projetos renováveis aproveitamento de desperdícios de fruta para produção de bioetanol Neste artigo apresenta-se um caso de estudo que foi âmbito do relatório de estágio de António Ferreira – ex-aluno e detentor do Curso de Especialização Tecnológica em Energias Renováveis, concedido pelo Instituto Politécnico de Leiria. Edgar Franco � [email protected] António José Ferreira � [email protected] Luís Miguel Machado � [email protected] Partindo do registo dos desperdícios gerados nos últimos anos na esfera da FRUTUS – Estação Fruteira de Montejunto CRL, e de dados publicados na literatura relativos ao potencial de produção de Bioetanol por unidade massa de cada tipo de fruta, procedeu-se a uma estimativa da produtividade média anual desse biocombustível. Para averiguar a viabilidade deste tipo de aproveitamentos, procedeu-se ainda à elaboração de dois estudos técnico-económicos, um deles considerando a sua venda direta como produto final e outro considerando a sua utilização para produção e venda de energia elétrica à rede pública. 1. Introdução O presente trabalho prático enquadra-se no âmbito dos biocombustíveis possíveis de obter a partir de biomassa agroalimentar residual. A motivação para a realização deste estudo deve-se ao facto de se gerarem desperdícios nas fases de recolha e armazenamento de fruta, os quais podem ser energeticamente valorizados. Nesse âmbito, propõe-se que ao invés de esses desperdícios serem encaminhados para o que se designa na FRUTUS como sendo a “Indústria”1, sejam utilizados para a produção de Bioetanol, um combustível amplamente utilizado no Brasil, EUA, entre outros países. 1.1. O etanol O etanol (álcool etílico) é um dos álcoois alifáticos que tem sido historicamente utilizado como combustível. O sufixo Bio que precede a palavra “etanol” ou a de qualquer outro combustível2 significa que a sua produção é realizada a partir de matérias biológicas. Dispõe de caraterísticas que possibilitam a sua utilização em motores de combustão interna que realizam o ciclo Otto, sendo esse assunto abordado em 1.3. A sua fórmula química é CH3CH2OH, sendo muitas vezes abreviada por C2H5OH ou C2H6O, o seu Poder Calorífico Inferior (PCI) é de 21,2MJ/litro e a sua massa volúmica (ρ) 0,789kg/litro. As suas temperaturas de fusão e ebulição são, respetivamente, de -114,1o C e 78,5o C. O seu código de Nomenclatura Combinada (NC)3, para utilização como biocombustível, é o 2207 20 00. O etanol é amplamente utilizado em produtos do dia-a-dia, tais como cosméticos, desinfetantes, anticongelantes, corantes, tintas, produtos farmacêuticos, sendo ainda parte integrante da composição das bebidas alcoólicas. É habitualmente comercializado sob a forma de álcool etílico a 96%, isto é, com 4% de água [1]. No âmbito das energias renováveis, pode ainda ser utilizado como reagente para produção de Biodiesel de 1.ª geração4, através do processo de transesterificação catalítica de triglicerídeos [2]. 1.2. Produção de etanol e Bioetanol O etanol pode ser sintetizado através de métodos químicos e biológicos. Atualmente, o principal processo químico para produção em larga escala é a hidratação direta de Etileno, um composto possível de obter a partir de gás de carvão e de subprodutos do petróleo. A produção através de meios biológicos é realizada por bactérias, leveduras ou combinações entre elas5 sujeitas a condições anaeróbicas, ou por enzimas. Esses organismos convertem açúcares (como a glicose, frutose e sacarose) em energia celular sob a forma de Adenosina Trifosfato (ATP). 3 É a nomenclatura das mercadorias da Comunidade Europeia que satisfaz as exigências das estatísticas do comércio internacional (intra e extracomunitário) e da pauta aduaneira, nos termos do artigo 9º do Tratado que institui a UE. Os respetivos códigos podem ser consultados em http://webinq.ine.pt/public/files/ConsultaNomenclatura.aspx?Id=565. 1 Fabrico de sumos, Banco Alimentar, Instituições Particulares de Solidariedade Social e afins. 4 Designado por “Biodiesel – FAME” pelo Decreto-Lei n.º 142/2010, de 31 de dezembro relativo, entre outros assuntos, às normas de especificação técnica para a composição da gasolina e gasóleo rodoviário. 2 Tais como Biobutanol, Biodiesel, Biogás, Biohidrogénio, Biometano, Biometanol, entre outros biocombustíveis [21]. 5 As quais podem existir na envolvência do composto a fermentar ou ser adicionadas manualmente (sendo que das mais utilizadas é a família Saccharomyces cerevisiae). 1 projetos renováveis Após o término da fermentação, são removidas as leveduras e o mosto fermentado é encaminhado para o processo de destilação de onde, por sua vez, o álcool é encaminhado no estado gasoso para o estágio de desidratação. Por fim, obtém-se Bioetanol anidro (isto é, que quase não contém água na sua composição), o qual pode ainda ser desnaturado num processo subsequente. Figura 1 Exemplo de diagrama de fluxo de um processo de produção de Bioetanol a nível industrial [4]. Nesse processo são produzidos etanol e dióxido de carbono como subprodutos metabólicos. Para o desenvolvimento deste estudo será considerado o processo de Fermentação Alcoólica, que é utilizado há vários milénios6 para a produção de bebidas alcoólicas e para o crescimento de pão e bolos. O seu estudo científico foi iniciado por Louis Pasteur7, que demonstrou que as reações químicas eram realizadas por micro-organismos. Ao longo das últimas décadas têm-se vindo a realizar estudos com vista à mutação dos micro-organismos com o objetivo de acelerar o seu crescimento, aumentar a velocidade das reações e de ser possível realizar o processo de fermentação em meios mais concentrados. Após o processo de fermentação, o Bioetanol obtido encontra-se misturado com mostos fermentados da substância utilizada para o efeito. Por esse motivo, a sua produção em larga escala contempla vários processos, designadamente [1]: • Extração da solução inicial da fruta ou de outra cultura utilizada como matéria-prima (seguida, eventualmente, da hidrólise de hidratos de carbono, tais como celulose ou amido, em açúcares); • Fermentação alcoólica; • Destilação; • Desidratação; • Desnaturação (opcional). As matérias-primas mais utilizadas são [3]: • Açúcares: Melaço, cana-de-açúcar, beterraba, frutos; • Amidos: Milho, trigo, aveia, arroz, mandioca, batata-doce, ervilha, feijão; • Celuloses8: Madeira, resíduos industriais e resíduos agrícolas. Na Figura 1 apresenta-se um diagrama de um processo industrial de fermentação de açúcares. Nesse esquema verifica-se que são inseridas leveduras no fermentador 1 e que são introduzidos nutrientes, água e as matérias-primas ricas em açúcares ou amidos em todos os fermentadores. 6 Mesmo sem que fosse devidamente entendido, tendo sido muitas vezes associado a causas divinas. 