignificação do espaço público e de uma nova cidadania virtuosa”. A professora titular, quando estava no colégio no momento em que eu ministrava 8 as aulas, esteve à disposição para me ouvir e discutir acerca dos problemas e das minhas dificuldades. Contudo, acredito que poderia ter existido mais comunicação entre nós durante o estágio. O acompanhamento da professora não foi constante, totalizando em média trinta minutos de observação; isso se deveu principalmente porque estava sobrecarregada com suas aulas e seu curso de pós-graduação. A professora me deu plena liberdade para desenvolver os conteúdos a partir da metodologia que achasse melhor. Ela foi como uma “ponte” entre mim e os alunos, ouvindo-os e me dando dicas para melhorar meu relacionamento com eles. 4.1. CARACTERIZAÇÃO DA TURMA Número de alunos inscritos: 24 Número de alunos regulares: 12 Número de alunos regulares do sexo masculino: 4 Número de alunos regulares do sexo feminino: 8 Número de alunos repetentes: 9 Média de idade da turma: 21,5 anos Número de alunos que se consideram brancos: 7 Número de alunos que se consideram pardos: 5 Número de alunos que se consideram negros: 0 Número de alunos que se consideram amarelos: 0 Número de alunos que se consideram indígenas: 0 Inicialmente, senti um clima hostil quando comecei a ministrar as aulas. Algo como uma indiferença dos alunos a mim e ao conteúdo. Mas aos poucos fui sentindo que o clima da sala estava melhorando. Como tínhamos pouco tempo de aula (a aula tinha duração de 40 minutos, mas acabava durando em média 30 minutos devido ao atraso dos alunos), eu raramente tinha conversas informais que fugissem aos temas abordados em aula. Sempre que eles iniciavam alguma conversa fora do contexto de aula, eu imediatamente buscava retomar as discussões que se relacionavam com o conteúdo que estava passando. Além disso, sou um pouco tímido e isso dificultava 9 mais o meu contato com eles. Assim, na minha relação com os alunos, eu acabei não deixando muito espaço para conversas mais deslocadas do ambiente de sala de aula (a não ser quando, durante minhas explicações, me sentia seguro em estabelecer diálogos mais informais para que eles se interessassem mais pelo tema). Minha maior dificuldade foi me sentir totalmente confiante para poder fugir do tema proposto e ainda assim conseguir construir com os alunos conclusões produtivas. Sentia uma tensão constante, pelo receio de “perder o controle da turma”. Com o tempo fui percebendo que isso era uma preocupação desnecessária. A turma em geral me respeitava. Acho que só precisava de mais tempo com eles. Aí talvez eles estabelecessem uma relação mais empática comigo e as aulas pudessem ser mais participativas; talvez valorizassem mais os conteúdos, e se interessassem mais. Mas meu medo era de que eles entendessem essa “liberdade” maior dada por mim como um indicativo de que eu seria mais compreensível com suas “falhas disciplinares” (denomino de falha disciplinar especificamente os casos em que, por exemplo, os alunos abusavam do prazo de entrega dos trabalhos, ou do número de faltas). Acredito que essa dificuldade se deve, basicamente, por dois fatores: minha timidez e pela minha falta de experiência. Poucos alunos tinham o manual que a professora titular adotou. Assim, muitas vezes tive que distribuir fotocópias (a maioria delas com recursos próprios). Outro aspecto problemático foi o fato de não conseguir, até o fim do ano letivo, evitar o excesso de faltas de alguns alunos (já mencionado anteriormente). A justificativa era sempre a mesma: o trabalho. Contudo, acredito que não se pode assumir um programa de estudo do qual não há de antemão um compromisso de cumpri-lo, ainda que razoavelmente. Resignar-se com o fato de que os alunos faltavam muitas aulas era abrir mão de uma ordem necessária para cumprir meus objetivos. E isso é inadmissível. Mas, quando consultava a professora titular, ela procurava me tranqüilizar a respeito das faltas, alegando que era normal. Ou ia dar uma “visitada” na sala e buscava esclarecer com a turma o que estava acontecendo. A maior parte das avaliações consistiu em questões dissertativas, nas quais os alunos eram obrigados a fornecer algumas informações e conceitos-chave trabalhados em aula, mas também deveriam explicitar seu modo de compreender as temáticas, 10 dando a sua opinião