ISSN 2236-787X ANO 05 • NÚMERO 17 • JULHO • 2015 Conduta multidisciplinar para melhorar a adesão ao tratamento do paciente com FA Artigo Científico Entrevista Hemodinâmica: tratamento da angina instável Médico brasileiro na lista dos cientistas mais influentes do mundo LIPIDIL® (fenofibrato) 160 mg comprimidos revestidos - MS: 1.0553.0358 - VIA ORAL - USO ADULTO - INDICAÇÕES: LIPIDIL® (fenofibrato) é indicado para: Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia isolada ou combinada (dislipidemias tipo IIa, IIb, IV assim como a dislipidemia do tipo III) em pacientes que não respondem à dieta apropriada e à outras medidas terapêuticas não medicamentosas (por ex. diminuição do peso corporal ou aumento da atividade física) em especial quando existem fatores de risco associados como a hipertensão e o tabagismo. A dieta iniciada antes do tratamento deve continuar durante o uso de LIPIDIL® (fenofibrato). CONTRAINDICAÇÕES: LIPIDIL® (fenofibrato) é contraindicado nos casos de: Hipersensibilidade ao fenofibrato ou a qualquer um dos componentes da fórmula (ver COMPOSIÇÃO); Insuficiência hepática (incluindo cirrose biliar e anormalidade da função hepática persistente sem explicação); Doença renal crônica grave; Reação fototóxica ou fotoalérgica conhecida durante o tratamento com fibratos ou cetoprofeno. Doença da vesícula biliar e Pancreatite crônica ou aguda com exceção de uma pancreatite aguda devido a uma hipertrigliceridemia severa. O LIPIDIL® (fenofibrato) 160 mg, comprimido revestido é contraindicado aos pacientes alérgicos ao amendoim, ao óleo de amendoim, à lecitina de soja ou a algum dos seus derivados devido ao risco de ocorrerem reações de hipersensibilidade. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: Função hepática: Como ocorre com outros hipolipidemiantes, uma elevação das transaminases foi observada em alguns pacientes. Na maioria dos casos, essas elevações foram transitórias, leves e assintomáticas. É recomendado monitorar as taxas de transaminases a cada 3 meses durante os 12 primeiros meses de tratamento e depois disso periodicamente. Uma atenção especial deve ser dada aos pacientes que tiveram um aumento da taxa de transaminase e o tratamento deverá ser interrompido em caso de aumento das taxas de aspartato-aminotransferase (AST) e de alanina-aminotransferase (ALT) acima de 3 vezes o limite superior do intervalo normal. Quando os sintomas indicarem a ocorrência de hepatite (ex: icterícia, prurido) e testes laboratoriais confirmarem, a terapia com fenofibrato deve ser descontinuada. Pâncreas: Pancreatites têm sido reportadas por pacientes que tomam fenofibrato (ver CONTRAINDICAÇÕES E REAÇÕES ADVERSAS). Esse fato pode representar a falta de eficácia nos pacientes com hipertrigliceridemia severa, efeito direto do medicamento, ou um fenômeno secundário mediado por pedras no trato biliar ou à formação de litíases ou de lamas biliares obstruindo o duto biliar. Músculo: Toxicidade muscular incluindo casos raros de rabdomiólise, com ou sem insuficiência renal, tem sido relatada quando da administração de fibratos ou de outros agentes hipolipidemiantes. A incidência destes distúrbios aumenta no caso de hipoalbuminemia e insuficiência renal pré-existente. Pacientes com fatores de pré-disposição para miopatia e/ou rabdomiólise, incluindo aqueles com idade de mais de 70 anos, ou apresentando antecedentes pessoais ou familiares de problemas musculares, insuficiência renal, hipotiroidismo e consumo elevado de álcool, podem apresentar um risco mais elevado de rabdomiólise. Para estes pacientes, o equilíbrio risco- benefício do tratamento com fenofibrato deve ser cuidadosamente avaliado. A toxicidade muscular deve ser suspeitada em pacientes apresentando uma mialgia difusa, miosite, câimbras e fraquezas musculares e/ou aumentos importantes do CPK (> 5 vezes ao limite superior normal). Nestes casos, o tratamento por fenofibrato deverá ser suspenso. O risco de toxicidade pode ser aumentado se o medicamento é administrado com outro fibrato ou um inibidor de HMG-CoA redutase, em particular em caso de doença muscular pré-existente. Consequentemente, a combinação de Lipidil com inibidores de HMG-CoA ou outros fibratos deve ser reservada a pacientes com dislipidemia mista severa e alto risco cardiovascular sem histórico de doença muscular prévia e com monitoramento cuidadoso dos sinais de toxicidade muscular. Causas secundárias de hiperlipidemia: Causa secundária de hiperlipidemia, como diabetes tipo II não controlada, hipotiroidismo, síndrome nefrótica, disproteinemia, doença hepática obstrutiva, tratamento farmacológico, alcolismo, devem ser adequadamente tratados antes da terapia com fenofibrato. Para os pacientes hiperlipidêmicos em tratamento com estrogênio ou contraceptivos contendo estrogênios, convém assegurar se a hiperlipidemia é de natureza primaria ou secundária (possível aumento das taxas de lipídios provocado pela administração oral dos estrogênios). Função renal: O tratamento deve ser interrompido em caso de aumento da creatinina > 50% de LSN (limite superior do normal). É recomendado que a creatinina seja avaliada durante os três primeiros meses de tratamento e depois disso periodicamente. Excipientes: Este medicamento contém lactose. Portanto, os pacientes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, deficiência de Lapp lactase ou síndrome da má absorção da galactose-glucose não devem tomar este medicamento. Uso durante a gravidez: Gravidez: categoria C. Não existem dados adequados sobre o uso de fenofibrato em mulheres grávidas. Os estudos em animais não demonstraram nenhum efeito teratogênico. Efeitos embriotóxicos foram observados somente na dose tóxica materna (ver Dados de segurança pré-clínica). O risco potencial para humanos é desconhecido. Além disso, LIPIDIL® (fenofibrato) só deve ser utilizado durante a gravidez após uma avaliação criteriosa do risco-benefício. Uso durante a lactação: Não existem dados sobre a excreção de fenofibrato e/ou dos seus metabólitos no leite materno. Um risco para recem nascidos e crianças não pode ser excluído. Consequentemente, LIPIDIL® (fenofibrato) não deve ser usado durante a lactação. ESTE MEDICAMENTO NÃO DEVE SER UTILIZADO POR MULHERES GRÁVIDAS SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA. Uso em crianças: A segurança e eficácia do fenofibrato em crianças e adolescentes com menos de 18 anos não foi estabelecida. Não existem dados disponíveis. Portanto o uso do fenofibrato não é recomendado para pacientes pediátricos com menos de 18 anos. Pacientes com insuficiência hepática e/ ou renal: LIPIDIL® (fenofibrato) é contraindicado em pacientes portadores de insuficiência hepática e/ou renal graves. LIPIDIL® (fenofibrato) não afeta a habilidade de dirigir ou operar máquinas. Este medicamento contém LACTOSE. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Anticoagulantes orais: O fenofibrato potencializa o efeito dos anticoagulantes e pode aumentar o risco de sangramentos. É recomendado que a dose dos anticoagulantes seja reduzida em um terço do inicio do tratamento e se necessário reajustar progressivamente a dose em função do INR (Índice Internacional Normalizado) monitorado. Ciclosporina: Alguns casos graves de danos das funções renais reversíveis foram relatados durante administração concomitante de fenofibrato e ciclosporina. Nestes pacientes a função renal deverá ser atentamente controlada e o tratamento com fenofibrato suspenso em caso de alterações importantes dos parâmetros laboratoriais. Inibidores de HMG-CoA redutase e outros fenofibratos: O risco de uma toxicidade muscular grave aumenta se o fenofibrato é utilizado em associação com os inibidores de HMG-CoA redutase ou outros fibratos. Esta associação deve ser utilizada com cuidado, e os pacientes deven ser monitorados de perto para sinais de toxicidade muscular (ver PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS); Glitazonas: Alguns casos de redução de colesterol HDL paradoxal reversível têm sido relatados durante administração concomitante de fenofibrato e glitazona. Portanto, é recomendado monitorar colesterol HDL se um destes componentes é adicionado ao outro e interromper um dos tratamentos se o colesterol HDL ficar muito baixo. Enzimas do Citocromo P450: Estudos in vitro utilizando microssomos hepáticos humanos indicam que o fenofibrato e o ácido fenofíbrico não são inibidores das isoformas de citocromo (CYP) P450 CYP3A4, CYP2D6, CYP2E1 ou CYP1A2. Eles são fracos inibidores da CYP2C19 e CYP2A6, e médios para moderados da CYP2C9 em concentrações terapêuticas. Pacientes em coadministração de fenofibrato e CYP2C19, CYP2A6 e especialmente drogas metabolizadas por CYP2C9 com estreito índice terapêutico devem ser cuidadosamente monitorados, e se necessário o ajuste de dose dessas drogas é recomendado. POSOLOGIA E MODO DE USAR: A resposta da terapia deve ser monitorada pela determinação dos valores séricos de lipídios. Se uma resposta adequada não for alcançada depois de alguns meses (ex. 3 meses) de tratamento com LIPIDIL® (fenofibrato), medidas terapêuticas complementares devem ser consideradas. Adultos: A dose recomendada é um comprimido de Lipidil 160 mg contendo 160 mg de fenofibrato por dia, Os pacientes tomando uma cápsula de LIPIDIL (fenofibrato) 200 mg podem trocar por um comprimido de LIPIDIL (fenofibrato) 160 mg, sem ajuste posológico. Pacientes Idosos: sem insuficiência renal: é recomendada a dose usual para adulto. Insuficiência renal: uma diminuição da posologia é recomendada para os pacientes com insuficiência renal. Em pacientes com doença renal crônica grave, fenofibrato não é recomendado. Crianças: A segurança e eficácia do fenofibrato em crianças e adolescentes com menos de 18 anos não foi estabelecida. Não existem dados disponíveis. Portanto o uso do fenofibrato não é recomendado para pacientes pediátricos com menos de 18 anos. O comprimido deve ser engolido inteiro durante uma refeição. Este medicamento não deve ser partido, aberto ou mastigado. REAÇÕES ADVERSAS: As reações adversas mais comumente reportadas durante a terapia com LIPIDIL® (fenofibrato) são digestivas, gástricas ou desordens intestinais. As reações adversas a seguir têm sido obervadas durante estudos clínicos placebo-controlados (n=2344) com as frequências indicadas. Reações Comuns > 1/100, < 1/10 Distúrbios gastrointestinais: sinais gastrointestinais e sintomas (dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreia e flatulência). Distúrbios hepato-biliares: elevações das transaminases (ver PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS). Reações Incomuns > 1/1.000, < 1/100 Distúrbios do sistema nervoso: dor de cabeça. Distúrbios vasculares: tromboembolismo (embolismo pulmonar, trombose venosa profunda*). Distúrbios gastrointestinais: pancreatite* Distúrbios hepato-biliares: colelitíase Distúrbios do tecido subcutâneo e da pele: hipersensibilidade cutânea (ex: rash, prurido, urticária) Distúrbios ósseos, do tecido conjuntivo e músculo-esquelético: distúrbios musculares (ex: mialgia, miosite, espasmos musculares e fraqueza). Distúrbios do sistema reprodutor: disfunção sexual. Exames laboratoriais: aumento da creatinina no sangue. Reações Raras > 1/10.000, < 1/1.000 Distúrbios do sistema sanguíneo e linfático: diminuição da hemoglobina e dos leucócitos. Distúrbios do sistema imune: hipersensibilidade, fadiga e vertigem. Distúrbios hepato-biliares: hepatite Distúrbios do tecido subcutâneo e da pele: alopecia e reações de fotossensibilidade Exames laboratoriais: aumento da uréia no sangue. *Observamos no estudo Field, estudo randomizado, placebo controlado, realizado em 9795 pacientes com diabetes do tipo 2, um aumento estatisticamente significativo de casos de pancreatite nos pacientes que receberam fenofibrato em relação àqueles que receberam placebo (0,8% versus 0,5%; p=0,031). Neste mesmo estudo, um aumento estatisticamente significativo foi relatado sobre a incidência de embolias pulmonares (0,7% no grupo placebo contra 1,1% no grupo fenofibrato; p=0,022) e um aumento estatisticamente não significativo das tromboses venosas profundas (placebo: 1,0% (48/4.900 pacientes) versus fenofibrato 1,4% (67/4.895 pacientes); p=0,074). Em adição a esses eventos reportados durante os estudos clínicos, as reações adversas a seguir têm sido reportadas espontâneamente durante a pós-comercialização do LIPIDIL (fenofibrato). A frequência precisa não pode ser estimada através dos dados disponíveis e portanto classificada como desconhecida. Distúrbios respiratórios, torácicos e mediastinais: doença intersticial pulmonar. Distúrbios ósseos, do tecido conjuntivo e músculo-esquelético: rabdomiólise Distúrbios hepato-biliares: icterícia, complicações da colelitíase (ex: cólica biliar, colecistite e colangite) e severas reações cutâneas (ex: eritrema multiforme, síndrome do Steven-Johmson, necrólise epidérmica tóxiva). VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Registrado por: Abbott Laboratórios do Brasil Ltrda. Rua Michigan,735, São Paulo – SP. CNPJ 56.998.701/0001-16. ABBOTT CENTER: 0800 7031050. (baseada na BU02) Central de Relacionamento com o Cliente Abbott Center - 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde prescritores. Reprodução proibida - PRODUZIDO EM JULHO/2015. fenofibrato 160 mg UM PASSO ADIANTE NO CONTROLE LIPÍDICO. DIMINUIÇÃO DO RISCO DE INFARTO1 LIPIDIL® ASSOCIADO À ESTATINA PROPORCIONA UMA DIMINUIÇÃO DO RISCO DE INFARTO DO MIOCÁRDIO EM ATÉ 44%1 SEGURANÇA EQ PR IVA A ESENTA NOVA EMBALAGEM g 11 BI O S LU O ÇÃ EXC LIPIDIL® É SEGURO E BEM TOLERADO EM MONOTERAPIA OU COMBINADO ÀS ESTATINAS.2-8 0m UIV A L E N T E AO 2 0 9,10 ABRACEAVIDA.COM.BR | 0800 703 1050 Referências bibliográficas: 1. Athyros VG, Papageorgiou AA, Athyrou VV, et al. Atorvastin and micronized fenofibrate alone and in combination in type 2 diabetes with combined hyperlipidemia. Diabetes Care. 2002;25;1198-1202. 