Nº R0B R0 REVISÃO PROJ Conforme Parecer Técnico ARI-I-00-000.020-PT Conforme Parecer Técnico ARI-I-00-000.028-PT R0 Conforme e-mail recebido em 13/09/2011 R0 Conforme e-mail recebido em 09/12/2011 R1 Incorporação dos Seminários APROV DLA/R.A.F.R/ M.S.V./E.G.B. DLA/R.A.F.R/ M.S.V./E.G.B. DLA/R.A.F.R/ M.S.V./E.G.B. DLA/R.A.F.R/ P.D.J./R. T.B. P.D.J./R. T.B. P.D.J./R. T.B. P.D.J./ M.S.V. R.T.B. DLA/R.A.F.R/ MA DATA 21/01/11 22/07/11 7/10/11 14/12/11 P.D.J./ 07/05/12 R.T.B. PROJ. R.A.F.R./D.L.A./M.S.V./ E.G.B./C.A.V.C. C DATA: DES. A.F./C.N. C VER. DES. E E VISTO VER. PROJ. M S APROV. 15/10/2010 VISTO C D.H P.D.J. P.D.J. RESPONSÁVEL TÉCNICO Nº CREA UF PEDRO DIEGO JENSEN 87.583/D SP GERENTE DE CONTRATO Nº CREA UF DIETER HERWEG SP 59.380/D SP Empresa de Pesquisa Energética CIVIL MECÂNICA ELÉTRICA MEIO AMBIENTE DATA ESTUDOS DE INVENTÁRIO HIDRELÉTRICO DA BACIA DO RIO ARIPUANÃ RELATÓRIO FINAL APÊNDICE F AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA TOMO 1 – TEXTO VOLUME III ESCALA SUBSTITUÍ SUBSTITUÍDO REVISÃO Nº THEMAG: 6680-01-GL-800-RT-00012 R–1 REVISÃO Nº CLIENTE: ARI-I-00-000.009-RE R–1 i PREFÁCIO O presente Relatório consolida os Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã, localizada na região norte do Brasil abrangendo parte dos estados de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas (Ilustração 1 - ARI-I-00-000.028-DE, Volume II – Tomo 1), elaborados pela THEMAG Engenharia para a Empresa de Pesquisa Energética – EPE, com respaldo no Contrato EPE-027 (Concorrência no CO-EPE-001/2006). Este documento tem como finalidade, juntamente com demais volumes e apêndices que compõem o Relatório Final, apresentar todos os serviços, levantamentos e estudos realizados para o desenvolvimento dos Estudos de Inventario Hidrelétrico, incluindo o Diagnóstico Socioambiental da bacia e a Avaliação Ambiental Integrada da alternativa de divisão de queda mais promissora sob os aspectos econômicos, energéticos e socioambientais para o aproveitamento do potencial hidroenergético da bacia hidrográfica do rio Aripuanã. Esses estudos, autorizados à EPE – Empresa de Pesquisa Energética, pela ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, através do Despacho 2656/2006 (Processo no 48500.001700/ 2006-58) foram executados de acordo com as orientações do Manual de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas (MME, 2007), considerando usinas com potência instalada igual ou superior a 30MW, e abrangeram integralmente a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, totalizando uma área 146.257 km², dos quais 32.874 km² no Estado do Amazonas, 99.357 km² em Mato Grosso e 14.026 km² em Rondônia. Os estudos foram iniciados no último trimestre de 2006, definindo-se um potencial inventariado de 2.790,8 MW, a um custo de 106,99 R$/MWh (data base dezembro/2008), realizável com um conjunto de 8(oito) aproveitamentos em cascata, considerando-se os sete inventariados e a UHE Dardanelos, com operação prevista para o primeiro semestre de 2011, sendo 05 no rio Aripuanã e 03 no rio Roosevelt, dos quais 04 aproveitamentos possuem reservatórios localizados parcialmente em Terras Indígenas. Em adição, considerando a presença da PCH Juína, única em operação, localizada na região do Alto rio Aripuanã, com potência instalada de 5,3 MW, a potência instalada prevista para a bacia do Aripuanã totaliza 2.796,1 MW. Destaca-se, que em decorrência do impedimento de ingresso nas Terras Indígenas Roosevelt, Sete de Setembro e Parque do Aripuanã, situadas na cabeceira da bacia, os serviços e levantamentos de campo programados para estas áreas nos rios Roosevelt, Capitão Cardoso e Tenente Marques não puderam ser realizados, não sendo possível incorporar essas áreas nos Estudos de Inventário nos moldes preconizados no Manual de Inventário. Assim, esta área impedida foi objeto de uma estimativa de potencial remanescente em 866,0 MW, baseada em dados secundários e nas fotografias aéreas dos rios, conforme descrito no capítulo 10 do Volume 1. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética ii Estrutura de Apresentação dos Trabalhos Pela diversidade de temas estudados e quantidade de informações levantadas, os resultados foram organizados em volumes, conforme relacionados a seguir. VOLUME I – TEXTO Tomo 1 1. INTRODUÇÃO 2. PLANEJAMENTO DOS ESTUDOS 3. LEVANTAMENTOS DE DADOS E ESTUDOS DIVERSOS Tomo 2 4. DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL 5. USOS MÚLTIPLOS DA ÁGUA 6. ESTUDOS PRELIMINARES DE ALTERNATIVAS 7. ESTUDOS FINAIS DE ALTERNATIVAS 8. CARACTERIZAÇÃO DA ALTERNATIVA SELECIONADA Tomo 3 9. AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA 10. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL HIDROENERGÉTICO NAS TERRAS INDÍGENAS NÃO AUTORIZADAS 11. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 12. BIBLIOGRAFIA 13. PARTICIPANTES DO GRUPO DE TRABALHO VOLUME II – DESENHOS Tomo 1 – Engenharia Tomo 2 – Socioambiental VOLUME III – ANEXOS 1. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO 2. ORÇAMENTOS PADRÃO ELETROBRÁS 3. FICHAS TÉCNICAS DOS APROVEITAMENTOS SELECIONADOS Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética iii VOLUME IV – SUMÁRIO EXECUTIVO VOLUME V – DOCUMENTAÇÃO PARA ACEITE TÉCNICO 1. CHECK-LIST DE ACEITE DA ANEEL 2. ART’S – ANOTAÇÕES E RESPONSABILIDADE TÉCNICA 3. ARTICULAÇÃO COM ÓRGÃOS AMBIENTAIS E DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 4. DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA DOS ESTUDOS 5. QUADRO RESUMO DO INVENTÁRIO Os estudos específicos que permitiram a elaboração dos temas abordados no Volume I são apresentados de forma detalhada em sete relatórios independentes, denominados de Apêndices: APÊNDICE A: ESTUDOS TOPOGRÁFICOS E CARTOGRÁFICOS Tomo 1 – Texto, Monografias, Rinex, Plano de Voo, Articulação das Cartas Topográficas do IBGE, Fotoíndice, Perfis de Linha d’Água e Seções Topobatimétricas Tomo 2 – Aerotriangulação Tomo 3 – Base cartográfica e Ortofotos. APÊNDICE B: ESTUDOS GEOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS Tomo 1 – Texto Tomo 2 – Anexos APÊNDICE C: ESTUDOS HIDROMETEOROLÓGICOS Tomo 1 – Texto Tomo 2 – Anexos APÊNDICE D: ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS Parte 1 – Diagnóstico Socioambiental Parte 2 – Avaliação dos Impactos Socioambientais Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética iv APÊNDICE E: ESTUDOS DE ALTERNATIVAS Tomo 1 – Texto Tomo 2 – Anexos Tomo 3 – Ilustrações APÊNDICE F: AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA (AAI) Tomo 1 – Texto Tomo 2 – Anexos Tomo 3 – Ilustrações Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética v APÊNDICE F – AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA ÍNDICE VOLUME III Pág. PREFÁCIO .................................................................................................................................. I 5. IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS .................................................................................. 292 5.1. CONCEITO DE CONFLITO .................................................................................................... 292 5.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................................... 292 5.3. HISTÓRICO DOS CONFLITOS NA BACIA DO RIO ARIPUANÃ .................................................... 294 5.4. SITUAÇÃO ATUAL DOS CONFLITOS NA BACIA DO RIO ARIPUANÃ .......................................... 296 5.4.1. Desmatamento ............................................................................................................ 296 5.4.2. Mineração .................................................................................................................... 299 5.4.3. Posse de Terras – Grilagem, Posseiros, Titulação e Programas de Legalização .. 300 5.4.4. Terras Indígenas ......................................................................................................... 301 5.4.5. Áreas de Interesse Conservacionista ........................................................................ 307 5.4.6. Planos, Programas e Projetos Desenvolvidos para a Região.................................. 310 5.4.7. Mudanças Climáticas e a Preservação da Amazônia ............................................... 315 5.4.8. Identificação de Conflitos por Subáreas ................................................................... 317 5.5. Atores Sociais na Bacia do Aripuanã ........................................................................... 320 5.6. POTENCIAIS CONFLITOS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS ....................................................................................................................... 324 5.6.1. Cenário ........................................................................................................................ 325 5.6.2 QUADRO-SÍNTESE DOS CONFLITOS .................................................................................. 325 5.6.3. Resultados .................................................................................................................. 326 5.6.3.1. Identificação de Conflitos por Subáreas ................................................................ 327 6. AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA ........................................................................... 330 6.1. ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................. 330 6.2. CENÁRIOS DE REFERÊNCIA ................................................................................................ 332 6.2.1. Cenários Macroeconômicos ...................................................................................... 333 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética vi 6.2.2. Cenário de Geração Hidrelétrica na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã................ 337 6.3. MODELAGEM DE CENÁRIOS ................................................................................................ 350 6.3.1. Aspectos Metodológicos ............................................................................................ 350 6.3.2. Construção do Modelo ............................................................................................... 351 6.3.3. Seleção de Variáveis................................................................................................... 352 6.3.4. Organização dos Dados ............................................................................................. 353 6.3.5. Construção dos Cenários........................................................................................... 356 6.3.6. Calibragem e análise de consistência do modelo .................................................... 367 6.4. PROJEÇÃO DA SENSIBILIDADE ........................................................................................... 368 6.4.1. Ponderação das Variáveis .......................................................................................... 369 6.4.2. Incorporação das Informações da Sensibilidade no SIG ......................................... 369 6.4.3. Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos ......................................................... 372 6.4.4. Meio Físico/Ecossistemas Terrestre ......................................................................... 375 6.4.5. Projeções Socioeconômicas...................................................................................... 380 6.5. AVALIAÇÃO DE EFEITOS CUMULATIVOS E SINÉRGICOS DE IMPACTOS AMBIENTAIS ................ 390 6.5.1. Identificação e Seleção dos Impactos Ambientais ................................................... 391 6.5.2. Análise dos Impactos Ambientais ............................................................................. 392 6.5.3. Composição dos Indicadores de Impacto ................................................................. 397 6.5.4. Elaboração dos Mapas de Fragilidade Ambiental e Potencialidade Socioeconômica ................................................................................................................... 397 6.6. AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA................................................................................... 398 6.6.1. Cenário A – Empreendimentos Existentes – Ano 2026 ............................................ 398 6.6.2. Cenário B – Empreendimentos – Ano 2026............................................................... 417 7. SÍNTESE DOS ASPECTOS DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ............................................. 444 7.1. PRINCIPAIS QUESTÕES E CONTRIBUIÇÕES LEVANTADAS DURANTE OS SEMINÁRIOS PÚBLICOS .... .................................................................................................................................. 445 8. DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................. 449 8.1. ASPECTOS RELEVANTES PARA O PLANEJAMENTO INTEGRADO DA BACIA .............................. 449 8.2. DIRETRIZES GERAIS........................................................................................................... 453 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética vii 8.3. DIRETRIZES ESPECÍFICAS................................................................................................... 453 8.3.1. Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos ......................................................... 453 8.3.2. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres..................................................................... 455 8.3.3. Meio Socioeconômico ................................................................................................ 