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Classificação do artigo 25 mai 2015 O Globo
LUIS ANTONIO LINDAU Luis Antonio Lindau é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
A nova era dos ônibus
Rede de BRT, composta de vários corredores em plena operação, enfrenta, na fase de implantação, barreiras
impostas por vários atores e seus interesses conflitantes
Há décadas as cidades entregaram suas ruas aos automóveis. Hoje sofrem com o congestionamento
crônico, fruto desse grande equívoco no planejamento urbano. Agora, as cidades estão revendo o modelo
e transferindo o protagonismo para o transporte coletivo, já que uma faixa dedicada ao ônibus pode
transportar até dez vezes mais pessoas que uma faixa utilizada pelo automóvel.
ANDRÉ MELLO
Medidas prioritárias para o ônibus aumentam a produtividade do sistema, baixam os custos
operacionais, reduzem os tempos de deslocamento e trazem maior pontualidade, além de mitigar as
emissões de gases de efeito estufa e diminuir a poluição local.
O site BRTdata.org revela esta nova tendência ao mapear cerca de cinco mil quilômetros de corredores
prioritários ao ônibus em 190 cidades do mundo. A plataforma indica um aumento exponencial a partir da
virada do milênio, quando Bogotá inaugurou uma nova era dos BRTs, ao possibilitar a operação de serviços
convencionais e expressos e reduzir pela metade o tempo de viagem. A capital colombiana investe em BRT
desde 2000; hoje, são 11 corredores, que levam mais de 2,2 milhões de passageiros todos os dias. O
transporte de alta qualidade e desempenho, que inclui sistemas BRT (Bus Rapid Transit) e BHLS (Bus with
High Level of Service), como são chamados na Europa, proporciona uma alternativa rápida, segura,
confiável e acessível para a mobilidade urbana.
O Brasil é o país com a maior extensão de corredores de ônibus. São mais de 840 quilômetros, em 34
cidades, que atendem a 12 milhões de usuários por dia. A cidade de Curitiba foi a pioneira no Brasil, iniciou
a implantação de corredores de ônibus em 1974 e agora conta com seis corredores BRT, que totalizam
81,5 quilômetros.
A inauguração de sistemas BRT no Rio, Belo Horizonte, Brasília e os mais de 200 projetos de sistemas
prioritários ao ônibus em andamento apontam para uma novo momento do transporte coletivo sobre
pneus.
Na China, o crescimento na última década foi o mais acelerado, o número de corredores passou de
dois para 33. Paris, Madri e Amsterdã estão entre as 56 cidades da Europa com sistemas prioritários ao
ônibus. Desde 2005, a Cidade do México vem investindo em BRT; hoje, conta com cinco corredores, que
somam 105 quilômetros e levam 900 mil passageiros por dia. Mesmo nos Estados Unidos, onde 95% do
deslocamento motorizado urbano é por automóvel, a extensão de corredores ultrapassa 550 quilômetros.
Uma cidade com um sistema multimodal de transporte urbano bem concebido, implantado, operado e
controlado é capaz de diminuir a dependência de seus habitantes dos veículos motorizados privados.
Importante destacar que uma rede eficiente de BRT, composta de vários corredores em plena operação,
enfrenta, durante o processo de implantação, barreiras impostas por inúmeros atores e seus interesses
conflitantes. Porém, o transporte coletivo sobre pneus, com sua inerente flexibilidade e a alta
competitividade proporcionada pelas faixas exclusivas, apresenta­se como um componente essencial do
sistema de mobilidade.
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