2. ACCORD Study Group, Ginsberg HN, Elam MB, Lovato LC, Crouse JR 3rd, et. al. Effects of combination lipid therapy in type 2 diabetes mellitus. N Engl J Med. 2010 Apr 29;362(17):1563-74. Epub 2010 Mar 14. Erratum in: N Engl J Med. 2010 May 6;362(18):1748. 3. Keech A, Simes RJ, Barter P, Best J, et al - FIELD study investigators, Effects of long-term fenofibrate therapy on cardiovascular events in 9795 people with type 2 diabetes mellitus (the FIELD study); randomized controlled trial. Lancet. 2005 Nov 26;366(9500):1849-61. 4. Kirchgassler KU, Schmitz H, Bach G. Effectiveness and Tolerability of 12-Week Treatment with Micronised Fenofibrate 200mg in a Drug-Monitoring Programme Involving 9884 Patients with Dyslipidaemia. Clin Drug Invest, 15 (1998), pp. 197-204. 5. Kornitzer M, Dramaix M, Vandenbroek MD, Everaert L, Gerlinger C. Efficacy and tolerance of 200 mg micronised fenofibrate administered over a 6-month period in hyperlipidaemic patients: an open Belgian multicenter study. Atherosclerosis. 1994 Oct;110 Suppl:S49-54. 6. Feussner G, Kurth B, Lohrmann J. Comparative effects of bezafibrate and micronised fenofibrate in patients with type III hyperlipoproteinemia. Eur J Med Res. 1997 Apr 21;2(4):165-8. 7. Davidson M. Combination therapy for dyslipidemia: safety and regulatory considerations. Am J Cardiol. 2002 Nov 20;90(10B):50K-60K. 8. Martin PD, Dane AL, Schneck DW, Warwick MJ. An open-label randomized, three-way crossover trial of the effects of coadministration of rosuvastatin and fenofibrate on the pharmacokinetic properties of rosuvastatinand fenofibric acid in healthy male volunteers. Lin Ther. 2003 Feb;25(2):459-71. 9. Pesquisa de preço de Lipidil (Fenofibrato - 160mg com 30cps) disponível em: http://brasil.kairosweb. com/producto-lipidil-9743, ultimo acesso em 09/10/2014 10. Conforme regras e limites do programa Abrace a Vida https://abraceavida.com.br/ 11. Stasiak E. Single dose comparative bioequivalence study of two different formulations of fenofibrate (160mg new tablet formulation vs 200mg micronized fenofibrate) in 24 healthy volunteers. Internal report K 178 97 02 KH 97 02, December 1997. CONTRAINDICAÇÃO: NÃO DEVE SER UTILIZADO EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA E RENAL GRAVES. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: O FENOFIBRATO POTENCIALIZA A AÇÃO DOS ANTICOAGULANTES ORAIS, AUMENTANDO O RISCO DE HEMORRAGIAS. Central de Relacionamento com o Cliente Abbott Center - 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde prescritores. Reprodução proibida - PRODUZIDO EM JULHO/2015. Editorial Esta é uma publicação Direção executiva e comercial Silvio Araujo André Araujo Coordenação comercial Cristiana Domingos Coordenação médica Dra. Fernanda Chaves Mazza (CRM-RJ 52.71.644-8) Coordenação editorial Roberta Monteiro Coordenação de criação Gabriel Meneses Coordenação de jornalismo Gisleine Gregório Nesta edição da Revista Ritmo em Foco trazemos um assunto muito debatido em todas as áreas da Medicina: a importância da adesão ao tratamento. De autoria da Dra. Alexandrina Maria Augusto da Silva Meleiro, a análise apresentada aborda a conduta multidisciplinar para melhorar a adesão ao tratamento do paciente com fibrilação atrial (FA) e reforça que a interface entre a Cardiologia e a Psiquiatria tem sido ampliada nas últimas décadas como resultado da importância dos fatores emocionais e mentais nas manifestações de pacientes com qualquer doença cardíaca e vice-versa. Outro assunto de destaque neste número refere-se ao tratamento da angina instável. O Dr. Vicente Paulo da Motta ressalta que esta é a causa mais comum de internação hospitalar, com o diagnóstico implicando uma diferenciação inicial e evolutiva em três grupos de riscos: alto, intermediário e baixo. Também de grande incidência, são abordados os distúrbios do ritmo. Na análise do Dr. Guilherme Fenelon são destacados os alvos contemporâneos e futuros, com ênfase para as taquicardias paroxísticas supraventriculares, taquicardias ventriculares e FA. Em entrevista, conversamos com o Dr. Álvaro Avezum, considerado pela consultoria Thomson Reuters, em 2014, como um dos quatro cientistas brasileiros com produção acadêmica de maior impacto no mundo. Na reportagem debatemos a relação entre animais de estimação, relacionamentos e renda com a saúde cardiovascular dos idosos. Na seção da SOBRAC, abordamos a utilização de marca-passo em pacientes com FA permanente. Esperamos que esta edição possa contribuir para a excelência de sua prática diária. Boa leitura! Contatos www.acfarmaceutica.com.br São Paulo - SP Dona Brígida, 701 Vila Mariana CEP 04111-081 Tel: 55 (11) 5080.0770 Rio de Janeiro - RJ Travessa do Ouvidor, 11 Centro CEP 20040-040 Tel: 55 (21) 3543.0770 Revisão ortográfica Maria de Fátima Martins Henrique de Souza É proibida a duplicação ou reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet e outros), sem permissão expressa da editora. Todo o desenvolvimento, fotos e imagens utilizadas nesta publicação são de responsabilidade dos seus autores, não refletindo necessariamente a posição da editora nem do laboratório, que apenas patrocina sua distribuição à classe médica. Esta publicação contém publicidade de medicamentos sujeitos a prescrição, sendo destinada exclusivamente a profissionais habilitados a prescrever, nos termos da Resolução RDC Anvisa nº 96/2008. 2015 © AC Farmacêutica® LTDA. Todos os direitos reservados. Créditos de capa: Instituto do Coração do Distrito Federal – Assessoria de Comunicação ICDF; Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos – Ascom – Completo HUPES; Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (RS) – Karohelen Dias; Hospital São Lucas de Porto Alegre – Divulgação – Ascom – PUC-RS. Sumário 5 ANÁLISE DO ESPECIALISTA 8 ARTIGO CIENTÍFICO Conduta multidisciplinar para melhorar a adesão ao tratamento do paciente com FA Hemodinâmica: tratamento da angina instável 10 ENTREVISTA 12 VISÃO DO ESPECIALISTA 15 RITMO & BEM-ESTAR 16 SOCIEDADE Médico brasileiro na lista dos cientistas mais influentes do mundo Distúrbio do ritmo: alvos contemporâneos e futuros Animais de estimação, relacionamentos e renda podem influenciar a saúde cardiovascular dos idosos Marca-passo em pacientes com FA permanente pode influenciar a saúde cardiovascular dos idosos? Através deste QR CODE acesse as edições da revista Ritmo em Foco. Análise do Especialista CONDUTA MULTIDISCIPLINAR para melhorar a adesão ao tratamento do paciente com FA A interface entre a Cardiologia e a Psiquiatria tem sido ampliada nas últimas décadas, como resultado da importância dos fatores emocionais e mentais nas manifestações de pacientes com qualquer doença cardíaca, e o contrário igualmente.1 Os primeiros profissionais médicos a atender os pacientes com queixas cardiocirculatórias são os clínicos gerais e os cardiologistas. A atitude nesse atendimento é fundamental para o diagnóstico correto, manejo adequado, tratamento preconizado e encaminhamento. O objetivo do presente artigo é como melhorar a adesão ao tratamento do paciente com fibrilação atrial (FA).2-5 Como taquicardia crônica mais comum, a FA aumenta progressivamente com a idade, atinge 3 a 9% dos idosos com mais de 65 anos6, e é discretamente mais prevalente nos homens e entre indivíduos cardiopatas, hipertensos, idosos, hipertireoidianos ou com distúrbios eletrolíticos (hipocalemia, hipomagnesemia) e gasométricos (acidose e hipoxemia). É menos frequente em jovens, a não ser quando submetidos a determinados fatores precipitantes: abuso de álcool, uso de drogas adrenérgicas como: cocaína, crack e anfetamina; e também a L-tirosina (nas fórmulas para emagrecer). Ocorre FA principalmente nos pacientes com cardiopatia estrutural prévia.6 Ela também é comum no pós-operatório de cirurgia cardíaca: valvar (10 a 40%), coronariana (40 a 60%) e transplante cardíaco (25%).7 Cerca de 10 a 20% dos pacientes com FA são assintomáticos, não apresentam cardiopatia (ecocardiograma normal) e nenhum fator precipitante. A maioria destes pacientes assintomáticos é mais jovem (< 60 anos) e apresenta uma miocardite subclínica associada a distúrbio autonômico.8 Nos serviços de emergências, é frequente paciente com FA de início recente (tempo inferior a 48 horas) ou com FA permanente apresentar alguma piora no quadro clínico. A abordagem da FA é complexa, entretanto é fundamental pesquisar as causas reversíveis em todos os pacientes.9 A palavra adesão deriva do latim adhaesione e quer dizer “ato de aderir, união, apego, tenacidade, aprovação, assentimento”. A adesão é afetada ou direcionada pelo meio social e cultural em que o indivíduo vive, interfere diretamente nas medidas terapêuticas adotadas, no cuidado da saúde como um todo e na qualidade de vida. A adesão terapêutica de toda doença crônica é complexa, pois são diversos os fatores que interferem no sucesso do tratamento: os relacionados ao paciente, à doença, ao tratamento, ao local de tratamento, à equipe de saúde e aos aspectos socioeconômicos.5,7,10 No que diz respeito ao paciente, podem ser considerados: idade, gênero, etnia, estado civil, escolaridade, nível socioeconômico, crenças, hábitos culturais e de vida, experiência com a doença, contexto familiar, conceito saúde-doença e autoestima. Quanto à doença, destacamos o caráter de cronicidade, gravidade, sequelas, ausência de sintomas (assintomático) e morbimortalidade.11 No que se refere ao tratamento temos: custo, efeitos indesejáveis, esquemas complexos, interações medicamentosas e qualidade de vida.3 No tocante ao local de tratamento ou instituição: política de saúde do governo, da saúde suplementar e privada; as dificuldades de acesso, distância, tempo de espera, qualidade de atendimento.10 Quanto à equipe de saúde: o papel da informação sobre a doença na adesão terapêutica medicamentosa |5| Dr. Flavio A. O. Borelli CRM-SP 35436 Dra. Alexandrina Maria Augusto da Silva Meleiro CRM-SP 36139 Doutora em Medicina pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Médica Psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Coordenadora da Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio da ABP Membro da Comissão de Atenção à Saúde Mental do Médico da ABP Membro do Conselho Científico da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) Conduta multidisciplinar para melhorar a adesão ao tratamento do paciente com FA e não medicamentosa na FA. Membros da equipe de saúde, especialmente os médicos, necessitam melhorar a comunicação com os pacientes; discutir as dificuldades e inserir a família e/ou cuidador como item de auxílio ao tratamento;5 ter ponderação aos aspectos socioeconômicos que podem prejudicar adesão ao tratamento. A crença no tratamento é um indicador de adesão. O paciente necessita acreditar nos benefícios da mudança de hábitos de vida, para alterar seu comportamento diante da doença e, consequentemente, diminuir a severidade da patologia.5,7,10 Em estágio avançado, a FA causa prejuízos graves em órgãos-alvo, que podem levar o indivíduo à perda de autonomia e invalidez ou morte, entretanto 46% dos idosos interrompem o tratamento por conta própria.5,7 INTERFERÊNCIA DO ESTADO EMOCIONAL NA EVOLUÇÃO E NA ADESÃO AO TRATAMENTO As consequências deletérias da ansiedade, da depressão, de quadros demenciais e do álcool sobre a saúde, particularmente entre pacientes cardíacos, representam um peso substancial à saúde pública.1 Muitas vezes são pouco valorizadas pelos médicos, que assistem esses pacientes com FA, por focalizarem mais sua atenção aos sintomas e queixas físicas e não perceberem a depressão. A depressão diminui a adesão ao tratamento por desinteresse, desesperança e desilusão. Reduz a possibilidade de obedecerem às mudanças de atitudes necessárias