458 8.4. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................. 461 8.4.1. Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos ......................................................... 461 8.4.2. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres..................................................................... 462 8.4.3. Socioeconomia ........................................................................................................... 464 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 466 10. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 469 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética viii LISTA DE TABELAS Tabela 5.4.1. Áreas de proteção na bacia do rio Aripuanã. Tabela 5.4.2. Investimentos do PAC por estado e setor na região da bacia do rio Aripuanã Tabela 5.4.3. Planos, Projetos e Programas desenvolvidos nos Estados da Bacia do rio Aripuanã. Tabela 5.5.1. Organizações, sindicatos, associações, órgãos governamentais e não governamentais. Tabela 5.6.1. Cenário e empreendimentos atuais e de longo prazo Tabela 5.6.2 Legenda utilizada na caracterização do Grau de Conflito. Tabela 6.2.1. Evolução da Matriz Energética - 2005/2030. Tabela 6.2.2. Taxa de Crescimento do PIB (% ao ano) – Brasil. Tabela 6.2.3. Estrutura Final do Consumo Energético, por fonte (%) - Trajetória Inferior. Tabela 6.2.4. Estrutura Final do Consumo Energético*, por fonte (%) - Trajetória Superior. Tabela 6.2.5. Bacias Hidrográficas Priorizadas para Estudos de Inventário. Tabela 6.2.6 Brasil - Período 2005/2030 - Taxa Média de Crescimento de Energia. Tabela 6.2.7. Características da UHE Dardanelos. Tabela 6.2.8. Divisão de Quedas da Alternativa Selecionada Tabela 6.3.1. Variáveis Selecionadas para a elaboração dos cenários futuros. Tabela 6.3.2. Evolução da população por Subárea entre os anos 1991, 2000 e 2007 Tabela 6.3.3. Áreas utilizadas e produtividade por subárea. Tabela 6.3.4. Áreas para expansão Agrícola. Tabela 6.3.5. Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil, Estados e Municípios 1991/2000. Tabela 6.3.6. Coeficientes de Ajustes por Variável e por Subárea. Tabela 6.4.1. Classificação das Variáveis por Indicador de Sensibilidade. Tabela 6.4.2. Pesos e valores ponderados das variáveis ambientais. Tabela 6.4.3 Unidades de Conservação criadas na bacia do rio Aripuanã: período 2000-2006 Tabela 6.5.1 Lista de Impactos Ambientais por Tema Tabela 6.5.2. Significância dos Impactos. Tabela 6.5.3. Composição e Intensidade dos Impactos Tabela 6.5.4. Abrangência dos Impactos Ambientais Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética ix LISTA DE TABELAS (continuação) Tabela 6.6.1 Significância dos Impactos - Cenários A e B (continuação) Tabela 6.6.2 Intensidade dos Fatores Determinantes dos Impactos Ambientais – Cenário A Tabela 6.6.3. Características do empreendimento e Índices Tabela 6.6.4 Abrangência dos Impactos Ambientais Selecionados – Cenários A e B Tabela 6.6.5 Matriz dos Impactos Ambientais – Cenário A Tabela 6.6.6. Índices dos Impactos por Abrangência – Cenário A Tabela 6.6.7 Sinergia entre os Impactos Ambientais Analisados. Tabela 6.6.8. Aproveitamentos Propostos e Existentes na Bacia do rio Aripuanã Tabela 6.6.9 Intensidade dos Fatores Determinantes dos Impactos Ambientais dos Aproveitamentos – Cenário B Tabela 6.6.10 Intensidade dos Indicadores de Impacto Ambientais por Aproveitamento – Cenário B Tabela 6.6.11. Intensidade dos Indicadores de Impactos Ambientais por Aproveitamento – Cenário B Tabela 6.6.12 Valor Ponderado dos Indicadores de Impacto por Área de Abrangência e por Aproveitamento – Cenário B LISTA DE QUADROS Quadro 5.4.1. Principais Conflitos por Subárea Quadro 5.6.1 Principais Conflitos por Subárea - 2026 Quadro 8.1.1. Quadro Referencial para a Sustentabilidade da Bacia: Aspectos Relevantes, Efeitos Cumulativos e Sinérgicos e Subsídios para a Tomada de Decisões. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética x LISTA DE FIGURAS Figura 5.4.1 Taxa de desmatamento (em km²) nos Estados da Amazônia entre 1978 e 2002. Figura 5.4.2 Municípios que mais desmataram em 2008/2009 Figura 5.4.3. Subáreas Figura 6.1.1. Etapas de Desenvolvimento da Avaliação Ambiental Integrada. Figura 6.2.1. PIB Mundial e Taxa de crescimento anual. Figura 6.2.2. PIB Nacional e Taxa de crescimento anual.. Figura 6.2.3. PIB per capita Nacional e Taxa de crescimento anual. Figura 6.2.4. Evolução da População do Brasil, 1980 – 2026. Figura 6.2.5. Empreendimentos hidrelétricos no cenário 2006 na bacia do rio Aripuanã. Figura 6.2.6. Empreendimentos hidrelétricos no cenário 2026 na bacia do rio Aripuanã. Figura 6.3.1. Ferramentas do software STELLA para construção de modelos. Figura 6.3.3. Bacia Hidrográfica do Aripuanã, com as subáreas e municípios que a integram. Evolução da População e Taxa Estimada de Crescimento da População para o Total da Bacia do rio Aripuanã, período 2000-2026. Figura 6.3.4. Diagrama causal do cenário de referência de população. Figura 6.3.5. Diagrama causal do cenário de referência do PIB Nacional e PIB per capita Nacional. Figura 6.3.6. Diagrama causal do Valor Agregado da agropecuária. Figura 6.3.7. Diagrama Causal do Índice de Desenvolvimento Humano. Figura 6.4.1. Usos do Solo no Cenário 2026. Figura 6.4.2. Remanescentes florestais – Cenário 2026. Figura 6.4.3. Áreas Protegidas – Cenário 2026. Figura 6.4.4. Evolução da população na bacia do rio Aripuanã, período 2001–2026. Figura 6.4.5. Crescimento da população por subárea na bacia, período 2001-2026. Figura 6.4.6. Taxa de crescimento anual da população por subárea, período 2001-2026. Figura 6.4.7. Evolução do PIB da Bacia do rio Aripuanã, período 2001–2026. Figura 6.4.8. Evolução do PIB por Subárea, período 2001-2026. Figura 6.4.9. Taxa de Crescimento Anual PIB por Subárea, período 2001-2026. Figura 6.4.10 Evolução do Valor Agregado da Agropecuária na Bacia do rio Aripuanã, período 2001-2026 Figura 6.4.11. Evolução do Valor Agregado da Agropecuária por Subárea, período 20012026. Figura 6.3.2. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética xi LISTA DE FIGURAS (Continuação) Figura 6.4.12. Taxa de Crescimento Anual do Valor Agregado da Agropecuária, período 20012026. Figura 6.4.13. Crescimento da área Ocupada pela Agropecuária, período 2001-2026. Figura 6.4.14. Índice de Desenvolvimento Humano da bacia do rio Aripuanã, período 19912026. Figura 6.4.15. Índice de Desenvolvimento Humano das subáreas, período 1991 - 2026. Figura 6.5.1. Etapas do Processo de Avaliação de Impactos Ambientais Figura 6.6.1. Cenário A - Empreendimentos hidrelétricos existentes – Bacia do Rio Aripuanã Figura 6.6.2. Cenário B - Empreendimentos hidrelétricos da divisão de quedas proposta Bacia do Rio Aripuanã Figura 7.1.1. Percentual da representatividade das questões levantadas – Seminário Manaus Figura 7.1.2. Percentual da representatividade das questões levantadas – Seminário Cuiabá Figura 7.1.3. Percentual da representatividade das questões levantadas – Geral Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 292 5. IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS 5.1. Conceito de Conflito O Termo de Referência para o Estudo de Inventário Hidrelétrico do rio Aripuanã, estabelece que “os potenciais conflitos devem ser entendidos como os problemas que de alguma forma se agravariam ou surgiriam com a introdução de empreendimentos hidrelétricos e estão relacionados com a socioeconomia e os ecossistemas terrestres e aquáticos”. Conforme trabalho desenvolvido sob a coordenação da Federação dos Órgãos para a Assistência Social e Educacional – FASE, intitulado “Mapa dos Conflitos Socioambientais na Amazônia”, o conceito de conflito foi entendido como: “aqueles gerados pelas consequências negativas de atividades econômicas que impedem que práticas locais se desenvolvam e a disputa pelos recursos naturais entre segmentos sociais, que dão significados distintos e contraditórios a estes recursos. A abrangência dos conflitos ultrapassa os limites do espaço geográfico, mas também o espaço temporal quando, além das perdas materiais, há uma ruptura no processo de manutenção e reprodução dos modos de vida, dos saberes e das tradições”. Vale salientar que impacto e conflito não são a mesma coisa e que identificar um não significa identificar o outro, uma vez que o impacto sozinho não gera o conflito. Como numa somatória, para se gerar um conflito são necessários o impacto (real ou potencial) e o ator social1 (que tomando conhecimento da ação/interferência se sensibilizará e trará a tona o problema). Ainda, deve-se entender que os conflitos estão intrínsecos à história e ao desenvolvimento do local, e são dinâmicos. Especificamente, na bacia do rio Aripuanã, os conflitos são antigos e constantes - nos últimos anos tem-se estreitado o relacionamento (e os interesses) entre movimentos sociais e ONGs, aumentando o número de atores sociais e a diversificação dos conflitos. Contudo, a tentativa de negociação dos conflitos é essencial para a resolução das divergências pela busca de consensos, para possibilitar o encaminhamento dos problemas identificados e criar meios de resolvê-los. Diante do exposto, uma forma de equilibrar as diferentes demandas explicitadas pelos diversos segmentos da sociedade é, sem dúvida, estimular e proporcionar um fórum adequado para discussão das soluções dos conflitos. 5.2. Procedimentos Metodológicos O propósito deste capítulo é identificar potenciais e/ou reais conflitos existentes nos municípios de abrangência da bacia do rio Aripuanã e apontar os entes institucionais e organizações civis que estão associados a esses processos. Em cumprimento ao descrito no Termo de Referência, foram analisados três níveis de conflitos: os existentes, ou seja, já instalados na bacia antes da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos e possíveis agravamentos destes pela implantação dos aproveitamentos hidrelétricos; 1 Como Organizações Não-Governamentais (ONGs), comunidades tradicionais, representantes de instituições de pesquisa científica/governamentais, entre outros. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 293 os potenciais conflitos decorrentes da implantação de aproveitamentos hidrelétricos e, portanto, em geral associados aos impactos a serem gerados por eles; e a associação dos conflitos com os demais Planos, Programas e Projetos previstos para a região. Inicialmente, a principal fonte dos dados foram os principais veículos de comunicação: a internet (sites de órgãos oficiais, de ONGs, e até mesmo pessoais), jornais e revistas. Em uma primeira pesquisa, pode-se verificar que a área de estudo, em termos sócio-políticos e econômicos, apresenta alta tensão social, com histórico de conflitos, principalmente, em relação ao acesso à terra, desmatamento, ocupação ilegal de áreas protegidas e a fraca estrutura dos órgãos governamentais. Com o esgotamento das informações disponíveis na mídia, se procedeu a sistematização do conhecimento adquirido pela equipe técnica multidisciplinar que participou da elaboração do diagnóstico socioambiental da bacia, mediante a utilização de fichas-questionário, que foram preenchidas pelos membros das equipes. As informações coletadas foram, então, somadas às existentes. Com base no conhecimento adquirido da realidade da bacia do rio Aripuanã, foram utilizadas ferramentas metodológicas que permitiram avaliar as situações de conflito nas áreas consideradas de tensão política ou social. Assim, a sistematização das informações relativas aos conflitos existentes e os previstos, associados aos impactos gerados pelos aproveitamentos hidrelétricos, foi elaborada em forma de fichas, nas quais constam os seguintes campos de análise: 1) identificação de conflitos ou tensões potenciais da bacia do rio Aripuanã; 2) apontamento de situações ou fatores que podem gerar conflitos ou tensões; 3) verificação de situações ou fatores que podem expandir/limitar conflitos ou tensões; 4) identificação dos atores sociais envolvidos nas situações de conflitos ou tensões; 5) de modo geral, identificam-se os pontos que os atores sociais, ligados às populações afetadas pelos empreendimentos e/ou à preservação ambiental, almejam no caso de mudanças; 6) identificação dos pontos que estes grupos querem manter nas negociações ou mudanças. Os últimos passos da metodologia adotada pretendem analisar os pontos de sinergia entre os diversos grupos de interesse, visando antecipar as possíveis reações frente à implantação de usinas hidrelétricas na bacia do rio Aripuanã. Ou seja, enquanto os primeiros passos analisam as tendências sociais mais importantes, para melhor entender como os grupos irão reagir à implantação dos empreendimentos, os demais visam, de maneira qualitativa, desenvolver cenários, por meio de informações disponíveis, de modo a entender as possíveis alterações da situação atual no curto, médio e longo prazo. E ainda, avalia se os atores sociais envolvidos queiram beneficiar-se de qualquer mudança, especialmente, no campo da política ou da economia, que possam vir a acontecer no início da implantação dos empreendimentos, mobilizando-se e articulando-se no sentido de assegurar seus interesses. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 294 5.3. Histórico dos Conflitos na Bacia do Rio Aripuanã A grande bacia do rio Amazonas, onde está inserida a área de drenagem do rio Aripuanã, foi descoberta pelos espanhóis em 1542 sendo alvo de cobiça, por conta de sua riqueza lendária de El Dorado, e disputada e ocupada por portugueses, franceses, holandeses e ingleses. Para evitar a dominação estrangeira, no final do século XVII, o governo português empreendeu a ocupação de pontos estratégicos nos principais rios, Amazonas, Solimões, Negro e Madeira por meio de ordens religiosas. Não há registros oficiais disponíveis de povoamento ou entreposto significativo na área do rio Aripuanã até meados do século XIX, quando em 1870, com o aumento vertiginoso da demanda por látex, nordestinos, fugidos da seca, ocuparam efetivamente, mesmo que de maneira rarefeita, a região, principalmente, as margens do rio Roosevelt. Os primeiros conflitos relatados na bacia do rio Aripuanã foram entre os brancos que avançavam pela floresta em busca de novas seringueiras a serem exploradas, e os índios da região. Em 1927, Alejandro Lopes (peruano), seringalista da região de Aripuanã numa área que abrangia do salto de Dardanelos até Sumaúma, no Amazonas, ordenou a eliminação de uma aldeia de índios chamados “Iamé”, para prevenir obstáculos à busca de áreas a serem exploradas. Esse tipo de conflito avançou pelo século XX. O ressurgimento da demanda internacional causada pela II Guerra e a “Marcha para Oeste” de Getúlio Vargas, trouxeram milhares de pessoas para os rios amazônicos, assim como a implantação de projetos oficiais de colonização, geridos por empresas particulares, que acabavam por avançar a ocupação até as terras indígenas, como as dos Cinta Larga. Bastante hostis e tidos como “obstáculo” à expansão destes empreendimentos, a resistência destes índios, por exemplo, os levou ao genocídio, culminando no chamado “Massacre do Paralelo 11”. Em meados da década de 1950 a primeira mina de estanho foi descoberta em Rondônia, próximo ao rio Machadinho. Outros minérios, além de ouro e diamante, foram descobertos em Rondônia e no sul do Amazonas, fato que atraiu um novo contingente de migrantes, além de arrebanhar os antigos “soldados da borracha”2. Em Aripuanã, em área do atual município de Colniza, a mina de São Francisco foi aberta em 1968 e explorada, exaustivamente, até fechar em 1990. A atividade minerária na bacia passou a fazer parte do modo de vida específico de algumas áreas e acarretar conflitos com a população indígena e ribeirinha local. Vinculadas à essa atividade, foram implantadas rodovias: a antiga Rodovia do Estanho e, na mesma época, outras duas estradas importantes a Belém-Brasília (BR- 010 /BR-153) e a Cuiabá – Porto Velho (BR-364). O objetivo da implementação destas últimas vias foi expandir as frentes agrícolas e distribuir terras. A partir de 1964 uma série de decisões políticas foi adotada pelo governo federal e um período novo de políticas para a Amazônia se inaugurou. Em 1966 foi formulada a “Operação Amazônia” e criada a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM, ampliando a política de incentivos fiscais para atrair capital, ocupar e desenvolver economicamente a região. Dez anos depois foi concedida isenção total de imposto de renda a 2 nome dados aos seringueiros que foram para a Amazônia trabalhar na produção de borracha para atender a grande demanda e insuficiente produção do produto durante Segunda Guerra Mundial. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 295 empresas que se dispusessem a investir na agropecuária, indústria e serviços básicos na região. Com isso, empresários, que já tinham investido capital próprio em grandes fazendas, passaram a receber financiamentos. Os projetos agropecuários na Amazônia aprovados pela SUDAM saltaram de 4 em 1966, para 162 em 1969. Em 1970, o Programa de Integração Nacional – PIN, substitutivo da reforma agrária para alavancar o desenvolvimento regional, foi marcado pela colonização voltada a pequenos agricultores e mantendo os subsídios aos pecuaristas e também, pela abertura de novas estradas, como a Transamazônica e a Cuiabá-Santarém. Além de influenciar a ocupação da região em estudo, glebas em faixas de 10 km ao longo de trechos dessas rodovias tornaram-se parte dos programas de colonização e reforma agrária, organizado pelo recém fundado INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Essas políticas de colonização trouxeram grandes contingentes de imigrantes, principalmente, da região sul e sudeste do país e, em 1977, surgem os municípios de Cacoal (RO), Pimenta Bueno (RO) e Vilhena (RO). O município de Espigão D’ Oeste (RO), desmembrado de Pimenta Bueno em 1981, resultou da colonização por uma empresa privada paulista, a Itaporanga. O município de Ministro Andreazza (RO), criado em 1992, surgiu de um núcleo urbano de apoio ao Projeto de Colonização do INCRA de Ji-Paraná. Mas, o maior projeto de colonização administrado pelo INCRA foi o Projeto de Assentamento Rio Juma, de 1982. Nos mesmos moldes dos anteriores, ocupou 680.000 ha e assentou 7.500 famílias. Vale ressaltar que não só neste caso, nos primeiros anos, mais de 50% das famílias assentadas, em média, se retiravam de suas propriedades em razão da dificuldade em lidar com a floresta e, também, pela suspensão da ajuda de custo prometida pelo próprio INCRA. No início da implantação de suas atividades agrícolas, os migrantes lançaram mão de atividades extrativas para sobreviverem, enquanto suas terras eram preparadas para produzir. Apesar da perda dos seringais, a produção não se extinguiu nesses anos, pois eles acabaram por aprender a extrair o látex e o vendiam nos mercados ainda existentes para o produto. Outra atividade que estes novos moradores da região desenvolveram foi o garimpo de cassiterita (estanho) e o ouro, entre outros minérios. Esses projetos de colonização ocuparam áreas de seringais e de atividades extrativistas, criando conflitos com os moradores que dependiam exclusivamente dessas atividades. Além dos conflitos resultantes da perda da terra e do acesso restrito às seringueiras. Em 1987, foi criado o Município de Apuí (AM), desmembrado de Novo Aripuanã (AM) e Borba (AM). O município de Novo Aripuanã, criado em 1955, e com seus limites alterados em 1987, diferencia-se um pouco dos demais da bacia - sua sede é um porto fluvial na foz do rio Aripuanã no rio Madeira, ligado aos grandes rios amazônicos, e por ele passa o gado criado em Apuí e adjacências para ser transportado em balsa até os frigoríficos de Manaus. Os dados estatísticos apresentados adiante mostram uma diferença de Novo Aripuanã em relação aos demais municípios. As condições urbanas da sede são mais consolidadas pela exigência do trânsito portuário que ocorre desde a data de fundação do município. Novo Aripuanã não conta com áreas de grandes assentamentos, exceto o de Acari, implantado pelo INCRA nos mesmos moldes do Projeto Juma. Os seringueiros locais estão organizados em um sindicato que chegou a participar dos primeiros encontros nacionais da categoria nos anos 1980, quando despontou a liderança do acreano Chico Mendes, e contribuir com as decisões que colocaram a atividade extrativista no centro do debate sobre ações efetivas de Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 296 desenvolvimento sustentável. No entanto, há registros atuais de conflitos envolvendo extrativistas de comunidades do rio Aripuanã e grileiros de terras (Comissão Pastoral da Terra, 2006). Como visto, as características do processo histórico de ocupação dos estados do Amazonas e de Rondônia são similares. No entanto, no estado de Mato Grosso, os projetos de colonização foram implantados por empresas privadas que adquiriram os direitos às terras devolutas da região. A área estava distante de estradas federais e, portanto, as terras devolutas alvo de especulação estavam sob responsabilidade estadual. Nesse ramo, três empresas se destacaram: Colonização, Comércio e Indústria LTDA – Colniza; Cooperativa Central Regional de Iguaçu – Cotriguaçu, e Juruena, companhias com sede no Paraná. O projeto de Juruena foi implantado a partir de 1978, Cotriguaçu em 1984 e o projeto de Colniza em 1987. Os três empreendimentos originaram municípios homônimos. Ao mesmo tempo, outras empresas particulares implantaram colonizações em áreas menores e o governo do estado do Mato Grosso iniciou um amplo programa de colonização pública de pequenas propriedades por meio da Codemat – Companhia de Colonização de Mato Grosso. Dois projetos foram divulgados pelo órgão nos anos 80: o de Juína e o Projeto Filinto Muller Panelas, próximo aos rios Roosevelt e Guariba. A colonização de Juína prosperou e, em 1983, foi criado o município, desmembrado de Aripuanã. Mas, nem toda ocupação da área da bacia foi baseada na instalação de projetos de colonização. Algumas famílias foram ocupando as terras como grileiros ou estimulados por eles. O caso mais expressivo é Conselvan, o bairro, localizado no município de Aripuanã, formado a partir do ano 2000 por ocupantes de uma gleba de propriedade atribuída a Dante Conselvan, em área contígua à Terra Indígena Arara, estimulado por políticos e madeireiros locais. Recentemente, a propriedade ocupada foi declarada área de utilidade pública pela prefeitura, para eventual desapropriação e consequente início do processo de regularização das posses. No atual município de Colniza, situa-se o projeto “Filinto Muller - Panelas” com 531.000 ha, composto de diversas áreas, sendo: Guariba I (ou Arrecadação Panelas) e Guariba II (ou PauBrasil). Sua instalação se deu a partir de 1976, sem nenhum estudo da situação fundiária prévia, em área de solo pobre e onde havia expressivo núcleo de população ribeirinha voltada ao extrativismo. Hoje, este local tornou-se um distrito conhecido por Guariba, ou Novo Guariba. Situa-se em área contígua à Reserva Extrativista do Guariba-Roosevelt, e a área do antigo projeto conta com um núcleo urbano com intenções de emancipação futura. 5.4. Situação Atual dos Conflitos na Bacia do rio Aripuanã Abaixo seguem os principais fatores que geram os conflitos observados atualmente na bacia do Aripuanã. 5.4.1. Desmatamento O desmatamento está ligado, historicamente, à ocupação do território. Yan Boechat, repórter do Jornal Valor Econômico, relatou em 20/05/2008 como, praticamente todas, as estradas foram abertas: Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 297 “Numa tarde quente de 6 de julho de 1960, o então presidente da República Juscelino Kubitschek escalou as pequenas escadas que levam à cabine do trator Caterpillar D8 para delírio da pequena multidão que se aglomerava em volta do veículo mais utilizado na derrubada das árvores da Amazônia brasileira. JK acenou para a população de Vilhena, a última cidade do então território de Rondônia antes da divisa com Mato Grosso, deu a partida no motor de mais de 300 cavalos, acelerou e pôs abaixo a última árvore que, teoricamente naquele momento, impedia o trânsito de veículos entre Cuiabá e Porto Velho. Oficialmente estava aberta a BR-029, sinônimo de um futuro próspero para os cerca de 50 mil moradores de uma das áreas mais isoladas do Brasil”. A rodovia em questão, hoje, BR-364, e todas as outras construídas na época com o intuito de levar o progresso para o interior do Brasil, podem ser consideradas as espinhas dorsais tanto do desenvolvimento, como do desmatamento em toda região amazônica. Interessante ressaltar, também, que os 100 km das margens das rodovias federais que foram destinados à colonização, os novos moradores eram obrigados, por lei, a desmatar, pelo menos, 50% das terras que lhes eram concedidas e quem não o cumprisse, era considerado agricultor não-produtivo, podendo até mesmo perder essas terras. Obviamente, não era desmatado somente o determinado – há relatos de colonos que desmataram e queimaram a propriedade toda. Com o passar dos anos, muitas das estradas foram asfaltadas, fato que facilitou o escoamento de produtos, o transporte de pessoas e por isso atraiu uma grande quantidade de madeireiras. A falta de fiscalização e o mercado consumidor latente no Sul e Sudeste fizeram com que a indústria madeireira se tornasse a força motriz de muitos municípios da bacia. Em poucos anos com a exploração desenfreada e, consequentemente, o esgotamento da matéria-prima, tornouse necessário migrar, delimitando novas fronteiras da floresta e abrindo novos caminhos para o desmatamento. As áreas esgotadas tornaram-se pasto ou plantações e, atualmente, caracterizam o entorno devastado de grande parte das estradas amazônicas. Outra atividade bastante disseminada em toda a Amazônia é a queimada, que faz parte do processo de transformação das florestas em roças e pastagens. Na maior parte dos casos, elas são realizadas no final da estação seca, quando é obtido o maior volume de cinzas e quando a vegetação está mais vulnerável ao fogo. Apesar de barato, esse processo traz inúmeros impactos ambientais, principalmente, quando, ao fugir do controle, atinge áreas que não se desejava queimar3. Na bacia do rio Aripuanã, os municípios de Colniza e Apuí são os que se destacam com 331 e 159 focos de queimadas, o que representa 43,4% e 20,8%, respectivamente, do total de focos registrados na bacia, no período de janeiro a dezembro de 2009 4. Cabe destacar que, no mesmo ano 2009, Colniza foi o município que apresentou maior número de focos de queimadas entre os municípios dos três estados que fazem parte da bacia, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. O gráfico abaixo mostra as taxas de desmatamento na Amazônia, no período de 1977 e 2001, que foram altas, principalmente, nos estados do Pará e Mato Grosso. 3 4 http://www.comciencia.br/reportagens/amazonia/amaz14.htm Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 298 Figura 5.4.1 - Taxa de desmatamento (em km²) nos Estados da Amazônia entre 1978 e 2002 (INPE, 2003). Figura 5.4.2 – Municípios que mais desmataram em 2008/2009 (MME, 2009). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 299 Em 2009, dentre os municípios que mais desmataram a floresta amazônica estão (destacados na Figura acima): Colniza (MT), Cotriguaçu (MT), Juína (MT), Pimenta Bueno (RO) e Apuí (AM). Nos últimos cinco anos foram realizadas, pela Policia Federal, duas operações - Curupira I e II, que desmontaram uma grande rede de extração e venda ilegal de madeira da Amazônia. No estado do Mato Grosso, em 2009, nos mesmos moldes, houve a Operação Pinóquio5 e outra realizada em conjunto com o IBAMA, a operação Ponta de Lança6 (esta voltada exclusivamente para fiscalização do Parque Nacional Juruena e entorno). Entretanto, mesmo com prisões decretadas e multas expedidas, nada parece mudar a configuração do desmatamento na região, que continua a crescer em números alarmantes. Os governos estaduais de Mato Grosso e Rondônia, na tentativa de impedir a retirada e/ou comercialização de madeira ilegal, criaram portais virtuais de controle. Ambos os estados trabalham com o SISFLORA (Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais), mas, no Mato Grosso ele é integrado ao CCSEMA (Sistema de Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais) e em Rondônia ao CEPROF (Sistema de Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais). O sistema consiste na emissão de guias florestais, que funcionam como crédito em um banco, dando base para a fiscalização onde os agentes comprovarão tramitações excepcionais. 5.4.2. Mineração A exploração mineral na bacia do rio Aripuanã se concentra, principalmente, no garimpo de diamante, com destaque para aqueles situados nos rios Vinte e Um e Cinta Larga, no município de Juína. Os diamantes também são explorados nas Terras Indígenas dos Cinta Larga. Esses garimpos, além de provocarem a degradação ambiental das áreas em exploração, ocasionam conflitos entre garimpeiros e indígenas, fato que será relatado adiante. Em novembro de 2006 foi descoberta uma reserva de ouro na região: chamada de Eldorado do Juma, este garimpo está distribuído em seis grotas às margens do Rio Juma, distante 75 km do município de Apuí. Com incidência média entre 100 e 150 gramas de ouro por barranco, atraiu mais de 5 mil pessoas que invadiram a área, entre homens, mulheres e crianças, de índio a vereador7, em condições precárias de moradia e alimentação, gerando um forte conflito no local. Chegou-se a formar uma cooperativa (Cooperjuma – Cooperativa Extrativista Mineral Familiar do Juma), sob comando do suposto dono das terras, mas ambas – tanto a cooperativa quanto a área do garimpo - foram interditadas em novembro de 2007, por uma liminar de um Juiz Federal Substituto da 1ª região do Amazonas, devendo, portanto, cessar quaisquer atividades na área. Em maio de 2009, a Polícia Federal e o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) foram até o garimpo e constataram que outro suposto dono da área está garimpando ilegalmente e incentivando esta prática, sem qualquer autorização de qualquer órgão, seja federal ou estadual, causando danos ambientais gravíssimos, agravando os conflitos na região. 5 http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u591554.shtml http://blog.certbeef.com.br/2008/09/11/parque-nacional-do-juruena-gado-e-desmatamento/ 7 http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u88609.shtml 6 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 300 5.4.3. Posse de Terras – Grilagem, Posseiros, Titulação e Programas de Legalização Genericamente, grilagem é o ato ilegal de transferência de terras públicas para o nome de terceiros, onde existe desde a falsa emissão de documentos até a posse das terras. Já os posseiros são, em geral, lavradores, que ocupam terras devolutas e/ou improdutivas, mas que não possuem documentação e registro em cartório e, assim, não são donos do direito da terra. Desde o início de sua ocupação a região da bacia do rio Aripuanã atrai, e continua a atrair, madeireiros e grileiros, que entram em constante confronto com a população ali residente desde o tempo da exploração da borracha e, também, com os novos assentados. Estes constantes conflitos foram responsáveis por ter colocado o município de Colniza (2° e 17°), Juruena (8° e 49°), Aripuanã (87° e 77°) e Cotriguaçu (57° e 122°), nas estatísticas entre as 150 cidades com as maiores taxas de “homicídio” e “óbitos por arma de fogo”, respectivamente, do Brasil (RITLA, 2008). A grilagem de terras rurais na região de Colniza, Aripuanã e Rondolândia é comandada, em geral, por grupos auto-intitulados como “pequenos produtores rurais. Funcionando como uma espécie de imobiliária, essas “associações” vendem terras, serviços e projetos ambientais, como se fossem colonizadoras legais. Seus alvos são pessoas do campo, que adquirem as terras sonhando em serem pequenos agricultores8. Existem ainda, os “grandes ocupantes” que pagam para “laranjas” ocuparem pequenas áreas, mas que na verdade, pertencem a um único dono. Um desses casos é o distrito de Guariba, no município de Colniza, onde a área foi cedida, pelo Instituto de Terras do Mato Grosso (Intermat), à Federação dos Trabalhadores da Agricultura – FETAGRI, para que fosse desenvolvido o projeto de promoção e regulamentação do assentamento dos pequenos produtores rurais que ali estão. Apesar de esses assentamentos terem sido uma iniciativa oficial, não houve a titulação fundiária de muitas delas, o que permitiu a entrada de invasores e grileiros na área. Em 2006, foi realizado, pelo Intermat, um levantamento no qual foram identificados 3.150 moradores com propriedades no núcleo urbano e mais de 1.000 famílias em áreas rurais. O Programa de Regularização Fundiária Urbana “Tequenfim”, da Intermat, começou então a regularizar as terras. Entre loteamentos e conjuntos concluídos e entregues por este Instituto, somam-se 1.506 em Guariba, além de 2.856 no núcleo urbano e 1.644 na área rural, do município de Juína 9. Contígua ao núcleo urbano do distrito de Guariba encontra-se a Reserva Extrativista GuaribaRoosevelt, do estado de Mato Grosso. A criação dessa reserva tornou-se um elemento a mais nestes conflitos. A delimitação inicial dessa RESEX não incluiu todas as colocações dos seringueiros locais, que se espalham ao longo dos rios, muitas vezes habitando terras que foram tituladas recentemente sem que se houvesse considerado a sua presença10. No estado do Amazonas, os municípios de Apuí e Novo Aripuanã fazem parte de uma das frentes de maior desmatamento da Amazônia Legal, que está fortemente atrelada à grilagem e à abertura de estradas clandestinas, resultado da ação de madeireiros e garimpeiros ilegais. Para conter essa devastação, o Ibama está iniciando estudos para a criação da Reserva Extrativista de Apuí, como forma de tentar amenizar e solucionar os conflitos de terra na região. A criação desta RESEX é uma solicitação da própria comunidade, que está cada vez mais 8 http://www.secom.mt.gov.br/ng2/conteudo2.php?sid=50&cid=36764&parent=0 http://www.intermat.mt.gov.br/html/internas.php?codigoPagina=117 10 http://diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=20377 9 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 301 ameaçada pela atuação de grileiros, que demarcam as terras e expulsam os ribeirinhos que trabalham na extração de castanha, copaíba e seringa11. No estado de Rondônia, a ação dos grileiros e posseiros deu-se, principalmente, quando houve a divisão dos municípios de Porto Velho e Guajará-Mirim para Ariquemes, Cacoal, Ji-Paraná, Pimenta Bueno e Vilhena. Nesses municípios, criados entre o final da década de 1970 e começo de 1980, uma das características que persiste até hoje é a concentração de terras. Na época, o INCRA passara a alienar áreas de até 500.000 ha para companhias de colonização, 72.000 ha para projetos madeireiros, 66.000 ha para projetos agropecuários e, além disso, mais 66.000 ha para titulares que haviam adquirido as terras ilegalmente. Vale ressaltar que tal qual nos outros Estados, as políticas implementadas posteriormente foram falhas. O programa do governo federal, chamado “Terra Legal”12, tem como objetivo regularizar cerca de 67,4 milhões de hectares de terras da União na Amazônia, entretanto, segundo reportagem13, já foram detectadas desde tentativa de uso de “laranjas”, até falta de estrutura e boicote de fazendeiros e administradores locais, que ameaçavam os que tentassem se cadastrar para o programa. 5.4.4. Terras Indígenas O contato com os grupos indígenas habitantes da região data da década de 1970. Antes da instalação das frentes de colonização dirigida (INCRA), dos estabelecimentos agropecuários, intensificados a partir do asfaltamento da BR-364, os povos indígenas ainda conseguiam manter intactos seus territórios e criar alguma resistência aos ainda incipientes agentes “brancos”. Entretanto, com os novos ritmos de crescimento e o avanço da fronteira agrícola, a pressão sobre os seus territórios e modos de vida, e os conflitos em torno da apropriação dos recursos naturais tornaram-se mais intensos. A bacia do Aripuanã apresenta uma diversidade de povos e terras indígenas que, em maior ou menor grau, se encontram submetidos a fortes pressões, uma vez que a situação fundiária na região não está de forma alguma consolidada. Muitas das terras indígenas estão sendo objeto de processos de ampliação, alguns já finalizados outros ainda em estudos no âmbito da FUNAI. De qualquer forma, às pressões que sofrem, os índios respondem com uma contrapressão sobre aquele órgão e sobre o Ministério Público Federal, para se resguardarem dos impactos de um desenvolvimento regional sobre suas terras e seu modo de vida. A importância das Terras Indígenas (TIs) na bacia do Aripuanã pode ser evidenciada pela grande extensão territorial que ocupam – aproximadamente 30% da área da bacia. Este número pode ser ainda maior, uma vez que existem áreas ainda não identificadas, ou não protegidas, que possivelmente estejam ocupadas por grupos de índios isolados. Esta quantidade de TIs, além de proporcionar uma rica diversidade sociocultural, ainda ajuda a manter a biodiversidade da região, pois atuam em conjunto com as unidades de conservação da bacia na formação de grandes áreas bem preservadas, que funcionam como corredores ecológicos. 11 http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=19022 http://portal.mda.gov.br/terralegal/ 13 www.uol.com.br/fsp/brasil/fc2810200902.htm 12 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 302 Entretanto, ao mesmo tempo em que as terras indígenas assumem um papel de contenção ao avanço da degradação ambiental, as pressões cada vez mais constantes de utilização e comercialização dos produtos florestais as tornam palcos de conflitos, pois são acusadas, principalmente, de impedirem o “desenvolvimento” regional. São vários os exemplos de conflitos recentes envolvendo a população indígena com os novos colonos na região; os mais intensos ocorreram, e ainda ocorrem, em torno das disputas por áreas de garimpo e de exploração madeireira no interior das terras indígenas. No contexto da geração de energia, destacam-se as recentes reivindicações dos índios Cinta Larga em relação às compensações pelo alagamento de parte de suas terras pela PCH Juína, no rio Aripuanã, mesmo após anos de funcionamento da usina. A delicada questão da utilização para geração hidrelétrica dos corpos d’água próximos às terras indígenas pode ser exemplificada com as constantes ocupações dos canteiros de obras das usinas e inúmeras ações jurídicas, por parte do Ministério Público, suspendendo as licenças ambientais desses empreendimentos. Exemplificam-se, neste contexto, as recentes ações na bacia do Juruena e no canteiro de obras da Usina de Dardanelos, onde índios de diversas etnias, reivindicando falha no processo de licenciamento e afirmando que a usina foi construída sobre um cemitério indígena, mantiveram funcionários da obra como reféns, por dois dias. Somente após negociações e a confirmação de um termo de compromisso de melhorias e indenizações, os índios libertaram os trabalhadores14. A suspensão de obras de infraestrutura em suas terras, especialmente as usinas hidrelétricas, são atualmente uma das principais reivindicações dos povos indígenas. A Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã ainda mantém o delicado equilíbrio entre os recursos naturais e as populações tradicionais, tratando-se de uma região onde ainda é visível a relação entre diversidade sociocultural e diversidade biológica. As populações indígenas da região utilizam os recursos naturais como fonte de subsistência, principalmente na agricultura, coleta de castanha, caça e pesca. Entretanto, como visto, a exploração de produtos da floresta vem adquirindo nos últimos tempos um papel comercial e de aquisição monetária. Os diferentes modos de vida de cada etnia e a maneira de se relacionar com as regras do mundo dos “brancos”, são muito distintas entre os povos indígenas da bacia do Aripuanã. Este fato leva à necessidade de se avaliar, em termos etnoecológicos e não em termos legais, cada terra indígena de maneira particular, dentro do contexto das possíveis alterações advindas de empreendimentos hidrelétricos que venha a afetá-la. Dessa forma, torna-se relevante apontar que as restrições legais das terras indígenas, somadas ao histórico de conflito regional, intensificado pela presença de índios isolados com consequentes disputas fundiárias, e a importância ecológica da bacia, onde a preservação ambiental é fruto das inúmeras áreas protegidas, impõem atenção ao avaliar os potenciais impactos que novos empreendimentos trarão para a população indígena. São expostos a seguir os principais conflitos que envolvem terras e povos indígenas na bacia do rio Aripuanã. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 303 Povo Indígena Cinta Larga O primeiro contato do povo Cinta Larga se deu em 1915 com um grupo em excursão da Comissão Rondon. Em 1928 ocorreram os primeiros conflitos com seringueiros, resultando no massacre da aldeia “Lamê”. A situação se manteve até a década de 1960, havendo inclusive ataque de índios a garimpeiros e o caso mais drástico, que ficou conhecido como o Massacre do Paralelo 11, já mencionado. Desde então, algumas frentes de pacificação foram criadas e, em 1976, foi descoberta uma mina de ouro em um dos córregos do rio Branco, atraindo brancos e índios. Em 1999 foi descoberta a jazida de diamantes na TI Roosevelt, começando aí um dos maiores conflitos em terras indígenas do país. Fato é que os índios Cinta Larga convivem há décadas com a exploração ilegal de madeira e de diamantes; todos os chefes de aldeias participam, em maior e menor grau, das atividades. A FUNAI tem pouco controle sobre estas atividades e a Polícia Federal mantém na TI Roosevelt a chamada “Operação Cinta Larga” para coibir o comércio ilegal de diamantes, desencadeada depois que esses índios mataram 29 invasores no garimpo do Lages. Outra questão conflituosa é a presença da PCH Juína, no alto Aripuanã, que alagou terras indígenas dos Cinta Larga. Esta questão revela o tumultuado processo de negociação atual entre os indígenas e o setor elétrico na região. Os Cinta Larga reivindicam a incorporação da área entre as TIs Aripuanã-Serra Morena e a margem esquerda do rio Aripuanã, declarada como Terra Indígena quando da primeira delimitação do Parque Aripuanã. Povo Suruí Contatados por frentes da FUNAI nos anos 1970, sofreram grandes baixas populacionais, por doenças transmitidas pelos colonos e pelas pressões das frentes colonizadoras. Assediados e então “encantados” com os bens ocidentais, entregaram-se aos madeireiros ilegais. Em 1988, com ajuda da Organização Comunitária Matareila, decidem colocar um fim à exploração ilegal da madeira nas terras indígenas. Hoje coíbem esta atividade e passaram a exercer certa liderança regional contra empreendimentos predatórios da floresta, conseguindo, inclusive, retornar às suas atividades tradicionais e desenvolver novas, tais como: piscicultura, cafeicultura e artesanato. Este novo posicionamento pode ser evidenciado na negativa dada aos técnicos da equipe dos estudos de inventário, para a realização de levantamentos nas suas terras e nas constantes rodadas de negociação frente a este povo indígena. No contexto de geração de energia, os Suruí vivem há anos sob tensão em relação ao AHE do rio Machado (Ji-Paraná) e suas lideranças têm oferecido forte oposição ao empreendimento, influenciando outras etnias: os Gavião-Ikoleng e Arara-Karo. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 304 Povo Zoró (Pangyjej) Quando em 1987 foram assinados, pela FUNAI, diversos contratos irregulares permitindo o desmatamento na região noroeste do Mato Grosso e sul de Rondônia, as áreas indígenas da região foram escancaradas à exploração irregular de madeira. Na área onde estavam os Zoró não foi diferente: em menos de 5 anos do contato, seu território estava invadido e seus recursos naturais intensivamente explorados (os invasores, quando retirados, deixaram mais de 50 mil hectares de áreas derrubadas). Participaram da atividade de venda ilegal de madeira durante toda a década de 1990 e, ainda hoje, ocorrem surtos de venda por algumas lideranças que são denunciadas por outras. Hoje, por iniciativa da FUNAI (Núcleo de Apoio de Ji-Paraná) e de ONGs locais, os Zoró estão buscando estabelecer um equilíbrio entre as necessidades impostas pelo contato com a sociedade regional e as fontes monetárias para financiar tais necessidades, que não passem pela exploração madeireira. Em 2005, a reserva passou a integrar o Projeto de Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável das Florestas do Noroeste de Mato Grosso (que tem financiamento do GEF - Fundo para o Meio Ambiente Mundial e apoio do PNUD15) que os incentivou à colheita da castanha, que além de gerar renda, não exige a derrubada da floresta. Nesta linha, lideranças Zoró têm participado de iniciativas conjuntas com os Suruí, Gavião e Arara-Karo de combate à depredação de seus recursos naturais, denunciando à FUNAI, ao IBAMA e ao Ministério Público Federal as pressões exercidas sobre os “parentes” por agentes das empresas madeireiras da região. Povo Gavião-Ikolen e Arara Karo (TI Igarapé Lourdes) As histórias dos índios Gavião-Ikolen e Arara Karo se confundem, pois se relacionavam na região do baixo curso do Igarapé Lourdes desde antes do contato com o não-índio. Eles conviveram por décadas na região, sempre mantendo territórios exclusivos de uso. Os Ikolen dominavam as cabeceiras e os altos cursos dos rios, ao passo que os Karo prevaleciam nos baixos cursos. Já o contato de ambas as tribos com os não-índios se deu na década de 1940, com o segundo ciclo da borracha. Em ambas houve grande número de mortes pela transmissão de doenças e, anos mais tarde, acabaram por trabalhar como seringueiros. O que os diferiu foi a forma desse contato, uma vez que o contato entre os Ikolen e os não-índios foi intermediado pelos Karo, pois estes já mantinham relações com seringalistas e seringueiros, nas margens do rio Machado (Ji-Paraná). Em 1965, os Ikolen estabeleceram contato com os missionários da Missão Novas Tribos do Brasil, que iniciaram seu trabalho de evangelização no Igarapé Lourdes. No ano seguinte, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) chegou à região, iniciando o trabalho de (re) aldeamento e aproximação dos Ikolen e Karo, que se encontravam dispersos nos seringais da região. Foi o primeiro passo para a criação da Terra Indígena Igarapé Lourdes, demarcada em 1976-77 e homologada em 1983. 15 http://www.pnud.org.br/gerapdf.php?id01=1595 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 305 Nos anos 1990, madeireiras começaram a explorar a TI Lourdes, primeiro à revelia dos Arara Karo e dos Gavião, mas depois conseguiram o consentimento de algumas lideranças. Esta exploração ilegal do patrimônio indígena durou sete anos ininterruptos quando, com apoio da FUNAI e de ONGs, decidiram parar e denunciar esta exploração. A partir de 1996, a atividade madeireira deu lugar a outras atividades desenvolvidas pelos povos Arara Karo e Gavião, como criação de gado, peixes, plantio de árvores frutíferas, café, extração (natural) de copaíba e palha para a confecção de móveis, significando uma situação de segurança territorial e social. Pode-se dizer que os conflitos nas TI Igarapé Lourdes, os quais envolvem as duas tribos, dizem respeito à ocupação ilegal/invasão da terra, principalmente, para a agropecuária, precedida pela extração de madeiras comercializáveis. O desmatamento generalizado no entorno da reserva também é conflituoso e já trouxe consequências desastrosas para o meio ambiente. Ele afeta as condições dos recursos hídricos na região, notadamente o Igarapé Prainha, acarretando a diminuição do volume das águas e a perda de sua qualidade fitossanitária. Ademais, discute-se desde 1990, a construção de uma hidrelétrica no rio Machado. A partir de 2005, a Furnas Centrais Elétricas S.A. e a Eletronorte iniciaram os estudos sobre a viabilidade de tal empreendimento. Embora não tenham sido ainda consultados por essas empresas, os Ikolen e demais grupos indígenas já se manifestaram publicamente contra a construção da usina. Povo Tenharim (TI Tenharim do Igarapé Preto) Os Tenharim do Igarapé Preto são bilíngües e vivem hoje em duas aldeias localizadas na região intermediária entre a mata serrana e o cerrado. A partir dos anos 1940, durante um longo período, viveram dispersos na região explorando seringa; foram aliciados pelo sistema de aviamento e tiveram diversos “patrões” de seringais. Nos anos 1960, a região foi invadida por garimpeiros em busca de cassiterita, que havia sido descoberta por volta de 1953 em Rondônia e no sul do Amazonas. Novas jazidas e a facilidade de acesso, com a abertura da BR- 364 (Cuiabá–Porto Velho) e da BR- 230 (Transamazônica) no final da década de 1960 e início de 1970, tornaram a região, que só o Tenharim habitava, completamente ocupada por garimpeiros. Segundo os Tenharim, não era mais possível caçar ou pescar, pois, a qualquer local que se fosse, havia um grupo de garimpeiros. Posteriormente, a Empresa de Mineração Paranapanema instalou-se na área e, em seguida, a Mineração Brasileira Estanho Ltda. (MIBREL) – Mineradora Taboca. Com redução da cassiterita, as empresas partiram, deixando um rastro de destruição e uma cidade abandonada. Uma das atuais aldeias localiza-se próximo à margem esquerda do igarapé Preto, a um quilômetro da antiga sede da mineração. É uma construção feita pela MIBREL, como parte das negociações pelo aproveitamento do subsolo da área indígena. Em 1984, porém, os Tenharim começaram a oferecer resistência à livre mineração na área. Para acalmar os índios, a mineradora construiu 13 casas de madeira e passou a pagar-lhes seis mil cruzeiros por mês a título de indenização, dividido proporcionalmente entre os oito grupos familiares que compunham o grupo na época. No final de 1985, a empresa iniciou nova ampliação da área de exploração, derrubando castanhais e seringais e sob forte resistência Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 306 dos índios, aumentou a indenização para quinze mil cruzeiros mensais. No final de 1986, a empresa interrompeu a lavra no lote 3 (dentro da área Tenharim). Com a saída da empresa, os Tenharim tiveram que reconstruir seu cotidiano e passaram a viver de farinha e peixe, e do que conseguiam com a lavra manual de cassiterita. Em 1987 a FUNAI criaria o Posto Indígena Igarapé Preto, mas o funcionário encarregado pouco ali permanecia (Valadão, CTI/FIPE, 1987). Depois de fundarem sua própria associação, os Tenharim do Igarapé Preto (denominada Associação do Povo Indígena Tenharim do Igarapé Preto – APITIPRE) começaram a concordar com a exploração mineral que lhes era a todo o tempo “oferecida” por garimpeiros. Cobram 10% do minério retirado na mina da Taboca e com esse dinheiro compraram viaturas (e as mantêm) e com elas fazem o que a FUNAI e FUNASA relutavam em fazer: transportam doentes e grávidas para atendimento na cidade, os velhos para receberem suas aposentadorias e as mulheres para venderem artesanato. Têm controle absoluto sobre os 10% e a redistribuição da renda é feita entre todas as famílias Tenharim da Terra Indígena Igarapé Preto. Com isso conseguiram uma “autonomia com vistas a um futuro sem interferências” até, pelo menos, se esgotarem os minerais ou até quando os órgãos governamentais competentes passarem a interferir nessa atividade ilegal. Povo Arara do Rio Branco Trata-se da terra indígena cuja situação interna é a mais complexa, caracterizada pelo histórico conturbado de contato com não-índios, fragilidade do poder interno, cooptação de lideranças para atividades ilegais e omissão da FUNAI em atuar de modo consequente nesta TI. Os primeiros contatos datam entre o final da década de 1920 e o início de 1930, às margens do Rio Branco, protagonizado pelo gerente de um seringal, chamado Olegário Vela, que “apadrinhou” os índios e cujo sobrenome foi adotado por eles como alcunha para designar o próprio povo. Depois do contato foram paulatinamente fixando-se nas margens dos rios Branco e Aripuanã e introduzidos ao ofício da extração do caucho e da borracha. Encontravam-se, pois, partilhando das condições do aviamento dominante nos seringais, fornecendo os produtos em troca de bens industrializados. Com a intensificação do contato, houve a transmissão de doenças e a morte de muitos deles. Como recurso de sobrevivência, foram realizados muitos casamentos entre seringueiros e índios, o que levou à desconcentração da população das aldeias, quando muitas das novas famílias formadas foram morar nas margens do rio Branco. Com o fim do ciclo da borracha e o avanço da colonização da região, a dispersão do povo Arara foi maior. Houve um recenseamento e a delimitação da TI, cujo processo envolveu o reconhecimento da própria identidade indígena, cujos remanescentes até a década de 1980 viviam como “caboclos”, escondendo sua identidade e casando-se há décadas com não-índios – fatos que, hoje, tornam a situação interna delicada. Todos os agentes que atuam na TI (legais e ilegais) usam a fragilidade interna quanto ao processo de tomada de decisão em seu interesse próprio: o “quem autoriza o quê” depende daquilo que está sendo negociado (a cobrança do pedágio na estrada é feita por determinado número de famílias apenas; a retirada de madeira por outras, por exemplo). A FUNAI local Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 307 (Juína) consulta as chamadas “lideranças tradicionais” conforme a sua própria conveniência (no caso da entrada dos técnicos da EPE esse foi o procedimento adotado). Dado esse contexto, a resistência dos grupos familiares à instalação de aproveitamentos energéticos nos rios da bacia, que possam lhes afetar, dependerá da posição dos agentes locais da FUNAI quanto ao tema. É importante também ressaltar a existência de uma estrada que corta a Terra Indígena (TI Arara do Rio Branco), ligando Aripuanã (MT) a Espigão D’Oeste (RO), permitindo o acesso às TIs Cinta Larga. Por essa estrada trafegam os caminhões dos exploradores ilegais de madeira, tanto dessas TIs quanto da própria TI Arara do Rio Branco, na qual há anos se explora madeira ilegalmente. Povos “isolados” e de “contato recente” na bacia do Aripuanã No caso dos índios isolados (Artigo 4º, inciso I da Lei 6.001 de 1973), a FUNAI tem total tutela sobre sua vontade e poder de polícia sobre as terras que ocupam (Artigo 7º do Decreto 1.775 de 1996). Na estrutura desse órgão consta uma coordenação específica para essas populações (Coordenação Geral de Índios Isolados – CGII). A CGII oficialmente reconhece duas terras indígenas de índios isolados na bacia: TI Kawahiva do Rio Pardo, reconhecida pela FUNAI como de ocupação indígena e a TI Piripikura, interditada pela FUNAI recentemente. Outras três ocupações estão por comprovar (Mureru, Maracanã e Baratiti). Se estas ocupações forem confirmadas, a FUNAI deverá interditar as áreas no tamanho que julgar necessário para a sobrevivência dos grupos isolados e nelas exercer o poder de polícia. Vale lembrar que a questão dos povos indígenas na condição de isolamento tem grande apelo na mídia, nacional e internacional, e uma atenção especial do Ministério Público Federal. A presença de áreas ocupadas por povos isolados (comprovadas ou por comprovar) na bacia do Aripuanã é a questão mais sensível, no caso de decisão sobre aproveitamentos energéticos que, de algum modo, possam afetá-los. As Terras Indígenas localizadas na bacia do rio Aripuanã e as suas respectivas áreas são apresentadas na Tabela 5.4.1. 