Telefone para você. Telefone para todos. Ao encaminhar para consulta pública a proposta de telefones com assinatura mensal de aproximadamente R$ 9,50 (sem impostos) para os participantes do Bolsa Família, o Conselho Diretor da Anatel dá claro sinal de que a universalização dos serviços de telecomunicações no País é uma prática inclusiva, necessária e salutar. A finalidade da iniciativa da Agência é a de possibilitar que as 13 milhões de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família – uma participação superior a 50 milhões de brasileiros – sejam atendidas por meio de um plano que permita não apenas a comunicação telefônica mas também a inclusão social, especialmente quando viabiliza o acesso à sociedade do conhecimento. O telefone fixo em casa é, hoje, muito mais que meio de comunicação entre pessoas. Pela telefonia fixa, a população tem acesso a serviços de segurança, educação, saúde, informação e cultura – entre tantos outros. Resultam desse acesso o desenvolvimento e a prática da cidadania – da mesma forma que se ampliam as possibilidades de progresso profissional e de geração de renda. O Acesso Individual Classe Especial, ou Aice, como é conhecido, foi criado com a finalidade de universalizar progressivamente a telefonia fixa por meio de condições favoráveis para oferta, utilização, aplicação de tarifas, forma de pagamento, tratamento das chamadas, qualidade e função social. Atualmente, o Aice conta com cerca de 180 mil assinantes. Entre as alterações propostas, a adoção de um critério de elegibilidade para a população atendida é um avanço institucional importante que permitirá a oferta do serviço pelas concessionárias a todas as residências cadastradas no programa Bolsa Família do Governo Federal. As alterações sugeridas trazem aperfeiçoamentos que tornam o Aice muito atrativo. Uma franquia de 90 minutos para chamadas locais entre telefones fixos, combinada com modulação horária igual à da classe residencial, permite, por exemplo, chamadas telefônicas ou conexão à internet com custo mínimo, de segunda a sexta-feira, entre zero e 6 horas; aos sábados, acesso também das 14 às 24 horas; e o dia inteiro aos domingos e feriados nacionais. Outros avanços que devem ser ressaltados são a redução do prazo de instalação de 30 para sete dias, a adoção das mesmas metas de qualidade do plano básico da classe residencial e a forma de pagamento – que será pós-paga e, opcionalmente, a critério da concessionária, pré-paga ou uma conjugação pós e pré-pagas, o que permitirá maior flexibilidade aos usuários no planejamento e no controle de seus gastos. O Aice mantém todos os benefícios dos assinantes dos planos básicos da telefonia fixa – como os direitos à conta detalhada ou à portabilidade numérica. Comparativamente, a assinatura do plano básico residencial, sem tributos, mantém-se em R$ 28,72; do Aice atual, R$ 17,23; e do novo Aice, proposto pela Anatel, R$ 9,50. Assim, o valor de assinatura do Aice proposto é 45% menor que o do Aice vigente, sem considerar a franquia de 90 minutos e a modulação horária. Para uma cesta de serviços com 90 minutos de chamadas locais, o Aice proposto gera uma economia superior a 66% para os usuários. Durante a consulta pública com a proposta do novo Aice serão realizadas audiências públicas em Salvador e Brasília – para que a sociedade conheça melhor e se manifeste presencialmente em relação às mudanças. As sugestões para o texto em consulta pública podem ser feitas pelo portal da Agência (www.anatel.gov.br) e são aceitas também por carta, fax ou e-mail. É por meio da contribuição à consulta e da presença nas audiências públicas que a população e as instituições que representam os consumidores participam do processo regulatório e possibilitam à Anatel estar atenta às suas expectativas para regular com amplo equilíbrio os serviços de telecomunicações. A universalização é, ao lado da qualidade e da competição, componente do tripé que inspirou o atual modelo brasileiro das telecomunicações. Certamente, com o Aice proposto, abre-se caminho para ampliar a oferta desses serviços e buscar novos avanços na redução das tarifas e da assinatura básica. Ronaldo Mota Sardenberg, Presidente da Anatel 28 de fevereiro de 2011