a respeito do assunto. Apenas em uma avaliação apliquei questões de múltipla escolha. Nesses trabalhos de avaliação sempre deixava os alunos consultarem o material, pois não tinham o costume de ler fora do ambiente de sala de aula. Geralmente estipulava um limite mínimo de linhas para responder às questões. Poucos respeitavam esse limite. O nível das respostas em geral não era bom; os alunos tinham muitas dificuldades na leitura, e, conseqüentemente, na escrita. Esse foi um dos aspectos que limitaram muito os critérios e o modo de avaliação dos alunos. Não poderia sugerir em aula, por exemplo, que fizessem alguma pesquisa extra-classe acerca dos temas trabalhados em aula, ou realizar seminários, pois muitos faltavam às aulas e não eram participativos, sempre estando “por fora” dos conteúdos discutidos. No começo insisti com os alunos a serem mais participativos. Iniciava as aulas a partir de perguntas e, durante essa “conversa inicial” incitava-os a se perguntarem acerca do nível e da validade de suas respostas. Em geral, a partir daí, buscava introduzir o conteúdo tal como ele se organizava no livro, fazendo a leitura do texto trecho por trecho, e relacionando o que os alunos falaram anteriormente. Aproveitava esse momento para que lessem em voz alta e esclarecia modos de abordagem que poderíamos adotar com o texto, além de esclarecimentos das palavras e conceitos desconhecidos dos alunos. O problema dessa dinâmica é que os alunos não participavam muito; eles não gostavam de muitos “questionamentos”. Aos poucos, porém, eles foram se envolvendo mais com as aulas, fazendo perguntas e respondendo aos meus questionamentos e “desafios”, além de relacionarem os temas discutidos com seu contexto (dando exemplos de como compreendiam aquela temática a partir do que vivenciavam no dia-a-dia). Isso começou a acontecer mais no final do ano letivo, e acredito que isso se deveu principalmente porque os alunos não estavam satisfeitos com as notas que receberam anteriormente. Infelizmente, detectei que a participação dos alunos se deveu mais pela coação do fator nota do que por algum interesse especial aos temas. No final os alunos já estavam se sentindo mais confortáveis comigo (da mesma que eu me sentia mais confortável com eles), nossa relação se dava em um clima bem mais descontraído que no início. 11 Certa vez, a professora titular me alertou de que eu devia ser “mais amigo” dos alunos, pois assumia em sala de aula uma postura muito técnica. Eu não entendi exatamente o que ela quis dizer com “ser mais amigo dos alunos”, porque nunca deixei de acompanhá-los e compreendê-los com as suas dificuldades, além de sempre me mostrar disposto ao diálogo. Se o “ser mais amigo” significava ser um professor mais condescendente, então estaria manifestando descompromisso e uma indiferença, e não amizade. Talvez o problema maior, nesse aspecto tenha sido a minha timidez, que certamente dificulta um contato mais “caloroso” com a turma. 6. CONTEÚDOS DE ENSINO Os conteúdos trabalhados na turma em que lecionei (segundo ano do ensino médio) eram definidos pelo professora titular da disciplina. Segundo a professora titular, tais conteúdos seguem uma temática adequada, de natureza introdutória, para que os alunos possam estar mais familiarizados com o programa do último ano. Ainda segundo a professora titular, os conteúdos que compõem o programa do PEIS e VESTIBULAR podem ser trabalhados integralmente durante o terceiro ano. De todo modo, eu tive liberdade de trabalhar outras temáticas que achasse conveniente e pudesse complementar o programa, para além dos conteúdos predeterminados pela professora titular. Outra justificativa que me possibilitou adotar um programa “flexível” foi o fato de que nenhum dos alunos que constituíam a turma na qual ministrei as aulas estava vinculado com o programa do PEIES, e não pretendiam prestar o VESTIBULAR. Os conteúdos foram organizados principalmente a partir do livro “Filosofia” (CHAUI, Marilena. Filosofia. Série Novo Ensino Médio. São Paulo, Ática, 2002). Contudo, esse livro era como um guia indicado pela professora titular para orientar o estagiário na organização das suas aulas, prescindindo de um material de apoio, caso o estagiário julgasse necessário. Assim, consultei alguns materiais pela internet, mas construí as aulas sobretudo com consultas adicionais