I Seminário de Produção em Linguística Caderno de Resumos 17, 18 e 19 de Outubro de 2012 Site do evento: http://www.ufscar.br/bureau/wordpress/?page_id=246 1 COMISSÃO ORGANIZADORA Prof. Dr. Dirceu Cleber Conde Bure@u do Texto EDIÇÃO E REVISÃO Bévirley Cristina Batista dos Santos Rosana Gama Soares de Mello 2 Sumário 1. Trabalho de Conclusão de Curso.......................................................................6 1.2 Área: Processamento de línguas naturais (PLN)..............................................6 GIANOTI, A. Descrição morfológica dos termos da educação à distância..........6 AZEVEDO, C. Levantamento lexical dos GEEs..................................................7 GOTARDELO, C.Termos da biologia segundo Aurélio (2009)...........................7 SOUZA, J. Identificação da redundância com base em conhecimento linguístico superficial para a sumarização automática multidocumento.................................7 1.3 Área: Texto e discurso (TD)...............................................................................9 NEVES, A. Escrita acadêmica-científica: para além do discurso normativo........9 SILVA, A. Análise de conversação e aspectos pragmáticos: o gênero entrevista (em português do Brasil)......................................................................................10 LIMA, B. A emergência de um novo gênero na internet: a utilização de critérios instrucionais para a elaboração de vídeos tutoriais sobre automaquiagem e resenha de produtos.............................................................................................10 SANTOS, B. Como as revistas de grande circulação no país reconstroem a identidade do “11 de setembro” noticiando os 10 anos do acontecimento..........10 FERNANDES, C. Cenografia e ethos discursivo: a construção de uma identidade pária no jornal "O Lampião da Esquina" (1979-1981)].....................11 CONTI, C. Os mashups literários: uma análise das representações discursivas do novo autor/novo leitor brasileiro contemporâneo................................................12 GUERRA, F. O funcionamento da partícula "ou" na Constituição Federal........13 OLIVEIRA, G. Um ‘novo leitor’: o idoso na era da informática........................14 TEIXEIRA, G. A (des)construção da subjetividade delinquente: o caso do ônibus 174............................................................................................................15 SILVA, G. Análise discursiva de charges políticas: mídia, interdiscurso e interdiscursividade cultural..................................................................................15 OLIVEIRA, H. Processo de treinamento instrucional baseado em games e atividades para treinadores...................................................................................16 CAMILO, K. Análise da pequena frase "a esperança venceu o medo"...............17 SOUSA, L. Marcas ideológicas na prática de revisão de textos em materiais didáticos de educação a distância........................................................................17 RUIZ, M. História de campanhas políticas presidenciais brasileiras no youtube: um discurso panfletário?......................................................................................18 MOTTA, M. Paratopia criadora e ritos genéticos: uma abordagem discursiva da crítica à obra literária de Chico Buarque de Hollanda.........................................18 SANTOS, M. Charges políticas: acontecimento e mídia....................................19 3 SILVEIRA, N. Homossexualidade e homoafetividade sob a ótica dos discursos jurídicos...............................................................................................................20 MELLO, R. Mídia, discurso e ideologia: análise de propagandas da Skol.........20 SILVA, T. Expressões semi-fixas analisadas a partir de provérbios...................21 2. Painéis de pesquisa (IC e PG)...........................................................................22 BONOMI, A. Ethos – análise de uma construção tridimensional instável: estudo sobre a criação instantânea e/ou duradoura de uma imagem empresarial em informes publicitários..........................................................................................22 CARNEIRO, A. Tipologia das expressões adjetivais do português do Brasil....22 ZACARIAS, A. Indexação léxico-ontológica para o delineamento conceitual de corpus...................................................................................................................23 LOURENÇO, F. O uso de modalizadores no gênero jornalístico: editoriais, notícias e artigos de opinião............................................... .................................24 TOSTA, F. Aplicação de conhecimento léxico-conceitual na sumarização automática multidocumento multilíngue.............................................................25 SANTOS, F. Linguagem e religião: a condição humana, o pensamento do homem e o espírito religioso................................................................................25 GUERRA, F. O operador inclusivo e exclusivo na Constituição Federal Brasileira........................................................................ .....................................26 EVANGELISTA, G. Produção de sentido no hino homérico IV........................27 TEIXEIRA, G. Interlíngua: questões de língua, poder e interculturalidade em foco......................................................................................................................28 MILOZO, G. Aspectos do léxico e da estrutura frasal dos textos da revista recreio: uma análise das projeções discursivas do leitor infanto-juvenil.............29 SILVA, H. A constituição da fórmula discursiva "cultura de paz": circulação e produção dos sentidos..........................................................................................29 CLARES, L. A interface material impresso e audiolivro: o lugar do revisor de textos nos processos editoriais envolvidos..........................................................30 CONDE, L. “Linguagem e exclusão: uma análise semiótica de ‘a maçã’”.........31 MOTTA, M. Paratopia criadora e ritos genéticos: uma abordagem discursiva da critica à obra literária de Chico Buarque de Hollanda.........................................31 CALCIA, N. Revisão dos modelos de flexão a partir da nova ortografia...........32 ROSIN, P. Práticas de escrita e de leitura na rede: uma análise das “mensagens compartilhadas” e dos procedimentos de sua formulação e circulação linguísticodiscursivas............................................................................................................33 RODRIGUES, R. Falsos aumentativos e falsos diminutivos no português do Brasil....................................................................................................................34 CONTI, T. Enunciados de curta extensão: aforização, mídia e política..............35 RODRIGUES, T. Variação em legendas de filme traduzidas: a representação da fala de personagens pertencentes a grupos socialmente desprestigiados............35 ÁZARA, T. Ações terroristas. ............................................................................36 GALTERIO, T. Ethos, humor e publicidade: estratégias do discurso humorístico na construção e difusão de uma imagem corporativa..........................................37 SILVA, T. Alternância enunciativa da identidade social no discurso jornalístico...........................................................................................................37 4 3. Grupos de Pesquisas e Estudos / Produtos......................................................38 FILIPPO, A. Grupo de Linguagem Humana e Tecnologia – LHTec..................38 BUREAU DO TEXTO........................................................................................38 OLIVEIRA, C. A terminologia aplicada como recurso na organização e difusão do conhecimento agropecuário no Brasil.............................................................39 CONDE, C. Grupo de Estudos GESER...............................................................40 SALGADO, L. Comunica- reflexões linguísticas sobre comunicação...............41 SIGNORI, M. Instituto Mattoso Câmara de estudos interdisciplinares de linguagem......................................................................................................41 5 1. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 1.1 Processamento de línguas naturais (PLN) Ana Catarina Gianoti: DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DOS TERMOS DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Na área do Processamento Automático das Línguas Naturais (PLN), buscam-se desenvolver, em última instância, sistemas computacionais “capazes” de processar (interpretar/gerar) as línguas naturais, principalmente em meio escrito. Dentre eles, citam-se os sistemas de: tradução automática, correção ortográfica e gramatical, sumarização automática, etc. Quando baseados em conhecimento linguístico, tais sistemas podem apresentar uma arquitetura composta por três “bases de conhecimento estático”, denominados lingwares, a saber: a base gramatical, a base conceitual e a base lexical. À base de conhecimento lexical (ou base lexical), em especial, cabe a tarefa de fornecer ao sistema uma coleção de unidades lexicais da língua que se está processando, juntamente com suas propriedades morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticodiscursivas, dependendo da especificidade do sistema. Com o objetivo de contribuir para a construção de léxicos especializados (isto é, que armazenam conhecimento lexical de domínios específicos) enriquecidos com conhecimento morfológico, este projeto de TCC1 visa à descrição morfológica dos termos da Educação à Distância, domínio de conhecimento reconhecidamente relevante no cenário brasileiro. Na literatura, aliás, outros domínios especializados descritos em nível morfológico podem ser encontrados, como os domínios da nanociência e nanotecnologia e economia internacional. No caso, os termos analisados foram extraídos da base léxico-conceitual denominada WordNet.EaD, construída para o português do Brasil. Essa base armazena atualmente 172 termos simples (isto é, unigramas) e 328 termos complexos ou lexias complexas, sendo 167 bigramas, 147 trigramas e 14 quadrigramas. Para a análise morfológica dos termos contidos na WordNet.EaD, foram utilizados os seguintes processos: (i) sintáticos, os quais se subdividem em derivação (prefixal, sufixal e parassintética) e de composição (subordinativa, coordenativa, sintagmática e acronímica), (ii) empréstimo; (iii) truncação; (iv) palavra-valise; (v) reduplicação e (vi) derivação regressiva (ou derivação sufixal zero). Ao final da descrição morfológica dos termos, foram identificadas: 25 ocorrências de derivação prefixal, 62 ocorrências de derivação sufixal, 19 ocorrências de composição subordinativa, 18 ocorrências de composição coordenativa, 206 ocorrências de composição sintagmática, 14 ocorrências de composição acronímica, 20 ocorrências de empréstimo, 1 ocorrência de truncação, 7 ocorrências de palavra-valise, 1 ocorrência de reduplicação e 3 ocorrências de derivação regressiva. No projeto de TCC2, pretende-se dar continuidade à tarefa de descrição dos 6 termos da EaD. Especificamente, realizar-se-á a descrição dos referidos termos nos níveis sintático e semântico. Camila de Araújo Azevedo: LEVANTAMENTO LEXICAL DOS GEEs A preocupação com o meio ambiente tem aumentado o interesse em desenvolver novas estratégias de zelo com o planeta. Os intitulados, gases estufas, são oriundos do desmatamento, e queima de combustíveis fósseis (feito do petróleo). Estes gases existem também nas grandes indústrias que emitem o dióxido de carbono, fazendo com que se eleve a concentração deles na atmosfera. O Brasil ocupa a quarta colocação no ranking dentre os países que mais emitem esses poluentes. O cenário brasileiro, em questão, exige que a tecnologia contribua de alguma forma com tais aspectos, daí a importância em sistematizar o léxico deste domínio. Caroline Labigalini Gotardelo: TERMOS DA BIOLOGIA SEGUNDO AURÉLIO (2009) O trabalho tem como objetivo ler crítica e sistematicamente a bibliografia fundamental que sustenta esta pesquisa, analisando o tratamento dado à área de Biologia no dicionário Aurélio. Diante disso, selecionar os termos e suas respectivas definições e analisar junto a grupos universitário de áreas distintas da Biologia, os níveis de dificuldade de compreensão das definições e, por fim, classificar os resultados desta pesquisa. Este tema foi escolhido porque se trata de um dos problemas enfrentados pelo lexicógrafo: a redação da definição de termos técnico-científicos. Considerando que os grandes dicionários de língua são concebidos para o público em geral, espera-se que os textos definitórios neles constantes sejam acessíveis de maneira que o consulente possa depreender sentido daquilo que lê. Por meio de uma breve análise no dicionário Aurélio (2009) e nas pesquisas realizadas por Cano (1998a, 1998b, 2000, 2006), constatamos que não é essa a realidade do Aurélio, ou seja, os termos técnico-científicos não são definidos com a transparência necessária. Assim, esta pesquisa pretende avaliar níveis de dificuldade sentidos pelos consulentes quando buscam entender determinadas definições. Jackson Wilke da Cruz Souza: IDENTIFICAÇÃO DA REDUNDÂNCIA COM BASE EM CONHECIMENTO LINGUÍSTICO SUPERFICIAL PARA A SUMARIZAÇÃO AUTOMÁTICA MULTIDOCUMENTO Na Sumarização Automática Multidocumento (SAM), objetiva-se produzir um único sumário a partir de uma coleção de textos-fonte que abordam um mesmo assunto. O recente interesse pela SAM deve-se ao pouco tempo que as pessoas têm para assimilar a 7 crescente quantidade de informação disponível principalmente na web. Os sumários multidocumento são comumente informativos e, por isso, devem apresentar a informação principal da coleção. A seleção da informação para compor um sumário segue basicamente as seguintes etapas: (i) cálculo da importância de cada uma das sentenças dos textos-fonte que compõem uma coleção em função de algum critério de relevância (p.ex.: frequência das palavras na coleção); (ii) ranqueamento das sentenças em função da importância; (iii) seleção da sentença de maior pontuação para compor inicialmente o sumário; (iv) seleção da segunda sentença do ranque; (v) cálculo da redundância ou similaridade entre a primeira sentença, já selecionada, e a segunda; (vi) seleção da segunda sentença para compor o sumario se esta contiver pouca sobreposição com a sentença inicialmente selecionada, e (vii) repetir os passos para as demais sentenças do ranque até que o tamanho desejado do sumário seja alcançado. Dessa forma, a identificação da redundância e, sobretudo, do nível de redundância (total, parcial ou nula) entre as sentenças é primordial para a SAM, pois essa identificação determina se uma sentença será selecionada ou não para compor o sumário. Diante da escassez de trabalhos sobre SAM envolvendo o português do Brasil (PB), investigaramse neste trabalho 12 métodos (M) de detecção da redundância que se baseiam em conhecimento linguístico simples ou superficial com o objetivo de identificar os métodos que mais adequadamente capturam os diferentes níveis de redundância. Com isso, objetiva-se gerar subsídios para o desenvolvimento de métodos de SAM para o PB. Especificamente, construiu-se um corpus composto por 45 pares de sentenças, sendo 15 pares de sentenças totalmente redundantes, 16 parcialmente redundantes e 14 pares de sentenças com redundância nula. A essas sentenças, foram aplicados os métodos mais difundidos na literatura. No caso, aplicaram-se manualmente 5 métodos estatísticos, baseados na sobreposição de palavras (isto é, word overlap (MWol), noun overlap (MNol), verb overlap (MVol), adjective overlap (MADJol) e adverb overlap (MADVol)), 6 métodos linguísticos, baseados na sobreposição de diferentes informações linguísticas (isto é, sobreposição de padrões morfossintáticos (MPdMorf), verbo principal (MVp), núcleo de sujeito (MSuj), núcleo de objeto/predicativo principal (MObjPredp), palavras sinônimas (MSin) e etiquetas morfossintáticas (MEtMorf)) e um método estrutural, baseado na localização das sentenças nos textos-fonte (MLoc). Os resultados da aplicação dos métodos foram submetidos ao ambiente de Aprendizado de Máquina (AM) Weka, cujo algoritmo PART identificou regras do tipo “se o valor obtido por MNol para um par de sentenças for > 0.09, então há redundância entre elas”. Apesar do corpus de análise ter sido pequeno, foi possível considerar, com base nas regras do AM, que: (i) o MNol é capaz de identificar pares que não são redundantes dos que apresentam alguma redundância e (ii) os métodos MNol, MVp, MEtMorf e MLoc são suficientes para identificar a redundância entre sentenças com 97.7% precisão. 