1.3. Bioetanol como combustível Há vários séculos que se tem vindo a utilizar álcoois como combustíveis, principalmente para efeitos de iluminação. Em 1860, o inventor alemão Nikolaus Otto utilizou o etanol como combustível aquando da realização de testes ao motor de combustão interna a 4 tempos – atualmente o mais utilizado em veículos a gasolina [5]. O Brasil foi dos primeiros países a incoar-se nesse setor, iniciando a aposta durante a segunda guerra mundial e reforçando-a após a crise do petróleo de 1973 com a criação do programa PRÓALCOOL. Atualmente dispõe de um dos maiores e mais bem-sucedidos programas de biocombustíveis do mundo, produzindo a maioria do Bioetanol a partir da cana-de-açúcar, sendo inclusive considerada a primeira economia do mundo a ter atingido uma utilização sustentável de biocombustíveis [6]. Nos EUA existe igualmente um historial da utilização de Bioetanol, embora o aumento mais significativo se tenha verificado a partir do ano 2000, tendo ultrapassado os níveis de produção do Brasil em 2006, sendo este principalmente proveniente de culturas de milho. Estima-se que o Brasil disponha de um balanço energético9 de etanol com um valor médio de 8, sendo muito mais elevado do que os EUA onde se estima que seja de 1,3 [7]. A produção mundial de etanol para utilização como combustível no setor dos transportes quintuplicou desde 2000, aumentando de aproximadamente 17 para 88 mil milhões de litros. Na Tabela 1 apresentam-se os níveis de produção de etanol relativos ao ano de 2013. O etanol pode ser diretamente utilizado como combustível ou misturado com a gasolina sob diferentes frações. Em estado puro (anidro) apenas pode ser utilizado em veículos devidamente preparados para o efeito, enquanto misturado com gasolina o nível de adaptação dos veículos depende do teor da mistura, conforme se pode verificar na Tabela 2. As misturas de gasolina com etanol são tipicamente representadas pela letra “E”, seguida da fração, em volume, de etanol na mistura. Tomando a sigla E85 como exemplo, significa que a mistura dispõe de 85% de etanol anidro e 15% de gasolina. As misturas E10 e inferiores são utilizadas em mais de 20 países e as misturas E20 e E25 têm vindo a ser utilizadas no Brasil desde o final da década de 1970. Localização Produção [106 litros] EUA 50346 Brasil 23723 Europa 5190 China 2635 Índia 2063 Canadá 1980 Resto do mundo 2752 Tabela 1 Estatísticas relativas à produção mundial de etanol para uso como combustível no ano de 2013 [8]. 7 Considerado o pai da Zimologia, ciência que estuda os processos de fermentação. 8 Em que, partindo de materiais lignocelulósicos pré-tratados, são utilizadas enzimas (cujos custos são ainda muito elevados), para quebrar a estrutura cristalina da celulose, transformando-a açúcares simples, tais como a glicose [22]. 9 Também designado por “ganho líquido de energia”, corresponde ao quociente entre a energia contida no Bioetanol produzido e a energia despendida na sua produção, colheita, transporte, processamento e distribuição. 2 projetos renováveis Aproveitamento de desperdícios de fruta para produção de Bioetanol Percentagem de mistura de etanol <= 5% 5 a 10% 10 a 25% 25 a 85% 85 a 100% Carburador Sistema de injeção de combustível Bomba de combustível Sistema de regulação de pressão de combustível Filtro de combustível Sistema de ignição Sistema de reciclagem dos gases do combustivel Depósito de combustível Catalisador Motor Óleo do motor Coletor de admissão Sistema de exaustão de gases de escape resultantes da combustão Sistema de arranque a frio Sem necessidade de modificações em qualquer veículo As modificações não são necessárias para veículos desde 1987 a 1992, dependendo da marca e modelo Veículos especialmente concebidos Veículos especialmente concebidos Veículos especialmente concebidos Sem necessidade de se realizarem modificações em veículos apenas preparados para consumirem gasolina Com provável necessidade de se realizarem modificações em veículos preparados para consumirem gasolina Tabela 2 Ajustes necessários em motores a gasolina para mistura de diferentes percentagens de etanol [9]. Quando se dispõem de baixas temperaturas (tipicamente inferiores a 11o C), as misturas com elevada concentração de etanol dispõem de problemas em alcançar pressões de vapor suficientes para o combustível evaporar e desencadear a ignição. Para evitar este problema, os EUA e vários países europeus adotaram a E85 como a mistura máxima de etanol que pode ser comercializada para veículos de combustível flexível10, os quais são otimizados para funcionar com essa fração de etanol. Em países com invernos rigorosos, como os EUA e a Suécia, procedem-se a reduções sazonais da fração da mistura de etanol, respetivamente para E70 e E75. Em zonas onde as temperaturas descem abaixo de -12o C é ainda recomendável a instalação de um sistema de aquecimento do motor. No Brasil, os veículos de combustível flexível com capacidade de utilizarem misturas até E10011 são muito utilizados. Esses veículos são habitualmente equipados com um pequeno depósito de gasolina para proceder ao arranque a frio, comutando posteriormente para etanol [10]. Na Figura 2 apresenta-se um exemplo de uma bomba de biocombustíveis, de uma tampa de um depósito de combustível E85 e de um veículo de combustível flexível até E85. Além da utilização como biocombustível para o setor automóvel, o Bioetanol pode ser diretamente utilizado para produção de energia elétrica em geradores concebidos para o efeito. Na referência [11] apresenta-se uma notícia relativa à inauguração da primeira central elétrica a nível mundial, abastecida com etanol produzido a partir de cana-de-açúcar, situada em Minas Gerais, Brasil. Em [12] apresentam-se alguns modelos de geradores elétricos da marca Geraflex, abastecidos a etanol. 1.4. Enquadramento legal e políticas energéticas Os biocombustíveis são uma das vertentes promovidas pelo Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis (PNAER) – 2020, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º 20/2013, de 10 de abril, a qual transpôs parte da Diretiva n.º 2009/28/CE, de 23 de abril. Nesse diploma definem-se metas específicas dirigidas para o setor dos transportes, designadamente ao nível da integração de biocombustíveis nas misturas de gasóleo e gasolina. A incorporação de biocombustíveis nos combustíveis fósseis deverá ser realizada de forma gradual, cujas percentagens, em termos energéticos, até 2020 são as apresentadas na Tabela 3. Anos Parâmetros 2011-2012 2013-2014 2015-2016 2017-2018 2019-2020 % de adição de biodiesel no gasóleo rodoviário, em termos energéticos 5 (5,9) 5,5 (5,9) 7,5 9 10 % de adição de Bioetanol na gasolina rodoviária, em termos energéticos 0 0 2,5 2,5 2,5 Biodiesel [ton] 331 764 331 764 505 740 615 289 688 321 Bioetanol [ton] 0 0 57 567 57 567 57 567 Massa correspondente Tabela 3 Evolução da incorporação de biocombustíveis nos combustíveis fósseis até 2020, segundo a RCM 20/2013. Figura 2 Bomba de biocombustíveis com Biodiesel B20 e soluções E85 e E10 (esquerda). Exemplo de veículo de combustível flexível até E85 (direita, cima) e de uma tampa de um depósito de combustível de um veículo E85 (direita, baixo). 10 Veículos preparados para operar com gasolina ou misturas de gasolina com etanol até uma determinada percentagem. 