Nome: José Luiz Merlo
Função: Supervisor de operações
Empresa: SPA Engenharia
Minha vida na ferrovia
Em 1979, prestei concurso para entrar na Rede Ferroviaria Federal S/A. Consegui me inscrever
para duas categorias, a de segurança e também de auxiliar de agente de estação. Dei muita
sorte, pois cada uma das provas caíram em horários diferentes. Fui aprovado nos dois.
Quando da entrevista, pela manhã fiz para segurança e à tarde, para auxiliar de agente de
estação, porém coincidiu que a psicóloga foi a mesma.
Então ele me disse: - Você já não fez entrevista pela manhã, para o cargo de segurança?
Eu respondi: - Sim.
E ela disse: - O que está fazendo aqui de novo?
Eu respondi: - Vim fazer entrevista para o cargo de auxiliar de agente especial de estação.
Ela perguntou: - Mas como?
Então eu lhe disse: - Eu consegui me inscrever para os dois concursos, as provas de um foram
pela manhã e as de outro de tarde.
Ela disse: - Isso não poderia ter acontecido.
Eu falei: - Mas aconteceu, eu não tenho culpa se não perceberam. A verdade é que eu passei
nos dois.
Então ela falou: - Como você teve esta sorte de passar nos dois concursos ao mesmo tempo,
vamos lhe dar o direito de escolher qual a carreira que você quer seguir.
Eu escolhi a de auxiliar de agente especial de estação pois já estava treinando há tempos, na
antiga estação de Ribeirão Vermelho, Minas Gerais, e já sabia Código Morse, fazer despachos,
enfim todas as atividades deste cargo. Assinei contrato em 17 de novembro de 1979, sendo
destacado para trabalhar na antiga estação de Paulo Freitas. No ano seguinte, surgiu concurso
para agente especial de movimento de trens (antigo despachador), no qual eu me inscrevi.
Mais uma vez, fui abençoado por Deus, passando em primeiro lugar.
Fui para Belo Horizonte, onde era o seletivo (CCO) da SR2, para fazer o treinamento. Após a
conclusão do mesmo, assumi o Centro C, que comandava de General Carneiro até Monte Azul.
Após quatro meses de trabalho nessa função, um belo dia, pela manhã, quando estava de
serviço na minha cabine, sozinho, deixei escapulir um ar bem desagradável (um pum), e nesse
exato momento, entrou na minha cabine o Engenheiro do seletivo, e olhou para mim com a
cara fechada e perguntou como estava a circulação. Eu, meio sem graça, respondi que estava
normal e ele saiu depressa da sala. Infelizmente, eu não esperava a chegada do engenheiro na
cabine e esse fato me rendeu uma transferência para o seletivo de Ibia, no triângulo mineiro.
Mas quem pensa que foi ruim para mim, não foi! Esse foi o começo promissor da minha
carreira, pois de Ibia fui transferido para Goiânia, onde assumi o cargo de Supervisor Auxiliar
de Movimento de Trens. Depois fui para Araguari, como Supervisor de Movimento de Trens 1,
e finalmente retornei para Belo Horizonte, onde assumi a supervisão geral do CCO, depois
passando pela FCA e pela Vale, onde me aposentei.
Foi devido a um ar solto na hora errada que minha carreira na Rede Ferroviária alavancou.
Aposentei-me, mas não parei de trabalhar. Estou na SPA-Engenharia, completando 7 anos de
trabalho, como supervisor de operações, na construção da Ferrovia Norte Sul. Comecei em
Porto Franco, Maranhão e hoje estou trabalhando em Uruaçu, Goiás. Esta é a minha história
na ferrovia.
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José Luiz Merlo - Revista Ferroviária