GAFAM/AE
Grupo de Apoio a Famílias/Amor-Exigente
8º Princípio - A Crise
Na lida diária da vida, quando se tem um familiar com comportamento inadequado, há
momentos em que pensamos em desistir. Se temos alguém com quem conversar, partilhar, tudo
bem, desabafamos um pouco, caso contrário é um desespero.
Um pai me dizia:
Ás vezes, sinto-me incapaz de lidar com o comportamento de meu filho, Sinto-me vítima
de meus filhos, sinto-me atraiçoado, desapontado, porque acho que não sou um bom pai.
Outras vezes sinto que perdi o controle de minha vida, fico confuso e triste pelo que está
acontecendo com minha família. Na escola, ouço reclamações pelo péssimo comportamento
dele, na polícia falam comigo como seu fosse um pai que não da importância à família, Tenho
raiva da escola, tenho raiva da polícia, estou assustado com o potencial de violência que vejo
em mim e em meus filhos.
Nunca pensei que seria capaz de sentir tanta revolta. Estou desmotivado no trabalho, e
já me chamaram a atenção, não tenho vontade de voltar para casa, lá só tenho problemas.
Brigo com minha mulher; não dou atenção aos outros filhos. Tenho vontade de morrer; tenho
vontade de que meu filho morra. Já fiz tudo que podia, já vendi o patrimônio da família, nada
deu certo e o problema está cada vez pior. Quero resgatar minha família. Mas não sei o que
fazer.
Se você está se sentindo como esse pai, saiba que você está em crise, mas não está sozinho. Há
muitos pois em crise em sua comunidade. De certa maneira, também eles se sentem como você
e esses pais são ricos, pobres, brancos, casados, descasados, solteiros, adotivos etc.
As pessoas tendem a esconder suas crises. Pôr isso é difícil saber quantas famílias estão
se sentindo como você. Em inúmeras famílias, os filhos estão se comportando como o seu, e os
pais, também como você, sentem-se tristes, raivosos, culpados e desamparados. Mas as pessoas
mudam. Pais em crise que usaram as propostas do AE descobriram que eles não devem
enfrentar a crise sozinhos. Buscaram apoio e retomaram o controle de suas vidas. Você não
deve permanecer em crise. Pode mudar. Pode fazer sua vida melhor.
Como a crise afeta você
A crise de que falamos é a frustração, a confusão, a raiva e o medo que os pais sentem
dentro de sua própria casa frustrados quando seu filho se recusa a voltar para casa na hora
designada, ou sai furtivamente tarde da noite e fica fora o tempo todo, às vezes dias. Você fica
frustrado quando ele se recusa a assumir alguma responsabilidade e a ajudar nos trabalhos da
casa, lavar a louça, arrumar o quarto. Toda vez que isso ocorre, vocês argumentam, discutem,
brigam e ele acaba pôr não fazer nada.
Você fica confuso quando ele chega em casa alterado, negando o próprio estado,
embora você perceba claramente pelas evidências físicas e pelos objetos que ele deixa no quarto
ou em outras partes da casa. Você fica zangado e amedrontado quando, cada vez mais, ele o
ameaça de violência e aos demais membros da família. Você fica desamparado quando tudo que
tenta não dá resultado. Ele fica surdo ao que você diz e continua fazendo o que quer: não vai à
escola, fica na rua até altas horas, falta à aula e é freqüentemente suspenso, usa roupa suja,
não toma banho, volta bêbado ou drogado, deixa bagunça pôr onde passa, rouba pertences da
casa, usa roupas das outras pessoas sem permissão e some com ela recusa-se a colaborar em
casa, briga com os outros, inventa histórias absurdas, vende coisas valiosas da casa, foge,
envolve-se com a polícia.
Eles vivem se desculpando pelo péssimo comportamento e culpando alguém ou alguma
coisa: “o professor não gosta de mim”, “acabou a gasolina”, “não é meu eu achei”, “a polícia
parou todos nós”, “a culpa não é minha”, “você é careta”. Nas escola são freqüentes as
suspensões, as nota ruins. Vivem se envolvendo em confusões no trânsito, acidentes,
ocorrências pôr causa da bebida.
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As meninas ficam grávidas, abortam, têm filhos. As doenças venéreas e a AIDS são uma
possibilidade comum.
