Adam Smith e o
Crescimento Econômico
Prof. Giácomo Balbinotto Neto
Notas de Aula
Adam Smith
1723-1790
Bibliografia Recomendada
Adam Smith (1776) – A Riqueza das Nações
Irma Adelman (1972) – Teorias do Desenvolvimento
Econômico [cap. 3]
Thorvaldur Gylfason (1999) – Principles of Economic
Growth [cap.2]
3
Os economistas clássicos e
o crescimento econômico
Economic growth was at the hearth of classical
economics.
Gylfason (1999, p.18)
Smith was a growth theorist, more than he has
commonly been given credit for until quite recently. His
main mensage in the Wealth of Nations was, in short,
that division of labor enchances efficiency (that is, the
amount of output that is produced by given inputs) but is
limited by extend of the market.
Gylfason (1999, p.2)
4
O principal problema na obra
de Adam Smith (1776)
E. Helpman, “The mystery of economic growth”, p. 1
What makes some countries rich and other poor? Economists
have asked this question since the days of Adam Smith. Yet
after more than two hundred years, the mystery of economic
growth has not been solved.
5
Os economistas clássicos e
o crescimento econômico
Segundo Jacob Viner (1926, p.116-117) a principal
contribuição de Adam Smith constituía-se em ter mostrado
que as forças subjacentes da economia levavam a um
resultado harmonioso em termos econômicos e sociais.
Isto possibilitou, pela primeira vez, a existência de uma
síntese consistente das relações econômicas. Contudo, ele
salientou que tal ordem requeria para o seu
funcionamento um sistema na qual houvesse
necessariamente liberdade e a não intervenção
governamental por meio de regulamentações públicas e
monopólios privados sancionados e protegidos pelo
Estado.
6
O principal problema na obra
de Adam Smith (1776)
O problema principal de que se ocupou Smith (1776)
está claro no título de seu livro – Investigação sobre a
Natureza e a causa da Riqueza das Nações.
Sua preocupação principal foi com a questão dinâmica
do crescimento e desenvolvimento, buscando determinar
os fatores responsáveis pelo progresso econômico e as
medidas de política a serem tomadas para criar um
ambiente propício ao rápido crescimento econômico.
7
Os principais elementos do modelo de
crescimento econômico de Smith (1776)
Os principais elementos de seu modelo de crescimento
econômico foram:
(i) investigação da acumulação do capital;
(ii) crescimento populacional e,
(iii) produtividade da mão-de-obra.
8
A Função de Produção
Smith (1776) reconheceu a existência de três
fatores de produção:
(i) trabalho;
(ii) capital (estoque);
(iii) terra.
9
A Função de Produção
Sua função de produção pode ser expressa na seguinte forma:
Y = f (K, L, N)
(1)
Sua função de produção não está sujeita á restrição da produtividade
marginal decrescente, na medida em que ele parece não ter feito este
postulado. Está, no entanto, sujeita a rendimentos crescentes de escala,
pois ele considerava que o custo real da produção tende a decrescer com
o tempo em conseqüência da existência de economias internas e externas
decorrentes de aumentos no tamanho do mercado. As economias de
escala se realizarão na produção e na distribuição devido à intensificação
da divisão do trabalho e a melhorias gerais na maquinaria.
O processo de desenvolvimento, uma vez desencadeado, tenderá a se
autoreforçar.
10
A Função de Produção
Adam Smith (1776) introduziu também uma
suposição explicita com respeito aos
determinantes da produtividade do trabalho e
da terra, atribuindo as variações internacionais e
intertemporais na produtividade a diferenças no
grau de divisão do trabalho.
11
A Função de Produção
Esse grande aumento da quantidade de trabalho que o mesmo
número de pessoas é capaz de realizar e, em conseqüência, da
divisão de trabalho, deve-se a três circunstâncias diferentes:
primeiro, ao aumento da destreza de cada trabalhador em
particular; segundo, à economia do tempo geralmente perdido
quando se passa de um tipo de trabalho a outro; e por último, à
invenção de grande número de máquinas que facilita, e abreviam o
trabalho, permitindo que um homem faça o trabalho de muitos.
Adam Smith (1776)
12
A Função de Produção
O grau de divisão do trabalho que pode ocorrer num
ponto do tempo depende do tamanho do mercado. Em
conseqüência, a utilidade econômica da divisão do
trabalho é limitada pela extensão do mercado, apesar de
ser tecnicamente viável. E o tamanho do mercado é, por
outro lado, função do montante de capital existente e
das restrições institucionais impostas ao comércio.