aos seguintes manuais de introdução geral à filosofia:* 12 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. ALMEIDA, Aires et al. A arte de pensar. Lisboa: Didática Editora, 2003. Fiz consultas também ao “Caderno Didático de Filosofia I – 1ª Série do Ensino Médio”, organizado pelas professoras de filosofia Cerlene Machado, Cleonice L. Bastos, Cleusa M. C. de Moraes, Maria A. Cruz e Naja B. B. Gonçalves, da Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa. Além desses materiais de consulta, recorri a materiais complementares, como reportagens de revistas, jornais (nem sempre reproduzidos para o aluno, apenas mostrado) e os textos construídos pelo estagiário a partir das pesquisas realizadas. O manual “Filosofia”, como dito anteriormente, serviu como base para a professora titular estabelecer o plano de ensino do 2º ano. Mas em sala de aula poucas foram as ocasiões em que segui exatamente a proposta do livro; acredito que o livro estabelecia uma boa organização sistemática, mas não correspondia totalmente com os objetivos e a forma das minhas aulas. Como, por exemplo, costumava exigir constantemente a participação dos alunos, criava questões, problematizações e exemplos dos quais não podiam se integrar ordenadamente com os capítulos do livro. * Em algumas aulas utilizei textos contidos nestes manuais e os reproduzi integralmente. Esses foram os seguintes temas desenvolvidos em aula: Eixo temático: A ciência Aspectos desenvolvidos: - as diferenças entre senso comum e atitude científica; - as semelhanças e diferenças entre atitude científica e atitude filosófica; - o ideal científico; - ciência desinteressada e utilitarismo; - a ideologia cientificista; - razão instrumental; 13 - ciência e técnica. Eixo temático: Cultura Aspectos desenvolvidos: - mundo humano x mundo animal; - a cultura (conceitos/ características); - cultura e humanização; - cultura, sociedade e natureza; - diversidade cultural. Eixo temático: a religião - o sagrado e o profano; - o que é “religião”; - religião como narrativa de origem; - elementos em comum entre os diferentes sistemas religiosos; - religião, ciência e filosofia. Os temas desenvolvidos não seguiram totalmente o programa planejado no início do Estagio II. O ritmo das aulas e a falta de compromisso com a preparação dos alunos para processos seletivos foram os fatores fundamentais que influenciaram no andamento e execução dos planejamentos. 7. EXECUÇÃO DOS PLANEJAMENTOS 7.1 Planos de aula e diário de prática pedagógica A primeira aula consistiu na apresentação do professor e esclarecimento acerca do modo como as aulas seriam conduzidas, tratando de aspectos como o método a ser empregado, as avaliações etc. 14 PLANO DE AULA TEMA: Ciência SUB–TEMA: Senso comum e atitude científica PRICIPAIS OBJETIVOS: Analisar e compreender as principais características do senso comum e atitude científica, enquanto tentativas de estabelecer um corpo de conhecimentos acerca da realidade. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - breve reflexão acerca da importância do tema e sua relação com a investigação filosófica; - introduzir uma discussão a respeito do que é o senso comum; - construir exemplos com os alunos; - buscar definição e as características do senso comum; - exposição das características da atitude científica, estabelecendo a diferença com o senso comum; - leitura de um trecho do livro “A arte de pensar”. METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: Texto (livro didático), quadro-negro, giz. AVALIAÇÃO: Responder as questões do livro. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: CHAUI, Marilena. Filosofia. Série Novo Ensino Médio. São Paulo, Ática, 2002. ALMEIDA, Aires et al. A arte de pensar. Lisboa: Didática Editora, 2003. 15 PLANO DE AULA TEMA: Ciência SUB–TEMAS: O ideal científico/ a ciência desinteressada e utilitarismo PRINCIPAIS OBJETIVOS: Descrição e análise crítica acerca dos pressupostos metodológicos e os princípios que fundamentam a ciência contemporânea. Compreensão da relação entre ciência e técnica. Além disso, introduzir o aluno na problemática acerca do valor da ciência. