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A EXPERIÊNCIA INTERCULTURAL NAS ESCOLAS:
um guia para educadores
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VOLUME 1
JANEIRO DE 2015
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COORDENAÇÃO EDITORIAL
Conteúdo – Equipe de Desenvolvimento Organizacional do AFS Intercultura Brasil
Projeto Gráfico - Equipe de Comunicação & Marketing do AFS Intercultura Brasil
Publicação – Volume 1 (2015)
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercialSemDerivações 4.0 Internacional.
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Prezados educadores,
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A educação de jovens em um mundo globalizado requer o desenvolvimento
de competências e habilidades específicas. As escolas que abrem suas portas
para a experiência intercultural de receber um estudante estrangeiro
fortalecem a educação para a cidadania global: oferecendo aos seus alunos
um ambiente que proporciona o contato com outras culturas e estimulando
que eles desenvolvam competências e habilidades para lidar com a
diversidade cultural.
Esse guia foi desenvolvido para apoiá-los neste processo. Aqui, selecionamos
alguns conteúdos e atividades do campo da Aprendizagem Intercultural. A
Aprendizagem Intercultural é uma área de pesquisa, estudo e de aplicação de
conhecimentos sobre interculturalidade, assim como o processo que leva a
uma compreensão aprofundada de outras culturas e da própria cultura.
Esperamos que este material seja útil para auxiliá-los a aproveitar ao máximo
a experiência intercultural em sua escola, despertando o interesse de seus
alunos e encorajando-os a ir além do convívio com um colega estrangeiro em
sala de aula na descoberta de outras culturas e modos de pensar.
Cordialmente,
Ana Carolina Cassiano
Especialista em Interculturalidade e Parcerias Educacionais
AFS Intercultura Brasil
*Observação: Agradecemos ao AFS França por autorizar a reprodução de partes de seu
Livret pédagogique à l'usage des enseignants (Março 2013).
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SUMÁRIO
O QUE É CULTURA? .............................................................................................................................. 3
Os componentes da cultura ............................................................................................................ 3
Modelo do iceberg ............................................................................................................................. 4
O QUE ACONTECE DURANTE UMA EXPERIÊNCIA INTERCULTURAL? ........................... 6
Aprendizagem intercultural ............................................................................................................ 6
Ciclo de adaptação cultural ............................................................................................................. 7
IMPACTOS DE UMA EXPERIÊNCIA INTERCULTURAL ............................................................ 11
Desenvolvimento de competências interculturais ................................................................ 11
Os benefícios de aprendizagem intercultural ......................................................................... 11
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RECEBENDO INTERCAMBISTAS EM SUA ESCOLA................................................................. 12
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Dicas para facilitar a integração ................................................................................................. 12
Sugestões de atividades ................................................................................................................ 13
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PARA SABER MAIS .............................................................................................................................. 15
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O QUE É CULTURA?
Cultura é um termo que pode ser definido de inúmeras formas, dependendo da área
de conhecimento. Uma definição bastante abrangente é “o conjunto dos traços
distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afetivos, que caracterizam uma
sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos
de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as
crenças” 1.
Os componentes da cultura
A cultura é, portanto, composta de nossos valores, nossas crenças, e nossos
comportamentos. Estes componentes são fruto da trajetória de vida, da educação
familiar e institucional e da socialização que compartilhamos com os grupos sociais
nos quais estamos inseridos. A cultura é o que nos dá um ponto de referência, que
serve como um suporte em todas as nossas interações.
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VALORES
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CRENÇAS
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CULTURA
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COMPORTAMENTOS
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Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural (UNESCO, 2002).
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Modelo do iceberg
Um modelo frequentemente utilizado para representar o que é cultura é um iceberg.
O desenho de um iceberg nos permite diferenciar entre os elementos de uma cultura:
os que são reconhecidos facilmente (a parte do iceberg que fica acima da água) e os
elementos que não são reconhecidos com tanta facilidade (a parte do iceberg abaixo
da água).
