UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DETERMINANTES SOCIAIS DO ENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO PETI DO MUNICIPIO DE NOVA IGUAÇU COM O TRABALHO Por: Cátia Regina da Silva Santos. Orientador (a) Professor (a) Fabiane Muniz Rio de Janeiro Janeiro 2011 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DETERMINANTES SOCIAIS DO ENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO PETI DO MUNICIPIO DE NOVA IGUAÇU COM O TRABALHO Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Terapia de Família. Orientador (a) Professor (a) Fabiane Muniz Rio de Janeiro Janeiro 2011 AGRADECIMENTOS Aos professores que foram elementos fundamentais para o meu crescimento enquanto profissional. DEDICATÓRIA A Deus que me deu força de chegar aqui, Aos meus familiares, aos meus amigos. RESUMO Este trabalho traz o cotidiano da Casa Brasil Itália localizada na Rua Cotegi, 230, Cerâmica, Nova Iguaçu-RJ, e na Casa do Menor São Miguel Arcanjo localizado na Estrada do Ambaí, 222, Miguel Couto, Nova Iguaçu – RJ e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social situado na rua Terezinha Pinto, 297, Nova Iguaçu – RJ. Acolhendo crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade infantil, dando ênfase ao trabalho com as famílias. Serão considerados crianças e adolescentes economicamente ativos meninos e meninas com idade até 18 anos que contribuam para a produção de bens ou serviços, incluindo atividades não remuneradas, para sustento próprio e/ou de seus familiares, qualquer que seja a forma de inserção no mercado de trabalho, nos setores formais e informais da economia. Ao observar a questão do trabalho infantil, proporcionou-me a construção e a identificação do objeto que se configurou em um estudo sobre. Determinantes Sociais do envolvimento das crianças e adolescentes do município Nova Iguaçu com o trabalho. A metodologia desta pesquisa será desenvolvida a partir da pesquisa qualitativa, levantamento bibliográfico e pesquisa de campo. De acordo com Minayo. “A pesquisa qualitativa responde as questões muito particulares. Ela se preocupa na ciência sociais, com um nível de realidade que não pode ser qualificado”(1999.21). Com relação aos objetivos, trata-se de uma pesquisa descritiva que ira descrever e analisar a percepção das famílias abordadas, sem que para tanto, sejam as mesmas submetidas a qualquer estratégia de modificação de sua realidade para a coleta de dados. Os sujeitos envolvidos serão as famílias atendidas pelo Peti, adotando se a técnica observação do atendimento, e de suas fichas arquivadas no programa. Palavras Chaves: Família, criança, adolescente, políticas públicas e trabalho infantil. METODOLOGIA Esta pesquisa na área de serviço social pretende, através da aproximação com a realidade do trabalho Infanto-Juvenil, poder contribuir na área de conhecimento da disciplina, na sua atuação, na sua intervenção na questão social, que vem colocando e recolocando desafios à profissão desde a sua origem. A elaboração deste trabalho tem alguns pontos fundamentais para análise da questão da erradicação do trabalho infantil. Deste modo busco identificar com essa pesquisa os Determinantes Sociais do envolvimento das Crianças e Adolescentes do PETI do Município de Nova Iguaçu com o trabalho. A pesquisa será de Campo onde podemos observar os atendimentos das famílias realizados dentro do seguimento do PETI de Nova Iguaçu Busco também em Minayo (1999:21) subsídios para realizar abordagem metodológica qualitativa, por se tratar de objeto complexo e com muitas dimensões a serem percebidas. Como referencial teórico utilizando autores que comentem sobre a problemática do trabalho infanto-juvenil, destacando Leila Negrellos (1997) ao abordar as causas do afastamento da criança e do adolescente do convívio escolar. Sumário Introdução .......................................................................................................08 Capitulo I – As Políticas Sociais Voltadas para Proteção ao Trabalho Infantil, após 1988. 1.1– A Política Social no Tratamento do Trabalho Infantil no Brasil, os Instrumentos de Proteção e os mecanismos de Viabilização........................10 1.2 - O Reconhecimento e a Evolução dos Direitos Sociais Voltado ao seguimento Infanto-juvenil. .. ........................................................ ..............................................15 Capitulo II – A Relação Trabalho, Escola e Família. 2.1 A Proteção a Família e o Trabalho Infantil ..............................................24 2.2 – O Peti a Evasão Escolar e o Sucesso Escolar .....................................29 Capitulo III – Contextualização da Instituição e Analise dos Dados 3.1 – O PETI em Nova Iguaçu ......................................................................33 3.2 – A Atuação do Serviço Social Frente ao Programa ..............................36 3.3 – Avanço e Dificuldade do Programa em Nova Iguaçu ..........................37 Conclusão .....................................................................................................41 Anexos...........................................................................................................43 INTRODUÇÃO O motivo que levaram a elaboração desse trabalho foi de que apesar dos esforços que foram realizados nos últimos anos, ainda existem no Brasil mais de 5 milhões de crianças e adolescentes trabalhando em atividades proibidas pela legislação (IBGE, 2001). Os números apenas comprovam que a questão do trabalho infantil é de extrema complexidade, crueldade e magnitude. Um dos efeitos perversos desse panorama refere-se às exposições a ambientes insalubres e ao trabalho infantil perigoso que, além de prejudicar o desenvolvimento saudável dos jovens, interfere em suas relações sociais. Esse quadro exige a elaboração de ações intersetoriais, que consigam abranger a dimensão real do problema, incluindo a ótica específica da saúde. Apesar, do fato que o Ministério da Saúde, em consonância com outros setores de governo, ter incorporado em sua agenda a Erradicação do Trabalho Infantil e ter formulado a Política Nacional de Saúde para a Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente. Suas ações previstas para viabilizar a Política destacaram-se na elegibilidade de crianças e adolescentes acidentadas no trabalho, como evento passível de notificação compulsória, segundo a Portaria GM n.º 7 do Ministério da Saúde, de 28 de abril de 2004. O problema ainda existe em todo território brasileiro em especial nas áreas mais desassistidas pelo governo federal, no caso especifico dessa pesquisa na cidade de Nova Iguaçu, localizada na baixada fluminense. Foi observando os atendimentos e, os perfis das famílias que são atendidas pelo programa Peti no município de Nova Iguaçu, Foi possível percebemos que os números dos atendidos indicavam uma alta taxa de participação de crianças e adolescentes no trabalho infantil dentro do município. Essa taxa inicialmente decresce com a escolaridade, sendo maior entre aqueles que nunca freqüentaram escola do que entre os que têm de 1 a 4 anos de estudos completos. Com esses dados percebemos que o Trabalho Infantil se constitui uma temática e um problema que preocupa. Se o problema faz parte hoje da agenda política de diferentes níveis de governo, de organizações de trabalhadores e de empresários, de organizações nãogovernamentais, de organizações internacionais e da mídia em geral. Também 8 faz parte do trabalho de assistência social. Todas essas questões costumam ter ressonância concreta e diária na vida da criança e do adolescente. De certo modo na vida de todos que se preocupam com um Brasil melhor. Por isso, considero a elaboração deste trabalho como ponto fundamental para análise da questão da erradicação do trabalho infantil. Deste modo busco identificar com essa pesquisa os