UTILIZAÇÃO DE PÓ BASALTO COMO SUBSTITUTO A ADUBAÇÃO QUÍMICA NO PLANTIO DE SOJA Use of basalt dust as substitute for chemical fertilization in soybean cultivation Bernardo Knapik1; Juliane Garcia Knapik2; Fabio Junior Pereira da Silva3 1 Professor do curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências, Filosofia e Letras de União da Vitória. E-mail: [email protected]. Fone: (42) 35225835. 2 Mestranda em Engenharia Florestal pela UFPR. E-mail: [email protected]. 3 Pós-graduando em Ciências Biológicas pela Faculdade de Ciências, Filosofia e Letras de União da Vitória. E-mail: [email protected]. RESUMO Com a finalidade de testar o pó de basalto como alternativa a adubação NPK, foi instalado em junho de 2004 um experimento no município de Paulo Frontin - PR. A cultura testada foi a soja, sendo esta plantada posteriormente ao cultivo de adubação verde. Os tratamentos aplicados foram: testemunha; 0,5 kg/m² de pó de basalto; 2 kg/m² de pó de basalto e NPK (2-20-20). As avaliações realizadas incluíram análises de solo, nutrientes e peso seco das sementes de soja. Os resultados evidenciam a possibilidade da utilização do pó de basalto como matéria-prima alternativa à adubação NPK, principalmente porque possibilita a elevação do pH, e disponibiliza os nutrientes de forma gradativa. PALAVRAS-CHAVE: pó de basalto, soja, adubação verde. ABSTRACT With the purpose to test basalt dust as an alternative to chemical fertilization with NPK, for soybean crop, an experiment was installed in June/2004 in the city of Paulo Frontin PR. The soybean was planted after the culture of green fertilization. The applied treatments were: control: 0,5 kg/m² of basalt dust; 2 kg/m² of basalt dust and NPK (2-20-20). Soybean seeds were harvested and analyzed for dry matter and nutritional content. A soil analysis was also done. The results showed the possibility of using basalt dust as an alternative for NPK fertilization. Compared to NPK fertilization, basalt dust has a slower release of nutrients. Moreover, higher amounts of basalt dust resulted in increased pH values. KEY WORDS: basalt dust, soy, green fertilization. INTRODUÇAO Os basaltos são considerados rochas básicas, tidas como um importante material de origem de solos, contribuindo para sua fertilidade em função do predomínio de minerais facilmente intemperizáveis e ricos em cátions, destacando-se os feldspatos cálcio-sódicos e piroxênios (Resende et al., 2002). Para a agricultura, portanto, o basalto é uma rocha importantíssima, pois o produto de sua decomposição é uma argila de coloração avermelhada que origina solos férteis. Porém muitos anos são necessários para a natureza fragmentar as pedras, para então, em contato com a água, ácidos, calor e microrganismos, ocorrer a mineralização, com disponibilização dos minerais para as plantas. Para acelerar esse processo, o presente trabalho utilizou um moinho de bolas para tornar o basalto na forma de pó. O objetivo deste experimento foi acompanhar o crescimento da cultura da soja e avaliar análises de solo, quando submetidos a tratamentos com pó de basalto e adubação NPK. MATERIAL E MÉTODOS A presente pesquisa foi realizada no município de Paulo Frontin, o qual localiza-se a 40 km do município de União da Vitória – PR, na propriedade do Sr. Leandro Konkel. Uma área de 200 m² foi gradeada em junho de 2004 e dividida em quatro partes,, nas quais foram aplicados os seguintes tratamentos: testemunha; 0,5 kg de pó de basalto por m²; 2 kg de pó de basalto por m²; e NPK na concentração de 2-20-20. O pó de basalto foi oriundo da Pedreira Ivo Kerber, localizada no município de Porto União – SC, o qual passou por processo de moagem em moinho de bolas. Para o NPK utilizou-se a formulação (2-20-20), na quantidade de 200 kg/há, o que corresponde a 0,02 kg/m². Após a distribuição dos tratamentos na área, esta foi gradeada e em seguida semeado ervilhaca e aveia, visando formar uma adubação verde. A mesma foi incorporada ao solo em novembro de 2004, para então ser plantado soja em linhas. A colheita da soja e a coleta dos dados para avaliação foram realizadas em maio de 2005. Nesta ocasião, foram coletadas amostras de solo dos quatro locais de aplicação dos tratamentos, e