Modulo para comercialização do açaí em espaços urbanizados Adailson Bartolomeu (1); Bruno Protázio Barral (2); Maria do Carmo Américo (3) João Bosco Botelho (4) (1) Msc., Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo CEAP, [email protected] (2) Eng. Civil, ADAP/AP, [email protected] (3) Doutoranda, Geografa, Doutoranda do PPGDSTU da UFPA, [email protected] (4) Doutorando Erasmus,Universidade de Rotterdam, [email protected] Resumo: Utilizando o conceito de Arranjo Produtivo Local (APL) aborda-se com este artigo a produção, distribuição e consumo de açaí nos municípios Macapá e Santana, Amapá, Brasil. Considera-se para análise a elevada densidade açaizeiros nativos, que abastecem tradicionais pontos de venda, através de redes de produtores de comunidades locais no entorno das cidades citadas. Avaliando a importância socioeconômica deste APL, propomos a renovação do novo modelo para distribuição e venda com quiosques mais ajustados às regulamentações brasileiras para produtos alimentícios e correto aproveitamento da biomassa para a produção de energia e insumos a serem utilizados na produção de bio-jóias. Para tanto, com equipe multidisciplinar, realizamos mapeamento da cadeia produtiva a despeito das restrições locais. Desta maneira, segue-se esta pesquisa oferecendo soluções em infraestrutura e tecnologias de gestão dos numerosos empreendimentos e seus impactos diretos e indiretos. Tais negócios são de fundamental importância para a economia e para a segurança alimentar destes municípios. Nosso objetivo é lograr maior integração da cadeia produtiva desde o produtor (impulsionando entropias nas comunidades) até a produção de bioenergia, através da infraestrutura especifica e aplicação de políticas direcionais. Concluímos com análise das necessidades com vistas ao processo de intervenção levando em conta as conveniências dos produtores e de suas manifestações e conteúdos socioculturais. Palavras-chave: Amazônia, Produtos Nativos, Cadeia Produtiva, Sócio-economia, Segurança alimentar. Abstract: Using the concept of Local Productive Arrangement (APL) this article broaches the production, distribution and consumption of açaí in Macapá and Santana counties, in the state of Amapá, Brazil. For analysis we take into consideration the high density of native açai trees, that supply traditional sales posts, through a network of local community producers in areas surrounding the cities mentioned. Evaluating the social-economic importance of this APL, we propose a renovation of the new model of distribution and sale with stands better adjusted to the Brazilian regulations on food products and the correct use of biomass to produce energy and materials used in the production of bio-jewelry. To this end, with a multidisciplinary group, we mapped the productive chain in relation to local restrictions. Thus, this research follows offering solutions in infrastructure and management technologies of the numerous undertakings and their direct and indirect impacts. This business is of vital importance to the economy and food safety of these counties. Our goal is to obtain greater integration of the productive chain from the producer (stimulating entropies in the communities) to the production of bio-energy, through the specific infrastructure and application of directional policies. We conclude with the analysis of needs of the intervention process, taking into account the convenience of the producers and their social-cultural manifestations and content. Keywords: The Amazon, Native Products, Supply Chain, Socioeconomics, Food Secutity. 1 1. INTRODUÇÃO O presente projeto visa fortalecer o Arranjo Produtivo Local do Açaí no Estado do Amapá e entorno, principalmente nos municípios de Macapá e Santana em função do potencial de estoques de açaizais nativos nos municípios e do intenso consumo local, da importância que esta atividade representa para a sociedade local em perspectiva multidimensional, levando-se em conta as inúmeras possibilidades de utilização da palmeira e do fruto e o aumento da comercialização do produto em nível nacional e internacional. Um projeto, portanto, que visa fortalecer o potencial mercadológico e a qualidade final oferecida gerando efeitos em cadeia em todo o circuito. 