1 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br JUNHO • JULHO 2014 2 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br JUNHO • JULHO 2014 SEM SURPRESAS na penúria de sempre. E, como dizia meu Avô, muito blá blá e nada. Nem galinhas, que dirá poucos ovos! Mas, brincadeiras Márcio Alemany - Presidente à parte, voltamos a escutar o zum as para zum zum do terrível quebrar FMI, que nos ronda um pouco novamente. Todos esse título, direi: os jornais publicam à exceção dos a entrevista da Sra. famigerados 7x1. Lagarde, que vocifera As festas do a “estremecente” calendário, essa palavra “reformas”. bendita ou maldita Que reforma copa do mundo e as eleições preecheram pretendem agora, a que nos arrancará o ano de 2014. os olhos da cara ou Nem a comissão sugará nosso sangue. do Congresso para Jamais esqueceremos examinar a ansiada PEC nº 443 se reuniu a hedionda PEC nº 41, que possibilitou a uma só vez e o nosso Ministro AGU, planejada usurpação com o pagamento da até agora, não nos previdência social já brindou com nada. paga pelos inativos Nem palmas, nem do serviço público. foguetes. Ficamos M Uma coisa medonha, que fragilizou o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito. Um acinte vergonhoso, um atentado à nossa cidadania. O que vem por aí? O que pretendem? A previdência complementar, tão acalentada para encher mais ainda os cofres dos bancos privados e mesmo dos estatais já demonstra sinais de decréscimos. O que está havendo? Seria a bolsa de S. Paulo despencando a cada pregão? Os títulos e outros papéis para aplicação não estão garantindo rentabilidade, sustentabilidade e o Pibinho espelha isso? Quando o Estado garantia, não havia riscos e esses só apareceram quando deram início ao uso indevido dos recursos da previdência. Será que não ocorre o mesmo com os dinheiros dos chamados fundos da previdência privada, e o FAT, o FGTS está tudo indo muito bem? E aí chega o FMI e quer reformas. Quais pretende sugerir ou realizar? Será que voltamos à condição de devedores ou de fato pagaram mesmo essa conta? Pagaram ou não? Pelo andar da carruagem, não vai sobrar nada para os Advogados Públicos que têm contribuído decisivamente para o aumento frequente da arrecadação. Iremos ficar a ver navios, assistindo ao distanciamento remuneratório da Magistratura e do Ministério Público, que também exercem as mesmas funções essenciais à Justiça?! Por quanto mais tempo? Devemos estar unidos e vigilantes para que novos fatos com o mesmo conhecido viés não voltem a acontecer. Afinal, continuamos produzindo, não estamos sendo devidamente compensados e ainda poderemos correr riscos. Não poderemos deixar isso acontecer! Abramos os olhos e permaneçamos unidos! Advogados da AGU defendem a instituição de marco internacional para reforçar parceria entre países no combate à corrupção A instituição de um marco legal, multilateral ou bilateral, é defendido pela Advocacia-Geral da União (AGU) como instrumento essencial para tornar a cooperação internacional mais eficiente em matéria civil e administrativa nos processos de recuperação de valores desviados do país por atos de corrupção. O posicionamento foi apresentado pelo coordenador do Núcleo de Con- trovérsias no Exterior do Departamento Internacional da AGU, advogado da União Marconi Melo, durante o IV Workshop Grotius Cooperação Internacional nas Fronteiras, em painel sobre os desafios da relação com outros países. Dentre os pontos destacados, o advogado falou sobre as ações de fomento à cooperação realizada junto a organismos internacionais, em especial no âmbito da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (UNCAC) e do Grupo de Trabalho Anticorrupção do G20. Marconi Melo também ressaltou os desafios impostos pela nova Lei nº 12.846/2013 que estabeleceu a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, em especial sobre a cooperação para a obtenção de provas no exterior e o bloqueio de bens no exterior para resguardar a integridade do patrimônio público lesado. O advogado da União alertou que a cooperação internacional em matéria civil é essencial para permitir que os Estados possam coadunar esforços a fim de permitir a realização de atos processuais em outras jurisdições. “Dentre os principais desafios à cooperação se remarca a necessidade de implementação de um marco internacional que permita o bloqueio e perdimento de bens decorrentes de ações e procedimentos civis voltados ao combate à corrupção, em especial, no caso brasileiro, da recuperação de ativos decorrentes de ações de improbidade, condenações do Tribunal de Contas da União e dos procedimentos de responsabilização de pessoas jurídicas instituídos pela Lei nº 12846, de 2013”, destacou. O tema foi abordado em conjunto com representantes do Ministério da Justiça, do Itamaraty e da magistratura. JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 3 JUNHO • JULHO 2014 Outro Tempo Allam Soares Procurador Federal Será mais nobre suportar na mente as flechadas do trágico destino ou tomar armas contra um mar de escolhos e o enfrentando vencer?” (Hamlet, III, i, 56-88) S I empre admirei os que, mesmo em condições desfavoráveis, insistem em seus justos propósitos, sem que a adversidade impeça a luta por seus objetivos. Com base nas Crônicas de Holinshed, que abrangem, historicamente, a Inglaterra, a Irlanda e a Escócia, Shakespeare escreveu um de seus mais importantes dramas históricos: “Henrique V”. Um bom elizabetano, Shakespeare vivia numa época em que não mais existiam as crenças medievais e as doutrinas que as sucederiam ainda não tinham chegado. Certos de que a Criação tinha bons fundamentos, que a ordem celeste assegurava a ordem terrestre, os elizabetanos, ainda assim, testemunharam um tempo em que, nem a lógica, nem a moralidade moderavam a volúpia do poder. Henrique V é um rei político, destinado a governar em meio à Henrique V de Shakespeare, com Laurence Olivier (1944) violência: é implacável com as forças hostis, que deseja dominar, mesmo com o sacrifício de milhares de vidas, entre as quais a sua. É um personagem carismático, um guerreiro sem piedade, mas fascinante. Provocado, já tendo nas mãos a Inglaterra, conquista a França e a princesa. Como Alexandre, morre jovem, mas é o que se pode chamar, nesse contexto, de um Grande Rei. Ao chegar ao solo francês, em meio à lama e frio, trava a Batalha de Agincourt, com seu exército de 13 mil homens contra 50.000 franceses. Pronuncia, então, o célebre discurso com que inflamou os ingleses à vitória: “Nós, poucos, os poucos felizardos, nós, grupo de irmãos! Quem sangue comigo derramar, ficará sendo meu irmão. Por mais baixo que se ache confere-lhe nobreza o dia de hoje. Todos os gentis-homens que ficaram na Inglaterra sentir-se-ão malditos por não terem estado aqui presentes e hão de fazer ideia pouco nobre de sua valentia, quando ouvirem alguém dizer que combateu conosco, neste dia de São Crispim.” Esse discurso foi título de vários filmes – “Happy Few” (Poucos Felizardos), “Band of Brothers” (Grupo de Irmãos) etc – e também, com alterações, usado por políticos inescrupulosos como se as palavras e ideias a eles pertencessem. É como se fossem líderes, quando, na verdade, só querem manter o poder. II No tempo de Shakespeare, as diversões não eram apenas teatrais, mas, com frequência, decorrentes de ações violentas. As brigas de galo eram muito apreciadas quanto mais sangrentas fossem, com apostas sempre altas. Um dos passatempos favoritos dos ingleses era colocar um urso, acorrentado numa estaca e incitar contra ele seis fortes buldogues e, qualquer cachorro que morresse, era logo substituído. Alternativamente, colocavam esses mesmos cães perseguindo até a morte um cavalo que galopava nessa arena. Uma estranha e perversa diversão para os britânicos ou visitantes era ir ao Hospital de Bethlem para visitar doentes mentais e se divertir com seus sin- tomas. Também um acontecimento muito concorrido era assistir execuções, em que o prazer consistia em ver o grau de medo dos condenados, seus pedidos de perdão ou suas últimas palavras. Mas a importante contribuição desse período – a única que mobiliza multidões apaixonadas até hoje – foi o futebol. Dois grandes grupos jogavam bola através de violentas brigas, com o uso de socos, pancadas e mordidas. Atualmente, com o número reduzido para 22 participantes e com várias regras, alguns dos atuais jogadores ainda recorrem a expedientes condenáveis sem, felizmente, muito sucesso. Foi o que se viu nesta última Copa do Mundo. Em tempo: Um colega contou-me que um competente profissional da área jurídica admira os artigos do Dr. Rosemiro Robinson Silva Júnior e que, sem copiá-los, já recorreu a eles para fundamentar matérias análogas. Não é a glória para nosso Jornal e para a APAFERJ? JUNHO • JULHO 2014 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br Edison Guilherme Haubert Edison Guilherme Haubert é presidente do MOSAP-Movimento dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas. O interesse pela política surgiu no período em que trabalhava ainda em seu estado natal, Rio Grande do Sul, e fazia faculdade na PUC. Chegou a Brasília 1971. Formou-se em Direito na UNB. Ingressou no serviço público em 1972 e aposentou-se em 1996. Em entrevista ele fala sobre o trabalho do MOSAP, as dificuldades e da parceria com o Sindipol/DF. 4 salários certas gratificações que o presidente FHC queria cortar através do seu ministro de administração. Como surgiu o MOSAP? O Mosap surgiu praticamente com a constituinte. Esse movimento ainda não existia formalmente organizado, mas já havia embriões em São Paulo através do nosso fundador Domingues Travessos com seus colegas auditores fiscais. Na época em que eles se aposentaram, começaram a notar defasagem nos seus contracheQuando ingressou no serviço ques. Daí o surgiu essa grande público? preocupação e o interesse dos Eu comecei a trabalhar quan- servidores em se organizarem do ainda era estudante como para não perderem os direitos já oficial de gabinete de um secre- adquiridos. tário de estado. E lá acontecia Em 92, esse grupo de serviuma circunstância interessante: dores começou esse movimento eu era o único universitário en- dentro da categoria de auditores tre os auxiliares do secretário, fiscais, se estendendo a outros fora os seus assessores. Eu co- cargos e depois para o Brasil inmecei a ter vivência e gostar da teiro com outras entidades. política e, só não ingressei nesEsse movimento é formado sa área porque teria sido poda- por sindicatos e associações de do. Na época, nós discutíamos servidores públicos ativos, apomuito sobre política na universi- sentados e pensionistas. Com dade. e a gente acabou ficando atuação de uma forma única, marcado na Puc