13
A Função de Produção
Quando o mercado é muito pequeno, ninguém se anima
a dedicar-se inteiramente a uma ocupação, por falta de
capacidade para trocar todo o excedente produzido pelo
seu trabalho, bem maior que seu próprio consumo, pela
parte que necessita dos resultados do trabalho de outro
homem.
Adam Smith (1776)
14
A Função de Produção
Smith (1776) assume que a acumulação de capital deve,
anteceder a divisão do trabalho e, portanto, o trabalho
somente pode se subdividir cada vez mais na medida
em que o estoque for sendo cada vez mais acumulado.
Um maior grau de divisão do trabalho só pode ser
atingido se a mesma força de trabalho contar com mais
ferramentas e máquinas para realizar a produção. O
capital precisa, pois, aumentar, antes que ocorra uma
maior especialização.
15
A Função de Produção
A regulamentação do comércio interno e externo
também influencia o tamanho do mercado e a
produtividade do trabalho.
Qualquer restrição ao comércio internacional livre
limitará necessariamente o tamanho do mercado e, ao
impedir a especialização internacional do trabalho,
também fará a produtividade doméstica diminuir.
16
A Função de Produção
Tendo em vista os argumentos acima, podemos adicionar
mais duas restrições as especificações da função de
produção do modelo de Smith (1776):
/L = g(K, U)
/N = h(K, U)
(2)
(3)
Estas restrições significam que a produtividade marginal do
trabalho e da terra estão relacionadas funcionalmente às
quantidades empregadas de capital e ao marco
institucional da economia.
17
A Função de Produção
Smith (1776) supôs que existisse um fluxo
automático de inovações que permitisse à divisão
do trabalho adaptar-se ao tamanho do estoque de
capital.
As mudanças na produtividade não são, pois, nunca
impedidas por falta de conhecimento tecnológico
apropriado. Pelo contrário, as melhorias
tecnológicas só podem ser introduzidas na medida
em que existir suficiente capital disponível.
18
A Função de Produção
A pessoa que emprega seu estoque de capital
proporcionando trabalho deseja, pois, dividir as tarefas
entre seus trabalhadores da maneira mais adequada e
prove-los das melhores máquinas, que ela pode
inventar ou adquirir. Sua capacidade nessas questões é
geralmente proporcional à magnitude de seu capital ou
número de pessoas que este pode empregar.
Adam Smith (1776)
19
A taxa de crescimento do produto
A taxa de crescimento econômico pode ser
obtida derivando-se com relação ao tempo, que
resulta em:
dY/dt = /L (dL/dt) + /K (dK/dt)+ /N (dN/dt) (4)
20
A taxa de crescimento do produto
Substituindo as restrições (2) e (3) em (4) obtemos (5):
dY/dt = g(K, U) (dL/dt) + /K (dK/dt)+ h (K, U) (dN/dt)
(5)
21
As Mudanças Institucionais [dU/dt]
Smith (1776) considerava que (dU/dt) era determinado
exogenamente, isto é, achava que seu percurso no
tempo poderia ser arbitrariamente fixado, sem relação
com outras variáveis do sistema.
A variável institucional em Smith (1776) é importante
em termos de política econômica. Assim, podemos
supor que:
U = U (t)
(6)
22
Fatores de Produção: Terra
No que diz respeito à terra, Smith (1776), nunca
afirmou explicitamente que sua oferta fosse limitada.
Contudo, ele admitiu esta hipóteses ao escrever: a
renda da terra, considerada como o preço pago pelo
uso da terra é, naturalmente, um preço de monopólio.
Poderíamos, assim, interpretar Smith (1976)
considerando fixa a quantidade de terra, isto é:
dN/dt = 0
(7)
23
A Equação de Crescimento
Utilizando as equações (7) e (3) para
simplificar a equação (5), obtemos (8):
dY/dt = /K (dK/dt)+ g [(K, U (t)] (dL/dt)
(8)
24
Fatores de Produção: Mão-de-Obra
De acordo com Smith (1776), o crescimento
populacional a longo prazo é regulado pelos
fundos existentes para o sustento humano.