para a manutenção da própria saúde.11 É fator de risco independente tanto para morbidade como para mortalidade. O cardiologista deve realizar screening para identificá-la e tratá-la.1 Transtornos ansiosos como fobia social e transtorno do pânico têm maior risco de mortalidade por doenças cardiovasculares, por favorecerem aparecimento de arritmias como FA. Transtorno do pânico tem exacerbação do sistema nervoso simpático, redução da variabilidade da FC e aumento do QT: associados a arritmias e morte súbita.12 A depressão e a ansiedade podem estar juntas (Figura 1). Quadro 1 - Fatores relacionados à baixa adesão dos pacientes com FA ao tratamento Necessidade de mudanças de atitudes; desinformação em relação à doença; situações psicossociais estressantes; outras morbidades físicas (desencadear, agravar); depressão e ansiedade presentes; alterações Paciente cognitivas (atenção, memória, compreensão); falta de suporte social; desmotivação e baixa autoestima; conflitos familiares ou pessoais não resolvidos; ganho secundário com a doença; comportamento aditivo autodestrutivo: beber, fumar, trabalhar excessivamente (moderar). Doença Evolução assintomática da doença; caráter crônico, agravos e sequelas; necessidade de tratamento continuado; alto índice de morbidade e mortalidade. Custo medicamentoso e não medicamentoso; efeitos colaterais dos Tratamento medicamentos; interações medicamentosas; controle por meio de exames laboratoriais periódicos. Dificuldade em obter cuidados médicos no sistema de saúde; política de saúde: SUS, suplementar e privado; acesso e distância; tempo de espera; qualidade do atendimento. Local Equipe de saúde Experiência com o tratamento da doença; relação médico-paciente; atitude assertiva e benéfica; disponibilidade. Aspectos socioeconômicos Interferência no trabalho; afastamento do trabalho; aposentadoria escassa; dependência de terceiros; ausência de recursos para cuidador; falta de recursos para tratamento. Modificado.2-5 DEPRESSÃO Apatia Retardo psicomotor Perda de interesse Pouca concentração Piora pela manhã Baixa autoestima Desesperança Culpa ANSIEDADE Fadiga Alterações do sono Pouca concentração Alteração do apetite Irritabilidade Disforia Tensão muscular Ansiedade psíquica Ansiedade antecipatória Dores tensionais Estado de alerta Cansaço Figura 1 - Depressão e ansiedade frequentemente estão juntas Fonte: arquivo pessoal do autor. IMPACTO DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE SOBRE O PROGNÓSTICO DAS DOENÇAS CARDÍACAS No paciente deprimido, pode-se não diagnosticar a doença cardíaca, bem como a HAS e FA; por não valorizar queixas; menor colaboração com os tratamentos; falta de energia e de iniciativa; desesperança e déficit cognitivo; possível piora de sintomas depressivos por uso de anti-hipertensivos; menor adesão ao tratamento; estilos de vida não saudáveis como fumar e não fazer exercícios.11 |6| O eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal está envolvido nas questões emocionais e na depressão, na qual ocorrem hipercortisolemia, aumento da reatividade plaquetária, liberação de produtos plaquetários (fator 4 e betatromboglobulina), redução da variabilidade da frequência cardíaca, prejuízo do controle vagal da mesma, potencial arritmogênico e efeitos pró-aterogênicos.12,13 A depressão altera a coagulação e a trombogênese. Nas membranas das plaquetas há receptores adrenérgicos, dopaminérgicos e serotonér- gicos. A hiperatividade dos receptores serotonérgicos plaquetários acelera a formação de trombina; ocorre liberação de fatores que induzem a migração leucocitária, a proliferação de células e agregação plaquetária; favorece o risco de trombos, IAM e AVC. Tudo isso aumenta a mortalidade por causas cardiovasculares em deprimidos.11 São numerosos os estudos que mostram a eficácia dos antidepressivos inibidores de receptação seletiva de serotonina (ISRS) no tratamento da depressão e da ansiedade, e são seguros em pacientes cardíacos.1 O médico deve optar pelo que causa menor interferência com o Citocromo P450 entre os ISRSs. A fluoxetina e paroxetina elevam os níveis plasmáticos de propafenona. Entretanto, sertalina, citalopram, escitalopram podem ser utilizados.12 Frente à objeção de pacientes em seguir o tratamento, de forma regular, devido às características de cronicidade da doença, a equipe de saúde tem por objetivo otimizar a adesão ao tratamento da FA, por meio de ações, atitudes assertivas e benéficas; esclarecer o ônus e o bônus e ter disponibilidade em casos de intercorrências.5 Há uma necessidade real de melhorar o controle da anticoagulação, devido à faixa terapêutica ser relativamente estreita, um parâmetro REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. Mavrides N, Nemeroff C. Treatment of depression in cardiovascular disease. Depression and Anxiety. 2013; 30 (4):328-41. Wasmer K, Eckardt L. Management of atrial fibrillation around the world: a comparison of current ACCF/AHA/ HRS, CCS, and ESC guidelines. Europace. 2011; 13(10):1368-74. Stiell IG, Mache L; CCS Atrial Fibrillation Guidelines Committee. Canadian Cardiovascular Society atrial fibrillation guidelines 2010: management of recent – onset atrial fibrillation and flutter in the emergency department. Can J Cardiol. 2011; 27:38-46. Verdino RJ. Untreated atrial fibrillation in the United States of America: Understanding the barriers and treatment options. J Saudi Heart Assoc. 2015 Jan; 27(1):44-9. Barra S, Fynn S. Untreated atrial fibrillation in the United Kingdom: understanding the barriers and treatment options. J Saudi Heart Assoc. 2015 Jan; 27(1):31-43. Fuster V, Rydén LE, Cannom DS, et al. 2011 ACCF/AHA/HRS focused updates incorporated into the ACC/ AHA/ESC 2006 Guidelines for the management of patients with atrial 7. 8. 9. fibrillation: a report of the American College of Cardiology Foundation/ American Heart Association Task Force on Practice Guidelines developed in partnership with the European Society of Cardiology and in collaboration with the European Heart Rhythm Association and the Heart Rhythm Society. J. Am. Coll. Cardiol. 2011;57(11):e101-98. January CT, Wann LS, Alpert JS, et al. 2014 AHA/ACC/HRS guideline for the management of patients with atrial fibrillation: a report of the American College of Cardiology/ American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and the Heart Rhythm Society. Circulation. 2014; 129:000-000. Anderson JL, Halperin JL, Albert NM, et al. Management of patients with atrial fibrillation (compilation of 2006 ACCF/AHA/ESC and 2011 ACCF/AHA/HRS recommendations): a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2013; 61(18):1935-44. Zimermann LI, Fenelon G, Martinelli Filho M, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial. Arq Bras Cardiol. 2009; 92(6 supl.1):1-39. |7| indireto para a redução da incidência de eventos tromboembólicos e hemorrágicos.7 Mais de 25% dos pacientes, com idade ≥ 80 anos, descontinuaram a terapia dentro de 90 dias por diversos motivos, excluindo morte ou retorno ao ritmo sinusal.2,14,15 Os fatores associados à diminuição do uso de anticoagulante oral incluem a percepção de risco de sangramento, falta de proximidade com um local que monitore, a preferência do paciente e as dificuldades inatas ao uso do anticoagulante. “Assim como todos os rios correm para o mar, o sangue corre sempre para o coração, mas não se esqueça do cérebro.” 10. Coelho EB, Nobre F. Recomendações práticas para se evitar o abandono do tratamento anti-hipertensivo. Rev Bras Hipertens 2006; 13(1):51-4. 11. Huffman JC, Mastromauro CA, Sowden G, at al. Impact of a Depression Care Management Program for hospitalized cardiac patients. Circulation Cardiovasc Qual Outcomes. 2011; 4:198-205. 12. 12. Fráguas Jr R, Marcia C, Fava M, et al. Autonomic reactivity to induced emotion as potential predictor of response to antidepressant treatment. Psychiatry Research. 2007; 151:169-72. 13. 13. Dantzer R1, O’Connor JC, Freund GG, et al. From inflammation to sickness and depression: when the immune system subjugates the brain. Nat Rev Neurosci. 2008 Jan; 9(1):46-56. 14. 14. Pisters R., et al. A novel userfriendly score (HAS-BLED) to assess 1-year risk of major bleeding in patients with atrial fibrillation: The Euro Heart Survey. Chest. 2010; 138(5): 1093-100. 15. 15. Souza JA, França ISX. Prevalência de hipertensão arterial em pessoas com mobilidade física prejudicada: implicações para a enfermagem. Rev. Bras Enfermagem. 2008; 61(6):816-21. Artigo Científico Hemodinâmica: tratamento da ANGINA INSTÁVEL Dr. Vicente Paulo da Motta CRM-DF 819 Cardiologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Mestrado em Biologia Molecular pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Hemodinamicista pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) Professor de Cardiologia na Faculdade Católica de Medicina Nos Estados Unidos, a angina instável é a causa mais comum de internação hospitalar.1 Seu diagnóstico implica, obrigatoriamente, uma diferenciação inicial e evolutiva em três grupos de riscos: alto, intermediário e baixo. O termo “risco” refere-se à chance de o paciente morrer ou ter novos eventos cardíacos. Os fatores de risco podem ser clínicos ou eletrocardiográficos e os escores de risco utilizados são: TIMI risk e de GRACE. O primeiro apresenta sete fatores, sendo cada fator um ponto. A soma dos pontos definirá a porcentagem do risco. No escore de GRACE, levam-se em conta a idade, frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, dosagem de creatinina, parada cardíaca, desvios do segmento ST e aumento das enzimas cardíacas.2 O consenso da Associação Americana de Cardiologia, em 1999, recomendou a angiografia coronariana para os pacientes de riscos alto e intermediário.3 O procedimento deve ser realizado de urgência, caso haja refratariedade ao tratamento clínico inicial ou recorrência dos sintomas após estabilização. Seguimento Óbito, n. Invasiva Conservadora Meses Estudos FRISC II TRUCS TIMI 11B VINO RITA-3 ISAR-COOL ICTUS Total RR IC95%: 0,75 (0,33-0,90) Para os pacientes de risco intermediário, a conduta de coronariografia não é totalmente aceita por alguns autores, que preconizam a realização de teste de esforço, reservando o exame apenas se a resposta ao teste for positiva. Quando o paciente chegar ao hospital, sem dor torácica, deve tomar somente AAS e permanecer em Unidade de Dor Torácica, em repouso, sendo repetido o eletrocardiograma (ECG) e colhidos os marcadores de injúria miocárdica nos tempos 0 e 8 horas. Os pacientes que evoluíram estáveis, após 12 horas sem dor ou alterações de ECG, são de baixo risco e podem ser submetidos ao teste de esforço, sendo internados apenas se a resposta deste for positiva. Se naquele intervalo evoluírem com dor torácica ou alterações no ECG e marcadores positivos, são de alto risco e devem ser internados em Unidade Coronariana e iniciada a terapia medicamentosa para síndrome coronariana aguda. Nos vários trabalhos4 – FRISC II, TRUCS, TIMI 11B, VINO, RITA-3, ISAR-COOL e ICTUS, 45 3 37 2 102 0 1,5 Invasiva 67 9 39 9 132 3 15 64 12 6 6 60 1 12 Conservadora Figura 1 - Metanálise dos estudos comparativos entre a estratégia invasiva precoce e conservadora com emprego de stents e inibidores da glicoproteína IIb/IIIa4 |8| já com o uso de stents e inibidores da glicoproteína IIb/IIIa, foram comparadas as estratégias invasiva versus conservadora. Houve vantagens para a conduta invasiva em relação à morte e infarto, conforme Figura 1.4 Trabalhos mais recentes5 mostram que em todos, exceto os pacientes de alto risco, cateterismo cardíaco imediato com intervenção terapêutica não oferece benefícios quando comparado com estabilização médica inicial e subsequente cateterismo cardíaco e intervenção, quando necessário. Três trabalhos formaram a base para esta recomendação.5 O ISAR-COOL comparou intervenção dentro de 6 horas, com intervenção, em um período de três a cinco dias de esfriamento do processo, em pacientes com depressão do segmento ST ou níveis de troponina elevados, com a última falhando em evidenciar benefícios. Morte e infarto ocorreram em 11,6% dos randomizados para cateterismo atrasado e 5,9% para o cateterismo precoce. O TIMACS comparou a angiografia tão rápida quanto possível e a realizada com um atraso mediano de 50 horas. Houve uma tendência não significativa para incidência reduzida do desfecho de morte, novo infarto do miocárdio ou stroke, em 6 meses, nos pacientes com escore de GRACE < 140. Os pacientes com risco escore de GRACE > 140 tinham uma significativa redução nos objetivos primários. No trabalho, angioplastia para evitar elevação de troponina nas SCA (ABOARD), a angiografia foi comparada com intervenção no dia seguinte; a intervenção imediata não mostrou vantagens para o objetivo primário, que era o valor da troponina durante a