1.1. A importância socioeconomica para a região O consumo do açaí é um hábito da população amazônica, em geral, edos municípios de Macapá e Santana, em particular. É um costume tão arraigado na população, que pode ser entendido como parte de sua identidade. O açaizeiro, palmeira nativa do estuário amazônico, produz um fruto – o açaí – do qual se extrai uma espécie de “vinho”, que pode ser ingerido sem acompanhamentos ou com farinha de mandioca, tapioca, peixe e camarão. Seu consumo é diário e a venda do produto se dá por meio de pequenos estabelecimentos comerciais conhecidos como “batedeiras de açaí” ou “amassadeiras de açaí”, que proliferam em diversos bairros das duas cidades. As “amassadeiras” compram o fruto e realizam o seu processamento, que é feito em uma máquina na qual são colocados juntamente com água. A maior ou menor adição de água determina o tipo de açaí a ser vendido: especial, grosso ou fino. Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Amapá, com o propósito de efetuar um levantamento dos estoques naturais de açaí no Estado, revelou que o Amapá destaca-se como o 2º estado produtor da região, respondendo com 2,26% da produção, enquanto o primeiro colocado, o Estado do Pará participa com 94%. Sob este aspecto é importante considerar as porções territoriais dessas unidades da federação. O Estado do Pará possui uma área de 1.248.042 km2, que corresponde a 16,6% do território brasileiro, enquanto que o Amapá possui 143.453 km2, representando apenas 1,68%. Este mesmo estudo aponta que os principais municípios produtores de açaí no Amapá são: Mazagão, Santana e Macapá. De maneira que proporcionalmente, o Amapá é representativo da importância e do potencial da fruticultura amazônica e carece de esforços no sentido de transformá-la em ferramenta do desenvolvimento territorial – melhorando o produto final visando ampliar o consumo e a diversificação da cadeia de produção desde a produção do fruto e derivados, mas também em várias formas de aproveitamento de resíduos e de serviços ligados a produção. 2. O IMPACTO SOCIAL E ECONÔMICO E ESPACIAL DO EMPREENDIMENTO A relação entre a sociedade e seu espaço faz em um limiar onde o este último, visto como o espaço geográfico é ao mesmo tempo produto dela e condição de sua reprodução. De forma que o espaço construído pelos homens impõe-se sobre a história da sociedade – e do qual a paisagem é o elemento visível. O espaço se redefine como urn conjunto indissociavel no qual os sistemas de objetos são cada vez mais artificiais e os sistemas de ações são, cada vez mais, tendentes a fins estranhos ao lugar.” (Santos;2001). Ou seja, não raro, os objetivos, ou os sistemas de objetos são definifos por lógicas dominantemente estranhas ao lugar o que impacta os processos de desenvolvimento local. A reestruturação da cadeia de produção do açaí e suas redes técnicas e organizacionais pode construir-se a partir de lógicas endógenas visto que trata-se de um trajetória tecnológica chamada por Costa (2000) de trajetória tecnológica camponês que organiza-se a mais de dois séculos na Amazônia. Além disso, 2 estrutura como ler a economia, em arranjo produtivo local muito relacionado ao capital local, ao saber local, ao consumo local – mesmo consideradas as conexões em escalas nacionais e globais. A organização técnica da cadeia com a remodelação dos pontos de venda açaí pode assegurar um processo de empoderamento dos agentes locais dentro das redes, alterando a paisagem e a dinâmica interna da economia local, fortalecendo o circuito com ações que partem dos agentes locais – isso pode contribuir para um processo de desenvolvimento de bases locais organizado sobre uma trajetória rural “que reúne o conjunto de segmentos camponeses que convergem para sistemas agroflorestais com dominância ou forte presença de extração de produtos não-madeireiros”. Essa se constitui na trajetória expressão do “paradigma extrativista” — no qual os processos produtivos pressupõem, em algum nível, a preservação da natureza originária. A que estaria em maior harmonia com a preservação do bioma amazônico (Costa; 2008). O contingente populacional envolvido é significativo, consideradas as proporções estaduais. Trata-se de uma ampla rede estruturadas em canais muito finos que alcançam atores nos mais recônditos pontos