Tudo isso afeta você, que passa a se sentir aborrecido, ansioso, zangado, inseguro,
chocado, fracassado, louco, desaperrado. Então pensa: o que está errado com meu filho? Será a
escola? Será que sou eu? Meu marido? Minha Mulher? A situação melhoraria se eu não
perguntasse nada? Se não brigasse? Ou não posso fazer nada? Não sei o que fazer! Quero
matar meu filho. Devo estar fazendo alguma coisa errada. Deus está me punindo. Ando muito
deprimido. Será que não faço nada certo ou estou imaginando coisas? Devo consultar um
médico, tomar algum remédio? Talvez um psiquiatra? Será que devo ir embora, para bem longe,
onde ninguém possa me encontrar... e o pensamento continua voando,...
Mas o que você realmente faz? Briga na escola, tira seu filho da prisão, paga todas as
multas, consulta médicos, psicólogos, psiquiatras, compra carros, conserta carros... Discuti com
seu marido, com sua esposa, com os vizinhos, vive em hospitais pôr causa de acidentes ou
overdoses.
Então culpa a escola, a polícia, o psiquiatra, o psicólogo, seu cônjuge, seu vizinho, os
amigos de seu filho, os traficantes, as drogas e o álcool... Acredita que está sozinho, que criou
um monstro, que está louco, que seu filho está louco, que pode resolver o problema sozinho,
que não deveria ter tido filhos. Como tem tentado
Resolver a situação? Tem esperado que ela simplesmente desapareça sem que precisa fazer
nada, tem arrumado a bagunça, ido ao supermercado para comprar coisinhas especiais para ele,
orando em silêncio e se isolado? Enquanto isso, se filho continha a ignorá-lo, a fazer o que quer.
Você então faz ameaças, torna-se violento, racionaliza.
Quando age assim, seu filho o culpa, diz que você é cruel e continua a agir da mesma
forma. Você passa a ser amorroso, conversa, ouve-o com atenção, dá bons exemplos, implora,
chora, grita, protege, defende, prende-o no quarto, se irrita e fica doente. Então ele se
desculpa, jura arrependimento e você sente pena. Ele continua a agir como bem entende,
ignorando você.
Isso é crise. Muitas pessoas resolveram dar um basta nessa situação, e você também
pode fazê-lo. Aprender como parar com sua crise, como repensar o problema e desenvolver uma
estrutura de alívio; como encontrar apoio em suas próprias decisões e estabelecer uma situação
que previna futuras crises; como devolver o problema para o filho que o pôs em crise e usar o
seu próprio poder. Não interessa porque tudo aconteceu, onde você errou ou qual foi sua falta.
Ocupe-se agora com sua crise de maneira diferente. Ela foi construída gradualmente.
Pequenos eventos que você ignora continuam sua escalada drástica, problemas que pedem ação
severa e imediata.
As crises não são eventos infelizes, são causados pelo comportamento de alguém.
Perceba todas as causa de sua crise: seu filho arruma uma porção de desculpas, coopera
pouco, seus sentimentos são ignorados e você fica cada vez mais inseguro; ele chega em casa
em péssimo estado e você se sente infeliz e ansioso; certos objetos somem de sua casa; as
multas de trânsito são freqüentes; de repente você chega em casa e há uma festa inesperada;
os amigos de seu filho parecem indesejáveis e ele vive envolvido em acidentes e brigas, tem
súbitas mudanças de comportamento e finalmente sofre a primeira overdose.
Crises implicam dor, desconforto, insegurança, MAS criam a oportunidade de romper
com o passado, abrem a possibilidade do novo.
Contentemente o filho com um comportamento-droga está criando crises. Quem gera a crise
a administra. Esses filhos necessitam das crises, do caos para poder sobreviver no estilo de
vida que escolheram: o caos. Sem ele estão perdidos.
Reflita: quando os filhos são sempre os geradores de crises nós ficamos somente na reação e
não na ação. Temos de criar crises para poder agir, para poder administrar. Ao criar uma crise
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precisamos estar compromissados com a verdade, livres dos sentimentos de simpatia e
antipatia, isto é, sem raiva, sem sentimentos de vingança, sem revanchismos, sem justificativas.