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Valores
Na superfície
Abaixo da
superfície
Crenças
Comportamentos
Modos de expressão dos três componentes da cultura que são facilmente
reconhecidos: arquitetura, literatura, gastronomia, música tradicional,
dança folclórica, teatro, moda...
Noções de justiça, de
igualdade, de
liberdade, de traição,
de bom e de mal, de
autoridade, de
propriedade.
Noções do tempo e
do espaço.
Cosmologia,
Mitologia,
Rituais
religiosos,
Lendas.
No nível familiar: educação dos
filhos, o papel do pai/mãe, as
regras de comportamento e
punição.
No nível profissional:
Hierarquia, tomada de decisão,
ritmo do trabalho, resolução de
conflitos.
No nível pessoal:
Relações românticas e de
amizade, percepção de si mesmo,
controle de emoções, linguagem
não verbal.
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Na superfície:
Certos elementos de nossa cultura são facilmente identificáveis logo à primeira vista:
modos de vestir, hábitos alimentares o estilo de arquitetura, obras artísticas, música
tradicional, dança folclórica, literatura e teatro. Estes são aspectos que nos permitem
identificar rapidamente uma cultura que é diferente da nossa.
Esses elementos que são facilmente identificados, que constituem a parte visível do
iceberg, são os modos de expressão de componentes profundos, complexos e
fundamental em uma cultura.
Abaixo da superfície:
O que é bom e o que é mal? O que é justo? O que significa ser livre e igual? As
respostas que damos a estas perguntas são baseadas nos valores que partilhamos
como um grupo social. O nosso modo de conceber a autoridade ou a propriedade,
nossa concepção do espaço e do tempo, são outros aspectos que baseiam nossas
formas de organização social.
As crenças compartilhadas por um grupo social necessitam igualmente de uma
compreensão profunda para capturar sua complexidade e o espaço que elas ocupam
em uma sociedade: as lendas ou os mitos, as diferentes concepções do universo e
ritos religiosos também são partes integrais da organização social.
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Finalmente, é interessante destacar que certos aspectos também moldam nossos
comportamentos, no nível pessoal, familiar ou profissional, e nos fornece um ponto
de referência para todas nossas interações.
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Todos esses elementos que cimentam nossa cultura não ficam estagnados. Eles nos
dão uma base sólida para agir e refletir, mas podem ser questionados a todo o
momento. A cultura, então, corresponde a um processo, onde os elementos que a
compõe evoluem durante a nossa vida, enriquecendo-se a partir de nossas
experiências.
“Meu intercâmbio para os Estados Unidos, entre agosto
de 2012 e junho de 2013, foi um deleitável desafio. Foi
incrível. Foi emocionante. Foi perfeito. Eu cresci – e
engordei -, e aprendi a ver o mundo com outros olhos:
mais analíticos, mais toleráveis, mais humanos. Mais do
que isso, aprendi sobre mim mesmo, meus limites,
minhas ambições, meus valores. E também sobre
aqueles tantos sonhos que, em parte, se tornavam reais
quando desembarquei em solo americano. Meu
intercâmbio foi nada mais que uma profunda reflexão
sobre minha vida e sobre meu “eu” mais interior.” Cassiano Santana – Intercambista AFSe nos Estados
U id 2012 2013
Ilustração de Julien Peyre
para AFS França, 2012
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O QUE ACONTECE DURANTE UMA EXPERIÊNCIA
INTERCULTURAL?
Aprendizagem intercultural
A aprendizagem intercultural pode ser compreendida como um instrumento para
entender a complexidade e a diversidade do mundo de hoje. Esse instrumento
permite a aquisição de competências interculturais em termos de saber fazer, refletir
e sentir em um contexto intercultural. A imersão em outra cultura corresponde a um
processo de aprendizagem baseado em experiências, reflexões e emoções.
Fazer:
A imersão intercultural é uma experiência de aprendizagem direta e concreta.
A saída de sua zona de conforto leva o individuo a desenvolver competências
de compreensão para poder interagir em um novo ambiente. Nova língua,
novos jeitos de agir, novas relações sociais, são oportunidades de
aprendizagem e de crescimento de nossas percepções.