Determinantes Sociais do envolvimento das Crianças e Adolescentes do PETI do Município de Nova Iguaçu com o trabalho. Sendo assim, este trabalho foi dividido em três capítulos que procuram discutir alguns aspectos da problemática mencionada. No 1º Capítulo; analisaremos as políticas sociais voltadas para proteção e o tratamento do trabalho infantil no Brasil. Posteriormente faremos o resgate histórico sobre a evolução dos direitos sociais voltados ao seguimento infantojuvenil. No 2º Capítulo; conheceremos os fatores que determinam a relação trabalho, escola e família, focando a proteção a família e o trabalho infantil. Como esta é uma questão presente na sociedade desde o processo de colonização, tomando novas configurações na atualidade como por exemplo, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – Peti. No 3º Capítulo; volta-se, portanto, para contextualização da instituição e analise de dados, identificando os avanços e dificuldades do programa em Nova Iguaçu. Acreditamos que somente a continuidade do movimento em defesa dos direitos da criança e do adolescente e de uma ação nacional integrada, mobilizando toda a sociedade no combate ao trabalho precoce, por meio de parcerias eficazes entre organizações governamentais, e mesmo internacionais como a Organização Internacional do Trabalho – OIT e o Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, será capaz de proteger a população infanto-juvenil contra qualquer tipo de negligência, exploração, violência, crueldade e opressão. 9 CAPITULO I - As políticas Voltadas para Proteção do trabalho Infantil,após 1988. 1.1 - O Resgate Histórico da Política Social no Tratamento do Trabalho Infantil no Brasil. O trabalho infantil existe deste a antigüidade. Entre 1500 a 1822 no Brasil Colônia está época marca fortemente a escravidão a que eram forçadas as crianças negras. Entre os 05 e 06 anos de idade já se habituavam aos rigores da “lida diária”. Já assumiam trabalhos forçados, eram domadas as chicotadas por outros castigos, para trabalharem. Aos 07 e 08 anos, já iniciavam trabalhos pesados e de forma regular na “Casa Grande” eram pajens, moleques de recados, buscavam jornais e cartas no correio, encilhavam cavalos, lavavam os pés dos patrões e dos visitantes, escovavam roupas, engraxavam sapatos, espantavam mosquitos, balançavam as redes para seus senhores, buscavam água no poço e carregavam pacotes. As crianças que trabalhavam nas fazendas e nos engenhos eram enviadas ás plantações onde colhiam e beneficiavam café, descaroçavam algodão, descascavam mandioca, fabricavam cordas e cestos. Buscar na história do Brasil, as origens do passado para avaliar o presente e projetar o futuro pode ser um bom caminho para permitir uma mudança de paradigma em um momento histórico e cultural, no qual as representações sociais e políticas podem ser reinventadas e construídas em direção à eqüidade social. 10 Em 1930, quando Getulio Vargas assume o poder, o trabalho passa ser objeto de atenção particular do seu governo, controlando os menores enquanto potenciais trabalhadores. A problemática operaria era uma preocupação do CEAS, criado em 1932, em plena revolução paulista. O Serviço Social é implantado no Brasil e em São Paulo em 1936 através do Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), um dos Promotores de Ação Católica de São Paulo. As políticas praticadas na época aprofundavam a distinção entre criança e adolescente, sobrepondo ao conteúdo autoritário uma perspectiva ideológica que oferecia bases para o controle da juventude do país, ou seja, definia um campo de intervenção social que buscava integrá-lo, disciplinar e tornar governáveis os membros das classes mais pobres. Quem era responsável pelo estudo da criança e adolescente era o Serviço de Assistência aos Menores criado em 1941. Com a revolução industrial, o trabalho infantil aumentou, de modo que não eram só as crianças negras que trabalhavam, mas também os filhos dos brancos e pobres. Muitos entendiam que dar trabalho para uma criança era presta-lhe um “favor” era tirá-la da rua da vadiagem, da mendicância, e possibilitar-lhe um “futuro”. E assim, as crianças eram submetidas a longas jornadas de trabalho, a usarem maquinas e ferramentas pesadas e inadequadas á sua idade, comprometendo sua saúde física mental e provocando a mortalidade infantil. Entre o final do século XIX é inicio do século XX, na passagem da monarquia para a república, ocorreu um fenômeno de explosão demográfica no 11 Brasil. O numero de habitantes triplicou, passando de 10 para 30 milhões, o que equivalia a 13% da força do trabalho industrial. Esse fato foi extremante importante para a história da legislação brasileira em relação á criança e adolescente. Tomando por base o período mais recente de nossa história o ano de 1981 1990 pode verificar que não houve grande mudança. População Ocupada por Idade, segundo anos indicados. ANOS IDADE 1981 1983 1986 1990 1981/1990 10-14 2754179 2648867 2897576 2965516 27,6% 15-17 3701909 3700243 4142792 4362343 15.9% TOTAL 6456088 6349110 7040368 7327859 27.1% Fonte: Penad-Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/ IBGE No inicio do século XX, o discurso corrente é de que a criança é o elemento chave para a transformação do País. Pois crescia em ritmo intenso, atingindo 180 mil trabalhadores industriais. Foi em função em consolidação das leis do trabalho (CLT), que impunha restrições ao trabalho infantil: limite da idade mínima de 14 anos para o ingresso no mercado de trabalho entre outras, que começou haver uma redução da participação de crianças no mercado de trabalho.Entretanto estes trabalhadores são mais atingidos pelo desemprego, na medida em que apresentam as taxas de desemprego mais elevadas entre as diversas faixas etárias. Em 1992, por exemplo, a taxa de desemprego na faixa 15 a 17 anos de idade atingia mais de 14%, mais do dobro da taxa média de desemprego. Em 1995, baixou para 11%, mas ainda permanecia relativamente elevada. Embora os trabalhadores entre 15 e 17 anos 12 representassem menos de 4% da PEA metropolitana, atingiam quase 10% da população desempregada. Tudo leva a crer que dadas as dificuldades encontradas pelos mais jovens na busca por um emprego, sua reação foi retirar-se parcialmente do mercado de trabalho. As dificuldades do mercado de trabalho na década de noventa podem ser vistas através de outros indicadores. Entre 1989 e 1995, o percentual de empregados de 15 anos ou mais com carteira assinada nas regiões metropolitanas caiu de 58% para 48%. Em contrapartida, houve aumento dos empregados sem carteira assinada e dos trabalhadores por conta própria. A indústria de transformação setor que tradicionalmente paga os melhores salários foi muito atingido pela crise econômica. O comercio e os setores de serviços, que oferecem piores condições de trabalhos, tiveram sua participação consideravelmente aumentada no período. O trabalho das crianças não está restrito apenas ás regiões mais pobres do país. Cabe salientar que, embora tais crianças trabalhadoras sejam bastante visíveis nas grandes metrópoles, é nas atividades agrícolas que elas são encontradas em grande número. Mais de quatro em cada cinco crianças que trabalham com menos de dez anos encontram-se na zona rural. São Paulo e Rio de Janeiro são os únicos estados onde a maior parte dos trabalhadores mirins localiza-se em atividades não agrícolas. Mais de 90% das crianças trabalhadoras entre 5 e 9 anos recebem qualquer tipo de rendimento. Um fato que merece destaque é a inserção das meninas no mercado de trabalho com idade entre 10 a 17 anos recebendo o salário médio 0,6 Salário mínimo. Segundo a quase totalidade dos estudiosos, a causa básica para o trabalho infanto juvenil no Brasil é a pobreza e a conseqüência de políticas 13 públicas eficazes. Portanto, sua redução, obrigatoriamente, pela redução acentuada