do território amapaense, espraindo-se sobre outros estados. Os elos comercais, foco do presente projeto, formam um complexo campo de trocas que são impactados e impactam diretamente os pontos comerciais da cidade de Macapá e Santana. Primeiramente, ainda a jusante, um em número considerável os pequenos estabelecimentos comerciais. Estima-se que os municípios de Macapá e Santana possuam 1.800 pontos de processamento de açaí no varejo, além de algumas redes de supermercados que recentemente passaram a comercializar o produto. Destacando-se que uma amassadeira é geralmente um empreendimento familiar de micro-escala e administrada, em média, por duas pessoas, o que corresponde a algo em torno de 3.600 pessoas ocupadas com o processamento do fruto e a sua venda no varejo nestas duas cidades e uma faixa de (3.600x5) pessoas impactadas diretamente pelo renda gerada. Contudo a cadeia organiza-se também a montante com produtores, apanhadores, carregadores, transportadores, comerciantes em atacado e varejo do fruto – em se tratando apenas da produção do suco – “o açaí”. Historicamente na Amazônia os modelos de desenvolimento trazem complexos de objetos espaciais estranhos aos lugares e amparados em lógicas também estranhas consolidando divisões territoriais do trabalho que reforçam o papel de periferia da região com rebatimentos diretos na justiça distribuitiva. A reestruturação dos pontos de venda do açaí insere-se no escopo de uma tentativa de intervenção no sistema de objetos que oriente-se por ações comandadas por lógicas locais com a esperança de construir elementos de sustentabilidade. 3. A CADEIA PRODUTIVA Trata-se de Cadeia Produtiva uma sequência lógica de nós de agregação de valor ao produto ou serviço analisado ou estudado. Cada ponto ou nó num processo produtivo são cruciais no desenvolvimento dos negócios por existirem fase de nós que podem ser mais lucrativas que outros nós para frente ou para trás. Peguemos um exemplo clássico dos eletroeletrônicos. Na caso específico da Apple os produtos tem design e P&D desenvolvido em Cupertino, Califórnia, nos Estados Unidos. As partes mais sensíveis da eletrônica que envolvem estes produtos são produzidas em Cingapura e Taiwan. A produção, em massa, é realizada na China (Botelho, 2005). Portanto, fica óbvio que as partes mais intangíveis da cadeia produtiva do IPhone, por exemplo, são as partes mais lucrativas. Desta maneira, fica fácil saber que nesta gigantesca cadeia produtiva Cupertino vai ter muito mais vantagens econômicas que Cingapura que, por sua vez, tem mais vantagens econômicas que Guangzhou, China. Numa cadeia produtiva mais comum tal como do açaí a cadeia produtiva é mais simples com nós de agregação de valor mais visíveis. Desta maneira, ao estudarmos esta cadeia produtiva vamos ter maiores 3 possibilidades de gerenciamento social das atividades econômicas. Isto decorre que pouco valor agregado intangível ainda não faz parte destes negócios neste caso, especificamente. Contudo, com o desenvolvimento dos trabalhos propostos, neste artigo, a agregação de valores intangíveis vão ser cada vez mais comuns em médio e longo prazos. As percepções de qualidade envolvidas nos produtos e serviços relacionados ao açaí ternar-se-ão mais visíveis e, consequentemente, com maior valor agregado pelos negócios locais. Esta é uma dos principais motivos para seguir-se com esta proposta, conforme a seguir neste texto. A principal cadeia produtiva do arranjo é composta basicamente por: - Produtores: que são em sua maioria extrativistas, os quais residem em propriedades rurais, localizadas principalmente na região das ilhas do Estado do Pará, circunvizinhas à Macapá e Santana; - Apanhadores - Carregadores - Transportadores: - Comerciantes/atravessadores também denominados popularmente de “atravessadores”. No arranjo registra-se a existência de duas modalidades de transportadores: o primeiro transportador é aquele que compra o fruto nas propriedades rurais, transporta-o por via fluvial e vende-o nos portos destinados para esta finalidade; o segundo transportador: é o que compra o fruto do primeiro transportador, ou seja, no porto e revende-o para as batedeiras de açaí; E por fim, os Batedores, os quais transformam o fruto em vinho e realizam a venda no varejo, representando o maior número de unidades produtivas do arranjo, assim como também o maior contingente de pessoas ocupadas, conforme mencionado anteriormente. 