Fortalecer a motivação intrínseca: um desafio permanente!
Nathalie Ducrot publicou em 2012 o livro "Motivation On/Off: le déclic. Les nouvelles pistes pour rester
motivé, motivant et heureux" (InterÉditions, Paris).
Um livro interessante, principalmente para gestores, que suscita uma profunda reflexão sobre si e
também sobre os outros. É um convite para refletir e explorar a própria energia motivadora de diferentes
ângulos. As perguntas, as ferramentas e os exercícios propostos apoiam o processo de conscientização.
Ao apresentar o novo conhecimento de si mesmo que "ilumina" a motivação por dentro, ele também
atende às necessidades de equipes, gerentes ou diretores.
A seguir as principais ideias apresentadas e desenvolvidas por Nathalie Ducrot.
A motivação é um impulso que faz com que as pessoas ajam para atingir os seus objetivos. Literalmente é
o que motiva a ação, que faz com que as pessoas se mexam. Isso é válido para um indivíduo, um grupo,
uma organização, uma nação. Por natureza, a motivação humana está ligada ao corpo. Da conquista do
fogo para a do espaço, provamos que somos uma espécie "motivada", na maioria dos casos em condições
extremas ou difíceis. Em outras palavras, a motivação é bastante dissociada das circunstâncias. O que nos
tira do imobilismo são principalmente a busca do conforto/prazer ou a fuga do sofrimento.
Para motivar as pessoas, a prática da cenoura e do bastão, em sua versão empresarial, se declina em
termos de "recompensa-promoção-remuneração" e "sanção-estagnação-demissão", com algumas formas
intermediárias bem conhecidas de todos. Condições de trabalho dignas, uma remuneração correta são
necessidades básicas, mas não são fatores de motivação.
Estudos em grande escala mostraram que, para tarefas complexas, o comprometimento dos
colaboradores é mais estimulado pelas necessidades de dominar as tarefas e a sensação de autonomia,
do que pela remuneração. (Benz, 2005, Borzaga, 2006). Portanto, não podemos diretamente motivar um
colaborador, mas podemos criar as condições para que seja motivado na execução de uma tarefa. A
questão da motivação, é primeiramente da responsabilidade do indivíduo com ele mesmo, então só em
seguida será atrelada aos outros e ao resto, incluindo o trabalho. A motivação é assim uma forma única
de disposição pessoal. É essa energia dinâmica, uma parte inata e uma parte adquirida, que nos torna
capazes de alcançar pequenas e grandes aspirações ao longo da vida. Ela estimula a determinação, o
empenho, o entusiasmo e, por extensão, a iniciativa, o otimismo, a força e a resistência. Para evoluir com
facilidade entre reatividade e pró-atividade, o gestor motivado e motivador tem que trabalhar sua
postura interior, porque a força de seu exemplo será crucial, questão de congruência.
Se a motivação é da responsabilidade individual, o que a empresa pode fazer para promover e incentivar
a automotivação de seus líderes? Promover o autoconhecimento ocorre de muitas formas através do
desenvolvimento da inteligência emocional e relacional nos diz Ducrot. Esta prática necessita medidas
inovadoras e ainda poucas empresas ousam, enquanto outras preferem engatinhar aplicando processos
de aprendizagem das melhores práticas. Alguns gestores já perceberam, mais ou menos intuitivamente, a
importância do equilíbrio entre desempenho e satisfação pessoal. Se as lideranças gostam de desafios em
suas vidas profissionais, elas não estão dispostas a colocar em risco a própria motivação fazendo
concessões sobre as suas escolhas de vida. A primeira medida de motivação é evitar "incentivar" a
propagação da desmotivação que custa bem caro às empresas em termos de rotatividade, absenteísmo e
presenteísmo.
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Do ponto de vista etimológico motivar significa deslocar, fazer mudar de lugar. Assim a motivação
provoca a mudança. Portanto, existe uma hora H, um determinado momento onde estão reunidas as
condições para começarmos a mudança. A autora explora três eixos que suportam a iniciação e
manutenção da motivação.
Em primeiro lugar, os recentes avanços na neurociência. Graças a estes estudos é possível compreender
melhor os mecanismos do cérebro e, portanto, utilizar melhor este motivador extraordinário. Por
exemplo, para atividades intelectuais está comprovado que as ameaças, a insegurança tendem mais a
paralisar do que a estimular. Por isso, é necessário remover os fatores de ansiedade, cobranças e
pressões de qualquer espécie. Conhecer as reações instintivas do cérebro reptiliano se revela muito útil.
Em segundo lugar, a psicologia positiva revela como construir um combustível "refinado" para a
motivação, explorando os talentos naturais, as forças orientando o pensamento para objetivos
prazerosos e preparando as condições para alcançá-los. Gerenciar as emoções e os humores, cultivar a
boa vontade e o perdão são maneiras concretas para aumentar o próprio potencial de motivação.
Finalmente a autora explora a abordagem sistêmica. Ela se refere a nossa relação com Deus, o universo, o
planeta Terra, nossos relacionamentos, nossa família, nossa empresa, nossa equipe, etc.
São estes fatores que criam um sentido e apoiam nossas decisões de pessoa motivada, motivadora e feliz.
A capacidade de motivar suas equipes é uma competência gerencial apreciada e que se apoia na arte de
se motivar. O que faz que algumas pessoas conseguem mover montanhas, enquanto outras tropeçam em
qualquer cascalho? Onde encontrar uma motivação profunda, benéfica e positiva? A autora propõe um
atalho. Todos podem ter a ambição de ser um acelerador da mudança, na condição de vivenciar a
mudança em suas experiências concretas e coletivas. Novos modelos organizacionais estão surgindo. São
baseados em características mais femininas, no humanismo, na compaixão através da motivação pessoal
para trabalhar em prol de um mundo melhor.
Em definitiva, o interesse deste livro, é de transmitir claramente a mensagem que a motivação não está
forçadamente associada à excitação e à combatividade. A verdadeira postura de motivação sustentável
tem sua origem em uma forma serena e poderosa que nasce no profundo do ser humano. Graças a isto
ela sobrevive a todas as turbulências.
Só os escores absolutos dos instrumentos de Método Funcional permitem um autoconhecimento
objetivo e fornecem indicações precisas para criar desafios motivadores. Bom proveito! (nota do autor)
Renzo Oswald
Rio de Janeiro, agosto de 2014
Notas bibliográfica complementares:
Benz, M. (2005). Not for the profit, but for the satisfaction? Evidence on worker well-being in non-profit
firms. Kyklos, 58(2), pág. 155–176.
Borzaga, C., & Tortia, E. C. (2006). Worker motivations, job satisfaction, and loyalty in public and nonprofit social services. Non-profit and Voluntary Sector Quarterly, 35, pág. 25–48.
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