do Rio Grande harmoniosa e com uma linguado Sul. gem única entre todos. Com o tempo surgiu o interesse de vir para Brasília, pois exis- Quais são as principais bantia um fascínio de que aqui seria deiras do MOSAP? um eldorado agrícola. Em 1970 A integralidade dos vencimenterminou o período de gover- tos por ocasião da aposentadono desse secretário e decidi vir ria, a paridade de vencimentos para Brasília. Comecei a fazer entre ativos e aposentados, e a direito na UNB em 1975. Traba- não contribuição para a previlhei como assessor parlamentar dência social para quem viesse da câmara dos Deputados de 72 a se aposentar. até 82. Em 1983 entrei no senado, onde me aposentei em 1996 Qual o maior problema enfrensobre aquela pressão de que vi- tado hoje pelos servidores púnha do governo FHC, no sentido blicos aposentados? de cortar direitos dos servidores Umas das grandes preocupúblicos. pações dos aposentados são Nessa época, muitas pes- as constantes investidas do gosoas se aposentaram, pois já verno para retirar direitos, em tinham incorporado em seus acabar com certas circunstân- cias legais dos aposentados. O governo FHC tentou por várias vezes taxar os aposentados instituindo cobranças. Uma delas foi a aprovação da medida provisória que se transformou na lei 9783. A OAB entrou com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo e o veredicto foi de 11 a 0. O Tribunal entendeu que a lei era inconstitucional e que não poderia ser cobrado a previdência dos aposentados O que o senhor acha do aposentado ter um salário inferior em relação aos servidores ativos? É um desrespeito aos servidores enquanto pessoa humana. A finalidade principal da existência do MOSAP é para que não haja salários menores depois que os servidores se aposentarem. O servidor público merece ser respeitado, pois prestou serviços a sociedade durante toda sua vida. tegral. O servidor da empresa privada contribui somente até o teto. Caso o servidor queira complementar essa aposentadoria ele deverá recorrer às aposentadorias complementares. Isso já é regulamentado e está previsto na própria reforma previdenciária. A aposentadoria complementar não foi colocada em prática até hoje por uma série de razões, entre elas a de que o governo terá que captar muitos recursos para ter fundos. Qual a sua opinião em relação a decisão do Supremo sobre a cobrança previdenciária dos aposentados e pensionistas? Isso foi uma grande negociata. Essa decisão fere direitos adquiridos dos aposentados. O executivo encaminhou uma proposta completamente inconstitucional, pois feria preceitos constitucionais. Dentre elas estão cláusulas pétreas que não Quais são as principais dife- podem ser modificado em nerenças entre a aposentadoria nhum dispositivo por congresso do serviço público e do servi- derivado. ço privado? O congresso por sua vez voO servidor público contribui tou essa emenda, mesmo sasobre o total de que ele recebe bendo que ela feria os direitos para ter a sua aposentadoria in- adquiridos e a própria constitui- 5 ção. Partimos para o supremo, pois acreditávamos que ele seria o guardião da constituição e cumpridor do espírito da constituição, mas perdemos de 7 a 4 lá . Como está o andamento desse processo na corte internacional? O que o senhor espera? O que restou para os servidores depois da taxação previdenciária nos proventos da aposentadoria foi entrar com uma denúncia em 2005 na comissão interamericana de direitos humanos. Nós não estamos pedindo a revogação dessa emenda constitucional. Nós denunciamos a violação dos direitos individuais dos aposentados em decorrência dessa cobrança inconstitucional. O Brasil é signatário de duas convenções sobre direitos humanos e direitos econômicos e sociais na qual o país se compromete a cumpri-lás. Eu espero que a comissão admita a nossa denúncia e que seja proposto um acordo com o estado brasileiro com a reparação da violação dos direitos humanos. JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br JUNHO • JULHO 2014 Advogados asseguram ato da Administração e evitam pagamento indevido de gratificação pessoal A Advocacia-Geral da União (AGU) impediu, na Justiça, incorporação salarial indevida de Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI) sobre o vencimento básico de servidores públicos federais. Os advogados da União explicaram que a Administração realizou descontos nos valores recebidos após identificar erros no pagamento da gratificação. O Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado do Piauí (Sinsep) entrou com Mandado de Segurança Coletivo na Justiça alegando que os servidores foram surpreendidos pelos descontos no pagamento da gratificação e que a medida seria ilegal. Por isso, pediu que a Secretaria de Gestão Pública, órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, não efetuasse mais alteração no cálculo da VPNI, mantendo o pagamento da complementação salarial aos servidores da forma como vem fazendo desde a edição da Medida Provisória nº 283/2006, depois convertida na Lei 11.314/2006. Atuando no caso, a Procuradoria-Regional da União na 1ª Região (PRU1) explicou que os descontos, implantados na folha de pagamento de fevereiro de 2014, em parcela única referente a janeiro de 2014, foram realizados tempestivamente conforme previsão contida no parágrafo 2° do artigo 46 da Lei n° 8.112/90. A norma prevê este procedimento quando identificado pagamento indevido ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha e autoriza a reposição do respectivo valor ao erário. “O que se observa claramente é que o pagamento foi efetuado de forma indevida, por erro de fato, mas não erro de direito, de forma que cabível a reposição do erário, nos termos acima esclarecidos”, defendeu a unidade da AGU. Além disso, os advogados da União informaram que não houve qualquer comprovação de dano aos servidores, existência de prejuízo remuneratório, ou ainda conduta ilegal por parte da União e dos órgãos públicos. “A absorção da gratificação se deu na mesma proporção da concessão de reajuste ou vantagem ocorrida na folha de janeiro de 2014, não se tratando, portanto, de ato que tenha causado decesso remuneratório a qualquer servidor ativo, aposentado ou beneficiário de pensão vinculado ao Poder Executivo”. Acolhendo os argumentos apresentados pelos advogados da União, a 20ª Vara Federal do Distrito Federal rejeitou o pedido do sindicato e impediu a manutenção da vantagem. “A concessão da liminar, em Mandado de Segurança, pressupõe a presença dos requisitos previstos no artigo 7º, da Lei n.º 12.016/2009, a relevância dos fundamentos e o perigo da demora revelada pela ineficácia da medida, caso esta seja deferida somente por ocasião da sentença. No caso, identifico a ausência do primeiro requisito, tendo em vista que quanto ao pedido de manutenção da vantagem remuneratória, há expressa impossibilidade de concessão, em sede de liminar”, destacou a Justiça. AGU consegue bloqueio de quase R$300 mil de ex-servidor da Receita Federal para ressarcimento aos cofres públicos por atos de improbidade Advogados da União no Rio Grande do Sul conseguiram, na Justiça, o bloqueio dos bens no valor de R$ Qual a importância do traba- 294.780,00 de um ex-auditor fiscal lho do Sindipol/DF com o MO- da Receita Federal, e outros dois envolvidos em atos de improbidade SAP? administrativa que, mesmo não sendo A importância desse trabalho agentes públicos, participaram do ato se faz no mesmo sentido das ilícito. O pedido da Advocacia-Geral outras 700 entidades no Bra- da União (AGU) foi acolhido em ação sil inteiro. O MOSAP não exis- que pedia a indisponibilidade dos bens te sem essas entidades. Cada para assegurar o integral ressarcimenentidade tem a sua importância to aos cofres públicos. Atuando no caso, a Procuradodentro desse conjunto e cada uma exerce a defesa específica ria-Regional da União na 4ª Região de assuntos consensuais entre (PRU4) e a Procuradoria-Seccional da todos. O Sindipol tem uma im- União (PSU) em Bagé/RS explicaram portância fundamental dentro que o auditor fiscal da Receita Federal foi preso em flagrante delito no ano do movimento, pois é uma das de 2009, por receber 60 caixas de entidades que está sempre pre- cigarros contrabandeados do Parasente nas atividades do Mosap. guai. As unidades da AGU destacaram E hoje, a principal figura que que o servidor, mesmo aposentado representa o Sindipol dentro do em 2011, respondeu a processo adMOSAP é o senhor Gilberto com ministrativo que culminou na cassação o grande apoio do presidente de sua aposentadoria. Segundo os advogados da União, ele também foi Luís Cláudio. condenado, junto com outros envolvidos, em ação penal por contrabando e descaminho. De acordo com as procuradorias, gravações telefônicas obtidas com autorização judicial, e depoimentos dos próprios réus, atestam que eles compactuaram com o ex-servidor, facilitando o contato com o fornecedor de cigarros e transportando a mercadoria ilegal. Segundo a AGU, o auditor fiscal transgrediu normas que ele mesmo tinha o dever legal de fazer cumprir, e valeu-se do cargo em benefício próprio ao apresentar, para o fornecedor paraguaio, a carteira funcional como garantia de não haver risco de apreensão da mercadoria contrabandeada. Além disso, foi demonstrado que os veículos utilizados na comercialização e distribuição dos cigarros tinham adesivos com brasão nacional e os dizeres “Fiscalização Federal”, o que também contribuiu para o prejuízo ao erário, ao infringir medidas de controle fiscal. As procuradorias lembraram que, diante dos fortes indícios da prática ilícita e da clara violação dos deveres de honestidade e lealdade à instituição e aos princípios da legalidade e da moralidade, nesse caso, não seria necessário comprovar a intenção de dilapidação do patrimônio, a fim de assegurar o ressarcimento aos cofres públicos. De acordo com a AGU, o valor a ser bloqueado pela Justiça deve alcançar o somatório do proveito econômico, mais o prejuízo ao erário e a multa pelas irregularidades. A Vara Federal de Bagé acatou os argumentos da AGU e reconheceu que os particulares, apesar de não serem servidores públicos, teriam participado decisivamente para a execução da atividade ilícita. “Assim, embora ainda não tenha havido o trânsito em julgado da sentença proferida no processo, a condenação já é o bastante para considerarmos que há presença de indícios fortes de cometimento de atos de improbidade com prejuízo ao erário”, diz a decisão. JUNHO • JULHO 2014 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br Em Defesa da Magistratura Orlando Gonzalez Procurador Federal aposentado Instados a falar sobre a lentidão da Justiça, magistrados se valem usualmente da reiterada explicação de que o número de