UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE ENFERMAGEM ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA Profª. Alcinéa Cristina Ferreira de Oliveira ONCOGÊNESE / NEOPLASIA Carcinogênese ou oncogênese são termos que designam o processo de desenvolvimento de uma neoplasia, desde as alterações mais precoces no DNA, que supostamente ocorrem em uma só célula ou em um pequeno grupo delas, até a formação de um tumor que pode destruir o organismo hospedeiro. A divisão celular, normalmente é controlada por fatores reguladores, capazes de permitir a manutenção da homeostase. No entanto, há circunstâncias especiais em que este controle falha e as células passam a se dividir de forma autônoma. Esta capacidade de se dividir de forma autônoma, de se libertar dos controles de crescimento, é a principal característica da célula neoplásica (neo = novo; plasein = formar). (SOUZA) "Neoplasia é uma massa anormal de tecido cujo crescimento excede e não está coordenado ao crescimento dos tecidos normais e que persiste mesmo cessada a causa que a provocou." (Rupert Willis- Patologista inglês) 2 A Causa Os eventos básicos da oncogênese são conhecidos em nível molecular. Resultam de agressão ao genoma da célula, com alterações do DNA (mutações) ou expressão anômala de genes normais. Tais alterações levam à ativação ou inativação de genes que coordenam funções essenciais da célula, como proliferaçãoe diferenciação. O acúmulo de mutações nesses genes críticos leva à perda progressiva da homeostase e ao aparecimento do fenótipo celular maligno. Cerca de 70%-80% dos cânceres humanos estão relacionados a fatores ambientais. Por exemplo, o hábito de fumar está associado à elevada incidência de câncer de pulmão. “Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, liberados pela combustão do tabaco, exercem ação oncogênica não somente no trato respiratório, mas em outros órgãos como esôfago, estômago e bexiga”. 3 Alguns fatores aumentam o risco de Câncer: Câncer de Pulmão, Laringe e Bexiga: à Cigarro Câncer de Mama: à História familiar de câncer de mama à Mulheres que nunca engravidaram à Mulheres que tiveram o primeiro filho após os 30 anos Câncer de Colo de Útero: à Vida sexual precoce e múltiplos parceiros Câncer de Cólon e Reto: à História familiar ou pessoal de câncer de intestino, pólipo ou colite ulcerativa. Alguns hábitos alimentares associados ao risco de câncer: Consumo excessivo de álcool e fumo. Dieta rica em gordura Conservantes químicos presentes em alimentos enlatados e "embutidos", como salsichas e salames Baixo consumo de vitaminas A e C 4 Surgimento do Câncer As células que constituem os animais são formadas por três partes: a membrana celular, que é a parte mais externa da célula; o citoplasma, que constitui o corpo da célula; e o núcleo, que contêm os cromossomas que por sua vez são compostos de genes. Os genes são arquivos que guardam e fornecem instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células no organismo. Toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes, numa "memória química" - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da célula. Uma CÉLULA NORMAL pode sofrer alterações no DNA dos genes. As células cujo material genético foi alterado passam a receber INSTRUÇÕES ERRADAS para as suas atividades. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados protooncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os protooncogenes transformam-se em oncogenes, responsáveis pela malignização das células normais. 5 As células alteradas multiplicam-se de maneira descontrolada, mais rapidamente do que as células normais do tecido à sua volta, invadindo-o. Geralmente, têm capacidade para formar novos vasos sangüíneos que as nutrirão e manterão as atividades de crescimento descontrolado. O acúmulo dessas células forma os tumores malignos. Adquirem a capacidade de se desprender do tumor e de migrar. Invadem inicialmente os tecidos vizinhos, podendo chegar ao interior de um vaso sangüíneo ou linfático e, através desses, disseminar-se, chegando a órgãos distantes do local onde o tumor se iniciou, formando as metástases. 6 O processo de carcinogênese, ou seja, de formação de câncer, em geral se dá lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo passa por vários estágios antes de chegar ao tumor. 