CAP 3 – AUTO-SIMILARIDADE E GEOMETRIA FRACTAL texto-base: D.Kaplan, L.Glass (1995) Understanding Nonlinear Dynamics (Springer, N.Y). 2.1. Fatores de Escala, Algoritmos Recursivos e Exemplos de Fractais ex: descrição computacional de uma árvore * diversas alternativas a) conjunto completo dos elementos b) forma aproximada da envoltória espacial c) relação recursiva (auto-similaridade) pouca informação de entrada modelo estruturalmente realista [fig. 3.1] e [fig. 3.2] geometria auto-similar: uma parte se parece com o todo * objetos reais auto-similares: são engendrados por processos recursivos? * exemplos na natureza: samambaia, brócolis, sistema de brônquios http://www.geocities.com/CapeCanaveral/Hangar/7959/fractalapplet.html contorno de nuvens e de litorais, estrutura de montanhas vórtices em fluidos, etc. http://www.ba.infn.it/~zito/images/caustic.jpg * exemplos na área tecnológica: imagem com retro-alimentação num monitor http://www.ba.infn.it/~zito/images/figura.jpg antenas para banda larga miniaturizadas http://www.engineer.ucla.edu/stories/2002/fractal.htm adesão de nanopartículas em substratos rugosos, etc. [ T.S. Chow - J. Phys: Cond. Matter 15, n2 (2003) L83-L87 ] * objetos com dimensão fracionária: fractais * geometria fractal: associada a tipos de comportamento dinâmico * fractais exatos: objetos matemáticos gerados por algoritmos recursivos exemplos: a) Conjunto de Cantor ( “poeira de pontos” ) [fig. 3.3] * algoritmo recursivo: t=0: segmento de reta de comprimento 1 t=1: 2 cópias com comprimento 1/3 cada t=2: repete o processo para as 2 cópias (resultam 4 cópias com comprimento 1/9 cada) t=3: repete o processo para as 4 cópias ... profundidade da recursão ( maior t usado ) fractal perfeito ( t ) [fig 3.4] b) Cesta de Serpienski [fig. 3.5] c) Curva de Koch [fig. 3.6] d) Ilha de Koch http://math.rice.edu/~lanius/frac/koch/koch.html * perímetro infinito delimitando uma área finita! * seres vivos: otimização da razão área/volume [ Peak & Frame, Chaos under Control, p 104] e) Esponja de Menger [fig. adicional] [ Stewart, Does God Play Dice?, p 303] 3.2. Dimensão Fracionária * dimensão euclideana: número de coordenadas necessárias para posicionar um ponto no objeto OBJETO DIMENSÃO EUCLIDEANA PONTO 0 SEGMENTO DE RETA 1 RETÂNGULO PLANO 2 CUBO MACIÇO 3 ... 4 ( inteiros ) * objeto auto-similar gerado recursivamente: : aresta no passo n / aresta no passo n+1 N: número de cópias no passo n+1 / número de cópias no passo n D: dimensão fractal D logN log * definição de dimensão fractal: abrange os objetos euclideanos! OBJETO N D SEGMENTO DE RETA 2 2 1 QUADRADO PREENCHIDO 2 4 2 CONJUNTO DE CANTOR 3 2 0.631 CESTA DE SIERPIENSKI 2 3 1.585 FLOCO DE NEVE DE KOCH 3 4 1.262 ESPONJA DE MENGER 3 20 2.727 exemplo para aula prática: bolas de papel amassado [ Peak & Frame, Chaos under Control, p 104] * diâmetro de cada bola: d * massa de cada bola: m relação entre m e d (experimental): * k: constante de proporcionalidade “lei de potência” : invariante de escala m = k . d 2,5 DIMENSÃO POR CONTAGEM DE CAIXAS dado um objeto pronto qual o valor de D? procedimento geométrico: * recobrir o objeto com “caixas” de aresta 0 (cubos, quadrados ou segmentos de reta) * contar o número de caixas necessárias N = N (0) * fazer 1 = ( 0 / 2 ) * contar N ( 1) ... recursivamente... função por pontos N = N () expressão teórica: procedimento prático: N ( ) k D i 