desigualdade social. Infelizmente, muito pouco se avançou no país em termos de combate à pobreza nos últimos anos. Como conseqüência o trabalho de criança e adolescente permanece sendo encontrado em grande escala, tanto nas regiões urbanas quanto rurais. Para que elimine o trabalho infantil se faz necessária a redução dos níveis de pobreza. Independentemente de medidas mais amplas de combate à pobreza é inadmissível que o trabalho infantil em situação de risco não seja banido do País. São números os relatos de crianças trabalhando como catadores de lixo, em carvoaria, nos canaviais, em madeireiras, vendedores ambulantes. Tal situação deveria revelar do estado medidas imediatas para impedir sua continuidade, passando a seguir as recomendações da convenção sobre os direitos das crianças e adolescentes da qual o país é signatário. Entre 1995 a 1999, o número de crianças trabalhadoras na faixa etária de 10 a 14 anos apresenta uma redução de 23%, o que correspondem a uma redução media de 5,3. Se for considerado apenas de 1996 a 1999 a redução foi de apenas 2,4%. Considerando-se a intima conexão entre pobreza e trabalho infantil, é razoável supor que a redução do número de crianças trabalhadoras esteja relacionada com a renda familiar. Por outro lado, a inexistência de mudanças significativas entre 1996 e 1999, indica que se intensificam a partir de 1996 com a criação do Peti. Até então não haviam conseguido até aquele momento alcançar uma redução na dimensão desse problema em escala nacional. Evolução da Taxa de Atividade de Crianças e Adolescentes, por faixa etária (1995-1999). 14 ANO 10 a 14 anos 15 a 17 anos 1995 18,7% 50,9% 1996 16,8% 46,4% 1997 16,9% 45,9% 1998 16,6% 45,4% 1999 16,6% 44,6% Fonte: IBGE (Pnad - 1995 e 1999). A cada ano que passa, o combate ao trabalho infantil, por meio de parcerias eficazes entre organizações governamentais e não governamentais se engajavam na luta pelas crianças e adolescentes que vivem na exploração do trabalho precoce. Porém há muito mais a ser feito. O Brasil convive com um abismo entre a lei e a realidade vivida. Não são suficientes termos leis, é necessário colocá-las, de fato, em exercício. Até que melhorem as condições econômicas, a ponto de não ser necessário nem rentável o trabalho infantil, esforço deve ser feito para implementar as políticas de emprego e desenvolvimento, a longo prazo, com medidas progressivas destinadas a regulamentar e humanizar o trabalho de crianças de modo que possam desfrutar de proteção contra algumas formas de trabalho que dificultam seu desenvolvimento normal, físico e mental; essas medidas incluem adoção e aplicação de leis protetoras do trabalho, a implantação de melhorias no local de trabalho e a disponibilidade de serviço e bem estar. 15 1.2 – O Reconhecimento e a Evolução dos Direitos Sociais Voltados ao Seguimento infanto-juvenil. O caminho da conquista de direitos para infância brasileira é percorrido por uma série de decretos de leis e constituições, por exemplo, em 1891 um decreto lei regularizava o trabalho das crianças e dos adolescentes da fabrica estabelecendo a idade e fixando horas. Em 1927 o Brasil consolida as leis de assistência e proteção às crianças e adolescentes através do primeiro Código de Menores. Em 1941 cria-se o Serviço de Assistência ao Menor-FUNABEM. Em 1979 é revisto o Código de Menores que vigorou até a chegada do ECA.1993 o Código de Menores definia a ação assistencial com bases na proteção e vigilância aos menores de 18 anos que se encontravam em situação irregular. Centraliza poderes na figura do Juiz de Menores e discriminava a infância brasileira entre os filhos dos pobres e os filhos dos outros. Mantinha uma linha policialesca e de confinamentos em função da manutenção da “ordem”. Seu papel era de controlador social. Retirava o poder de participação da sociedade na promoção de políticas e conferia ao poder público e as instituições o papel da reintegração e ressocialização da infância abandonada. Muitas vezes vistas como inimigas da sociedade, as crianças e adolescentes pobres engrossavam os porões do submundo do desrespeito a dignidade humana, próprios do período da ditadura militar, em tantas unidades de FEBEM então legitimadas pelo código de menores. O Brasil tem passado, nas últimas décadas, por um amplo processo de democratização e afirmação dos direitos de cidadania, com destaque para a 16 mudança na concepção e gestão das políticas sociais, particularmente a política de assistência social para criança e adolescentes. A partir do movimento pró-cidadania da década de 80, que contou com diversos segmentos sociais, e das convenções internacionais que visavam assegurar direitos humanos, a legislação brasileira relativa a crianças e adolescentes sofreu uma profunda transformação. O principal marco legal desse processo é a Constituição da República de 1988, especificamente seu artigo 227, que pode ser considerado a semente a partir da qual germinou todo o avanço que vem sendo conquistado nessa área. Esse artigo estabelece muitas e significativas conquistas, sem distinção, e, em seus parágrafos, traça diretrizes gerais sobre a assistência que lhes deve ser prestadas. Artigo 227 da Constituição diz: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, À liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Garantir todos esses direitos é garantir a proteção integral, isto é, assegurar a todas as crianças e adolescentes a sobrevivência, o desenvolvimento pessoal e social, as integridades físicas, psicológicas e morais. Inspirado na Constituição de 1988 a chamada Constituição cidadã e valorizando os direitos fundamentais de crianças e adolescentes como requisito básico da construção da cidadania no país, em 13 de julho de 1990, foi aprovada uma lei específica, visando a detalhar o artigo 227 da Constituição. Essa lei, denominada Estatuto da Criança e do adolescente – ECA-(Lei nº8. 069/90), é considerada, internacionalmente, uma das mais avançadas para a promoção e proteção a criança e adolescente. Em seu artigo 86 do Estatuto da 17 Criança e do Adolescente estabelece que a política de Atendimento far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipais e da sociedade. O estatuto retoma disposições já presentes na Consolidação das Leis do Trabalho, enfatizando a proteção ao trabalho do adolescente, particularmente no sentido de vinculá-lo ao direito à profissionalização. Nestes termos, admite o trabalho a partir dos catorze anos na condição de aprendiz, desde que não seja em período noturno, perigoso, insalubre ou penoso e vincule esta formação técnico-profissional ao processo de escolarização regular. Ressaltando a necessária compatibilização de horário e tipo de atividades que devem ser favoráveis ao desenvolvimento do adolescente aprendiz estaria, pois, submetido a uma atividade laboral definida como um trabalho educativo.O governo federal cria o programa de erradicação do trabalho infantil Bolsa Criança Cidadã, que concede uma bolsa educação às famílias de baixa renda cujos filhos permaneçam freqüentando a escola. Estes programas sofreram modificações no governo atual, onde foi unificado os programas de transferência de renda até então vigentes: Bolsa escola, Bolsa Alimentação, Auxilio Gás e Cartão Alimentação. Trata-se de traduzir as políticas públicas em mecanismo transformador e promotor do desenvolvimento social no Brasil a partir de seus problemas e das suas potencialidades. O artigo 86 do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que a política de Atendimento far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipais e da sociedade. 