juízes e varas apresenta um déficit visível e incontestável em face de uma demanda crescente, impelida por uma descontrolada explosão demográfica. Restringem-se a essa afirmativa talvez por elegância própria do cargo ou por elogiável respeito aos outros dois poderes da república. Na verdade, por mais complexa que seja a questão da demora do exercício judicante nas causas que se arrastam sob o peso insuportável do empilhamento de processos, é certo que fatores externos aos lindes do Judiciário não apenas influem nesse arrastar de atos processuais intermináveis, mas substancialmente dão causa à atual situação caótica das varas e tribunais, a ponto de desinfluir o cidadão do apelo à Justiça. Conforma-se ele com o prejuízo, que julga preferível ao sacrifício de arrostar uma pugna judicial cujo custo não envolve somente numerário, mas também perda de tempo e estresse não avaliável monetariamente. Isto sem contar o risco de sucumbência injusta que dobra o gasto e multiplica o estresse em instâncias superiores. Sopesados os prós e os contras, o jurisdicionado decide-se pela desistência e resigna-se com a abnegação santificadora dos injustiçados. Com efeito, são dois os grandes congestionadores da Justiça, não cabendo a juízes a culpa por esse fenômeno nunca assaz estudado pelos operadores do Direito em geral. Para logo, desponta, como um grande entulhador de pendengas forenses, o legislativo com seu conhecido, e estranhamente nunca atacado, furor legiferante. Se sua eficácia fosse medida pelo número de leis que elabora, viveríamos num paraíso social sem miséria, com pleno emprego, perfeição da assistência médico-hospitalar e exuberância educacional. Mas a crudelíssima realidade nos mostra que há vetores na formulação das leis que adulteram, em muitos casos, a sua finalidade. Assim, identificamse como móveis de diplomas legais algumas personagens fantasmagóricas a desnaturar a sua função: a demagogia, os lobbies, a mancebia política e a intromissão de interesses de um poder em outro (o executivo no legislativo, e vice-versa). Esse quadro aberrante, que sobreleva a cobiça pessoal ao serviço de proveito coletivo, achincalha a independência de poderes, sempre hipocritamente lustrada pela retórica dos aproveitadores. A demagogia, cortesã esnobe e pérfida de presença marcante na cena política, é intensamente utilizada porque promete ao legislador uma reeleição com base num currículo de projetos bem populares, no sentido mais rasteiro da palavra. O demagogo vasculha o sentimento que mais alvoroça as massas e, autonomeando-se defensor delas, produz leis que, carreando as máculas do arrivismo, desaguam em milhares (até milhões) de ações judiciais. O lobista, que prostitui o ambiente político-administrativo, age profissionalmente em favor de interesses particularíssimos de grupos, levando perdas reflexas à maioria da sociedade. A irresignação aumenta inevitavelmente o número de ações judiciais. A mancebia política consiste em lograr um congressista o voto de um colega em projeto seu concomitantemente à promessa de retribuí-lo ao parceiro em projeto deste. Não há aqui a convicção e a consciência de que o beneficiário maior é o povo, nem a análise sobre a validade, ou não, do que resultará do apoio assim engendrado. Prevalece a barganha, independentemente do impacto da medida a se transformar em lei. Esse troca-troca assentou-se de há muito como método de obtenção de favores recíprocos, tristemente consolidado na chamada “representatividade democrática”, expressão esta que tudo justifica. Das leis sem fundamento social (ou com fundamento exacerbado), que têm por objetivo esmerar a figura dos seus autores perante o eleitorado, decorrem não raro regulamentações desastrosas dos agentes administrativos situados em escalões inferiores, normalmente manipulados por seus padrinhos. A lei malformada desdobra-se em miríades de resoluções, portarias, instruções de serviço, atos normativos, etc., num cortejo teratológico, a atrapalhar a vida de empresas e de cidadãos. É comum que o burocrata, na afirmação de sua ontológica razão, acrescente à norma, à qual 6 supostamente confere exequibilidade, obrigações não originariamente elencadas. Os prejudicados sem alternativas, ou que tenham bens sensíveis afetados, vão bater às portas de uma já congestionada Justiça. Por último, mas sem estar impregnada da ingenuidade de ser a derradeira de uma lista inesgotável de distorções, encontramos a intromissão de um poder em outro. Esse atalho, de mão dupla, revela um jogo de anomalias bem mais nefastas em que trafegam airosamente interesses partidários e pessoais. Mais leis surgem, concedendo razão a quem estima que 70% das ações que congestionam os fóruns têm como parte algum órgão público, obrigando muita vez o contribuinte a escalar as instâncias judiciárias até o seu último patamar. Esse caldo intragável é reciclado sem freios pelo legislativo e executivo federais, por seus similares em 27 estados e em 5.564 municípios, com raio de ação sobre incontáveis regulamentadores de escalões inferiores. O resultado dessa produção inacabável de dispositivos legais é a passagem da bola para os juízes resolverem a histeria de leis que, só pelo quantitativo, assustam; pela qualidade, no mais das vezes, aterrorizam. Ao cabo, o Judiciário é que é lento. Pobres juízes, transmutados, desrespeitosamente, em acachapados bodes expiatórios da “lentidão da Justiça”, patrocinada de fato pelos que, entrincheirados comodamente em outros poderes, nada fazem para controlar o furor legiferante que patrocinam. JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 7 JUNHO • JULHO 2014 Fatos . Fatos . Fatos . Fatos . Fatos . Antonio C. Calmon N. da Gama Diretor de Divulgação da APAFERJ NOMEAÇÃO Quem foi nomeado no dia 10 de julho para ocupar o cargo de Subchefe de Análises e Acompanhamento das Políticas Governamentais da Casa Civil da Presidência da República, foi o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Jorge Messias. Parabéns ao Chefe da Casa Civil pela escolha. Desejamos ao colega sucesso no desempenho de suas atividades. dos servidores públicos aposentados e pensionistas. O Projeto de Emenda à Constituição é de autoria do ex-deputado Carlos Mota. Esperamos que sua aprovação seja breve, uma vez que a matéria está pronta para discussão e votação no plenário da Câmara. CONCURSO Foram aprovados, no último concurso realizado pela AGU, seiscentos candidatos, e deverão ser aproveitados em torno de cento e cinqüenta. Os demais permanecerão em reserva técnica, aguardando a oportunidade para serem convocados. PEC 555 LANÇAMENTO Conforme noticiado no último número do jornal da APFERJ, encontra-se em andamento no Congresso Nacional a PEC 555 de 2006, que objetiva a revogação do artigo 4º da Emenda Constitucional 41/2003, extinguindo gradativamente a cobrança previdenciária O livro “Gestão para Advogados”, elaborado pelo Coordenador de Novos PENSAMENTO “O pior pecado contra nossos semelhantes, mais que odiá-los, é ser indiferente a eles”. George Bernard Shaw Mercados e Gestão da Comissão do Jovem Advogado da OAB/SP, Luis Fernando Rabelo Chacon, lançado pela editora saraiva, tem como objetivo orientar profissio- nais do Direito em início de carreira no que tange às tarefas básicas, bem como buscar oportunidade de trabalho. Maiores informações pelo site www.saraiva. com.br. Flash CONFRATERNIZAÇÃO Com a comemoração dos aniversariantes do mês de junho, evento que já se tornou uma tradição na APAFERJ, foi lançado o livro Breves Comentários sobre a Estabilidade no Direito Brasileiro, de autoria do nosso colega e associado Rodrigo Lychowski. O lançamento ocorreu no dia 1º de julho na sede da APAFERJ. Durante a solenidade foi concedida a palavra ao autor que, de forma bastante didática, comentou o texto desenvolvido, tendo sido muito aplaudido pelos presentes. Momento Literário MAL SECRETO Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! Raimundo Correia JUNHO • JULHO 2014 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 8 Há cem anos começava o conflito até hoje nebuloso AO CONTRÁRIO da Segunda Guerra Mundial – que se explica pelo nazismo –, tudo é obscuro e controverso no conflito que foi de 1914 a 1918. A morte de ao menos 10 milhões de pessoas naqueles quatro anos parece ter sido um sacrifício inútil, causado não se sabe exatamente por que razão. Os resumos de escola se contentam em mencionar o assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro como o “estopim” da Primeira Guerra – que, em seguida, e desqualificada como um confronto entre potências imperialistas (França, Inglaterra, Rússia e, posteriormente, Itália e Estados Unidos de um lado; Alemanha, Império Austro- Húngaro e Império Otomano de outro). Sem despertar maiores torcidas no plano moral, o interesse pela Primeira Guerra termina diminuído na comparação com a luta dos Aliados contra Hitler e Mussolini; a complicadíssima crise de 1914 pode ser fascinante, mas tende a atrair sobretudo os fanáticos pelos jogos de geopolítica e pelas teorias das relações internacionais. Ainda que todos os participantes da Primeira Guerra tenham promovido atos hediondos – com monumental destaque para o genocídio armênio, que deixou pelo menos 1 milhão de mortos, empreendido pelos turcos a partir de 1915 –, mesmo antes de Hitler o militarismo prussiano acumula um currículo com o qual é difícil rivalizar. Os alemães foram os primeiros a utilizar gás venenoso na guerra, na segunda batalha de Ypres, em 1915. Antes disso, os franceses se limitaram ao gás lacrimogêneo. Logo os combatentes trataram de se proteger com máscaras de di versos tipos. Ao cloro letal, capaz de corroer o tecido dos pulmões, a tecnologia alemã acrescentou então o gás mostarda, que atua diretamente sobre a pele. Veio dos alemães a decisão de usar submarinos (indetectáveis à época) para atacar não só navios militares como também navios mercantes, a partir de outubro de 1914, e também transatlânticos de passageiros, como o britânico Lusitania, em maio de 1915. O navio afundou em menos de 20 minutos, matando perto de 1.200 civis. Foram também os primeiros, na Grande Guerra, a lançar ataques aéreos contra a população urbana. Em agosto de 1914, nove habitantes da cidade belga de Liège foram mortos por bombas jogadas de um zepelim. Inicialmente vetados pelo kaiser, os bombardeios contra Londres viriam no começo de 1915. Não se teve ideia melhor do que redigir um ultimato à Bélgica – que não tinha nada a ver com o que acontecia do outro lado da Europa, entre russos, sérvios, austríacos e alemães. O pequeno país do rei Alberto 1º tinha sua neutralidade garantida por um tratado internacional assinado em 1839, pela Prússia inclusive. O tratado? “Só um pedaço