5.4.5. Áreas de Interesse Conservacionista Em um esforço de preservar uma das áreas com a maior biodiversidade do planeta, os governos federal, estadual e municipal vêm já há algum tempo, delimitando áreas de interesse conservacionista, ou seja, protegendo as áreas de extrema importância para a manutenção do bioma amazônico. Por isso, este também pode ser considerado como um dos grandes eixos de conflito na área da bacia do rio Aripuanã, pois a ampliação da infraestrutura, especialmente da construção de hidrelétricas contraria o uso proposto, que é conservacionista e protecionista. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 308 Mais da metade da área da bacia do rio Aripuanã é ocupada por unidades de conservação de uso sustentável, integral ou terras indígenas, somando cerca de 70.500 km², o que representa aproximadamente 48% da área total da bacia. As características das unidades são descritas a seguir: as unidades de uso sustentável têm como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso direto de parte dos seus recursos naturais. Pode haver aproveitamento do ambiente, porém, mantendo a biodiversidade do local e os seus recursos renováveis. Nesta tipologia de unidades de conservação incluem-se as áreas de domínio público passíveis de utilização sustentável mediante uso controlado e aprovado pelos órgãos ambientais. São as Reservas Extrativistas, as Florestas Nacionais e Estaduais e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável. as unidades de conservação destinadas à proteção integral têm como objetivo básico a preservação da natureza, sendo admitido o uso indireto dos seus recursos naturais em alguns casos. Na bacia, há Parques e Estações Ecológicas, estabelecidos por Legislação Federal e Estadual. O Parque tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. É proibida a visitação pública, exceto com objetivo educacional, e a pesquisa científica depende de autorização prévia. terra indígena é a área tradicionalmente ocupada pelos índios, habitada em caráter permanente, utilizada para atividades produtivas, imprescindível à preservação dos recursos ambientais para sua manutenção física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Essas terras "são bens da União" e também "inalienáveis e indisponíveis e os direitos sobre elas imprescritíveis", conforme a Constituição Brasileira de 1988. As terras indígenas são definidas e protegidas por lei e administradas pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI, órgão do governo federal, vinculado ao Ministério da Justiça. A Tabela 5.4.1 mostra as unidades de conservação, suas respectivas áreas e o total de área protegida por tipo de área de proteção. Como visto, a maior área da bacia, aproximadamente 30%, é composta por Terras Indígenas, que possui alto grau de restrição de uso. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 309 Tabela 5.4.1 - Áreas de proteção na bacia do rio Aripuanã Reservas de Desenvolvimento Sustentável Nome Área total (km²) Municípios RDS Aripuanã Apuí (AM) 2.242,91 RDS Juma Novo Aripuanã (AM) 5.896,11 RESEX Guariba AM Apuí (AM), Novo Aripuanã (AM) 1.504,65 RESEX Guariba Roosevelt Colniza (MT), Rondolândia (MT), Aripuanã (MT) 1.380,92 FES Sucunduri Apuí (AM) 4.929,05 FES Manicoré Novo Aripuanã (AM) FLONA Jatuarana Apuí (AM) 5.802,01 FES Aripuanã Apuí (AM) 3.360,40 FLORSU Roosevelt 833,81 Espigão D'Oeste (RO), Pimenta Bueno (RO) Unidades de Conservação de Proteção Integral TOTAL PARNA Campos Amazônicos Novo Aripuanã (AM); Colniza (MT) 8.735,70 Parque Igarapés do Juruena Colniza (MT), Cotriguaçu (MT) 2.278,17 Parque Sucunduri Apuí (AM) 8.083,12 ESEC Flor do Prado Aripuanã (MT) 85,00 Parque Tucumã Colniza (MT) 809,45 ESEC Madeirinha Colniza (MT) 136,86 ESEC Iquê Juína (MT) Estação Ecológica Roosevelt Colniza (MT) Parque Guariba 2.000,00 961,68 Novo Aripuanã (AM) 7.229,60 TOTAL Terra Indígena 278,60 26.228,46 30.319,58 TI Aripuanã (Cinta-Larga) Aripuanã (MT), Juína (MT) 7.506,49 TI Serra Morena (Cinta-Larga) Juína (MT) 1.478,36 PI Aripuanã (Cinta-Larga) Vilhena (RO), Juína (MT) 16.032,50 TI Roosevelt (Apurinã/Cinta-Larga) Rondolândia (MT), Pimenta Bueno (RO), Espigão D'Oeste (RO) 2.308,26 TI Zoró (Pangyjej) Rondolândia (MT) 3.557,89 TI Sete de Setembro (Suruí) Rondolândia (MT), Cacoal (RO), Espigão D'Oeste(RO) 2.478,70 TI Arara do rio Branco (Arara) Aripuanã (MT), Colniza (MT) 1.148,92 TI Tenharim do Igarapé Preto (Tenharim) Novo Aripuanã (AM) TI Kawahiva Rio Pardo (Isolados) Colniza (MT) 4.118,48 TI Enawenê Nawê Juína (MT) 7.420,88 TI Escondido (Rikbaktsa) Cotriguaçu (MT) 1.689,38 TI Piripkura (Isolados) Rondolândia (MT), Colniza (MT) 874,13 2.425,00 TOTAL Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 51.038,99 310 5.4.6. Planos, Programas e Projetos Desenvolvidos para a Região Outros possíveis conflitos que poderão ser gerados com a construção de Usinas Hidrelétricas na bacia do rio Aripuanã estão relacionados aos eventuais planos, programas e projetos previstos para serem desenvolvidos na região da bacia. A seguir, são descritos, os principais, conforme a esfera de atuação: Federal O principal programa implementado pelo Governo Federal nos últimos anos é o PACPrograma de Aceleração do Crescimento, lançado em 2007. O Programa de Aceleração do Crescimento prevê a implementação de diversas medidas econômicas e de planejamento para estimular o crescimento econômico do País, abrangendo: “Estímulo ao Crédito e ao Financiamento, melhoria do Ambiente de Investimento, Desoneração e Administração Tributária, Medidas Fiscais de Longo Prazo e Consistência Fiscal”16. Dessas ações, as que podem interferir de forma mais direta com a área de estudo relacionamse com investimentos, os quais se encontram distribuídos em três eixos de infraestrutura: logística, energética e sócio-urbana. A cada quadrimestre, desde o começo da implementação do Programa, o Comitê Gestor do PAC publica balanços dos investimentos aplicados em cada estado da federação. No caso da bacia do rio Aripuanã, são considerados os estados de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. Em todos os Programas, o maior investimento é no setor energético, pois, na região amazônica, grande parte do potencial energético ainda não foi estudado. A Tabela 5.4.2, abaixo mostra os investimentos do governo, por setor e por Estado: Tabela 5.4.2. – Investimentos do PAC por Estado e setor na região da bacia do rio Aripuanã – PAC, 2008 Estado Total por Investimento por Eixo (R$ em Milhões) Amazonas Mato Grosso Rondônia período R$ R$ R$ R$ até 2010 1.517 3.341 641 5.499 pós 2010 248 106 0 353 até 2010 6.716 6.916 13.849 27.481 pós 2010 2.563 5.596 15.486 23.645 até 2010 2.441 2.096 1.461 5.998 pós 2010 0 0 0 0 13.484 18.055 31.437 Logística Energética Social e Urbana Total por Estado 16 http://www.brasil.gov.br/pac/conheca/economicas/ Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 311 No Amazonas os investimentos até 2010, somam mais de R$13 bilhões, em Mato Grosso mais de R$18 bilhões e em Rondônia mais de R$31 bilhões, destacando-se, como já dito, o setor energético, que no Amazonas, no mesmo período, por exemplo, contempla 50% dos investimentos, e aproximadamente a mesma porcentagem, pós 2010, no estado de Rondônia. Outro projeto importante na área da Amazônia Legal é o Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais - PPG-7, onde está inserido o Projeto PGAI, que está sendo desenvolvido nos nove estados da Amazônia Legal e integra ações de Zoneamento Ecológico-Econômico (com ênfase no ordenamento territorial), monitoramento e controle ambiental (fiscalização e fortalecimento institucional), tendo em vista a descentralização da gestão ambiental. Ainda dentro do PPG-7, está sendo desenvolvido o Projeto de Gestão Ambiental Integrado do Noroeste de Mato Grosso – PGAIO/MT, que está sendo gerenciado pela FEMAT/MT e implementado pelos municípios. Conta com recursos de doação e de contrapartida. Através do GAI foi efetivada a construção e estruturação da Sede da Secretaria de Meio Ambiente de Juruena, com mobílias, equipamentos de informática e de escritório, equipamentos eletrônicos para a prática de educação ambiental, um veículo, uma moto, a implantação de 35 hectares de Sistemas Agro-Florestais (SAFs) em pequenas propriedades de assentamentos, a construção de viveiros, práticas de educação ambiental e capacitação para os agricultores locais. Vale ressaltar, também, o Projeto Rede Sementes da Amazônia Meridional, financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente- FNMA, executado pela UFMT, no qual Juruena é um dos pólos para capacitação e cadastramento de produtores de sementes, de árvores matrizes e de áreas de produção de sementes, ampliando assim a oferta e o mercado de sementes de espécies florestais nativas. Finalmente, há o Projeto “Carbon and Nutrient Stocks and Regrowth in Reduced Impact and Conventionally Logged Forests and Settlements in NW Mato Grosso, Brasil”, aprovado pela NASA, no Large-Scale Biospfere-Atmosphere Experiment in Amazônia (LBA-ECO) que envolve pesquisadores da área de climatologia e solos da Cornel University, da Universidade Federal de Mato Grosso, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia e do Centro de Energia Nuclear na Agricultura. Estadual Foram levantados os programas estaduais desenvolvidos na área da bacia do rio Aripuanã. Os principais programas são apresentados na Tabela 5.4.3. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 312 Tabela 5.4.3. – Planos, Programas e Projetos Desenvolvidos nos Estados da Bacia do rio Aripuanã Mato Grosso Amazonas Estado Planos, Programas, Projetos Descrição Amazônia Sustentável Conscientização e participação de produtores florestais e extrativistas, populações tradicionais, ribeirinhos, empresários, empreendedores, associações, cooperativas, instituições governamentais, organizações não-governamentais e demais segmentos da sociedade, além da formulação e a implementação de políticas ambientais e para o desenvolvimento sustentável, de instrumentos normativos, organizacionais, tecnológicos, econômicos e financeiros; definição, coordenação e articulação de estratégias e ações que promovam a proteção, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e o desenvolvimento regional; estabelecimento de parcerias inter e intragovernamentais, com entidades privadas e com a sociedade civil organizada. Programa Amazonas Florestal As estratégias de operacionalização do programa contemplam a pormenorização dos fluxos econômicos da atividade madeireira, não-madeireira e manejo de fauna silvestre, levando em consideração os insumos, produtos, comercialização, nível de organização das comunidades, de modo que possam concretizar o manejo dos recursos, com atração de investimentos. Programa Amazonas Ambiental Promover a integração das ações desenvolvidas pelos órgãos do governo, com vistas à implementação sinérgica e bem sucedida no Programa Zona Franca Verde e todas as suas dimensões: social, econômica e ambiental. Programa Amazonas Indígena Estabelecer mecanismos de ações que possam levar em consideração os princípios das comunidades ou etnias interessadas, levando em conta a vocação histórica, social e cultural, o controle interno do tempo quando a produção destinar-se para o mercado, possibilitando-lhes o domínio sobre os limites da produção e, por conseguinte, das “necessidades” externas. Projetos -PGAI Projeto desenvolvido nos nove estados da Amazônia Legal, integra ações de Zoneamento Ecológico-Econômico (com ênfase no ordenamento territorial), monitoramento e controle ambiental (fiscalização e fortalecimento institucional), tendo em vista a descentralização da gestão ambiental. É um dos componentes do Subprograma de Política de Recursos Naturais - SPRN, integrante do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais - PPG-7. MT-Floresta O Conselho Gestor do Fundo de Desenvolvimento Florestal do Estado de Mato Grosso - MT Floresta - aprovou em 2009 projetos de pesquisa de floresta econômica e floresta de preservação ambiental, viveiros florestais e recuperação de áreas degradadas e matas ciliares os valores superam 1,1 milhão de reais. Além disso, os conselheiros aprovaram a liberação de mais de 2,5 milhões para dar continuidade nas ações do MT Floresta, por meio do Plano Estadual Florestal com atuação na área de florestas econômicas, florestas nativas para recuperação de áreas degradadas, pesquisa e educação ambiental. Fonte: http://www.sema.mt.gov.br/ e http://www.amazonas.am.gov.br/ (12/2009) Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 313 Ainda no Mato Grosso, o governo do estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, assinou com a montadora francesa Peugeot um Termo Perpétuo de Responsabilidade de Conservação da Biodiversidade, criando a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Peugeot-ONF