11 O etanol anidro pode conter até 4% de água, pelo que muitos autores utilizam a nomenclatura E95 para esses casos. 3 Os artigos 17.º a 19.º e os anexos III e V da suprarreferida Diretiva n.º 2009/28/CE foram, por sua vez, transpostos para o Decreto-Lei (DL) n.º 117/2010, de 25 de outubro, o qual: • Tal como a RCM 20/2013, fixa as percentagens mínimas obrigatórias de incorporação de biocombustíveis (em teor energético) nos combustíveis do setor dos transportes terrestres; • Define critérios de sustentabilidade para produção e utilização de biocombustíveis e biolíquidos; • Cria um sistema de emissão de títulos de biocombustíveis (TdB); • Promove, através de incentivos (financeiros), as tecnologias mais sustentáveis; • Atribui ao Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) a função de Entidade Coordenadora do Cumprimento dos Critérios de Sustentabilidade12. 12 www.lneg.pt/iedt/unidades/4/paginas/97. projetos renováveis Os TdBs são válidos por 2 anos e possibilitam verificar a sua evolução ao nível da incorporação nos combustíveis fósseis. São emitidos em função do cumprimento dos critérios de sustentabilidade suprarreferidos, em que um TdB traduz uma determinada quantidade de biocombustível incorporado. De modo a promover o uso de resíduos, de matérias-primas lenho-celulósicas e endógenas não alimentares, a quantidade de TdBs emitidos depende da matéria-prima utilizada para produção do biocombustível, conforme se apresenta na Tabela 4. Matéria-prima N.º de TdBs por Tep incorporado Resíduo 2 Celulósica não alimentar 2 Lenho-celulósica 2 Endógena não alimentar 1,3 Endógena 1,1 Tabela 4 Quantidade de Títulos de Combustível atribuídos em função da matéria-prima utilizada para produção dos biocombustíveis, segundo o Decreto-Lei n.º 117/2010, de 25 de outubro. A produção de biocombustíveis pode ser assegurada por Produtores do Regime Geral (PRGs) ou Pequenos Produtores Dedicados (PPDs), os quais devem ser reconhecidos como entreposto fiscal de transformação nos termos do Código dos Impostos Especiais de Consumo (CIEC). Os PPDs devem dispor de um aproveitamento de resíduos ou detritos para projetos concebidos para o efeito que, em termos de massa, seja igual ou superior a 60% da matéria-prima consumida na instalação para efeitos de produção de biocombustíveis. Para as empresas serem reconhecidas como PPD, necessitam de, cumulativamente: •D ispor de uma produção máxima anual de 3000 toneladas de biocombustíveis; •A sua produção seja realizada através do aproveitamento de matérias residuais ou com recurso a projetos de desenvolvimento tecnológico de produtos menos poluentes, utilizando processos inovadores, ou em fase de demonstração; •C olocar toda a sua produção em frotas e consumidores cativos, identificados contratualmente. Podem igualmente requer o estatuto de PPD as autarquias, serviços ou organismos dependentes de autarquias e empresas do setor empresarial local que, cumulativamente: •D isponham de uma produção máxima anual de 3000 toneladas de biocombustíveis; •A sua produção seja realizada através do aproveitamento de matérias residuais, pelo menos em parte de óleos alimentares usados oriundos do setor doméstico; • Coloquem toda a sua produção em própria frota ou, a título não oneroso, em frotas de autarquias locais ou dos respetivos serviços, organismos ou empresas do setor empresarial local, ou entidades sem fins lucrativos. Segundo o Decreto-Lei n.º 117/2010, os PPDs beneficiam de isenção de Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) nos termos do CIEC. Por outro lado, segundo o disposto no ponto 1 do Artigo 90.º do CIEC, os produtores de etanol desnaturado (NC 2207 20 00) com uma produção anual inferior a 40 mil toneladas por ano são igualmente isentos de pagamento de ISP, pelo que os PGRs que cumpram com esse limite de produção são igualmente abrangidos por esse benefício fiscal. Para se constituir um entreposto fiscal é necessário o cumprimento dos Artigos 24 e 98 do CIEC. O reconhecimento como PPD é ainda sujeito ao despacho do diretor-geral de Geologia e Energia, além do emitido pelo diretor-geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo. No caso de se pretender utilizar o Bioetanol para produção de energia elétrica, as instalações eletroprodutoras poderão ser enquadradas no regime da microgeração13 ou da minigeração14, ambos regulamentados pelo DL n.º 25/2013, de 19 de fevereiro. Pode ser ainda enquadrada no regime definido pelo DL n.º 189/88, de 27 de maio e respetivas alterações subsequentes, cuja fórmula e parâmetros para o cálculo do preço de venda de energia elétrica à rede são definidos pelo Anexo II, na atual redação conferida pelo DL 35/2013, de 28 de fevereiro. As principais especificidades deste tipo de instalações nos diversos regimes são: •M icrogeração: Deverá encontrar-se associada a uma unidade de cogeração, o que não corresponde ao objetivo do presente estudo. A remuneração para 2014 para estes casos, segundo o despacho DGEG de 26 de dezembro de 2013, é de 0,218€/kWh. •M inigeração: Como aproveitamento de biomassa, cuja remuneração para 2014 para o escalão 1, segundo o despacho DGEG de 26 de dezembro de 2013, é de 0,159€/kWh. •D L 35/2013: Segundo o ponto 18 do Anexo II, o coeficiente Z aplicável15 será o g) ii), relativo a centrais de valorização energética, na vertente de queima, de combustíveis derivados de resíduos, que toma o valor de 3,8. 2. Apresentação da FRUTUS e dos dados relativos à quantidade de fruta desperdiçada e estimativa da produtividade média anual de Bioetanol Nesta seção procede-se à apresentação da FRUTUS e dos dados reais relativos a produtividade e desperdício de fruta produzida e armazenada na sua esfera. As frutas que foram alvo de estudo são a Pera Rocha, a Maçã das variedades Gala, Fuji, Riscadinha de Palmela e Reineta, bem como a Ameixa. Os dados que se apresentam nas subseções 2.2 e 2.3 foram recolhidos e tratados pela Sr.ª Eng.ª Délia Fialho – técnica responsável da FRUTUS. 2.1. Apresentação da FRUTUS A FRUTUS – Estação Fruteira de Montejunto, CRL. é uma cooperativa reconhecida como Organização de Produtores de Frutas, sendo um dos membros da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP) e da triPortugal A.C.E. Foi fundada em 1992 e situa-se no centro da região produtora de pera rocha no concelho do Cadaval. Na Figura 3 apresenta-se o edifício da central fruteira e sua envolvente, os quais possuem uma área total de 70 000 m2. Dispõe de armazenamento frigorífico com capacidade até 15 000 toneladas e equipamento para calibração e embalamento com capacidade até 12 500 kg/hora. Atualmente dispõe de 34 produtores associados, com uma área de cerca de 450ha e os níveis de produção apresentados na Tabela 5. A pera é, em 99%, proveniente de áreas com Denominação de Origem Protegida (DOP) 13 Considerando apenas o regime bonificado, encontra-se limitada até à potência de 3,68kW em aproveitamentos instalados em instalações individuais, ou 11,04kW quando associados a um condomínio com 6 ou mais frações. 