GESTÃO PÚBLICA - O ACOLHIMENTO É O CAMINHO DO RESPEITO AO CIDADÃO Cada vez mais deve prevalecer o entendimento de que a gestão pública precisa estar sempre a serviço da sociedade e de que o cidadão deve receber um atendimento digno nos assuntos de responsabilidade da gestão pública. Na gestão municipal isso é ainda mais crítico porque, no Município, estão as questões que afetam diretamente à população, no que diz respeito aos serviços básicos e às demandas imediatas do seu dia a dia. Daí o entendimento de que o acolhimento é o caminho. Acolher é receber bem. O acolhimento está mais no ouvir e menos no falar, mais na atenção que na ação. Nos dias de hoje, estamos cada vez mais decididos a agir. Tudo a nossa volta nos leva a imprimir uma postura de ação, ir de encontro, resolver. A cultura do fazer é prepotente, nos direciona a produzir e nos avalia pelo que executamos. Vários são os caminhos para nos relacionarmos com o outro. A possibilidade de contato através do agir é o nosso cotidiano, tornando-se, por vezes, nossa única opção. Caminhos através do acolhimento são deixados de lado por serem desconhecidos, sendo cada vez mais raro encontrarmos alguém disposto apenas a ouvir o que temos a dizer, um ouvir atento, sem opiniões, sem considerações, sem contestações. Acolher é se colocar disponível. É criar uma relação fraterna. É conquistar a confiança. Neste mundo do agir, da ação, da eficiência, a gente ouve, mas não escuta, a gente atende, mas não entende. Há uma diferença muito grande entre atender e acolher, é a mesma dimensão de mirar (olhar) e admirar. Quando alguém admira uma paisagem, uma fotografia ou uma pintura, ela mira duplamente, por dentro e por fora, como dizia o Professor Paulo Freire. O acolhimento é muito mais profundo que o atendimento. No acolhimento você conquista, adquire confiança, constrói compartilhamento e pactua alianças. Na luta contra a miséria, para melhorar as condições de vida do povo, construir uma cidade mais segura, mas pacífica, mais justa, mais acolhedora e consequentemente melhor de se viver, é preciso construir alianças. A forma mais duradoura de construir aliança é através do diálogo. É ouvir, permanentemente, a população, num ambiente acolhedor. Com o acolhimento respeitoso, afetuoso e transparente, é que se constroem as bases para uma aliança cooperativa, compartilhada. Acreditando nisso, a Prefeitura de Fortaleza adotou a perspectiva do acolhimento em sua gestão. O objetivo é ir além no atendimento e proporcionar essa ligação com a população. Para isso, os servidores têm participado de capacitações sobre o conceito de acolhimento e as formas de atendimento têm passado por significativas mudanças. A descentralização dos serviços, que agora são ofertados nas Secretarias Regionais, é um exemplo. Instâncias que representam a Prefeitura nos territórios da Cidade e aproximam a Administração da sociedade, as Secretarias Regionais têm toda a estrutura e propósito de atuação sendo repensados sob a lógica do acolhimento. A reforma das unidades básicas de saúde, com a ampliação do horário de atendimento, tudo faz parte desse plano maior de acolher. Mais do que resolver o problema do cidadão, mais do que atender suas expectativas, Fortaleza quer que ele sinta-se abraçado. Que entenda que o serviço público que está chegando até ele é prestado não só com competência e responsabilidade, mas também com carinho e identificação. Por mais que queiramos, um governo sozinho jamais resolverá, por exemplo, os problemas do lixo, do desperdício, dos buracos, da violência, das drogas, do desemprego, finalmente, dos cuidados com a cidade. É preciso fazer uma aliança com o seu povo. É preciso construir alianças com todos, ricos, classe média, mas também, e fundamentalmente, com as classes menos favorecidas. Aliança neste campo exige diálogo, pactuação, compartilhamento, compromisso. E é pelo caminho do ACOLHIMENTO que temos que construir essa aliança para poder renovar a forma de atuação do serviço público. É o que queremos para Fortaleza. Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra Prefeito de Fortaleza