4. A SITUAÇÃO ATUAL Nos hábitos alimentares do Amapaense, indubitavelmente, o açaí é um dos principais constituintes, ficando seu consumo diário, somente na cidade de Macapá, entre 27.000 a 34.000 litros/dia. Além disso, verifica-se crescente expansão do mercado consumidor, principalmente no sul e sudeste do Brasil, por tratar-se de alimento com elevado teor energético. O açaí insere-se no campo da nutraceêutica e da farmácia como produto com altas capacidades bio-energéticas. Contudo, de acordo com os resultados obtidos concluiu-se que, sob o ponto de vista sanitário, a maioria das amostras de açaí comercializadas na cidade de Macapá - AP apresentaram condições higiênicosanitárias insatisfatórias. Diante do que, encomenda-a aplicação mais efetiva dos princípios de higiene e sanitização na produção das mesmas, visando oferecer produtos com qualidade microbiológica aceitável. Evitando possíveis surtos de doença o que viria atacar toda a cadeia – e por via de consequencia – ampliação do consumo. 4.1. O problema Ter condições adequadas para comercialização do fruto do açai é a principal situação norteadora diagnóstica neste estudo, onde percebe-se, desde os dados apresentados em relação aos aspectos microbiológicos até os de infraestrutura existente, que os problemas encontrados são nitidos e notórios para todos os participantes/usuários da exploração e uso do açai. 4 FOTO 01: Configuração tipológica para ponto de comercialização do açai. Fonte: Arcevo pessoal. FOTO 02: Morfologia construitiva mostrando situação dos pontos de açai. Fonte: Arcevo pessoal. Através de levantamentos e analises foi possivel acordar alguns aspectos problemáticos que impedem a melhoria e fortalecimento da cadeia produtiva da comercialização do fruto do açai, tais como: - Precariedades das batedeiras atuais levando em conta os altos níveis insalubridade; - Espaços sem equipamentos urbanos adequados a atividades desenvolvidas; - Falta de regulamentação e organização da cadeia de produção, em seu ponto final; - Falta de preparação e qualificação dos serviços oferecidos; - Regularização das áreas de implantação em relação aos aspectos de infraestrutura. 5 FOTO 03: Exemplo da locação e infraestrutura de um ponto do açai na cidade de Macapá. Fonte: Arcevo pessoal. 5. PROPOSIÇÃO A proposta visa implantar 30 quiosques (pontos de açai, como plano piloto) adaptados para o recebimento do fruto do açaí, processamento do mesmo e comercialização da poupa em pequena escala, com higienização. Para tanto, postula-se a implementação de unidades independentes, locadas em espaços urbanizados (como praças, etc. – ver figura 02), distribuídas, inicialmente, da seguinte maneira: 20 unidades em Macapá, 05 unidades em Santana e 05 em municípios do interior, sendo elaborado e realizado com parcerias entre as associações dos batedores de açaí, Agencia de Desenvolvimento e de Fomento do Estado do Amapá, servindo como ponto de partida do fortalecimento da cadeia produtiva. Tal realização fortaleceria o mercado consumidor local e qualificaria os espaços de comercialização desse produto amplamente consumido na região. TABELA 01: Despesas operacionais para um modulo basico de comercialização do produto do açaí. Fonte: Pesquisa de campo. DESPESA OPERACIONAIS QUANT. DIA CUSTO UNIT. DIA SEMANA MES 60 R$ 0,02 R$ 1,20 R$ 7,20 R$ 28,80 R$ 345,60 DETERGENTE 500 ML 0,17 R$ 1,15 R$ 0,19 R$ 1,15 R$ 4,60 R$ 55,20 SABAO EM PO 1KG 0,03 R$ 4,25 R$ 0,14 R$ 0,85 R$ 3,40 R$ 40,80 ESPONJA 0,17 R$ 1,10 R$ 0,18 R$ 1,10 R$ 4,40 R$ 52,80 PCTE GUARDANAPO(PAPEL) 0,03 R$ 1,15 R$ 0,03 R$ 0,21 R$ 0,83 R$ 9,94 ACUCAR(KG) 0,33 R$ 3,85 R$ 1,28 R$ 7,70 R$ 30,80 R$ 369,60 VASSOURAS 0,01 R$ 12,24 R$ 0,10 R$ 0,60 R$ 2,41 R$ 28,97 PANOS DE CHAO 0,07 R$ 6,50 R$ 0,43 R$ 2,60 R$ 10,40 R$ 124,80 FARINHA MANDIOCA(LT) 0,50 R$ 6,40 R$ 3,20 R$ 19,20 R$ 76,80 R$ 921,60 FARINHA DE TAPIOCA 0,50 R$ 5,00 R$ 2,50 R$ 15,00 R$ 60,00 R$ 720,00 R$ 41,66 R$ 9,27 R$ 55,61 R$ 222,44 R$ 2.669,31 ITENS VARIAVEIS SACOLAS DE 1LT TOTAL ANO 6 TABELA 02: Levantamento das despesas de capital para um modulo basico de comercialização do produto do açaí. Fonte: Pesquisa de