8 1.2 Texto e discurso (TD) Aline Cristina Dias Galvão Neves: ESCRITA ACADÊMICA-CIENTÍFICA: PARA ALÉM DO DISCURSO NORMATIVO Sob a ênfase Texto e Discurso, esta pesquisa versará sobre a organização do texto científico, focalizando: de forma geral (i) como se apresentam os procedimentos externos e internos de controle dos discursos, e de forma específica (ii) como se organizam os procedimentos linguísticos-discursivos, pautados nas reflexões relativas aos domínios da textualização. A escolha do tema deu-se graças à experiência em revisão, por nós adquirida, especialmente por conta do estágio como revisora na Editora da Universidade Federal de São Carlos (EdUFSCar). O estágio proporcionou a observação de que somente a correção gramatical não é suficiente para que se construa um bom texto, pois há procedimentos regidos por uma ordem do discurso que são tão imprescindíveis quanto o adequado emprego dos recursos gramaticais. A coleta e seleção do corpus de análise terão como norte a ocorrência dos procedimentos discursivos em análise presentes em excertos de teses e dissertações na área de estudos linguísticos. O objetivo deste trabalho será refletir de que maneira se apresentam esses textos científicos, propondo quais elementos devem ser analisados para a construção desse tipo de texto (autoria, organização temática, formas de comentário e inserção no campo disciplinar, etc.). O trabalho de pesquisa prevê as seguintes passadas: a) Levantamento e análise de literatura sobre a temática “produção do texto científico”, com o objetivo de avaliar as instruções atribuídas àqueles que buscam orientações para a escrita do texto acadêmico científico. b) Avaliar-se-á, ainda, como essas normas respondem aos procedimentos externos de controle do discurso. c) Respondendo a uma análise discursiva, avaliar-se-á as formas de ocorrência dos procedimentos internos de controle do discurso, a saber: as formas de construção do comentário, as formas de assunção da autoria e as formas de inscrição da fundamentação teórica na disciplina. d) Fundamentados em uma análise de procedimentos linguístico-discursivos expressos na textualidade, avaliar-se-á: (i) como se constroem as categorias enunciativas de pessoa, espaço e tempo; (ii) como se dão as seleções lexicais no que se refere à adequação e precisão; e (iii) quais são as contribuições do emprego adequado dos mecanismos textuais na orientação argumentativa. e) Com os resultados obtidos através do levantamento da literatura sobre o assunto, a coleta do material e a análise, pretende-se compreender como se organiza o texto acadêmico científico na área de estudos linguísticos e com isso levantar subsídios para orientar o trabalho de produção e revisão de textos científicos. 9 Ana Paula Ferreira da Silva: ANÁLISE DE CONVERSAÇÃO E ASPECTOS PRAGMÁTICOS: O GÊNERO ENTREVISTA (EM PORTUGUÊS DO BRASIL) Diante da observação do gênero talk show, que é um veículo direto de expressão e comunicação do parecer de um falante da língua sobre o mundo, em que o mesmo manipula o que irá dizer, surge o interesse de analisar os aspectos conversacionais presente nesse gênero. O objetivo é entender e explicitar como funciona o mecanismo de conversação dentro desse gênero que nos parece peculiar, já que há um mecanismo de monitoramento da fala, bloqueando parte da naturalidade genuína dos falantes – principalmente dentro dessa modalidade jornalística televisiva pela qual pautaremos a análise; e por meio de quais Máximas Conversacionais e de Polidez (Grice, 1975 in Levinson, 2007), os participantes das entrevistas se valem para reproduzir seus discursos dentro desse gênero. Pudemos notar que há uma riqueza de aspectos enunciativos a serem analisados nesse gênero, e por meio de uma perspectiva pouco usada, fundamentaremos a análise sob a luz de grandes teorias linguísticas acerca da Análise da Conversação (AC) juntamente à Pragmática. Bárbara Lara de Araújo Lima: A EMERGÊNCIA DE UM NOVO GÊNERO NA INTERNET: A UTILIZAÇÃO DE CRITÉRIOS INSTRUCIONAIS PARA A ELABORAÇÃO DE VÍDEOS TUTORIAIS SOBRE AUTOMAQUIAGEM E RESENHA DE PRODUTOS Com o grande crescimento de mulheres que a cada dia tendem à necessidade de estarem mais belas, saudáveis e bem arrumadas, o mercado cosmético brasileiro, e mundial, tem crescido em progressão geométrica. Porém, apenas se arrumar em casa, sem um curso profissional, não é o suficiente para a grande maioria das mulheres vaidosas. Elas buscam aprender. Buscam se aprimorar mais a cada dia. É a partir desse fato que surgiu um novo gênero discursivo. O gênero dos tutoriais de automaquiagem na internet. São vídeos que ensinam de forma instrucional a arte de se automaquiar. Vídeos que interagem com o público que os assistem. São produzidos para o público e com o público. Este trabalho tem como objetivo mostrar a interação e o funcionamento deste novo gênero através de análise e comparação. Utilizo como base teórica o estudo de Mikhail Bakhtin sobre os gêneros do discurso. Aprofundando e verificando o funcionamento discursivo neste gênero em crescimento. Bévirley Cristina Batista dos Santos: COMO AS REVISTAS DE GRANDE CIRCULAÇÃO NO PAÍS RECONSTROEM A IDENTIDADE DO “11 DE SETEMBRO” NOTICIANDO OS 10 ANOS DO ACONTECIMENTO Há dez anos, no dia 11 de setembro de 2001, assistimos a um acontecimento ocorrido nos Estados Unidos da América, que abalou todo o mundo, um atentado terrorista às torres do World Trade Center, em Manhattan, à Casa Branca e ao Pentágono, em Washington. Dez anos depois, em 2011, este acontecimento é retornado à mídia com muita força, e diversas matérias nascem relembrando o ocorrido e mostrando o que 10 mudou nestes dez anos. Observaremos a reconstrução da identidade do “11 de setembro” pela mídia, mais especificamente por meio de três revista de grande circulação no país, a saber: revista Veja, revista Época e revista Carta Capital, edições 2233, 694 e 663, respectivamente. Todas as três revistas foram publicadas no de setembro – mês este em que o acontecimento completou seus dez anos – trazendo uma matéria especial, com mais de três páginas. O objetivo deste trabalho é compreender a construção discursiva desse acontecimento observando os recursos textuais que constroem discursivamente diferentes posicionamentos diante do acontecimento “11 de Setembro”, na comemoração de seus 10 anos. No que tange a Análise do Discurso de linha francesa, mobilizar conceitos como destacabilidade e sobreasseveração, além de analisar a potência instrucional de textos curtos, tais como títulos, intertítulos, olhos, recursos de capa, legendas etc. Camila Passucci Fernandes: CENOGRAFIA E ETHOS DISCURSIVO: A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE PÁRIA NO JORNAL "O LAMPIÃO DA ESQUINA" (1979-1981)] O projeto de TCC “Cenografia e ethos discursivo: a construção de uma identidade pária no jornal O Lampião da Esquina” é orientado pela Prof.ª Dra. Luciana Salazar Salgado e está sendo desenvolvido no Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, e tem por objetivo geral analisar discursivamente algumas seções do jornal O Lampião da Esquina. Para dar conta de nossa análise, nos apoiaremos no corpo teórico desenvolvido pelo pesquisador francês Dominique Maingueneau, inserido no quadro teórico da análise do discurso de tradição francesa propondo conceitos de base enunciativa. Em nosso trabalho de TCC, mobilizaremos a noções de Ethos Discursivos e Cenas da Enunciação. A publicação do Lampião da Esquina foi em formato tabloide produzido entre os anos de 1978 e 1981, teve 38 edições e circulou, sobretudo, no eixo São Paulo - Rio de Janeiro e regiões do interior. Nasceu dentro da imprensa alternativa na época em que certa abertura política se delineava no fim dos anos 1970, durante o que se convencionou chamar de relaxamento dos anos de censura promovida pelo Golpe Militar de 1964. Funcionou como representação desses grupos que não tinham voz na sociedade (como mulheres, índios e negros) sendo uma importante ferramenta para a construção de uma identidade nacional pluralista. Atualmente é possível encontrar as 38 edições do jornal digitalizadas no site do Grupo Dignidade da Bahia. Metodologia Delimitamos nosso corpus em duas seções do jornal: o Editorial e a Seção Cartas na Mesa a fim de destacar os aspectos discursivos que nos levam a observar as identidades instituídas e que o jornal pretende representar. É necessário, então, determinar o tipo de discurso, que configura no jornalismo político. Para tal nos apoiamos na noção de que o jornal era um projeto político, pois implicava em lutas contra a incompreensão que havia do lugar social do homossexual e de outras identidades sistematicamente apagadas, relegadas à obscuridade e aos guetos. 11 O pesquisador francês Maingueneau (2002) propõe uma análise de instância de enunciação distinguindo três cenas: a cena englobante, a cena genérica e a cenografia. As duas primeiras cenas definem conjuntamente o chama de quadro cênico em análise do discurso. Esse quadro define o espaço estável (tipo e gênero do discurso) no interior do qual o enunciado adquire sentido. Em nosso caso, há duas cenas genéricas a serem analisadas, as cenografias que assumem e, assim, o ethos que produzem: 1) editorial, que é a política adotada pelo veículo de comunicação determinando a lógica pela qual a “instituição” jornalística enxerga o mundo (o editorial vem dizer ao público que o lê à que veio).2) A Seção Cartas na Mesa, cartas de leitores que o jornal publicava com o objetivo declarado de saber quais eram as dificuldades enfrentadas por eles, fossem elas na rua ou dentro de suas próprias casas. A última seção é a que faz emergir a voz do outro, sendo possível a abertura e discussão real do tipo de diálogo que o jornal faz acontecer o tempo todo. Essas cartas são práticas discursivas que, ao serem publicadas, cumprem certo número de funções políticas, realizando alianças e promovendo debates. Clarissa Neves Conti: OS MASHUPS LITERÁRIOS: UMA ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DO NOVO AUTOR/NOVO LEITOR BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO Os mashups literários são o resultado de uma cultura da mixagem própria da atualidade. Essa prática do mashup, bastante comum em relação a outras linguagens artísticas, tais como a música, tem se desenvolvido em relação aos textos, e se apresenta como uma interessante mudança de práticas de escrita e de leitura na atualidade. Os mashups literários podem ser considerados um “gênero narrativo misto”, que se caracteriza pela prática da mesclagem de elementos pertencentes a campos literários bastante distintos estilística e temporalmente, tais como a ‘mistura’ de best-sellers da literatura fantástica de massa com obras já consagradas como clássicos de literaturas nacionais. Dessa mistura, origina-se um terceiro texto com características próprias. É o caso, por exemplo, de Orgulho, Preconceito e Zumbis, mashup da obra de Jane Austen, publicado em 2009, que figura como um dos primeiros mashups publicados nos estados unidos e, no Brasil, das obras de Machado de Assis, José de Alencar, Bernardo Guimarães. Com vistas a compreender algumas mutações das práticas de escrita e de leitura da atualidade, levantaremos algumas representações discursivas presentes não apenas nos textos produzidos segundo a prática do mashup, mas também aquelas apreensíveis por emio da polarização de discurso acerca deste recente fenômeno editorial. Constituiremos nosso corpus com dois exemplares de mashups da literatura clássica brasileira, a saber, Dom Casmurro e os Discos Voadores e O Alienista Caçador de Mutantes, ambos originários das obras de Machado de Assis. Assim, observaremos quais são as escolhas linguísticas e estilísticas que definem o grau de manutenção ou mudança das narrativas de origem e qual é o impacto dessas produções no que concerne ao incentivo à leitura. Observando as mudanças que ocorrem nas estruturas linguísticas do texto, bem como nas manifestações dos leitores a respeito da difusão editorial desses 12 livros (a partir de comentários em blogs), buscamos discutir, à luz da análise do discurso, o princípio que rege a apropriação do mercado editorial dessa prática de mashup, iniciada em blogs e sites pessoais, e que hoje se oferece como uma linha editorial de algumas editoras que focalizam o mercado consumidor infanto-juvenil. Fernanda Guerra: O FUNCIONAMENTO CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA PARTÍCULA "OU" NA A partir dos estudos feitos sobre a Análise do Discurso (AD) e os contatos com a Área Jurídica, apareceram observações que motivaram um estudo mais específico acerca das aplicações sobre os conceitos