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Sentir:
A saída da zona de conforto corresponde à uma vontade de se aventurar que
contribui para novas emoções. Esse choque pode provocar dois tipos de
reações: recusa/defesa ou um novo sentido de segurança e confiança em si
memo.
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Refletir:
Não é somente o fato de se estar em uma situação de imersão que contribui
para o entendimento de diferenças culturais de maneira instintiva. A fase de
reflexão que acompanha a experiência também está presente ao longo do
processo de aprendizagem.
FAZER
SENTIR
APRENDIZAGEM
INTERCULTURAL
REFLETI
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Ciclo de Adaptação Cultural
Embora a experiência de cada intercambista seja única, existem alguns momentos
que fazem parte da vida da maioria. A partir de sua experiência de décadas na
promoção de intercâmbios, o AFS vem coletando dados sobre o processo de
adaptação pelo qual os participantes de seus programas passam. O resultado é que
existe um padrão relativo à adaptação cultural do intercambista, onde os altos e
baixos estão ligados a momentos específicos da experiência do intercâmbio.
Este padrão é chamado de “ciclo da adaptação” e pode ajudar a compreender os
momentos pelos quais passam os intercambistas, sem que, no entanto, se deixe de
considerar que podem haver variações individuais.
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Fonte: Hansel, 1995.
Chegada
Para alguns intercambistas, a chegada ao país hospedeiro pode ser incrivelmente
entusiasmante. Muitas vezes é a realização de um sonho antigo. Logo após a
chegada, alguns intercambistas podem estar sob o efeito do entusiasmo da viagem
em si, do encontro com a família hospedeira e das novidades encontradas de
maneira geral. Para outros intercambistas, a ansiedade pode ser maior que o
entusiasmo e a euforia. Eles podem ter mais preocupações iniciais sobre a
experiência, talvez porque antecipem problemas de adaptação que podem surgir ao
longo da experiência de intercâmbio. Outros ainda podem ter algum tipo de reação
mais tardiamente, tendo focado até o momento apenas as questões práticas da
viagem e da logística.
Fadiga
Mesmo para aqueles intercambistas em que a chegada foi repleta de entusiasmo e
euforia, alguns dias depois eles podem já se sentir exaustos física e emocionalmente
por todas as novas coisas experimentadas até então: tantas novas pessoas que ele já
conheceu, muitos novos lugares que já visitou. Além disso, há a questão da nova
língua que tentam compreender, diferentes hábitos alimentares, diferenças de fuso
A EXPERIÊNCIA INTERCULTURAL NAS ESCOLAS: um guia para educadores - AFS Intercultura Brasil
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horário, diferenças climáticas. Para alguns, este período de exaustão pode ser breve,
enquanto para outros pode durar muitos dias, até semanas.
Nostalgia/Saudade
É comum que muitos estudantes sintam saudades de casa e de seu país alguns dias
ou semanas após a chegada ao país hospedeiro. Mas aos poucos, tudo tende a
tornar-se mais familiar. Na medida em que as aulas se iniciam, novas amizades vão
sendo feitas, o vínculo com a família hospedeira vai sendo estabelecido, o
intercambista pode ir pouco a pouco se ajustando ao seu novo ambiente.
A saudade pode se tornar um problema quando o estudante romantiza tudo que se
refere a seu país de origem, e começa a pensar que tudo que diz respeito a ele é
melhor em comparação ao país hospedeiro. Neste caso, é comum o estudante ter
reações negativas ou de reprovação: “A cidade é muito suja”; “As pessoas são muito
liberais” ou “muito conservadoras”. Podemos ajudar o intercambista a vencer este
período facilitando cada vez mais sua integração com família e escola hospedeiras.
Ajudá-lo a se envolver em atividades extraclasse pode ser extremamente útil, pois
aumentamos desta maneira o leque de opções de socialização e integração.
