Estação de Santiago é exemplo de revitalização rodrigo neres, prefeitura de santiago, divulgação secretaria do planejamento de santiago, divulgação A s portas e janelas da estação ferroviária de Santiago estavam lacradas com paredes de tijolos no início dos anos 2000 (foto à esq.), para evitar a depredação. Em 2001, o então secretário de Planejamento e atual prefeito, Júlio Ruivo, teve a ideia de assumir e restaurar o prédio para transformá-lo num centro cultural e de memória ferroviária. Só em 2009 foi possível começar a obra de restauração do prédio, que foi reinaugurado em 2011, com o nome Estação do Conhecimento. Desde então, o local oferece aos visitantes um memorial com a história da ferrovia e outro que traz detalhes dos poetas de Santiago, como Caio Fernando Abreu e Tulio Piva. A estação recebe, por ano, 6 mil crianças de escolas, que vão para atividades como contação de histórias, oficinas de arte e sessões de cinema. Quando não são as crianças, há jovens e adultos fazendo cursos. Em frente à estação, no largo, são realizados dois grandes eventos: o Carnaval e a Feira do Livro. Por ter revitalizado a região e a memória ferroviária, tornando o local mais seguro e difundindo cultura, a Estação do Conhecimento se tornou referência no Estado e no país em eventos e premiações. Hoje, prefeitos de outras cidades visitam Santiago para se inspirar no projeto de sucesso, e ferroviários voltam para ver que a história de ferrovia é bem respeitada por lá. – É vital manter esse legado dos trens e o prédio, pois a história da cidade está ligada à ferrovia. Quando a estrada de ferro chegou aqui, em 1935, gerou progresso econômico, educacional e cultural, visto que vieram para cá profissionais de outros Estados e países. Depois da ferrovia, a cidade cresceu, surgiram clubes, cinemas. Precisamos contar para as crianças que não vivenciaram a história dos trens a importância que eles A luta para restaurar a gare de Santa Maria A última viagem do trem de passageiros partiu da estação de Santa Maria em 2 de fevereiro de 1996. Aquele dia deixou até hoje uma mágoa muito grande para boa parte dos ferroviários, que viram o fim do domínio da Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA) no ano seguinte, quando a ferrovia foi privatizada, causando a demissão de milhares de trabalhadores. No passado, Santa Maria chegou a ter 6 mil ferroviários na ativa. Só nas oficinas de manutenção do KM 3, eram 1 mil. Em pouco anos, vândalos destruíram boa parte do prédio, que foi alvo de saques e incêndios – um foi em 1999. Até o relógio da gare foi furtado. O prédio só voltou a ganhar vida anos depois, com a realização de oficinas culturais. Em 2009, a Secretaria de Cultura foi transferida para lá e segue ocupando o último andar do prédio. Hoje, há dois coletivos de arte em outro espaço. Já noutra sala, o ex-ferroviário Victor da Conceição Neto mantém um acervo da ferrovia e recebe visitantes às quintas à tarde ou por agendamento. Ele preside a associação que pretende montar um museu no local. Porém, o primeiro passo é a reforma do prédio, que é atacado por cupins. – Se recuperarem a estação, já é um grande passo, pois é um cartão de visitas da cidade – diz. A Secretaria de Cultura assumiu este ano a tarefa que vinha sendo tocada pela pasta do Turismo desde 2012, de reformar a estação e criar o trem turístico. A União já passou R$ 1,7 milhão, que ainda não foram aplicados porque foi preciso readequar o projeto. Segundo a secretária de Cultura, Marília Chartune, é preciso licitar este ano a restauração das estações de Santa Maria e de Camobi para não perder a verba. Se isso ocorrer, serão feitos mais projetos culturais na gare. Desafio de criar o trem turístico Depois, o próximo passo é batalhar para implantar o trem turístico entre as duas estações, mas esse é um projeto bem mais complexo e ainda sem data, já que envolve reforma de locomotiva e vagões e autorização para circular na linha. Em Rio Pardo, projeto semelhante foi ten- Victor cuida do acervo numa sala da estação, onde associação quer fazer um museu. Lá, há maquetes, fotos e objetos, como um tíquete de passagem de trem (ao lado). Maria-fumaça e vagões são depredados na gare MIX Santa Maria, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE JULHO DE 2015 – 5