18 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacionais, aprovadas em 1996, os Parâmetros curriculares Nacionais publicados a partir de 1996, a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – FUNDEF – em 1996, e a ampliação do programa de Distribuição Gratuita de livros Didáticos são exemplos de iniciativas que demonstram o esforço governamental para a melhoria do ensino público. Embora os dados da Secretaria de Estado de Assistência Social, apontem que as maiorias dos recursos da assistência social atendem programas destinados a crianças e adolescentes, isto não tem significado redução de riscos para elas e suas famílias em situação de pobreza e venerabilidade social,o que talvez se deva ao fato de serem programas que não asseguram mínimos sociais, como é a finalidade da assistência social prevista em lei, persistindo o perfil da assistência social de atenção focal, seletiva e de pouca cobertura. Como por exemplo, o atendimento a criança em pré-escola, de família com renda abaixo de um salário mínimo é apenas de 18%, enquanto que para as famílias com renda um pouco mais elevada, ou seja, superior a 2 salários mínimos, passa para quase 60%. Quanto ás famílias com renda abaixo de 1 salário mínimo, o atendimento em creches não ultrapassa os 3%. A situação de crianças e adolescentes privados da convivência familiar ocupa também uma grande parte das ações da política oficial da assistência social executada, sobretudo mediante convênios com entidades sociais não governamentais que abrigam crianças, recebendo, em contrapartida, uma ajuda de custo per capita. Essa é uma área com grandes problemas, porque ainda não se efetivou adequadamente o reordenamento institucional para atender o paradigma da proteção integral declarada pelo ECA. O enfretamento da pobreza extrema 19 representa um dos maiores problemas para a assistência social, como política de garantia de mínimos sociais e de inclusão. A criação dos Conselhos de Assistência Social em todos os estados e na maioria dos municípios constitui um fato novo e importante na busca de solução adequadas no âmbito da Assistência Social. Conforme o artigo 24 da Loas, os programas compreendem ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangências definidos, para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistências. No geral, os programas são constituídos por um conjunto de projetos e iniciativas que se articulam e se comprimentam com vistas à obtenção de resultados assertivos num tempo definido. É o caso, por exemplo, do programa de erradicação do trabalho infantil, que integra serviços socioassistenciais e educacionais, formação socioeducativa e profissionalizante para a família, projeto de geração de renda. A falta de integração das políticas sociais e a concepção elitista que se tem sobre as ações de cultura e esportes criam uma distancia entre os setores oficiais dessas políticas o esforço de atenção integral que vem sendo colocado em favor de criança e adolescentes. O desafio nessa área é universalização dos programas e ações de cultura, esporte e lazer e a integração com as demais políticas, como direito que deve ser assegurado no processo de desenvolvimento de todas as crianças e adolescentes. O Estatuto da Criança e do adolescente traz um novo conceito de violações de direitos, ou seja, ações, omissões ou situações que ameaçam ou violam direito, fundamentais de crianças e adolescentes, como o direito a vida, ao respeito, a dignidade, a liberdade. Nessa perspectiva, embora os dados 20 estatísticos disponíveis não sejam precisos, sabe-se que é elevado o número de crianças e adolescentes que são vítimas das diferentes formas de violências, diretas ou indiretas, como aquela decorrente da estrutura social injusta e desigual da sociedade brasileira. Outro grande desafio é a proteção do trabalho dos adolescentes, cujos dados demonstram que esses trabalhadores são absorvidos em ocupações pouco qualificadas, com baixa remuneração, e enfrentam péssimas condições de trabalho. O envolvimento dos diferentes setores da sociedade, como os sindicatos, os empresários, as organizações internacionais, os setores de fiscalização do Ministério Secretarias Estaduais de Trabalho, tem sido de grande contribuição para a identificação dos problemas e também para a elaboração de estratégias de superação. A qualificação profissional e a inserção de jovens no mercado de trabalho são discutidos pelo governo e pela sociedade em geral. Pois a necessidade do cumprimento, pelas empresas, da legislação sobre aprendizagem dos jovens é cada vez maior. Pois no Brasil existem mais de 3,5 milhões de jovens desempregados, entre 16 e 24 anos. A lei 10.097, de 2000, já exige que estabelecimentos de médio e grande porte contratem jovens entre 14 e 24 anos como aprendizes. O Programa Primeiro Emprego, O Pró-Jovem Trabalhador, Jovem Aprendiz, Agente Jovem, Jovem pela Paz, são programas, coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Social, para facilitar o ingresso do adolescente no mercado de trabalho como forma de transformar a realidade pessoal e social. O governo conta com o SENAI, Fio Cruz, Instituto Salesiano, Patruleiro, Petrobras, BNDS, ONGs, Prefeituras, como parceiros neste empreendimento. A partir do momento em que o governo, as empresas, as escolas, as ONGs e a sociedade 21 assumem o papel de atores sociais, abrindo caminhos para a formação e a profissionalização dos jovens, eles se transformam em milhões de oportunidades de crescimento, de riqueza e de construção conjunta de um futuro melhor. Algumas empresas e municípios não respeitam a Lei de Aprendizagem. Isso ocorre por motivos diversos, como a rasa articulação entre empresas e o Estado, e a falta de jovens qualificados para o preenchimento de eventuais vagas. Cabe a cada município, garantir que a Lei do Aprendiz seja aplicada. As empresas que descumprirem a lei são investigadas pelo Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho, e ficam sujeitas a punições. Fiscalização. A fiscalização realizada pelo Conselho Tutelar pode ser de três maneiras: via denúncia, visita espontânea, ou ronda junto com policiais e agentes responsáveis pela fiscalização e segurança da sociedade. Caso haja alguma empresa fora da regularização, uma notificação deve ser emitida pelo Conselho Tutelar. Se a empresa não cumprir com a lei mesmo depois da notificação, uma denúncia deve ser encaminhada para a Delegacia do Trabalho. Outro meio para garantir o cumprimento da Lei é uma reunião promovida semanalmente entre os órgãos de fiscalização, Delegacia do Trabalho, Ministério Público e Ministério Público do Trabalho, e as organizações que oferecem os cursos de capacitação. Mesmo com esse mecanismo em funcionamento, a Delegacia do Trabalho recebe poucas denúncias. A maior parte diz respeito a questões pontuais, como o remanejo de um jovem aprendiz para uma função que ele pode exercer. Para os conselheiros tutelares, quem mais sofre com o não cumprimento da lei são as crianças e os adolescentes, que tem seus direitos violados. "Cabe aos Conselhos Tutelares promover a fiscalização dos programas 22 desenvolvidos pelas Entidades sem Fins Lucrativos, verificando, dentre outros aspectos, a adequação das instalações físicas e as condições gerais em que se desenvolve a aprendizagem, a regularidade quanto à constituição da entidade e, principalmente, a observância das proibições previstas no ECA. Quanto a estrutura, ao equipamento dos Conselhos e Fundos, de um modo geral, são apontados como deficitários os que comprometem a sua visibilidade e eficácia junto ao Estado e à Sociedade. As instâncias jurídicas e os mecanismos de acesso à justiça são classificados de insuficientes e precários nas condições de infra-estrutura. Podemos sintetizar que no Brasil as ações de erradicação do trabalho infantil têm sua importância fundamental no desenvolvimento de nova estratégia e novos instrumentos de combate a esse problema social. 