FONTES ALTERNATIVAS DE NUTRIENTES PARA PRODUÇÃO DE FEIJÃO EM
GUARAPUAVA/PR
Oriel Tiago Kölln (BIC-UNICENTRO) Leandro Michalovicz (ICV-UNICENTRO),
Leandro Meert, (ICV-UNICENTRO) Marcelo Marques Lopes Muller (Orientador –
Dep. de Agronomia/UNICENTRO), e-mail: [email protected]
Palavras-chave: Pó de rocha, Biofertilizantes, agricultura natural.
Resumo
Fertilizantes sintéticos podem gerar impactos no meio ambiente e representam altos
custos para a agricultura. O objetivo do estudo foi avaliar potencialidades de fontes
alternativas de nutrientes na produção de feijão. Houve efeito significativo (Tukey,
5%) das fontes de nutrientes testadas na produtividade do feijão. O uso de pó de
basalto na dose de 4.000 kg ha-1 (T3) proporcionou altura de planta e número de
vagens por planta equivalentes àqueles obtidos com NPK.
Introdução
As rochas, com a ação de fatores da natureza e o passar do tempo, se
transformam em solo, fonte de água e nutrientes para plantas e, portanto,
sustentáculo da vida animal (Vieira, 1975). Com o acúmulo temporal dos efeitos
negativos do intemperismo e/ou do uso intensivo para atividades agrícolas, como a
exportação de nutrientes, os solos podem se tornar quimicamente pobres (Oliveira,
2001; Resende, 2002). Ao longo de sua existência, o homem aprendeu a combater
esse problema, coletando e adicionando ao solo sais naturais e resíduos orgânicos
(animais e vegetais) para repor ou aumentar o estoque de nutrientes, passando,
depois, a sintetizar industrialmente os fertilizantes (Tisdale, 1993). Em meados do
séc. XX, com o advento da Revolução Verde, a agricultura sofreu um grande
processo de tecnificação, tornando-se regra o uso de fertilizantes sintéticos solúveis,
alguns com elevado poder de acidificação.
Entretanto, se o solo se formou a partir da decomposição das rochas, é certo
que a maior parte do que há nele tem origem nos minerais das rochas, incluindo os
nutrientes (Hamerschmidt, 2005). Portanto, rochas são fontes primárias de
nutrientes de que se dispõe para fertilizar ou restituir os solos, motivo pelo qual o pó
de basalto tem sido indicado para uso agrícola (Leonardos & Theodoro, 2000).
O feijão é uma importante cultura de subsistência no Brasil, e mesmo sendo
produzido preponderantemente por pequenos produtores, normalmente com menor
poder de investimento para adubos e pesticidas, ainda carece de sistemas
produtivos mais sustentáveis (MALAVOLTA, 1987). O objetivo deste estudo foi
avaliar as potencialidades do pó de basalto e alguns biofertilizantes como fonte de
nutrientes para a produção feijão em Guarapuava-Pr.
Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido em Latossolo Bruno textura argilosa (tabela 1)
no Campo Experimental do Centro Politécnico da UNICENTRO, com delineamento
em blocos ao acaso, 5 repetições e 4 tratamentos: T1 = 350 kg ha-1 04-20-20; T2 =
T1 + 2.000 kg ha-1 de pó de basalto; T3 = 4.000 kg ha-1 de pó de basalto; T4 = 1000
kg ha-1 de biofertilizante adubo da independência. Estas adubações foram feitas na
semeadura do feijão (Phaseolus vulgaris) em janeiro de 2007. Aos 28 dias após
emergência (DAE) foi feita cobertura com 40 kg ha-1 de N (uréia) nos tratamentos T1
e T2, enquanto em T3 e T4 deu-se início a 3 pulverizações foliares (250 L ha-1 a 6%)
dos biofertilizantes uréia liquida e supermagro respectivamente, com intervalos de
10-15 dias. Aos 90 DAE, avaliou-se os seguintes parâmetros: altura média de planta,
nº de vagens por planta, n° de grãos por vagem, pro dutividade e peso de mil
sementes (PMS). Os dados foram submetidos à ANOVA e teste Tukey (5%) para
comparação de médias.
Tabela 1. Composição química do Latossolo Bruno antes do início do estudo*.
prof.