1 lo g i D N ( i ) lo g N ( i 1 ) exemplo: atrator caótico de um mapa bidimensional (“mapa de Ikeda”) x i +1 = 1 + 0.7 (x i cos t i – y i sen t i ) y i +1 = 0.7 (x i sen t i + y i cos t i ) sendo t i = 0.4 – [ 6 / ( 1 + x i2 + y i2)] * imagem do objeto auto-similar (para outro parâmetro): http://astronomy.swin.edu.au/~pbourke/fractals/ikeda/ * sistema real: laser numa cavidade em anel http://hedgehog.math.arizona.edu/~ura/001/huang.pojen/#Ikeda * auto-similaridade [fig. adicional] caixas com 0 = 0.08 N ( 0 ) = 43 [fig. pg. 116 (esquerda)] caixas com 1 = 0.04 N ( 1 ) = 110 [fig. pg. 116 (meio)] caixas com 2 = 0.02 N ( 2 ) = 250 [fig. pg. 116 (direita)] * levando na fórmula: tende para D 1,2 * menor valor de depende da resolução da figura 3.3. Auto-Similaridade Estatística as partes são, em média, similares ao todo exs: * fractais na natureza ( costas litorâneas, árvores, etc ) * fractais matemáticos ( gerados por processo determinístico caótico ) ( gerados com adição de números aleatórios ) AUTO-SIMILARIDADE NO TEMPO * exemplo determinístico: saída caótica de um mapa unidimensional x t +1 = x t + xt2 (mod 1) diagrama de 1o retorno: [fig. pg. 118] série temporal: [fig. pg. 119] mostra invariância de escala! * exemplo estocástico: saída de um gerador de números aleatórios série temporal: [fig. pg. 120] * exemplo observado na natureza: registro dos batimentos cardíacos série temporal [fig. pg. 121] todos mostram invariância de escala! espectro de um sinal auto-similar no tempo: “ ruído 1/f ” energias aproximadamente iguais nos intervalos 0.1 Hz < f < 1 Hz 1 Hz < f < 10 Hz 10 Hz < f < 100 Hz 100 Hz < f < 1 kHz . . . fenômenos que respeitam esta distribuição: * tempos de chegada de chamadas telefônicas * ruído intrínseco em semicondutores * densidade do tráfego de automóveis urbano * nível de cheias em rios * ritmos biológicos, etc. 3.4. Fractais e Comportamento Dinâmico “fractal” objeto geométrico auto-similar “caos” evolução temporal imprevisível de uma variável os dois conceitos são intimamente relacionados exemplos (em sistemas não-lineares): * “jogo fractal” ou “jogo do caos” * autômatos celulares * passeio aleatório e movimento browniano * escape para infinito * fronteiras de bacia fractais * agregação e percolação, etc “JOGO FRACTAL” dinâmica discreta com elemento aleatório algoritmo (entrada aleatória: lance de um dado) * triângulo equilátero ABC * condição inicial: 0 (qualquer ponto tomado dentro do triângulo) * lança-se o dado para selecionar um vértice 1 ou 2 A ; 3 ou 4 B ; 5 ou 6 C * ponto 1: ponto médio entre 0 e o vértice sorteado * lança-se o dado novamente * ponto 2: ponto médio entre 1 e o novo vértice sorteado ... resultados (ex 2; 6; 1; ...): 3 lances [fig. 3.7] 100, 1000, 5000 lances [fig. 3.8] * para infinitos lances: é construída uma cesta de Serpienski ! * uma regra simples gera um objeto complexo! * conjunto final: quase independe da seqüência de lances é o atrator do sistema dinâmico explicação lógica: * o sistema é, em parte, determinístico * a cada lance t: divide-se o triângulo em 3t regiões possíveis ponto 0: 1 região (triângulo inteiro) ponto 1: 3 regiões resultados: A, B ou C ponto 2: 9 regiões resultados (1o e 2o lances) AA, AB, AC, BA, BB, BC, CA, CB, CC ponto 3: 27 regiões 1o , 2o e 3o lances AAA, AAB, AAC, ABA, etc... aplicação importante: pode revelar correlações! (análise de séries temporais - CAP 