23 Capitulo II – A Relação Trabalho, Escola e Família 2.1 – A Proteção a Família e o Trabalho Infantil. A questão do trabalho infantil está presente na sociedade desde processo de colonização do país, tomando novas configurações na atualidade. A partir da década de 90, com a adoção da Doutrina de Proteção Integral a criança e adolescente passam a ser considerados como sujeitos de direitos, e varias medidas são tomadas, objetivando por um fim a esse tipo de pratica. Segundo estudiosos os direitos fundamentais da pessoa humana e ter assegurado, desde nascimento condições mínimas necessárias para se tornarem úteis à humanidade, bem como para receber os benefícios que a vida em sociedade pode propicionar. Tratam – se daquelas necessidades comuns a todos os seres humanos e que a pessoa possa viver com dignidade. O artigo 3º da Constituição diz: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor idade e quaisquer outras formas de discriminação. A igualdade de todos os seres humanos não quer dizer igualdades físicas, culturais, intelectuais ou psicológicas. Cada pessoa humana tem sua individualidade, personalidade e, modo próprio de ver e de sentir as coisas. Nesse sentido torna-se importante ressaltar algumas das principais leis que orientam as políticas para famílias e o trabalho infantil. O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal n.º 8069, 13 de Julho de 1990, pode ser considerado um dos desdobramentos mais importante da 24 constituição de 1988, a qual no seu artigo 277. Determina que é dever da família, da sociedade e do estado garantir, com absoluta prioridade direitos considerados essências: saúde, alimentação, educação, lazer respeito à liberdade e à convivência familiar e comunitária. O artigo determina, também, que crianças e adolescentes devem ser protegidos contra toda forma negligencia, discriminação violência crueldade e opressão. O Estatuto Criança e do Adolescente, regulamentou conquistas presente na constituição, e a sua implantação, mesmo que morosa, dados os entraveis e resistências de setores da sociedade Brasileira, vem promovendo uma revolução das áreas jurídicas, social e política. A primeira delas está na mudança da concepção de infância e adolescência anteriormente compreendidas como fases da vida destituídas de direitos e que, precisavam simplesmente de tutela. Pela concepção, instituída pelo ECA, criança e adolescente passam a ser visto como sujeitos em situação peculiar de desenvolvimento e pessoa portadora de direitos. O capitulo V, sobre direito à profissionalização e a proteção no trabalho, apresenta várias inovações. Ao adolescente aprendiz maior de 14 anos, são assegurados direitos trabalhistas, e previdenciários; um adolescente portador de deficiência tem direito a trabalho protegido. No artigo 63 estão definidos: orientações de formação técnica e profissional começando pela garantia de acesso e freqüência obrigatória do ensino regular; e desenvolvimento de atividades compatível com o desenvolvimento do adolescente em um horário especial para o exercício das atividades. Ao adolescente empregado e vedado o trabalho noturno realizado entre 22 horas e 5 horas do dia seguinte; o trabalho perigoso insalubre ou penoso; o 25 trabalho realizado em locais prejudiciais a a sua formação ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e a realização de trabalho em locais e horários que não permitam a freqüência escolar. O artigo 68 estipula as condições do trabalho educativo nos programas sociais, sob a responsabilidade de entidade governamental ou não governamental, sem fins lucrativos. Destaca-se nele a necessidade de se assegurar ao adolescente à capacitação para o exercício de qualquer atividade regular remunerada. O trabalho educativo e definido como “uma atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo”. Para os jovens muitas vezes representa o caminho para uma vida melhor, tem um sentido existencial quando proporciona perspectiva de futuro. A fim de que o trabalho adquira para esses jovens um sentido afirmativo, é importante que se realizem reflexões conjuntas sobre a possibilidades de garantirem aos jovens uma inserção no mercado de trabalho. 26 Representações dos jovens sobre o trabalho Representações N.º % Trabalho: oportunidade de aprendiz de novos conhecimentos e práticas 86 54,0 Trabalho: aquisição de novos hábitos e comportamentos 34 21,3 Trabalho: lugar de convivência, de novas amizades e de aprender o trabalho 21 13,2 em equipe. Trabalho oportunidade de aplicação de conhecimentos adquiridos: 6 3,2 Trabalho: lugar de troca entre gerações 5 3,2 Trabalho: oportunidade de desenvolvimento pessoal 4 2,6 Trabalho; afirmação do jovem na família. 3 1,9 Fonte: (Lefèbvre, 1991). As conseqüências do trabalho infantil são assustadoras. Dentre as piores formas de exploração presente no estado estão a coleta, quebra babaçu, trabalho na roça de mandioca, milho e arroz; trabalho de ambulantes e prestadores de serviços; trabalho nos lixões, prostituição infantil trabalho infantil domestico,tráfico de drogas. As famílias na realidade falam de trabalho de acesso bens e serviços de meios para exercer sua cidadania, pois tomam consciência da situação de pobreza e exclusão a que são submetidas. Para evitar que mais crianças e adolescentes trabalhem colocando em risco sua integridade física, o programa de Erradicação do Trabalho Infantil mantém projetos preventivos que oferecem oficinas baseadas na arte, educação e cultura. Outra ação importante para prevenção é também apoio aos que querem retornar para casa é o trabalho com a família, através do Peti, que busca 27 fortalecer os vínculos familiares. Pois a família precisa entender que o papel dos filhos não é trazer dinheiro para casa, e sim viver sua infância. O Peti da o suporte através de esclarecimentos que levem a mudança de atitude e na geração de renda, inclusive com inserção em programas governamentais que garantem bolsas estabelece pareceria com ministério do trabalho e emprego. 28 2.2- O Peti a Evasão Escolar e o Sucesso Escolar. O governo federal em 1996 comprometeu-se com a prevenção e erradicação do trabalho infantil criando o programa Peti, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social. Pode se dizer que, neste ano a temática do trabalho entrou definitivamente na agenda do governo federal e da sociedade civil. O Peti foi implantado com o objetivo de retirar crianças e adolescentes de 7 a 14 anos de idade do trabalho considerado perigoso, penoso, insalubres ou degradantes, que coloca em risco sua saúde e sua segurança (Manual Operacional do Peti 2002). Um de seus principais instrumentos é a Bolsa Criança Cidadã, um recurso concedido mensalmente àquelas famílias que se comprometem a retirar seus filhos do trabalho mantendo-os na escola. A bolsa deixa de ser um incentivo para se tornar um auxilio; a freqüência à escola é uma contra partida que nega as próprias lógicas da assistência social; as ações passam a ser pensada como corretivas e distributivas de recursos colocados pelo governo. Os participantes do Peti admitem o desenvolvimento de outras atividades que não comprometam a escolarização e desenvolvimento físico das crianças, como parte do processo de formação. De forma geral, o que se pode apreender é que em nenhuma circunstancia, nem mesmo nas condições afirmativas do trabalho foi negada a importância do acesso à escola. É atribuído o caráter de edificação de um projeto de vida, se constituindo um núcleo básico, em que se projetam expectativas com relação a um futuro dos filhos. Apesar das famílias não terem avançados na compreensão de que a 29 educação escolar não gera, por si, eqüidade e transformação social requeridas para a mudança das suas condições de vida, observa-se um processo de mudança de cultura, quando as famílias avançam na compreensão de que o trabalho infantil atrapalha o desenvolvimento físico e psicossocial das crianças e dos adolescentes, rompendo assim com a cultura já incorporara e naturalizada nesta sociedade