P
C
pH
cm
mg dm-3
g dm-3
CaCl2
0-10
10-20
6,30
1,30
36,14
28,73
6,00
5,00
Al
H+Al
Ca
Mg
K
S
T
--------------------------------cmolc dm-3--------------------------------
0,00
0,00
4,27
7,20
6,60
3,87
4,03
3,12
0,35
0,12
10,98
7,11
15,25
14,31
V
m
-----%-----
72,0
50,0
0,00
0,00
*Métodos de extração e análise segundo (IAPAR 1992): P extraído por Mehlich I e C por Walkley-Black.
Resultados e Discussão
Houve efeito significativo dos tratamentos na produtividade do feijão (figura 1),
sendo mais elevada em T1 e T2, com NPK, do que em T3 e T4. Apesar de não
haver diferença estatística entre T3 e T4, a produtividade em T3, pouco maior,
mostra o potencial do pó de basalto como fonte de nutrientes em relação ao adubo
da independência, nas doses testadas. Os resultados para número de grãos por
vagem foram semelhantes aos de produtividade (tabela 2), mostrando a importância
deste parâmetro na definição do rendimento da cultura.
Quanto aos componentes altura de plantas e número de vagens por planta,
T1, T2 e T3 foram estatisticamente iguais, comprovando melhor desempenho de T3
em relação a T4 em prover condições de crescimento e desenvolvimento das
plantas, uma vez que T4 foi significativamente inferior a T2 (tabela 2). Já o PMS não
se apresentou distinto entre os tratamentos. O desempenho de T3, se considerada a
baixa solubilidade do pó de basalto e a adição de apenas gramas ha-1 de nutrientes
via foliar (biofertilizante uréia líquida), mostra claramente seu potencial.
Figura 1. Produtividade de feijão em função de diferentes tratamentos de adubação.
Barras com letras distintas indicam médias diferentes pelo teste Tukey a 5%.
2320,000
a
a
Produtividade (Kg ha -1)
2030,000
1740,000
b
1450,000
b
1160,000
870,000
580,000
290,000
0,000
T1
T2
T3
Tratamentos
T4
Tabela 2. Altura média de planta, número de grãos por vagem, número de vagens
por planta e peso de mil sementes (PMS) em função de diferentes tratamentos de
adubação.
Tratamentos
Altura de planta (m)
N° de grãos por vag ens
N° de vagens por planta
PMS (g)
T1
T2
T3
T4
0,56ab*
0,61a
0,46ab
0,42b
6,0a
6,2a
5,3b
5,1b
7,3a
7,8a
6,5ab
5,8b
186,5a
187,3a
179a
168,8a
* Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste tukey a 5%
Conclusões
A presença de NPK na adubação (T1 e T2) gerou maior número de grãos por
vagem e maior produtividade. O uso de pó de basalto na dose de 4.000 kg ha-1 (T3)
proporcionou altura de planta e número de vagens por planta equivalentes àqueles
obtidos com NPK, demonstrando bom potencial desta fonte alternativa de nutriente.
Agradecimentos
Agradecemos à pedreira Guarapuava Ltda., pelo fornecimento do pó de
basalto, e aos agricultores de Turvo-PR, pelos biofertilizantes.
Referências Bibliográficas
IAPAR. Instituto Agronômico do Paraná. 1992. Manual de análise química de solo e
controle de qualidade. Londrina: IAPAR. (Circular No 76). 40p
HAMERSCHMIDT; I. et al. Agroecologia: o novo enfoque da extenção rural Curitiba.
2005 (Série 107). 84p
LEONARDOS, O. H.; THEODORO, S. H. Remineralization for sustainable
agriculture: A tropical perspective from a Brazilian viewpoint.. Nutrient Cycling in
Agroecosystems, v. 56, p. 3-9, 2000
MALAVOLTA, E. Manual de calagem e adubação das principais culturas. São Paulo:
Editora Agronomica Ceres, 1987. 496p.
OLIVEIRA, J.B. Pedologia aplicada. Jaboticabal: Funep, 2001. 414p
RESENDE, M. et al. Pedologia: base para distinção de ambientes. Viçosa: NEPUT,
2002. 338p.
Tisdale, S.L.; Nelson, W. L.; Beaton, J. D.; Havlin, J.L. Soil fertility and fertilizers. 5.
ed. New York: Macmillan Publishing Company, 1993. 634p.
VIEIRA, L.S. Manual da ciência do solo. São Paulo: Editora Agronômica Ceres,
1975. 464p.
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