hospitalização, nem houve benefícios nas evoluções secundárias de morte, infarto do miocárdio ou urgente revascularização, em um mês. RECOMENDAÇÕES E NÍVEIS DE EVIDÊNCIA:6 ESTRATÉGIA CONSERVATIVA INICIAL VERSUS ESTRATÉGIA INVASIVA INICIAL Classe I 1. Uma estratégia invasiva inicial é indicada nos pacientes que têm angina refratária ou instabilidade elétrica ou hemodinâmica. Nível de evidência: B. 2. Uma estratégia invasiva inicial é indicada nos pacientes que têm um elevado risco para eventos clínicos. Nível de evidência: A. Classe IIa 1. É razoável escolher uma estratégia invasiva inicial (12 a 24 horas de admissão) para pacientes de alto risco inicialmente estabilizados. Para pacientes de não alto risco, uma estratégia invasiva atrasada é também razoável. Nível de evidência: B. Classe IIb 1. Em pacientes inicialmente estabilizados, uma estratégia invasiva inicial pode ser considerada uma estratégia de tratamento, para os pacientes com risco elevado para eventos clínicos, incluindo aqueles com troponina positiva. Nível de evidência: B. A decisão de implementar uma estratégia conservativa inicial nestes pacientes pode ser tomada considerando as preferências do médico e do paciente. Nível de evidência: C. Classe III: sem benefício 1. Uma estratégia invasiva inicial não é recomendada em pacientes com comorbidades extensas (falência hepática ou pulmonar). Nível de evidência: C. 2. Uma estratégia invasiva precoce não é recomendada em pacientes com dor no peito aguda e uma baixa possibilidade de SCA. Nível de evidência: C. 3. Uma estratégia invasiva precoce não deve ser realizada em pacientes que não concordam com revascularização independente dos achados. Nível de evidência: C. ESTRATÉGIA INVASIVA6 Excluindo aqueles pacientes com necessidade de intervenção urgente, duas alternativas para a estratégia invasiva existem: a precoce (imediata) e a angiografia atrasada com 12 a 48 horas de janela. Alguns autores6 têm argumentado que proceder imediatamente a angiografia é uma abordagem eficiente para o paciente com doença coronariana. Pacientes que não têm doença nas coronárias podem ter alta rapidamente. Pacientes com uma óbvia lesão culpada, susceptível à angioplastia, podem ter o procedimento realizado imediatamente, facilitando a alta hospitalar. Pacientes com lesão de tronco e aqueles com doença de multivasos e disfunção ventricular esquerda podem ser encaminhados para cirurgia, evitando, assim, um risco no período de espera. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. Nicolau JC, Timermann A, Piegas LS, et al. Guidelines for unstable angina and non ST segment elevation myocardial infarction of the Brazilian Society of Cardiology (II Edition, 2007). Arquivo Brasileiro Cardiol. 2007; 89(4): E89-E131. Feyter PJ. Percutaneous intervention for non st segment elevation acute coronary syndromes. Textbook of Interventional Cardiology, Ed. 5, 305-20. Solimene MC, Ramires JA. Indicações de cinecoronariografia na doença arterial coronária. Ver. Assoc. Médica Bras. Jun.2003, vol.49, n. 2, 203-9. ISSN 0104-4230. Perin MA, Magalhães MA. Interven- |9| 5. 6. ção coronária aguda em pacientes com síndrome coronariana sem supradesnivelamento do segmento ST, hemodinâmica e cardiologia Intervencionista. Abordagem Clínica 2008: 191-211. Wenger KN. 2011 ACCF/AHA focused update of the guidelines for the management of patients with unstable angina (non ST elevation myocardial infarction (updating the 2007 guideline: Highlights for the Clinician). Anderson Jl, Adams CD, Antman EM, et al. 2012 ACC/AHA focused update incorporated into the ACCF/ AHA 2007 guidelines for the management of patients with unstable angina/non ST elevation myocardial infartcion. Circulation 2013; 127: 663-828. Entrevista Médico brasileiro na lista dos cientistas mais influentes do mundo O Dr. Álvaro Avezum (CRM-SP 61190), considerado pela consultoria Thomson Reuters, em 2014, como um dos quatro cientistas brasileiros com produção acadêmica de maior impacto no mundo em uma lista de 3.215 pesquisadores, comenta, nesta entrevista, como alcançou esse mérito, contextualizando sua carreira e trajetória, com destaque para as principais pesquisas realizadas, além dos grupos de estudos que lidera na Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É Diretor da Divisão de Pesquisa do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Professor responsável pela Disciplina de Pesquisa e Medicina Cardiovascular; Planejamento, Execução e Avaliação do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação: Medicina/Tecnologia e Intervenção em Cardiologia (USP/IDPC), Pesquisador Associado do Population Health Research Institute, McMaster University, Canadá e Membro do Comitê do Programa 25X25 Roadmaps da Federação Mundial de Cardiologia. Quais os critérios utilizados pela Thomson Reuters e o que representa ao Sr. estar entre esses cientistas? A lista preparada pela Thomson Reuters é muito objetiva, com critérios claros e que mensuram o impacto das pesquisas. Uma das maneiras de aferir o impacto de uma publicação é avaliar quantas vezes esse estudo foi citado por outros pesquisadores, fundamentando futuras pesquisas. Quanto maior o fator de impacto da publicação, maior a relevância da mesma. A Thomson Reuters avaliou as pesquisas nos últimos 10 anos, entre 2002 e 2012. A publicação aconteceu no ano passado, identificando então 3.215 nomes. A grande maioria, dos Estados Unidos; somente quatro brasileiros, dentre eles apenas um médico. Isso me deixou muito feliz, e credito essa referência à maneira como trabalhamos em equipe ao longo de mais de duas décadas. O reconhecimento não é fruto de curto espaço de tempo e, sim, de nosso envolvimento com estudos, tanto clínicos como epidemiológicos e colaborativos, com vários pesquisadores no Brasil e cooperação com universidades de renome no cenário internacional. São 25 anos de um trabalho focado em áreas relevantes da Cardiologia. Para a lista, os nomes foram selecionados de acordo com os artigos publicados mais citados, em 21 áreas do conhecimento. O Sr. reúne cerca de 161 artigos divulgados. Poderia citar os mais relevantes e de maior prestígio? Dentre os mais relevantes, eu considero o estudo InterHeart, que avaliou, no mundo, quais fatores se associam com infarto agudo do miocárdio. Também focamos em um segundo trabalho na América Latina, mostrando que 90% dos casos de infarto têm fator de risco identificado. Antes desse projeto, era dito – sem haver confirmação – que metade dos casos de infarto não tinha fator de risco reconhecido. Por meio do InterHeart, demonstramos, com 32 mil indivíduos, 52 países e participação efetiva do Brasil, que nove fatores estão associados com 90% dos casos de infarto. Por exemplo, estima-se que no Brasil tenhamos 400 mil infartos por ano. Desse número, 90%, ou seja, 360 mil casos, são evitáveis por controle de fatores de que temos conhecimento, como dislipi- | 10 | demia, hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade, estresse e depressão, alimentação e atividade física. Outro estudo realizado, nos mesmos parâmetros do InterHeart, foi o InterStroke, porém para as causas do acidente vascular cerebral (AVC). Identificamos 10 fatores responsáveis por 90% de casos de AVC. Por ano, no Brasil, existem cerca de meio milhão de episódios de AVC. Com os 10 fatores que identificamos, poderemos, potencialmente, diminuir esse quadro para 50 mil, se houver controle efetivo dos 10 fatores de risco identificáveis. E por último, gostaria de citar o projeto PURE, que é um estudo de coorte prospectivo com 12 anos de seguimento – estamos nos aproximando do oitavo ano. A base do estudo é identificar como um paciente adoece do ponto de vista cardiovascular e entender qual é o modelo de adoecimento. Participam do projeto cerca de 200 mil pessoas no mundo e 7 mil no Brasil, oriundos das zonas rural e urbana. Nesse projeto, procuramos avaliar a teoria da má adaptação como principal causa de adoecimento cardiovascular da sociedade. No ano passado, conseguimos publicar três artigos na revista New England Journal of Medicine. A Thomson Reuters também avaliou o fator de impacto de cada pesquisador, e o índice h do Sr., atualmente, é 55. Qual é a importância deste índice? Poderia comentar a respeito? O cientista, ao desenvolver um trabalho que avalia uma questão científica relevante e com critérios de validade, possui grandes chances de que sua pesquisa seja publicada em revistas categorizadas com o chamado fator de impacto. Portanto, quanto maior o fator de impacto da revista, mais importante ela se torna e com um grau de dificuldade acentuado para que nela um estudo possa ser publicado. Assim, quanto mais o pesquisador publicar em revistas de alto impacto, maior a chance de outros pesquisadores citarem seu trabalho. Nesse cenário é construído o fator h. Em que áreas do conhecimento científico suas pesquisas são mais focadas? Atualmente, tenho colocado maior atenção em prevenção cardiovascular. Ao longo de minha carreira, fui Diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e, em 1989, comecei a trabalhar com a pesquisa clínica multicêntrica, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Foi o primeiro estudo realizado nesse período na América Latina e teve, como coordenação no Brasil, nossa instituição em parceria com a Universidade de Oxford. Nessa fase, houve a necessidade de treinamento formal. Foi quando viajei para Hamilton, para a Universidade McMaster, no Canadá, considerada o “templo” da Epidemiologia Clínica e Medicina Baseada em Evidência, para trabalhar com o cientificamente reconhecido Dr. Salim Yusuf, diretor do Population Health Research Institute e atual presidente da Federação Mundial de Cardiologia. Nesse período, tive contato com o berço da Medicina Baseada em Evidência e no meu retorno ao Brasil, em 1995, implementamos esse conceito no país, que é a medicina baseada em confirmação científica e não em puro achismo, como costumava ser no passado. Fizemos aproximadamente 30 cursos em cerca de cinco anos em todo o Brasil, por meio da SBC. Hoje, temos a prática clínica baseada em evidências denominada Cardiologia Baseada em Evidências. Nunca paramos de fazer pesquisa clínica e epidemiológica e nosso trabalho envolve uma rede de 300 hospitais do Brasil, desde 1989. Conduzimos aproximadamente 60 projetos multicêntricos no Brasil durante esse período e continuamos respondendo questões científicas relevantes por meio de estudos epidemiológicos e clínicos. Já no Brasil, sua trajetória lista importantes trabalhos e contribuições, como para a SBC, em que preside o Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular. Quais os fundamentos do Grupo e os objetivos? O estudo InterHeart, por exemplo, analisou que o estresse e a depressão emergiram como importantes fatores de risco para infarto e AVC, com mais impacto do que diabetes e hipertensão arterial. Na literatura, existe uma série de publicações indicando o porquê de um paciente estressado e deprimido poder desenvolver a doença cardiovascular e, para isso, existe uma justificativa mecanística, porém fomos um pouco mais adiante. Refletimos que certas pessoas, com muitos fatores de risco, não apresentam infarto agudo do miocárdio ou AVC e outras, com poucos, apresentam esses eventos, inclusive em fases precoces da vida. Talvez deva existir algo a mais. De acordo com a literatura, existem muitos estudos e informações sobre espiritualidade e religiosidade e suas associações com doenças cardiovasculares. É muito inicial, mas merece ser avaliado cientificamente. A literatura mostra, em publicações de revista com fator de impacto adequado, que indivíduos avaliados por questionários, identificados com maior religiosidade e espiritualidade, têm menores taxas de mortalidade e outros eventos cardiovasculares. Fomos buscar as definições de espiritualidade e montamos um grupo de estudos em espiritualidade e medicina cardiovascular dentro da SBC (GEMCA), atualmente, com 700 sócios. Quem sabe temos uma nova área para investigação científica e entendimento de | 11 | por que e como adoecemos sob o ponto de vista cardiovascular. Dessa forma, estamos movendo uma investigação nessa área para saber se a maneira como reagimos às circunstâncias do dia a dia, no ambiente doméstico, trabalho e sociedade, pode estar associada ao adoecimento – é o que é denominado enfrentamento positivo ou negativo (coping). Estamos comentando sobre a área cardiovascular, mas certamente isso pode ser aplicado para outras áreas da medicina, como câncer, além de outras doenças. Será que a maneira de enfrentarmos as situações de nossas vidas é o fator que permite que possamos viver mais e menos doentes? Essa questão está em aberto e a ciência deve procurar respondê-la com método adequado, confiável e robusto. Para finalizar a entrevista, comente