Proposta do SESI leva conhecimento e arte para todas as camadas sociais U José Paulo Lacerda ma forma inovadora e diferenciada de conceber e fazer cultura. Essa é a proposta da Tecnologia SESI Cultura: contribuir com a formação da pessoa, do profissional e do cidadão criativo, crítico e solidário. Implementada em 2003, a idéia surgiu da necessidade de se estabelecer um norte para as iniciativas culturais realizadas nos departamentos regionais da entidade, valorizando a identidade e a diversidade cultural do País. “Vimos a necessidade de construir um referencial de atuação, visando implementar uma nova dimensão da cultura, associada ao desenvolvimento socioeconômico, cultural e humano e sua interface com a educação”, explica Cláudia Ramalho, gerente de Cultura do SESI Nacional. A Tecnologia SESI Cultura foi estruturada considerando três linhas de ação: formação e desenvolvimento profissional, produção e difusão cultural para o fortalecimento da indústria e promoção cultural por meio de projetos socioeducativos. Todo o trabalho é coordenado pelo Comitê Técnico de Gestão, composto por representantes dos departamentos nacional e regionais. Eles são responsáveis pelo planejamento e acompanhamento das ações estratégicas de cada projeto. Para tornar cada vez mais simples e fácil o acesso dos trabalhadores à cultura, o SESI investe na sensibilização dos empresários. “Queremos conscientizá-los da importância de se investir em cultura e os benefícios que isso pode trazer para a empresa e para a comunidade”, justifica Cláudia. Cumprindo essa missão, foi criado o Guia SESI de Investimentos em Cultura, que envolve um conjunto de publicações inéditas no País. São orientações técnicas para a elaboração de projetos com a finalidade de buscar financiamentos e estimular empresas a investirem em cultura por meio da adoção de leis de incentivo. Também foram realizadas pesquisas sobre essas leis em âmbito nacional, estadual e municipal e está sendo organizado um banco de dados para facilitar o acesso às informações. O banco estará disponível, num primeiro momento, para a rede SESI. A segunda vertente envolve o incentivo à produção e difusão cultural, por meio de metodologias e tecnologias voltadas para o fortalecimento das indústrias. “Procuramos estimular a realização de projetos culturais com foco no assessoramento à empresa”, afirma a gerente. O Empreende Cultura, coordenado pelo SESI, em parceria com o IEL e o Ministério da Cultura, é um exemplo dessa iniciativa. A intenção é incrementar o desenvolvimento econômico e regional com a agregação dos valores e design da arte e da cultura local nos processos produtivos industriais. Trata-se ainda de um projeto-piloto, que está sendo aplicado em sete Estados, que ajuda as empresas a desenvolver estratégias de fortalecimento de marcas e identidade. Inovação Investimento Cultura para todos Interação: alunos transformam-se em agentes culturais outubro 2006 • SESI Gestão social • Inocação Investimento No Acre, o programa foi lançado em setembro e já despertou o interesse de seis empresas dos ramos da madeira e de móveis. Áurea Sueza Zanatta, proprietária da empresa Sul Latina, de Rio Branco, resolveu participar do projeto porque considera o investimento em cultura um ponto favorável para a imagem de qualquer empreendimento. “Essa iniciativa agrega valor ao produto oferecido, proporcionando maiores lucros”, relata. Na área de promoção cultural, o SESI investe em projetos socioeducativos que estimulam e contribuem para o fortalecimento de sua imagem institucional. É dentro desse contexto que está inserido o Prêmio Marcantonio Vilaça para artes plásticas, desenvolvido em parceria com a CNI. Com periodicidade bienal, a iniciativa concede bolsas de trabalho de R$ 30 mil para cada um dos cinco premiados, além José Pau lo Lace de proporcionar ao artista o acompanhamento por um crítico ou curador durante o primeiro ano de trabalho. “Trata-se de uma decisão de vanguarda, pois apóia o artista não apenas