POLÍTICA21
QUARTA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 2015 A GAZETA
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A polícia encontrou na casa de Cunha um táxi
de propriedade de Altair Alves Pinto, apontado
como intermediário da propina ao deputado
MERVAL
PEREIRA
Os limites
da lei
“Até onde vocês vão?”, perguntou
um deputado a um procurador da
Operação Lava Jato, quase como o
admoestando. O procurador respondeu na bucha: “Vamos até onde vocês foram”. Os fatos de ontem, e de
dias anteriores, estão mostrando que
não há limites, a não ser os da lei,
para a ação do Ministério Público e
a Polícia Federal. Foi o ministro Teori Zavascki, o relator no Supremo do
caso, quem autorizou as buscas e
apreensões na casa de deputados,
senadores, ministros, e outros menos votados, mas o ministro deixou
de fora o presidente do Senado, Renan Calheiros, não se sabe exatamente por quê.
Mesmo assim, pessoas ligadíssimas
a Calheiros, como o ex-presidente da
Transpetro Sérgio Machado, também
foram alvo das ações da Polícia Federal ontem. A reação geral foi dizer
que a ação nas casas e no escritório
de Eduardo Cunha já não teria efeito,
pois ele tivera tempo de esconder o
Natal
A GAZETA
que porventura denunciasse suas atividades ilícitas.
Mas, além do exemplo do empresário Marcelo Odebrecht, que, preso
depois de quase um ano de Operação
Lava Jato ainda tinha anotações em
notebooks e celulares, O Globo revela que os policiais encontraram na
casa de Cunha um táxi de propriedade de Altair Alves Pinto, apontado
pelo delator Fernando Baiano como
intermediário da propina destinada
ao deputado no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Cunha
diz que usa o táxi para “serviços gerais”, dando ares de verdade à deleção de Baiano.
Dessa vez a operação policial pegou especialmente o PMDB, sem distinção de alas: ministros do PMDB
governista, Eduardo Cunha, o inimigo preferido, e apaniguados do presidente do Senado, que estava do
lado de Dilma, mas pode mudar de
ideia a qualquer momento se sentir
cheiro de queimado.
A abrangência das ações reflete o
ambiente político difícil que se vive
em Brasília, a sensação de que todo
mundo pode ser o alvo da vez, todos
estão envolvidos em algum tipo de
corrupção.
Especificamente nesse caso, os
danos são generalizados. Se a presidente Dilma pode ter ficado satisfeita com a ação contra Eduardo
Cunha – e ele está convencido de
que por trás da decisão está a mão
do ministro da Justiça José Eduardo
Cardozo, que esteve em missão secreta em Curitiba semana passada –,
seus ministros, da parte do PMDB
que ainda está com o governo, foram atingidos. Dessa vez não há o
que grupos políticos possam comemorar.
O presidente da Câmara, que sofreria mais tarde uma derrota no Conselho de Ética por placar apertado,
deve estar buscando maneira de retaliar o governo, mas está cada vez
mais isolado, não tem muito mais por
onde agir. Tem agora que tentar escapar de um destino que parece marcado.
Cunha deve estar rezando ara que
o recesso chegue, mas deve lembrar-se de que a Operação Lava Jato
não tem recesso. Vivemos no país
uma situação paradoxal. Enquanto algumas das instituições da República
funcionam muito bem, dando garantia à democracia, como a Polícia Federal, o Ministério Público, os tribu-
nais superiores, cada vez mais juízes
de primeira instância à exemplo de
Sérgio Moro, a imprensa livre, outras
funcionam muito mal, como o Congresso e o Executivo, envolvidos em
ações de corrupção que parecem não
ter fim.
O Congresso hoje não tem nenhum
respeito da sociedade, e cada vez que
uma ação como essa acontece, mais o
descrédito na política se acentua.
Piada
O que era dito como piada acabou
acontecendo na realidade, como farsa, é verdade, mas com ares de seriedade. O senador Fernando Collor
de Mello subiu ao púlpito do Senado
para falar sobre “a possibilidade de
um direito readquirido”. Isso mesmo.
Perguntou, sem nenhum sinal de
deboche, o ex-presidente impichado: se o Supremo Tribunal Federal
na reunião de hoje resolver mexer
no rito do processo de impeachment, “não seria o caso de se rever
aquela decisão de 1992 e reconhecer, pelos novos fatos, pelas novas
interpretações e pelo novo rito processual, um vício de origem naquele
processo de 1992?”.
Era só o que faltava.
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