como é ser cientista na SBC. Acredito fortemente que todos os cardiologistas possam participar de projetos científicos alinhados com a prática clínica. Temos um projeto ligado à Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) e ao Colégio Americano de Cardiologia (ACC) para avaliarmos a prática clínica atual no Brasil, na hipertensão, na doença coronária, na insuficiência cardíaca e na fibrilação atrial (Registro PINNACLE). Incluiremos 40 mil pacientes e, uma vez coletadas essas informações, podemos melhorar a prática clínica em nosso país nas áreas mencionadas. Isso será muito bom para o médico porque estará aplicando a medida mais adequada, e para o paciente, que receberá os benefícios da melhor evidência científica disponível. Por meio de colaboração com a Federação Mundial de Cardiologia (WHF), nossa Sociedade (SBC) implementará no Brasil o Programa 25X25 (redução de mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis em 25% até 2025). Neste programa, estamos criando uma coalisão para promoção de saúde e prevenção cardiovascular, incluindo sociedades e associações médicas, governo, iniciativa privada e organizações não governamentais. É hora de gerar informações científicas, mas não menos importante, de implementarmos na prática clínica o conhecimento existente nesta área. Visão do Especialista DISTÚRBIO DO RITMO: alvos contemporâneos e futuros Dr. Flavio A. O. Borelli CRM-SP 35436 Dr. Guilherme Fenelon CRM-SP 92455 Professor Afiliado Livre-Docente de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Coordenador Técnico-Científico do Centro de Arritmia do Hospital Israelita Albert Einstein Chefe do Serviço de Eletrofisiologia do Hospital Santa Marcelina Presidente da Sociedade Latino-Americana de Estimulação Cardíaca e Eletrofisiologia (SOLAECE) O diagnóstico e tratamento das arritmias cardíacas evoluíram de forma extraordinária nas últimas décadas. Antes especialidade eminentemente diagnóstica, a Eletrofisiologia Clínica passou a oferecer cura a diversos tipos de taquiarritmia com o desenvolvimento da ablação por cateter com energia de radiofrequência no final dos anos 1980. Inicialmente, os principais alvos dessa intervenção eram as taquicardias paroxísticas supraventriculares, especialmente a reentrada nodal e as mediadas por vias acessórias atrioventriculares (síndrome de Wolff-Parkinson-White). Com o progresso da técnica, a ablação consolidou-se também como opção preferencial de tratamento em pacientes com flutter atrial típico e taquicardias ventriculares idiopáticas (via de saída do ventrículo direito e as fasciculares do ventrículo esquerdo). Contudo, os resultados eram insatisfatórios em arritmias mais complexas, particularmente as taquicardias ventriculares associadas à cardiopatia estrutural. Essas barreiras começaram a ser superadas com o advento dos sistemas de mapeamento eletroanatômico tridimensional. Essa tecnologia possibilitou a identificação das cicatrizes miocárdicas geradoras das taquicardias, assim como a visualização em tempo real do posicionamento dos cateteres nas cavidades cardíacas e a marcação dos locais de aplicação da radiofrequência. Assim, tornou-se possível tratar essas arritmias complexas em ritmo sinusal por meio da criação de lesões nas regiões arritmogênicas das cicatrizes, chamada ablação de substrato (Figura 1). Digno de nota, não apenas as cicatrizes endocárdicas são tratadas, mas também as epicárdicas, que têm grande relevância nas miocardiopatias não isquêmicas, notadamente na doença de Chagas, tão prevalente em nosso meio. | 12 | Essa abordagem mostrou-se muito valiosa e eficaz, de modo especial naqueles pacientes recebendo múltiplos choques do desfibrilador implantável (CDI). Figura 1 - Mapeamento tridimensional do ventrículo esquerdo em paciente chagásico. Os pontos vermelhos indicam lesões por radiofrequência na cicatriz Fonte: arquivo pessoal do autor. Outro avanço seminal ocorreu no tratamento da fibrilação atrial (FA). Com o reconhecimento dos gatilhos dessa arritmia nas veias pulmonares, a ablação objetivando o isolamento elétrico desses vasos firmou-se como opção terapêutica para pacientes sintomáticos com FA paroxística e persistente, com acentuada melhora na qualidade de vida. ALVOS FUTUROS Taquicardias paroxísticas supraventriculares A despeito desse estupendo progresso, ainda há vários desafios no tratamento das taquiarritmias. Embora a ablação por radiofrequência (energia a calor) ofereça cura a mais de 90% dos pacientes com taquicardia paroxística supraventricular, pacientes com vias acessórias ou focos de taquicardia atrial muito próximos ao sistema de condução (nódulo atrioventricular, feixe de His) frequentemente não são submetidos à ablação pelo risco de ocorrer bloqueio atrioventricular significativo, requerendo implante de marca-passo definitivo. Nesse aspecto, a crioablação (energia a frio) é bastante útil, pois, contrariamente à radiofrequência, a lesão por crioenergia é reversível, possibilitando “testar” o local de aplicação. Se durante o resfriamento do tecido para eliminação do foco de arritmia não se observarem sinais de injúria ao sistema de condução, o resfriamento é aprofundado para formação de lesão tecidual permanente. Caso contrário, a aplicação é interrompida, possibilitando o reaquecimento do tecido com normalização da condução atrioventricular. O caráter transitório da crioenergia aumenta sobremaneira a segurança da ablação nesses pacientes com substratos arrítmicos próximos ao nódulo atrioventricular.1 Vale ressaltar que a crioablação foi recentemente lançada no Brasil. “ Taquicardias ventriculares Já nos pacientes com taquiarritmias ventriculares associadas à cardiopatia estrutural, o desafio é aperfeiçoar a ablação do substrato por intermédio da identificação precisa dos circuitos de taquicardia no interior da cicatriz. Para tal, o delineamento tridimensional da cicatriz por meio de métodos de imagem cada vez mais sofisticados, especialmente a ressonância magnética, vem ganhando impulso e tem o potencial de melhorar bastante os resultados da ablação.2 A identificação de áreas de fibrose (cicatriz) pela ressonância com técnicas de realce tardio também vem mostrando-se valiosa na estratificação de risco para morte súbita em pacientes com cardiopatia estrutural. É possível que futuramente essas técnicas de imagem sejam rotineiramente utilizadas para definir a indicação de CDI para profilaxia primária de morte súbita.3 Além disso, a avaliação dos locais e extensão das cicatrizes auxilia muito na identificação dos pacientes com maior potencial de boa resposta à terapia de ressincronização cardíaca. Outro avanço é a crioablação com balão para realizar o isolamento das veias pulmonares, na qual o cateter balão é insuflado na veia pulmonar de modo a ocluí-la completamente (Figura 2). A liberação da crioenergia resfria a superfície do balão, isolando eletricamente a veia com uma única aplicação.4 A eficácia e segurança da crioablação são semelhantes às da radiofrequência, porém o procedimento tende a ser mais rápido. Contudo, a crioablação com balão é indicada apenas para os pacientes com FA paroxística. Essa técnica já se encontra disponível em nosso meio. Fibrilação atrial Embora a ablação por radiofrequência (energia a calor) ofereça cura a mais de 90% dos pacientes com taquicardia paroxística supraventricular, pacientes com vias acessórias ou focos de taquicardia atrial muito próximos ao sistema de condução (nódulo atrioventricular, feixe de His) frequentemente não são submetidos à ablação pelo risco de ocorrer bloqueio atrioventricular significativo, requerendo implante de marca-passo definitivo. ” Entretanto, o grande desafio da eletrofisiologia continua sendo a FA, que é a arritmia mais comum. Não obstante os ótimos resultados no controle das formas paroxísticas, é preciso lembrar que a ablação não é curativa. Recorrências podem ocorrer mesmo tardiamente (após vários anos). Portanto, o combate às causas das recorrências, dentre elas destaca-se a reconexão elétrica das veias pulmonares, é fundamental para melhorar os resultados em longo prazo da ablação de FA. A fim de aumentar a eficácia e a durabilidade do isolamento elétrico das veias pulmonares, diversos aperfeiçoamentos nos cateteres de radiofrequência vêm sendo desenvolvidos, tais como sensores de pressão para monitorar o contato do cateter com o tecido. Esse monitoramento facilita a criação de lesões adequadas e ajuda a prevenir complicações (perfuração do átrio). | 13 | Figura 2 - Cateter balão insuflado na veia pulmonar superior direita. A retenção de contraste no interior da veia indica oclusão do vaso Fonte: arquivo pessoal do autor. Lamentavelmente, as recorrências não se devem exclusivamente à reconexão elétrica das veias pulmonares. Fatores intrínsecos ao substrato atrial também contribuem. Existe consenso de que na maior parte dos casos a FA é uma manifestação de alterações teciduais dos átrios secundárias a diversas patologias, como hipertensão arterial, diabetes, insuficiência cardíaca, apneia do sono, obesidade etc. Até mesmo a inflamação e a predisposição genética participam desse complexo remodelamento estrutural dos átrios. Como a ablação não tem como interferir nesse processo, é de capital im- Distúrbio do ritmo: alvos contemporâneos e futuros portância que os fatores de risco cardiovascular e outras comorbidades sejam adequadamente controlados para que o resultado da intervenção seja otimizado. Já existem estudos mostrando que o tratamento clínico intensivo desses fatores melhora o desfecho em longo prazo da ablação de FA.5 “ CONCLUSÃO Atualmente, grande parte dos pacientes acometidos por taquiarritmias cardíacas pode ser tratada de maneira eficaz e segura. Entretanto, muito ainda precisa ser feito para controlar (quiçá curar) as taquicardias ventriculares nas cardiopatias estruturais e a FA. Nesse aspecto, é necessário o desenvolvimento de fármacos mais eficientes, bem como o aprimoramento das técnicas de ablação. O entendimento dos mecanismos básicos (moleculares, eletrofisiológicos) dessas arritmias sem dúvida contribuirá para o atingimento dessas metas. A fim de aumentar a eficácia e a durabilidade do isolamento elétrico das veias pulmonares, diversos aperfeiçoamentos nos cateteres de radiofrequência vêm sendo desenvolvidos, tais como sensores de pressão para monitorar o contato do cateter com o tecido. ” Vale mencionar também que os fármacos antiarrítmicos (propafenona, sotalol, amiodarona) podem ser utilizados para prevenir ou controlar as recorrências de FA pós-ablação. Muitas vezes, os medicamentos, que antes eram ineficazes, passam a ter eficácia no controle da arritmia após a intervenção. Idealmente, todos os pacientes submetidos à ablação deveriam ser mantidos sem fármacos antiarrítmicos; porém, naqueles com mais comorbidades ou que não sejam bons candidatos a realizar um segundo procedimento, manter as drogas é uma estratégia válida. Sendo assim, o manejo dos pacientes com FA paroxística e persistente contempla opções não farmacológicas (ablação) e farmacológicas (antiarrítmicos), além do controle rigoroso dos fatores de risco cardiovascular. A utilização desse arsenal terapêutico pelo clínico dependerá do perfil do paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. Gaita F, Haissaguerre M, Giustetto C, et al. Safety and efficacy of cryoablation of accessory pathways adjacent to the normal conduction system. J Cardiovasc Electrophysiol. 2003;14:825-9 Desjardins B, Crawford T, Good E, et al. Infarct architecture and characteristics on delayed enhanced magnetic resonance imaging and electroanatomic mapping in patients with postinfarction ventricular arrhythmia. Heart Rhythm 2009;6:644-651. Klem I, Weinsaft JW, Bahnson TD, et al. Assessment of myocardial | 14 | 4. 5. scarring improves risk stratification in patients evaluated for cardiac defibrillator implantation. J Am Coll Cardiol 2012;60:408-420. Andrade JG, Khairy P, Guerra PG, et al. Efficacy and safety of cryoballoon ablation for atrial fibrillation: a systematic review of published studies. Heart Rhythm. 2011;8:1444-51. Pathak RK, Middeldorp ME, Lau DH, et al. Aggressive risk factor reduction study for atrial fibrillation and implications for the outcome of ablation: the ARREST-AF cohort study. J Am Coll Cardiol. 