de papel”, na frase famosa do ministro alemão das Relações Exteriores, Theobald von Bethmann – Hollweg. Os alemães avançaram até Liège: em 8 de agosto, como punição por atos de resistência, 850, civis foram executados, e 1300 casas, destruídas pelo fogo. O pior aconteceria em Louvain, também na Bélgica, em 25 de agosto. Um incêndio acidental colocou os alemães em polvorosa. Invadiram casas, arrastaram moradores para a rua, espancaram-nos, fuzilaram-nos, e tiveram a ideia de incendiar uma das mais valiosas bibliotecas da Europa, com 300 mil volumes. Em seguida, impediram os bombeiros de agir, destruíram 2.000 edifícios e expulsaram 10 mil habitantes de suas casas, deportando 1500 para a Alemanha. Casos semelhantes fazem parte, hoje em dia, da rotina de qualquer guerra; na época, justificaram plenamente a imagem dos alemães como “bárbaros”, ou “hunos”, no vocabulário da propaganda britânica. Contra os 6.427 civis mortos pelos alemães em 1914, segundo Hastings, contam-se apenas 101 vítimas da população alemã na invasão russa da Prússia Oriental, no mesmo ano. O que explica tanto furor guerreiro? Hastings cita o texto de um polemista alemão em 1913, segundo o qual “a destruição impiedosa das forças inimigas é o objetivo mais humano que se possa ter, por estranho que pareça”. Havendo muita consideração pelo adver sário, a guerra se prolongaria demais, com prejuízo para todos. Em outras partes de Belgrado, o massacre toma livre curso; dois irmãos da rainha são apunhalados, o primeiro-ministro e o ministro da Guerra são executados à queima-roupa. Por fim, o rei e a rainha serão encontrados, mortos e esquartejados. Era o fim da dinastia dos Obrenovic, notável pela brutalidade. Toma conta do reino o representante da dinastia rival, de currículo não menos apavorante, mas seguindo um ideário supostamente liberalizante – e, principalmente, expansionista. Numa região pulverizada em pequenas nacionalidades, tentando emergir entre os destroços de dois impérios (o Otomano e o Austro- Húngaro), ganhava força o lema segundo o qual “onde há um sérvio, lá é a Sérvia”. O grupo que toma o poder após o assassinato de Alexandre e Draga tem apoio da Rússia, motivada não só por questões de identidade étnica – eram todos “eslavos” – mas também pelo afã de garantir o enfraquecimento de turcos e austríacos numa área de importância geopolítica fundamental até hoje. A saber, o lado oriental do Mediterrâneo e sua ligação com o mar Negro, capaz de prover a Rússia de portos incomparavelmente mais convenientes do que as águas geladas do norte europeu. Os assassinos de 1903, em especial o famigerado Dragutin Dimitrijevic, o Apis (chefe da organização secreta Mão Negra e também responsável pelo serviço de inteligência do Exército sérvio) dariam inspiração e recursos para que o jovem Gavrilo Princip, nascido na Bósnia, mas de origem sérvia, disparasse os tiros de Sarajevo. Do ponto de vista de hoje, marcado pelos atentados do 11 de Setembro, não chega a ser surpreendente que os austríacos tenham desejado reagir militarmente contra a Sérvia, cuja organização go vernamental estava implicada claramente em atos terroristas. 9 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br JUNHO • JULHO 2014 Sistema da AGU de Inteligência Jurídica completa semestre com 50 mil processos administrativos em tramitação Cerca de cinco mil membros e servidores da Advocacia-Geral da União (AGU) passaram a usar exclusivamente o Sistema AGU de Inteligência Jurídica (Sapiens) na rotina administrativa de trabalho. Do primeiro registro, em 21 de janeiro deste ano, até o início de julho, o gerenciador eletrônico de tarefas e atividades vinculou 150 mil documentos e, atualmente, cerca de 50 mil processos estão em tramitação. O atual ciclo de implantação do Sapiens prevê para este ano a expansão do módulo judicial com o treinamento dos usuários e estruturação. De acordo com a AGU, o mecanismo de peticionamento junto aos órgãos do Judiciário está pronto para entrar em funcionamento. Além disso, até abril de 2015 os 91 tribunais federais e superiores deverão adaptar-se ao modelo nacional de interoperabilidade lançado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A medida dispensará o recadastro no Sapiens do número dos processos, nomes das partes, classe. Essas informações serão apresentadas automaticamente no sistema. Quem utiliza o Sapiens já pode acessar o Cadastro Nacional de Informações Sociais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a consulta de CEP fornecida pelos Correios. Para o segundo semestre está prevista a disponibilização dos dados do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) e dos cadastros da Receita Federal. Os próximos passos do sistema, em 2014, passam pelo desenvolvimento do módulo de controle da dívida ativa, do módulo correicional e do módulo de ouvidoria. Implantação Atualmente, 218 unidades da AGU estão ativas no Sapiens. A previsão é que outras 347 unidades também utilizem o sistema. A implantação começou pelos órgãos centrais e sucessivamente pelas procuradorias regionais, estaduais, seccionais e escritórios de representação. A Secretaria-Geral de Administração (SGA) da AGU foi o primeiro órgão da Instituição a concluir a total implantação do Sapiens. A unidade central em Brasília e as cinco Superintendências já estão utilizando exclusivamente o sistema, contabilizando 35 mil tarefas encerradas. Em cada unidade, a média chega a 1,4 mil tarefas abertas. O Secretário-Geral de Administração substituto, Antônio Márcio de Oliveira Aguiar, destaca as vantagens da ferramenta de trabalho no trâmite dos processos, como a minimização de erros e a padronização de atuação. “Mesmo com as dificuldades de implantação típicas de um projeto desta amplitude, os servidores da SGA foram receptivos à mudança, o que garantiu o sucesso de sua implementação”, ressalta. O uso exclusivo do Sapiens também avança na Consultoria-Geral da União (CGU). Até o final deste mês de julho, todas as 63 unidades do órgão da AGU estarão ativas no sistema. Em 17 delas já houve a total implantação. O Consultor-Geral da União, Arnaldo Godoy, acrescenta que eventuais processos físicos remanescentes também deverão ser adaptados à realidade do sistema até o final de setembro. “O Sapiens traz todo o acervo consultivo em tempo real para o conhecimento da Instituição e concretiza o ideário da gestão da informação. Ou seja, é uma revolução!”, define. As planilhas de desempenho indicam uma convergência entre o quantitativo de tarefas abertas e o número de atividades concluídas pelos usuários que recebem as tarefas. As tarefas consistem, por exemplo, em promover pagamento, analisar processos e demandas, receber processos e adotar providências administrativas. Em sete meses, a duração para uma tarefa ser executada caiu de 18 dias para uma média de quadro dias. A Coordenação-Geral de Gestão Estratégica de Sistemas da Adjuntoria de Gestão Estratégica da AGU avalia que o índice foi alcançado porque os membros e servidores da Instituição estão aprendendo a usar o sistema e naturalmente existe o ganho de produtividade com o processo completamente digital. O que é o Sapiens O Sapiens é uma ferramenta de controle de fluxo de trabalho voltada à organização da AGU. Permite que seja mensurada de maneira apurada a quantidade de trabalho e o prazo médio de realização nas 27 unidades da Federação. Na área judicial, contribui com a uniformização das manifestações jurídicas, facilita a consulta e pesquisa da base documental das áreas do consultivo e do contencioso. O sistema incorpora ferramentas de apoio à produção de texto, com sugestões de conteúdo jurídico, modelos de petições e de tramitação de processos (fluxo de trabalho). “O Sapiens é capaz de aprender com os usuários e usar desse conhecimento que foi absorvido para ajudar nas próximas ações que são necessárias no sistema”, conclui a Adjunta do Advogado-Geral da União, Rosangela Silveira de Oliveira. JUNHO •• JULHO JULHO 2014 2014 JUNHO JORNAL DA DA APAFERJ APAFERJ -- www.apaferj.org.br www.apaferj.org.br JORNAL EM NOITE DE ANIVERSARIANTES, LANÇAMENTO DE LIVRO Toda última terça-feira do mês é dia de festa. É quando festejamos o aniversário dos nossos associados. A comemoração de junho foi mais festiva, pois na mesma noite o Dr. Rodrigo Lychowski lançou o seu livro, intitulado Breves Comentários sobre a Estabilidade no Direito Brasileiro. O evento contou com a presença de vários amigos do autor e se encerrou com um festivo coquetel, como podemos constatar nestas fotos. 10 1111 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br JUNHO • JULHO 2014 JUNHO • JULHO 2014 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br DUAS GRANDES PERDAS 12 O JORNAL DA APAFERJ é direcionado como é óbvio, para os temas jurídicos, como podem comprovar nos artigos dos Drs. Marcio Alemany e Ney Machado. Entretanto, há uma vertente literária que vai do conto ao artigo, e se alonga até a poesia. Exemplos desta diversidade são as vibrantes crônicas da Dra. Carmen Lucia, o impecável texto do Dr. Allam Soares e o eclético Dr. Rosemiro Robinson Silva Junior, que domina a prosa e o verso. Só por isso, temos motivos para nos identificar com a cultura, e lamentar as perdas que o mundo literário vem sofrendo nos últimos 5 anos. Nomes como Jorge Amado, Dias Gomes, Millôr Fernandes, e só neste mês João Ubaldo e Ariano Suassuna. Todos imortais da Academia Brasileira de Letras. A APAFERJ presta uma homenagem aos dois últimos, publicando suas biografias. “Se não entendo tudo, devo ficar contente com o que entendo. E entendo que vejo estas árvores e que tenho direito a minha língua e que posso olhar nos olhos dos estranhos e dizer: não me desculpe por não gostar do que você gosta; não me olhe de cima para baixo; não me envergonhe de minha fala; não diga que minha fala é melhor do que a sua; não diga que eu sou bonito, porque sua mulher nunca ia ter casado comigo; não seja bom comigo, não me faça favor; seja homem, filho da puta, e reconheça que não deve comer o que eu não como, em vez de me falar concordâncias e me passar a mão pela cabeça; assim poderei matar você melhor, como você me mata há tantos anos.” (Vila Real) Biografia Sétimo ocupante da Cadeira nº 34, eleito em 7 de outubro de 1993, na sucessão de Carlos Castello Branco e recebido em 8 de junho de 1994 pelo Acadêmico Eduardo Portella. Faleceu no dia 18 de julho de 2014, no Rio de Janeiro, aos 73 anos. João Ubaldo (Osório Pimentel) Ribeiro nasceu em Itaparica (BA), em 23 de janeiro de 1941. Dos primeiros meses de idade até cerca de onze anos, viveu com sua família em Sergipe, onde o pai era professor e político. Passou um ano em Lisboa e um ano no Rio de Janeiro para, em seguida, fixar-se