4CIDADES SÁBADO, 7 DE MARÇO DE 2015 A GAZETA REPORTAGEM ESPECIAL MOBILIDADE SEIS BOAS IDEIAS PARA MELHORAR VITÓRIA Arquitetos apontam soluções que já funcionam fora do Brasil EDSON CHAGAS Transporte pelo mar O arquiteto Anderson Fioreti acredita que o aquaviário, como o da Holanda, não é implantado na Capital por falta de empenho político. Para ele, o meio de transporte é mais ágil que os coletivos. “Aquaviário seria uma boa saída para os problemas de mobilidade da Capital. É um modal de massa, ágil e sustentável” — ANDERSON FIORETI Conselho de Arquitetura e Urbanismo do ES ALEXANDRE LEMOS [email protected] A revisão do Plano Diretor Urbano (PDU) de Vitória trará a oportunidade de discutirmos a utilização dos espaços públicos da cidade. Momento propício de abrir mão de velhos conceitos e buscarsoluçõesparaproblemas de mobilidade e idealizar projetos sustentáveis. Com a ajuda de especialistas da área de Urbanismo, a reportagem de A GAZETA fez um levantamento de seis boas ideias espalhadas pelo mundo que podem ser implementadas na Capital sem investimentos grandiosos. Do ponto de vista conceitual, André Abe, arquiteto e professor da Ufes, destaca a importânciadesefazerdiagnósticos que permitiram entender as novas dinâmicas e necessidades da cidade. “Muitas cidades estão no processo de se tornarem inviáveis,éprecisorepensaros espaços,apartirdecadarealidade”, disse. “Projetos que incentivem as pessoas a utilizarem a rua a pé são sempre aconselháveis ”, afirma. O arquiteto e urbanista Anderson Fioreti de Menezes, conselheiro Federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU/ES), explica que as ações de mobilidade devem ser feitas em conjunto. “O fluxo das vias só melhoraria SUSTENTÁVEIS “É preciso pensar no crescimento das cidades, alinhado ao desenvolvimento. A ocupação dos espaços deve ser sustentável” ANDRÉ ABE PROFESSOR DA UFES com iniciativas do poder público, mas dependeria, também, de iniciativas privadas”, pondera. Fioreti exemplifica citando dois casos. Um deles é da gestão das cidades na Alemanha, que implantaram semáforos com sincronização automática, levando em consideração o fluxo tanto de pedestres quanto o de carros, otimizando o tráfego. Já o outro é a utilização dostáxiscoletivosnaGrécia, quedependeudatomadade consciência das pessoas”, conta. PEDÁGIO TarcísioBahia,arquitetoe professor da Ufes, acredita que o fluxo de veículos da cidade seria resolvido com a implantação do pedágio urbano. Ele menciona o exemplo das cidades de Singapura. “Lá os preços são mais elevados em horários de pico, o que fez com que equi- librasse o fluxo”, disse. Bahia, Fioreti e Abe são unânimes quanto a importância de pensar projetos que incentivem as pessoas na utilização do transporte público.“Masparaissoépreciso pensar no percurso que é feito, que deve ser confortável. Em Londres as calçadas são adequadas e arborizadas”, aponta Bahia. EXPERIÊNCIAS O prefeito de Vitória Luciano Rezende, após participar do Fórum Ibero-Americano de Prefeitos, no último mês,naEspanha,retornouà Capitalcomametadeiniciar discussões, com base nas boas experiências desenvol- vidasnaquelepaís,comocoletaderesíduossubterrânea, dessalinização e fios ladeando as construções. Rezende acredita que toda discussão e ideias são importantes. “Toda ideia a ser discutida depende da cultura de cada povo, podendo ela ser rejeitada ou não. Todas as experiências importantes no mundo merecem ser discutidas. E é o que estamos fazendo. O aplicativo dopontodeônibuséinteressante. O Ponto Vitória é um aplicativo de sucesso”. Moradores e turistas de Vitória,poderãosugerirmudanças no PDU pela internet, a partir de abril, após os encontros presenciais.