2014;64:2222-31. Ritmo & Bem-Estar Animais de estimação, relacionamentos e renda podem influenciar a SAÚDE CARDIOVASCULAR DOS IDOSOS Por Luciene Cimatti - MTb-SP 29.275 O processo de envelhecimento vem acompanhado da perda de papéis sociais, o que impacta a qualidade de vida e, consequentemente, a saúde das pessoas. Para se ter uma ideia da importância da saúde para a população idosa, uma pesquisa descobriu que 96% dos idosos pesquisados associam a qualidade de vida negativa à saúde.1 Outro trabalho descobriu que o estilo de vida representa 50% dos componentes que influenciam a longevidade; seguido da herança genética, 30%; e do ambiente, 20%.2 Nesse contexto, pesquisadores têm avaliado os elementos que podem contribuir para a prevenção de diversas condições, em especial os fatores de risco cardiovascular, na população idosa. Descobriram que a vida social, rendimentos financeiros, educação e ocupação podem promover a saúde. Por outro lado, isolamento, estresse, tabagismo, álcool, alimentação inadequada e sedentarismo podem afetar negativamente a saúde do idoso.2 Segundo a Dra. Elizabete Viana de Freitas (CRM-RJ 52.16453-0), cardiologista e membro do Conselho Consultivo Pleno da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), possuir um animal de estimação, por exemplo, é um hábito que pode contribuir para a saúde cardiovascular dos idosos. “As pessoas depressivas têm mais problemas cardiovasculares do que aquelas que não são depressivas. Nesse sentido, possuir um animal de estimação traz benefícios no que diz respeito à redução do processo depressivo, principalmente em relação aos idosos que vivem sozinhos”. Animais de estimação promovem o aumento da interação social, da autoestima e o senso de responsabilidade. Também reduzem a pressão arterial, bem como o aumento da Imunoglobulina A, um anticorpo com importante função imunológica.3,4 A Dra. Elizabete acrescenta, por exemplo, que a pessoa que possui um cão precisa caminhar com ele, o que colabora para a redução do sedentarismo, contribuindo para redução da taxa de açúcar e triglicerídeos. “Os animais de estimação não reduzem a mortalidade cardiovascular, mas com certeza melhoram a qualidade de vida”, informa. Estudos também apontam que a perda do rendimento financeiro gera estresse econômico, tornando-se um fator de risco para depressão e doença cardiovascular (DCV).5-7 “Por outro lado, pessoas que têm uma renda maior têm mais condições de comprar medicamentos, fazer fisioterapia e exercícios físicos, com uma condição melhor de vida”, ressalta a especialista. Outra descoberta refere-se à influência do estado marital na expectativa de vida. Os resultados de um amplo estudo, apresentado no Congresso do American College of Cardiology 2014, apontaram que pessoas casadas têm 5% menos risco para DCV, independentemente da idade, sexo e raça, quando comparados com os solteiros, viúvos e divorciados. Porém, revelou que a redução do risco CV nos casados é maior para os mais jovens, sendo que para aqueles acima de 61 anos foi de menos 4% no risco. Já para viúvos, o risco foi 3% maior em todas as doenças vasculares e 7% maior para DAC,8 enquanto o divórcio mostrou- | 15 | se ligado à maior probabilidade de sofrer todas as patologias vasculares. Para a Dra. Elizabete, o médico deve orientar o paciente idoso sobre determinados aspectos, entre eles evitar dívidas e possuir um animal de estimação, principalmente se puder cuidar sozinho do animal. Ela salienta ainda a importância do diálogo para aqueles que são casados, além de manter uma boa relação com os familiares, o que contribui de maneira positiva para a qualidade de vida, conclui. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Xavier F M, et al. A definição dos idosos de qualidade de vida. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2003. Giannini S D, et al. Cardiologia Preventiva – Ed. Aheneu. 2000. International Observatory Welfare da Universidade de Cambridge (Inglaterra). Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale. Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60 – Ana Amélia Camarano – IPEA. 2004. Ana Amélia Camarano. Cuidados de longa duração para a população idosa – Um risco assumido? IPEA. 2010. Kahn e Pearlin. Aging, Stress and Health Study. 2006. Alviar C. Faculdade de Medicina da Universidade de NY. Conf. American College of Cardiology 2014. Sociedade MARCA-PASSO em pacientes com FA permanente pode influenciar a saúde cardiovascular dos idosos? Dr. Ricardo Alkmim Teixeira CRM-MG 35214 Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Médico Assistente da Unidade Clínica de Estimulação Cardíaca Artificial do Instituto do Coração – InCor, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) Professor da Disciplina de Cardiologia da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVAS), Pouso Alegre/MG Responsável pelo Serviço de Arritmias e Marca-passo do Hospital Renascentista (Pouso Alegre/MG) e da Santa Casa de Misericórdia de Passos/MG Coordenador Nacional do Programa de Educação Continuada (PrECom), da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) A indicação de marca-passo (MP) convencional unicameral ventricular (modo VVIR) em pacientes com fibrilação atrial (FA) permanente geralmente está relacionada à presença de bradicardia sintomática espontânea ou induzida por fármacos (por exemplo, betabloqueadores, digoxina, amiodarona e bloqueadores de canais de cálcio).1 Importante ressaltar que, se por um lado a irregularidade do ritmo cardíaco per se tenha efeito notadamente deletério ao desempenho cardíaco (não permite a ocorrência de débito cardíaco estável); por outro, estudos observacionais demonstraram associação entre baixa variabilidade R-R e pior sobrevida ao longo do tempo desses pacientes, provavelmente em razão da influência sobre o balanço autonômico.2,3 A estimulação artificial ventricular (MP VVIR) tanto pode corrigir a ocorrência de ciclos longos-curtos quanto a baixa variabilidade R-R. Os algoritmos eletrônicos presentes nos dispositivos atuais podem promover regularização e estabilização da frequência cardíaca (FC), garantindo também adaptação cronotrópica com variação da FC frente às demandas fisiológicas por meio da ativação dos sensores de variação de frequência. Em pacientes com disfunção sistólica e insuficiência cardíaca (IC) refratária, a Terapia de Ressincronização Cardíaca (TRC) pode ser fundamental para a melhora funcional e de sobrevida. A TRC é uma modalidade de estimulação cardíaca artificial que tem o propósito de corrigir as disfunções eletromecânicas presentes em pacientes com IC e dissincronia intraventricular, associado a disfunção ventricular esquerda (VE) e o tratamento clínico otimizado. Os resultados de estudos hemodinâmicos, funcionais e também de curvas de so- | 16 | “ Dentre as características clínicas que podem afetar o resultado da TRC, a presença de FA tem sido considerada limitação importante. ” brevida têm demonstrado grande benefício desta modalidade de tratamento quando a recuperação do sincronismo contrátil entre o septo interventricular e a parede lateral do VE é alcançada (ressincronização cardíaca).4 Embora a indicação clássica de TRC tenha sido inicialmente direcionada a pacientes muito sintomáticos (NYHA III e IV), recentemente tem-se demonstrado que mesmo pacientes em classe funcional menos avançada (NYHA I e II) podem apresentar reversão parcial do remodelamento ventricular (remodelamento reverso) característico da IC progressiva (aumento dos diâmetros do VE, redução do desempenho sistólico e diastólico e aumento da regurgitação valvar mitral), além de melhora clínica, funcional e de sobrevida.5-7 Entretanto, algumas limitações do método ainda não foram plenamente superadas, o que resulta em taxa de insucesso clínico considerada elevada: cerca de 30% dos pacientes submetidos à TRC, embora corretamente selecionados e adequadamente “estimulados”, não apresentam resposta clínica satisfatória (não respondedores).8 Dentre as características clínicas que podem afetar o resultado da TRC, a presença de FA tem sido considerada limitação im- portante. A competição com o ritmo espontâneo do paciente (FA com elevada frequência ventricular) pode resultar em inibição do MP, comprometendo a captura biventricular e limitando os efeitos da ressincronização. Por este motivo, os principais estudos que avaliaram o impacto clínico-funcional da TRC não incluíram pacientes com FA. Outros estudos que incluíram pacientes com FA permanente demonstraram que, quando se alcança captura máxima (próximo a 100% de estimulação biventricular), os benefícios podem ser comparáveis àqueles obtidos em pacientes com ritmo sinusal estável.9,10 Assim, a presença de FA permanente não deve contraindicar a TRC, apesar de serem limitadas as informações na literatura quanto ao comportamento clínico, funcional e de remodelamento reverso neste grupo de pacientes. A ressincronização efetiva em pacientes com FA permanente pode ser desafiadora nos casos em que a condução AV é normal. Nestes pacientes, o controle da FC pode ser induzido por fármacos, principalmente betabloqueadores. A ablação por radiofrequência da junção AV (provocando bloqueio atrioventricular total) pode ser necessária em casos refratários. Assim sendo, em pacientes com FA permanente e disfunção ventricular, quando há indicação clínica de implante de MP, é provável que sistemas biventriculares (TRC) sejam capazes de resultar em melhor evolução, uma vez que podem prevenir o dissincronismo resultante da estimulação isolada do VD.11 Estudos prospectivos e randomizados, semelhantes àqueles desenvolvidos para pacientes em ritmo sinusal, são necessários para a consolidação dessa importante estratégia terapêutica. O benefício do MP em pacientes com FA e IC pode ser auspicioso, frente aos efeitos de regularização do ritmo e recuperação do cronotropismo, sem promoção de dissincronia (TRC). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. Site SOBRAC: www.sobrac.org Mais informações: http://sobrac.org/cbac2015/ Martinelli Filho M ZL, Lorga AM, Vasconcelos JTM, et al. Guidelines for Implantable Electronic Cardiac Devices of the Brazilian Society of Cardiology. Arq Bras Cardiol. 2007;89:e210-38. Platonov PG, Holmqvist F. Atrial fibrillatory rate and irregularity of ventricular response as predictors of clinical outcome in patients with atrial fibrillation. Electrocardiol. 2011 Nov-Dec;44(6):673-7. Maisel WH, Stevenson LW. Atrial fibrillation in heart failure: epidemiology, pathophysiology, and rationale for therapy. Am J Cardiol. 2003;91:2D-8D. Brignole M, Auricchio A, BaronEsquivias G, et al. 2013 ESC guidelines on cardiac pacing and cardiac resynchronization therapy: the task force on cardiac pacing and resynchronization therapy of the European Society of Cardiolody. Europace. 2013. Aug;15(8):1070-118. Tang AS, Wells GA, Talajic M, et al. Cardiac-resynchronization therapy for mild-to-moderate heart failure. N Engl J Med. 2010;363:2385-95. | 17 | 6. Moss AJ, Hall WJ, Cannom DS, et al. Cardiac-resynchronization therapy for the prevention of heart-failure events. N Engl J Med. 2009;361:1329-38. 7. Linde C, Abraham WT, Gold MR, et al. Cardiac resynchronization therapy in asymptomatic or mildly symptomatic heart failure patients in relation to etiology: results from the REVERSE study. J Am Coll Cardiol. 2010;56:1826-31. 8. Herre J. Keys to successful cardiac resynchronization therapy. Am Heart J. 2007;153:18-24. 9. Upadhyay GA, Choudhry NK, Auricchio A, et al. Cardiac resynchronization in patients with atrial fibrillation: a meta-analysis of prospective cohort studies. J Am Coll Cardiol. 2008;52:1239-46. 10. Gasparini M, Leclercq C, Lunati M, et al. Cardiac resynchronization therapy in patients with atrial fibrillation: the CERTIFY study. JACC Heart Fail. 2013 Dec;1(6):500-7. 