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Adaptação
Nem tudo no país hospedeiro requer um esforço enorme de adaptação. Muitos
intercambistas descobrem semelhanças significativas entre o país hospedeiro e seu
país de origem. Muito do que é descoberto na família hospedeira, por exemplo, pode
ser visto com admiração e encantamento, trata-se de um período ao qual chamamos
de “lua-de-mel”. Eles descobrem comidas novas, lugares novos, atividades novas, as
quais lhe agradam. Descobrem também que já entendem mais a nova língua do que
imaginavam. Esta fase é caracterizada pelo interesse, euforia, expectativas positivas
e idealizações sobre a nova cultura. As diferenças são excitantes e interessantes.
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No entanto, nem todos vivenciam este período de adaptação tranquilamente, ou
seja, a “lua-de-mel” não acontece para todos. Nestes casos, além das similitudes, há
também a descoberta das diferenças. Descobrir muitas diferenças ao mesmo tempo
pode ser extremamente desafiante e angustiante. Até mesmo os intercambistas que
se encantaram pelas novas descobertas podem sentir certo grau de frustração e
confusão ocasionalmente. Eles não esperavam encontrar tantas diferenças, muitos
achavam que já sabiam muito da nova cultura através de filmes ou livros estudados,
através de pessoas do país hospedeiro que conheceram. No entanto, quando
realmente se deparam com a nova cultura in loco, verificam que a realidade pode ser
diferente das expectativas que tinham anteriormente.
Aprofundando Relações
É muito difícil que tanto o estudante como as famílias hospedeiras e membros da
escola não cometam pequenos equívocos quando estão estabelecendo ainda uma
relação entre si. No entanto, quando já estabeleceram uma relação de confiança e
respeito mútuos, estes equívocos não passarão de mal entendidos, que não os
impedirão de manter uma relação de afeto.
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Concomitantemente à criação dos vínculos, a família e a escola também devem
mostrar a seu novo membro suas regras e costumes. Ao princípio, algumas regras
podem parecer bastante estranhas aos olhos do estudante, visto que a nova cultura
ainda é algo muito novo, diferente do que ele já vivenciou até então. Muitas regras
familiares são reflexos de nossa própria cultura, por isso causam espanto aos
estrangeiros em um primeiro momento, não lhes parecem naturais. No entanto, à
medida que os vínculos com a família, com a escola e com a cultura local vão sendo
fortalecidos, as regras são mais facilmente assimiladas e interpretadas, e o próprio
intercambista sente-se realmente como um membro da família hospedeira e um
membro de sua turma na escola.
Este é o momento em que o intercambista deixa de se sentir como um hóspede na
família e escola, para tornar-se um membro das mesmas.
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Choque Cultural
Nas primeiras semanas, é muito comum que os intercambistas se foquem nas
similitudes que encontram entre seu país de origem e o país hospedeiro. É mais
confortável focar-se no que é parecido, do que prestar atenção nas diferenças.
Todos nós mostramos resistência em sair de nossa zona de conforto. Diferenças
óbvias como alimentação, clima, língua, vestuário, são logo percebidas e já fazem
parte das expectativas. No entanto, com o passar do tempo, estas diferenças visíveis
já não chamam tanto a atenção. Por exemplo, os intercambistas podem entender
literalmente o conteúdo do que é dito a eles na nova língua, mas não entendem a
mensagem por detrás, não sabem ainda interpretá-la, não entendem os valores
subjacentes à nossa cultura, é como uma metáfora que ainda não sabem ler.
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Isto gera bastante confusão, estresse e uma sensação de incerteza, é o período ao
qual denominamos de choque cultural. Este termo pode ser definido como uma
consequência do esforço e da ansiedade resultantes do contato com uma nova
cultura; além do sentimento de perda, confusão e impotência resultantes da perda
de informações culturais e regras sociais previamente utilizadas, ou seja, dos
parâmetros culturais aos quais o estudante estava acostumado. É um período difícil
tanto para os intercambistas, como para as pessoas que com eles convivem, como
os membros da família hospedeira ou da escola. No entanto, o choque cultural é uma
reação considerada normal, como resposta ao estresse que estão passando pelas
extensivas tentativas de adaptar-se a um “novo mundo” e passa com o decorrer da
experiência. Pode se dar em maior ou menor grau, mas de todas as formas
representa situações novas e desafiadores que os intercambistas têm que enfrentar.