Consequentemente, a taxa de salários
desempenha um papel essencial na
determinação do tamanho da população.
25
Fatores de Produção: Mão-de-Obra
Salários altos encorajam os casamentos jovens e as taxas de
natalidade tendem a subir. Além disso, altos salários permitem que
o número de crianças que chegam a idade adulta seja maior.
O declínio resultante da mortalidade infantil, somado ao aumento
das taxas de natalidade acarreta uma taxa de crescimento
populacional mais rápida.
Por outro lado, quando as taxas de salário são baixas ocorre o
contrário, uma alta taxa de mortalidade, adiamento do casamento
e há uma redução do ritmo populacional.
26
Fatores de Produção: Mão-de-Obra
A taxa de salário limite [ws] é aquela que não é nem
muito baixa e nem muito alta para ocasionar um
aumento numérico nem suficientemente baixa para
causar um decréscimo populacional.
Smith (1776) denominou de taxa de subsistência a taxa
de salário que mantém a população constante.
27
Fatores de Produção: Mão-de-Obra
A teoria da população de Smith (1776) pode ser
resumida na afirmação de que a taxa de
crescimento populacional [e da oferta de mãode-obra – [(dLs/dt)] varia em proporção à
diferença entre a taxa real de salário e a taxa de
subsistência [ws].
28
Fatores de Produção: Mão-de-Obra
Formalmente a teoria da população de Smith (1776) pode ser
resumida na seguinte expressão matemática:
dLs/dt = q (w - ws)
(9)
onde q’ > 0.
Em média, a oferta de mão-de-obra é proporcional à demanda de
mão-de-obra. Isto implica que, no longo prazo:
dLs/dt = dLd/dt
(10)
29
A Demanda por Mão-de-Obra
A demanda de assalariados só pode crescer,
evidentemente, proporcionalmente ao aumento de
fundos designados ao pagamento de salários. Há dois
tipos desses fundos: primeiro, o rendimento que está
muito acima do necessário à subsistência; e segundo, o
capital que supera o necessário à ocupação de seus
donos.
Adam Smith (1776)
30
A Demanda por Mão-de-Obra
A demanda de assalariados cresce, portanto,
necessariamente, à medida em que a renda e o capital
de um país crescem, e não pode crescer de outra
forma. O aumento na renda e do capital é o aumento
da riqueza nacional. A demanda de mão-de-obra
assalariada, portanto, aumenta naturalmente com o
crescimento da renda nacional, e não pode crescer sem
este.
Adam Smith (1776)
31
Fatores de Produção: Mão-de-Obra
dLd/dt = a(dK/dt) + b(dY/dt)
(11)
Onde: a > 0 e b > 0.
32
Fatores de Produção: Mão-de-Obra
Juntando (9), (10) e (11), podemos resumir a
teoria do mercado de trabalho de Smith (1776)
nas duas seguintes proposições:
dLd/dt = a(dK/dt) + b (dY/dt)
(w-ws) = (a/q)(dK/dt) + (b/q)(dY/dt)
(12)
(13)
33
Fatores de Produção: Mão-de-Obra
A equação (12) mostra que o crescimento da força de
trabalho está relacionado com o crescimento da renda
[(dY/dt)] e do capital [(dK/dt)].
A equação (13) nos diz que existem altas taxas de
salários em economias em crescimento e baixas taxas
de salário em economias em declínio.
34
Rumo à equação de crescimento
econômico de Smith (1776)
Substituindo a equação (12) na equação (8) obtemos a
equação (14):
dY/dt = /K(dk/dt) + g[K, U(t)] [a(dK/dt) + b (dY/dt)]
(14)
Agora isolando dY/dt, obtemos (15):
dY/dt = dK/dt {[/K(dk/dt) + ag[K, U(t)]/ 1- bg [K, U(t)]}
(15)
35
Rumo a equação de crescimento
econômico de Smith (1776)
Assim, na análise de Smith (1776), a taxa de expansão do produto
acompanha a taxa de investimento. A produção só se expande
quando o investimento é positivo.
O tamanho do estoque de capital também determina a magnitude
do fator de proporcionalidade entre (dY/dt) e (dK/dt). Quanto
maior for K, maior o numerador de (15) e menor seu denominador.
Portanto, numa economia em crescimento (o que implica que K
está crescendo) um acréscimo determinado no capital leva a um
aumento ainda maior no nível de produção à medida em que o
tempo passa.