11. Martinelli Filho M, de Siqueira SF, Costa R, et al. Conventional versus biventricular pacing in heart failure and bradyarrhythmia: the COMBAT study. J Card Fail. 2010;16(4):293-300. SYNTHROID® (levotiroxina sódica). MS nº 1.0553.0289 (apresentações com 25 mcg, 50 mcg, 75 mcg, 88 mcg, 100 mcg, 112 mcg, 125 mcg, 150 mcg, 175 mcg e 200 mcg) e MS nº 1.0553.0329 (apresentação com 137 mcg). Indicações: Hipotireoidismo: na terapia de reposição ou suplementação em pacientes com hipotireoidismo congênito ou adquirido de qualquer etiologia (exceto no hipotireoidismo transitório, durante a fase de recuperação de tireoidite subaguda). Nesta categoria incluem-se: cretinismo, mixedema e hipotireoidismo comum em pacientes de qualquer idade (crianças, adultos e idosos) ou fase (inclusive gravidez), hipotireoidismo primário resultante de déficit funcional; atrofia primária; ausência congênita total ou parcial, ablação total ou parcial da glândula tireoide, ou por efeitos de cirurgia, radiação ou medicamentos com ou sem bócio; hipotireoidismo secundário (hipofisário) ou terciário (hipotalâmico). Supressão de TSH hipofisário: tratamento de tireoidite linfocítica subaguda ou crônica (tireoidite de Hashimoto) e como adjuvante nas cirurgias e radioiodoterapia para controle de câncer tireoideano bem-diferenciado tireotropina dependente. Contraindicações: SYNTHROID® (levotiroxina sódica) é contraindicado a pacientes com quadro subclínico não tratado (nível sérico de TSH suprimido com níveis normais de T3 e T4) ou evidente de tireotoxicose de qualquer etiologia e a pacientes com infarto agudo do miocárdio. Também é contraindicado a pacientes com insuficiência adrenal não corrigida e a pacientes com hipersensibilidade a levotiroxina sódica ou aos demais componentes do produto. Cuidados e Advertências: SYNTHROID® (levotiroxina sódica) não deve ser utilizado para o tratamento da obesidade ou perda de peso e no tratamento da infertilidade masculina ou feminina, a menos que esta condição esteja associada ao hipotireoidismo. Em pacientes com bócio difuso atóxico ou doença tireoidiana nodular, particularmente idosos ou com doença cardiovascular subjacente, o medicamento é contraindicado caso os níveis séricos de TSH já estejam suprimidos, devido ao risco de precipitação de tireotoxicose evidente. Uma titulação cuidadosa da dose do medicamento é necessária para evitar conseqüências de tratamento com doses excessivas ou insuficientes. Em mulheres, o tratamento por longo prazo com levotiroxina foi associado a um aumento da reabsorção óssea, resultando em diminuição da densidade mineral óssea. Recomenda-se cautela na administração de levotiroxina em pacientes com distúrbios cardiovasculares e idosos nos quais há risco aumentado de doença cardíaca oculta. O tratamento com dose excessiva de levotiroxina sódica pode resultar em efeitos adversos cardiovasculares, tais como aumento da freqüência cardíaca, hipertrofia da parede miocárdica, aumento da contratilidade miocárdica e quadro de angina ou de arritmias. Pacientes com doença arterial coronariana tratados com levotiroxina devem ser monitorados rigorosamente durante procedimentos cirúrgicos. A administração concomitante de levotiroxina e agentes simpatomiméticos em pacientes com doença arterial coronariana pode precipitar insuficiência coronariana. Recomenda-se cautela na administração de levotiroxina em pacientes com bócio difuso atóxico ou doença tireoidiana nodular a fim de impedir o desencadeamento de tireotoxicose. Ocasionalmente, pode ocorrer tireoidite autoimune crônica em associação a outros distúrbios autoimunes, tais como insuficiência adrenal, anemia perniciosa e diabetes Tipo I. Pacientes pediátricos com hipotireoidismo congênito parecem apresentar risco aumentado para outras anomalias congênitas, sendo as mais comuns as anomalias cardiovasculares. Gravidez e lactação: os estudos em mulheres que receberam levotiroxina sódica durante a gestação não mostraram risco aumentado para anomalias congênitas. O hipotireoidismo diagnosticado durante a gestação deve ser tratado imediatamente. Durante a gestação, os níveis séricos de T4 podem diminuir e os níveis séricos de TSH aumentar os valores fora dos limites de normalidade. Considerando que podem ocorrer elevações dos níveis séricos de TSH em períodos tão precoces quanto 4 semanas de gestação, o TSH deve ser avaliado a cada trimestre nas gestantes tratadas com SYNTHROID® (levotiroxina sódica). Recomenda-se cautela ao administrar SYNTHROID® (levotiroxina sódica) em mulheres durante a lactação. Uso pediátrico: em crianças nas quais o diagnóstico de hipotireoidismo permanente ainda não foi estabelecido, recomenda-se que a administração de levotiroxina seja descontinuada por período teste de 30 dias, mas apenas depois que a criança tiver pelo menos 3 anos de idade. Os níveis séricos de T4 e de TSH devem então, ser reavaliados. Se T4 for baixo, o TSH elevado e o diagnóstico de hipotireoidismo permanente estabelecido, o tratamento com levotiroxina deve ser reinstituído. Se os níveis de T4 e TSH forem normais, pode-se assumir o eutiroidismo e, portanto, o hipotireoidismo pode ser considerado como transitório. No caso de hipotireoidismo congênito e hipotireoidismo adquirido, o tratamento com SYNTHROID® (levotiroxina sódica) deve ser iniciado imediatamente no momento do diagnóstico e deve ser mantido por toda a vida. O paciente deve ser monitorado rigorosamente para evitar tratamento insuficiente ou excessivo. Uso em idosos: em virtude da prevalência aumentada de doenças cardiovasculares em indivíduos idosos, o tratamento com levotiroxina não deve ser iniciado com a dose de reposição completa. Reações adversas: fadiga, aumento do apetite, perda de peso, intolerância ao calor, febre, sudorese excessiva, cefaleia, hiperatividade, nervosismo, ansiedade, irritabilidade, instabilidade emocional, insônia, tremores, fraqueza muscular, palpitações, taquicardia, arritmias, aumento de pulso, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, angina, infarto do miocárdio, parada cardíaca, dispneia, diarreia, vômitos, dores abdominais, aumento da atividade hepática, queda de cabelos, rubor facial, redução da densidade mineral óssea, irregularidade menstrual e alterações da fertilidade. Pseudotumor cerebral e luxação da epífise femural foram relatados em crianças sob tratamento com levotiroxina. Tratamento excessivo pode resultar em craniosinostose e em fechamento prematuro da epífise em crianças, resultando em compromentimento da altura quando adultos. Convulsões foram raramente relatadas com a instituição de tratamento com levotiroxina. Reações de hipersensibilidade aos ingredientes inativos ocorreram em pacientes tratados com produtos do hormônio da tireoide: urticária, prurido, erupção cutânea, rubor, angioedema, vários sintomas gastrintestinais (dor abdominal, náusea, vômito e diarreia), artralgia, doença do soro e dificuldade de respirar. Interações medicamentosas: dopamina/agonistas da dopamina, glicocorticoides, octreotida, aminoglutetimida, amiodarona, iodetos (inclusive agentes de contraste radiográfico contendo iodo), lítio, tioamidas (metimazol, propiltiouracil (PTU) e carbimazol), sulfonamidas, tolbutamida, antiácidos (hidróxidos de alumínio e magnésio, simeticona), sequestrantes de ácidos biliares (colestiramina e colestipol), carbonato de cálcio, resinas trocadoras de cátions (poliestireno sulfonado de sódio), sulfato ferroso, sucralfato, clofibrato, contraceptivos orais contendo estrogênio, estrogênios (orais), heroína / metadona, 5- fluorouracil, mitotano, tamoxifeno, furosemida (> 80 mg IV), heparina, hidantoínas, anti-inflamatórios não esteroides, fenamatos, fenilbutazona, salicilatos (> 2 g/dia), carbamazepina, fenobarbital, rifampicina, antagonistas beta-adrenérgicos (ex. propranolol > 160 mg/dia), anticoagulantes orais, derivados cumarínicos, derivados da indandiona, antidepressivos tricíclicos (ex. amitriptilina), antidepressivos tetracíclicos (ex. maprotilina), inibidores seletivos da recaptação de serotonina - ISRS (ex. sertralina), agentes antidiabéticos (biguanidas, meglitinidas, sulfonilureias, tiazolidinedionas, insulina), glicosídeos cardíacos, citocinas (interferon-α e interleucina – 2), hormônios do crescimento (somatrem e somatropina), cetamina, broncodilatadores metilxantínicos (ex. teofilina), agentes radiográficos, simpaticomiméticos, inibidores da tirosina quinase, hidrato de cloral, diazepam, etionamida, lovastatina, metoclopramida, 6-mercaptopurina, nitroprussiato, para-aminossalicilato sódico, perfenazina, resorcinol (uso tópico excessivo), diuréticos tiazídicos e glicosídeos digitálicos. Interações com alimentos: farinha de soja (preparação pediátrica), farinha de caroço de algodão, nozes, cálcio e suco fortificado com cálcio e fibras dietéticas. Interações com exames laboratoriais: devem-se considerar alterações na concentração de TBG ao se interpretar os valores de T4 e T3, que necessitam de medida e avaliação do hormônio não ligado e/ou determinação do índice de T4 livre (FT4I). Posologia: SYNTHROID® (levotiroxina sódica) deve ser administrado em dose diária, de preferência 30 minutos a 1 hora antes do café da manhã, com um intervalo mínimo de 4 horas da administração de outros medicamentos que alteram a sua absorção. Para recém-nascidos, a dose inicial recomendada é de 10 a 15 mcg/kg/dia. Hipotiroidismo - Adultos e crianças cujas fases de crescimento e puberdade estejam completadas: recomenda-se uma dose inicial de 25 a 50 mcg/dia, com aumentos graduais na posologia a cada 6 a 8 semanas, conforme a necessidade dos pacientes com mais de 50 anos, ou pacientes com idade inferior a 50 anos mas com doença cardíaca subjacente. A dose inicial recomendada em pacientes idosos com doença cardíaca é de 12,5 a 25 mcg/dia, com aumentos graduais em intervalos de 4 a 6 semanas. A posologia é geralmente aumentada em 12,5 a 25 mcg até que pacientes com hipotireoidismo primário sejam clinicamente considerados eutireoideanos e os níveis de TSH normalizados. Em pacientes com hipotireoidismo grave, a dose inicial recomendada é de 12,5 a 25 mcg/dia, com aumentos de 25 mcg/dia a cada 2 a 4 semanas, acompanhados por avaliações médicas e testes laboratoriais, até que o nível de TSH tenha normalizado. A dose de reposição média de SYNTHROID® (levotiroxina sódica) é de aproximadamente 1,7 mcg/kg/dia (100 a 125 mcg/dia para um adulto de 70 kg). Pacientes com mais de 50 anos podem necessitar de doses menores que 1 mcg/kg/dia. Uso pediátrico – Hipotireoidismo congênito ou adquirido: Recém-nascidos: a dose inicial recomendada de SYNTHROID® (levotiroxina sódica) a recém-nascidos é de 10 a 15 mcg/kg/dia. Uma dose inicial reduzida (ex.: 25 mcg/dia) deve ser considerada em crianças com insuficiência cardíaca e deve ser ajustada a cada 4 a 6 semanas, conforme resposta clínica e laboratorial ao tratamento. Crianças: o tratamento deve ser iniciado com doses de reposição, com a dose/kg reduzindo conforme a idade. Entretanto, a crianças com hipotireoidismo crônico ou grave, recomenda-se dose inicial de 25 mcg/dia, com aumentos de 25 mcg a cada 2 a 4 semanas, até que o efeito desejado seja obtido. . Para mais informações, inclusive sugestão de administração, vide bula. Hipotireoidismo subclínico: caso seja realizado tratamento para essa condição clínica, uma dose menor (ex.: 1 mcg/kg/dia) do que a recomendada para tratamento de reposição pode ser suficiente para que o nível sérico de TSH normalize. Supressão de TSH em pacientes com câncer tireoideano bem-diferenciado e nódulos tireoideanos: a dose utilizada na supressão de TSH deve ser individualizada conforme o grau da doença e o quadro clínico. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Registrado por: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda. Rua Michigan, 735, São Paulo – SP. CNPJ 56.998.701/0001-16. ABBOTT CENTER 0800 703 1050. (BU06) Central de Relacionamento com o Cliente Abbott Center - 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde prescritores. REPRODUÇÃO PROIBIDA PRODUZIDO EM JULHO/2015. Precisão, segurança e qualidade na dose certa, para todos os perfis de pacientes1 levotiroxina evotiroxina sódica 1 EMBALADO EM ATMOSFERA ESPECIAL GARANTINDO A ESTABILIDADE DA LEVOTIROXINA DURANTE TODO O PERÍODO DE VALIDADE.3 C AL NOVAS EMBALAGENS APRESENTAÇÕES1 FÓRMULA INALTERADA I O N O V E RS O AIX A 11 R DÁ C DA EN 2 25, 50, 75, 88, 100, 112, 125, 137, 150, 175, 200 (mcg) 25 50 75 88 100 112 125 137 150 175 200 CONTRAINDICAÇÃO: PACIENTES COM QUADRO SUBCLÍNICO NÃO TRATADO OU EVIDENTE DE TIREOTOXICOSE DE QUALQUER ETIOLOGIA. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: AMIODARONA, GLICOCORTICOIDES, ANTIÁCIDOS (HIDRÓXIDOS DE ALUMÍNIO E MAGNÉSIO), CONTRACEPTIVOS ORAIS COMBINADOS, ANTIDIABÉTICOS ORAIS. Referências bibliográficas: 1. Bula do Produto Synthroid 2. Conforme regras do programa Abrace a Vida (HYPERLINK “http://www.abraceavida.com.br”www.abraceavida.com.br) e PMC conforme valores publicados na revistaKairosweb, acesso em 06/07/2015no link: http://brasil.kairosweb.com/producto-synthroid-9064 3. Technical l Report GPO-MST-09-0240 ,Effective date , 20 feb 2009 , Blister Packing SYNTHROID Tablets with inert gas. Central de Relacionamento com o Cliente Abbott Center - 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde prescritores. REPRODUÇÃO PROIBIDA PRODUZIDO EM JULHO/2015. Quando os caminhos são diversos, é bom contar com uma referência.1 A PRIMEIRA ESCOLHA na reversão da FA e na manutenção do ritmo sinusal em pacientes com coração estruturalmente normal.2,3 POSOLOGIA USO ADULTO5 4 DOSE MÉDIA DOSE MÁXIMA 600 mg/DIA 900 mg/DIA 1/2 (meio) comprimido 3x ao dia 1 comprimido 2x ao dia 1 comprimido 3x ao dia APRESENTAÇÕES:5 EMBALAGEM COM 30 E 60 COMPRIMIDOS REVESTIDOS SULCADOS DE 300 mg. Referências bibliográficas: 1. Lista de Medicamentos de Referencia. Atualizada em 19/06/2015-Disponível em:http://portal.anvisa.gov.br. 2. Zimerman LI, Fenelon G, Martinelli Filho M, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial. ArqBrasCardio. 2009 ;92(6 supl.1):1-39. 