na produção de seu trabalho, mas também em seu acompanhamento crítico e na divulgação e documentação de sua obra”, destaca Cláudia Ramalho. O Prêmio Marcantonio Vilaça também cumpre função educativa. Professores e alunos das redes de ensino do SESI, pública e particular têm acesso às obras premiadas e à arte contemporânea. “Eles vão às exposições e percebem, com um novo olhar, a arte presente em nosso dia-a-dia. A cultura abre os horizontes e valoriza as pessoas”, completa a gerente. Em 2006, foram capacitados 2.500 professores e 6.500 alunos participaram de oficinas educativas realizadas nas exposições itinerantes do Prêmio rda Bonecos e concertos Teatro: bonecos atraem a atenção dos funcionários No Ceará, o projeto Tecnologia SESI Bonecos leva às empresas informações sobre saúde e educação com o teatro de fantoches. “Utilizamos uma estratégia pedagógica adaptando assuntos de interesse da empresa”, explica Maria Cristina Ângelo dos Santos, assistente social do SESI-CE. A iniciativa é promovida na Companhia de Água e Esgoto do Estado (Cagece). De acordo com Niedja Maria Pinheiro, analista de gestão da empresa, o teatro é mais eficiente na transmissão da mensagem para os funcionários. “É uma forma criativa de atrair a atenção, abordando temas polêmicos e de grande importância para o dia-a-dia do trabalhador”. Em outubro, durante a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho, a Cacege usou bonecos para chamar a atenção sobre a prevenção da AIDS. Outro projeto de destaque é o SESI Piano Brasil, que dá acesso à música erudita por meio de concertos. Ele reúne obras produzidas para piano de alguns dos principais nomes da música erudita brasileira, das mais diferentes regiões e períodos da história. “Trata-se de uma importante fonte de pesquisa, conhecimento e consolidação dos acervos musicais do País”, explica Cláudia Ramalho. Em suas duas edições, o projeto visitou 28 cidades brasileiras. Além dos concertos, são realizadas palestras sobre a música contemporânea, ressaltando a sua importância e identificando músicos em potencial. • SESI Gestão social • outubro 2006 em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belém e Recife. Iniciativas como essas fizeram com que o SESI fosse convidado a participar do Conselho Nacional de Incentivo à Cultura e da Comissão Nacional de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. “Nosso trabalho é considerado referência em educação, justamente porque tem uma dimensão cultural mais ampla”, conclui Cláudia. Divulgação Exemplo de sucesso Nupote: trabalhadores viram artistas Na Bahia, o projeto Arte na Empresa tem oferecido ao trabalhador o acesso a manifestações e espetáculos que resgatam valores culturais, possibilitam a troca de experiências e desenvolvem o potencial artístico. O projeto existe há 14 anos e foi adaptado à Tecnologia Cultura. “A iniciativa busca não apenas entreter, mas levar informação e estimular o gosto pelas artes”, informa Ana Rosa Fonseca, assessora de área de lazer do SESI-BA. A petroquímica Braskem, de Salvador, se beneficia do projeto há três anos, por meio do grupo Nupote (Núcleo Poliolefinas de Teatro), formado por funcionários da própria empresa. De acordo com Cristiane Matos, do departamento de Recursos Humanos da Braskem, as peças incentivam a integração, melhorando a produtividade e contribuindo com a qualidade de vida dos trabalhadores. “É um momento que vai além da descontração, pois promove conhecimento, bemestar e fortalece a relação interpessoal”, conta. Recentemente, o Nupote apresentou o musical Quem faz mais, juntamente com o grupo de coral da empresa. A peça foi baseada na Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), que é a base filosófica da Braskem. Luís Bandeira, diretor de teatro do Arte na Empresa, explica que vários talentos são descobertos por meio dessa iniciativa. “Valorizamos o potencial do trabalhador e contribuímos para o desenvolvimento de novos de talentos”, diz. outubro 2006 • SESI Gestão social •