36
Rumo a equação de crescimento
econômico de Smith (1776)
Um estoque de capital maior acarreta uma maior divisão
do trabalho, que por sua vez aumenta a produtividade
do trabalho. Em conseqüência, a relação marginal
capital-produto cai.
O desenvolvimento será cumulativo, assim, enquanto a
acumulação de capital mantiver a sua taxa, a menos que
se verifiquem transformações adversas em U(t) (isto
implica que, forças políticas e sócio culturais podem
servir para reforçar o efeito promotor do crescimento do
investimento).
37
A Acumulação de Capital
Para Smith (1776), o desejo de poupar e investir na busca de lucros
é normal – “pois todo indivíduo está sempre se esforçando para
encontrar o emprego mais vantajoso para o capital de que pode
dispor”. Assim, temos que, a acumulação de capital prosseguirá
enquanto o investimento der lucros maiores que a recompensa do
risco, portanto:
dK/dt = k (r – rm, Y)
(16)
k/Y > 0
r – taxa de lucro no período t;
rm – taxa de lucro.
38
A queda da taxa de lucro durante o
processo de crescimento econômico
Durante o processo de desenvolvimento econômico, a taxa de
lucro cairá à medida em que o estoque de capital da economia
cresce.
O argumento de Smith (1776) baseia-se no processo de
competição capitalista. Em conseqüência do crescimento do
estoque de capital, a taxa de salário crescerá enquanto os
empresários concorrem entre si pela força de trabalho escassa.
As oportunidades de investimento mais rentáveis também
tendem a ser aproveitadas primeiro. Portanto, um estoque de
capital maior somente poderá ser aproveitado e empregado a
uma taxa (marginal) de lucro menor.
39
O marco institucional e a sua
influência na taxa de lucro
O marco institucional é outra influência
importante sobre a taxa de lucro – o grau de
regulamentação do comércio, o grau de
monopólio e competição e o controle do
comércio internacional.
40
O Marco Institucional
All systems either of preference or of restraint, therefore, being
thus completely taken away, the obvious and simple system of
natural liberty establishes itself of its own accord. Every man, as
long as he does not violate the laws of justice, is left perfectly free
to pursue his own interest his own way, and to bring both his
industry and capital into competition with those of any other man,
or order of men. The sovereign is completely discharged from a
duty, in the attempting to perform which he must always be
exposed to innumerable delusions, and for the proper performance
of which no human wisdom or knowledge could ever be sufficient;
the duty of superintending the industry of private people, and of
directing it towards the employments most suitable to the interest
of the society.
Wealth of Nations Book IV Chapter ix
41
O marco institucional e a sua
influência na taxa de lucro
A taxa mínima de lucro [rs] é aquela que
recompensa o fator de risco da atividade
econômica empreendida.
O montante de risco é também influenciado pela
estrutura institucional, principalmente no que diz
respeito a segurança da propriedade e da
legalidade das operações de empréstimo.
42
A Taxa de Lucro
Assim, a teoria de lucro de Smith pode ser formalizada
pela equação (17):
r-rs = m [K, U(t)]
(17)
onde: m/K <0.
43
O Estado Estacionário
O estado estacionário da economia é atingido quando o
máximo de capital que é capaz de empregar
lucrativamente estiver ricamente provido de fundos, em
proporção às suas possíveis aplicações, e a taxa de juros
cairá até rs.
Nesta situação, os investimentos adicionais não poderão
mais obter lucros além do risco e a acumulação de
capital cessará, permanecendo a população constante e
a economia terá atingido o estado estacionário.
44
O Estado Estacionário
O estado estacionário implica numa situação
em que o produto per capita estaciona – os
salários ficam num nível de subsistência, os
lucros caem ao nível mínimo compatível com a
recompensa pelo risco, não há investimento
líquido, a população permanece constante e a
renda total não se modifica.
45
A Acumulação de Capital
Substituindo (16) por (17) obtemos (18), que nos
mostra o processo de acumulação de capital ao longo do
tempo:
dK/dt = k{m[K, U(t)], Y}
(18)
46
O crescimento econômico
em Adam Smith (1776)
A taxa de formação de capital depende essencialmente
da relação entre a taxa de lucro líquido do mercado [r]
e a taxa mínima para compensar o risco de assumir o
investimento[rm]. Mas ambas variáveis dependem do
marco institucional subjacente: a liberdade no comércio
internacional, a regulamentação da concorrência, a
segurança da vida e da propriedade e das instituições
políticas.