em Itaparica, onde viveu aproximadamente sete anos. Entre 1990 e 1991, morou em Berlim, a convite do Instituto Alemão de Intercâmbio (DAAD – Deutscher Akademischer Aus- João Ubaldo Ribeiro tauschdienst). Na volta, passou a morar no Rio de Janeiro. É Casado com Berenice de Carvalho Batella Ribeiro, tendo o casal dois filhos. Do casamento anterior com Mônica Maria Roters, João Ubaldo teve duas filhas. Bacharel em Direito (1959-62) pela Universidade Federal da Bahia, jamais chegou a advogar. Pós-graduado em Administração Pública pela mesma Universidade e Mestre (Master of Science) em Administração Pública e Ciência Política pela Universidade da Califórnia do Sul. Entre outras atividades, foi professor da Escola de Administração e da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia e professor da Escola de Administração da Universidade Católica de Salvador. Como jornalista, foi repórter, redator, chefe de reportagem e colunista do Jornal da Bahia; colunista, editorialista e editor-chefe da Tribuna da Bahia. É colunista do jornalFrankfurter Rundschau, na Alemanha; colaborador de diversos jornais e revistas no país e no exterior, entre os quais, além dos citados, Diet Zeit (Alemanha), The Times Literary Supplement (Inglaterra), O Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal), Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, A Tarde e muitos outros. A formação literária de João Ubaldo Ribeiro iniciou ainda nos primeiros anos de estudante. Foi um dos jovens escritores brasileiros que participaram do International Writing Program da Universidade de Iowa. Trabalhando na imprensa, pôde também escrever seus livros de ficção e construir uma carreira que o consagrou como romancista, cronista, jornalista e tradutor. Seus primeiros trabalhos literários foram publicados em diversas coletâneas (Reunião, Panorama do Conto Baiano). Aos 21 anos de idade, escreveu seu primeiro livro, Setembro não Tem Sentido, que ele desejava batizar como A Semana da Pátria, contra a opinião do editor. O segundo foiSargento Getúlio, de 1971. Em 1974, publicou Vencecavalo e o Outro Povo, que por sua vontade se chamaria A Guerra dos Paranaguás. Consagrado como um marco do moderno romance brasileiro, Sargento Getúlio filiou o seu autor, segundo a crítica, a uma vertente literária que sintetiza o melhor de Graciliano Ramos e o melhor de Guimarães Rosa. A história é temperada com a cultura e os costumes do Nordeste brasileiro e, em particular, dos sergipanos. Esse regionalismo extremamente rico e fiel dificultou a versão do romance para o inglês, obrigando o próprio autor a fazer esse trabalho. A seu respeito pronunciaram-se, nos Estados Unidos e na França, as colunas literárias de todos os grandes jornais e revistas. Em 1999, foi um dos escritores escolhidos em todo o mundo para dar depoimento, ao jornal francês Libération, sobre o Terceiro Milênio. E Viva o Povo Brasileiro foi o tema do exame de Agrégation, concurso para detentores de diploma de graduação na universidade francesa. Este romance e Sargento Getúlio constaram da maior parte das listas dos cem melhores romances brasileiros do século. Prêmios e distinções • Prêmio Golfinho de Ouro, do Estado do Rio de Janeiro, conferido, em 1971, pelo romanceSargento Getúlio; • Dois prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1972 e 1984, respectivamente para o Melhor Autor e Melhor Romance do Ano, pelo romances Sargento Getúlio e Viva o povobrasileiro; • Prêmio Altamente Recomendável Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil,1983, paraVida e Paixão de Pandonar, o Cruel ; • Prêmio Anna Seghers, em 1996 (Mogúncia, Alemanha); • Prêmio Die Blaue Brillenschlange (Zurique, Suíça); • Detém a cátedra de Poetik Dozentur na Universidade de Tubigem, Alemanha (1996). • Prêmio Lifetime Achievement Award, em 2006; • Prêmio Camões, em 2008. 13 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br ARIANO SUASSUNA Biografia Sexto ocupante da Cadeira nº 32, eleito em 3 de agosto de 1989, na sucessão de Genolino Amado e recebido em 9 de agosto de 1990 pelo Acadêmico Marcos Vinicios Vilaça. Faleceu no dia 23 de julho de 2014, no Recife, aos 87 anos. Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa (PB), em 16 de junho de 1927, filho de Cássia Villar e João Suassuna. No ano seguinte, seu pai deixa o goverSerá que mais Alguém vê e escu- no da Paraíba e a família passa ta? a morar no sertão, na Fazenda Acauhan. Sinto o roçar das asas Amarelas Com a Revolução de 30, seu e escuto essas Canções encanta- pai foi assassinado por motivos tórias políticos no Rio de Janeiro e a que tento, em vão, de mim desa- família mudou-se para Taperoá, possar. onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus Diluídos na velha Luz da lua, primeiros estudos e assistiu pela a Quem dirigem seus terríveis primeira vez a uma peça de macantos? mulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” Pressinto um murmuroso esvoejar: seria uma das marcas registrapassaram-me por cima da cabeça das também da sua produção e, como um Halo escuso, te envol- teatral. veram. A partir de 1942 passou a viEis-te no fogo, como um Fruto ar- ver no Recife, onde terminou, em dente, 1945, os estudos secundários a ventania me agitando em torno no Ginásio Pernambucano e no esse cheiro que sai de teus cabe- Colégio Osvaldo Cruz. No ano los. seguinte iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu HermiQue vale a natureza sem teus lo Borba Filho. E, junto com ele, Olhos, fundou o Teatro do Estudante ó Aquela por quem meu Sangue de Pernambuco. Em 1947, espulsa? creveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, Da terra sai um cheiro bom de vida sua peça Cantam as Harpas de e nossos pés a Ela estão ligados. Sião (ou O Desertor de PrinceDeixa que teu cabelo, solto ao sa) foi montada pelo Teatro do vento, Estudante de Pernambuco. Os abrase fundamente as minhas Homens de Barro foi montada no mão... ano seguinte. Em 1950, formou-se na FaMas, não: a luz Escura inda te en- culdade de Direito e recebeu o volve, Prêmio Martins Pena pelo Auto o vento encrespa as Águas dos de João da Cruz. Para curar-se dois rios de doença pulmonar, viu-se obrie continua a ronda, o Som do fogo. gado a mudar-se de novo para Ó meu amor, por que te ligo à Mor- Taperoá. Lá escreveu e montou te? a peça Torturas de um Coração Último texto Noturno Têm para mim Chamados de outro mundo as Noites perigosas e queimadas, quando a Lua aparece mais vermelha São turvos sonhos, Mágoas proibidas, são Ouropéis antigos e fantasmas que, nesse Mundo vivo e mais ardente consumam tudo o que desejo Aqui. JUNHO • JULHO 2014 em 1951. Em 1952, volta a residir em Recife. Deste ano a 1956, dedicou-se à advocacia, sem abandonar, porém, a atividade teatral. São desta época O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e o Auto da Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”. Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte foi encenada a sua peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O Santo e a Porca; em 1958, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna; em 1959, A Pena e a Lei, premiada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro. Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste, que montou em seguida a Farsa da Boa Preguiça (1960) e A Caseira e a Catarina (1962). No início dos anos 60, interrompeu sua bemsucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPe. Ali, em 1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994. Membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967); nomeado, pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPe (1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o “Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais. Convocou nomes expressivos da música para procurarem uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao movimento, lançado em Recife, em 18 de ou- tubro de 1970, com o concerto “Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma exposição de gravura, pintura e escultura. Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998). Entre 1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976), classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”. Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte (PE), onde ocorre a cavalgada inspirada noRomance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre, constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município. Membro da Academia Paraibana de Letras e Doutor Honoris Causa da Faculdade Federal do Rio Grande do Norte (2000). Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu um documentário intitulado O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado e que foi exibido na Sala José de Alencar. JUNHO • JULHO 2014 Reinaldo José Lopes Séculos antes que escribas israelitas anônimos se sen tassem para escrever os relatos sobre o Dilúvio que constam do Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, múltiplas versões da história, em mais de uma língua, já circulavam pelo Oriente Médio. O arqueólogo Irving Finkel, do Museu Britânico, foi res ponsável por decifrar uma das variantes mais antigas da nar rativa, composta por volta do ano 1700 a.C. e contendo um detalhe surpreendente: uma “Arca de Noé” redonda. As aspas são necessárias porque essa arca redonda não foi construída por Noé, como na história bíblica, mas, sim, por um sujeito chamado Atrahasis, que também é o personagem principal de outras versões antigas da história do Dilúvio. Finkel é especialista na antiga escrita cuneiforme, in ventada na Mesopotâmia (grosso modo, o atual Iraque), e conta os detalhes de sua descoberta no livro “The Ark Before Noah” (“A Arca Antes de Noé”), lançado recentemente no Reino 14 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br A Primeira Arca Unido. Na obra, Finkel explica que a tabuleta de argila com ca racteres cuneiformes contendo a versão redescoberta da história chegou às suas mãos por meio de Douglas Simmonds, britânico cujo pai, um colecionador particular de antiguidades, havia adquirido a relíquia no fim dos anos 1940. Nenhum dos Simmonds fazia ideia da importância do texto, escrito em acadiano (língua semita, como o hebraico), provavelmente na Babilônia. DETALHES A tabuleta contém apenas um fragmento de 60 linhas da história, mas é excepcional por trazer instruções detalhadas da construção da arca, como matéria-prima, formato, dimensões e até a ideia de que os animais Relíquia em exposição no Museu Britânico. Foi escrita quase um milênio antes da Bíblia, em um pedaço de argila do tamanho de um telefone celular e diz da lenda de Atrahasis, um herói da Babilônia, que construiu um gigante Circular arca para salvar um grande