7 ESTÁGIO DE INICIAÇÃO - É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito dos agentes cancerígenos ou carcinógenos que provocam modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células se encontram, geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. Encontram-se "preparadas", ou seja, "iniciadas" para a ação de um segundo grupo de agentes que atuará no próximo estágio. ESTÁGIO DE PROMOÇÃO - É o segundo estágio da carcinogênese. Nele, as células geneticamente alteradas, ou seja, "iniciadas", sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A suspensão do contato com agentes promotores muitas vezes interrompe o processo nesse estágio. Alguns componentes da alimentação e a exposição excessiva e prolongada a hormônios são exemplos de fatores que promovem a transformação de células iniciadas em malignas. ESTÁGIO DE PROGRESSÃO - É o terceiro e último estágio e se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. Nesse estágio o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença. “Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da carcinogênese são chamados agentes oncoaceleradores ou carcinógenos. O fumo é um agente carcinógeno completo, pois possui componentes que atuam nos três estágios da carcinogênese.” 8 FIGURA: Estágios 1, 2 e 3. Figura: Evolução de uma célula cancerosa. 9 Defesa do Organismo O sistema imunológico desempenha um importante papel nesse mecanismo de defesa. Ele é constituído por um sistema de células distribuídas numa rede complexa de órgãos, como o fígado, o baço, os gânglios linfáticos, o timo e a medula óssea, e circulando na corrente sangüínea. Esses órgãos são denominados órgãos linfóides e estão relacionados com o crescimento, o desenvolvimento e a distribuição das células especializadas na defesa do corpo contra os ataques de "invasores estranhos". Dentre essas células, os linfócitos desempenham um papel muito importante nas atividades do sistema imune, relacionadas às defesas no processo de carcinogênese. Cabe aos linfócitos a atividade de atacar as células do corpo infectadas por vírus oncogênicos (capazes de causar câncer) ou as células em transformação maligna, bem como de secretar substâncias chamadas de linfocinas. As linfocinas regulam o crescimento e o amadurecimento de outras células e do próprio sistema imune. Acredita-se que distúrbios em sua produção ou em suas estruturas sejam causas de doenças, principalmente do câncer. 10 A cura Em alguns casos, só tem cura se detectado no início. Muitos tipos de câncer podem ser curados e outros, incuráveis, podem ter tratamentos que proporcionam uma vida relativamente normal. Objetivo é a qualidade de vida 11 PREVENÇÃO Os cânceres causados pelo tabagismo e pelo uso de bebida alcóolica podem ser prevenidos em sua totalidade. Muitos cânceres que estão relacionados à dieta também podem ser prevenidos. Muitos cânceres de pele podem ser prevenidos pela proteção contra os raios solares. Exames específicos, conduzidos regularmente por profissionais da saúde podem detectar o câncer de mama, cólon, reto, colo de útero, próstata, testículo, língua, boca e pele em estádios iniciais, quando o tratamento tem grande chance de ser bem sucedido. Auto-exame de mama e pele podem também resultar no diagnóstico precoce de tumores. No que diz respeito à prevenção o exame de Papanicolaou e a mamografia, respectivamente, na detecção do câncer do colo do útero e de mama, diferentes estudos científicos têm mostrado sua utilidade no diagnóstico precoce desses cânceres, embora o impacto da mamografia, sobre a mortalidade por câncer de mama ainda seja objeto de investigações. 12 O alto consumo de gordura de origem animal está entre os principais fatores associados ao câncer colo-retal. Segundo dados do Instituto Nacional do câncer, até o final desse ano serão registrados 2.500 novos casos da doença somente no município do Rio de Janeiro. O fator hereditário também é expressivo nos tumores que acometem esta região. “Aproximadamente 50% dos descendentes de pacientes com histórico de tumor no intestino desenvolverão a doença”, afirmou o médico Francisco Lopes Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. A colonoscopia, exame capaz de detectar lesões no intestino, é indicada para pacientes com história familiar da doença, dificuldade para evacuar e presença de sangramento nas fezes. 