47
O crescimento econômico
em Adam Smith (1776)
Uma legislação adversa pode evitar
toda a formação de capital.
Contudo, um ambiente político e
legislativo favorável pode, por outro
lado, contribuir de maneira significativa
para o aumento do fluxo de
investimento.
48
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
O processo dinâmico da economia depende das
condições iniciais e dos parâmetros estruturais do
modelo de crescimento econômico, mas também da
transformação histórica que é determinada
exogenamente do ambiente institucional [U(t)].
Como Smith (1776) considerou as condições iniciais e as
propensões comportamentais como dadas no problema,
ele defendeu a tese de que a razão do crescimento ou
da estagnação seria encontrada na natureza do marco
institucional da economia.
49
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
A China parece estar estagnada há muito tempo, e já
conseguiu há muito tempo atrás, provavelmente, todo o
acumulo de riquezas compatível com a natureza de suas
leis e instituições. Mas este acúmulo pode ser muito
inferior ao que seria admissível pela natureza de seu
solo, clima e situação, se tivesse outras leis e
instituições.
50
O determinante fundamental do
crescimento econômico em Smith (1776)
Para Smith (1776), o determinante econômico
fundamental do crescimento econômico é a taxa de
formação de capital.
Como podemos ver na equação (15), a taxa de
crescimento econômico é proporcional à sua taxa de
investimento.
dY/dt = dK/dt {[/K(dk/dt) + ag[K, U(t)]/ 1- bg [K, U(t)]}
(15)
51
O determinante fundamental do
crescimento econômico em Smith (1776)
A produção anual da terra e do trabalho de uma nação só pode aumentar
seu valor aumentando o número de seus trabalhadores produtivos ou as
capacitações produtivas dos trabalhadores já empregados. O número de
trabalhadores produtivos só pode, evidentemente, aumentar se o capital ou
os fundos destinados a mantê-los aumentar. As capacidades produtivas dos
trabalhadores existentes só pode crescer em conseqüência de algum
acréscimo e melhoramento nas máquinas e instrumentos que facilitem e
abreviem seu trabalho; ou de uma divisão e distribuição do emprego
adequadas. Em qualquer desses casos é sempre necessário algum capital
adicional ... Quando comparamos, pois, a situação de uma nação em dois
períodos diferentes e descobrimos que a produção anual de sua terra e
trabalho é bem maior no período posterior, que suas terras estão melhor
cultivadas, há mais indústrias, podemos estar certos de que seu capital deve
ter aumentado no intervalo entre essas duas épocas.
52
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
Segundo Aldeman (1972, p.40), a resposta de
Smith (1776) ao problema do desenvolvimento
econômico são as instituições:
-
empresas privada;
livre comércio;
segurança jurídica
propriedade privada.
53
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
Smith (1776) atacou o
mercatilismo.


Subsídios e monopólios
governanmentais;
Tais práticas geravam ineficiências
estáticas e dinâmicas.
Smith (1776) propunha:



Competição
Mercados livres para prover incentivos
Especialização e divisão do trabalho.
54
Implicações das Proposições
de Smith (1776)
James Madison argumentou que o objetivo
de uma constituição seria o de prevenir os
grupos de intersse (facções) de controlar o
sistema político.
A idéia de Madison foi a de tornar caro a
distribuição dos recursos dos ricos para
pobres ou vice-versa. Em outras palavras,
ele buscava limitar as atividades de rent-
seeking.
Federalist Paper, n. 10
55
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
Segundo Nathan Rosemberg (1960, p.560):
Smith is, in effect, searching for the appropriate definition of an institutional order which will
eliminate zero-sum (or even negative-sum) [tal como as atividades de “rent-seeking"]
games. It is the function of institutional arrangements to cut off all avenues (and they are many)
along which wealth may be pursued without contributing to the welfare of society. Such a goal in
practice requires a careful balancing of incentives of provision of opportunity to enlarge one's
income, against the need to minimize the opportunities for abuse, i.e., possibilities for increasing
one's income in an antisocial fashion.