14 Dividida em 3 escalões, cujos limites são respetivamente, 20, 100 e 250 kW, para os escalões 1, 2 e 3. 15 Parâmetro que define a bonificação da tarifa em função do tipo de energia renovável utilizada como fonte primária. 4 projetos renováveis Aproveitamento de desperdícios de fruta para produção de Bioetanol Ano 2011 2012 Tipo de fruta Produtividade [ton] Desperdício [ton] Pomar Armazém TOTAL Pera 15 344 1074 2908 3982 Maçã 1 110 222 152 374 Ameixa 670 67 151 218 TOTAL 17 124 1363 3211 4574 Pera 7 282 510 746 1256 Maçã 1011 202 100 302 Ameixa 628 63 39 102 TOTAL 8921 775 885 1660 Tabela 6 Dados relativos à produtividade e desperdício de fruta no pomar e nos armazéns da FRUTUS em 2011 e 2012. Figura 3 Vista aérea das instalações da FRUTUS – Estação Fruteira de Montejunto, CRL. de Pera Rocha do Oeste e a produção de maçã é proveniente de áreas com Indicação Geográfica Protegida (IGP), designadamente a Riscadinha de Palmela e as restantes variedades (Gala, Fuji, Reineta) da área da Maçã de Alcobaça. A FRUTUS dispõe de um conjunto de certificações ao nível das explorações agrícolas, como por exemplo GlobalGAP desde 2003 e Pera Rocha do Oeste DOP desde 2001. Dispõe ainda de certificações ao nível de central fruteira, como é o caso do HACCP desde 2004 e a norma ISO 22000:2005 desde 2008 [13]. 2.2. Níveis de produtividade anual de fruta por parte dos sócios da FRUTUS À data de elaboração do presente artigo apenas tinham sido apurados os dados de produção frutícola até 2013, pelo facto da colheita de 2014 ainda não ter terminado. Na Tabela 5, apresentam-se as quantidades de fruta que deram entrada nos armazéns da FRUTUS, isto é, sem se descontarem os desperdícios produzidos durante o respetivo armazenamento, os quais se apresentam na Tabela 6. Analisando a Tabela 5, pode-se verificar que os anos de 2011 e 2012 foram extremos, respetivamente, em termos de excesso e escassez de produção de Pera. A quebra de produção de Maçã e Ameixa foi menos significativa em 2012, tendo esta última sofrido uma quebra mais pronunciada em 2013. Pode-se igualmente verificar que as áreas totais e em produção têm vindo a aumentar, prevendo-se que esta tendência, acompanhada do aumento de produção, se venha a manter nos próximos anos. 2011 Pera Produção total [ton.] 2012 Maçã Ameixa Pera 15344 1110 Maçã Ameixa 670 7282 1011 628 Pera Maçã 14540 1090 Ameixa 362 46 33 350 50 33 370 53 33 280 25 33 291 25 33 354 36 33 Produtividade específica [ton./ha] 55 44 20 25 40 19 41 30 10 Desperdício à colheita [%] 7 Áreas 350 Em produção [ha] 10 7 20 10 7 20 10 Tabela 5 Produtividade de Pera, Maçã e Ameixa pelos sócios da FRUTUS, nos anos 2011 a 2013. 5 2.4. Estimativa dos níveis de produção de Bioetanol em função dos desperdícios disponíveis Para se proceder à estimativa do potencial de produção Bioetanol em função dos desperdícios disponíveis na central fruteira, recorreram-se a níveis médios unitários de produtividade, através do processo de fermentação alcoólica (descrito em 1.2), por tipo e quantidade de fruta, reportados na literatura científica do tema. Os dados para a realização do presente estudo foram obtidos a partir do capítulo 5 da referência [14], os quais se apresentam na 2.ª coluna da Tabela 7. Os dados exibidos na 3.ª e 4.ª colunas da Tabela 7, são os mesmos que se apresentam na última coluna da Tabela 6, relativos à quantidade de resíduos produzidos nos anos 2011 e 2012. Na 5.ª e 6.ª colunas apresentam-se as estimativas de produção de Bioetanol. Esses valores foram obtidos, respetivamente, através dos produtos entre os valores da 2.ª e 3.ª colunas para o ano de 2011 e entre os valores da 2.ª e 4.ª colunas para o ano de 2012. Na 7.ª e última coluna apresentam-se as médias entre os valores de produção estimados para 2011 e 2012, para cada tipo de fruta. 2013 Total [ha] 20 2.3. Quantificação dos desperdícios de fruta em 2011 e 2012 À data de elaboração do presente artigo apenas tinham sido quantificados os desperdícios de fruta até 2012. A contabilização dos desperdícios, apresentados na Tabela 6, são relativos à fruta que não se encontra apta para venda no mercado, mas que cumpre os requisitos para ser encaminhada para a “Indústria”. Relembra-se que nos anos 2011 e 2012 se obtiveram resultados extremos, respetivamente, em termos de excesso e escassez de produção de Pera. Pela experiência adquirida, considera-se que a utilização de um valor intermédio ao desses anos seja representativo da quantidade média de resíduos anualmente produzidos, para todas as frutas, nos pomares e armazéns da esfera da FRUTUS. Quantidade de desperdícios reportada [toneladas] Produtividade teórica de Bioetanol a partir das quantidades de desperdícios reportadas [litros] Tipo de fruta Produtividade unitária [litros/toneladas] 2011 2012 2011 2012 MÉDIA Pera 43,53 3982 1256 173 336 54 674 114 005 Maçã 54,50 374 302 20 383 16 459 18 421 Ameixa 41,26 218 102 8995 4209 6602 Tabela 7 Estimativa produtividade média anual de Bioetanol. projetos renováveis Por fim, falta apenas determinar a quantidade de Bioetanol que deverá ser utilizada como base para os estudos técnico-económicos que se apresentam em 3.5, o qual corresponde à soma das quantidades apresentadas na última coluna da Tabela 7 e que toma o valor de 139 028 litros/ano. 3. Estudos técnico-económicos para venda direta do Bioetanol e para o seu aproveitamento para produção de energia elétrica Nesta secção apresentam-se os modelos matemáticos e vários cenários com que se pretendem caraterizar os limites de investimento e de custos de operação e manutenção, em função das remunerações espectáveis, de dois casos de estudo: venda de Bioetanol como produto final e venda de energia elétrica, produzida a partir de um gerador, à rede pública. Considerando os volumes de Bioetanol que se estimam vir a ser possíveis de produzir (apresentados na Tabela 7), verifica-se a necessidade de se realizar o presente estudo para uma unidade com capacidade de produção diária não inferior a 550 litros. O motivo para tal deve-se ao facto de que poderão existir anos de elevada produção (como o de 2011, em que a produção anual de Bioetanol se estimaria ser de 202 714 litros), verificando-se a necessidade de assegurar a capacidade para realizar o processamento de elevadas quantidades de resíduos de fruta. Por outro lado, atendendo ao facto que os produtores têm vindo a aumentar as áreas dos seus pomares e, consequentemente, aumentado a sua produção, optou-se por realizar os estudos técnico-económicos considerando uma unidade com capacidade de produção de 1000 litros de Bioetanol por dia. Outra razão para este sobredimensionamento, deve-se ao facto de existirem outras centrais fruteiras nas proximidades da FRUTUS, cujos desperdícios de fruta podem igualmente vir a ser alvo de aproveitamento. 