enviadas ao Laboratório Físico Químico e Biológico de Florianópolis para análise, juntamente com uma amostra de solo coletada anteriormente a aplicação dos tratamentos. Também amostras de sementes de soja de cada tratamento foram enviadas para o IAC Instituto Agronômico de Campinas, para análises de macro e micronutrientes. O peso das sementes foi calculado utilizando-se três repetições com 100 sementes cada, retiradas aleatoriamente do montante total de sementes de soja colhidas em cada tratamento. Essas amostras foram secas em estufa a 50°C por 72 horas. RESULTADOS E DISCUSSÁO Os resultados encontrados na Tabela 1 foram interpretados conforme recomendações de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, SBCS – Núcleo Regional Sul / EMBRAPA-CNPT, 2004. Observa-se que o solo, antes do cultivo da adubação verde e da soja, apresentou pH considerado adequado, bem como maiores quantidades de fósforo, potássio, sódio, cálcio e magnésio. Com a aplicação dos tratamentos e após a colheita da soja o pH manteve-se médio na testemunha e nos tratamentos onde foram adicionados pó de basalto, sendo que o mais alto pH foi encontrado onde se aplicou a maior quantidade de pó de basalto, ou seja 2 kg/m². No tratamento com NPK, no entanto, o pH baixou para 4,9, valor esse, considerado muito baixo. Para os valores de fósforo e potássio verificou-se que após a colheita da soja, nos tratamentos onde foram aplicados pó de basalto, os valores passaram de alto para médio. Já na testemunha e no tratamento com NPK foram apenas encontrados valores considerados baixos. Isto indica que o pó de basalto possibilita a manutenção da fertilidade do solo, com esses elementos, por um período de tempo mais longo do que quando aplicada adubação NPK. No Gráfico 1 são apresentados os dados referente a média do peso de 100 sementes em cada tratamento. Verifica-se que os maiores valores foram obtidos quando aplicado 2 kg/m² de pó de basalto. Na testemunha também se observou valor alto de peso de 100 sementes. No entanto, supõe-se que neste tratamento, devido a declividade do terreno e este se localizar na parte mais baixa, tenha recebido pó de basalto por lixiviação dos tratamentos onde esse foi aplicado. O tratamento com NPK obteve os menores pesos de 100 sementes. Esse tratamento pode ter sido prejudicado pela estiagem verificada nos primeiros meses deste ano. Na Tabela 2 constam os resultados da análise de nutrientes nas sementes de soja. Nos tratamentos com pó de basalto, apenas verificou-se maior quantidade do elemento fósforo em comparação aos demais tratamentos. Um fator que pode ter afetado a menor absorção dos demais nutrientes nos tratamentos com pó de basalto, é o fato das sementes ainda estarem verdes em algumas partes nesses tratamentos na ocasião da colheita. CONCLUSÕES Pelo presente experimento foi possível colher evidências que a utilização do pó de basalto pode ser uma alternativa viável a adubação NPK na cultura da soja, porém novas pesquisas deverão ser realizadas. LITERATURA CITADA RESENDE, M. et al. Pedologia: base para distinção de ambientes. Viçosa, 2002. 338 p. TABELA 1 – ANÁLISE DO SOLO COLETADO ANTES E APÓS O CULTIVO DA SOJA TRATAMENTOS Testemunha 0,5 kg/m² de pó de basalto 2 kg/m² de pó de basalto NPK (2-20-20) pH pH CaCl2 5,6 5,4 5,7 5,7 5,9 4,9 5,3 5,3 5,5 4,4 P K Na Ca Mg Al H + Al S ppm cmolc/l Solo coletado antes da aplicação dos tratamentos 18,0 754,0 11,0 7,5 5,6 0,0 6,2 15,1 Solo coletado após a colheita da soja 5,9 546,0 7,0 7,0 5,2 0,0 6,9 13,6 9,8 561,0 10,0 6,9 5,0 0,0 6,2 13,4 8,4 560,0 10,0 6,5 4,8 0,0 6,9 12,8 5,0 447,0 4,0 3,6 3,0 1,8 19,4 7,8 CTC 21,23 71,0 20,5 19,5 19,7 27,2 GRÁFICO 1 – PESO DE 100 SEMENTES DE SOJA POR TRATAMENTO 18,5 Peso (g) 18 17,5 17 16,5 16 15,5 Testemunha 0,5 kg/m² pó de basalto 2 kg/m² pó de basalto NPK TABELA 2 – ANÁLISE DOS NUTRIENTES NAS SEMENTES DE SOJA TRATAMENTOS Testemunha 0,5 kg/m² de pó de basalto 2 kg/m² de pó de basalto NPK (2-20-20) N P 65,1 52,7 65,5 66,8 4,7 5,0 5,2 4,7 K g/kg 17,5 16,5 17,5 17,5 Ca Mg B 1,6 1,6 1,6 1,3 2,4 2,3 2,4 2,3 42,5 40,4 38,2 39,0 Cu Fe Mn mg/kg 11,1 90,0 29,0 13,6 72,0 24,0 14,0 65,0 26,0 15,4 68,0 32,0 V % Zn 38,4 37,3 37,9 40,3 66,4 68,5 64,9 28,6