teóricos num contexto que chama atenção e que dá margens às reflexões discursivas que estão presentes em documentos da Constituição Federal. Trata-se do funcionamento da partícula “ou” ora com valor semântico de inclusão ora com valor semântico de exclusão na Constituição Federal que dificulta a interpretação, pois o mesmo pode funcionar como “e” (inclusivo) o que gera veracidade na sentença inteira, e outra por funcionar como “ou” (exclusivo) o que gera parcialmente o valor de verdade de uma sentença inteira; pela lógica, mais especificamente o operador “ou”, implica em resultados diferentes para cada situação. O presente trabalho pretende compreender quais são as condições semântico-referenciais em que surgem as ocorrências do "ou" em seus aspectos inclusivos e exclusivos. Tal levantamento nos permitirá perceber quais as características referenciais do texto constitucional. Para a análise, trataremos do funcionamento da partícula “ou” na Constituição Federal Brasileira. Primeiramente irá ser levantado um corpus, tratamento do texto e armazenado na máquina para que, na próxima etapa os textos estarem aptos para serem processados por ferramentas computacionais, sendo as ferramentas: Sistemic Coder e Léxico 3 que nos permitirá os resultados. Ademais, para auxiliar na produção de análise será realizada a revisão bibliográfica, buscando argumentos embasados na teoria para confirmar os usos da partícula “ou” nesse contexto. Vê-se a dificuldade de interpretação das leis na Constituição Federal Brasileira, por ela ter uma linguagem rebuscada o que gera difícil compreensão para uma pessoa leiga no assunto. Com a ajuda da Análise do Discurso, uma linha de pesquisa da área de Linguística, o projeto discorrerá sobre o funcionamento do operador “ou” para ver onde está a dificuldade da interpretação e a partir disto solucionar os problemas semânticos. A linguagem jurídica, apesar de suas implicações pragmáticas e discursivas, carece de uma dada objetividade, mesmo que desta decorra um efeito. Contudo, a questão referencial é base para lógica da legislação. Assim, conhecer os procedimentos das operações lógicas em seu funcionamento nos permite explicar também como a linguagem jurídica se constitui em torno das estruturas referenciais que representam uma dada organização do seu sistema simbólico. Compreender as regularidades do uso do "ou" nos permitirá pintar um quadro geral do valor semântico nos textos da constituição. 13 Gabriela Cabral de Oliveira: UM ‘NOVO LEITOR’: O IDOSO NA ERA DA INFORMÁTICA. O objetivo de nosso trabalho de pesquisa é o tentar traçar um perfil de um ‘velho’ novo leitor, a saber, aquele pertencente à geração de pessoas que não são ‘nativos’ da cultura digital, mas que se veem impelidos, pela ubiquidade dessa cultura, a se comunicar, se entreter, se informar por meio dela, lendo e produzindo textos originalmente produzidos para circulação eletrônica ou produzidos originalmente sob a forma impressa mas que migram para o universo eletrônico. Para isso, buscaremos descrever algumas práticas que atestam uma forma de apropriação particular da cultura digital por parte das pessoas pertencentes à faixa etária designada por Terceira Idade. Tentaremos compreender o processo de ‘letramento digital’ que lhes é peculiar e que lhes oferece maneiras de acesso ao mundo, mediadas pela máquina, de forma online. Os discursos que constituem a identidade da Terceira Idade a caracterizam como sendo uma faixa etária mais ‘jovem’ do que antigamente e por isso mais ativa e interessada em exercer atividades diversificadas. As novas tecnologias de informação permitem ampliar o rol dessas atividades, afetando decisivamente o seu cotidiano e suas práticas. Se considerarmos que as pessoas da Terceira Idade não buscam formação exclusivamente com vistas a um emprego, mas antes em função de seu interesse em apropriarem-se de uma linguagem da nova geração, o domínio de algumas habilidades e o acesso à Internet são o meio para ampliarem significativamente suas fontes de informação e tornam possível formas de contato diversas com pessoas distantes ou não geograficamente, próximas ou desconhecidas pessoalmente, mas que passam a compor o rol de relações interpessoais de toda essa geração. Assim, além de tentar traçar brevemente um perfil desse velho novo leitor, levantando alguns aspectos de seu processo de letramento digital, objetivamos produzir algumas diretrizes para a produção de um manual de uso do computador e da internet, em especial, no que concerne aos sites de relacionamento, ou seja, objetivamos fornecer algumas orientações sobre o uso desse instrumento e das técnicas de produção e circulação textuais por ele disponibilizadas, colaborando assim com o desenvolvimento da inclusão digital, desses leitores. Para tanto, nos apoiaremos teoricamente na Análise do Discurso de linha francesa e na História Cultural da leitura, de modo a descrever as representações contemporâneas do perfil desse velho novo leitor, assim como de suas práticas de escrita e de leitura. Valeremo-nos ainda de textos oriundos das Ciências sociais e da Filosofia que se ocupam da descrição das mudanças sofridas nas formas de relação entre os sujeitos em função de seu acesso e uso das novas tecnologias de produção e circulação textuais 14 Gabriela Oliveira Teixeira: A (DES)CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE DELINQUENTE: O CASO DO ÔNIBUS 174 Tomando como ponto de partida a figura do delinquente, essa pesquisa visa analisar e dar à vista os recursos lexicais usados para desconstruir essa figura, que a tornam mais humana e menos cruel e criminalizada. Serão analisados, para essa finalidade, dois focos de discursividade que emergiram a partir do acontecimento conhecido como sequestro do ônibus 174, em 2000, no Rio de Janeiro. O primeiro conjunto de discursos é o filme “Última Parada 174”, que por sua natureza, pertence à esfera estética; na sequência, analisa-se o documentário “Ônibus 174”, um gênero que representa um híbrido entre as esferas estéticas e jornalísticas. A partir da retratação em dois gêneros distintos, o objetivo desse trabalho é captar as nuances de uso do léxico para com o sujeito delinquente, para por fim descobrir as estratégias discursivas utilizadas em tal humanização. Para tanto, serão utilizados a teoria de Mikhail Bakhtin sobre os gêneros do discurso, para entender a questão da modificação de usos linguísticos e estruturação de cada um dos dois meios analisados; e a teoria de Michel Foucault para analisar questões de língua, poder, violência e política, presentes em trabalhos como “A Ordem do Discurso”, “Vigiar e Punir”, “História da Sexualidade: A vontade de saber” e “Os Anormais”. Giovanna Santurbano da Silva: ANÁLISE DISCURSIVA DE CHARGES POLÍTICAS: MÍDIA, INTERDISCURSO E INTERDISCURSIVIDADE CULTURAL Com esta pesquisa procuramos compreender em que medida a ordem da cultura sobredetermina a produção de charges que circulam no meio digital e impresso. Como recorte temporal elegemos o período que vai de abril a outubro de 2010, momento que compreende tanto a fase preparatória, quanto a fase da campanha eleitoral à Presidência da República propriamente dita. Fizemos um trabalho de descrição minuciosa da materialidade linguística, imagética dos textos selecionados e no mesmo processo evidenciaremos como essas materialidades trabalham os acontecimentos políticos dados a circular pela mídia e como esses acontecimentos discursivos chárgicos são sobredeterminados pela ordem da cultura. A charge interessa-nos pela relação de sentidos que estabelece não só entre o acontecimento histórico e o acontecimento discursivo dado a circular, mas também e, principalmente, pela relação estabelecida entre o discurso e os diferentes tipos de interdiscurso que o sobredeterminam. Analisar charges veiculadas na mídia impressa e digital brasileira que tiveram a então candidata à Presidente da República Dilma Rousseff como alvo, procurando compreender em que medida a ordem da cultura, isto é, a interdiscursividade cultural, sobredetermina a produção dessas charges. Para a análise das charges veiculadas na mídia impressa e digital brasileira que tiveram a então candidata à Presidente da República Dilma Rousseff como alvo, procurando compreender em que medida a ordem da cultura sobredetermina a produção dessas charges, adotamos os seguintes procedimentos metodológicos: 15 a) Descrever-interpretar a situação de enunciação – tipo de mídia (jornal, revista, panfleto, etc), informações acerca da mídia (história, circulação – nacional, regional, perfil de leitores, posicionamento ideológico, periodicidade da publicação), tipo de suporte (impresso, eletrônico), a seção do jornal ou da revista em que está inserido; tipo de texto (verbal, visual, acústico, multimodal – fixo, em movimento), relações intertextuais com outros gêneros e sub-gêneros (retoma algum texto/monumento já cristalizado em nossa sociedade?); marcas autorais (assinada ou não); b) Descrever-interpretar os protagonistas da enunciação – locutor, destinatário, enunciador, enunciatário e alvo (o ator político satirizado); c) Descrever-interpretar a temática que a enunciação veicula (política, ambiental, econômica); d) Descrever-interpretar os procedimentos linguísticos; modalidade de língua empregada (padrão, popular - tempos verbais, marcas de subjetividade – pessoa e espacialidade) e imagéticos (traços do desenho, cromática) utilizados que fazem funcionar a enunciação; e) Descrever-interpretar os possíveis efeitos que produzem nos interlocutores (riso, indignação...); f) Descrever-interpretar em qual(is) formação(es) discursiva(s) o locutor está inscrito e a quais formações discursivas a formação discursiva do locutor esta associada; g) Descrever-interpretar como a enunciação enquanto acontecimento discursivo (charge, caricatura, videomontagem) se relaciona com o acontecimento histórico que dá a circular humorísticamente; h) Descrever-interpretar que percursos narrativos (narrativas do acontecimento) o acontecimento discursivo dado a circular constrói; i) Descrever-interpretar de que maneira a ordem da cultura ou interdiscursividade cultural sobredetermina a produção destas charges. Acreditamos que nas charges em questão a marca cultural possui uma força grande na transformação dos atores políticos em alvo de comentários e questionamentos pejorativos, misturando as esferas pública e privada. A marca cultural se constituiria em mais um dos dispositivos que regem os múltiplos planos do discurso, isto é, a sua semântica global. Com isso, esperamos que o estudo proposto possa levantar entre outras questões que ao se estudar as charges se dê importância não apenas ao estudo dos efeitos visados, como a grande maioria dos trabalhos que se debruçam sobre este objeto tem feito, mas principalmente dos efeitos produzidos. Heloisa Cristina de Oliveira: PROCESSO DE TREINAMENTO INSTRUCIONAL BASEADO EM GAMES E ATIVIDADES PARA TREINADORES. O presente estudo tem como finalidade analisar e aprofundar o método de treinamento instrutivo para aqueles que trabalham com a avaliação e desempenho de participantes no ambiente de trabalho embasando-se nos fundamentos de competência linguística. Aplica-se atividades como games, simulações e jogos de papéis da vida real para o trabalho e ao autoconhecimento e experiência própria submetidos a testes que avaliam e direcionam cada participante a sua área. Situações que envolvem totalmente a 16 comunicação e a aprendizagem do participante junto a função do treinador em instruílos, proporcionando o interesse do candidato a descobrir suas habilidades e conhecimento de aspecto linguístico de sua linguagem inata. A capacidade destes treinadores de formular estruturas precisas que integram técnicas e exercícios para diferentes domínios em cada game, tais como: interação, trabalho em equipe, autoavaliação, percepção, comunicação, isto é, implicar a prática de uma específica finalidade para cada situação de forma dinâmica e descontraída. O livro apresenta diversas atividades as quais foram selecionadas três, para análise, as quais: games, simulações e jogos de papéis. Em seguida, são propostos vários exercícios ou games, indicados como sistema de código aplicados em 100 jogos. Examinaremos estes jogos, seus códigos ou categorias indicados por símbolos. Em cada jogo, analisaremos a visão, objetivos, tempo requerido para execução, numero de grupos para a realização deste, material solicitado, procedimento e então, haverá uma discussão e avaliação contando com variações e comentários durante o jogo. Examinaremos a função do treinador nesse processo, seu aperfeiçoamento e desempenho para cada jogo, visão linguística não como avaliador, mas antes como produtor. É preciso compreender toda produção metodológica envolvida na criação desses jogos e a intenção principal do treinador para com seus participantes e o conceito principal dessas em comparação a todas as atividades instrucionais no processo de aprendizagem. Karina Ribeiro Camilo: ANÁLISE DA PEQUENA FRASE "A ESPERANÇA VENCEU O MEDO" Neste trabalho, temos como objetivo analisar discursivamente como a mídia deu em narrativa o enunciado-fórmula “A esperanças venceu o medo”. Trabalharemos com textos veiculados nos mais variados suportes da mídia impressa e digital brasileira. Como recorte temporal, estabelecemos o período compreendido entre os anos 2002 e 2010. O recorte a partir do ano de 2002 justifica-se, entre outras razões, pelo fato de ser este o ano em que supostamente o enunciado-fórmula tenha irrompido no cenário midiático. Luciana Rugoni Sousa: MARCAS IDEOLÓGICAS NA PRÁTICA DE REVISÃO DE TEXTOS EM MATERIAIS DIDÁTICOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O trabalho busca a compreensão de suas análises acerca da ênfase Texto e discurso (Linguística). Este projeto objetiva, partindo da perspectiva da teoria de Mikhail Bakhtin sobre a concepção de signo, compreender os aspectos ideológicos em textos escritos. Para tanto, busca-se analisar o diálogo [revisor-autor] na prática de revisão de textos por meio do corpus material didático selecionado, da UAB-UFSCar, uma vez que acreditamos que este representa justamente a arena de embate que Bakhtin defende. O objetivo geral dessa pesquisa é analisar, segundo as teorias de Mikhail Bakhtin e, sobretudo experiências e estudos sobre revisão de texto, as marcas ideológicas no 17 discurso do autor em alguns materiais didáticos selecionados da ED, focando naqueles que trouxeram controvérsias entre a tríade gênero-revisor-autor, buscando estabelecer os limites de cada sujeito autor/revisor nesta prática. Para tanto, pretendemos em nossas análises mais do que identificar características ideológicas do autor de materiais didáticos da SEaD – UFSCar, focar no papel do revisor diante de tal