NAO PODE SER! Preços: tudo a aumentar O governo sobre a inflação até diz que está mais baixa que o ano passado. Mas não dá para acreditar e devem estar a gozar connosco. Toda a gente que faz compras e tem de deitar contas ao dinheiro sabe que os aumentos de preços tem sido muito superiores. Toda a gente sabe que, também à boleia da introdução do euro, 2002 tem sido um ano desgraçado de aumentos de preços. Uma notícia no «Público» de 22/10 dizia o seguinte: «Preços de bens essenciais disparam – Está cada vez mais caro comer coisas tão básicas como carne, peixe e legumes, segundo um estudo da Direcção-Geral do Comércio e da Concorrência que a SIC divulgou ontem»; (...) «Ao longo do último ano, verificaram-se aumentos exorbitantes nos preços de alimentos básicos: a alface subiu 116%, o tomate 39% (...), o fr ango sub iu 19,4%, (...) o car apau – u m do s pei xes mais vend ido s – f ico u 32,4% mais car o». E como se não bastasse, já estão a anunciar o aumento da água e de outros serviços. O ataque aos salários A política do Governo do PSD e do CDS/PP nem disfarça: quer mesmo reduzir os salários reais de quem trabalha impondo actualizações muito abaixo da inflação que prevê e que, por sua vez, já está avaliada propositadamente por baixo. O governo tem mesmo o desplante de querer que as actualizações salariais só acompanhem a inflação média na União Europeia quando se sabe que a inflação em Portugal é mais alta. E a Ministra das Finanças até teve o descaramento de apelar às empresas privadas para que sigam a sua politica de redução dos salários reais. Como se fosse preciso! Est a pol ític a é inac eitáv el. Representaria o terceiro ano consecutivo de perda do poder de compra dos salários. Agrava injustamente as dificuldades da população trabalhadora. Mas, além disso, reduzindo o poder de compra dos salários e o consumo popular, leva a que os comerciantes vendam menos e a produção nacional tenha mais dificuldades de escoamento, causando dificuldades económicas e sociais ainda maiores. Não aceitemos isto. Que ninguém se cale! Aumentos brutais de preços; ataque aos salários; agravamento de impostos; promessas para os reformados na gaveta e assalto das seguradoras à segurança social; milhares de postos de trabalho a perderem-se; receio quanto ao futuro; violenta agressão aos direitos dos trabalhadores é com tudo isto e muito mais que o Governo está massacrando a vida dos portugueses. Pensões: a mentira dos 5,3% de aumento Na segurança social, todo o empenho do Governo é para reduzir os níveis de protecção social, enfraquecendo o sistema público e transferindo as suas receitas para as seguradoras privadas. E na função pública, quer aumentar em quatro o número de anos de serviço para se obter a reforma, defraudando as legitimas expectativas de milhares de trabalhadores. As promessas aos reformados foram para a gaveta. A prometida convergência, em quatro anos, das pensões mínimas ao salário mínimo nacional liquido é uma deliberada falsidade. Muitos jornais e telejornais falaram de um aumento de 5,3% das pensões mínimas, mas como isso é, não para 12 meses como devia ser, mas para 19 meses, o aum ento acaba p or s er de 3,3% , o que dá aumen tos por dia q ue vão dos 48$00 aos 110$00. E, segundo a Lei de Bases ainda em vigor, a pensão mínima do regime geral de invalidez e velhice devia passar para 40 contos já em Dezembro, mas o Governo adiou esse aumento para Julho de 2003! O IRS vai doer ainda mais! Nos impostos, é uma vergonha ! O governo desdobra-se em benesses e isenções à especulação financeira e bolsista. Vai gastar 326 milhões de contos em benefícios fiscais, no essencial dados aos grupos económicos e financeiros e aos fundos de pensões privados, mas agrava o IRS – o imposto que é pago pelos trabalhadores por conta de outrém que continuam a ser os grandes pagadores de impostos. Ao pretender actualizar os escalões do IRS somente em 2% quando prevê uma inflação de 2,5%, o Governo aposta claramente no agravamento dos impostos sobre quem trabalha. Basta ver um exemplo: um casal com um filho e com um rendimento mensal de 250 contos (1250 Euros), pagava até agora cerca de 192 contos de IRS. Mesmo que fosse aumentado em 3% (passando a ganhar 257,5 contos) sofreria um agravamento do IRS em 3,5%, isto é, superior ao aumento de salários que tinha tido! Pacote laboral: uma terrível ameaça Que todos se informem e que ninguém duvide: o pacote laboral do Ministro Bagão e do grande capital (rima e é verdade) representa um perigo enorme de um inadmissível retrocesso nos direitos de quem trabalha. Aumentaria a precariedade. Daria ainda mais margem legal para as arbitrariedades e prepotências das empresas, colocando os trabalhadores mais indefesos. Reforçaria a exploração. Liquidaria na prática a contratação colectiva e retiraria aos trabalhadores e às suas organizações, importantes instrumentos de defesa dos seus legítimos interesses. Em nome do presente e em nome do futuro, não pode passar e tem de ser derrotado! Há muitas e boas razões para protestar! Não caia no erro de pensar que as desgraças só acontecem aos outros. Compreenda que é do seu interesse e do interesse do país que nos unamos todos para travar esta política, para dar um forte sinal de descontentamento, de protesto e de exigência de uma política diferente. O seu lugar é nas lutas em curso e nas lu tas qu e vêm aí! Lute por si e pelo País. Junte-se a nós! DEP/PCP • Novembro 2002 • www.pcp.pt Não acredite que tudo isto tem de ser assim por causa da «crise». Porque este é que é o caminho que agrava todos os problemas e agrava a situação económica do país. Porque tudo isto é apenas a velha receita de pôr a maioria da população a pagar os erros de sucessivos governos.