Para uma solução efetiva é necessário que haja ajustamento e adaptação:
desenvolver habilidades em resolver problemas da nova cultura e começar a aceitar
suas formas com uma atitude positiva. A cultura começa então a fazer sentido e as
reações negativas passam a ser reduzidas. O ajuste é lento e requer vários ciclos de
crise e adaptação. Apoio e tempo são os melhores remédios para ajudar o
intercambista e os envolvidos no processo a vencer este período. Os intercambistas
vão se tornando mais hábeis em lidar e entender as diferenças encontradas,
tornando-se mais capazes de pensar em diferentes perspectivas e não só mais na
qual já estavam acostumados.
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Fim de ano
Em quase todas as culturas as datas festivas no fim de ano representam importantes
celebrações familiares. Para os intercambistas que chegam na metade do ano (em
geral, em Agosto), este período coincidirá com a metade da experiência de
intercâmbio. Esta época pode levar os intercambistas a sentirem saudades mais
intensas de casa, pois estas datas festivas são celebradas (ou não) de maneira
diferente de cultura para cultura. Isto faz com que a maioria dos intercambistas se
remeta a recordações de seu país e cultura, como por exemplo: como passou o
último Natal com sua própria família.
Aprendizagem Intercultural
Uma vez que os intercambistas tenham superado o choque cultural, a confiança
então adquirida os ajudará a lidar com novos e maiores desafios. Neste ponto, estão
prontos para aprender mais sobre a nova cultura, e sobre eles mesmos inseridos em
sua cultura de origem. Este é o momento em que as dificuldades da adaptação em
geral já representam uma fase superada. Suas expectativas já são mais condizentes
com a realidade e a resistência à assimilação da nova cultura é menor.
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A aprendizagem intercultural se dá na medida em que eles já conseguem absorver a
nova cultura, respondendo apropriadamente a ela, adaptando-se se necessário,
adotando novos padrões de pensar e agir dentro deste novo ambiente. Tudo isto
envolve ser capaz de apreciar e dar valor ao diferente, ao mesmo tempo não
deixando de lado sua própria cultura original. Neste estágio, eles já se tornaram
membros ativos da nova cultura, deixando de agir como simples espectadores.
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Últimas Semanas
Os sentimentos que surgem nas últimas semanas em geral são muito contraditórios.
Certa confusão neste sentido é esperada. Ao mesmo tempo em que os
intercambistas sentem-se entusiasmados em estar em breve com sua família natural
e amigos novamente, é muito difícil deixar sua nova família e amigos, enfim, os
vínculos criados no país hospedeiro. Muitos não sabem se terão a oportunidade
novamente de revê-los.
Quando o intercambista entende que ele se apegou tanto às pessoas ao seu redor,
ele começa a entender o quanto mudou. Ele pode até sentir-se culpado por querer
ficar e não voltar para casa. Somado a isto, inúmeros são os convites para festas de
despedidas. Todos estes eventos e emoções conflitantes podem levar o
intercambista novamente a uma sensação de exaustão. Este é um processo natural
que envolve também as expectativas em relação a como será o retorno para o país
de origem e o processo de readaptação.
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13.pdf 1 26/02/2015 10:53:03
IMPACTOS DE UMA EXPERIÊNCIA INTERCULTURAL
Desenvolvimento de competências interculturais
Melhorar a
compreensão
da
globalização
Se adaptar
a novos
ambientes /
flexibilidade
Praticar
línguas
estrangeira
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Conviver
com outras
culturas
Trabalhar
em equipes
multiculturai
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Competências
interculturais
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Os benefícios de aprendizagem intercultural
A experiência intercultural propícia benefícios para a aprendizagem intercultural que
se situam a níveis diferentes.
A abertura de uma nova cultura nos leva a aprender novas atitudes,
comportamentos e novas formas de pensar que desconstroem estereótipos culturais.
Isso nos convida um questionamento sobre diferenças culturais, levando-nos a
respeitar o outro em sua diversidade.