percepção. Acreditamos que a principal contribuição do nosso projeto seja a de pensar as relações entre o discurso ideológico do autor com as modificações do revisor, buscando uma harmonia, sem que as produções de sentido do autor sejam ignoradas ou/e modificadas. No Brasil há poucos trabalhos sobre essa temática. Com isso, Há um estimulo ainda maior em focar nesses estudos, que são cada vez mais exigidos e importantes no universo da comunicação. Palavras-chave: Revisão de texto; Bakhtin; ideologia. Marco Antonio Almeida Ruiz: HISTÓRIA DE CAMPANHAS POLÍTICAS PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS NO YOUTUBE: UM DISCURSO PANFLETÁRIO? Na sociedade multimidiática em que vivemos a diversidade de discursividades (orais, escritas, visuais e multimodais) em política, bem como o de outros modos de produção de sentidos têm transformado radicalmente as modalidades e os processos enunciativos. Essas mudanças se dão não só na ordem da língua, mas principalmente na ordem do enunciável. Compreender a natureza, o papel e o funcionamento discursivo desses diversos tipos de discursividades políticas e de comunicação, bem como as suas mudanças linguísticas e discursivas torna-se hoje essencial para conhecer não só o funcionamento do português brasileiro no seu componente sóciopolítico, mas também, para a compreensão do funcionamento da escrita histórica da política brasileira. Analisaremos o modo como um suporte midiático eletrônico contemporâneo, o YouTube, por meio de diversos textos multimodais, que se dão a circular como discursos panfletários - texto curto e violento que ataca uma instituição ou uma pessoa conhecida – distintos tanto da sátira quanto da polêmica, todavia constitutivamente derrisório, constroem uma escrita da história de campanhas presidenciais brasileiras bastante distinta da história oficial divulgada nos editoriais, nos artigos de opinião, nas análises políticas, que circulam nos jornais e revistas brasileiras, por exemplo. Maria Renata Casonato Motta: PARATOPIA CRIADORA E RITOS GENÉTICOS: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA CRÍTICA À OBRA LITERÁRIA DE CHICO BUARQUE DE HOLLANDA O trabalho de TCC é fruto de um projeto de Iniciação Científica, desenvolvido no Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos, orientado pela professora doutora Luciana Salazar Salgado. O projeto tem como objetivo analisar a circulação da crítica feita a obras literárias de Chico Buarque. Assim, tomamos por base 18 sua produção literária desde 1974 até 2009, quando sai Leite Derramado, último romance publicado. Os dados submetidos a análise são textos críticos acerca dos dois últimos livros lançados por Chico Buarque: Budapeste, de 2003, quando o autor volta a publicar – desde meados dos anos noventa não lançava nenhum livro –, e Leite Derramado, de 2009, que foi recebido com restrições pela crítica. Todavia, foi o livro ganhador do Prêmio Jabuti na edição de 2010 gerando inclusive com pedidos de revogação do prêmio. E, recentemente, esse mesmo livro foi escolhido pelo Conselho Interdisciplinar de Pesquisa e Editoração (Cipe) da Fundação Biblioteca Nacional, para ser traduzido para língua francesa. Foram estabelecidos quatro critérios para a seleção de um livro que pudesse ser traduzido, relevância do autor e da obra a ser traduzida, consistência da proposta e qualidade do catálogo editorial da editora, currículo do tradutor e importância da publicação da obra para a promoção e divulgação da literatura no exterior. Para dar conta desse objetivo, nos apoiaremos no corpo teórico desenvolvido pelo pesquisador Dominique Maingueneau, que se inscreve no quadro da análise do discurso de tradição francesa, propondo conceitos de base enunciativa. Neste caso, mobilizaremos especialmente a noção de paratopia criadora e ritos genéticos. Analisaremos o modo como o lugar do autor se constrói, afetado pela crítica literária, que é também, segundo nossa hipótese, condicionadora de leituras futuras, feitas pelo público leigo. Faremos um levantamento dos referidos textos críticos, que circularam em meios impressos e eletrônicos entre os anos de 2003 e 2009. Constituído esse arquivo, definiremos os dados de análise à luz das noções acima indicadas, e pretendemos anotar, ao menos, as possíveis diferenças entre as circulações em meio impresso e meio eletrônico, pois acreditamos que essa diferença de meios e de materiais implica diferentes leituras e interpretações. Mônica Menezes Santos: CHARGES POLÍTICAS: ACONTECIMENTO E MÍDIA O presente trabalho pretende analisar as charges políticas em um estudo que compreende as relações entre charge e acontecimento, e esta enquanto uma prática discursiva. Para tanto, mobilizamos como fundamento teórico- metodológico a Análise de Discurso de orientação francesa com base nos trabalhos de Michel Pêcheux e Michel Foucault. Trabalharemos também com a noção de narrativa do acontecimento de Jacques Guilhaumou. Nosso corpus compreendera as charges publicadas no jornal Folha de S. Paulo no ano de 2006, mais precisamente de fevereiro a outubro, período marcado pela eleição presidencial, e como contraponto, as narrativas expressas nas charges, trabalharemos também com manchetes do jornal O Estado de S. Paulo do mesmo ano. Assim, buscamos compreender nesse trabalho como as charges políticas dão em narrativas os acontecimentos históricos da política brasileira. 19 Natalia Monteiro da Silveira: HOMOSSEXUALIDADE E HOMOAFETIVIDADE SOB A ÓTICA DOS DISCURSOS JURÍDICOS O projeto trata da análise da produção e circulação de documentos jurídicos que veiculam discursos em torno do homossexualismo, da homossexualidade e da homoafetividade. A partir da circulação mais recente de discursos jurídicos sobre a união estável e a adoção por parte de casais homossexuais, considera-se relevante a análise da maneira pela qual a esfera jurídica tem se voltado para a questão da homossexualidade, tanto nas instâncias civis como criminais. Rosana Gama Soares de Mello: MÍDIA, DISCURSO E IDEOLOGIA: ANÁLISE DE PROPAGANDAS DA SKOL Já é consenso o papel persuasivo desempenhado pela mídia televisiva: trabalhos clássicos, infinitamente retomados, atestam a relação direta entre ideologia e televisão. É o caso, por exemplo, das reflexões de Althusser (1985) sobre os aparelhos ideológicos do Estado que incluem nesta lista as seguintes instituições e/ou esferas ideológicas: religião, escola, família, aparelho jurídico, sistema político-partidário, sindicatos, esfera da informação e a esfera cultural. Sabe-se que os conflitos contemporâneos extrapolam questões de classe e visões dicotômicas. Cada vez mais se vive em uma realidade diversificada, heterogênea e multifacetada. Com isso, para analisar os discursos publicitários midiáticos apóia-se nos trabalhos de Bakhtin/Voloshinov (1929), sobre a relação entre ideologias cotidianas e oficiais, a noção de signo como uma arena de disputas ideológicas e a noção de gênero discursivo. Sucintamente, sobre as ideologias, Bakhtin/Voloshinov defende que o lugar privilegiado para a transformação das ideologias é a “ideologia do cotidiano”, sendo que tudo que é ideológico é um signo. Para o autor, há uma relação entre as ideologias cotidianas e as ideologias oficiais, sendo que nenhuma delas se constitui como blocos homogêneos, mas são heterogêneas e internamente conflitivas. O presente trabalho abordará a relação entre as ideologias cotidianas e oficiais circulantes pelas propagandas da SKOL, trazendo à tona uma realidade ideológica conflitiva e plural, ao invés de bipolar (classes dominantes vs. classes dominadas). A análise da dimensão ideológica será feita a partir da concepção bakhtiniana de gêneros discursivos, entendida como formas sócio-verbais de interação vinculadas a esferas ideológicas, no caso desta pesquisa, à esfera midiática. Trata-se de analisar a propaganda como gênero discursivo que agrega três componentes interligados: o tema, o estilo e a estrutura composicional. Sucintamente, o tema trata dos sentidos ideológicos e únicos; o estilo diz respeito às formas de seleção gramatical e imagética para a materialização do tema; e a estrutura composicional diz respeito ao acabamento do enunciado. Dado que os gêneros publicitários vinculam-se à esfera ideológica midiática, cabem, ainda, algumas palavras sobre esta esfera: a esfera midiático-publicitária pode ser compreendida à luz da idéia de “sociedade do espetáculo” (Debord, 1997), em que os meios de comunicação espetacularizam a vida, massificando o domínio econômico (o 20 consumo, por exemplo) e a busca pelo prazer. Na esteira dessa supremacia do ter em relação ao ser, esta pesquisa pretende analisar discursos publicitários de divulgação da cerveja SKOL. Resumidamente, o trabalho focará as estratégias de convencimento, argumentação e persuasão utilizadas pela propaganda – veiculada na mídia televisiva –, tendo como foco de análise uma correlação entre as dimensões verbais e não-verbais (imagéticas). Considera-se, com isso, as formas de produção, circulação e de recepção desses discursos publicitários de venda da cerveja SKOL. Thiago Rodrigues da Silva: EXPRESSÕES SEMI-FIXAS ANALISADAS A PARTIR DE PROVÉRBIOS Pesquisa-se neste trabalho a existência de uma estrutura parcialmente modificável na construção alguns provérbios e expressões populares e o quanto o acontecimento desse fenômeno pode interferir no sentido atribuído a sentença e suas variadas formas de interpretação. Estudaremos ditos populares, a maioria de criadores desconhecidos, que são representações do pensamento e conhecimento do cotidiano. Os estudos propostos têm em vista mostrar a partir da utilização dessas sentenças quais são, dentro de sua estrutura, os elementos mutáveis e os elementos fixos. Desta forma, será possível identificar o papel de cada palavra dentro do dito e classificá-las entre os vários tipos de sentenças possíveis (interrogativas, negativas, tautológica, etc) A pesquisa tem a intenção de mostrar que cada provérbio e expressão apresentam um peso positivo ou negativo, sendo que muitas vezes esse peso é atribuído por valores morais, costumes, etc., fazendo com que cada sentença tenha um valor diferente. 21 2. Painéis Científicos (IC e PG) Alexandre Montesso Bonomi: ETHOS – ANÁLISE DE UMA CONSTRUÇÃO TRIDIMENSIONAL INSTÁVEL: ESTUDO SOBRE A CRIAÇÃO INSTANTÂNEA E/OU DURADOURA DE UMA IMAGEM EMPRESARIAL EM INFORMES PUBLICITÁRIOS Utilizando produções publicitárias da marca "Toddy" de slogan "Toddy, o sabor da verdade", em duas vias de pesquisa de viés qualitativo (uma histórico comparativa que tem como finalidade a evidenciação de uma "continuidade do Ethos"; e outra individual e analítica pela necessidade de procura de quais elementos, dos diversos que compõem o texto, apresentam-se como problemáticos em relação à proposta da empresa), este trabalho visa encontrar as problemáticas da publicidade atual quanto aos aspectos da abordagem tridimensional da linguagem de Fairclough e quais seus efeitos sobre as novas produções que a seguem (sejam de uma mesma marca ou de suas concorrentes). Além disso, procura-se a identificação e análise da problemática inerente ao ethos prévio e ao ethos discursivo ao longo das campanhas de uma mesma marca e quais suas influências nos consumos destas mesmas campanhas vinculadas à ela. Por fim, focamos ainda na tentativa de percepção se, de algum modo (e de que modo), os consumidores utilizam-se dos informes publicitários para a construção de sua própria identidade. Amanda dos Santos Carneiro: TIPOLOGIA DAS EXPRESSÕES ADJETIVAIS DO PORTUGUÊS DO BRASIL Dentro dos estudos do léxico, uma tarefa que tem estado em foco nos últimos tempos é o estudo das expressões multipalavras que englobariam tanto as expressões idiomáticas quanto as chamadas colocações. Esses estudos têm sido provocados tanto pelo avanço em si dos trabalhos de cunho lexicográfico e lexicológico, quanto da necessidade que existe de uma boa descrição do léxico para diversas finalidades, como o ensino de línguas estrangeiras, o estudo de linguagens de especialidade e o processamento de linguagem natural. A finalidade do presente projeto é estudar as regularidades e propriedades de um tipo especial de expressões multipalavras, a saber, as expressões adjetivais do português brasileiro, ou seja, as expressões que, tomadas como uma palavra composta, exercem a função de adjetivo na oração. As expressões escolhidas aqui são aquelas que se encaixam na definição que Vale (2001) dá de expressão cristalizada, a saber, uma expressão cujo significado global não pode ser calculado a partir das partes que a compõem. A escolha desse tema se deve ao fato de que essas expressões, sabidamente numerosas, não terem tido até o momento uma descrição específica e exaustiva. No presente projeto, o foco será dado às expressões adjetivas predicativas. A 22 identificação dessas estruturas será feita em grandes corpora a partir de um critério sintático: serão selecionadas aquelas introduzidas na posição pós-cópula. Andressa Caroline Inácio Zacarias: INDEXAÇÃO LÉXICO-ONTOLÓGICA PARA O DELINEAMENTO CONCEITUAL DE CORPUS Para que os sistemas desenvolvidos no Processamento Automático das Línguas Naturais (PLN) sejam capazes de interpretar um texto, é preciso tratar o conhecimento linguístico de nível semântico-conceitual. Especificamente, os sistemas precisam identificar os conceitos subjacentes às unidades lexicais do texto e as relações que se estabelecem entre esses conceitos. Para tanto, utiliza-se comumente uma base de conhecimento léxico-conceitual ou ontologia, que pode ser entendida como um recurso linguísticocomputacional que fornece, ao módulo de interpretação do sistema, um inventário de conceitos, propriedades e relações entre conceitos. Na maioria dos trabalhos, as ontologias são de domínio específico e construídas previamente de forma manual ou semiautomática. Quanto ao nível de conhecimento linguístico empregado no processamento das línguas naturais, a sumarização automática multidocumento (SAM) que envolve o português do Brasil (PB) vive uma situação bastante curiosa. Por um lado, há sumarizadores multidocumento (ou seja, sistemas que produzem um sumário a partir de uma coleção de textos-fonte que abordam um mesmo tópico) baseados em conhecimento superficial e, de outro lado, sistemas baseados em conhecimento discursivo, considerado mais abstrato e complexo que o semântico. Não há, nesse cenário, trabalhos que se baseiam no tratamento do conhecimento linguístico de nível léxico-conceitual. Em outras palavras, não há trabalhos que utilizam ontologias para o delineamento conceitual dos textos de entrada. Tendo em vista que a construção de ontologias é tarefa custosa, tem-se investigado, em uma pesquisa de iniciação científica, a delineamento conceitual de corpora multidocumento por meio