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - retomar os aspectos já discutidos em sala de aula; - exposição da noção de ideal científico; - discussão acerca do valor da ciência: “Para que serve a ciência?”; - leitura do texto, relacionando com o que foi discutido anteriormente; - discussão acerca da questão: “a ciência é um modelo perfeito de investigação da realidade?”; - exposição acerca da diferença entre ciência e técnica; - leitura de reportagem. METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: Texto (livro didático), quadro-negro. AVALIAÇÃO: responder as questões propostas no livro e as seguintes questões: - Em sua opinião, para que serve a ciência? - Em sua opinião, o valor de uma ciência encontra-se simplesmente na aplicabilidade prática de suas teorias ou na sua capacidade de ampliar os conhecimentos humanos? Justifique sua resposta. 16 BIBLIOGRAFIA BÁSICA: CHAUI, Marilena. Filosofia. Série Novo Ensino Médio. São Paulo, Ática, 2002. PLANO DE AULA TEMA: Ciência SUB–TEMAS: Cientificismo/mito da neutralidade científica/razão instrumental PRINCIPAIS OBJETIVOS: Compreensão dos aspectos que perfazem a ideologia cientificista e da questão acerca da suposta imparcialidade das pesquisas científicas. Compreender a problemática da ciência como “possível instrumento de dominação”. Compreender a relação entre ciência e técnica. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - breve retomada dos aspectos já discutidos anteriormente; - discussão acerca da questão: “a ciência pode conhecer tudo?”; - exposição do professor acerca do cientificismo; - discussão acerca da questão: “você acha que a pesquisa científica é imparcial?”; - leitura e comentários acerca do “mito da neutralidade científica”; - discussão acerca da questão “a ciência como instrumento de dominação”; - leitura de texto (reportagem de revista). METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: Texto (livro didático), quadro-negro, revista. AVALIAÇÃO: resolver os exercícios sugeridos no manual, leitura e comentário da reportagem de revista. Avaliar capacidade de leitura, interpretação e escrita. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 17 CHAUI, Marilena. Filosofia. Série Novo Ensino Médio. São Paulo, Ática, 2002. PLANO DE AULA TEMA: Ciência SUB–TEMA: A relação entre a atitude científica e a atitude filosófica PRINCIPAIS OBJETIVOS: analisar as semelhanças e diferenças entre as ciências e a filosofia, bem como da possível função da filosofia em relação à atividade científica, examinando e refletindo acerca dos diferentes modos investigativos que podemos assumir para compreensão da realidade. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - inquirir os alunos acerca do que já foi trabalhado e discutido anteriormente; - traçar um paralelo entre ciência e filosofia a partir do que já havia sido problematizado pelo professor durante as aulas; - leitura e comentário do texto “a função da filosofia”. METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: quadro-negro. AVALIAÇÃO: participação dos alunos, capacidade de expressão, articulação dos argumentos, capacidade de problematizar o conteúdo. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. 18 PLANO DE AULA TEMA: Cultura SUB–TEMA: Mundo humano x Mundo Animal PRINCIPAIS OBJETIVOS: análise e compreensão dos principais aspectos que nos permitem estabelecer uma distinção entre os seres humanos e o mundo animal. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - esclarecimentos acerca da importância do tema e sua relação com a filosofia; - “que diferenças podemos perceber entre os seres humanos e os animais?”; - leitura do texto abordando os seguintes aspectos: ação instintiva x ação consciente/inteligência concreta/linguagem; - leitura de reportagem, para assimilação e problematização do conteúdo. METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: texto, quadro negro, revista (reportagem). AVALIAÇÃO: BIBLIOGRAFIA BÁSICA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. PLANO DE AULA TEMA: Cultura SUB–TEMA: O que é cultura/ acepções do termo cultura/ características 19 PRINCIPAIS OBJETIVOS: Saber analisar o conceito de cultura e suas diferentes acepções. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - breve retomada das reflexões feitas no último encontro; - questionar os alunos acerca das suas acepções do termo “cultura”; - etimologia do termo; - conceito de cultura (sentido antropológico); - as características da cultura. METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: livro, quadro negro. AVALIAÇÃO: participação BIBLIOGRAFIA BÁSICA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. “Cadernos Didático de Filosofia I” (Colégio Cilon Rosa) PLANO DE AULA TEMA: Cultura SUB–TEMA: Diversidade cultural PRINCIPAIS OBJETIVOS: Análise crítica acerca da problemática da diversidade cultural, construindo reflexões e aplicando as informações já organizadas em aulas anteriores. 20 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - breve retomada das discussões e temas abordados nos últimos encontros; - análise das diferenças entre as diversas manifestações culturais (costumes, modos de falar, religião, arte, gastronomia, organização política, esportes, linguagem); - questionamento acerca das sociedades que estabelecem conflitos internos e externos por manterem uma postura de intolerância frente a outras “culturas”. METODOLOGIA: A partir de discussões, questionamentos com os alunos, construir um momento de reflexão acerca de questões fundamentais da política mundial. RECURSOS: quadro negro AVALIAÇÃO: participação dos alunos BIBLIOGRAFIA BÁSICA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. PLANO DE AULA: TEMA: Religião SUB–TEMA: Introdução ao tema da religião: Religião como manifestação cultural e objeto de reflexão filosófica. PRINCIPAIS OBJETIVOS: Compreender a religião enquanto uma manifestação cultural e sua importância para a reflexão de natureza filosófica. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - esclarecer a importância do tema para a disciplina de filosofia; - discutir com os alunos acerca da pluralidade de “manifestações religiosas” nos diferentes contextos sócio-culturais; 21 - leitura e discussão da reportagem de jornal. METODOLOGIA: Através da discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: jornal, quadro negro AVALIAÇÃO: BIBLIOGRAFIA BÁSICA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. PLANO DE AULA TEMA: Religião SUB–TEMA: O Sagrado e o profano/ Origens da religião/ religião como narrativa de origem. PRINCIPAIS OBJETIVOS: Compreender as características fundamentais e os aspectos históricos da manifestação religiosa. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - breve retomada das discussões feitas no último encontro; - questionamento com os alunos “O que é religião? Por que ela existe? Qual a sua finalidade?”; - estabelecer a noção de “sagrado” e profano”; - reflexões acerca da origem da religião; - estabelecer a relação entre mito e religião. 22 METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: textos, quadro negro AVALIAÇÃO: BIBLIOGRAFIA BÁSICA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. Website: http://orbita.starmedia.com/~hieros/religprimit.html PLANO DE AULA TEMA: Religião SUB–TEMA: Significado do termo/definições de religião/ características comuns entre as diversas manifestações religiosas. PRINCIPAIS OBJETIVOS: Compreensão do conceito de religião e as características fundamentais que determinam as diferentes manifestações religiosas. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - breve retomada das discussões feitas no último encontro; - leitura e discussão do texto adaptado da internet. METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: texto, quadro negro. 23 AVALIAÇÃO: Consistiu em questões dissertativas e de múltipla escolha. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: Website: http://orbita.starmedia.com/~hieros/religprimit.html PLANO DE AULA TEMA: Religião SUB–TEMA: a relação entre filosofia, ciência e religião PRINCIPAIS OBJETIVOS: Estabelecer a diferença entre a postura filosófica, científica e religiosa. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS: - retomada geral acerca do que foi visto até agora durante as aulas; - exposição do professor acerca das semelhanças e diferenças entre a ciência, a filosofia e a religião. METODOLOGIA: Através da leitura de textos e discussão em aula, fazer com que o aluno problematize e construa algumas reflexões a respeito do tema proposto. RECURSOS: quadro negro AVALIAÇÃO: esclarecer quais as semelhanças e diferenças entre a atitude filosófica, científica e religiosa. Observação: Não formalizei os planejamentos das aulas em que trabalhei unicamente com reportagens de revistas que abordavam temáticas não determinadas pelo programa. Tais como os textos “Vítimas do Mercado” (que aborda a questão