Finalmente, no nível pessoal, a experiência intercultural estimula a reflexão sobre o
pertencimento em nossa própria cultura e o quanto ela influencia nossa identidade,
permitindo descobrir si mesmo e de melhorar a definição de suas próprias
expectativas e desejos.
O desenvolvimento de competências interculturais permite ao jovem:
x Sentir-se mais à vontade quando confrontado com outras culturas.
x Estar mais preparado para compreender e se adaptar a diferenças culturais.
x Desenvolver relações de amizades com pessoas de outras culturas.
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RECEBENDO INTERCAMBISTAS EM SUA ESCOLA
Dicas para facilitar a integração 2
x
Na chegada do intercambista é importante explicar-lhes as normas, regras e
rotinas da escola, deixando claro o que se espera deles. Também é
interessante apresentar o estudante a cada um dos professores com quem ele
terá aulas, para tentar evitar a criação de barreiras pelo simples
desconhecimento. Assim, cada professor poderá também falar um pouco
sobre seus métodos de trabalho para ajudar o intercambista a se situar.
x
Mesmo se o intercambista, ao chegar, não tiver um nível muito avançado de
português, é importante evitar ao máximo o uso do inglês ou outro idioma,
para que ele seja estimulado a falar o nosso idioma. No começo, quando a
comunicação for ainda difícil, sugerimos que se tente falar mais lentamente e
utilize gestos, mímica, imagens, dicionário, etc. Outra dica é colar adesivos em
materiais e objetos dentro de sala de aula que indiquem seu nome em
português.
x
É muito importante que os professores se esforcem ao máximo para tratar o
intercambista como tratam os outros alunos da classe e não como uma
exceção. Uma forma de estimular o estudante a ser mais ativo em sala é fazer
com que ele se sinta parte integrante da turma. Em situações nas quais o
intercambista talvez não esteja apto ainda a fazer as mesmas atividades
propostas aos outros alunos, sugerimos a proposição de uma atividade mais
simples. Não é bom quando o intercambista fica à toa enquanto seus colegas
trabalham. O programa do qual ele faz parte é um programa escolar, portanto,
é importante que o estudante participe de atividades escolares.
x
Uma alternativa para que o intercambista realize as atividades é permitir que
ele as faça em dupla com alguma colega, para que possa assim, ao mesmo
tempo em que completa o que foi proposto, interagir e aprimorar o português.
x
Estimular os alunos da turma a ajudarem os intercambistas com o aprendizado
do português é muito importante. É ainda mais importante insistir para que os
alunos evitem ao máximo conversar com o intercambista em outros idiomas.
x
Sugerimos também que seja perguntado ao estudante quais são as matérias de
que ele mais gosta, para que ele seja estimulado nessas aulas a mostrar seus
conhecimentos onde se sente mais confortável.
x
Pedir ao intercambista para fazer uma apresentação sobre seu país e sua
cultura em português também pode ser uma forma interessante de motivá-lo e
despertar o interesse do restante dos alunos em outra cultura.
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Contribuição de Amanda Magnani (Voluntária AFS - Comitê Belo Horizonte – Intercambista AFS na
Suíça 2011-2012) e Clarisse Machado (Psicóloga Escolar – Escola da Serra – Intercambista AFS na
Tailândia 1999-2000)
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Sugestões de atividades
Atividade 1: Meu iceberg pessoal
9 Objetivo: Refletir sobre o conceito da cultura e a maneira que cada um define
sua própria cultura.
9 Duração: 1h
9 Materiais necessários: Quadro, folhas de papel A4 com o desenho de um
iceberg (modelo para fotocopiar na próxima pagina), canetas, mesas.
Descrição da atividade:
Primeira parte: O que é cultura?
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1) Para introduzir essa atividade, pergunte ao grupo: o que vocês entendem por
cultura?
2) Anote as contribuições do grupo no quadro, chamando que o que foi
mencionado pelo grupo pode ser dividido em aspectos visíveis e invisíveis do
que é cultura.
3) É importante enfatizar que os aspectos invisíveis são muito maiores que os
visíveis.