da indexação de suas unidades lexicais a uma ontologia construída previamente. Assim, ao indexar as unidades lexicais provenientes de uma coleção de textos que abordam um mesmo tópico a uma ontologia e delinear a região da estrutura ontológica que engloba os conceitos mais representativos da coleção, um sumarizador multidocumento é capaz de utilizar essa subontologia para selecionar o conteúdo relevante que irá compor o sumário. Para investigar o delineamento mencionado, algumas tarefas foram previstas: (i) seleção do corpus, das unidades lexicais a serem indexadas e da ontologia; (ii) indexação das unidades lexicais à ontologia e (iii) delimitação da subontologia. No caso, selecionou-se o CSTNews (CARDOSO et, al., 2011), um corpus multidocumento em PB composto por 50 coleções de textos jornalísticos. Especificamente, selecionou-se 1 das coleções, cujas unidades lexicais da categoria dos nomes foram manualmente indexadas à WordNet de Princeton (WN.Pr) (FELLBAUM, 1998), desenvolvida para o inglês. A indexação foi feita por meio dos seguintes passos: (a) tradução das unidades extraídas do corpus para o inglês; (b) busca pelos synsets (isto é, conjunto de formas sinônimas que representam um conceito) da WN.Pr que continham a tradução em inglês; (c) identificação do synset adequado; (d) associação da frequência da unidade lexical no corpus ao synset selecionado em (c); (e) seleção de todos os hiperônimos do synset 23 selecionado em (c); (f) propagação da frequência do synset ativado na ontologia aos hiperônimos; (g) seleção dos hipônimos imediatos do synset selecionado em (c); (h) propagação da frequência do synset ativado na ontologia aos hipônimos e (i) unificação das hierarquias parciais e das frequências dos synsets constitutivos. Fabiana Pirotta Camargo Lourenço: O USO DE MODALIZADORES NO GÊNERO JORNALÍSTICO: EDITORIAIS, NOTÍCIAS E ARTIGOS DE OPINIÃO Uma afirmação corrente acerca dos textos jornalísticos é que esses textos primam pela imparcialidade e pela objetividade. A questão que se coloca é se todos os gêneros ligados à esse domínio veiculam mesmo informação objetiva. O que caracteriza um gênero textual é o fato de serem produzidos para interlocutores definidos e para situações nas quais estão inseridos. O jornalista, assumindo tal papel, constrói o texto/discurso guiando-se por certos princípios de textualização que lhe ajudarão a criar o sentido pretendido, que se quer que os ouvintes/leitores compreendam. A língua seria uma forma de ação social; a produção de um artigo de opinião, por exemplo, pode ser considerada como uma ação guiada por certas estratégias convencionalizadas, utilizadas por todo jornalista, para atingir seus objetivos. Poder-se-ia dizer então, do ponto de vista de como o sujeito se coloca no texto, das marcas de subjetividade, atreladas à modalização que perpassam o texto. Nesse sentido, propõe-se neste trabalho, a análise dos gêneros: editorial, artigo de opinião e notícia, no que diz respeito ao uso de expedientes de modalização, descrevendo suas semelhanças e diferenças; buscando caracterizá-los no que diz respeito aos graus de (des)comprometimento do falante/escritor com o seu texto, e ao processo inerentemente subjetivo que se instaura quando expedientes de expressão modal são usados nos textos. Ao se pretender uma análise do uso efetivo da língua, determina-se que este projeto fundamenta-se teórica e metodologicamente em pressupostos funcionalistas, ou seja, a análise da modalização nos gêneros do jornal se dará baseada em uma visão sociointeracionista da língua, segundo a qual a língua é observada de acordo com seus usos reais em determinados contextos, englobando um conjunto de atividades que envolvem uma interação entre os interlocutores, e sociedade. A modalização pode ser definida de diferentes formas, tais como: a maneira como o falante expressa suas opiniões em relação à proposição que a sentença expressa. Expedientes de modalização podem ser: auxiliares modais, verbos de atitude, adjetivos, substantivos, advérbios e certos tempos e modos verbais. A hipótese norteadora desse projeto é a de que embora existam diferenças significativas entre os gêneros do jornal, no que diz respeito à manifestação subjetiva do falante/escritor, há uma aproximação entre os gêneros analisados, uma vez que todos os três parecem fazer uso dos mesmos expedientes de modalização. Após a localização de elementos modalizadores presentes no corpus, foram analisadas as ocorrências com esses elementos, e foi feita uma classificação, dos modalizadores mais usados. A análise qualitativa tratou da modalização em seu uso no discurso jornalístico, e de como esse processo de subjetivização concorre para a construção de 24 um novo modo de apresentação do sujeito nos discursos contemporâneos. Com os resultados, espera-se fornecer subsídios para os estudos da língua em uso efetivo e real, e, ainda, propiciar um melhor entendimento dos expedientes lingüísticos que estão à disposição dos falantes na construção de seus enunciados. Com a descrição de tais gêneros jornalísticos, pretende-se obter uma caracterização mais precisa dos mesmos, contribuindo com a formação daqueles que lidam com o gênero jornalístico em seu cotidiano. Fabrício Tosta: APLICAÇÃO DE CONHECIMENTO LÉXICO-CONCEITUAL NA SUMARIZAÇÃO AUTOMÁTICA MULTIDOCUMENTO MULTILÍNGUE Dada a grande quantidade de informação disponível em várias línguas, sobretudo na web, pesquisas que visam à automatização da tarefa de sumarização multidocumento multilíngue (SAMM) fazem-se relevantes porque podem facilitar e agilizar o acesso a informação. Tais pesquisas são realizadas na subárea do Processamento Automático das Línguas Naturais denominada Sumarização Automática (SA). Na SAMM, pode-se processar coleções de textos-fonte sobre um mesmo assunto em duas ou mais línguas (L1 e L2) e, a partir deles, produzir sumários em uma das línguas dos textos-fonte (L1 ou L2). Para tanto, a seleção das sentenças dos textos-fonte para compor os sumários pode ser feita por métodos superficiais, comumente baseados na frequência de unidades lexicais, e métodos profundos, baseados na aplicação de conhecimento linguístico. Os métodos superficiais ou estatísticos são independentes de língua, pois tratam de forma mais simples os fenômenos linguísticos e, por isso, apresentam baixo custo de aplicação. Entretanto, a principal limitação desses métodos reside no fato de que a seleção das sentenças para compor os sumários é feita apenas com base em uma análise lexical superficial, ignorando-se o tratamento de aspectos léxico-conceituais. Assim, neste projeto, objetiva-se investigar a aplicação de conhecimento de nível léxicoconceitual no cenário da SAMM. Felipe dos Santos: LINGUAGEM E RELIGIÃO: A CONDIÇÃO HUMANA, O PENSAMENTO DO HOMEM E O ESPÍRITO RELIGIOSO Se conseguirmos superar o nosso preconceito racionalista e nos dispusermos a analisar as religiões e os seus conteúdos como produtos do pensamento humano, não raro, chegaremos à questão de que o sentimento religioso provém e preenche algo da própria condição do homem. Não só as religiões pretenderam, e pretendem, organizar a nossa sociedade, como também é seu intuito trabalhar a questão moral do homem. No entanto, as religiões também fizeram vezes de ciência e de filosofia, e essas duas ciências parecem mesmo terem se originado desse pensamento religioso. Assim, o pensamento religioso, e tudo o que o permeia, se apresenta de maneira muito valiosa para a condição humana para ser simplesmente descartado sem ao menos uma tentativa de compreensão. 25 Não é objetivo dessa pesquisa, no entanto, contar a história de todas as religiões, ou defende-las, ou ainda provar a existência ou a inexistência de Deus. Isso seria mais pretensioso do que atirar na lua. O objeto dessa pesquisa é analisar como esses conteúdos de espírito religioso se apresentam na linguagem do homem, e como nela se encontram organizados. Para esse início de pesquisa, partiremos da análise de que o pensamento humano ainda gira em torno da filosofia, ou seja, ainda há preocupações filosóficas que se encontram muito presentes e fortes no que provém do pensamento do homem. Com isso, pretendese demonstrar que a humanidade não respondeu, ou ainda não chegou à uma conclusão, a respeito das questões filosóficas da vida (sua origem, seu sentido, sua finalidade e seu fim – a morte). Esses são os principais conteúdos presentes no pensamento humano e na linguagem que se pretende analisar (a religiosa e, também, a científica – as duas principais forças na história da humanidade). O olhar do homem para o alto, para o espaço finito-infinito, para o além-universo científico ou para o céu celestial paradisíaco, para o sol e para as estrelas com perguntas sobre o seu passado, seu presente e futuro é algo que permeia a condição humana desde aquilo que se chama de o pensamento primitivo do mundo até a ciência moderna. E tão natural quanto o nascimento dessas perguntas e preocupações é a necessidade que o homem teve dessas variadas respostas. Seria fácil, em certa medida, chegar à conclusão de que as religiões surgiram apenas para responder essas questões filosóficas. De maneira que, também logo se conclui, a ciência reclamou esse lugar junto ao pensamento humano. No entanto, o pensamento religioso não se encontra totalmente superado, e nem sempre estiveram institucionalizados em formas de igrejas, templos ou sinagogas. E ainda: a vida, e o universo como um todo, segue guardando alguns mistérios. Propomos, então, analisar essas questões pela óptica linguística, pois é na linguagem que os fatos e fatores da vida se encontram. É dentro do universo da linguagem que estão contidos o pensamento e o conhecimento do homem, a sua cultura e as suas percepções sobre o seu mundo, sobre a vida e o seu processo compreendido até aqui. Fernanda Cristina Guerra: O OPERADOR INCLUSIVO E EXCLUSIVO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA Na linguagem natural, observamos que o operador lógico “ou” pode funcionar de duas maneiras: de modo exclusivo, ou seja, coloca “a” em oposição uma dada proposição “p” a uma dada proposição “q”; ou de modo inclusivo estabelecendo uma relação semelhante ao operador “e”, ou seja, dada duas proposições “p” e “q”, elas não se excluem. No primeiro uso digamos que o operador “ou” tem valor de alternativo, já no segundo tem o valor semântico de “e”. Assim, nosso objetivo neste trabalho é procurar entender as condições para um “ou” funcione como “e” sem dar margem à ambiguidade, considerando que se trata de um operador muito presente em textos jurídicos. Especificamente, estamos realizando um levantamento desse operador para observar seu funcionamento na Constituição Federal, no qual pretendemos entender o que nos leva a essas duas características de interpretação ao lermos uma sentença 26 pertencente à mesma. Nos dias atuais, a linguagem jurídica, por ter como característica formal e rebuscada faz com que ao lermos uma sentença da Constituição não entendamos qual o sentido fiel que a frase queira passar e por causa dessas duas possibilidades de funcionamento da partícula “ou” faz com que o leitor tenha dificuldades quanto à interpretação das sentenças na Constituição, por isso a escolha por analisá-las e verificar qual das partículas “ou” ocorre com mais frequência. Não há muitos estudos sobre o comportamento desse fenômeno, que nos provoca bastante interesse e, tentar compreender como esse fenômeno se dá. Deste modo, este trabalho tem por objetivo analisar sobre a perspectiva da Semântica quais os mecanismos que regem o uso do “ou” como “e”. Como metodologia, utilizaremos referências bibliográficas de Semântica Vericondicional. Como resultados iniciais levantados verificaram-se pela Lógica que uma sentença é excludente quando ambas as partes são verdadeiras; includente quando umas das partes não são verdadeiras, utilizaremos uma representação formal para fácil visualização e entendimento e também as tabelas de verdades que nos auxiliarão na interpretação para a análise do valor de verdade. Observamos que há falhas ainda na interpretação da partícula “ou” referente às questões de linguagem natural, e como resultado futuro pretendemos compreender o que pode levar um falante a interpretar como excludente ou includente e isso nos permite pensar inicialmente se é um caso de inferência pragmática ou se há algum outro aspecto de cunho cognitivo. A linguagem jurídica, apesar de suas implicações pragmáticas e discursivas, carece de uma dada objetividade, mesmo que desta decorra um efeito. Contudo, a questão referencial é base para lógica da legislação. Assim, conhecer os procedimentos das operações lógicas em seu funcionamento nos permite explicar também como a linguagem jurídica se constitui em torno das estruturas referenciais que representam uma dada organização do seu sistema simbólico. Compreender as regularidades do uso do "ou" nos permitirá pintar um quadro geral do valor semântico nos textos da Constituição, e assim compreender a ambiguidade dada pelo operador “ou” ao lermos as sentenças já que é um operador muito utilizado nos textos da Constituição Federal Brasileira, sendo ele listado com excludente ou includente. Gabriel Mercaldi Evangelista: PRODUÇÃO DE SENTIDO NO HINO HOMÉRICO IV O estudo das mitologias, como expressão e como conteúdo, fornece dados úteis sobre a realidade linguística no período de desenvolvimento do mundo helênico, lembrando que aos poemas homéricos seguiram as primeiras especulações filosóficas naturalistas sobre a linguagem, já que, àquela época, no mundo helênico, as mitologias eram tidas como explicação da realidade por meio da religião. Dada a influência da mitologia sobre os filósofos naturalistas, uma análise descritiva das produções literárias do período homérico pode nos trazer informações importantes sobre a produção de sentido em uma sociedade que associou de maneira significativa o estudo da realidade e a busca de compreensão da linguagem. A produção poética homérica apresenta-se de duas maneiras: em forma de poemas épicos e em forma de hinos, estes sempre dedicados a alguma, e somente uma, entidade 27 divina, também figurante nos poemas épicos acima referidos. Por isso, um estudo, mesmo que superficial, dos poemas épicos, mostra a importância de utilizar os hinos como textos paralelos que auxiliam uma compreensão mais profunda do sentido voltado à realidade expressa pela religião helênica, que hoje nos atinge como criação artística. Para isso este trabalho analisa o Hino Homérico IV, dedicado a Hermes, entidade presente em diferentes momentos das histórias épicas, e, ainda mais, que ocupa um lugar de suma importância para os enredos dessas histórias. A análise do hino será feita com base na semiótica francesa desenvolvida por Algirdas Julian Greimas, em