For, as Smith clearly recognizes, the pursuit of one’s economic self-interest is not necessarily
confined to the economic arena. When it spills over into political arena, it leads to actions which
detract from, rather than add to, the economic welfare of society. By contrast, the competitive
order with Smith advocated was an institutional arrangement which was characterized, negatively ,
by the absence of all special privilege and all sources of market influence and, positively, by the
all-pervasive and inhibited pressures of market place. The price system , as Smith saw it as an
intensely coercive mechanism. Its decisive superiority as a way of organizing economic life lay in
the fact that, when it was surrounded by the appropriate institutions, it tied the dynamic and
powerful motive force of self-interest to the general welfare. Its free operation would, in most
cases, leave the individual producers no alternative but to pursue his economic interests in a
manner conductive to national welfare.
56
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
A mesma opinião têm Blaug (1985, p.96) quando afirma:
Adam Smith no se conformó en sostener que una economía de mercado libre
asegura el mejor de los mundos posibles. Estaba muy preocupado por la
especificación de la estructura institucional exacta que garantizaría la operación
benéfica de las fuerzas del mercado. Sus referencias clínicas a los intereses de
clase y las armas de la “ideología” - la “falsa conciencia” - que esgrimen las
diversas clases sociales en la lucha por la supremacía económica y política
demuestran su conocimiento de que el egoísmo puede promover o impedir com
la misma probabilidad el bienestar público; el mecanismo del mercado sólo
promovería la armonía si estaba rodeado de un marco legal e institucional
apropiado. Hasta hace poco tiempo, los economistas daban por sentado todo
esto, pero ahora que el crecimiento del sector público há planteado de nuevo
tales problemas - y de aquí el gran interés por los análisis de costo/beneficio de
la defensa, el transporte, la salud y la educación -, la riqueza da las naciones
debería recordarnos que los beneficios de la competencia exigen algo mas que el
laissez faire. Fue por algo que Adam Smith habló de la economía política.
57
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
Outro autor que também compartilha deste visão é Hetzel (1977, p.5)
quando salienta que :
The principal theme set fourth in the Wealth of Nations is that a
country most effectively promotes its own wealth by providing a
framework of laws that leaves individuals free to pursue the interest
they have in their own economic betterment. This self-interest
motivates individuals “propensity to truck, barter, and exchange one
thing for another” and thereby leads them to meet the needs of
others through voluntary cooperation in the market place ....
58
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
Nas seguintes passagem [cf. Smith (1776, p.250 e p.316)] isto fica muito claro em
nosso entender:
Em todos os países onde houver uma segurança razoável, toda pessoa de bom senso procurará
empregar todo o capital sob seu controle para desfruta-lo atualmente ou para auferir dele um
lucro futuro. Se for empregado para a satisfação imediata, temos um capital reservado para o
consumo imediato. Se o empregar em função de um lucro futuro, este capital deverá proporcionar
o referido lucro permanecendo com o dono ou procurando outras mãos. No primeiro caso será um
capital fixo no segundo circulante. Num país onde houver tolerável segurança, insensata seria a
pessoa que não empregasse todo o capital sob seu controle - quer se trate de capital de sua
propriedade ou do capital emprestado de terceiros - de uma das três formas assinaladas.
O comércio e as manufaturas raramente podem florescer por muito tempo em um país que não
tenha uma administração de justiça normal, no qual as pessoas não se sintam seguras na posse
de suas propriedades, no qual a finalidade nos contratos não seja garantida por lei e no qual não
se possa supor que a autoridade do Estado seja regularmente empregada para urgir o pagamento
das dívidas por parte de todos aqueles que tem condições de pagar. Em suma, o comércio e as
manufaturas raramente podem florescer em qualquer país em que não haja um certo grau de
confiança na justiça do governo.
59
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
Segundo Smith (1776, p. 378):
Não há regulamento comercial que possa aumentar a
quantidade de mão-de-obra em qualquer sociedade
além daquilo que o capital tem condições de manter.
Poderá apenas desviar parte deste capital para uma
direção para a qual, de outra forma, não teria sido
canalizado; outrossim, de maneira alguma há certeza de
que essa direção artificial possa trazer mais vantagens à
sociedade do que aquela que tomaria caso as coisas
caminhassem espontaneamente.
60
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
Para Smith (1776) a principal causa do crescimento
econômico é a especialização e a divisão do trabalho.
Contudo, é necessário que o mercado seja o mais
abrangente possível e que os recursos possam fluir para
onde tiverem o maior retorno.