3. Fuster V, et. Al.; American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; EuropeanSociety of Cardiology Committee for Practice Guidelines; European Heart Rhythm Association; Heart Rhythm Society. ACC/AHA/ESC 2006 Guidelines for the Management of Patients with Atrial Fibrillation: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Forceon Practice Guidelines and the European Society of Cardiology Committee for Practice Guidelines (Writing Committee to Revise the 2001 Guidelines for the Management of Patients With Atrial Fibrillation): developed in collaboration with the European Heart Rhythm Association and the Heart Rhythm Society. Circulation. 2006 Aug 15;114(7):e257-354. Erratum in: Circulation. 2007 Aug 7;116(6):e138. 4. Conforme regras do programa Abrace a Vida (HYPERLINK “http://www.abraceavida.com.br”www.abraceavida.com.br) e PMC conforme valores publicados na revistaKairosweb, acesso em 06/07/2015no link: http://brasil.kairosweb.com/producto-ritmonorm-4377 5. Bula do produto– Ritmonorm RITMONORM® (cloridrato de propafenona) - MS: 1.0553.0309. USO ADULTO. INDICAÇÕES: tratamento das taquiarritmias supraventriculares sintomáticas, em pacientes sem doença cardíaca estrutural significativa, como FA paroxística, taquicardia juncional AV e taquicardia supraventricular em pacientes portadores da Síndrome de Wolff-Parkinson-White. Taquiarritmia ventricular sintomática, considerada ameaçadora a vida pelo médico. CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade conhecida ao cloridrato de propafenona ou a qualquer outro componente da fórmula; síndrome de Brugada; doença de significante alteração estrutural cardíaca como: insuficiência cardíaca descompensada com fração de ejeção do ventrículo esquerdo inferior a 35% e choque cardiogênico, exceto quando causado por arritmia. Bradicardia sintomática severa; doença do nódulo sinusal, transtornos pré-existentes de alto grau da condução sino-atrial, bloqueios atrioventriculares de segundo grau ou maior, bloqueio de ramo ou bloqueio distal na ausência de marcapasso externo; doença pulmonar obstrutiva grave; distúrbio eletrolítico não compensado (ex. desordens nos níveis séricos de potássio); hipotensão arterial severa; tratamento concomitante de cloridrato de propafenona e ritonavir, Miastenia grave e ocorrência de infarto agudo do miocárdio nos últimos 3 meses. ADVERTÊNCIAS: Dados de segurança pré-clínicos: não revelaram nenhum risco especial baseados em estudos convencionais de farmacologia de segurança, toxicidade de doses repetidas, genotoxicidade, potencial carcinogênico ou toxicidade reprodutiva. Efeitos na capacidade de dirigir ou usar máquinas: visão embaçada, tonturas, fadiga e hipotensão postural podem afetar a velocidade de reação e diminuir a capacidade de operar máquinas ou veículos motores. Síndrome de Brugada: esta síndrome pode ser desmascarada ou aparecer no ECG. As alterações podem ser provocadas após exposição ao produto por portadores assintomáticos da síndrome. Após o início do tratamento um ECG deve ser realizado para descartar alterações sugestivas desta síndrome. É essencial que cada paciente tratado seja submetido a uma avaliação clínica e eletrocardiográfica antes e durante o tratamento para determinar se a resposta ao medicamento comporta um tratamento continuado. O tratamento com Ritmonorm pode afetar o limiar rítmico e de sensibilidade de marca-passos artificiais. O marca-passo deve ter suas funções checadas e, se necessário, deve ser reajustado. Existe um potencial para conversão da fibrilação atrial paroxística para flutter atrial com bloqueio de condução 2:1 ou condução 1:1 (ver Reações adversas). . Uso na gravidez: não existem estudos adequados e bem controlados em mulheres grávidas. Deve ser usado durante a gravidez somente se o benefício potencial justificar o risco potencial ao feto. A propafenona passa pela barreira placentária em humanos. Foi relatado que sua concentração no cordão umbilical representa cerca de 30% do total no sangue materno. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Categoria de risco: C. Lactação: a excreção de propafenona no leite materno não foi estudada. Dados limitados sugerem que a propafenona pode ser excretada no leite materno. Deve ser usado com cuidado em mães lactantes. Idosos: Não foram observadas diferenças na segurança ou eficácia quando usado em idosos. Não se pode excluir uma sensibilidade maior de alguns indivíduos idosos que devem ser monitorados cuidadosamente. Em virtude do possível risco aumentado de função hepática ou renal alterada neste grupo etário, recomenda-se cautela em pacientes idosos. Deve ser usado com cautela em pacientes com obstrução das vias aéreas, por exemplo asma. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: anestésicos locais e outros fármacos que possuem efeito inibitório sobre a frequência cardíaca e/ou contratilidade miocárdica: pode ocorrer potencialização de efeitos colaterais na administração conjunta com anestésicos locais (p. ex., para implantação de marca-passo, procedimentos cirúrgicos ou dentários) e outros fármacos que possuem efeito inibitório sobre a frequência cardíaca e/ou a contratilidade miocárdica (p.ex., betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos). Efeito de outros medicamentos sobre a propafenona: fármacos inibidores das enzimas CYP2D6, CYP1A2 e CYP3A4: cetoconazol, cimetidina, quinidina, eritromicina e suco de grapefruit (toranja ou pomelo),, podem aumentar os níveis da propafenona. Quando administrado com inibidores destas enzimas, os pacientes devem ser monitorados cuidadosamente e a dose deve ser ajustada de acordo. fenobarbital: o fenobarbital é um indutor conhecido da CYP3A4. A resposta ao tratamento com cloridrato de propafenona deve ser monitorada durante o uso crônico concomitante de fenobarbital. rifampicina: seu uso concomitante pode reduzir a eficácia antiarrítmica da propafenona como resultado de uma redução de seus níveis plasmáticos. fluoxetina e paroxetina: elevados níveis plasmáticos de propafenona podem ocorrer quando do uso concomitantemente com inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS), como fluoxetina e paroxetina. A administração concomitante com fluoxetina em metabolizadores rápidos aumentou o Cmax e a AUC da S-propafenona em 39 e 50%, respectivamente, e a Cmax e a AUC da R-propafenona em 71 e 50%, respectivamente. Doses menores de propafenona podem ser suficientes para obter a resposta terapêutica desejada. Efeito de propafenona sobre outros medicamentos: fármacos metabolizados pela CYP2D6A (como venlafaxina): esta coadministração pode levar a níveis aumentados destes fármacos. Aumentos dos níveis plasmáticos ou sanguíneos de propranolol, metoprolol, desipramina, ciclosporina, teofilina e digoxina foram relatados durante a terapia com cloridrato de propafenona. A dose desses medicamentos deve ser reduzida apropriadamente se sinais de superdosagem forem observados. Amiodarona: a terapia combinada de amiodarona e cloridrato de propafenona pode afetar a condução e a repolarização, levando a anormalidades com potencial pró-arrítmico. Podem ser necessários ajustes de dose de ambos os compostos com base na resposta terapêutica. Lidocaína: não foram observados efeitos significativos na farmacocinética da propafenona ou da lidocaína após o seu uso concomitante. Entretanto, foi reportado que o uso concomitante de cloridrato de propafenona e lidocaína intravenosa aumenta os riscos de efeitos colaterais no sistema nervoso central relacionados à lidocaína. Anticoagulantes orais: recomenda-se rigoroso monitoramento da condição de coagulação quando da coadministração com anticoagulantes orais (p.ex., fenprocumona, varfarina), pode ocorrer aumento da eficácia destes fármacos, resultando em um tempo de protrombina aumentado. As doses desses medicamentos devem ser reduzidas, apropriadamente, se sinais de superdosagem forem observados. REAÇÕES ADVERSAS: Reações adversas muito comuns ≥ 1/10 (> 10%): tontura (excluindo vertigem), desordens de condução cardíaca (incluindo bloqueio sinoatrial, bloqueio atrioventricular e intraventricular) e palpitações. Reações adversas comuns/frequentes ≥ 1/100 a < 1/10 (> 1% e < 10%): ansiedade, desordens do sono, cefaleia, disgeusia, turvação visual, bradicardia sinusal, taquicardia, flutter atrial, náusea, vômito, diarreia, constipação, boca seca, dor abdominal, dispnéia, função hepática anormal como aumento de asparato aminotransferase, aumento de alanina aminostransferase, aumento de gamma-glutamiltransferase e aumento da fosfatase alcalina sanguínea, fadiga, dor torácica, astenia e febre. Reações adversas incomuns ≥ 1/1.000 e < 1/100 (>0,1% e < 1%): trombocitopenia, diminuição do apetite, síncope, pesadelos, ataxia e parestesia, vertigem, taquicardia ventricular, arritmia (A propafenona pode estar associada com efeitos proarrítmicos que se manifestam através do aumento do ritmo cardíaco (taquicardia) ou fibrilação ventricular. Algumas dessas arritmias podem ser ameaças de vida e podem requerer ressuscitação para prevenção de desfecho potencialmente fatal.), hipotensão, distensão abdominal, flatulência, prurido, urticária, rash e eritrema, disfunção erétil. Reações adversas raras > 1/10.000 e < 1/1.000 (> 0,01% e < 0,1%): Não são conhecidas até o momento. Reações adversas muito raras > 1/10.000 (< 0,01%): Não são conhecidas até o momento. São descritas a seguir reações adversas pós-comercialização de propafenona, que não possuem frequência conhecida: leucocitopenia, granulocitopenia, agranulocitose, hipersensibilidade (que pode se manisfetar por colestase, discrasias sanguíneas, e erupção cutânea), confusão mental, convulsão, sintomas extrapiramidais e inquietação, fibrilação ventricular; falência cardíaca (pode ocorrer um agravo da insuficiência cardíaca pré-existente), redução do ritmo cardíaco, hipotensão ortostática (hipotensão postural), distúrbio gastrintestinal, vômito, desordens hepatobiliares incluindo lesão celular, colestase, icterícia e hepatite, síndrome lupus-lik, diminuição da contagem de esperma (reversível após descontinuação da propafenona). POSOLOGIA: Devido a seu sabor amargo e ao efeito anestésico superficial da substância ativa, os comprimidos revestidos devem ser deglutidos inteiros com um pouco de líquido após as refeições, sem mastigar. A dosagem deve ser ajustada conforme necessidades individuais dos pacientes. Naqueles pacientes nos quais ocorre um alargamento significativo do complexo QRS ou bloqueio atrioventricular de segundo ou terceiro grau, deve ser considerada uma redução da dose. Adultos: A determinação da dose de manutenção é individual. A dose inicial para titulação e de manutenção diária recomendada é de 450 a 600 mg dividida entre 2 ou 3 doses por dia. Estes dados são válidos para pacientes com um peso corporal de aproximadamente 70 kg. Em pacientes com peso inferior, deve-se reduzir as doses diárias. A dose individual de manutenção deve ser determinada sob supervisão cardiológica, incluindo monitorização eletrocardiográfica e medidas repetidas da pressão arterial (fase de titulação).Eventualmente, torna-se necessário aumento da dose diária para 900mg, conforme esquema: Dose mínima: 450 mg/dia (1/2 comprimido de 300mg, a cada 8 horas). Dose média: 600 mg/dia (1 comprimido de 300mg, a cada 12 horas). Dose máxima: 900 mg/dia (1 comprimido de 300mg, a cada 8 horas).. O aumento da dose não deve ser realizado até que o paciente complete 3 a 4 dias de tratamento. O limite máximo diário de administração são 3 comprimidos revestidos de 300 mg cada. Idosos: Não foram observadas diferenças na segurança ou eficácia do medicamento quando usado em idosos. Não pode ser excluída uma sensibilidade maior de alguns indivíduos idosos e, portanto estes pacientes devem ser monitorados cuidadosamente. O mesmo se aplica a terapia de manutenção. Qualquer aumento da dose que seja necessário não deve ser realizado até que se complete 5 a 8 dias de tratamento. Recomenda-se que o início do tratamento seja feito com o paciente hospitalizado, sob controle médico, devido ao risco aumentado de efeitos pró-arrítmicos associados à administração da propafenona. Insuficiência hepática e renal: pode haver o acúmulo da droga após administração de dose terapêutica- padrão. No entanto, esses pacientes podem ser tratados com desde que haja controle cardiológico, ou seja, controle eletrocardiográfico e monitoramento clínico. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Registrado por: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda. Rua Michigan, 735, São Paulo – SP - CNPJ 56.998.701/0001-16. ABBOTT CENTER - 0800 7031050. Baseada na BU 05. CONTRAINDICAÇÃO: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA MANIFESTA. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: COM VARFARINA, PROLONGANDO O TEMPO DE PROTROMBINA. Central de Relacionamento com o Cliente Abbott Center - 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde prescritores. Reprodução proibida - PRODUZIDO EM JULHO/2015. 20001050 RTM - REVISTA RITMO EM FOCO VOL 3 DEZ/14 DOSE MÍNIMA 450 mg/DIA