que o percurso gerativo do sentido nos permite maior compreensão, tanto da maneira como a significação é produzida, em sua associação intratextual com a expressão, quanto da importância dos hinos na relação intertextual com os poemas épicos, e também com a religião como um todo. Gabriela Oliveira Teixeira: INTERLÍNGUA: QUESTÕES DE LÍNGUA, PODER E INTERCULTURALIDADE EM FOCO Este trabalho teve como objetivo verificar o tratamento da diversidade linguística em esferas oficiais bem específicas: organizações defensoras da língua auxiliar Interlíngua e do multilinguismo na rede. A Interlíngua é considerada como um híbrido intencional em que, conforme os estudos de Bakhtin (1934-1935), vozes se misturam sem se fundir. São analisadas, sobretudo, as regras que definem essa língua auxiliar e a maneira pela qual ela se torna uma base material para a realização de diálogos interculturais. Sobre a defesa da diversidade linguística na rede, é feita uma análise do conteúdo presente no discurso propagado no site da Rede Mundial para a Diversidade Linguística (Maaya), como forma de comparação dos discursos empregados por essa rede e pelas organizações pró-Interlíngua. Destaca-se na rede Maaya a proposta de um multilinguismo igualitário com a inclusão de todas as línguas na web. No movimento pró-Interlíngua, sobressai a mistura de sete línguas (inglês, português, espanhol, italiano, francês, russo e alemão) para que essa combinação de línguas diversas possibilite a compreensão da Interlíngua por um grande número de pessoas. Apesar dos argumentos dessas organizações aparentemente não apontarem para a mesma direção, a rede Maaya e as uniões pró-Interlíngua manifestam posicionamentos bem semelhantes, como a crença de serem politicamente neutras e também o pressuposto de serem capazes de facilitar as comunicações internacionais. Contudo, mostra-se necessário verificar a natureza política desses modelos de tratamento da diversidade linguística. Por isso, com base na teoria foucaultiana, objetivou-se neste trabalho observar a Interlíngua como um produto político, de natureza não neutra, que nunca cumprirá a tarefa de agregar equitativamente as sete línguas em sua constituição, porque embates de poder favorecem umas línguas em detrimento de outras. Portanto, o que se buscou aqui foi tentar rastrear quais as estratégias e manobras discursivas que recobrem e moldam a forma de veiculação de cada um desses dois movimentos em prol de diálogos interculturais, seja com base no multilinguismo, seja na defesa de uma língua comum. 28 Giovana Nicolini Milozo: ASPECTOS DO LÉXICO E DA ESTRUTURA FRASAL DOS TEXTOS DA REVISTA RECREIO: UMA ANÁLISE DAS PROJEÇÕES DISCURSIVAS DO LEITOR INFANTO-JUVENIL Com este trabalho, visamos relatar os resultados e conclusões acerca da análise sobre os aspectos do léxico e das estruturas frasais presentes nas reportagens de capa de alguns exemplares da revista Recreio, da editora Abril, segmento este voltado para o leitor mirim. Partindo do arcabouço teórico da Análise do Discurso, buscamos levantar, ainda que muito brevemente, as concepções da infância desde a Idade Média, passando pela Era Moderna, até os dias atuais, com especial atenção à história da infância no Brasil, para com isso compreendermos as origens da concepção de infância que rege a cultura midiática e, por extensão, a formação/projeção de um leitor mirim para quem essa cultura se dirige. Para tanto, fizemos um levantamento quantitativo e qualitativo dos aspectos do léxico e das estruturas frasais empregadas nos exemplares, para averiguarmos que representações são inscritas nos textos e que apontam para o perfil desse leitor mirim. Verificamos a recorrência do emprego de estruturas simplificadas e repetidas que resultam em uma linguagem facilitadora da leitura e que torna o conteúdo acessível ao leitor infanto-juvenil. Essas e outras estratégias permitem ainda uma diminuição, ainda que simulada, da distância hierárquica entre os interlocutores (produtores dos textos e seus leitores) que não compartilham o mesmo tempo/espaço da enunciação, nem compartilham a mesma faixa-etária e grau de formação. Através do cotejamento do exemplar da Recreio de 1978, com os exemplares atuais, realizamos uma análise comparativa entre o leitor inscrito nas páginas da primeira edição e do leitor dos exemplares contemporâneos. Observamos que a criança para a qual estes se dirigem é representada como um ser em formação, que precisa ser ensinado e conscientizado acerca de valores culturais que regulam a vida adulta no presente, mas considerado, até certo ponto, um adulto em miniatura, dotado de grande potencial para aprender e absorver um considerável montante de informações, fomentando-lhe um amadurecimento precoce e a liberdade e poder de fazer escolhas, o que pode antecipar sua constituição como consumidor. Helena Maria Boschi da Silva: A CONSTITUIÇÃO DA FÓRMULA DISCURSIVA "CULTURA DE PAZ": CIRCULAÇÃO E PRODUÇÃO DOS SENTIDOS Este projeto de pesquisa tem como objetivo abordar discursivamente o sintagma “Cultura de Paz” (e também suas possíveis variações, como “Cultura da Paz” e "Cultura para a Paz"), com base nas propostas de Alice Krieg-Planque em sua obra "A noção de 'fórmula' em análise do discurso: quadro teórico e metodológico". Analisando as diferentes interpretações que caracterizam os discursos de diversos atores sociais entre os quais circula a expressão “Cultura de Paz”, que tem sido amplamente mobilizada em encontros, documentos internacionais e nacionais, e até mesmo leis, abrangendo questões políticas e sociais diversas, procuraremos verificar a circulação dessa expressão e as práticas que ela tem representado, fazendo a hipótese de que a sequência em questão pode ser categorizada como uma fórmula discursiva, segundo os parâmetros 29 de Krieg-Planque. Com essa pesquisa, teremos a oportunidade de testar a abrangência e a força dessa proposta teórica e metodológica, procurando assim dar uma contribuição às pesquisas em Análise do Discurso que têm procurado pensar a produção dos sentidos na relação do material linguístico com os meios e os materiais em que se inscrevem, e também a seus fluxos de circulação. Letícia Moreira Clares: A INTERFACE MATERIAL IMPRESSO E AUDIOLIVRO: O LUGAR DO REVISOR DE TEXTOS NOS PROCESSOS EDITORIAIS ENVOLVIDOS Na contemporaneidade, presenciamos o surgimento de novas formas de produzir livros: trata-se da conjugação daquilo que conhecemos como texto escrito a linguagens cada vez mais diversas e também suportes variados, como computadores, tablets etc., que devem, entre outras coisas, atender às necessidades dos diferentes perfis de leitor, visando à promoção do que se convencionou chamar acessibilidade. Nesse cenário, vemos a necessidade premente de (re)pensar certas etapas editoriais, pois o texto escrito não é acessível a determinados interlocutores, como os indivíduos com dificuldade ou deficiência visual. Nosso foco neste trabalho de Iniciação Científica é pensar, a partir do lugar do revisor, sobre os processos de produção de materiais didáticos impressos e de audiolivros. Objetivamos analisar os processos editoriais adotados pela Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos (SEaD-UFSCar), campus São Carlos, responsável pelo tratamento editorial de materiais didáticos integrantes da Coleção UAB–UFSCar para os cinco cursos oferecidos pela universidade na modalidade a distância, sendo estes Educação Musical, Engenharia Ambiental, Pedagogia, Sistemas de Informação e Tecnologia Sucroalcooleira. Tomaremos como objeto de análise o material Reflexões sobre o fazer docente, das autoras Aline Maria de Medeiros Rodrigues Reali e Claudia Raimundo Reyes, nas versões impressa e em áudio, atentando mais especificamente para as questões de autoria implicadas nas condições de produção do material. Mais pontualmente, procuraremos entender como se dão as definições linguísticodiscursivas na produção de audiolivros, isto é, quais são as diferenças assumidas em relação ao livro impresso. Consideraremos, para tanto, não só questões de gênero (ou de regimes de genericidade, conforme propõe Maingueneau 2004), como também, ou principalmente, os meios pelos quais esses materiais são difundidos, sendo estes registros em papel e em DVD (áudio). Para isso, explicitaremos as etapas editoriais de elaboração/produção de tais materiais, observando também, a partir das discussões propostas por Salgado 2011, em sua obra Ritos genéticos editoriais: autoria e textualização, as formas de interferência do revisor/editor de textos. Pretendemos uma investigação acerca dos caminhos que podem ser seguidos na produção de cada versão do material didático em questão, procurando verificar de que maneira é possível tornar esse tipo de material efetivamente acessível e, por que não, atrativo aos diferentes tipos de leitores para os quais este é de alguma maneira útil ou 30 indispensável, e, ainda, refletir sobre a posição do editor de textos: qual é a participação desse profissional na própria produção das duas versões da referida obra? Pressupomos que a interlocução existente entre autor e editor textual se baseia em questões não apenas estritamente linguísticas, mas da ordem do discurso: há questões de forma, circulação, público-alvo, função social. Talvez se possa pensar nesse lugar como uma espécie de coautoria ou até mesmo de autoria, se pensarmos no autor não apenas como o criador de uma ideia sobre o conteúdo abordado em uma obra, mas também o idealizador do projeto de uma obra como um todo, projeto no qual o revisor muitas vezes intervém até estilisticamente, com o intuito de tornar o material o mais adequado possível à necessidade pré-determinada. Letícia Faria Conde: “LINGUAGEM E EXCLUSÃO: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DE ‘A MAÇÃ’”. O trabalho propõe descrever e interpretar os elementos textuais presentes no filme A Maçã, de Samira Makhmalbaf (1998), focalizando, sobretudo, a necessidade da liberdade, do social e da linguagem para a constituição de uma identidade. Com vistas a empreender a análise, o subsídio teórico e metodológico advém da Semiótica Greimasiana, derivada dos trabalhos de Algirdas Julien Greimas e seu grupo, campo de saber para o qual o texto é seu objeto de estudo, examinando o procedimento de organização textual e os mecanismos enunciativos de produção e recepção do texto, havendo a necessidade de se estabelecer o percurso gerativo do sentido. A partir desse pressuposto, serão analisados os enunciados sincréticos do texto fílmico, buscando depreender a correlação entre exclusão → liberdade → linguagem → identidade. Maria Renata Casonato Motta: PARATOPIA CRIADORA E RITOS GENÉTICOS: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA CRITICA À OBRA LITERÁRIA DE CHICO BUARQUE DE HOLLANDA O painel a ser apresentado no I Seminário de Produção em Linguística é fruto de um projeto de Iniciação Científica, desenvolvido no Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos, orientado pela professora doutora Luciana Salazar Salgado. O projeto tem como objetivo analisar a circulação da crítica feita a obras literárias de Chico Buarque. Assim, tomamos por base sua produção literária desde 1974 até 2009, quando sai Leite Derramado, último romance publicado. Os dados submetidos a análise são textos críticos acerca dos dois últimos livros lançados por Chico Buarque: Budapeste, de 2003, quando o autor volta a publicar – ,desde meados dos anos noventa não lançava nenhum livro –, e Leite Derramado, de 2009, que foi recebido com restrições pela crítica. Todavia, foi o livro ganhador do Prêmio Jabuti na edição de 2010 gerando inclusive com pedidos de revogação do prêmio. E, recentemente, esse mesmo livro foi escolhido pelo Conselho Interdisciplinar de Pesquisa e Editoração (Cipe) da Fundação Biblioteca Nacional, para ser traduzido para língua francesa. Foram estabelecidos quatro critérios para a seleção de um livro 31 que pudesse ser traduzido, relevância do autor e da obra a ser traduzida, consistência da proposta e qualidade do catálogo editorial da editora, currículo do tradutor e importância da publicação da obra para a promoção e divulgação da literatura no exterior. Para dar conta desse objetivo, nos apoiaremos no corpo teórico desenvolvido pelo pesquisador Dominique Maingueneau, que se inscreve no quadro da análise do discurso de tradição francesa, propondo conceitos de base enunciativa. Neste caso, mobilizaremos especialmente a noção de paratopia criadora e ritos genéticos. Analisaremos o modo como o lugar do autor se constrói, afetado pela crítica literária, que é também, segundo nossa hipótese, condicionadora de leituras futuras, feitas pelo público leigo. Faremos um levantamento dos referidos textos críticos, que circularam em meios impressos e eletrônicos entre os anos de 2003 e 2009. Constituído esse arquivo, definiremos os dados de análise à luz das noções acima indicadas, e pretendemos anotar, ao menos, as possíveis diferenças entre as circulações em meio impresso e meio eletrônico, pois acreditamos que essa diferença de meios e de materiais implica diferentes leituras e interpretações. Nathalia Perussi Calcia: REVISÃO DOS MODELOS DE FLEXÃO A PARTIR DA NOVA ORTOGRAFIA No presente trabalho apresentamos o processo de revisão dos grafos de flexão dos substantivos do Unitex, um software desenvolvido pela equipe de Linguística e Informática da Université Paris-Est Marne-la-Vallée (PAUMIER, 2002;2011). Esse software permite, entre outras funcionalidades, a busca por expressões regulares em grandes corpora. Uma das características que o diferenciam de outros programas semelhantes é a incorporação de dicionários eletrônicos de grande cobertura gerados a partir de regras de flexão que permitem a busca por categoria gramatical ou ainda pelo lema das entradas lexicais. O programa tem incorporados dicionários de cerca de 20 línguas e variantes diferentes, dentre as quais o português do Brasil. Muniz (2004) adaptou o léxico do NILC para o Unitex, estabelecendo modelos de flexão para os substantivos e adjetivos do português do Brasil. No Unitex esses modelos são representados por meio de grafos. Nesses modelos, constam as formas flexionadas em gênero e número, podendo haver também as variações de aumentativo e diminutivo, quando essas formas se aplicam. A partir de um dicionário de formas canônicas simples, o Delas-PB, o programa gera as formas flexionadas a partir dos modelos de flexão de cada grafo. Essa característica permite também que cada usuário crie seus próprios dicionários, baseado nessas regras de flexão. Entretanto, os grafos desenvolvidos por Muniz (2004) apresentam uma dificuldade suplementar para os novos usuários do programa, pois para a introdução de novas entradas em um dicionário, era necessário percorrer a totalidade dos