3.1. Dimensionamento e orçamentação do gerador a Bioetanol Considerando que a unidade de produção de Bioetanol disporá de uma capacidade de produção de 1000 litros/dia, será esse o valor utilizado como base para o dimensionamento do gerador elétrico. Atendendo ao facto de que, conforme referido em 1.1, o PCI do Etanol anidro16 é de 21,2 MJ/litro – correspondente a 5,(8)kWh/litro, a energia diária (Wd) contida em 1000 litros desse biocombustível (VdEtanol) é de: Wd kWh / dia = Vd litro / dia × PCIEtanol kWh / litro Etanol Wd = 1000 × 5, 8 = 5888, 8 kWh / dia Etanol Etanol () () Devido ao facto de o gerador dispor de um rendimento inferior a 100%, esse não será o valor da energia elétrica diariamente produzida. Para se poder efetuar uma estimativa do rendimento deste tipo de gerador, necessita-se de se proceder a uma seleção prévia de uma marca e modelo para se poderem utilizar os seus dados no cálculo. Para o presente estudo, selecionou-se o gerador Geraflex Verflex 85 apresentado em [15], o qual não fornece a indicação do rendimento. Por outro lado, em [16] é referido que este dispõe de um consumo de 0,6 litros de Etanol por kWh de eletricidade produzida, o que permite estimá-lo a partir desse dado. Ao multiplicar o consumo de Etanol por cada kWh de eletricidade produzida pelo respetivo PCI, conclui-se que é necessária a utilização de 3,53 16 Prevê-se que o Bioetanol produzido na FRUTUS não seja 100% anidro, o que resulta num PCI inferior a esse valor. No entanto, para o dimensionamento do gerador, a consideração de um PCI mais elevado é tido como sendo o caso mais desfavorável, ficando o gerador um pouco sobredimensionado. kWh de combustível para produzir 1 kWh de eletricidade. Desse modo, o rendimento do gerador (ƞg) pode ser determinado através da seguinte expressão: ηg = Weletricidade 1 = ≈ 28% Wcombustível 3,53 Considerando que se pretende que o gerador opere um máximo de 22 horas por dia, a potência (de saída) que o mesmo deverá dispor é dada por: Pout = Wd Etanol × ηg t = () 5888, 8 × 0,28 22 = 75 kW Atendendo ao valor da potência ativa resultante da expressão anterior, o gerador adotado corresponde ao que se tinha selecionado previamente. O preço do gerador adotado foi obtido a partir da referência [16], sendo de cerca de 22 000€. Devido ao facto de o gerador necessitar de ser transportado do Brasil para Portugal, acresceram-se 2 000€ ao preço do mesmo, considerando-se assim que o custo global do gerador, transporte, taxa aduaneira de 2,7% sobre o custo do gerador17 e a instalação seja de cerca de 25 000€. Em linha com o referido em [17], estimam-se que os custos Operação e Manutenção (O&M) do gerador sejam de cerca de 0,025€/kWh de energia elétrica produzida. 3.2. Preços de venda de Bioetanol e da eletricidade Para a realização dos dois casos de estudo de viabilidade económica considerados, é fundamental dispor-se do conhecimento dos custos unitários de venda do Bioetanol e da eletricidade. No caso do estudo económico relativo à venda direta do Bioetanol como produto final, será considerada uma gama de preços compreendida entre 0,4 e 0,75€/litro, a qual foi estabelecida com base nas seguintes informações: • Relatório de preços da instituição ICIS, apresentado em [18], no qual é mencionado que a gama de variação de preços dos mercados europeus nos últimos anos tem sido entre 0,7 e 0,8 €/litro; • O preço no mercado americano do dia 02/09/2014, apresentado em [19], era de 2,27$/galão, o que nesse mesmo dia equivalia a cerca de 0,45€/litro. Atendendo à potência do gerador elétrico dimensionado em 3.1 (85 kVA), o regime de remuneração considerado para estudo económico relativo à utilização do Bioetanol para produção de energia elétrica, será o da Minigeração renovável. Nesse sentido, atendendo ao facto que a potência instalada se enquadra no escalão II desse regime, em que o preço de venda da eletricidade é estabelecido através de uma proposta de desconto ao preço de referência para o escalão I (apresentado em 1.4), propõe-se a adoção da tarifa de 0,157€/kWh até ao 15.º ano do projeto. 3.3. Descrição dos dados técnicos e económicos necessários para este tipo de sistemas Para a realização de estudos de viabilidade económica, verifica-se a necessidade de se dispor de um orçamento detalhado para um sistema com capacidade para produção de 1000 litros diários de Bioetanol, dotado das seguintes funcionalidades: • Extração de mosto das frutas consideradas (Maçã, Pera e Ameixa); 17 Segundo o disposto na página 560 do Regulamento de Execução (UE) n.º 1001/2013, de 4 de outubro. 6 projetos renováveis Aproveitamento de desperdícios de fruta para produção de Bioetanol • Fermentação, incluindo mecanismos de injeção e recuperação automática de fermentos; • Destilação; • Desidratação; • Desnaturação, pelo facto de corresponder à composição NC 2207 20 00, a qual cumpre os requisitos necessários para que possa ser isento de pagamento de ISP nos termos do CIEC; • Produção da energia térmica necessária para o processo; • Sistema de armazenamento com dimensões que permitam armazenar o Bioetanol produzido durante um mês (com capacidade para mais de 30 000 litros). Por outro lado, este tipo de sistemas necessita de energia térmica e elétrica para a sua operação, requer frequentes trabalhos de manutenção e envolve custos de operação de diversas naturezas (energéticos, mão-de-obra, transporte de mercadorias, entre outros). Deste modo, nesta fase entende-se que seja necessário o fornecimento dos seguintes dados por parte de um fabricante deste tipo de equipamentos: •M ontante do investimento inicial, incluindo despesas de licenciamento, transporte e instalação; • Custos anuais de O&M (Encargos com energia térmica e elétrica, mão-de-obra, operações de manutenção e de substituição de componentes); • Vida útil do sistema; •N úmero de horas diárias de funcionamento necessárias para assegurar a produção de 1000 litros de Bioetanol; • E stimativas das potências térmicas e dos consumos energéticos (numa base diária) para aquecimento do destilador e de outros equipamentos que necessitam de energia térmica; • E stimativas das potências elétricas e dos consumos energéticos (numa base diária) dos motores e diversos recetores elétricos de todos os componentes do sistema; • Área de implantação (espaço ocupado pelos componentes, expresso em m2). Em Portugal não existe tradição ao nível da produção de Bioetanol em pequenas escalas, tal como em países como Brasil e os EUA. Por esse motivo, após o estabelecimento de contactos com diversos fabricantes de equipamentos para a indústria destiladora, não nos foram fornecidos, em tempo útil, nenhum orçamento completo nem os restantes dados referidos na lista anterior. Essa impossibilidade deve-se ao facto de os fabricantes nacionais contactados apenas produzirem parte dos equipamentos necessários (dirigidos para a indústria vinícola), designadamente extratores de mosto, fermentadores, destiladores e respetivos sistemas de produção de calor. Contactaram-se ainda fabricantes estrangeiros, os quais nunca chegaram a enviar propostas orçamentais. Uma alternativa possível seria a de solicitar a orçamentação individual de cada um dos restantes