Provavelmente você vai constatar que seus recursos são insuficientes. Não hesite em buscar
ajuda. Estabeleça metas e as ordene. Comece pelas fáceis de ser implementadas, fazendo uma
coisa de cada vez. Crie uma cumplicidade sadia com seu parceiro. Estabeleça pontos de
concordância, deixando as divergências para uma etapa posterior. Converse com o parceiro,
procure saber como ele está. Fale de você, dos seus medos, das suas dores, seja humano. Só
não chore (choro manipulador) diante do filho, pois ele tenderá a manipular esse fato. Anote as
suas fraquezas e as vigie. Seja coerente. A incoerência desestrutura o íntimo do homem.
Procure ou forme um grupo de apoio. Ponha a macrofamília a par do que está ocorrendo e peça
a sua cooperação. Caso ela não possa ou não queira colaborar pelo menos que não atrapalhe.
Faça duas listas: uma com as qualidade do filho e a outra com as dificuldades. Trabalhar com o
positivo é muito mais pedagógico e frutífero. Ao promover as qualidades restringimos a
oportunidade de as dificuldades se manifestarem. Caso se manifestem, corrija-as.
O desenvolvimento pessoal comporta a cada instante uma certa renúncia. Ter de escolher
implica viver um processo de tensão: escolha e tensão são inseparáveis (momento de crise).
Evitar crises é estagnar o desenvolvimento do filho e o nosso também.
Hoje nós, pais, encontramos imensas dificuldades em dizer não aos filhos, a impor caminhos
coerentes com os princípios que norteiam as relações familiares. Assim não estamos preparando
o filho para os nãos da vida, para os momentos de profunda frustração, não o estamos
preparando para os ideais de vida. O não mais educativo é aquele que conseguimos que
o jovem pronuncie para si mesmo.
Não tenhamos medo de criar crises para nossos filhos, contanto que não as criemos insolúveis,
desleais, injustas, inoportunas e indignas, crises não geradas pôr um ato genuinamente
amoroso. Sem autoridade jamais poderemos criar crises construtivas.
Claro que deve haver intimidade, mas, se não houve respeito à autoridade, o edifício sobe sem
os alicerces e fatalmente desabará.
Ao criar uma crise devemos estar preparados para a chantagem e o jogo emocional, para as
agressões: moral, verbal e física, para o desacordo da macrofamília e da sociedade.
Criar crises é um risco? Sim... o risco de dar certo.
Os pais que querem que seus filhos dêem certo devem escolher a melhor alternativa, mesmo
que não seja a mais fácil, para os filhos e para si próprios.
Os filhos são um investimento a médio e a longo prazo e os pais têm que deixar de tomar
decisões a curto prazo a respeito dos caminhos a ser trilhados por eles.

De uma crise bem-administrada surge a possibilidade de uma verdadeira
mudança... e é preciso ter coragem e disposição para mudar. Daqui para a
frente, não há mais desculpas. Os pais devem estar alertas e ser capazes de amar seus
filhos de modo a fazer por eles o que precisa ser feito, sem pena deles ou de si próprios.
Este é um momento de extrema importância para o sucesso da proposta do AmorExigente.
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Há alguns anos, tomamos contato com uma palavra que nos pareceu a melhor saída para ajudar
a administrar as crises: “Defiforexe”. Adotá-la facilita o caminho e divide claramente as etapas
do problema.
DE = defina o seu alvo; (Onde você quer chegar - O que você está buscando?)
Fi = fixe prioridades;
For – formule um plano de ação;
Exe = execute-o
1)
a)
b)
c)
Para definir um alvo, é preciso:
conhecer o problema (Não importa onde você está, importa onde você quer chegar)
analisar tudo com ponderação e objetividade, sem raiva, sem emoção;
buscar a ajuda ou orientação de gente criteriosa.
-
Daí, preparem-se, estudem, questionem. É isso que querem? É nisso que acreditam?
Seu companheiro(a) pensa como você? Estão prontos? Se estiverem tranqüilos,
confiantes, seu alvo foi definido.
a)
Tirem a trave do olho. Não se deixem manipular ou enrolar.