grafos das flexões nominais para encontrar a mais adequada àquela entrada. Devido a isto, em um primeiro momento, buscou-se sanar essa dificuldade, introduzindo em cada grafo uma etiqueta, ou seja, uma palavra exemplo, que permitisse a identificação de pelo menos uma 32 unidade lexical que se enquadrasse naquele modelo de flexão: o Delas-PB, foi separado por códigos de flexão, e para cada código foi escolhida uma entrada típica e, na medida do possível, facilmente identificável; facilitando o entendimento imediato de cada grafo, excluindo uma das dificuldades que o programa apresenta. Nessa busca pelos códigos pôde-se perceber que alguns grafos não possuíam nenhuma entrada no Delas-PB. Por exemplo, notou-se a existência de um grafo cuja forma canônica seria uma forma no gênero feminino da qual se formaria a forma masculina e plural, o que seria bastante inusitado, uma vez que a convenção utilizada para os grafos de flexão nominal é que a entrada canônica seja a forma masculina singular. Nesta nova etapa, efetua-se a análise dos modelos de flexão de substantivos do Unitex para poder adequar essas entradas à nova ortografia, resultante do Acordo Ortográfico de 1990. É necessário verificar a cada grafo se existem entrada afetadas pela nova ortografia, e apontar, caso positivo, essas mudanças. Com isso, pretende-se realizar pesquisas de buscas de neologismos surgidos no Brasil, desde o período em que o Unitex foi criado, enriquecendo o dicionário interno do software. Além disso, é necessário verificar se não existem grafos em duplicata por conta das mudanças ortográficas. Espera-se ainda que a adequação dessas entradas venha a possibilitar a busca algum tipo de regularidade ainda não identificada na construção dessas formas. Pâmela da Silva Rosin: PRÁTICAS DE ESCRITA E DE LEITURA NA REDE: UMA ANÁLISE DAS “MENSAGENS COMPARTILHADAS” E DOS PROCEDIMENTOS DE SUA FORMULAÇÃO E CIRCULAÇÃO LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS O projeto de pesquisa que ora apresentamos inscreve-se no projeto geral, coordenado pela Profa Dra Luzmara Curcino, junto ao Departamento de Letras, acerca das “Práticas de escrita e representações de leitura: a construção discursiva do novo leitor na mídia” (FAPESP 2010/16139-0), que se ocupa do levantamento e descrição do perfil do leitor brasileiro contemporâneo a partir da análise de estratégias de escrita concernentes ao modo como as linguagens imagética e verbal são articuladas/organizadas na construção de textos da mídia em geral. Neste projeto de Iniciação Científica objetivamos realizar um levantamento e análise de mensagens de cunho literário, compartilhadas na rede, especialmente em redes sociais como o Facebook. Analisaremos as estratégias de escrita empregadas nessas páginas de compartilhamento de informações, observando particularmente as formas de seleção e de destacamento de enunciados de origem literária, oriundos de romances, poesias, correspondências e, também, entrevistas de autores, e que passam a circular sob a forma de frases ‘independentes’, cujo funcionamento discursivo se assemelha em muito ao de ditados populares, ao de lugares comuns e até mesmo de mensagens com finalidade de autoajuda. São essas mutações na forma dos textos, sua articulação com imagens, e suas implicações simbólicas, principalmente; quanto os comentários feitos pelos membros de redes sociais sobre a legitimidade ou não dessa prática de apropriação e de destacamento dos enunciados literários, secundariamente, que nos fornecerão dados para nossa apreensão de representações dos leitores contemporâneos. Para a constituição do corpus desta pesquisa, utilizaremos a página intitulada “O Mundo de Caio Fernando de Abreu e 33 Clarice Lispector”, disponível em http://www.facebook.com/mundodecaioeclarice na qual figuram mensagens dos dois autores contemporâneos mencionados, oriundas de textos de diferentes gêneros (poesia, contos, correspondências, romances) da obra desses autores. Em nossa análise, apoiaremo-nos na perspectiva teórica da Análise do Discurso de linha francesa e em alguns princípios da História Cultural da leitura, de modo a discutirmos os princípios que regulam tanto a formulação desses enunciados quanto sua circulação, refletindo sobre as práticas contemporâneas de escrita e de leitura de textos em geral, e de textos literários em especial. Roana Rodrigues: FALSOS AUMENTATIVOS E FALSOS DIMINUTIVOS NO PORTUGUÊS DO BRASIL A análise dos falsos aumentativos e falsos diminutivos no português do Brasil se faz necessária, pois apesar de se tratar de fenômenos conhecidos e muitas vezes mencionados na literatura, nunca foi apresentado nenhum estudo minucioso, tampouco uma descrição de toda a sua amplitude. É comum em língua portuguesa encontrarmos mesmas construções morfêmicas com distintos significados e é a partir dessas construções que nos deparamos com os falsos aumentativos e falsos diminutivos. Dessa maneira, o sufixo -ão em portão não alude ao aumentativo dos lexemas porto ou porta, da mesma maneira que -inha em camisinha não se refere, única e exclusivamente, ao diminutivo de camisa. A fim de estudar o comportamento morfológico dos sufixos -ão, -ona e -inho, -inha em substantivos, adjetivos e advérbios, dividimos o presente trabalho em duas etapas, a saber: i) análise dos lexemas em pauta nos dicionários Aurélio (2009) e Houaiss (2009), ii) estudo do corpus do NILC (Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional), disponível no site da Linguateca, que nos dá subsídios para observar como tais morfemas se comportam em uso. Pode-se afirmar que as entradas anotadas referentes à forma aumentativa (lexemas terminados em -ão e -ona) denotam algo de grandes dimensões, intensidade e/ou apreciação. Além disso, constatou-se que, em muitos casos, os sufixos estudados não se relacionam somente, ou especificamente, às formas aumentativas supracitadas, mas designam, sobretudo, ato/efeito e/ou aludem aos campos semânticos da química, da física e da botânica – são os casos de falsos aumentativos. Os lexemas terminados em -inho e -inha possuem unidades lexicais que se referem aos campos semânticos de planta, ave, peixe e sinonímia de aguardente (casos de falsos diminutivos) e podem referir-se a algo de tamanho reduzido, assim como designar intensidade, juventude e apreciação. As listas manualmente analisadas e geradas podem ter uma aplicação direta na constituição de recursos para o Processamento de Linguagem Natural (PLN), além de serem utilizadas por outros pesquisadores na análise dos fenômenos em pauta, tanto no nível morfológico, quanto em níveis mais elevados da língua, como a sintaxe e o discurso. 34 Tamires Cristina Bonani Conti: ENUNCIADOS DE CURTA EXTENSÃO: AFORIZAÇÃO, MÍDIA E POLÍTICA Nosso objetivo central neste trabalho foi tentar compreender o papel da máquina midiática nos processos de produção, circulação e de fabricação das informações políticas sobre as eleições presidenciais brasileiras 2010. Para tanto, ancorados na Análise do Discurso, mais especificamente, nos recentes trabalhos de Dominique Maingueneau (2007, 2010a, 2010b e 2011), frequentamos um corpus constituído por pequenos enunciados atribuídos aos candidatos Dilma Rousseff e José Serra e veiculados pela mídia eletrônica brasileira em 2010. Inicialmente, procuramos definir as características do “enunciado de curta extensão”, diferenciando-o de outros como slogans e provérbios; num segundo momento, evidenciamos, por um lado, as características enunciativas dessas pequenas frases que visam favorecer ao seu destaque e, por outro, os determinantes genéricos, linguísticos e semióticos utilizados pelos locutores midiáticos no destaque desses enunciados e, por último, descrevemos como esses enunciados são destextualizados de seus contextos e cotextos originais, procurando compreender como são submetidos ao regime discursivo da aforização. Nossos primeiros resultados indicam que a destextualização das falas dos locutores Dilma e Serra ao serem submetidas ao regime discursivo da aforização recebem um sentido completamente diferente daquele que tinham em seu contexto original de produção. Além disso, tais destaques passam a pautar os debates políticos em diferentes veículos midiáticos. PALAVRAS-CHAVE: discurso político, enunciado de curta extensão, aforização e mídia. Tiago Pereira Rodrigues: VARIAÇÃO EM LEGENDAS DE FILME TRADUZIDAS: A REPRESENTAÇÃO DA FALA DE PERSONAGENS PERTENCENTES A GRUPOS SOCIALMENTE DESPRESTIGIADOS A abordagem da variação na fala e na escrita, ao se fazer uma análise da tradução de legendas de filme, permite que se respeite e se considere a linguagem oral de grupos estigmatizados e suas respectivas condições socioeconômicas e/ou culturais no processo tradutório. Quando se pretende traduzir a fala de um personagem, deve-se conhecer não apenas as minuciosidades da língua de origem e da língua de chegada, mas também as condições socioculturais em que ambas estão inseridas. Conforme vem nos mostrando o trabalho dos legendistas, verifica-se que não lhes é exigido conhecimento prévio da variabilidade linguística e das questões interculturais que a permeiam para a realização de seu trabalho. Além disso, por muito tempo não houve interesse por parte de centros acadêmicos em estudos na área de Tradução Audiovisual. Esta pesquisa tem como objetivo analisar traduções (legendas e dublagem) de filmes norte-americanos que veiculam variedades linguísticas estigmatizadas com fins de proporcionar às empresas legendadoras e aos profissionais em tradução de legendas o reconhecimento das especificidades das variedades linguísticas do inglês americano e do português 35 brasileiro, bem como da importância do contexto sociocultural, de modo que possam considerá-los na tradução de legendas. Thailini Juliana Agostinho de Ázara: AÇÕES TERRORISTAS Ao pensarmos nas designações presentes em diversos contextos as quais fazem referência a determinados tipos de evento, não nos questionamos como esses procedimentos semântico-referenciais são instituídos e passam a fazer parte do acordo tácito da significação. No entanto, para um trabalho genuinamente semântico não se pode dar a convenção um status de inquestionável ou como algo naturalizado, pois a língua estruturada tal qual a conhecemos é um fenômeno psíquico e social. Como objeto da relação linguagem-mundo, e como se trata de modo peculiar de referenciação, o presente projeto pretende realizar um estudo quantitativo e qualitativo visando compreender como se dá a denominação atribuída a atentados terroristas. Tal objeto de análise se mostra bastante rico em questionamentos sobre sua constituição, recorrência, sinonímia e mesmo seus aspectos anafóricos. Tomemos como exemplo a Ação Terrorista de 11 de Setembro de 2011, as Torres Gêmeas dos Estados Unidos. Através de pesquisas que findaram este projeto, houve a percepção de dois tipos de tratamento: “Atentado de 11 de Setembro” (Atentado + X) e/ou “Ataque as Torres Gêmeas” (Ataque + Y). A partir disso, pode-se levantar questionamentos, como por exemplo, se as designações trazem marcas de relações predicativas e o por quê de serem tratarem de uma maneira, e não de outra; se são ou não formas sinonímicas. Vale ressaltar, ainda, que a recorrência dos termos aparecem de maneira distinta dos diversos contextos encontrados, uma vez que “Ataque as Torres Gêmeas” causa mais impacto no leitor do que “Atentado de 11 de Setembro. Isso se dá pelo fato do termo “Ataque” despertar de modo fragilizado a memória discursiva do leitor, e também por se tratar de uma palavra com carga semântica “pesada”. Estudar as designações e denominações obtém sua importância quando pensamos nos estudos que ainda não foram feitos acerca do mesmo tema e nas contribuições que este pode acarretar para as diversas áreas das ciências da linguagem, primordialmente, à semântica, semântica referencial e em seu amplo campo de abrangência. Acreditamos que este projeto poderá auxiliar, também, no entendimento dos usos das designações, bem como explícito acima e no poder que as cargas semânticas possuem sobre os termos que designam algo. É válido também lembrar que por Semântica Referencial não trataremos apenas o cálculo proposicional de sentenças, mas também a própria nomeação dos objetos, ou melhor, das constantes que figuram em sentenças ocupando os lugares dos argumentos, e portanto, fazendo referência a algo que precisa ser compreendido de modo semântico. 36 Thayara Galterio: ETHOS, HUMOR E PUBLICIDADE: ESTRATÉGIAS DO DISCURSO HUMORÍSTICO NA CONSTRUÇÃO E DIFUSÃO DE UMA IMAGEM CORPORATIVA Este projeto de Iniciação Científica objetiva compreender, com base no quadro teórico da Análise do Discurso de orientação francesa, como funcionam as estratégias do discurso humorístico na construção e difusão de uma imagem corporativa. Para isso,procuramos traçar um percurso analítico que abarca a produção de uma identidade assentada na relação entre ethos discursivo e humor, o que implica os modos de circulação e a construção de uma cenografia: estudaremos de que modo certas peças publicitárias caracterizadas como esquetes humorísticas constroem uma identidade para o Banco Itaú. A fim de divulgar produtos e serviços, constrói-se um ethos discursivo que emerge de esquetes encenadas pelo comediante Marco Luque. Com isso, por meio do ambiente virtual, exploram-se as redes sociais, divulgando-se essas peças na plataforma de partilha de vídeo YouTube, obtendo-se efeitos exponenciais dedivulgação com baixo custo, pois conta-se com a “colaboração” provocada pela adesão dos interlocutores, alcançada, neste caso, por uma empatia baseada no humor, que faz com que o vídeo circule como partilha de algo divertido. Possivelmente transforma-se,assim, a imagem negativa habitualmente atribuída aos bancos. Thiago Rodrigues da Silva: ALTERNÂNCIA ENUNCIATIVA DA IDENTIDADE SOCIAL NO DISCURSO JORNALÍSTICO Propor estudos sobre a alternância da identidade social nos discurso jornalístico mostrando que a presença desse fenômeno gera efeitos de sentidos implicando, de certa forma, na maneira que jornal procura reportar e apresentar os fatos. Sentenças como: ricos, pobres, classe A, classe D, menos afortunados, mais afortunados, serão analisadas e comparadas em seu uso buscando mostrar se a escolha dessa nomeação traz a classe nomeada atributos de prestigio ou desvalorização, se a imprensa busca uma aproximação de quem se fala ou se manter distante. Hoje em dia, é compartilhado por todos que a mídia, em suas várias formas, se tornou o meio mais eficaz e importante para a transmissão de informação, nela se encontra uma forma de apreender informações não só do que acontece nacionalmente mais no mundo. O jornal tem o papel de expor os fatos com imparcialidade sem a busca de formação de ideologias, mas não é assim que acontece, por mais que se diga não interferir na recepção do interlocutor esse meio de informação gera, por seu modo de transmissão, formação de opinião. Desta forma, será analisado o conteúdo dos jornais, “Folha de São Paulo” e o “Estado de São Paulo” e pesquisado de que forma acontece o fenômeno, com o pressuposto de que encontraremos resultados opostos, visando que estamos tratando de dois jornais conhecidos por ter grandes diferenças. O jornal Estado de São Paulo é conhecido por ter a imagem de um jornal de direita, que defende a ideia do capitalismo e é acusado de promover a desigualdade enquanto o jornal “Folha de São Paulo” tem fama de esquerdista e é considerado opositor as formas de pensamento capitalista. 