6) * séries totalmente aleatórias * séries determinísticas caóticas * séries mistas [fig. 3.9] ruído 1/f [fig. adicional a] movimento browniano [fig. adicional b] mapa logístico com a=3.999 [fig. adicional c] seqüência de bases do DNA p/ amilase [fig. adicional d] [ Peak & Frame, Chaos under Control, p 222] PASSEIO ALEATÓRIO difusão: processo físico em escala molecular deslocamentos aleatórios devidos a colisões não envolve gasto de energia persiste enquanto há diferença de concentração “movimento browniano” [R. Brown, 1827] modelo: * passos de mesmo comprimento * direção e sentido aleatórios investiga-se: para a população de partículas: * distribuição espacial em função do tempo ex: distribuição gaussiana para cada partícula * deslocamento total médio em função do tempo ex: 2 dimensões, 500 passos * lei de potência observada: d MED = k . t 1/2 ou dMED = k . t ( 4 - ) / 2 ; = 3 [fig. pg. 127] * para passos de comprimentos também aleatórios continua auto-similar (expoente ½ , outro k) “caminhada intencional”: d MED = k . t = k . t ( 4 - ) / 2 ; = 2 [fig. pg. 127] “passeio de Lévy”: d MED = k . t ( 4 - ) / 2 ; 2 < < 3 * comprimento dos passos: lei de potência * eventualmente, pode haver passos muito longos * prazo longo ou curto: diferentes estimativas ESCAPE PARA INFINITO *para muitos sistemas dinâmicos: a variável diverge para infinito *isso depende da condição inicial *condições iniciais que não divergem: podem formar um fractal (ex: conjunto de Cantor) [fig. 3.12]; [fig. 3.13] FRONTEIRAS DE BACIA FRACTAIS sistemas dinâmicos multiestáveis: dois ou mais atratores coexistentes (periódicos ou caóticos) * para cada atrator: conjunto de condições iniciais “BACIA DE ATRAÇÃO” * pontos de fronteira entre duas bacias: podem formar um conjunto fractal exemplos: mapa de Hénon (bidimensional) http://www.enseeiht.fr/hmf/travaux/CD9900/travaux/optmfn/hi/00pa/cshp07/chap1.htm resolução de z4 – 1 = 0 pelo método de Newton http://www.chiark.greenend.org.uk/~sgtatham/newton/ sistema ótico de 4 esferas http://webs1152.im1.net/~dsweet/Spheres/reprint.pdf CONJUNTO DE MANDELBROT mapa com variável complexa ( z t = a t + b t i ) z t +1 = z t2 + c c=x+yi para cada par (x,y) no plano: inicia-se com z0 = 0 se z divergir para infinito ponto em preto se z não divergir ponto em branco http://www.lboro.ac.uk/departments/ma/gallery/mandel/ * estrutura de uma couve-flor: coincidência? http://www.ba.infn.it/~zito/project/cavolo.png http://www.citesciences.fr/english/ala_cite/expo/explora/mathematiques/math_29.htm CRESCIMENTO FRACTAL, AGREGAÇÃO E PERCOLAÇÃO exemplos: deposição eletrolítica de metais colônias de microorganismos difusão em líquidos imiscíveis, etc padrões podem ser simulados por algoritmos muito simples! Modelo de Eden: [M. Eden, 1961] rede quadrada t = 0 inicia com uma primeira célula t = 1 outra célula é acrescentada aleatoriamente (4 posições) t = 2 uma terceira célula (6 posições), etc [fig. pg. 137]; [fig. pg. 138] * para grande t: a fronteira do conjunto é fractal! Agregação limitada por difusão ( “D.L.A.” ) [Witten e Sander, 1981] também supõe uma partícula-semente outras partículas são distribuídas e sofrem difusão aleatória quando tocam na semente, são agregadas [figs. pg. 140] Percolação: * transição de fase (ponto crítico perfeitamente definido) * as ramificações se aglutinam formam uma massa única [Stewart, Does God Play Dice?, p.308]