13 Terapias A Quimioterapia mata as células cancerosas. E cura. Mas também mata células sadias e debilita o doente. Agora, um novo remédio protege a parte boa do organismo contra o ataque das drogas anticâncer. (fonte: Super Interessante, no. 10 – Outubro/1997) 14 A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica. 15 Mecanismos de ação e classificação das drogas antineoplásicas Os agentes utilizados no tratamento do câncer afetam tanto as células normais como as neoplásicas, porém eles acarretam maior dano às células malignas do que às dos tecidos normais, devido às diferenças quantitativas entre os processos metabólicos dessas duas populações celulares. Os citotóxicos não são letais às células neoplásicas de modo seletivo. As diferenças existentes entre o crescimento das células malignas e os das células normais e as pequenas diferenças bioquímicas verificadas entre elas provavelmente se combinam para produzir seus efeitos específicos. 16 O ADN, material genético de todas as células, age como modelador na produção de formas específicas de ARN transportador, ARN ribossômico e ARN mensageiro e, deste modo, determina qual enzima irá ser sintetizada pela célula. As enzimas são responsáveis pela maioria das funções celulares, e a interferência nesses processos irá afetar a função e a proliferação tanto das células normais como das neoplásicas. A maioria das drogas utilizadas na quimioterapia antineoplásica interfere de algum modo nesse mecanismo celular, e a melhor compreensão do ciclo celular normal levou à definição clara dos mecanismos de ação da maioria das drogas 17 Foi a partir dessa definição que Bruce e col.(1969) classificaram os quimioterápicos conforme a sua atuação sobre o ciclo celular em: • Ciclo-inespecíficos - Aqueles que atuam nas células que estão ou não no ciclo proliferativo, como, por exemplo, a mostarda nitrogenada. • Ciclo-específicos - Os quimioterápicos que atuam somente nas células que se encontram em proliferação, como é o caso da ciclofosfamida. • Fase-específicos - Aqueles que atuam em determinadas fases do ciclo celular, como, por exemplo, o metotrexato (fase S), o etoposídeo (fase G2) e a vincristina (fase M). 18 Tipos e finalidades da quimioterapia A quimioterapia pode ser feita com a aplicação de um ou mais quimioterápicos. O uso de drogas isoladas (monoquimioterapia) mostrou-se ineficaz em induzir respostas completas ou parciais significativas, na maioria dos tumores, sendo atualmente de uso muito restrito. A poliquimioterapia é de eficácia comprovada e tem como objetivos atingir populações celulares em diferentes fases do ciclo celular, utilizar a ação sinérgica das drogas, diminuir o desenvolvimento de resistência às drogas e promover maior resposta por dose administrada. 19 A quimioterapia pode ser utilizada em combinação com a cirurgia e a radioterapia. De acordo com as suas finalidades, a quimioterapia é classificada em: • Curativa - quando é usada com o objetivo de se conseguir o controle completo do tumor, como nos casos de doença de Hodgkin, leucemias agudas, carcinomas de testículo, coriocarcinoma gestacional e outros tumores. • Adjuvante - quando se segue à cirurgia curativa, tendo o objetivo de esterilizar células residuais locais ou circulantes, diminuindo a incidência de metástases à distância. Exemplo: quimioterapia adjuvante aplicada em caso de câncer de mama operado em estádio II. • Neoadjuvante ou prévia - quando indicada para se obter a redução parcial do tumor, visando a permitir uma complementação terapêutica com a cirurgia e/ou radioterapia. Exemplo: quimioterapia pré-operatória aplicada em caso de sarcomas de partes moles e ósseos. • Paliativa - não tem finalidade curativa. Usada com a finalidade de melhorar a qualidade da sobrevida do paciente. É o caso da quimioterapia indicada para carcinoma indiferenciado de células pequenas do pulmão. 20 Toxicidade dos quimioterápicos Os quimioterápicos não atuam exclusivamente sobre as células tumorais. As estruturas normais que se renovam constantemente, como a medula óssea, os pêlos e a mucosa do tubo digestivo, são também atingidas pela ação dos quimioterápicos. No entanto, como as células normais apresentam um tempo de recuperação previsível, ao contrário das células anaplásicas, é possível que a quimioterapia seja aplicada repetidamente, desde que observado o intervalo de tempo necessário para a recuperação da medula óssea e da mucosa do tubo digestivo. Por este motivo, a quimioterapia é aplicada em ciclos periódicos. 21 Os efeitos terapêuticos e tóxicos dos quimioterápicos dependem do tempo de exposição e da concentração plasmática da droga. A toxicidade é variável para os diversos tecidos e depende da droga utilizada. Nem todos os quimioterápicos ocasionam efeitos indesejáveis tais como mielode-pressão, alopécia e alterações gastrintestinais (náuseas, vômitos e diarréia). As doses para pessoas idosas e debilitadas devem ser menores, inicialmente, até que se determine o grau de toxicidade e de reversibilidade dos sintomas indesejáveis. 