dilúvio, levando consigo animais silvestres recolhidos a partir de dois. Arqueólogo Irving Finkel, do Museu Britânico deveriam entrar na Arca em pares. O modelo da megaembar cação parece ter sido um tipo de “barco-cesto” tradicional da Mesopotâmia, que aparece em gravuras antigas e ainda era usado na região no fim do século 19. Em entrevista à Folha, Finkel afirmou que a versão que ele decifrou provavelmente é a mais primitiva da região. “Na minha visão, a história do Dilúvio é extremamente antiga e deriva de uma inundação real que aconteceu muito antes da invenção da escrita, talvez milênios antes”, diz. “Provavelmente a versão em acadiano é mais antiga que a versão em sumério [outra língua extinta da região], a qual tem um sabor de tradução.” A trama básica do Dilúvio mesopotâmico é quase idêntica à da história bíblica, mas uma das diferenças mais óbvias é que, na narrativa de Atrahasis, existem vários deuses (em vez do Deus único israelita), e são eles, em conjunto, que decidem exterminar a humanidade com as águas. Entretanto, uma das divindades, Enki, resolve “va zar” o plano de seus compa nheiros divinos para o humano Atrahasis, instando-o a construir o superbarco de maneira a salvar sua família e os casais de animais. Outra diferença crucial é que, nas histórias mesopotâmicas, os deuses tomam sua decisão drástica porque não conseguem dormir com o barulho feito pela população humana, ou então porque a Terra ficou superpovoada. Na Bíblia, por outro lado, a maldade humana é que teria motivado o dilúvio. “Isso provavelmente reflete a ideia de que, naquela época, a humanidade ainda não era afligida pela morte, o que levou à superpopulação”, conta Finkel. “Nesse caso, a reação dos deuses é uma reação racional a esse problema, e não um castigo moral.” Tudo indica, portanto, que os autores israelitas da Bíblia transformaram a história para enfatizar o que viam como a preocupação de Deus em punir o mal. Isso não significa, porém, que a religião mesopotâmica fosse alheia à importância da moralidade, diz Finkel. “Eles só não faziam tanto barulho em relação a esse tema quanto as religiões posteriores”, afirma. JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 15 JUNHO • JULHO 2014 A difícil arte de entender o Outro Carmen Lucia Vieira Ramos Lima Procuradora Federal É , estamos no inverno, abaixo da linha do equador. É interessante ouvir os comentários sobre o clima, nos noticiários da TV a cabo (TV globalizada), acompanhando a situação climática nos diferentes recantos do mundo. Ouve-se que em Málaga e Catalunha, regiões espanholas, o turismo de verão, até o momento, já superou o faturamento de 2013. A cota de ingleses foi mais alta do que a última registrada. Enfim, os europeus estão ajudando a levantar as finanças da Espanha, por causa da sua posição privilegiada e de sua história. Aqui, chove e faz frio em S.Paulo, nevou e choveu no Paraná e, pasmem, faz frio em Niterói. Gosto dessa diversidade. Mudo o canal. Está quente, acalorado, pegando fogo em Israel, Faixa de Gaza (Palestina), Donetsck, Kiev e outras cidades da Ucrânia, país outrora lindo; avião caído (2º. da Malaysian Airlines em menos de 6 meses?), grupos separatistas, revolucionários, protestos no Rio e em S. Paulo etc. Alguém jovem chamou a minha atenção. Esse alguém parecia Reflexões: • Inverno. Sempre será inverno ou, pelo menos, estará frio, se ligarmos os aparelhos adequados, mantendo frio o ambiente. • O inverno é bom. Se for ouvido na Sinfonia de Vivaldi, as Quatro Estações, é lindo. Observado, ele faz parte da harmonia, compartilha o ritmo da vida. • Inverno também estimula o pensar, o refletir. O estar consigo mesmo. O recolhimento. • Todas as estações inspiram os poetas. Ou não? • Estamos no inverno, aqui, neste país continental. liderar um grupo de protesto e, no meio da confusão, entre Polícia Militar e arruaceiros, disse que aquilo “era questão de Segurança Internacional”. Lembrei-me de ter visto/ ouvido numa sequência anterior, uma troca de informações entre o que parecia ser conversa de 2 líderes protestadoras: falavam sobre uma quantidade de líquido inflamável necessário para fazer bombas caseiras; chegaram a um total de 5 litros, a serem distribuídos entre militantes. O noticiário teve acesso a essa conversação e a passou aos telespectadores. Na verdade, qual assunto pode ser tão importante que justifique a quebradeira, o botar fogo no patrimônio público/particular e fugir da mira de punição do Estado Guardião? Afinal, trata-se, sim da Soberania Interna sendo achincalhada, destruída, patrimônio quebrado para todos pagarem e ainda sustentarem bandidos que, de dentro dos presídios, comandam golpes e violações de contas bancárias dos cidadãos! E neste último item eu me ponho como vítima de tentativa desse golpe do código 85. Estive, 1 dia após procedimento cirúr- gico, no Banco do Brasil, Ag. Amaral Peixoto-Niterói, onde uma funcionária me disseque o BB é “indevassável” e, a Operadora OI, cujo atendimento foi mais elucidativo. Conversei com o Gerente do BB-Ag. Estilo, que me disse não poder garantir que, nos dias atuais haja “conta indevassável”, no que eu concordo. A prova é que, três dias após, na Bahia, a fila no BB, de queixosos, violados em seus direitos, nos seus bolsos, era enorme. Qualquer País tem orgulho de ser soberano interna e externamente. Assuntos internos são e devem ser resolvidos internamente. Organizações Internacionais tentam mediar conflitos, entre seus membros e estes com o resto do mundo. Os tempos estão difíceis. Pareceu-me que, certamente, a manipulação, nacional e/ou internacional, está crescendo a olhos vistos. Devemos acreditar nos nossos interesses, lutar por eles e, sempre que possível abrir discussões no espaço territorial que nos diz respeito. A CFB é extensa, detalhista. O que compete ao Estado está posto ali; se ainda não é aplicável, já deveria ter a devida prio- ridade para sê-lo. Ouvir palavras soltas, conceitos inadequados, gerados pelo desconhecimento, atribuições avulsas, é um maná para os desocupados que, encontrando terreno fértil, palco, espaço, lançam no vazio suas ideias, as quais poderão encontrar eco em grupos manipulados. Os cidadãos que veem reiteradamente sofrendo golpes salariais, podem estar alimentando ações criminosas de presos que, de dentro dos presídios, comandam todo o tipo de ilícito penal. Acredito que cidadãos cansados, espoliados também são pessoas que deixaram de lado a sensatez de usar pesos e medidas nas suas escolhas, quaisquer que sejam. O estresse, a fadiga, as promessas, os desvarios, os enriquecimentos ilícitos, a impunidade não são propriamente ingredientes fáceis de serem digeridos. “O Povo tem razão” é o que se ouve. Chavões não mais convencem. Palavras se gastam. Ações são descontinuadas ou menosprezadas. A palavra Educação contém uma árvore genealógica sequencial de gerenciamento de formas e conteúdos: Deptos, Conselhos, Seminários, Setores, Aprendizagem, Temática, Suporte, Linguagem, Fonética, Grandezas, etc. e tudo se formaliza em 3 níveis. As vezes, o que chega até o aluno lá dos confins, é a carência de professor e não a greve. Ou a falta de equipamento, de material, de merenda. O ideal? Que esta nação fosse uma nação trilingue e não bilíngue: temos uma fronteira imensa com cidadãos de língua espanhola. A 2ª. língua mais falada no mundo, já o disseram. O nosso trato é só com a língua inglesa? Pelo menos, quanto aos problemas de fronteiras, o espanhol facilitaria bastante a resolução, nos acordos. Ninguém é perfeito. Nenhuma rede social é santa. Nenhum banco é indevassável (é só perguntar aos hackers). Nenhuma pessoa consegue dominar alguma técnica à perfeição, até que consiga exercer a atividade a que se propõe, de modo tão espontâneo que, ao fazê-lo seja tomado, ele próprio, pela surpresa. Dizem que poucas palavras geram mais ação e contêm conceitos que, praticados ou observados à exaustão, produzem mais resultados do que a rotina de um esquema disciplinar escolar. Assim ocorre com o famoso poema miniatura, o “hai-kai” poema curtíssimo japonês, cuja leitura requer uma postura de grande reflexão e, a cada mergulho, ampliamos o contexto de relações nucleares, nacionais, internacionais e que mais? Millôr Fernandes nos deu um primoroso “hai-kai”, cujo humor nos reporta a algo mais sério, cujo conteúdo é a frase-título deste artigo: Tivemos uma troca de palavras Mesquinhas Agora eu estou com as dele E ele está com as minhas. Até breve! Quem sabe com: frio inverno/lagoa fria está/branca lua reflete fundo/buscando peixes que nadam lá. JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br JUNHO • JULHO 2014 Justiça acata defesa da AGU e nega pedido de alteração de pensão com base em reajustes concedidos a servidores da ativa Os benefícios previdenciários concedidos após a publicação da Emenda Constitucional nº 41/2003 não podem receber os mesmos reajustes oferecidos aos servidores públicos federais que estão em atividade. Foi com base nessa sustentação que a AdvocaciaGeral da União (AGU) afastou ação ajuizada por uma beneficiária de pensão por morte de ex-servidor do Ministério dos Transportes para condenar a União aos pagamentos de valores indevidos. Entre os pedidos da ação estavam a exigência de revisão do benefício, o pagamento de supostas diferenças decorrentes da aplicação das regras constitucionais da integralidade e paridade entre servidores ativos e inativos, além de impossibilidade da União realizar qualquer desconto de valores já recebidos por ela a título de pensão. Para demonstrar a ilegalidade dos pedidos, a Procuradoria da União no estado de Sergipe (PU/SE) defendeu que a alteração no texto constitucional trouxe novas regras ao artigo 40, parágrafo 7º, I, e parágrafo 8º, da Constituição Federal, pelo qual os pensionistas passaram a não mais gozar da regra dos mesmos reajustes oferecidos aos demais servidores. A unidade da AGU sustentou, também, falta de interesse de agir da beneficiária na ação já que se refere ao pedido de não devolução ao cofres públicos dos valores recebidos a maior “haja vista que a Administração não efetivou, nem efetivará medidas nesse sentido, conforme informações da autoridade administrativa competente e cópia do processo administrativo. A 5ª Vara Federal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária de Sergipe acolheu os argumentos da AGU e julgou improcedente o pedido, rejeitando qualquer condenação ao pagamento de supostas diferenças pleiteadas. O magistrado seguiu a tese apresentada pelos advogados a União no sentido da falta de interesse de agir, tendo em vista não existir no processo qualquer decisão que demonstre a intenção da administração de promover a cobrança. A decisão destacou, ainda, que “tendo, o servidor instituidor da pensão, falecido após a vigência da Emenda Constitucional n. 41/2003, deve, o benefício da pensão por morte, subsumir-se às normas constitucionais vigentes, as quais não mais contemplam o instituto a igualmente nos reajustes”. Colega Procurador Visite a sua Associação. A APAFERJ está localizada no centro do Rio de Janeiro. Dispomos de uma biblioteca totalmente informatizada. Venha saborear um cafezinho com biscoitos, mas principalmente venha rever velhos companheiros. Procuradorias afastam pedido de matrícula de estudante da UFPA por perda do objeto da ação judicial A Advocacia-Geral da União (AGU) afastou, na Justiça, ação interposta por estudantes contra a Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Marabá, com o objetivo de assegurar matrícula no curso de Direito. Os procuradores informaram que a inscrição do aluno já havia sido realizada e não havia motivo para a atuação processual. O estudante acionou a Justiça exigindo que a matrícula no curso fosse feita pela Universidade Federal. No entanto, a análise do pedido administrativo com o mesmo teor estava em andamento e foi deferido antes do exame judicial. A Procuradoria Federal do 16 estado do Pará (PF/PA) e a Procuradoria Federal junto à Universidade (PF/UFPA) comprovaram que o estudante já estava devidamente matriculado. Os procuradores apontaram, ainda, que a ação perdeu o objeto. A 2ª Vara da Subseção Judiciária de Marabá/PA concordou com os argumentos da AGU e indeferiu o processo pela perda de interesse do aluno ressaltando que “eventual manifestação de mérito, haja vista a obtenção do objeto em sede administrativa, seria de nenhuma utilidade à parte autora que, decerto, não extrairia qualquer proveito da implementação do dispositivo”. Procuradorias impedem nomeação indevida de candidato em concurso para professor do IFG A Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou, na Justiça, validade das regras do edital de concurso público do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) campus Rio Verde, para o cargo de professor de agronomia especialista em ciências do solo. O candidato classificado em terceiro lugar no concurso regido pelo edital nº 01/2013 tentou judicialmente obrigar a instituição de ensino a promover sua nomeação na especialidade nutrição de plantas. A Procuradoria Federal no estado de Goiás (PF/GO) e a Procuradoria Federal junto ao Instituto (PF/IFG) informaram que as vagas oferecidas são para especialidade e perfis diferentes para o qual o candidato foi aprovado e, por isso, não se- ria possível a nomeação dele. Os procuradores da AGU esclareceram que a classificação do candidato no concurso anterior não daria a ele o direito de ocupar vaga disponibilizada para outra especialidade em um novo certame. As unidades da AGU apontaram, ainda, que os candidatos classificados além do número de vagas previstos no edital possuem apenas expectativas de direito de serem convocados dentro do prazo de validade do edital para vagas na mesma área, desde que haja interesse e necessidade da Administração. A 3ª Vara da Seção Judiciária de Goiás concordou com os argumentos da AGU e indeferiu o pedido de liminar do candidato para ocupar vaga distinta da área de especialização sem qualquer previsão editalícia. JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 17 JUNHO • JULHO 2014 Mãos à Obra José Salvador Iorio Procurador Federal No momento, não há como não falar na Copa do Mundo. Ainda estarmos tentando digerir o insucesso de nossa Seleção. Nas Seleções anteriores, não lembro que dependêssemos de um único jogador para que nos levasse à vitória. Dispúnhamos sim de vários atacantes com igual capacidade, embora entre eles sempre houvesse um mais conhecido. Dizem que quem tem só um não tem nenhum, e isso parece que nos aconteceu. No jogo sempre haverá um vencedor. Quando a sorte nos sorri, ajuda-nos a alcançar o nosso objetivo. Mas a verdade, é que não estávamos bem, algo faltava. Inúmeros foram os momentos difíceis a que assistimos, para que se pudesse superar os adversários. Ficamos no 4° lugar. Eu acredito que chegamos além do que eu esperava, face à forma como se houve nossa seleção. Assim mesmo, nossa colocação não foi de toda mau. Nossa seleção se compunha de jogadores atuando em clubes europeus, e por isso nos dava a certeza de sucesso certo, por entender serem os melhores. Faltou empenho? Faltou raça? Não vestiram a camisa? O esquema adotado deixou falhas? Ainda se busca uma explicação. Há que se nos convencer que já não somos mais os maiores, os melhores ou os imbatíveis. Eu pensei que sendo a Copa no Brasil, os donos da casa teriam a obrigação de vencer. Arrumamos a casa, fomos acolhedores, bons anfitriões e hospitaleiros, oferecemos segurança e incontáveis eventos e passeios turísticos, que encantaram a todos que aqui estiveram. Mas: e a nossa Seleção? Era nosso desejo, de, ao final, estar à porta, como campeões, alegres, a nos despedir, e a dizer até breve, voltem. Assim não foi. Porém, nos regozijávamos por ver os que aqui estiveram, deixavam o Brasil encantados com nossa hospitalidade, com tudo que desfrutaram e que lhes foi oferecido. A convocação para compor nossa seleção, priorizou os que atuam fora do país. Acredito, por entenderem serem os melhores. Tal opção, alijou a possibilidade de se aproveitar jogadores que aqui permaneceram, postergando seus sonhos para a próxima copa em 2018. Oportuno lembrar, quando aqui realizávamos o Campeonato Nacional das Seleções dos Estados, elas se estruturavam dos jogadores que mais se destacavam em seus clubes, trazendo a nata dos craques de cada região, assim, permitia serem vistos, e até convocados. Os jogadores que aqui atuam, se convocados, estariam inteiramente à disposição da seleção, pois, facilita sua disponibilidade, seu deslocamento, sua participação nos treinamentos sistemáticos, com imediata participação nos amistosos e outros compromissos, pois estaremos em casa. Ao contrário, a mesma disponibilidade não ocorrerá se convocarmos os que atuam nos clubes estrangeiros. Como preparar e treinar de forma mais sistemática e adequada? Varias foram as seleções que aqui estiveram, que surpreenderam o mundo pela sua evolução. Não temos mais aquele fraco, aquele eterno perdedor, o chamado saco de pancada. Hoje, estão no mesmo nível, e jogam de igual para igual. Há que rever o que rotineiramente acontece, quando um jovem, ainda no nascedouro se destaca. O assédio é imediato, para levá-lo para o exterior. Uma das forma de manter a permanência deles, seria fazê-lo se integrar à seleção, e só nela permanecer se estiver atuando no campeonato interno, de forma, ininterrupta antes da Copa. Por sua vez, a participação na seleção dos que estiverem atuando fora do país, ficaria restrita a 25% do plantel, ou seja, de 23 só 5 poderiam ser trazidos. O momento não é para se ficar chorando o leite derramado, é de imediatas decisões, e iniciar a preparação da seleção para a Copa de 2018 na Rússia, e antes, nas Olimpíadas em 2016 que serão no Brasil. O ocorrido com nossa seleção serviu de alerta para a necessidade de mudanças. Válido seria adotar a forma como a Alemanha se preparou para chegar ao nível que ora alcançou, permitindo a conquista do título neste 2014. O momento é começar de imediato o trabalho de preparação e formação da nova seleção. Renovar seu plantel, atualizar-se a nível técnico, tentar adotar as práticas e planejamento que atualmente os países do primeiro mundo vêm adotando. As Olimpíadas estão próximas, a oferecer oportunidades impar, “PARA NOS PREPARAR E SERMOS PELA PRIMEIRA VEZ CAMPEÕES OLÍMPICOS DE FUTEBOL”. Isso conseguindo, amenizaremos, em muito, o recente insucesso havido na Copa do Mundo. Está ao nosso alcance concretizar esse sonho. MÃOS À OBRA. JUNHO • JULHO 2014 Copa do Passaporte A EXPECTATIVA SOBRE o possível corte de Diego Costa da Espanha simbolizou nesta semana a Copa sem nacionalidade. Os espanhóis apelidaram Diego de Lagarto, referência à cidade do Sergipe onde nasceu. Em um ano, Diego atuou pelo Brasil e pela Espanha, sente-se sergipano e pretende morar lá. Mas sua seleção é La Roja. Das 32 seleções, 25 têm jogadores nascidos em paí ses diferentes dos que irão defender. A Argélia tem Yebda, campeão mundial sub-17 pela França, em 2001. O melhor jogador de Gana é Boateng, que atuou pelas seleções alemãs em todas as divisões de base. Há casos promíscuos e outros justos. Higuaín nasceu em Brest, na França, mas foi para a Argentina com dez me ses. É argentino! Uruguaio de coração e sentimento, o goleiro Muslera nasceu em Buenos Aires, joga pela Celeste. O técnico alemão dos EUA, Klinsmann, adorou saber que o autor do gol da vitória ame ricana sobre a Inglaterra, em 1950, era haitiano e filho de pai alemão. Klinsmann convocou quatro compatriotas. 18 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br Seleções 100% nacionais, só Rússia, Coreia do Sul, Honduras, Equador, Colômbia, México e Brasil. Os 23 jogadores de Felipão nasceram e foram criados aqui, mesmo os que partiram para o exterior cedo. Cada um tem sua história, sua família e seu lugar no Brasil. Existem várias outras leituras da Copa dos gringos. É possível perguntar se ainda fazem sentido torneios de seleções quando várias delas não convocam os melhores jogadores, contratam os melhores passaportes. Dois anos atrás, o técnico luso-canadense Marc dos Santos deixou as divisões de base do Palmeiras e afirmou não conhecer futebol de outro país onde os estrangeiros sofram tanto preconceito quanto aqui. Há quem enumere motivos para não torcer a favor do time de Felipão, como a corrupção dos dirigentes ou a soberba dos atletas. Copa não é Pátria de Chuteiras. Mas é injusto dizer que a seleção não é um tipo de representação do país. Representa mais do que a maioria das seleções. PVC “O silêncio é um grande auxílio para quem, como eu, está em busca da verdade.” Mahatma Gandhi “Não está ocioso apenas aquele que não faz nada, mas também aquele que poderia fazer algo melhor.” Socrates “O significado das coisas não está nas coisas em si, mas sim em nossa atitude com relação a elas.” Antoine de Saint-Exupéry APAFERJ R. Álvaro Alvim, 21/2º andar. CEP: 20031-010. Centro. Rio de Janeiro - Sede Própria e-mail: [email protected] portal: www.apaferj.org.br Tel/Fax: (21)2532-0747 2240-2420 TRIÊNIO 2014 / 2016 DIRETORIA Presidente - José Marcio Araujo de Alemany Vice-Presidente - Rosemiro Robinson Silva Junior Diretor Administrativo Miguel Carlos Melgaço Paschoal Diretor Administrativo Adjunto - Maria Auxiliadora Calixto Diretor Financeiro - Fernando Ferreira de Mello Diretor Financeiro Adjunto Dudley de Barros Barreto Filho Diretor Jurídico - Hélio Arruda Diretor Cultural - Carlos Alberto Mambrini Diretor de Patrimônio - Rosa Maria Rodrigues Motta Diretor de Comunicação Social - Antonio Carlos Calmon N. da Gama CONSELHO REVISOR NATOS: 1. Wagner Calvalcanti de Albuquerque 2. Rosemiro Robinson Silva Junior TITULARES: 1. Allam Cherém Soares 2. Edson de Paula E Silva 3. Emygdio Lopes Bezerra Netto 4. Fernando Carneiro 5. Francisco Pedalino Costa 6. Luiz Carlos de Araujo 7. Mariade Lourdes Caldeira 8. Newton Janote Filho 9. Sylvio Mauricio Fernandes 10. Tomaz José de Souza SUPLENTES: 1. Alzira Matos Oliveira da Silva 2. Petrónio Lima Cordeiro 3. Sylvio Tavares Ferreira CONSELHO FISCAL TITULARES: 4. Eunice Rubim de Moura 5. José Carlos Damas 6. Waldyr Tavares Ferreira SUPLENTES: 7. Carlos Cavalcanti de A. Ramos 8. Maria Conceição Ferreira de Medeiros Jornal da APAFERJ Editor Responsável: Carlos Alberto Pereira de Araújo Reg. Prof.: 16.783 Corpo Editorial: Antonio Calmon da Gama, Carlos Alberto Mambrini, Fernando Ferreira de Mello, Miguel Carlos Paschoal, Rosemiro Robinson Silva Junior. Supervisão Geral: José Márcio Araújo de Alemany Editoração e Arte: Jane Fonseca - [email protected] Impressão: Monitor Mercantil Tiragem: 2.000 exemplares Distribuição mensal gratuita. Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores As matérias contidas neste jornal poderão ser publicadas, desde que citadas as fontes. JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 19 ANIVERSARIANTES DE JULHO 03 - Daniel Salvado Moraes Agu 03 - José Pires de Sá - M. transp 03 - Raquel Marques de Souza - M. saúde 04 - Antônio Ferreira Moitinho - Inss 04 - Dagmar Jorge de Amorim - M. saúde 04 - Paulo Roberto de Souza - Agu 04 - Zuleica Estacio de Freitas - Agu 05 - Adelmo da Silva - Inpi 06 - Elaine de Almeida P. Loureiro - Agu 06 - Mario Marcio de Paiva Campello - Agu 07 - José Solito - Cnen 07 - Maria Aparecida M. Rodrigues - Agu 07 - Maria de Lourdes Nobrega Duda - M.transp 08 - Ângelo Marcio Leitão Soares - Agu 08 - Lilia Maria Pinheiro de Oliveira - Inmetro 08 - Marcus Vinícius Ramos Ribeiro - Cefet 09 - Antonio Fernando F. da Silva - M. transp 09 - Carlos Campuzano Martinez - Agu 09 - Fidelis Vargas Scovino M. faz 09 - Hilma Pereira dos Santos - Inss 10 - Luiz Sergio de Tiomno Agu 10 - Sebastião Pereira de Carvalho - Agu 11 - Arquelina Silva M. de Faria - Incra 11 - Francisco Jacob G. E Al- mendra - Inss 12 - Alfredo Dolcino Motta - Uff 12 - Jorge Lessa da Costa Issa - Agu 12 - Margarida Ribeiro de Almeida - M. faz 12 - Maria Celia Duarte Meirelles - Mpas 13 - Walter Bottino - Mpas 14 - Dinora Menezes da S.m. monteiro - Incra 14 - Romero Silva Soares Mpas 15 - José Benicio Vianna Braga - Mpog 16 - Antonio Reis Marcondes - C.p.ii 17 - Luiz Carlos de Assis - M. faz 19 - Mauro da Costa Leite - Agu 19 - Othon Stokler Pinto - M. faz 20 - Ana Patrícia Thedin Corrêa - Agu 20 - Lourival de Souza M. Filho - Agu 20 - Ricardo Luiz Sichel - Agu 22 - Carmen Lúcia Vieira Ramos Lima - Mpas 23 - Edson da Costa Lobo - Agu 23 - Euclides Braga Filho - M. transp 24 - Marcio Barbosa Cordeiro - Inss 25 - Anna Maria Mauricio da R. R. Barbosa - M. faz 25 - Rozane Dias da Silva - Agu 29 - Carlos Plinio de C. Casado - Susep 30 - Fernando Conde Sangenis - Inss 31 - José Joaquim Cisne Pessoa - Inpi 31 - Lysiane Bandeira de Mello - Incra JUNHO • JULHO 2014 ANIVERSARIANTES DE AGOSTO 01 - Joana D’arc de Souza Go- 15 - Maria Guimarães Barbosa Susep mes - Agu 01 - Joaquim Ascendino M. N. 16 - Marcello Cunha M. de Carvalho - M. saúde Netto - Incra 01 - Romulo Marinho Bondim - 17 - Evaldo Ruy da F. Almeida Ufrj Inss 01 - Valéria da S. Soares - M. 17 - Jorge Boscolo Fraga - Ufrj 17 - Silvia Fonseca P. de Andrasaúde 02 - Olavo da Costa Almeida - de - Agu 18 - Sonia Cordeiro D’araujo Inpi 02 - Sylvio Bastos Machado - M. Gabsch - M. transp 18 - Vania Maria Pacheco Lindotransp 02 - Tereza Beatriz da Rosa Mi- so - Agu 19 - Anna Maria da C. Mac-Doguel - Agu well - M. transp 04 - Aldery Soares Lobo - Agu 05 - Emygdio Lopes Bezerra 20 - Geralda Etienne Romeu Cnen Netto - Inss 05 - Jevanete Cavalheiro da 21 - Jayme Tostes Junior - Agu 21 - Olyntho José Titoneli Alvim Rosa - Inss - Agu 05 - Magali Klajmic - Cade 05 - Theresa De Jesus B. de 21 - Regina Spielman - M. faz 21 - Vilma Ribeiro Gonçalves Mello - M.saúde 05 - Thereza Christina S. Guima- Susep 22 - João Felipe Pontes Sinatti rães - Inss 06 - Armando Barbosa da Silva Agu 23 - Lea Samico de Abreu - Inss - Susep 06 - Darcy Marques Montebello 23 - Walton Vieira Mavgnier Inss - Funarte 06 - Elbruz Moreira de Carvalho 24 - Bartholomeu Manfredi - M. saúde - Inss 06 - Lucila de Souza M. Caldas 25 - Antonio Carlos Calmon N. da Gama - Agu - M. transp 26 - Maria Stella S. da Silva 07 - Ivan Moreira Borges - Inss 07 - João Batista F. da Silva - Inss 27 - Carlos Alfredo B. Pinto - Agu Inss 08 - José Maria de Souza - Mpas 27 - Dudley de Barros B. Filho 08 - Renato Henrique B. Ramos Embratur 27 - Hélio Arruda - Inmetro - Agu 09 - Angela Ana Rosa de Sá - 27 - José dos Santos Corrêa C.p.ii Ufrj 28 - Mauro Chaves Taveira - Inss 09 - Elias Lutifi - Inss 10 - Selma Dantas Ribeiro de 28 - Rosana Josefa M. d. b. b. c. da Silva - Agu Paiva - Cefet 11 - René Lycurgo Campos - 29 - Vanja Sueli de Almeida Rocha - Agu Inss 12 - Carlos Alberto Mambrini - 30 - Gloria Regina Vianna Lima - Ufrj Inss Na última terça-feira do mês vamos fazer uma festa para comemorar o seu aniversário COMPAREÇA! Com a sua presença haverá mais alegria e confraternização. PEÇO A PALAVRA Rosemiro Robinson S. Junior Vice-Presidente M eus caros e fiéis leitores: há poucos dias, a Srta. Marisa, que comanda, com dedicação e eficiência, o setor de Informática desta Entidade, me entregou um e-mail remetido por associado, o qual, alegando que se havia aposentado, pedia o desligamento da APAFERJ. Enquanto lia a esdrúxula mensagem, rememorei inesquecíveis e marcantes colegas aposentados que concederam inestimável contribuição para o fortalecimento e valorização de nossa gloriosa Associação, ratificando um entendimento que manifestei alhures: “Eu me aposentei do Serviço Público, mas não me aposentei da Vida”. Passaram por minha mente as imagens de devotados e denodados Procuradores Federais, que, inobstante as rugas, os cabelos brancos e as naturais dificuldades inerentes à senectude, continuaram lutando, servindo como magnífico exemplo e notável estímulo para que os mais jovens 20 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br JUNHO • JULHO 2014 Verba volant, scripta manent “As palavras voam, os escritos permanecem”. não fossem atingidos pelo desânimo ou pela desesperança. Pedindo vênia pelas inevitáveis omissões, cito os Doutores Mauro Monteiro de Paiva, 2º Presidente da APAFERJ, Hugo Fernandes, 4º Presidente da APAFERJ, Ricardo Buarque Franco Neto, SecretárioGeral da ANPAF e seu ex-Presidente, Liberato Evangelista da Matta, Diretor da APAFERJ, José Dutra Junior, Conselheiro da APAFERJ, Augusto de Mello Franco, Conselheiro da APAFERJ e Milton Pinheiro Borges, Redator-Chefe deste jornal, todos já falecidos, apesar de permanecerem vivos na minha lembrança e na minha saudade. É de notar que, todos eram aposentados, mas persistiram na indormida batalha por melhores dias, atuando de modo altruísta e impregnados pela chama do idealismo, recusandose, terminantemente, a ensarilhar as armas, mesmo cientes de que, em razão da idade provecta, não iriam usufruir dos benefícios de futuras conquistas. Lamentavelmente, alguns colegas, não dão nenhum valor ao esforço O Triângulo das Bermudas coletivo, preferindo a comodidade de uma velhice vazia e tediosa, que os transforma em zumbis, vagando sem rumo e sem objetivos pelo proceloso mar da existência, aguardando o chamado da Parca Ceifadora. ################### Os jornais divulgam a estapafúrdia e grosseira reação do porta-voz da chancelaria de Israel, tachando o Brasil de “gigante econômico e cultural”, mas um “anão diplomático”, que continua “politicamente irrelevante”, respondendo à iniciativa do governo brasileiro, que condenou o uso “desproporcional” da força do Exército israelense contra os Palestinos. Não sei quem deu o primeiro tiro e não tenho competência técnica para afirmar quem está errado. Contudo, tornase deplorável a explosão de fúria do aludido portavoz, cujo censurável procedimento, inobstante possa pretender estar ao lado da Justiça, não o torna, irrecusavelmente, um “gigante” na diplomacia universal, calcada no bom senso, na ponderação e no respeito a todos os povos, ainda que alguns discordem das atitudes adotadas pelo País que representa. Para concluir, entendo que, in casu, cai, como uma luva, o Editorial da Folha de S.Paulo, edição de 25/07/2014, que assim se expressa: “Governo brasileiro acerta ao condenar desproporção na ofensiva de Israel à faixa de Gaza, mas peca por silenciar sobre ações do Hamas”. É válido, também, ler o primoroso texto da Jornalista Eliane Cantanhêde, sob o título “Anão diplomático”, publicado no mesmo jornal e na mesma data, que analisa, com as habituais clareza e objetividade, a dolorosa quaestio aqui perfunctoriamente tratada. ################### O terceiro vértice deste triângulo diz respeito ao veemente texto, da lavra do nosso brilhante colaborador, Dr. Allam Soares, intitulado “A Glória da APAFERJ” e publicado na edição de maio de 2014. Agradeço os encômios a mim endereçados e me reservo discutir o assunto no foro competente, seguindo o exemplo do ilustre articulista, que se escuda, com total razão, na discrição política. Evidencie-se que compreendo e aplaudo o inconformismo manifestado pelo Dr. Allam, na certeza, porém, de que qualquer decisão deverá ser precedida de amplos e exaustivos debates, em consonância com a índole democrática dos dirigentes das diversas Entidades que congregam os Advogados Públicos Federais. Obviamente, se pressentir que a decisão adotada será danosa aos direitos e interesses da APAFERJ, eu me transformarei em agressivo e implacável tigre siberiano, defendendo, até o último momento, a Casa do Procurador Federal, procedimento que, certamente, será igual ao dos demais integrantes da Diretoria, imbuídos dos elevados ideais que forjaram a criação da APAFERJ e impulsionaram o seu notável crescimento. Talvez alguns leitores se perguntem o porquê do título deste artigo: Respondo que abordei três assuntos, formando um triângulo. Outros indagarão o motivo de se chamar “O TRIÂNGULO DAS BERMUDAS”. Julgo que é um título interessante e, in ultima ratio, como o texto é da minha autoria, penso que tenho a liberdade de dar-lhe o nome que quiser, resposta essa inspirada, possivelmente, na reprovável conduta do porta-voz israelense, posto que, apesar de não ter sido cientificamente comprovado, dizem que a estultícia é altamente contagiosa.