4) No quadro, faça o desenho de um iceberg, indicando que esta é uma forma de
representar o que é cultura, separando estes aspectos visíveis/que estão na
superfície, dos aspectos invisíveis/ que estão abaixo da superfície.
5) Aqui é importante dar exemplos disso na cultura brasileira e na cultura
local/regional. Por exemplo: pratos típicos e festas folclóricas (visíveis); o que
é considerado pontualidade em um encontro com amigos e informalidade
expressas na maneira como chamamos o professor pelo primeiro nome
(aspectos invisíveis).
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Segunda parte: Minha própria cultura
1) Distribua para cada aluno uma folha e peça que desenhem um iceberg,
individualmente eles devem escrever o que de sua própria cultura está na
parte visível e invisível do iceberg.
2) Em grupos de dois (2), peça a eles para compartilharem o resultado de suas
reflexões e explicarem um ao outro o que desenharam e escreveram.
Terceira parte: Fechamento
Reúna o grupo e pergunte ao grupo o que os chamou atenção no iceberg do colega
com quem eles trabalharam. Havia algo diferente do seu? Quais questões surgiram
quando eles preencheram o iceberg? Os elementos que compõem o iceberg são
fixos ou capazes de se modificar? Etc.
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Atividade 2: Apresentação de um sistema de educação diferente
9 Objetivo: Descobrir outras práticas e métodos de ensino e aprendizagem.
9 Duração: 30min de apresentação + 30min para discussão.
9 Materiais necessários: Apresentações de PowerPoint/vídeos/testemunhos/etc.
Descrição da atividade:
A presença de um aluno estrangeiro em sua escola/sala de aula representa uma
oportunidade de conversa e descoberta de outras práticas educativas. Ao pedir que
o intercambista prepare uma apresentação sobre seu país de origem, solicite que ele
inclua uma sessão sobre o sistema educacional de seu país (matérias ensinadas,
horário escolar, como são as provas, etc.). A primeira meia-hora de apresentação
pode ser seguida por meia-hora de debates e discussões sobre as diferenças de
métodos educativos.
Nota: Uma apresentação em português na frente da classe pode ser um grande
desafio para um estudante estrangeiro que ainda não é fluente em português. Não
hesitar apoiá-lo e acompanhá-lo durante a fase de preparação para que essa
atividade não seja assustadora, podendo permitir que o estudante ganhe confiança e
segurança em si mesmo.
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Atividade 3: Organizando um dia intercultural
9 Objetivo: Aprender sobre diferenças culturais por meio de diferentes
atividades que visem despertar o interesse em outras culturas e refletir sobre
diferenças culturais.
9 Duração: +/- 1 dia baseado nas atividades dispostas/ escolhidas
9 Materiais: Filmes, música, instrumentos musicais, comidas típicas, perguntas
para um quis intercultural e etc., dependendo das atividades escolhidas.
Sugestão de uma agenda:
Manhã
Na hora do
almoço
Tarde
- Cada turma pode escolher uma ou duas culturas para
pesquisar e apresentar o iceberg daquelas culturas (aspectos
visíveis e invisíveis que descrevem determinada cultura)
- Palestras e debates
- Organizar um buffet de almoço intercultural para quais os
alunos trazem pratos típicos de países diferentes ou receitas
de família de diversas origens regionais ou internacionais
- Organizar um Quiz Intercultural
- Mostra de filmes que tratem sobre diferenças culturais
- Mostra de danças e músicas típicas de diferentes culturas
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PARA SABER MAIS...
Sugestões de materiais de leitura do AFS:
(Disponível em: http://www.afs.org.br/materiais-para-download-.html)
x
Contribuições de Edward T. Hall...para amigos do AFS (2012).
x
Dimensões Culturais de Hofstede....para amigos do AFS (2012).
x
Generalizações e Estereótipos...para amigos do AFS (2012).
x
O Modelo de Desenvolvimento de Sensibilidade Intercultural....para amigos do
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Terminologia Intercultural Básica...para amigos do AFS (2012).
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A EXPERIÊNCIA INTERCULTURAL NAS ESCOLAS: um guia para educadores - AFS Intercultura Brasil
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