de que o trabalho infantil de crianças e adolescentes pobres é um instrumento formador e educativo. Segundo a Lei 9394/96- Lei de Diretrizes e bases da Educação, os níveis de modalidade de educação e ensino devem ser classificados como educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, sendo de 1° 5º serie primeira fase do ensino fundamental; de 6º a 8º serie segunda fase do ensino fundamental: segundo grau incompleto ensino médio incompleto: segundo grau completo o ensino médio completo. . As questões referentes ao grau de escolaridade não obedeceram às categorias definidas pela legislação em vigor. Pensar a educação formal e a capacitação para os setores populares exige, sobretudo, levar em conta a especificidade dessa população, a fim de se garantir os requisitos mínimos necessários para que os jovens pobres tenham uma preparação capaz de fazê-los enfrentar suas necessidades mais imediatas e, ao mesmo tempo, dar garantias de acesso a melhores condições de vida. Tendo as determinações do ECA quanto as da LDB apontam para a perspectiva de se redesenharem as políticas sociais voltadas para a infância e juventude. Elas apresentam alternativas para o desenvolvimento educacional e laborial, de modo a garantir que estudo e trabalho possam estar sintonizados e voltados para o desenvolvimento pleno das novas gerações. 30 Entendemos aqui que as políticas sociais tanto estão voltadas para o controle e a dominação, quanto para o atendimento de determinadas dos setores subalternos da sociedade, fato que expressa o traço contraditório dessas políticas. Vale destacar que o fracasso escolar (evasão repetência, abandono) para ser superado, precisaria ter as zonas de vulnerabilidade e exclusão erradicadas. Esta é uma questão extremamente importante, acarretando a reflexão, sobretudo sobre a escola publica e a jornada ampliada e o papel que desempenha o educador. Por exemplo,as crianças pobres freqüentam escolas publicas, quase sempre sucateada. A educação de má qualidade mantém o ciclo da desigualdade. Qualidade da educação formal na escola publica e nas ações educativas da jornada ampliada deve ser um compromisso político. Neste sentido, o educador e o monitor afetam o educando, podendo o educador influenciar sobre os aspectos positivos ou negativos do encontro escolar. O encontro positivo para o educando influencia a produção de uma subjetividade positiva e um imaginário sobre si e sua classe social vinculada á realidade do Brasil e do mundo. O encontro negativo afeta o educando pobre, o decompõem e inculca nele a responsabilidade do fracasso escolar, intensificando o risco o de exclusão escolar. Alias, a escola praticamente não reflete sobre si e sobre suas responsabilidades em relação ao processo de aprendizagem dos educandos. Os fracassos são vistos como responsabilidade dos próprios educando e de suas famílias. A escola e a jornada ampliadas empobrecidas de tempo e de recursos, a primeira, isolada da cultura e sua pedagogia separada da vida social, têm 31 enorme incapacidade de realizar-se como eixo de ligação vertical entre o passado e o futuro e como um elo horizontal entre a família e a comunidade. Esse lugar deve ser reconquistando, mas nunca mistificado. Educação e aprendizagens não são mitos, mas realidade que exigem esforço, regularidade e rigor. A educação deve ser vista como uma experiência de trabalho e a escola como de um espaço de esforço e rigor persistentes. O Peti propicia condição a crianças e ao adolescente atendidos de terem acesso a bens e serviços, em especial ao direito à educação. 32 CAPITULO III – Contextualização da Instituição e Analise de Dados 3.1 – O Peti em Nova Iguaçu O Município de Nova Iguaçu, com uma população estimada de 830.902 habitantes e área de 524,04 km2, e um PIB anual de cerca de 3 bilhões de reais, ocupa a 19ª posição entre os 5 mil 560 municípios da Federação em número de habitantes. Estando o Município situado geograficamente na Região Metropolitana da Capital do Estado do Rio de Janeiro, na Região Sudeste do país, é um dos maiores centros de comércio e serviços, às margens das mais importantes rodovias e ferrovias do país. O marco inicial do enfretamento do trabalho infantil ocorreu no município de Nova Iguaçu no segundo semestre de 2001, tendo como meta pactuada 500 crianças e adolescentes. O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), tem como objetivo retirar crianças e adolescentes de 7 a 14 anos de idade do trabalho considerado perigoso,penoso,insalubre ou degradante,ou seja, daquele trabalho que coloca em risco sua saúde e sua segurança, além de promover ações voltadas para atenção a família desenvolvendo-se por meio de ações sócio-educativas,de geração de renda emprego, além do fortalecimento dos laços comunitários. Atualmente o programa atende cerca de 980 crianças e adolescentes e continua buscando novos espaços que viabilizem a ampliação das atividades sócio-educativas, levando em consideração as áreas de maior 33 vulnerabilidade.Duplicou-se o quadro de monitores, ampliando o numero de unidade der 22 para 24,propiciando qualidade às atividades oferecidas. O PETI está estruturado em três eixos básicos: Jornada Ampliada; Atividade Sócio-educativa; Educação. Enfim, erradicar o trabalho infantil requer uma busca continua entre setores governamentais e da sociedade civil no intuito de implementar, políticas públicas, assegurando os direitos a essa população, rompendo o ciclo da pobreza as quais são submetidos. Há urgência em se combater a exploração do trabalho infantil em toda a sua esfera, partindo do principio que a criança necessita desenvolver-se integralmente para que possa exercer sua cidadania garantindo a acesso e permanência na escola. O papel do programa de erradicação do Trabalho Infantil hoje, não é apenas informar, mas, sobretudo formar integralmente a criança e os adolescentes. Segundo Piaget (1974), uma boa pedagogia é aquela que apresenta situação as quais a criança experimenta até chegar ás conclusões: manipulando objetos, criando,recriando,descobrindo,redescobrindo,buscando resposta ás suas próprias indagações, relacionando novos conhecimentos a outros anteriores. O peti de Nova Iguaçu lança sua “Pedra Fundamental” ao desenvolver ações que envolvem esforços de erradicação do trabalho infantil com sucesso, através de práticas educativas, numa perspectiva transformadora, com compromisso da formação de um individuo político apto a intervir na sociedade. Hoje, sabe-se que é muitíssimo importante que se forme o educando para a vida e que ainda existem inúmeros brasileiros que carregam o estigma 34 de analfabetos, sem contar com milhões de crianças na faixa etária escolar sem condições mínimas de sequer, serem alfabetizados. Neste sentido, o Peti de Nova Iguaçu surge como um diferencial com planejamento e proposta de atividades inseridos em um contexto histórico-socio-cultural que abordam aspectos presentes no cotidiano da criança e do adolescente. A estrutura organizacional do Peti no âmbito municipal, é coordenada pela Secretaria Municipal de Ação Social. O programa é financiado com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social. O valor da bolsa é R$40,00 por criança e adolescente de 7 a 14 anos que for efetivamente retirado do trabalho perigoso, penoso, insalubre ou degradante. O pagamento das bolsas é realizado pelo governo federal. Não há limite fixo de bolsa família. 