do consumo) e “Por quê?” (que discute o que é a filosofia e qual o papel do filósofo, 24 relacionando a filosofia com problemáticas da atualidade). Ambos os textos encontramse em anexo. DIÁRIO DE CLASSE Os conteúdos só eram trabalhados pelos alunos naquele curto espaço de tempo em que nos encontrávamos semanalmente. A maioria dos alunos trabalhavam durante o dia, alegando não terem tempo para realizar atividades extra-classe. No começo, os alunos conversavam bastante e não prestavam atenção às minhas explicações. Mas com o tempo, consegui com que os alunos não conversassem tanto. Eles eram bem compreensivos nesse aspecto. O grande desafio era despertar o interesse deles. Numa ocasião, por exemplo, tive que interromper a aula para dar um infeliz “sermão”, afirmando que eles eram muito capazes de realizar as atividades e participar das aulas, mas estavam deixando muito a desejar. Muitos alunos chegavam atrasado e eu me via muitas vezes na obrigação de retomar o assunto que já havia iniciado, para que eles acompanhassem o que estava sendo trabalhado em aula. Além disso, o número de faltas também comprometia o ritmo das aulas. Durante uma das avaliações, um aluno reclamou que não havia entendido o conteúdo e que não tinha como responder as questões que eu havia proposto. Nesse dia fiquei muito desanimado, pois me esforçava em todas as aulas para retomar e discutir os conteúdos. O fato é que alguns dos alunos raramente apareciam na aula, exceto na hora da avaliação final. Já chegavam dizendo que não haviam entendido o conteúdo e sequer tinham o material dado em aula. Havia alguns alunos que gostavam de chamar a atenção do professor. Certa vez, um aluno resolveu “fechar um baseado” na minha frente. No momento eu não quis repreendê-lo. Depois acabei me arrependendo de não ter chamado o aluno para uma conversa, mas o fato é que ele não repetiu mais atitudes dessa natureza. Esse fato me levou a pensar o quanto nós idealizamos o professor como um articulador de informações, um orientador do processo de construção de reflexões e problematizações, mas que, invariavelmente, acaba assumindo também o papel de 25 “disciplinador”, no sentido de tentar estabelecer uma ordem mínima para a realização das aulas. Houve um dia em que tive que parar de explicar o conteúdo para discutir, juntamente com a professora titular da disciplina, a questão das notas dos alunos. A questão da nota foi fundamental para que eles melhorassem o desempenho em sala de aula. No último trimestre eles estavam bem mais participativos e obtendo resultados melhores nas avaliações. Embora o programa não vinculasse conteúdos que abordassem diretamente a questão de como entender “o que é filosofia”, sempre ia tentando em aula construir com os alunos uma definição de filosofia. A cada temática trabalhada, buscava estabelecer uma definição acerca do que seria a atividade filosófica, sua importância e sua relação com o nosso dia-a-dia. 8. REFLEXÃO FINAL 8.1 Sobre a experiência de estágio na formação profissional O estágio é essencial como um momento de “teste”, em que você se descobre pela primeira vez como professor, analisa suas dificuldades, percebe várias deficiências que não percebia antes de dar aulas, e percebe o quanto ainda precisa melhorar. Na sala de aula, certamente não são apenas os alunos que aprendem, mas o professor também. Confesso que o estágio não foi para mim uma experiência muito satisfatória, pois não consegui realizar com êxito meus principais objetivos. Desanimou-me, por exemplo, o fato de os alunos participarem mais das aulas por estarem coagidos pela exigência da nota, e nem sempre por um livre interesse. Penso que poderia ter organizado mais iniciativas, mas certamente terei novas oportunidades para melhorar a minha prática docente. Essa primeira experiência como professor me colocou em um estado de crise, em que refleti e estou buscando revisar algumas posturas metodológicas que adotei durante o estágio. 