37 3. Grupos de Pesquisa e Estudos / Produtos Ariani Di Filippo: GRUPO DE LINGUAGEM HUMANA E TECNOLOGIA – LHTec O Grupo de Linguagem Humana e Tecnologia (LHTec) objetiva desenvolver pesquisas no área do Processamento Automático das Línguas Naturais (PLN) em parceria com o Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC – ICMC/USP), de longa tradição nos estudos que envolvem o português. O LHTec conta hoje com 4 pesquisadores seniores da área de Linguística e 1 da área de Ciência da Computação e com 7 pesquisadores graduandos e pós-graduandos em Linguística. Desde 2009, quando foi criado, o grupo de pesquisa vem desenvolvimento o projeto intitulado TermiNet (do inglês, Terminological WordNets) também em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Terminologia (GETerm – DL/UFSCar). O TermiNet se enquadra no cenário da Terminologia Computacional e visa à construção de um tipo especial de dicionário eletrônico denominado wordnet. Esse projeto contou oficialmente com o apoio financeiro da FAPESP e CNPq de 2009 a 2011 e propiciou o desenvolvimento de vários trabalhos de iniciação científica e conclusão de curso de alunos do Bacharelado em Linguística da UFSCar. Em 2011, o LHTec iniciou suas pesquisas na subárea do PLN denominada Sumarização Automática (SA), que visa á produção automática de sumários (resumos). As pesquisas na linha de SA iniciaram efetivamente com a elaboração do projeto Sustento, que tem por objetivo específico gerar conhecimento linguístico para a Sumarização Multidocumento, ou seja, para a construção automática de sumários a partir de uma coleção de textos, de diferentes fontes, que abordam um mesmo assunto. As pesquisas desenvolvidas pelo LHTec são publicadas em conferências e revistas de Linguística e de PLN, bem como os recursos construídos são disponibilizados na web, pois a visibilidade das línguas no mundo depende crucialmente do peso das suas tecnologias linguísticas, em particular das de livre acesso na web. Os trabalhos no LHTec são norteados pelo princípio de que sistemas computacional que interpretam e/ou geram língua natural (p.ex.: tradutores automáticos) necessitam de conhecimento linguístico de diferentes níveis (morfológico, sintático, semântico e pragmático-discursivo) e esse conhecimento pressupõe análises, descrições e formalizações sobre os fatos da língua, as quais, motivadas em princípio pelas necessidades do PLN, também contribuem para enriquecer o corpo de trabalhos em Linguística Descritiva. Bureau do Texto O Bure@u do Texto é um projeto de extensão formado por alunos do bacharelado em Linguística e vinculado ao Departamento de Letras da UFSCar O projeto presta serviços textuais à comunidade universitária, como: copidesque e revisão de textos, produção de textos para divulgação, levantamento estatístico-textual e 38 assessoria na formulação de apresentações e fala pública. O Bure@u do Texto iniciou suas atividades em 2011 e, dentre os trabalhos já realizados, destacam-se a produção de folders, press-releases e assessoria editorial ao curso de Linguística na Universidade Aberta e no Ato-manifesto “Nóis Vai ou Nós Ficamos - O que a Linguística tem a dizer”, além de estar presente na organização deste evento, I Seminário de Produção em Linguística. Carolina Cardoso de Oliveira: A TERMINOLOGIA APLICADA COMO RECURSO NA ORGANIZAÇÃO E DIFUSÃO DO CONHECIMENTO AGROPECUÁRIO NO BRASIL A pesquisa desenvolvida no estágio realizado na Embrapa Informática Agropecuária insere-se no projeto INTAGRO (Intensificação Agropecuária em Polos de Produção de Soja e Cana de Açúcar: Territorialidade, Sustentabilidade e Competitividade). Esse projeto inclui estudos de diferentes abordagens que englobam aspectos agroambientais e socioeconômicos, bem como aqueles relacionados à disseminação e organização da informação e representação do conhecimento deste domínio. O estágio centra-se no último aspecto citado e tem como objetivo a descrição terminológica de termos a fim de culminar na publicação de um glossário sobre a intensificação agropecuária. A teoria que sustenta esse trabalho terminológico de orientação descritiva é a Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT) (Cabré, 1993, 1999), que postula dois pontos fundamentais: i) que os léxicos de especialidade não constituem línguas artificiais, separadas da língua geral, mas sim, são parte integrante da língua natural e geral; ii) que os termos são associações de um significante a um significado, igualando-se à concepção saussureana de signo linguístico. Portanto, os itens léxicos são signos linguísticos que podem se realizar como termo ou como palavra, dependendo do contexto ou da situação comunicativa. Esses dois pontos determinam a metodologia aplicada ao trabalho que se realiza no eTermos (http://www.etermos.cnptia.embrapa.br/index.php), um ambiente colaborativo que auxilia o trabalho terminológico. Assumindo a orientação de uma teoria descritiva de base linguística, o e-Termos organiza o trabalho terminológico em algumas etapas, desde a compilação do corpus até a publicação do produto terminológico. A partir do corpus compilado e de uma taxonomia contendo 639 entradas este trabalho se alojou primordialmente na etapa referente ao gerenciamento da base de dados terminológicos, ou seja, no preenchimento de bases definicionais e fichas terminológicas. Para a concretização dessa tarefa foram pesquisados contextos que apresentam o termo em ocorrências reais e que possibilitam a compreensão do mesmo, auxiliando posteriormente na redação da definição terminológica. Foram consultados para essa tarefa o corpus, websites específicos da área e trabalhos de pesquisa sobre o assunto que apliquem os termos em cenários relacionados ao domínio em questão. Com esse banco de dados terminológicos foi possível preencher a ficha terminológica do termo que contém os seguintes campos: Termo, Código do Termo, Morfologia, Definição Terminológica, Variantes, Equivalências, Glosa, Informações Enciclopédicas, Termos Relacionados, Data de Criação, Data de Revisão, Número de ocorrências, 39 Responsável e Validador. Destaca-se que a redação da definição terminológica é a tarefa mais complexa do processo, pois além de exigir do terminólogo um domínio sobre múltiplos conhecimentos e habilidades, essa tarefa também segue critérios rigorosos como: adequação do texto definitório conforme o público-alvo e a finalidade da obra terminográfica em questão; os contextos inseridos na base definicional e as convenções quanto à estrutura textual. Os principais resultados desse trabalho, que se iniciou em junho de 2011, se referem à sedimentação do conhecimento sobre a Terminologia de viés descritivo-linguístico, no contexto do projeto INTAGRO, ao ambiente e-Termos e ao domínio do conhecimento em questão, por meio da pesquisa pelos termos em diversas fontes. Além disso, foram produzidas 93 Fichas Terminológicas e aproximadamente 465 fragmentos textuais armazenados na base definicional. Dirceu Cleber Conde: GRUPO DE ESTUDOS GESER "Operação Guilhotina", "Operação Calcanhar de Aquiles", "Programa Universidade Para Todos", "Projeto Rondon", entre muitos outros nomes de operações e ações institucionais, são exemplos de uma relação entre sentido e referência bastante peculiar e que merece o olhar do semanticista com o intuito de compreender os mecanismos de significação que são mobilizados e servem para fazer referência. A princípio, tal fenômeno parece indicar um esforço de publicidade empreendido pelo órgão ou instituição interessado, ou pela mídia que deseja veicular uma informação, por exemplo: Caso Nardoni, Massacre de Eldourado do Carajás, no entanto, tal esforço só atinge seus efeitos porque existe um mecanismo semântico que assim o permite. As denominações exemplificadas acima demonstram um modo de “transformação”, pois da mera etiquetagem de um número de processo, de um número de inquérito, de um número de projeto passaram para uma outra modalidade de individualização, aquela ocorrida por denominação e esta acontece através de um misto de nome comum (operação, projeto etc.) e de um outro termo como um nome próprio (Rondon) ou ainda de um outro nome comum (guilhotina), ou ainda em um caso mais complexo de uma oração de feição nominal inteira, como em “Programa Minha Casa Minha Vida” (Minha casa É minha vida). Tal processo tem um escopo bastante amplo revelando diferentes conteúdos que vão desde aspectos semântico-referenciais até questões discursivas, no entanto o enfoque que iremos dar nesta pesquisa será o do aspecto semântico-referencial, não ignorando que ainda outras abordagens possam contribuir para sua compreensão. Nesse sentido, tal fenômeno será mapeado, registrado e compreendido para fins de pesquisa, e para tanto percorreremos desde a abordagem pelo olhar sobre as diferenças entre denominar e designar até as combinações predicativas que a estrutura desses denominadores prevê, ou seja, como se dá o funcionamento de sintagmas nominais que tenham a estrutura "operação + X", "projeto + Y", "programa + Z" reduzida a uma forma Nc + x, em que Nc é o nome comum no nódulo exterior ao sintagma. De início, já observamos que o fenômeno aponta para uma forma de cristalização, até certo ponto, especializada. Além disso já foram mapeados vinte e 40 dois tipos de denominações descritivas a partir do léxico que ocupa a posição Nc (apresentaremos a lista mais adiante). Tal complexidade nos impele a questionar qual seria o status dessa modalidade SN: seria ele um misto de descrição definida com nome próprio? Para dar conta de compreender esse tipo de formação, não podemos ignorar o uso, por isso este projeto leva adiante algo mais trabalhoso e ousado: a realização de um levantamento por amostragem de denominações desse modelo considerando nossa lista inicial que ainda pode ser ampliada, como veremos na metodologia. Luciana Salazar Salgado: COMUNICA- REFLEXÕES LINGUÍSTICAS SOBRE COMUNICAÇÃO O grupo de linguistas se reúne em torno de textos que pautam reflexões sobre a comunicação no mundo contemporâneo. Não necessariamente textos de comunicação, não exatamente teorias de um campo específico. A amplitude desse território parece pertinente na medida em que, estribado nas questões fundamentais da linguística, permite tratar fenômenos de língua e linguagem na sua relação com elementos extralinguísticos, investigando práticas novas, retomando conhecimentos fundadores, abordando problemáticas que se põem como cruciais não só aos pesquisadores e profissionais da linguagem, como a qualquer cidadão que assuma sua condição de partícipe na construção social e política das comunidades em que vive, isto é, sua condição irredutível de interlocutor. Mônica Baltazar Diniz Signori: INSTITUTO MATTOSO CÂMARA DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES DE LINGUAGEM O Instituto Mattoso Câmara de Estudos Interdisciplinares de Linguagem objetiva promover pesquisas, publicações, debates e eventos em variadas escolas e domínios das Ciências da Linguagem. Suas atividades acadêmicas inscrevem-se em quatro eixos, correspondentes a quatro programas de trabalho. “Arquivos de Mattoso Câmara” objetiva levantar e disponibilizar gratuitamente em site específico do Instituto a obra de Mattoso Câmara. Serão colocados em rede os trabalhos de divulgação científica do linguista, publicados inicialmente em jornais e revistas cariocas entre os anos 40 e 60 do século passado; posteriormente, serão disponibilizados artigos esparsos publicados em revistas brasileiras e estrangeiras e, finalmente, os livros de Mattoso Câmara, publicados tanto em português quanto em outras línguas. “A cara do Brasil no terceiro milênio: uma análise semiótica do cinema brasileiro” inscreve-se na busca de racionalização do sentimento de identidade nacional. Reconhecendo o papel constitutivo das linguagens nesse processo, procederá à análise do cinema nacional, objetivando abordar o olhar de brasileiros sobre si mesmos e sobre o mundo de que participam. Sendo essa identidade necessariamente clivada pelo olhar do outro, estabelece-se um recorte sobre as produções selecionadas para concorrerem ao 41 OSCAR, considerando que essa seleção estabeleceu critérios marcados pelo que se acredita indicado para representar, para outras nações, o que seja o Brasil. “Designações e Denominações de ações institucionais no Brasil” objetiva mapear, registrar e compreender o fenômeno da denominação, abordando desde diferenças entre denominar e designar até combinações predicativas mais complexas. Considerando-se o funcionamento desses sintagmas nominais, estruturados como "projeto + Y" ou "programa + Z", observa-se inicialmente que o fenômeno aponta para uma forma de cristalização, até certo ponto, especializada, se comparada a procedimentos como "operação + X. Como a compreensão dessa formação envolve o uso, necessita-se realizar levantamento do maior número possível de denominações sobre ações institucionais. O objetivo final é contribuir para a compreensão da “denominação descritiva” enquanto forma denominativa e designativa. “Contribuições do geógrafo Milton Santos para a compreensão dos fluxos de texto do ciberespaço” estuda a constituição material dos fluxos textuais característicos do período técnico-científico informacional. Considerando a hipermídia como conjunto de técnicas e o ciberespaço como conjunto de práticas que se apropriam dessas técnicas, busca-se compreender os elementos da globalização que, para Santos, fundam-se numa “imprescindibilidade do discurso”. Desse modo, entendemos que o ciberespaço é uma materialização expressiva do período: esses fluxos de texto produzem uma psicosfera (crenças, ideologias e paixões) diretamente ligada a uma tecnosfera; trata-se das relações entre o domínio da racionalidade e o domínio do vivido. A partir dessas relações, vemos os textos como objetos técnicos produzidos pelo engenho humano e produtores desse engenho, assentados, portanto, num paradoxo constitutivo erigido por dispositivos comunicacionais e noções de cultura que se organizam para além dos documentos oficiais e regulações específicas. 42