Para que o mercado se expanda, deve haver liberdade
de trocas e de contrato, bem como um sistema legal que
proteja os direitos de propriedade e faça cumprir os
contratos firmados. Outros requisitos seriam a ausência
de barreiras artificiais a entrada e um sistema monetário
estável.
61
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
Segundo Rosemberg (1960, p.560), este insigth, que procura relacionar os aspectos
institucionais, ou em outras palavras, “as regras do jogo” com o crescimento
econômico e o aumento do bem-estar é fundamental para o correto entendimento
da obra de Smith (1776), pois:
A central, unifying theme in Smith´s Wealth of Nations, ..., is his critique of human
institutions on the basis of whether or not they are so contrived as to frustrate
man's baser impulse (“natural insolence”) and antisocial proclivities and to make
possible the pursuit of self interest only in socially beneficial fashion. Indeed, it will
become apparent ... that Smith's basic argument applies to the whole spectrum of
social contrivances and is not restricted to economic affairs. The question is, in each
case, whether institutions do, or do not, harness man's selfish interest to the general
welfare. This is, of course, the basis of Smith's critique of mercantilism.
62
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
The central focus is on the problem of human
cooperation – specificaly the cooperation that permits
economies to capture the gains from trade that were the
key to Adam Smith’s wealth of nations. The evolution of
institutions that create an hospidable enviroment for
cooperative solutions to complex exchange provides for
economic growth.
Douglass North (1990, p. vii)
63
O papel das instituições em
Adam Smith (1776)
[Rosemberg (1960, p.560)]
The violence of Smith's polemic against mercantilism lay in the fact that it enabled
merchants to better their condition in a manner which did not contribute to the nation's
economic welfare. As a result of the dispensation of monopoly grants, of the arbitrary
bestowal of “extraordinary privileges” and “extraordinary restrains” upon different
sectors of industry by the government, the individual merchant was able to enrich
himself without at the same time enrich the nation. For, as Smith clearly recognizes, the
pursuit of one's economic self-interest is not necessarily confined to the economic
arena. When it spills over into political arena, it leads to actions which detract from,
rather than add to the economic welfare of society. By contrast, the competitive order
which Smith advocated was characterized, negatively, by the absence of all special
privilege and sources of market influence and, positively, by the all-pervasive and
uninhibited pressures of the market place. The price system, as Smith saw it, was an
intensely coersitive mechanism. Its decisive superiority as a way of organizing economic
live in the fact that, when it was surrounded by the appropriate institutions, it tied the
dynamic and powerful motive force of self-interest to the general welfare. Its free
operation would , in most cases, leave the individual producer no alternative but to
pursue his economic interests in a manner conductive to the national welfare.”
64
Resumo dos Argumentos de Adam Smith (1776)
[cf. Ekelund & Hebert (1992)]
Aumento da
Produtividade
Grande Produto
Altos Salários
Divisão do Trabalho
Aumento da Acumulação
de Capital
Grande riqueza
de uma nação
Aumento da Renda
per capita
Altos Níveis de
Consumo
65
Adam Smith propos uma teoria de crescimento
e desenvolvimento econômico que ainda hoje
tem influência.
Economies will grow
if they have the right
kind of government.
66
“It is not from the benevolence of the
butcher, or the baker, that we expect our
dinner, but from their regard to their own
interest. We address ourselves, not to their
humanity but to their self-love, and never talk
to them of our necessities but of their
advantages.”
67
An individual who intends his own gain is “led by
an invisible hand to promote an end which was
no part of his intention. Nor is it always worse for
the society that it was no part of it. By pursuing
his own interest he frequently promotes that of
the society more effectually than when he really
intends to promote it. I have never known much
good done by those who effect to trade for the
public good” .
68
Confira a passagem de Milton Friedman
no livro Capitalism and Freedom:
69
Sites Sugeridos
http://cepa.newschool.edu/het/profiles/smith.htm
http://oll.libertyfund.org/ToC/0141-01.php
http://www.econlib.org/library/Smith/smMS.html
http://meubrfree.com.br/~hugocerqueira/hpe/economistas/adam_s
mith.html
http://www.adamsmith.org/smith/bibliography.htm
70
FIM
Prof. Giácomo Balbinotto Neto
Teoria Macroeconômica II
Notas de Aula
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Adam Smith e o Crescimento Econômico