22 Exemplos de efeitos tóxicos dos quimioterápicos, conforme a época em que se manifestam após a aplicação. Precoces de 0 a 3 dias Síndrome da toxicidade precoce (Delgado 1983) • Náuseas • Vômitos • Mal estar • Adinamia • Artralgias • Agitação • Exantemas • Flebites 23 Imediatos de 7 a 21 dias • Mielossupressão granulocitopenia plaquetopenia anemia • Mucosites • Cistite hemorrágica devida à ciclofosfamida • Imunossupressão • Potencialização dos efeitos das radiações devida à actinomicina D, à adriamicina e ao 5-fluoruracil 24 Tardios (meses) • Miocardiopatia devida aos antracícliclos e outros • Hiperpigmentação e esclerodermia causadas pela bleomicina • Alopecia • Pneumonite devida à bleomicina • Imunossupressão • Neurotoxidade causada pela vincristina, pela vimblastina e pela cisplatina • Nefrotoxidade devida à cisplatina 25 Ultra-tardios – meses ou anos • Infertilidade • Carcinogênese • Mutagênese • Distúrbio do crescimento em crianças • Seqüelas no sistema nervoso central • Fibrose/cirrose hepática devida ao metotrexato 26 Critérios para aplicação da quimioterapia Para evitar os efeitos tóxicos intoleráveis dos quimioterápicos e que eles ponham em risco a vida dos pacientes, são obedecidos critérios para a indicação da quimioterapia. Esses critérios são variados e dependem das condições clínicas do paciente e das drogas selecionadas para o tratamento. 27 requisitos ideais para a aplicação da quimioterapia: Condições gerais do paciente: • menos de 10% de perda do peso corporal desde o início da doença; • ausência de contra-indicações clínicas para as drogas selecionadas; • ausência de infecção ou infecção presente, mas sob controle; • capacidade funcional correspondente aos três primeiros níveis, segundo os índices propostos por Zubrod e Karnofsky. Contagem das células do sangue e dosagem de hemoglobina. (Os valores exigidos para aplicação da quimioterapia em crianças são menores.): Leucócitos > 4.000/mm³ Neutrófilos > 2.000/mm³ Plaquetas > 150.000/mm³ Hemoglobina > 10 g/dl Dosagens séricas: Uréia < 50 mg/dl Creatinina < 1,5 mg/dl Bilirrubina total < 3,0 mg/dl Ácido Úrico < 5,0 mg/dl Transferasses (transaminases) < 50 Ul/ml Ressalte-se que esses critérios não são rígidos, mas devem ser adaptados às características individuais do paciente e do tumor que o acomete. 28 Principais drogas utilizadas no tratamento do câncer Os agentes antineoplásicos mais empregados no tratamento do câncer incluem os alquilantes polifuncionais, os antimetabólitos, os antibióticos antitumorais, os inibidores mitóticos e outros. Novas drogas estão sendo permanentemente isoladas e aplicadas experimentalmente em modelos animais antes de serem usadas no homem. 29 Tipos de Câncer Segundo o site do INCa (Instituto Nacional do Câncer www.inca.gov.br, são mais de 20 tipos de câncer. •Câncer Anal •Câncer de Boca •Câncer Colo-retal •Câncer do Colo do Útero •HPV •Câncer do Esôfago •Câncer do Estômago •Câncer de Fígado •Hepatoblastoma •Câncer Infantil (particularidades) •Câncer de Laringe •Orientações aos pacientes laringectomizados •Câncer de Pele 30 •Melanoma •Não Melanoma •Câncer de Mama •Câncer do Pâncreas •Câncer de Pênis •Câncer de Próstata •Câncer de Pulmão •Câncer de Ovário •Câncer de Testículo •Leucemia •Linfoma de Hodgkin •Linfoma de Não-Hodgkin •Tumores de Ewing (Tumor de Askin) 31 Câncer Anal . Tumores no canal anal são mais freqüentes no sexo feminino e tumores na margem anal (parte externa do ânus) são mais freqüentes no sexo masculino. Esses tumores exibem diferentes tipos histológicos, sendo o tipo carcinoma epidermóide aquele que ocorre em cerca de 98% dos casos. O câncer anal é raro, correspondendo apenas a 4% de todos os tipos de câncer que acometem o intestino grosso. Fatores de Risco Alguns aspectos infecciosos, como o HPV e o HIV, estão relacionados com o desenvolvimento do câncer anal. Uma dieta pobre em fibras, a prática de sexo anal, o alto consumo de produtos do tabaco, e a fístula anal crônica (doença caracterizada pela presença de um trajeto entre o canal anal e a margem do ânus com secreção purulenta) são outros fatores de risco. 32 Câncer de Boca O câncer de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral e assoalho da boca). O câncer de lábio é mais freqüente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação ao superior. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente tabagistas e os riscos aumentam quando o tabagista é também alcoólatra. Fatores de Risco Os fatores que podem levar ao câncer de boca são idade superior a 40 anos, vício de fumar cachimbos e cigarros, consumo de álcool, má higiene bucal e uso de próteses dentárias malajustadas. 33 Câncer do Colo do Útero Fatores de Risco Vários são os fatores de risco identificados para o câncer do colo do útero, sendo que alguns dos principais estão associados às baixas condições sócio-econômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de parceiros sexuais, ao tabagismo (diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados), à higiene íntima inadequada e ao uso prolongado de contraceptivos orais. Estudos recentes mostram ainda que o vírus do papiloma humano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento da neoplasia das células cervicais e na sua transformação em células cancerosas. Este vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero. 34 Estratégias de Prevenção A prevenção primária do câncer do colo do útero pode ser realizada através do uso de preservativos durante a relação sexual. A prática do sexo seguro é uma das formas de evitar o contágio pelo HPV, vírus que tem um papel importante no desenvolvimento de lesões precursoras e do câncer. A principal estratégia utilizada para detecção precoce da lesão precursora e diagnóstico precoce do câncer (prevenção secundária) no Brasil é através da realização do exame preventivo do câncer do colo do útero (conhecido popularmente como exame de Papanicolaou). O exame pode ser realizado nos postos ou unidades de saúde que tenham profissionais da saúde capacitados para realizá-los. 35 É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre o que é e qual a importância do exame preventivo, pois a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por câncer do colo do útero na população de risco. O INCA tem realizado diversas campanhas educativas, voltadas para a população e para os profissionais da saúde, para incentivar o exame preventivo. O exame preventivo O exame preventivo do câncer do colo do útero (exame de Papanicolaou) consiste na coleta de material citológico do colo do útero, sendo coletada uma amostra da parte externa (ectocérvice) e outra da parte interna (endocérvice). Para a coleta do material, é introduzido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação da superfície externa e interna do colo através de uma espátula de madeira e de uma escovinha endocervical. Mulheres grávidas também podem realizar o exame. Neste caso, são coletadas amostras do fundo-de-saco vaginal posterior e da ectocérvice, mas não da endocérvice, para não estimular contrações uterinas. A fim de garantir a eficácia dos resultados, a mulher deve evitar relações sexuais, uso de duchas ou medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores ao exame. Além disto, exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode alterar o resultado. 36 Quem e quando fazer o exame preventivo Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo periódico, especialmente se estiver na faixa etária dos 25 aos 59 anos de idade. Inicialmente, um exame deve ser feito a cada ano e, caso dois exames seguidos (em um intervalo de 1 ano) apresentarem resultado normal, o exame pode passar a ser feito a cada três anos. Vacinação Recentemente foi liberada uma vacina para o HPV. No momento está em estudo no Ministério da Saúde o uso pelo SUS. É importante enfatizar que esta vacina não protege contra todos os subtipos do HPV. Sendo assim, o exame preventivo deve continuar a ser feito mesmo em mulheres vacinadas. Saiba mais sobre HPV. Sintomas Existe uma fase pré-clínica (sem sintomas) do câncer do colo do útero, em que a detecção de possíveis lesões precursoras é através da realização periódica do exame preventivo. Conforme a doença progride, os principais sintomas do câncer do colo do útero são sangramento vaginal, corrimento e dor. Tratamento O tratamento adequado para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. 37 Câncer de Mama Sintomas Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tumor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações ou um aspecto semelhante a casca de uma laranja. Podem também surgir nódulos palpáveis na axila. Fatores de Risco História familiar é um importante fator de risco para o câncer de mama, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de idade. Entretanto, o câncer de mama de caráter familiar corresponde a aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama. A idade constitui um outro importante fator de risco, havendo um aumento rápido da incidência com o aumento da idade. A menarca precoce (idade da primeira menstruação), a menopausa tardia (instalada após os 50 anos de idade), a ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos e a nuliparidade (não ter tido filhos), constituem também fatores de risco para o câncer de mama. Detecção Precoce As formas mais eficazes para detecção precoce do câncer de mama são o exame clínico da mama e a mamografia. 