campo. DESPESAS DE CAPITAL QUANT. CUSTO UNIT. ITENS CUSTO TOTAL BEBEDOURO 1,00 R$ 250,00 R$ 250,00 FILTRO QUIMICO 1,00 R$ 85,00 R$ 85,00 BACIA DE ACO INOX 60 CM (MEDIDORES) COPO DE ACO INOX (0,5 LTS) 3,00 R$ 50,00 R$ 150,00 2,00 R$ 42,00 R$ 84,00 BALDE PLASTICO 18 LTS 3,00 R$ 45,00 R$ 135,00 CALCULADORA DE MESA 1,00 R$ 15,00 R$ 15,00 BANQUETA EM ALUMINIO DESPOLPADEIRA DE FRUTAS DE 10LTS (BATEDEIRA DE ACAI) 2,00 R$ 150,00 R$ 300,00 1,00 R$ 350,00 R$ 350,00 LIXEIRA EM ACO INOX 15 LTS 2,00 R$ 35,00 R$ 70,00 Aquecedor para preparo do açai 1,00 R$ 29,00 R$ 29,00 TOTAL R$ 1.468,00 TABELA 03: Dados das despesas operacioonais relativos aos custos fixos de manutenção. Fonte: Pesquisa de campo. DESPESA OPERACIONAIS ITEM FIXO CUSTO UNIT.MES CUSTO ANUAL ENERGIA R$ 80,00 R$ 960,00 AGUA R$ 30,00 R$ 360,00 TAXA DE MANUTENCAO R$ 200,00 R$ 2.400,00 TOTAL R$ 310,00 R$ 3.720,00 5.1. Os benefícios Organizar e qualificar a cadeia produtiva do açai, desde a colheita até seu consumo final é o maior desafio apresentado nesta pesquisa, e neste sentido, foi possivel levantar alguns itens que tem/terão impacto direto nos beneficios logrados: - Fortalecimento da marca "açaí" em termos de consumo local e turístico; - A organização dos locais de processamento da polpa e melhor qualidade no produto final oferecido ao consumidor; - Qualificação da estrutura física dos espaços das batedeiras/massadeiras de açaí; - Renovação das perspectivas do processador e do consumidor; - Qualidade no produto e serviço oferecido e melhoria na receita do pequeno empreendedor; - Confiabilidade dos produtos oferecidos, alcançando todas as camadas da sociedade. 5.2. Ciclo sustentável do uso e aproveitamento do açaí Ciclo do recebimento do açaí em forma de fruto, seu processamento/consumo, e posteriormente, através da implantação e campanha para o aproveitamento como biomassa (bioenergia) e biojóia, tendo como consequencia direta a retirada de 840 toneladas de resíduos/ano (calculo para 30 unidades) jogadas no meio ambiente, evitando assim impactos negativos e mais sustentabilidade. Tal situação do aproveitamento em forma de ciclo sustentável é representada, em forma de esquema, na figura 01. 7 TABELA 04: Levantamento dos volumes de biomassa referentes ao consumo por saco de açai. Fonte: Pesquisa de campo. CALCULO DE PEGADA QTDE SACOS DIA(KG) QTDE SACOS SEMANA(KG) QTDE SACOS MES(KG) QTDE SACO ANO(KG) (BIOMASSA) PESO DO SACO (KG) (BIOMASSA) PESO DO SACO (TON) CONSUMO PARA 30 UNIDADES 45,00 0,05 90,00 0,09 2,70 540,00 0,54 16,20 2.340,00 2,34 70,20 28.080,00 28,08 842,40 FIGURA 01: Representação esquemática do ciclo sustentável do uso e aproveitamento do fruto do açai. Fonte: Pesquisa de campo. FIGURA 02: Representação ilustrativa (através de modelo protótipo) de comercialização do açai numa praça. Fonte: Pesquisa de campo. 8 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como considerações gerais enfatiza-se a grande necessidade de organização da cadeia produtiva do fruto do açai, desde sua colheita até seu consumo final, tendo como consequencia uma transformação no modo de pensar e agir das pessoas que vivem do açai e das que consomem. Portanto, destaca-se os seguintes pontos chaves fundamentais: 1. A necessidade da participação do Estado/Governo na organização dessa cadeia; 2. Em relação a proposição da execução das 30 unidades (padrões) de comercialização, estas mesmas deveriam ser implantadas pelo Estado em áreas minimamente urbanizadas e locadas para representantes das associações dos batedores de açai; 3. A realização das unidades padrões (prototipos) não acarretaria na organização, a curto prazo, dos pontos de açai existentes, mas a longo prazo espera-se que através ocorra a padronização e qualificação desses espaços, seguindo normas e regularmentações sanitárias, com ajuda/orientação governamental; 4. O reconhecimento do Estado e a percepção da sociedade sobre a importancia da organização e transformação dessa cadeia, terá como conseguencia não só o fortalecimento do consumo, mas também a sustentabilidade de todo o processo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTELHO, João Bosco Lissandro Reis. Perfil e potencial do arranjo produtivo de fitoterápicos. Manaus: SEBRAE/AM, 2005. 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