26 8.2 Sobre a disciplina de Estágio Supervisionado II A disciplina foi bem organizada e acompanhada pela professora orientadora. Não houve dificuldades de comunicação entre a professora e os estagiários, algo sempre tão necessário para que se pudessem esclarecer e discutir os problemas, ouvir conselhos e sugestões. Cabe aqui agradecer pela atenção e acompanhamento feito pela professora titular da disciplina durante a realização deste estágio. Lamentei pelo fato de que os alunos estagiários tiveram pouco tempo para realizar as observações de aula, pois isso contribui muito para que possamos estar mais familiarizados e menos nervosos para lecionar (ao menos da minha parte). Acredito que isso influencia muito na produtividade e criatividade do professor. Penso que poderia haver mais integração entre todos os professores que estão envolvidos com a questão do ensino de filosofia. Algo como grupos de discussão permanentes, nos quais tanto os estagiários quanto os professores das diversas instituições de ensino pudessem trocar suas experiências, seus pontos de vista, suas pesquisas em relação ao ensino de filosofia, e também promover debates que não se restrinjam às temáticas que abordam especificamente o processo de ensinoaprendizagem, mas que permitam a organização de projetos de extensão e a integração dos profissionais vinculados à área de filosofia. O seminário realizado no início deste ano, por exemplo, foi uma ótima iniciativa para constituir aos poucos um grupo maior de discussão acerca dos problemas que envolvem a questão da docência em filosofia. Acredito que deveria haver mais diálogo entre a escola e a universidade. Na universidade estamos sendo preparados para dar aula nas escolas, mas só temos contato efetivo com as escolas apenas no final do curso. 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das observações e reflexões organizadas no estágio devo admitir que tenho muito a melhorar. Como, por exemplo, a questão da organização das minhas aulas, mas principalmente resolver aspectos como a confiança e segurança em sala de 27 aula. Acredito que isso só será possível com mais experiências de regência de classe. Tenho a convicção de que a experiência do estágio não vai determinar de forma definitiva meu modo de compreender o fenômeno educativo. O estágio, contudo, foi fundamental para detectar com mais clareza e precisão quais as maiores dificuldades que tive e os níveis de gravidade dessas deficiências. De agora em diante, cabe a mim a tarefa de organizar constantemente minhas reflexões a partir do que já relatei neste trabalho e a partir dos novos desafios que virão, assumindo um compromisso com a pesquisa e a preocupação constante em repensar meus objetivos, métodos e o sentido de ser professor. 10. ANEXOS Neste anexo estão alguns dos materiais utilizados durante as aulas. Cabe salientar que não estão anexados aqui os capítulos dos manuais de filosofia citados no item seis (conteúdos de ensino), pois julguei desnecessário acrescentar aqui materiais já tão conhecidos pelos professores de filosofia, além de facilmente encontrados. ATIVIDADES SOBRE O TEMA “CULTURA” • Cite e comente algumas características da cultura. • Faça um comentário acerca da relação entre linguagem e cultura. • O homem seria um “ser cultural” se não fosse um ser social? • Haveria cultura sem linguagem? Colégio Estadual Profª Edna May Cardoso Disciplina de Filosofia Profº Endrigo C. Longhi Aula do dia 06/12/2006 Nome: Atividades: 1) Assinale Verdadeiro (V) ou falso (F) para as afirmações abaixo, e justifique as sentenças que você considera falsas: 28 ( ) A experiência do sagrado é algo que podemos demonstrar racionalmente, através de argumentos. Justificativa:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______ ( ) Podemos compreender a experiência religiosa a partir da distinção entre mundo sobrenatural e mundo sagrado. Justificativa:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______ ( ) O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimônias e cultos. Justificativa:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______ ( ) A religião é uma manifestação cultural, e assume como pressuposto fundamental que os seres humanos podem estabelecer certas relações com uma dimensão sobrenatural. Justificativa:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______ ( ) A religião tem por objeto o sagrado e o sobrenatural, sobre o qual se elabora sentimentos, pensamentos e ações. Justificativa:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______ 2) O que significa a palavra religião? 3) O que são os ritos? Qual a função dos ritos? 29 4) Cite e comente os principais elementos que podemos encontrar nas diferentes manifestações religiosas. 30