JP 7 POLÍTICA Sexta-feira, 19 de junho de 2009 CÂMARA Marlon: defesa, agora, só na tribuna Ex-prefeito perdeu prazo para envio de defesa e vereadores não acataram tentativa de adiamento > VINÍCIUS SEVERO O ex-prefeito Marlon Santos está cada vez mais balançando na corda bamba para se defender da votação da Câmara de Vereadores do parecer que reprovou seu ano de 2006 no Tribunal de Contas do Estado. Expirou ontem o prazo que ele tinha para encaminhar à comissão de finanças do Legislativo sua defesa por escrito sobre a reprovação das contas e Marlon nada fez. Para piorar, a comissão não aceitou o pedido feito pelo seu advogado, Mauro Falcão, que tentava adiar o prazo inicial, protelando a votação dos parlamenta- res até que o TCE encaminhasse o material requisitado (o recurso apresentado pelo ex-prefeito que não foi atendido pelo TCE e não foi juntado ao processo). Um dos integrantes da comissão, o vereador Oscar Sartório explicou a decisão de não atender a tentativa de prolongamento do prazo. “É dever do réu apresentar suas provas. No documento o advogado pediu que a Câmara oficiasse o tribunal para receber os documentos. Quem deve fazer isso é o Marlon”, declarou Sartório, que possui afinidade política com o ex-prefeito. Sartório concorreu na coligação de Marlon no último pleito. “Além disso, não podemos desfazer nosso próprio parecer que concedeu um prazo inicial de defesa”, emendou o presidente da comissão, Julinho do Mercado (PP), acrescentando que Marlon teve 15 dias para tentar agilizar algum tipo de defesa. EFEITO - O efeito imediato por ter perdido o prazo é que Marlon só poderá se defender na tribuna agora, o que deve acontecer, a princípio, no próximo dia 29, conforme estimativas de bastidores dos parlamentares. Isto se Marlon realmente resolver pisar na Câmara, o que raramente fez enquanto prefeito de Cachoeira do Sul. O advogado Mauro Falcão ainda não menciona uma entrada na Justiça contra o processo de votação, mas também não descarta esta possibilidade quando questionado. “Tudo vai depender”, diz, com relação à falta de documentação para que seja possível preparar a defesa de seu cliente. Falcão reclama que o TCE não encaminhou o recurso apresentado por Marlon e declara que “os termos da decisão do tribunal não foram apresentados”. Assim, com a falta de provas, completa ele: “A votação seria apenas política”. VINÍCIUS SEVERO >> IMPORTANTE O ex-prefeito Marlon Santos não fala mais sobre o assunto, nem comenta por que decidiu tomar esta decisão. A atitude é incomum vindo de Marlon, que normalmente nunca se omitiu de apresentar sua versão para a imensidão de questionamentos da imprensa, mesmo quando indicava outro assessor para falar sobre o tema em questão. UMA PERGUNTA Se reprovadas as contas pela Câmara, o que acontece com Marlon? A consequência é a inelegibilidade do ex-prefeito - que projeta concorrer a deputado em 2010 pelo PDT -, mas Marlon ainda poderia recorrer na Justiça e conseguir disputar a candidatura. Ele também pode ficar inelegível pela reprovação das contas, mas, da mesma forma, deve recorrer para não perder seus direitos políticos. PARA SABER MAIS O que pesa contra Marlon Comissão não aceita pedido de advogado do ex-prefeito Marlon Santos. Defesa, agora, só mesmo na tribuna Relatório nas mãos de V aldocir Valdocir O vereador Valdocir Marques (PSDB) tem a missão de manifestar um parecer pela comissão de finanças sobre a reprovação de Marlon pelo TCE. Embora politicamente Valdocir tenha aberto seu voto a favor do ex-prefeito para a decisão final, isto não indica que seu relatório deva absolver Marlon. “Não sou de condenar ninguém, mas vamos preparar agora esse relatório”, disse o vereador. Valdocir precisa elaborar um parecer técnico, que deve ser orientado pela assessoria jurídica do Legislativo, com base nas informações encaminhadas pelo Tribunal de Contas do Estado e este documento será posteriormente analisado pela comissão de justiça e redação, antes de entrar na pauta dos vereadores para a votação. A estimativa é que este trabalho seja concluído até o próximo dia 29, quando Marlon teria que se defender no plenário. Nos bastidores, o comentário é de que o ex-prefeito não irá aparecer para se defender, já que até agora sequer manteve contato com os vereadores para tratar o assunto, o que demonstraria despreocupação com a situação. ATENÇÃO A Justiça também está complicando a vida do ex-prefeito, reprovando as contas de sua campanha eleitoral (acompanhe reportagem na página 6) por contratação irregular de empresa que trabalhou com a sonorização. O principal apontamento contra o ex-prefeito é o suposto sumiço de bens patrimoniais da Prefeitura que somariam juntos R$ 16.944.681,31. A versão já apresentada para este apontamento teria sido uma compra de equipamento que teve um valor lançado equivocadamente, gerando a confusão. O apontamento sobre a contratação de CCs para atuar em funções que deveriam ser preenchidas por concursados é comum no Executivo, tanto que era praticada em governos anteriores. Para este caso, a justificativa do ex-prefeito ao TCE foi ter feito o concurso público. > Contratações de profissionais autônomos por seis meses e sem justificativa da necessidade do preenchimento das funções. Marlon contratou profissionais como subterfúgio para não precisar criar cargos, como o de psicólogo, por exemplo. > Falha por não realizar determinações do tribunal no que diz respeito a processos de aposentadorias e pensões. > Falta de ressarcimento pela cedência de um servidor para o Município de Charqueadas, onerando aquela Prefeitura. > Falha ao não atualizar sistema informatizado de prestação de contas. > Descumprimento de decisão do TCE referente à falta de avaliação atuarial e ausência de autorização de parcelamento do Faps. > Composição irregular da comissão de controle interno.