38 O Exame Clínico das Mamas (ECM) Quando realizado por um médico ou enfermeira treinados, pode detectar tumor de até 1 (um) centímetro, se superficial. O Exame Clínico das Mamas deve ser realizado conforme as recomendações técnicas do Consenso para Controle do Câncer de Mama. A sensibilidade do ECM varia de 57% a 83% em mulheres com idade entre 50 e 59 anos, e em torno de 71% nas que estão entre 40 e 49 anos. A especificidade varia de 88% a 96% em mulheres com idade entre 50 e 59 e entre 71% a 84% nas que estão entre 40 e 49 anos. 39 Ações de enfermagem Na prevenção: Orientar sobre o perigo da exposição solar Orientar sobre a alimentação balanceada Orientar o auto-exame das mamas e pele Orientar sobre os riscos do tabagismo Orientar exames periódicos com profissionais de saúde. 40 No processo curativo: Orientar sobre o tratamento quimioterápico e/ou radioterápico. Buscar a parceria do cliente em seu tratamento. Embasar-se cientificamente para atuar com segurança junto ao cliente. Trabalhar em equipe. Ser um ouvinte para os membros da família Estabelecer uma relação de confiança com os membros da família. Determinar a compreensão da família em relação às causas da doença. 41 Orientar a população para: • proteger-se das superfícies refletoras: areia, neve, concreto e água.Nestas condições, sentar-se à sombra não garante total proteção; Ter cuidado especial com as crianças, pois sua pele é mais sensível. Usar bloqueador solar, ensinando-as a se protegerem do sol; • usar hidratantes, benéficos após exposição ao sol; • evitar substâncias que possam aumentar a sensibilidade ao sol, como as existentes no limão, laranja e outros. ensino e orientação sobre a realização regular do auto-exame de pele • realização do exame clínico de pele • agendamento de pessoas de alto risco para consultas periódicas; • encaminhamento para consulta médica caso seja observada qualquer lesão suspeita. 42 Fonte: Arquivo pessoal de Carlos Eduardo e Dorival Lobão. Figura 3.13 - Ceratose actínica. Fonte: Arquivo pessoal de Carlos Eduardo e Dorival Lobão. 43 Instituir medidas que protejam e dêem conforto ao cliente; • avaliar o nível de consciência e ansiedade do cliente; • monitorar os sinais vitais; • observar ferida operatória quanto ao sangramento, presença de sinais flogísticos, presença de área de tensão e integridade da sutura; • manter curativos de sítio operatório, jejunostomia, esofagostomia e drenos limpos e secos; • avaliar e anotar quantidade e aspecto das drenagens. Atentar para sangramento, presença de sinais flogísticos e realizar curativos dos ósteos dos drenos; 44 • reduzir ou eliminar os fatores causais do déficit de volume; • observar presença, aspecto e quantidade dos vômitos, duração e sua freqüência e intervir com antieméticos prescritos; • observar distensão gástrica; • avaliar presença de enfisema subcutâneo nas regiões cervicais e torácica. A mobilização e a deambulação precoce são importantes para a recuperação do paciente, pois favorece a drenagem, diminui os riscos de úlcera de pressão e infecções. O paciente deverá ser encaminhado ao banho de aspersão normalmente após 48h de pós-operatório. O primeiro curativo deve ser feito pela enfermeira, para avaliação da ferida cirúrgica para o planejemento do cuidado. 45 Enfermagem Oncológica • Principais intervenções de enfermagem Manutenção de dispositivos para acesso venoso Controle do Ambiente: Conforto Administração de Analgésicos Redução da Ansiedade Ensino: processo de Doença Controle da quimioterapia Monitoração nutricional Toque terapêutico Controle de medicamentos Controle hídrico Interpretação de dados laboratoriais Grupo de apoio 46 Referências www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=82 - 10k www.oncomedoncologia.com.br/web/cancer/tipos/ - 9k Instituto Nacional de Câncer - Ministério da Saúde"Ações de Enfermagem para o Controle do Câncer", disponível em http://www.inca.gov.br/enfermagem/index.asp McCLOSKEY, Joanne e BULECHEK,Gloria M. Clasificação das Intervenções de \enfermagem (NIC). 4ª ed. Artemed. Porto Alegre. 2008. 47