Universidade do Estado do Rio de Janeiro Faculdade de Tecnologia Campus Regional de Resende Departamento de Química e Ambiental Processos Bioquímicos Fermentação Acetono-Butanólica Profa: Denise Godoy E-mail: [email protected] Produção de solventes – Fermentação acetonobutanólica 1) Introdução: • A produção de solventes por fermentação tornou-se muito importante durante a Primeira Guerra Mundial. Por algum tempo, o principal produto foi a acetona, mas, depois que o butanol e seus ésteres passaram a ser usados na preparação de lacas para a indústria automobilística, a acetona passou a ser o produto de menor importância. A produção de solventes por fermentação continuou vital até a Segunda Guerra Mundial, mas atualmente sofre a concorrência de processos sintéticos de produção, com preços mais baixos. Entretanto ainda se produzem solventes por fermentação. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 2) Agentes: • Para obtenção de solventes butanol, acetona e etanol; a indústria usa freqüentemente a bactéria da espécie Chlostridium acetobutylicum, cujas características morfológicas são: - habitam solos, raízes e grãos - são bastonetes gram + -pH ótimo – 5,5 a 7 e temperatura ótima – 35 a 37° C. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 3) Matéria – prima: •Geralmente usa-se a sacarínea, podendo ser utilizada também a amilácea. •O agente da fermentação fermenta tanto glicose como maltose, frutose, sacorose e o amido; fermenta irregularmente celobiose, sorbitol e carbometil celulose; e não fermenta ribose, celulose e glicerol. •Como fontes de nitrogênio o m.o. usa N2, sal de amônio, aminoácidos, peptonas, extrato de lêvedo, extrato de soja, água de milho (milharina). •Assim, podem ser usados como matérias-primas o açúcar cristal, melaço, caldo-de-cana e amido. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 4) Preparo do inóculo: Os esporos bacterianos são as formas mais resistentes. Assim, faz-se uso de choques térmicos de forma a selecionar os esporos mais resistentes – que são os que dão maior rendimento. Tais choques se processam a 100°C a cada um ou dois minutos. Pode-se ainda proceder aos choques no isolamento das bactérias numa temperatura em torno de 80°C por 45 minutos. Tal procedimento reduz o número de células no meio de cultura, ou seja, as células não resistentes vão sendo eliminadas. Industrialmente, os esporos mais resistentes são mantidos em areia estéril. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 5) Preparo do Mosto: - teor do substrato - 6 a 10% (no máximo) de açúcar - a linhagem tolera até 1,5% de butanol - N2 inorgânico, principalmente. ex. fosfato de amônio. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 5) Preparo do Mosto: (cont.) - N2 orgânico dependendo da linhagem - vitaminas são exigentes - estimulantes adicionados para acelerar o processo. Ex: ác. Aspártico, asparigina e ác. glutâmico. - esterilização por meio de vapor se MP sacarínea e aquecimento a alta temperatura se MP amilácea. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica • O aumento da temperatura para obter esporos resistentes já é uma forma de esterilização do mosto. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 6) Fermentação: - pH em torno do neutro - temperatura : 25 a 35°C - tempo: de 72 a 150 horas. - m.o. é anaeróbio estrito Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 6) Fermentação: (cont.) • Na prática, as células (inóculo) são postas no fundo do fermentador (comprido e estreito) onde a tensão de O2 é extremamente baixa e além disso os gases produzidos durante a fermentação arrastam o O2 . Em adição são colocadas substâncias no fundo da dorna que captam o O2 e também o mosto, após a esterilização, é mantido geralmente aquecido havendo menos O2 dissolvido. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 7) Cinética do processo: 1a. Fase: - Crescimento microbiano baixo (devido à fermentação) - Elevação da concentração de ácidos ( pH) - Baixa produção de solventes e intensa evolução gasosa (devido pH crescimento) Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 7) Cinética do processo: (cont.) 2a. Fase: Baixa a concentração de ácidos ( pH), evidenciando o consumo destes pelos m.os. havendo alta produção de solventes. 3a. Fase: Ocorre novo aumento na concentração de ácidos. Não há produção de solventes e as células começam a morrer. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 8) Controles: - MP: concentração substrato - pH: determinado via dosagem por titulação - Espuma: controlada por meio de um visor que mede o nível da espuma que deve ser clara e com odor característico. - microbiológico: quando a cinética não se dá adequadamente deve-se efetuar este controle, pois algum contaminante pode estar presente durante a fermentação. Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 9) Produtos e recuperação: butanol 60% Produtos (30%) acetona 30% etanol 10% Subprodutos (10%) ácido acético ácido butírico CO2 Gases (60%) H2 A recuperação é feita por meio de destilação (o produto é uma mistura de solventes transparentes). Produção de solventes – Fermentação acetonobutílica 10) Usos e Aplicações: • Butanol: solvente de arraste em cromatografia; confecção de filmes poliméricos (borracha sintética, acetatos e resinas), indústria farmacêutica (purificação dos antibióticos), indústria automobilística (fluidos freios e solventes de tintas e vernizes). • Acetona: solvente na produção de insulina, óleos, graxas, filme de rayon acetato; confecção de explosivos e refino de cocaína. • Etanol: convertido ácido acético ou éter etílico.