35 3.2 – Atuação do Serviço Social Frente ao Programa. Uma das frentes de atuação do serviço social é o trabalho com as famílias, este profissional é responsável pelo primeiro contato, onde é orientado sobre o programa além de verificar se a família é ilegível. Nessa perspectiva, os serviços e ações assistências devem favorecer o fortalecimento dos laços familiares, e permitir ainda que o grupo familiar se perceba como ente participativa e sujeito de direito aos bens e serviços produzido pela comunidade. O trabalho com as famílias se faz a partir de um sistema de rede onde são desenvolvidas ações, serviços e programas. No segundo momento é realizado um trabalho sócio-educativo das famílias, ou seja, constituído por ações que oferecem oportunidade desenvolvimento pessoal e social, visando a socialização, ampliação do campo de conhecimento, dos vínculos relacionais e da convivência comunitária. O serviço social desenvolve seu plano de ação, com base nas diretrizes da Política Nacional de Assistência Social, no código de ética profissional. O Assistente Social atua em articulação com a rede social do município alem das parceiras com CRAS, Vara da Infância e da Juventude, Conselho Tutelar, Sentinela, o que fundamental para evolução do programa. 36 3.3 – Avanço e Dificuldade do Programa em Nova Iguaçu. O programa PETI em Nova Iguaçu, vem sendo realizado desde 2001. Nesse período podemos destacar como avanço; a melhoria na qualidade de vida da criança e adolescente e da família; melhora da auto-estima familiar; construção e resgate da cidadania e inserção social, da criança e do adolescente e sua família, ajuda financeira as famílias, permanência das crianças na escola e na jornada ampliada; contratação de professores; contratação de monitores volantes especializados em atividades artísticas como: circo, teatro, musica, capoeira, percussão e dança. Ocorreram também algumas atividades que contribuíram com esses avanços: a integração com o Projeto Escola Aberta; Curso de Defesa Civil; atividades esportivas e artísticas em diversos pólos; jornada pedagógica do PETI; integração escola/comunidade; abertura de novos pólos; transporte para realização de visita aos pólos; integração de equipe; cursos; parcerias entre, a Secretaria de Promoção Social, UNIG, SESC, SENAC, Casa da Cultura; Formação de Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil. Apesar dos avanços o programa encontra algumas dificuldades tais como: rotatividade da equipe; falta de infra-estrutura do programa; alguns locais inadequados para realização das atividades pedagógicas; espaço inadequado para as entrevistas; evasão das famílias; falta de merenda escolar; material didático; água potável; desinteresse das famílias em participar ativamente das ações do programa. 37 A intenção desta pesquisa é conhecer os contextos em que se encontram crianças e adolescentes ocupadas. Vem compreender a urgência de se mostrar o que parecem obscuro,e difícil de ser estudado. Esta pesquisa na área de serviço social pretende, através da aproximação com a realidade do trabalho Infanto-Juvenil, pode contribuir na área de conhecimento da disciplina, na sua atuação, na sua intervenção na questão social, que vem colocando e recolocando desafios à profissão desde a sua origem. Toda mudanças é difícil, mais mudar e necessário, pois é fruto do inevitável curso da vida.As mudanças econômicas, sociais e políticas pelas quais passa o município de Nova Iguaçu fazem com que haja um trabalho voltado para realidade do município. Através de decretos, de coordenadorias, secretarias e comarca.Visando implantar políticas para infância e juventude. Através de políticas básicas; que constituem direito de todas as crianças e adolescentes e dever do estado referindo, educação,saúde,proteção no trabalho, profissionalização,cultura,esporte,lazer e recreação. Um desafio que o prefeito da cidade de Nova Iguaçu vem acompanhando e visando promover dentro do município através de projetos em busca da promoção da educação integral é o programa Bairro-Escola. Que tem como objetivo dentro dos bairros: Miguel Couto;Tingua;Vila de Cava;Jardim Tropical;Cerâmica e Prata, mudar adaptando a estrutura urbanista das comunidades as necessidades do Bairro-13 mil alunos em 16 escolas.Atuam, junto ao projeto, Escola Aberta, do Governo Federal, que promovem a abertura de escola publica de ensino fundamental e médio, nos finais de semanas, para toda a comunidade. Alguns alunos da comunidade carentes de Nova Iguaçu no 38 total que compreende 24 pólos do programa erradicação do Trabalho Infantil, com objetivo de erradicar trabalho infantil. Dentro da Secretaria Municipal de Promoção Social, esta sendo estudada a idéia de elaborar projetos para realização decursos para os pais, a fim de encaminhá-los para o mercado de trabalho, por meio da Secretaria Municipal do Trabalho. A prefeitura de Nova Iguaçu faz parceria com o governo Federal través do Conselho Municipal de Assistência Social na Implantação de políticas publicas, informando sobre a freqüência escolar e a situação de saúde dos inseridos nos programas. Um dos programas dessa parceria é o Bolsa Família que faz parte da Fome Zero. O objetivo é garantir alimentação adequada com preferência para as pessoas com dificuldade de acesso alimentos. Como próprio nome diz o Bolsa Família foi feito para atender a toda a família. O município de Nova Iguaçu em cumprimento ao estabelecido na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), nº 8742, as entidades não governamentais e sem fim lucrativo é instalada no município e devem estar escritas nos Conselhos de Assistência Social, obedecendo às legislações locais.Pois a Assistência Social é um direito do cidadão e dever do Estado, em estender as necessidades sociais, como recurso oferecido pelo poder publica e dos critérios para sua concessão o compromisso. Também é garantir a cidadania das famílias por meios de uma política nacional de Assistência Social, que tenha como foco central e enfretamento da pobreza, uma garantia de proteção integral da família. Como parceria nos programas voltada para o desenvolvimento social, visando suprir as necessidades básicas e garantir através de diversas formas formas de apoio social; geração de trabalho e renda 39 são criados programa de assistencial social como : Agente Jovem, Peti, Programa Sentinela, Núcleo de Atendimento Social, Beneficio de Prestação Continuada, Bolsa Família, Centro de Atendimento Psicossocial e programa de Atendimento Integral a Família. 40 Conclusão Com base nos dados coletados durante o percurso da pesquisa, concluímos que determinantes sociais do envolvimento das crianças e dos adolescentes do Peti do município de Nova Iguaçu com o trabalho. A taxa de atividade, de criança e adolescente e alta e bastante diferenciada. No município de Nova Iguaçu o trabalho infanto juvenil representa um cumprimento de renda familiar, concentrando-se nas famílias pobres. O trabalho infanto juvenil é absorvido através ocupações que são dentro do setor informal constituem-se como vendedor de ferro velho, catadores de papelão, vendedores de picolé e vendedores de doce. Uma das principais conseqüências do trabalho precoce é o atraso escolar ou o abandono puro e simples da escola. Na medida em que as jornadas de trabalho são elevadas e difícil conciliar o trabalho. As conseqüências para o futuro dos jovens trabalhadores são obvias. O trabalho abaixo de 14 anos e proibido pela legislação Brasileira. Não obstante, ele é encontrado em todo país inclusive na cidade de nova Iguaçu. Até mesmo crianças com menos de 10 anos se iniciam no mundo do trabalho. Em resumo verificamos, que a Legislação referente ao trabalho infanto juvenil continua sendo desrespeitada, encontrando-se na cidade de Nova Iguaçu muito distante do texto da Convenção 138, da Recomendação 146 OIT e mais grave ainda do próprio Estatuto da Criança e do Adolescente. Nesta pesquisa pude verificar que as desigualdades sociais dentro do município de nova Iguaçu é uma realidade. 