componentes em falta a outros fabricantes. No entanto, não se considerou essa opção como tecnicamente viável, devido ao facto de o sistema necessitar de ser automatizado em conjunto, de se correr o risco de os diversos componentes não serem compatíveis e/ou de ficar a faltar algum equipamento intermédio. Atendendo à dificuldade em obter os dados suprarreferidos, optou-se pela dedução algébrica de modelos matemáticos genéricos que permitem determinar facilmente os resultados de vários indicadores económicos e financeiros. Essas expressões, apresentadas na subsecção seguinte, são válidas para ambos os casos de estudo. Serão ainda apresentados alguns exemplos de resultados obtidos a partir de valores arbitrários definidos para as suas variáveis de entrada, os quais se julgam poderem rondar, com maior ou menor aproximação, os custos de investimento e de O&M que o sistema venha a dispor. No caso de futuramente se conseguirem recolher os dados apresentados na lista anterior, esses modelos permitirão avaliar a viabilidade económica deste tipo de sistemas. 7 3.4. Modelos matemáticos dos indicadores de investimento Antes de se introduzirem as expressões matemáticas que permitem a realização dos estudos económicos dos 2 casos que se pretendem analisar, apresenta-se o significado de cada uma das variáveis incluídas nas mesmas: • n – Número do ano, a partir do momento em que o investimento foi realizado (ano 0), em análise; •H – Horizonte do projeto (número de anos para o qual o estudo económico foi realizado); • I – Montante de investimento inicial [€]; •C Fn – Cash-Flow18 [€] no ano n; • i – Taxa de atualização dos Cash-Flows [%]; • зn – Preço de venda do Bioetanol [€/litro] ou da eletricidade produzida [€/kWh] no ano n; • Pn – Estimativa da quantidade de Bioetanol [litros] ou eletricidade produzida [kWh] no ano n; • O&Mn – Custos globais de Operação e Manutenção [€] no ano n; • IMPn – Taxa de imposto sobre os lucros gerados [%] no ano n; • ln – Logaritmo natural (ou Neperiano). Os indicadores de investimento, para os quais se apresentam as expressões de cálculo, são: • Valor Atual Líquido (VAL): Diferença entre os valores atualizados das entradas e saídas de dinheiro até ao horizonte do projeto (H). Deste modo, o VAL mede a viabilidade económica do projeto, a qual se verifica se o seu resultado for superior a 0; • Taxa Interna de Rentabilidade (TIR): Percentagem máxima da taxa de atualização dos Cash-Flows (i) que se pode obter sem que o investimento dê prejuízo. Deste modo, a TIR mede a rentabilidade financeira do projeto. Caso a TIR disponha de um valor igual ao de i, o VAL será igual a 0. Se TIR for superior a i, o VAL tomará valores positivos e, se TIR for inferior a i, o VAL tomará valores negativos; • Payback: Período de tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento em que o lucro líquido acumulado iguala o montante do investimento. Um passo intermédio necessário para a determinação de qualquer um destes indicadores de investimento, é o cálculo do Cash-Flow para cada ano n do projeto, cuja expressão é: I I CFn = ε n × Pn − O&Mn − × 1− IMPn + H H (( ) ) ( ) A equação que permite determinar o VAL é: H VAL = −I + ∑ n =1 CFn (1+ i ) n Contrariamente às equações anteriores, a expressão seguinte – que possibilita a determinação da TIR – necessita de ser resolvida através de métodos numéricos, visto ser dada por: H VAL = −I + ∑ n =1 CFn (1+ TIR ) n =0 18 O qual se define como sendo o fluxo do dinheiro do projeto, ou seja, o montante de recebido e despendido durante um período de tempo definido (neste caso, numa base anual). projetos renováveis A equação que permite determinar o Payback nos casos em que se dispõem de Cash-Flows constantes ao longo do horizonte do projeto (podendo apenas ser utilizada no caso em que se procede a essa simplificação), é: Payback = 1 ln 1 I − ×i i CFn ( ) ln 1+ i 3.5. Resultados dos estudos técnico-económicos Pelos motivos referidos em 3.3, o desenvolvimento de ambos os estudos técnico-económicos foi realizado através da consideração dos cenários de teste apresentados nas subseções seguintes. Em ambos os casos de estudo (venda direta do Bioetanol e utilização do mesmo para produção de energia elétrica através de um gerador), consideraram-se os seguintes pressupostos: •V ários montantes de investimento inicial – Os quais são apresentados junto dos resultados dos indicadores de investimento, cobrindo uma gama de variação que se julga adequada ao custo das respetivas instalações; • Vários montantes de custos anuais de O&M – Pelos mesmos motivos enunciados para o parâmetro anterior; • Taxa de atualização dos Cash-Flows (i) de 10% – Baseando-se nos valores referenciados de cost of equity para indústria europeia de biotecnologia, os quais se apresentam19 em [20]; •T axa de imposto sobre os lucros gerados (IMPn) de 23% – A taxa marginal de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) atualmente vigente para o Portugal Continental20 é de 23%, segundo o disposto no Art.º 87.º da Lei n.º 2/2014 de 16 de janeiro; •H orizonte do projeto (H) de 10 anos: Estabeleceu-se um único cenário, por questões de simplificação, julgando-se ser um prazo razoável para os tipos de investimentos em causa. 3.5.1. Venda direta do Bioetanol como produto final No presente caso de estudo, pelos motivos referidos em 3.2, são considerados 4 preços de venda para o Bioetanol, os quais são de 0,4, 0,5, 0,6 e 0,75€/litro. A partir dos modelos apresentados em 3.3 e dos pressupostos comuns a ambos os casos de estudo (referidos em 3.5), procedeu-se à determinação dos resultados dos indicadores de investimento, os quais se apresentam na Tabela 8. Analisando a Tabela 8, pode-se verificar que se testaram diversos montantes de investimento e custos de operação de manutenção para a gama que se julgue vir a variar o preço venda do Bioetanol. Considerou-se um custo mínimo de O&M de 10 000€/ano, devido ao facto de este incluir os encargos com energia térmica e elétrica, com operações de manutenção e de substituição de componentes no caso de avarias, bem como a mão-de-obra e despesas com transporte das mercadorias. Conforme se pode igualmente verificar na Tabela 8, para cada um dos preços de venda do Bioetanol, determinou-se o montante de investimento 19 A taxa referenciada é de 9,25%, tendo-se optado por arredondar para 10% – originando resultados mais desfavoráveis. 20 Ao longo do horizonte do projeto optou-se, por questões de simplificação dos cálculos, por manter esta taxa constante. Todavia, é expectável que durante os próximos 10 anos esta venha a sofrer uma redução. Não foram considerados benefícios fiscais/reduções à matéria coletável, assim como ao cálculo da derrama. máximo para 10000€/ano de custos de O&M, bem como os custos máximos de O&M para cada montante de investimento testado. Esses resultados permitem que o leitor disponha de uma noção dos limites máximos de investimento e de custo de O&M, para cada preço de venda do Bioetanol, para o qual o investimento é viável. Caso se pretendam conhecer resultados intermédios dos indicadores para outros montantes de investimento, outros custos de O&M ou para outro preço de venda do Bioetanol, devido ao facto das relações entre as variáveis serem lineares, podem-se obter através de interpolação linear. 