PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL O Patrimônio Cultural é uma construção Será mais democrático e socialmente justo se resultar de um processo de construção coletiva. Constituição Federal de 1988 “Artigo 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem”: ... as formas de expressão e os modos de criar, fazer e viver ao lado das obras de arte, arquitetura e demais bens tradicionalmente consagrados. A noção de Patrimônio Cultural ampliou-se para abranger a diversidade cultural brasileira. A atuação do Iphan na área do Patrimônio Cultural Imaterial está voltada para a valorização da diversidade cultural por meio de: 1. Ações de identificação, mapeamento e inventário de bens culturais de natureza imaterial, especialmente através da metodologia do INRC – Inventário Nacional de Referências Culturais; 2. Reconhecimento de expressões da cultura como Patrimônio Cultural do Brasil através do Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial; 3.Implementação de Planos de Salvaguarda dos bens culturais registrados e de outras ações de fomento e apoio às condições de produção e reprodução de manifestações culturais por meio do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial – PNPI. Decreto 3.551/2000 Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial. Resolução nº 001/2006 Regulamenta os procedimentos de abertura e instrução técnica dos processos administrativos de Registro. Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial Instrumento de reconhecimento e valorização do patrimônio cultural, por meio da inscrição nos seguintes livros: 1. Livro dos Saberes; 2. Livro das Celebrações; 3. Livro das Formas de Expressão e 4. Livro dos Lugares. Poderão ser criados outros livros para bens culturais que não se enquadrem nessas categorias. Livro de Registro dos Saberes Livro onde são inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades. Ofício das Paneleiras de Goiabeiras Vitória/ES Registrado em dezembro de 2002 Modo de Fazer Viola-de-Cocho MT/MS Registrado em dezembro de 2005 Ofício das Baianas de Acarajé - Salvador/BA Registrado em janeiro de 2005 Modo artesanal de fazer Queijo de Minas, nas regiões do Serro e das serras da Canastra e do Salitre/ Alto Paranaíba - Minas Gerais Registrado em junho de 2008 Livro de Registro das Celebrações Onde são inscritos rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social. Círio de Nazaré Belém/ PA Registrado em outubro de 2004 Livro de Registro das Formas de Expressão Onde são inscritas manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas. Arte Kusiwa - pintura corporal e arte gráfica Wajãpi /AP - Registrado em dezembro de 2002 Samba de Roda do Recôncavo Baiano Registrado em outubro de 2004 Jongo no Sudeste Registrado em dezembro de 2005 Também foram inscritos no Livro das Formas de Expressão: O Frevo, em fevereiro de 2007 O Tambor de Crioula, em junho de 2007 As Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: partido alto, samba de terreiro e samba-enredo, em novembro de 2007 Livro de Registro dos Lugares Livro onde são inscritos mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas. O Livro dos Lugares foi aberto com a inscrição da Cachoeira de Iauaretê - Lugar Sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri, no Alto Rio Negro, Amazonas, em agosto de 2006. O Registro da Feira de Caruaru, em Pernambuco, foi outro lugar inscrito neste Livro, em dezembro de 2006. Outros processos de Registro de lugar, em curso, são os da Feira de Campina Grande, na Paraíba e da Feira de São Joaquim em Salvador, Bahia. O Mercado Ver o Peso, em Belém, no Pará, está sendo inventariado com vistas ao Registro. O Registro de um bem cultural terá sempre como referência a continuidade histórica do bem e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira GASTRONOMIA COMO PATRIMÔNIO CULTURAL A comida é uma das primeiras expressões da cultura Faz parte de processos de construção de sociabilidades, de formas de sobrevivência, de apropriação e transformação de recursos naturais e de relacionamento com o meio ambiente. A culinária, as expressões de comensalidade estão sempre presentes nas festas, nas feiras, nas rodas de canto e de dança, associados às diversas manifestações da cultura e às práticas da vida cotidiana que referenciam a identidade, a ação e a memória dos grupos sociais. A culinária e a gastronomia, das formas mais simples às mais elaboradas, são parte desses processos culturais e da nossa identidade. Comparecem no almoço do Círio de Nazaré, um ritual dos mais importantes no complexo dessa celebração. Estão presentes na moqueca e na torta capixabas, pratos indissociáveis da panela de barro de Goiabeiras. Estão contidas nos quitutes do tabuleiro da baiana como também em todo o universo de saberes, fazeres e crenças do Ofício das Baianas de Acarajé. Estão no Modo artesanal de fazer Queijo de Minas, nas regiões do Serro e das serras da Canastra e do Salitre/Alto Paranaíba, que dizem muito do modo de ser mineiro. Como também nos processos de Registro do Sistema Agrícola Tradicional do médio Rio Negro – AM, que referencia a identidade cultural dos povos indígenas daquela região, e dos Saberes e fazeres associados ao uso do caju na região Nordeste (1ª Etapa de pesquisa – A Cajuína no Piauí). Como se vê, o reconhecimento de bens e manifestações representativos da diversidade cultural brasileira, por meio de Registro, vai muito além da descrição e consagração de receitas de comidas típicas. Pois o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial consiste, essencialmente, na produção e/ou sistematização de conhecimentos e documentação extensiva dos aspectos culturalmente relevantes sobre o bem, devendo contemplar: • origens, transformações e continuidade histórica; • processo de produção, circulação e consumo; • identificação dos produtores; • significados atribuídos ao bem por seus produtores e pelos grupos sociais envolvidos no processo de produção e consumo; • contexto cultural específico; • referências documentais e bibliográficas; • documentação audiovisual produzida sobre o bem ou que lhe seja pertinente. Exitem demandas pelo reconhecimento de comidas típicas, como o empadão goiano, o alfenim, o sanduíche Baurú, o pastel de angú, entre outras. O entendimento que vem sendo construído é que as comidas são elementos constitutivos dos sistemas culturais de celebrações, festas, expressões e práticas sociais, e assim devem ser reconhecidos. Entre tantas demandas pelo reconhecimento de bens expressivos da diversidade cultural brasileira, estas são questões em permanente discussão. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN Departamento do Patrimônio Imaterial/DPI Diretora Marcia Sant’Anna Gerência de Registro Gerente Ana Claudia Lima e Alves Telefones 61-3414- 6133/3414-6135 Fax 61- 3414-6134 [email protected] www.iphan.gov.br