41 O município desenvolve varias políticas voltadas para o povo Iguaçuano, contudo não conseguiu ainda realizar o seu objetivo que é melhorar o perfil de todos moradores existentes na cidade de Nova Iguaçu. Isto ocorre em função das necessidades sociais serrem crescente em detrimento de uma política social focal e residual que não acompanha as demanda sociais, logo tais políticas tornam-se insuficientes para redução do grave quadro social que se encontra Nova Iguaçu. Seria necessário investimento social em toda infraestrutura do município de forma que oferta a serviços fosse expansiva a todos os usuários, ou seja universalista como prevê a LOAS/ECA. 42 ANEXO No gráfico I, quanto à idade das crianças e adolescentes inseridas no programa Peti a grande maioria situa-se 28% entre 11e 12 anos. Sendo que a menor porcentagem encontrada com 21%. A amostra da pesquisa fica entre a idade de 13 e 14 anos. Ocorrendo uma variação de idade de 7e 8 anos com 27% e 9 e 10 anos com 24%. Gráfico 1 - Idade das crianças e adolescentes do PETI 30% 20% 10% 7a 8 9a12 11a12 13a14 0% 7á 9 à 10 11 à 12 13 à 14 Gráfico 2 - Sexo das crianças e adolescentes M F 27% 24% 28% 21% 53% 47% 54% 52% 50% 48% 46% 44% M F 43 As diferenciações quando ao gênero nas realizações de tarefas encontramos maior atividade sexo masculino com 53% da amostra da pesquisa e 47% para o sexo feminino demonstrando assim o gráfico 2 que ocorre um envolvimento na assistência familiar por parte dos meninos o trabalho feminino ocupa uma invisibilidade, por ser doméstico enquanto o masculino fica no domínio publico, por isto explica-se o percentual mais elevado para o sexo masculino. Gráfico 3 - Ano de Escolaridade das crianças e adolescentes 100% 1a5 5 a 10 80% 80% 20% 60% 40% 20% 0% 1à5 5 à 10 Conforme gráfico 3, demonstra o grau de escolaridade das crianças e adolescente do Peti da 1ªa 5ª série 80% são do ensino fundamental e de 5ª a 10ª série 20%. As crianças e os adolescentes que trabalham registram nível de escolarização inferior. Sendo que as crianças e adolescentes trabalhadores estão com idade mais avançada para série cursada em relação às crianças e adolescentes que não trabalham.Isto demonstra que quanto maior faixa etária, mais significativa é o atraso escolar isto ocorre em decorrência da evasão escolar constante em idade mais elevada. Gráfico 4 - Vínculo do(a) responsável com a criança e adolescente inscrito no PETI 80% 60% 40% 20% 0% Mãe Pai Avó / Avô Mãe Pai Avó / Avô 66% 23% 11% 44 Gráfico 4 mostra-nos que o vinculo com as crianças e adolescente 11% com os avós, outros 23% com o pai a maioria 66% com mãe demonstra que elas mais procuram o programa Peti. Para fazerem o cadastramento do seu filho devido a dificuldade familiar busca fonte de recursos alternativas a complementares. A elevação do gráfico em relação às mães nos mostra o crescimento da família monoparental, onde as mulheres assumem integralmente a condição de provedor da família e responsável por todos os cuidados básicos. Este gráfico 5 demonstra que as crianças residem muito distante da sede do município, onde também os recursos são bem precários no tocante aos serviços prestados para proteção social. Gráfico 5 - Bairros de residência no Município de Nova Iguaçu 23% 6% 11% 5% 40% 6% 9% Ti ng uá Au st in C ai oa ba C er âm ic a G ra M m ig a ue lC ou to Sa nt a R ita 50% 40% 30% 20% 10% 0% Austin Caioaba Cerâmica Grama Miguel Couto Santa Rita Tinguá 45 No acompanhamento da freqüência da criança e adolescente no programa Peti, realizado pela equipe multiplofissional, foi constatado que houve um acrécimo de faltas no ano de 2006. Como podemos constatar através do gráfico 6 de freqüência ao programa. No D S Ag ete Ou ve eze os mb tub mb mb to ro ro ro ro Freqüência das crianças 12% 88% 12% 88% 88% 12% 85% 15% 90% 10% 0% Seqüência2 Seqüência1 50% 100% De acordo com inserção e acompanhamento das famílias no Peti foi percebido um percentual elevado de risco social. Gráfico 7 - renda familiar das crianças e adolescentes inscritas no PETI 60% 40% 20% 0% Menor que Mais que 0,5 0,5 s.m s.m Menor que 0,5 s.m 48% Mais que 0,5 s.m 35% 1 s.m 17% 1 s.m No gráfico 7 apresenta-se a variação da renda familiar das crianças e adolescentes inscritas no Peti. Nota-se que 17% recebem 1 salário mínimo 35% mais que 0,5 salário mínimo a grande maioria totalizando 48% da amostra possuem recurso financeiro para sustentar seus familiares com uma renda menor que 0,5 salário mínimo. Este gráfico mostra o nível de pobreza econômica das famílias atendidas pelo PETI. 46 Gráfico 8 - Fontes de Renda 100% 80% 60% 40% 20% 0% Trab. Formal Trab. Informal Os dados registrados no gráfico 8 sobre fontes de renda também e preocupação de gestores municipais na garantia do acesso do mercado de trabalho. A situação de pobreza, conjugada à ausência ou escassa perspectiva de trabalho, nos centro urbano e nas áreas rurais, induz as famílias, os próprios adolescentes e diversas entidades municipais a criarem mecanismos para o ingresso no mercado de trabalho de acordo com o gráfico 10% trabalho Formal e 90% trabalho informal onde reafirma o índice d desemprego muito grande e as famílias acabam tentando aumentar sua renda, realizando atividades de domesticas, vendedor ambulante para sobreviver com os seus filhos de acordo com conselho municipal dos direitos da criança e do adolescente.Art 6º- trabalho Infantil. “Implantar e fortalecer programas de profissionalização e uma política de emprego e renda, com recursos govermentais direcionados as comunidades pobres, objetivando aumentar a renda familiar, a permanência dos filhos na escola, garantindo a intersetorialidade e integração das ações e programas hoje existentes”. 40% 30% 20% 10% 0% Gráfico 9 - Tipo de trabalho executado pela criança e adolescente antes do ingresso no PETI Catador de Vendedor papelão de doces Vendedor de picolé Vendedor de ferro velho Catador de papelão 25% Vendedor de doces 32% Vendedor de picolé 30% Vendedor de ferro velho 13% 47 Segundo as respostas apresentadas na pesquisa, conforme gráfico 9 o percentual de tipo de trabalho executado pela criança e adolescente antes do ingresso no Peti, caracterizam a cerca das ocupações, são de alta rotatividade e instabilidade, e compreendem atividades informais como: 32% vendedor de doces, 30% vendedor de picolé, 25% catador de papelão e 13% da amostra como vedendor de ferro velho. Efetivamente, as atividades de crianças e adolescentes são parte fundamental no sustento do grupo familiar, assim como as tarefas dos adultos. Gráfico 10 - Escolaridade do(a) responsável pela criança e adolescente do PETI De 1ª à 5ª De 5ª à 10ª 80% 20% 100% 50% 0% ConformeDe o gráfico 1ª à 5ª10, escolaridade De responsável 5ª à 10ª pela c Conforme o gráfico 10, escolaridade responsável pela criança e adolescente do Peti pode ser .Verificado que cerca de 80% e de 1ªá 5ª serie e 20% de 5ª a 10ª serie. Mostra que os pais não concluídos os ensinos fundamentais, que demonstra a reprodução do ciclo de pobreza e vulnerabilidade social. Estando essas famílias sujeitas a necessidade de inserção de crianças e adolescente no trabalho precoce. Gráfico 11 - Ano em que a criança e o adolescente ingressou no PETI Ano de 2006 Ano de 2007 7% 93% 100% 50% 0% 48 Ano de 2006 Ano de 2007 No gráfico 11, no que tange aos dados registrados pela pesquisa ocorrem ano crianças e adolescentes ingressados no programa Peti. Com 93% no ano de 2007 percebe que o aumento não se deve apenas ao fato de estar no programa, mas á nova condição financeira dos adultos, o que exige maior políticas sociais voltadas para esse segmento. A intenção desta pesquisa é conhecer os contextos em que se encontram crianças e adolescentes ocupadas. Vem compreender a urgência de se mostrar o que parecem obscuro, e difícil de ser estudado. 49 BIBLIOGRÁFIA CONSULTADA: ALVES, Rubem. Conversas sobre Educação - Campinas, SP, Verus Editora, 2003. APOLINÁRIO, Maione Sales. Castro Maurílio de Matos. Leal Cristina Maria. Política Social e Família e Juventude. uma Questão de Direitos. Brasília 2004. ARAÚJO, Maria do Socorro Santos de Souza. 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