3.5.2. Produção e venda de energia elétrica ao abrigo da minigeração renovável No presente caso de estudo, pelos motivos referidos em 3.2, o preço de venda da energia elétrica à rede é considerado como sendo de 0,157€/kWh. Na expressão seguinte, apresenta-se a estimativa da quantidade de energia elétrica possível de gerar anualmente através da quantidade média de Bioetanol disponível (apresentada em 2.4): Wan. kWh / ano = Van. litro / ano × PCIEtanol kWh / litro × η g Etanol Wan. = 139 028 × 5, 8 × 0,28 ≈ 229 242 kWh / ano Eletricidade Eletricidade () Neste caso de estudo, o montante de investimento inicial contempla não só o sistema completo de produção de Bioetanol, bem como um gerador elétrico de caraterísticas análogas ao referido em 3.1. Considerando os parâmetros anteriores, a partir dos modelos apresentados em 3.3 e dos pressupostos comuns a ambos os casos de estudo (referidos em 3.5), procedeu-se à determinação dos resultados dos indicadores de investimento, os quais se apresentam na Tabela 9. Analisando a Tabela 9, verifica-se que a viabilidade económica deste projeto se encontra limitada superiormente por um montante de investimento de 125 000€ e custo de O&M de 13 300€, ou por um montante de investimento de 143 200 e custo de O&M de 10 000€. O critério utilizado para gerar os resultados é análogo ao referido para o caso de estudo anterior. Estes resultados encontram-se claramente abaixo dos apresentados no cenário mais desfavorável do caso de estudo anterior (em que o preço de venda do Bioetanol é de 0,4€/litro). A principal razão para tal deve-se ao facto de o gerador a Etanol dispor de um rendimento de cerca de 28%, pelo que não aproveita grande parte da energia contida no biocombustível. 4. Conclusões O Etanol é um biocombustível substituto da gasolina que pode ser produzido através da fermentação de resíduos de frutas. O processo industrial de produção de Bioetanol é composto por várias etapas, tendo que, no final, ser sujeito a um processo de desnaturação para que possa ser isento de pagamento de ISP nos termos do CIEC. Este pode ser utilizado diretamente como combustível, ou misturado com a gasolina sob diferentes frações. Os veículos comuns dispõem da capacidade de utilizar, sem se danificarem, gasolina com misturas até 10% de etanol. À medida que se aumenta a percentagem de Etanol misturado na gasolina, aumenta também necessidade de adaptação dos veículos para o efeito. Em termos legais, a produção de Bioetanol deverá cumprir com o disposto no DL n.º 117/2010, podendo ser assegurada por PRGs ou PPDs, os quais devem ser reconhecidos como entreposto fiscal de transformação nos termos do CIEC. No caso de se pretender utilizar o Bioetanol para 8 projetos renováveis Aproveitamento de desperdícios de fruta para produção de Bioetanol Pressupostos de cálculo Preço de venda do Bioetanol Montante de investimento inicial (є) [€/litro] (I) [€] 100 000 0,4 150 000 200 000 251 320 100 000 150 000 0,5 200 000 250 000 300 000 327 925 100 000 0,6 150 000 200 000 Custos de O&M Resultados dos indicadores de investimento VAL TIR Payback [%] [ano] (O&M) [€/ano] [€] 10 000 129 934 35,65% 3,27 20 000 82 620 27,00% 4,31 30 000 35 307 17,71% 6,36 37 460 0 10,00% 10,00 Pressupostos de cálculo Preço de venda do Bioetanol Montante de investimento inicial (є) [€/litro] (I) [€] 300 000 0,6 400 000 Resultados dos indicadores de investimento Custos de O&M VAL TIR Payback (O&M) [€/ano] [€] [%] [ano] 10 000 89 756 16,59% 6,73 20 000 42 442 13,20% 8,11 28 970 0 10,00% 10,00 10 000 3 888 10,23% 9,85 10 820 0 10,00% 10,00 10 000 0 10,00% 10,00 10 000 360 158 74,60% 1,52 312 845 66,79% 1,70 218 219 50,95% 2,26 10 000 63 343 19,12% 5,94 20 000 16 030 12,43% 8,51 28 400 0 10,00% 10,00 10 000 44 066 14,91% 7,36 20 000 40 000 60 000 123 593 34,51% 3,38 80 000 28 966 16,39% 6,80 86 125 0 10,00% 10,00 10 000 317 225 49,80% 2,32 19 315 0 10,00% 10,00 10 000 0 10,00% 10,00 10 000 195 712 47,11% 2,46 20 000 148 399 38,92% 2,98 30 000 101 086 30,43% 3,83 40 000 53 773 21,44% 5,36 51 365 0 10,00% 10,00 10 000 152 778 30,57% 3,82 20 000 105 465 24,66% 4,71 30 000 58 125 18,42% 6,14 42 290 0 10,00% 10,00 10 000 109 845 21,67% 5,31 20 000 62 531 16,87% 6,63 33 215 0 10,00% 10,00 10 000 66 911 15,92% 6,96 20 000 19 598 11,80% 8,86 24 145 0 10,00% 10,00 10 000 23 977 11,83% 8,84 15 065 0 10,00% 10,00 10 000 0 10,00% 10,00 10 000 261 491 58,23% 1,96 20 000 514 177 50,26% 2,29 40 000 119 551 33,79% 3,46 60 000 24 925 15,53% 7,11 65 270 0 10,00% 10,00 10 000 218 557 38,44% 3,02 20 000 171 244 32,81% 3,56 40 000 76 617 20,90% 5,49 56 195 0 10,00% 10,00 10 000 175 623 27,97% 4,16 20 000 128 310 23,47% 4,92 40 000 33 684 13,79% 7,84 47 200 0 10,00% 10,00 404 525 100 000 150 000 200 000 0,75 250 000 300 000 350 000 400 000 450 000 500 000 519 435 20 000 269 912 44,40% 2,61 40 000 175 285 33,30% 3,51 60 000 80 659 21,44% 5,36 77 050 0 10,00% 10,00 10 000 274 291 36,93% 3,15 20 000 226 978 32,69% 3,57 40 000 132 351 23,86% 4,85 60 000 37 725 14,23% 7,65 67 975 0 10,00% 10,00 10 000 231 357 28,85% 4,03 20 000 184 044 25,29% 4,59 40 000 89 418 17,80% 6,33 58 900 0 10,00% 10,00 10 000 188 423 23,21% 4,97 20 000 141 110 20,10% 5,69 40 000 46 484 13,50% 7,97 49 825 0 10,00% 10,00 10 000 145 490 18,99% 5,97 20 000 98 177 16,19% 6,86 40 750 0 10,00% 10,00 10 000 102 556 15,68% 7,05 20 000 55 243 13,13% 8,15 31 675 0 10,00% 10,00 10 000 59 622 13,00% 8,21 20 000 12 309 10,63% 9,58 22 600 0 10,00% 10,00 10 000 16 688 10,77% 9,49 13 525 0 10,00% 10,00 10 000 0 10,00% 10,00 Tabela 8 Resultados dos indicadores de investimento para diversos cenários do caso de estudo relativo à venda direta do Bioetanol como produto final. 9 projetos renováveis Pressupostos de cálculo Preço de venda do Bioetanol Montante de investimento inicial (є) [€/litro] (I) [€] Resultados dos indicadores de investimento Custos de O&M VAL TIR Payback (O&M) [€/ano] [€] [%] [ano] 10 000 37 104 18,08% 6,25 12 500 25 276 15,61% 7,08 15 000 13 447 13,05% 8,19 17 850 0 10,00% 10,00 10 000 15 637 12,84% 8,30 12 500 3809 10,70% 9,53 13 300 0 10,00% 10,00 10 000 0 10,00% 10,00 100 000 0,157 125 000 143 200 Para o nível de produção de Bioetanol estimado para o ano de 2011 (202 714 litros), atendendo a que a massa volúmica (apresentada em 1.1) é de 0,789kg/litro, verifica-se que existe uma produção anual de cerca de 160 toneladas. Esse valor cumpre com o limite de 3000 toneladas/ ano, pelo que a FRUTUS compre com esse requisito – necessário para que possa ser enquadrada no estatuto de PPD. Como nota final, caso se venha a verificar a viabilidade económica deste tipo de aproveitamentos, a sua difusão por outras cooperativas e associações agrícolas que trabalham diretamente com matérias suscetíveis de ser fermentadas alcoolicamente, poderia contribuir para a produção do Etanol necessário para assegurar a percentagem de mistura com a gasolina rodoviária, requerida pelo PNAER a partir de 2015 (ou, eventualmente, assegurá-la na sua totalidade). Referências bibliográficas [1] C . Wyman, Handbook on Bioethanol: Production and Utilization, Taylor & Francis, 1996. [2] G. Knothe e J. Van Gerpen, The Biodiesel Handbook, Second Edition, Taylor & Francis, 2010. [3] N. Bassam, Handbook of Bioenergy Crops: A Complete Reference to Species, Development and Applications, Earthscan, 2010. [4] “KSL Group, http://www.kslsugar.com/img/pic/ethanol_process_en.jpg, acedido em 16 de novembro de 2013”. [5] “Timeline of alcohol fuel, http://en.wikipedia.org/wiki/Timeline_of_alcohol_fuel, acedido em Tabela 9 Resultados dos indicadores de investimento para diversos cenários do caso de estudo relativo à produção e venda de energia elétrica ao abrigo da minigeração renovável. 