Procurem instruir-se, informar-se e atualizar-se em relação aos problemas que enfrentam.
b)
Pai e mãe têm que ser um só quando se trata de educação do filho.
c)
É preciso ter um grupo de apoio. Qual é o seu grupo? A escola? A família? A comunidade
da igreja? A comunidade do Amor-Exigente?
2)
a)
b)
c)
d)
3)
feito isso, estão prontos a enfrentar o desafio, isto é, o familiar que está causando
problemas.
Na formulação do plano:
O grupo de apoio vai ajudá-los a avaliar a situação e corrigir o rumo das coisas... Muitas
cabeças pensam melhor que uma. O grupo anima, dá força e chega mais depressa a
resultados positivos.
O Amor-Exigente sugere que se façam duas listas: das qualidades e dos defeitos, para
cada membro da família. As qualidades devem ser trabalhadas, valorizadas, ressaltadas,
fortalecidas e os defeitos, corrigidos. Falem o menos possível. Tenham consciência do
que precisa ser mudado e comecem a agir. Comecem pelas coisas mais simples mais
fáceis de conseguir.
Faça uma lista das forças negativas e positivas que vão atuar no caminho e que podem
ajudar ou impedir que você atinja o alvo traçado, utilize as positiva e trabalhe ou elimine
as negativas.
Com absoluta tranqüilidade, autoridade paterna e autodomínio, administrem a crise sem
medo; não voltem atrás, sejam perseverantes e disciplinados, lembrem-se de controlar e
cobrar cada regra, cada limite estabelecido. É importante também ter como punir o
infrator, caso não siga as regras. Para tanto, não dêem castigos para a vida toda, por
meses a fio.
Na execução do plano, só há uma saída: Agir, fazer sua parte para chegar à solução
do problema, mas deixando que o responsável aprenda, sofrendo as conseqüências do
que fez. Nunca esquecer a crise. Vão em frente, lutem, tentem com todas as força ser
felizes. Levantem a cabeça e vejam o que Deus tem para lhes dar.
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AVALIAÇÃO DA CRISE
Neste princípio percebemos que,
e)
de uma crise bem controlada surge uma mudança positiva.
f)
Como bons pais, ficamos firmes quando tomamos atitudes,
obedecendo as leis de Deus.
O que faz com que as pessoas sejam mais ou menos felizes é a atitude que
assumem frente aos obstáculos: as pessoas menos felizes remoem os problemas
que encontram, enquanto as mais felizes concentram-se nas possibilidades de
melhoras futuras.
Ninguém é “feliz para sempre” aqui na terra, mas a vida é feita de pequenas e
grandes alegrias. Momentos de sofrimento são inevitáveis, mas temos que
aprender e acreditar que para Deus nada é impossível, basta nos relacionarmos
com Ele e que recebemos DEle a capacidade de superar crises.
A felicidade não depende do número de coisas ruins que acontece com alguém. O importante
é a maneira de encarar o que acontece: a pessoa que tende a tirar conclusões negativas sobre
si mesma quando coisas negativas ocorrem, é certamente menosfeliz do que a que se trata com
complacência. A pessoa que se vê como causa dos acontecimentos negativos, têm mais
probabilidade de ficar insatisfeita com a vida.
Como administrar a crise e conseqüentemente buscar a felicidade?
g)
enfrentar o problema
h)
assumir a responsabilidade dos nossos erros (NÃO A CULPA)
i)
refletir antes de agir
j)
entender que cada escolha há sempre uma perda
k)
aceitar que vida é feita de ganhos e perdas
l)
definir claramente nossa meta
m)
programar a nossa mudança de atitude
n)
assumir novos comportamentos
o)
mudar todo o dia um pouco. Sempre procurando melhorar
Uma crise gera mudanças e a mudança pode gerar ansiedade e exige um
certo tempo para adaptar-se ‘a nova situação. Mas, o ser humano tem uma
facilidade muito maior do que imagina; a de conviver com a mudança.
Certamente sentiremos desconforto e insegurança durante uma crise e frente a
uma nova situação. Será necessário nos ajustarmos. Se aprendermos a ter
paciência nesse processo de adaptação poderemos ser vitoriosos.
Como tarefa da semana, relacione os seus comportamentos que os tem ni comodado.
E.....escolha um para trabalhar durante a semana.
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