16 de novembro de 2013”. [6] D. Pimentel, Biofuels, Solar and Wind as Renewable Energy Systems: Benefits and Risks, Springer, 2008. [7] J. Joel K. Bourne, “Green Dreams Making fuel from crops could be good for the planet - after produção de energia elétrica, mediante a potência do aproveitamento, poderá ser enquadrado no regime da microgeração, minigeração ou no definido pelo DL 189/88. Devido ao facto de os regimes de remuneração disponíveis se relacionarem com a potência dos aproveitamentos, para se poder apurar o regime de remuneração é necessário, em primeiro lugar, proceder ao dimensionamento do gerador. No presente caso, devido ao facto de se ter adotado um gerador de 85kVA, o aproveitamento é enquadrável no escalão 2 da minigeração. Devido ao facto de não existir um mercado nacional do Etanol, verificou-se a necessidade de se pesquisarem os seus preços de venda nos mercados internacionais, tendo-se considerado os preços de 0,4, 0,5, 0,6 e 0,75€/litro para a realização do estudo económico. O preço de venda de energia elétrica foi considerado como sendo de 0,157€/kWh, em concordância com descontos, relativamente às tarifas de referência do escalão 1 da minigeração, habitualmente praticados. Devido ao facto de não ter sido possível a obtenção dos dados que permitam determinar o montante de investimento inicial e os custos anuais de O&M, verificou-se a necessidade de se realizarem os estudos económicos recorrendo a valores arbitrários. Através das expressões apresentadas e/ou dos resultados obtidos para ambos os casos de estudo é possível, na presença dos dados em falta que possam ser fornecidos por empresas do setor, determinar os resultados dos indicadores de investimento e verificar se este tipo de sistemas é economicamente viável. Por outro lado, analisando os resultados dos indicadores de investimento, pode-se concluir para os pressuposto considerados, que a opção de venda direta do Bioetanol dispõe de claras vantagens em termos económicos quando comparada com a respetiva utilização para produção e venda de eletricidade. Tal deve-se, em grande medida, ao facto de serem utilizados geradores que realizam o ciclo Otto, o qual é menos eficiente que, por exemplo, o ciclo Diesel. Essa ineficiência traduz-se no não aproveitamento de boa parte da energia contida no biocombustível. a breakthrough or two,” National Geographic Magazine, p. 41, October 2007. [8] “U.S. Renewable Fuels Association (RFA), http://ethanolrfa.org/pages/World-Fuel-EthanolProduction, acedido em 13 de agosto de 2014”. [9] “Sustainable biofuels: Prospects and challenges,” The Royal Society, 2008. [10]“Ethanol Fuel, http://en.wikipedia.org/wiki/Ethanol_fuel, acedido em 18 de novembro de 2013”. [11]“renewable-technology.com - The website for renewable industry, http://www.renewabletechnology.com/projects/ethanol-power-plant-minas-gerais/, acedido em 18 de novembro de 2013”. [12]“Geraflex Energia Limpa, http://www.geraflex.com.br/produtos.html, acedido em 22 de novembro de 2013”. [13]“triPortugal – FRUTUS, http://www.triportugal.pt/pt/frutus.html, acedido em 12 de novembro de 2013”. [14]R. Freudenberger, Alcohol Fuel: A Guide to Making and Using Ethanol as a Renewable Fuel, New Society Publishers, Limited, 2013. [15]“Geraflex Energia Limpa, http://www.geraflex.com.br/saiba_mais_verflex_85kva.html, acedido em 5 de dezembro de 2013”. 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Amarasekara, Handbook of Cellulosic Ethanol, Wiley, 2013. 10 projetos renováveis Aproveitamento de desperdícios de fruta para produção de Bioetanol Apresentação dos autores Edgar Filipe da Silva Franco [email protected] É licenciado em Engenharia Eletrotécnica – Ramo de Energia e Automação e mestre em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas de Automação, pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, obtendo respetivos graus em 2009 e 2011. Concluiu em janeiro de 2013 o Curso de Doutoramento (não conferente de grau) em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pela Faculdade de Engenharia da Universidade de Porto. Foi projetista de instalações elétricas em 2010 e bolseiro de investigação do INESC Coimbra em 2011. É docente do Curso de Especialização Tecnológica de Energias Renováveis do Instituto Politécnico de Leiria desde janeiro de 2011. António José Rodrigues Ferreira [email protected] É detentor do Curso de Especialização Tecnológica em Energias Renováveis pelo Centro de Formação para Cursos de Especialização Tecnológica do Instituto Politécnico de Leiria, obtendo o respetivo grau em 2013. É licenciado em Geografia, variante de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, obtendo o respetivo grau em 2006. É técnico superior da Câmara Municipal de Cadaval, desempenhando funções na Divisão de Serviços Urbanos, desde janeiro de 2008. Luís Miguel Porto Romão Machado [email protected] É detentor do MBA pela Universidade de Warwick, Reino Unido (com distinção, tendo-lhe sido atribuído o prémio para a elaboração da melhor dissertação), obtendo o respetivo grau em 2010. É mestre em Ciências Empresariais – Especialização em Estratégia Empresarial, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, obtendo o respetivo grau em 2006. É licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, obtendo o respetivo grau em 1995. Iniciou a sua atividade profissional como auditor da KPMG, tendo desenvolvido vários projetos em África, nomeadamente na Guiné-Bissau, Cabo Verde e Angola. Foi diretor comercial e de marketing, durante vários anos, de empresas industriais com forte exposição ao mercado internacional, para além de ter sido também diretor financeiro e administrativo de outras empresas. Foi docente na Escola Superior de Tecnologia e Gestão e na Escola Superior Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria e na Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. Atualmente, é doutorando em Gestão de Empresas na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e docente na Escola Superior Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria. 11