Brasil, localizada no município de Cotriguaçu, com 1.781,30 hectares. No estado de Rondônia não foram encontrados programas, planos ou projetos. Municipal Dos 14 municípios que fazem parte da bacia do rio Aripuanã, foram encontradas informações sobre projetos, planos e programas desenvolvidos nos municípios de Juruena, Apuí, Espigão D’Oeste, Cacoal, Rondolândia e Vilhena. No âmbito do município de Juruena17 foram encontrados os seguintes planos e programas: Projeto BRA/00/G31 Promoção da Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade nas Florestas de Fronteiras do Noroeste de Mato Grosso Executado pela FEMA/MT. Em 2003 foi firmado um convênio através de carta de acordo entre Prefeitura Municipal de Juruena e o PNUD/FEMA/GEF, para formação de Sistemas Agroflorestais - SAFs, complementação de SAFs e de Jardim Clonal iniciados com Projeto de Gestão Ambiental Integrado - PGAI e incentivo a produção de frutas. Programa de Apoio para o Desenvolvimento da Iniciativa Comunitária – PADIC. No ano de 2003 Juruena desenvolveu quatro projetos com recursos do PADIC, através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, da Cooperativa APPR 13 de Maio e da Associação de Desenvolvimento Rural adquirindo respectivamente: veículo para assistência técnica, farinheira e estrutura do escritório sindicato; estrutura com silo e máquina para beneficiar (descascador) arroz; construção de abrigo, trator, colheitadeira e implementos agrícolas; estruturação de uma agroindústria para despolpar frutas, mini-fábrica para fazer rapadura, estruturação da pastoral da saúde. Todos os projetos visam agregar valores às rendas dos pequenos produtores familiares, de maneira sustentável. Centro Experimental Agrosilvopastoril Dr. Ivo Pereira de Camargo - o Centro Experimental é um projeto para Pesquisas da ONG Instituto Pró-Natura. Projeto Fogo - A Amazônia Encontrando Soluções - financiado pela Cooperação Italiana, possui algumas parcerias na Região, principalmente das Prefeituras. Visa oferecer alternativa para a prática da agricultura sem uso do fogo e o controle do uso do fogo. Agenda 21 Local – Juruena Construindo a Agenda 21 financiado pelo FNMA. Foi aprovado, aguarda assinatura de convênio e deverá traçar metas para todas as áreas do Município, com vistas a preservação, conservação e recuperação ambiental. Programa de Capacitação Ambiental – PCAO/PCA contribuiu no auxilio das organizações do Município para enfrentar e resolver os problemas ambientais, por meio de cursos e atividades de capacitação, intercâmbios e assessorias técnicas ambientais. Projeto Poço de Carbono - Em 1999 a ONF BRASIL, financiada pela Empresa automobilística Peugeot, iniciou a implantação do projeto na Fazenda São Nicolau, no 17 http://.pmjuruena.com.br Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 314 Município de Cotriguaçu. Para tanto, foi instalado um viveiro para produção de mudas de espécies florestais com capacidade para aproximadamente 1.500.000 mudas/ano. A ONFBrasil elaborou e implantou em parceria com as Prefeituras Municipais de Juruena, Cotriguaçu e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), um projeto de Educação Ambiental envolvendo os estudantes do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Juruena, visando mostrar a prática da teoria na área ambiental e, principalmente, buscando despertar e conscientizar os participantes quanto a importância da preservação e da conservação do meio ambiente, bem como buscar a mudança de comportamento das pessoas em relação aos maus tratos com a natureza. A ONF-Brasil, em parceria com o Projeto BRA/OO/G31, implantou na Fazenda São Nicolau uma Torre para medir a capacidade de captação de gás carbônico da biomassa da área reflorestada pelo Projeto Poço de Carbono, com a finalidade de acompanhar e monitorar o desenvolvimento do projeto, entretanto, não visa a venda de créditos de carbono. Projeto Poço de Carbono Juruena - o objetivo é demonstrar a viabilidade técnicoeconômica de um projeto de sequestro de carbono realizado através da implantação de sistemas agroflorestais – SAFs (seguindo as exigências que regulam o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL), que maximizem a geração de renda e a fixação do carbono no Município de Juruena, a ser desenvolvido por pequenos e médios agricultores rurais de forma associada e participativa. Este projeto foi concebido não apenas como um projeto de mitigação climática, mas como um projeto de desenvolvimento rural e conservação ambiental que tem como alavanca, a futura venda de créditos de carbono. As receitas previstas desta venda poderão servir como indutora de novas formas de produção, menos impactantes para a biodiversidade local e mitigadora de mudanças climáticas. O projeto será desenvolvido com 150 agricultores, envolvendo uma área de 660 hectares com SAFs e 7.000 hectares de área onde o desmatamento será evitado e está sendo patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental18. Os municípios de Cacoal, Espigão D’Oeste e Rondolândia fazem parte de um projeto de valorização da floresta em desenvolvimento - iniciativa da Associação Matereilá do Povo indígena Suruí, onde o foco é a conservação da floresta da TI Sete de Setembro e da sua área de influência, que abrange os municípios citados, e que soma 248 mil hectares. No município de Cacoal a prefeitura em parceira com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Rondônia, desenvolve, atualmente, o projeto Floresta Medicinal, que utilizará áreas de desflorestamento para o plantio de espécies vegetais com essências medicinais, criando uma alternativa de emprego e renda para o município. Ainda em Rondônia, o município de Vilhena está participando do projeto Carbono Neutro da Policia Federal, que está recuperando, por etapas, as matas ciliares dos rios da cidade. O município de Apuí (AM) está desenvolvendo um projeto chamado Apuí Mais Verde (PAMV) que tem como objetivo incentivar os produtores rurais do município a recuperarem áreas florestais dentro de suas propriedades, através de uma série de benefícios, oferecidos como forma de compensação pelos serviços ambientais prestados pelas atividades de reflorestamento. A meta é, além de envolver a participação e conscientização da população, reflorestar 1.500 hectares até 2010. 18 www.carbonojuruena.org.br Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 315 5.4.7. Mudanças Climáticas e a Preservação da Amazônia Do histórico de encontros para a discussão da relação Homem vs. Meio Ambiente, o primeiro se deu em Estocolmo (Suécia), 1972. A chamada Conferência de Estocolmo foi convocada pela Organização das Nações Unidas – ONU, e marcou a mundialização das questões ecológicas. Nela foram discutidas, pela primeira vez, a questão do desenvolvimento sustentável, o papel do Estado e os direitos do homem e o futuro dessa “relação”. Foram aprovados 26 princípios gerais e ações a serem tomadas por parte dos diferentes países. O importante é que Estocolmo deu o ‘start’ de nova visão ecológica global. O próximo encontro foi a Rio 92, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Essa Conferência Internacional, também convocada pela ONU, deu continuidade sobre os temas ‘meio ambiente’ e ‘desenvolvimento’ e contou com a presença de 106 chefes de Estado ou representantes e mais de 35 mil pessoas. Por fim, o principal produto dessa conferência foi a "Agenda 21" documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. Em 2002 em Johanesburgo, na África do Sul, foi realizada a Rio + 10, outra Reunião da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, nos mesmos moldes de sua antecessora. Reuniu mais de 160 chefes de estados, 45 mil delegados e 7 mil ONG’s representantes de 185 países e foi, sem dúvida, a maior conferência mundial sobre o tema. Entre os principais assuntos a serem tratados, estavam a erradicação da pobreza, a mudança dos padrões de produção, consumo e manejo de recursos naturais e o desenvolvimento sustentável. Paralelamente a esses encontros, ocorreu a Toronto Conference on the Changing Atmosphere19, no Canadá, em outubro de 1988, seguido pelo IPCC's First Assessment Report20 em Sundsvall, na Suécia, em agosto de 1990, que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC), na ECO-92. O principal produto desses encontros foi o Protocolo de Quioto, discutido e aprovado durante do COP321 na cidade de Quioto, no Japão, em 1997 e ratificado em 1999. Por ele, os países signatários se ajustariam a um calendário onde têm a obrigação de reduzir a emissão de gases de efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990, no período entre 2008 e 2012. Em julho de 2001, após a recusa de alguns países em assinar o Protocolo, ele foi referendado em Bonn, Alemanha, e foi abrandado o cumprimento das metas previstas anteriormente, estabelecendo que parte desta redução pode ser feita por meio de atividades econômicas, e também estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações básicas, como: Reformar os setores de energia e transportes; Promover o uso de fontes energéticas renováveis; 19 Conferência de Toronto sobre Mudança Climática Primeiro Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (PIMC) Em seqüência, entre 1995 e 2009, foram: COP 1 – Berlim, COP 2 – Genebra, COP 3 – Quito, COP 4 – Buenos Aires, COP 5 – Bohn, COP 6 – Haia, COP 6,5 – Bohn, COP 7 – Marraquexe, COP 8 – Nova Déli, COP 9 – Milão, COP 10 – Buenos Aires, COP 11 – Montreal , COP 12 – Nairobi, COP 13 – Bali, COP 14 – Poznan, COP 15 – Copenhague. 20 21 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 316 Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção; Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos; Proteger florestas e outros sumidouros de carbono. No caso dos "sumidouros de carbono", segundo essa proposta, os países que tivessem grandes áreas florestadas, que absorvem naturalmente o CO2, poderiam usar essas florestas como crédito em troca do controle de suas emissões. Devido à necessidade de manter sua produção industrial, os países desenvolvidos, os maiores emissores de CO2 e de outros poluentes, poderiam transferir parte de suas indústrias mais poluentes para países onde o nível de emissão é baixo, ou investir nesses países, como parte de negociação. A última grande reunião, que se deu em Copenhague, na Dinamarca, não levou a grandes evoluções sobre os tratados anteriormente assinados, como Quioto, e não estabeleceu números quanto a emissões de gases poluentes, mas estabeleceu que serão doados 30 bilhões de dólares entre 2010 e 2012, para os países em desenvolvimento se adaptarem às metas anteriormente estabelecidas. Já no Brasil, seguindo a tendência mundial, foram formuladas políticas de preservação do meio ambiente, principalmente da floresta Amazônica, tida como um dos principais “sumidouros de carbono” do mundo. Uma delas trata da chamada ‘Floresta em Pé’, onde os proprietários de matas naturais que se prontificarem a proteger as florestas por 60 anos, ou mais, seriam pagos por isso durante o mesmo período. Este mecanismo é chamado Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação (REDD) e propõe evitar queimadas e, ao manter as florestas, assegurar os serviços ambientais que estas oferecem. Outra política é o Fundo Amazônia que tem por finalidade captar doações para investimentos não-reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no bioma amazônico22. Na esfera estadual, o primeiro Estado a criar uma lei específica, que trata da questão do aquecimento global, foi o Amazonas. Intitulada “Lei sobre Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas”, lançada juntamente à lei de criação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação, onde se consolidam os compromissos do Estado com a população, a floresta, a evolução tecnológica e o bem-estar do planeta. Além disso, cria mecanismos fiscais e financeiros para incentivar a redução dos impactos ambientais no estado do Amazonas, estabelecendo caminhos e facilidades para que as empresas reduzam suas emissões de gases de efeito estufa e façam a compensação deste impacto (carbo-neutralização), além de obrigar o próprio Estado a dar o exemplo com a redução de emissão do gás carbônico que produz. Propõe, ainda, a realização de inventários de carbono, da biodiversidade da floresta e dos vários setores da atividade econômica visando identificar as potencialidades ambientais, sociais e econômicas do Estado, para receber investimentos que privilegiem as matrizes energéticas limpas e favoráveis à estabilização dos gases de efeito estufa na atmosfera do planeta23. Mais recentemente o estado do Mato Grosso lançou a chamada de “Política Estadual de Mudanças Climáticas”. Este projeto de lei, formulado pela Secretaria Estadual do Meio 22 23 http://www.fundoamazonia.gov.br/FundoAmazonia/fam/site_pt/index.html http://amazonview.uol.com.br Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 317 Ambiente do Mato Grosso e o Fórum Mato-Grossense de Mudanças Climáticas, encontra-se na fase de participação e contribuição da sociedade civil e segue os princípios de adaptação para a redução de emissões dos gases de efeito estufa. Fato é que a construção de qualquer hidrelétrica, dentro dos limites de uma região com histórico de desmatamento para ampliação das fronteiras agrícolas e ocupação humana predatória, contraria as políticas acima elencadas, gerando um conflito quanto à preservação e regeneração, cada vez mais iminente, da floresta Amazônica. 5.4.8. Identificação de Conflitos por Subáreas O levantamento dos principais fatores de conflitos presentes na bacia do Aripuanã permitiu analisar os processos conflituosos de acordo com as especificidades socioambientais de cada subárea (Figura 5.4.3) da bacia. O resultado está apresentado no Quadro 5.4.1. - Principais Conflitos por Subárea. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 318 Figura 5.4.3. - Subáreas Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 319 Quadro 5.4.1. - Principais Conflitos por Subárea Conflito SA1 Baixo Aripuanã SA2 Médio Aripuanã SA3 Alto Aripuanã SA4 Baixo Roosevelt SA5 Médio Roosevelt SA6 Alto Roosevelt SA7 Guariba Presente em todas as subáreas da bacia. Desmatamento Pode-se considerar a subárea mais bem preservada da bacia. Os municípios de Apuí e Novo Aripuanã estão parcialmente cobertos por UCs, que lhes garante extensas áreas de mata preservada. Há, entretanto, manchas de desmatamento que se estendem pelas rodovias Transamazônica e AM174 (Apuí-Novo Aripuanã). Os municípios de Aripuanã e Colniza já foram considerados os que mais desmatam a nível nacional, e foram alvos, nos últimos anos, de diversas ações federais de fiscalização. O desmatamento avança, principalmente, no entorno das rodovias MT418 e BR174, sendo 'barrado' pelas TIs. Ao norte da subárea, já no estado do Amazonas, encontram-se UCs que garantem a preservação. Desmatamento relativamente recente (ocupação mais recente da bacia), principalmente no entorno do distrito de Terra Roxa, avança sobre as UCs. Esta subárea encontra-se sob forte pressão na porção sul pela influência do avanço da ocupação dos municípios rondonienses, e a leste sob o vetor de ocupação do município de Colniza e da MT206. O norte desta subárea é quase que completamente coberta por UCs. - Área de mineração no P.I. Aripuanã - Podem ser consideradas as subáreas mais desmatadas da bacia, pois possuem o mesmo tipo de ocupação: antiga e que foi feita de modo intenso, ou seja, como foram áreas com incentivo à ocupação, o desmatamento era feito indiscriminadamente. Restam poucas áreas a serem ocupadas, considerando-se até a pressão sobre os limites das TIs. Esta subárea encontra-se em processo de ocupação recente, tal qual o desmatamento, que acompanha exatamente os eixos de ocupação, concentrando-se no distrito Conselvan e em seu entorno, as áreas mais devastadas. Mineração Área de mineração no rio Juma - Área de mineração na T.I. Enawenê-nawê Áreas de Mineração na TI Tenharim do Igarapé Preto; e Mineração São Francisco no município de Colniza, às margens do rio Madeirinha Posse de Terras – Grilagem, Posseiros, Titulação e Programas de Legalização Assentamentos rurais presentes no entorno da sede municipal de Apuí (assentamento do Rio Juma, que deu origem ao município), seguindo pela AM174, já no município de Novo Aripuanã. Assentamentos rurais presentes no entorno da sedes municipais de Colniza e Cotriguaçu; também no município de Juruena. - - - - - Não há pressão quanto ao avanço da fronteira agrícola, mas vale ressaltar a existência de um garimpo na área da TI Tenharim do Igarapé do Rio Preto. Baixa pressão sobre os limites oeste da TI Piripikura. Alta pressão do avanço da fronteira agrícola sobre as TIs Zoró, Roosevelt, mas principalmente, sobre o limite sul da Sete de Setembro. Pressão moderada no limite lesta da TI Piripikura. Alta pressão do avanço da fronteira agrícola sobre o limite oeste da PI Aripuanã e TI Roosevelt. Pressão moderada quanto ao avanço da fronteira agrícola e presença da rodovia MT-206, sobre o limite sul da TI Rio Pardo. Pressão sobre Terras Indígenas Pressão do avanço da fronteira agrícola sobre os limites leste das TIs Serra Pressão sobre os limites leste da TI Morena e Aripuanã; Aripuanã; sobre toda área da TI Arara também sobre o mesmo do Rio Branco e em menor proporção limite da PI Aripuanã; sobre TI Rio Pardo. pressão menor sobre o limite norte da TI Enawenênawê. - As UCs concentram-se na porção centro-norte da bacia, funcionando como 'tampão' da pressão ocupacional que avança desde a porção sul da bacia. Áreas de Interesse Conservacionista (Unidades de Conservação de Uso Integral e/ ou Uso Sustentável) Porção mais preservada da bacia e onde se encontra grande quantidade de Unidades de Conservação, que garantem a preservação da mata. Deve-se considerar, no entanto, certa pressão de ocupação quanto às rodovias presentes em seu território. Concentram-se nesta subárea UCs de uso sustentável e proteção integral. De maneira geral, não sofrem pressão, excluindo-se a porção a extremo leste do PE Igarapés do Juruena, cujo limite encontra-se próximo ao assentamento do INCRA presente no município de Cotriguaçu. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética - Tal qual a SA2, encontram-se em seu território UCs de uso sustentável e proteção integral, que garantem a preservação e seguram o avanço da ocupação. - - Possui parte de seu território ocupado por UCs de uso sustentável, mas que sofrem pressão quanto ao avanço da ocupação eminente em seu território. 320 5.5. Atores Sociais na Bacia do Aripuanã Para que se possa analisar a potencial efetivação processos conflituosos é necessário antes identificar os principais atores sociais atuantes na bacia, que, direta ou indiretamente, serão os responsáveis pelas reivindicações, oposições e denúncias das consequências dos potenciais efeitos negativos da implantação dos empreendimentos hidrelétricos sobre seus modos de vida ou sobre os aspectos socioambientais da bacia. Estes embates de interesse e de divergências das formas de apropriação, ou privações, dos usos dos recursos naturais da bacia, é que darão a base conceitual ao termo “conflito” para um grupo de potenciais impactos decorrentes da implantação de empreendimentos hidrelétricos na bacia do Aripuanã. A Tabela 5.5.1 a seguir mostra as principais organizações, sindicatos, associações, órgãos governamentais e não governamentais atuantes nos municípios que compreendem a bacia do rio Aripuanã. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 321 Tabela 5.5.1. – Organizações, sindicatos, associações, órgãos governamentais e não governamentais Mato Grosso Amazonas Brasil Órgãos Federais Ministério do Meio Ambiente Ministério do Planejamento Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ANA - Agência Nacional de Águas ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes FUNAI- Fundação Nacional do Índio CONAB - Cia Nacional de Abastecimento INCRA-Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Órgãos Estaduais Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico Secretaria de Estado de infraestrutura do Amazonas Secretaria de Estado da Prod. Agropecuária, Pesca e Desenvolvimento Rural Integrado Secretaria do Estado de Política Fundiária do Amazonas Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas Secretaria de Estado do Meio Ambiente SEPLAN - Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral SINFRA - Secretaria de Estado de infraestrutura SEDER - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural INTERMAT - Instituto de Terras de Mato Grosso Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso Rondônia INDEA - Instituto de Defesa Agropecuária do Estado Mato Grosso Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental - Rondônia Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária Secretaria de Estado da Saúde Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Presente no Município de Juína, Vilhena Vilhena, Cacoal Pimenta Bueno Aripuanã Presente no Município de Aripuanã, Castanheira, Cotriguaçu, Juína e Juruena 322 Amazonas Tabela 5.5.1 – Organizações, sindicatos, associações, órgãos governamentais e não governamentais (continuação) Órgãos Municipais Presente no Município de Secretaria Municipal de Obras de Apuí Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Apuí Apuí Secretaria de Saúde Municipal de Apuí Rondônia Mato Grosso SEMAPLAN - Secretaria Mun. de Administração e Planejamento SINFRA - Secretaria Municipal de Infra Estrutura SEMUSA - Secretaria Municipal de Saúde SEMDEC - Secretaria Municipal de Desenv. Econômico SEMTUR - Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer SEMAM - Secretaria Municipal de Meio Ambiente Secretaria Municipal de Agricultura Secretaria Municipal de Finanças Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo Secretaria Municipal de Obras e Infra Estrutura Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral Secretaria Municipal de Saúde Secretaria Municipal de Administração e Finanças Secretaria Municipal de Agricultura, Mineração e Meio Ambiente Secretaria Municipal de Saúde Secretaria Municipal de Infra Estrutura Secretaria Municipal de Planejamento Secretaria Municipal de Agricultura Secretaria Municipal de Planejamento Secretaria Municipal de Saúde Secretaria Municipal de Meio Ambiente Secretaria Municipal de Indústria Comércio e Turismo Secretaria Municipal de Administração e Fazenda Secretaria Municipal da Saúde Secretaria Municipal de Agricultura, Minas, Energia, Turismo e Meio Ambiente Coordenadoria de Planejamento SEMAF - Secretaria Municipal de Administração e Fazenda SEMAGRI - Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo SEMPLAN - Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral SEMSAU - Secretaria Municipal de Saúde Secretaria Municipal de Administração e Planejamento Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente Secretaria Municipal de Saúde Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Aripuanã Colniza Juína Cacoal Espigão D'Oeste Pimenta Bueno Ministro Andreazza 323 Amazo nas Rondônia Tabela 5.5.1. – Organizações, sindicatos, associações, órgãos governamentais e não governamentais (continuação) Associações, Organizações, Sindicatos e afins SEMAD - Secretaria Municipal de Administração SEMICAM - Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Agricultura e Meio Ambiente SEMPLAM - Secretaria Municipal de Planejamento SEMTER - Secretaria Municipal de Terras Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apuí Novo Aripuanã Associação Colônia de Pescadores Z9 MAB - Movimento dos Atingidos por Barragem Mato Grosso Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã Aripuanã Aripuanã/Colniza - Rondônia Associações, Organizações, Sindicatos e afins Associação dos Produtores Rurais Padre Ezequiel-APRUPE Associação Indígena do Povo Zoró - APIZ Associação Rural de Cacoal Associação Rural Aristides Fonseca Sindicato dos Trabalhadores Rurais Associação Comercial Industrial e Agro Pecuária Associação dos Produtores Rurais Produtores Comerciais Comunidade LH Kapa 80 Sindicato dos Trabalhadores Rurais Sindicato Rural dos Proprietários de Pimenta Bueno Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vilhena e Chupinguaia Associação dos Criadores Sul de Rondônia Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ministro Andreazza Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Vilhena Apuí Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Aripuanã Associação das Indústrias Madeireiras de Aripuanã Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Mato Grosso Conselho Gestor de Castanha do Povo Arara Associação dos Seringueiros dos rios Guariba e Roosevelt Cooperativa Mista dos Agricultores do rio Guariba COMIGUA Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cotriguaçu Sindicato dos Trabalhadores das Ind. Madeireiras de Juína Sindicato Rural de Cotriguaçu Sindicato Rural de Juína Sindicato das Indústrias Madeireira do Noroeste Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juruena Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Madeireiras Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município Presente no Município de Colniza Cotriguaçu Juína Juruena Rondolândia Presente no Município de Cacoal Espigão D'Oeste Pimenta Bueno Vilhena Ministro Andreazza Amazonas, Mato Grosso e Rondônia 324 Tabela 5.5.1. – Organizações, sindicatos, associações, órgãos governamentais e não governamentais (continuação) Organizações Não-Governamentais (ONGs) com atuação na Presente no município de Amazônia Assembleia de Deus Cacoal e Juína CEPEAM - Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Manaus Amazonas CIMI - Conselho Indigenista Missionário Porto Velho Conservação Internacional - Corredores de Biodiversidade Amazônia CPT - Comissão Pastoral da Terra Cuiabá, Porto Velho, Manaus Greenpeace Amazônia IELCB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Cacoal e Juína Instituto Centro de Vida Juruena OPAN - Operação Amazônia Nativa IDESAM - Inst. de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas Vilhena WWF - World Wildlife Fundation Assembleia de Deus CEPEAM - Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas CIMI - Conselho Indigenista Missionário Conservação Internacional - Corredores de Biodiversidade CPT - Comissão Pastoral da Terra Greenpeace IELCB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Apuí Apuí Cacoal e Juína Manaus Porto Velho Amazônia Cuiabá, Porto Velho, Manaus Amazônia Cacoal e Juína Instituto Centro de Vida Juruena OPAN - Operação Amazônia Nativa IDESAM - Inst. de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas WWF - World Wildlife Fundation Vilhena Apuí Apuí 5.6. Potenciais Conflitos Decorrentes da Implantação dos Aproveitamentos Hidrelétricos Neste item são descritos os potenciais conflitos gerados pela implantação de aproveitamentos hidrelétricos na bacia do rio Aripuanã. A análise final dos conflitos foi feita sob a ótica de três grandes fatores - Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, Meio Físico e Ecossistemas Terrestres e Socioeconomia. Com base nos levantamentos realizados e nas experiências empíricas dos técnicos em campo, foi traçado um quadro amplo da realidade da região, condizente a uma macro - caracterização de conflitos. Procurou-se obter, de cada técnico, a sua sensibilidade, o seu conhecimento da região, especialmente, a sua percepção e seu entendimento dos problemas, refletidos na identificação e na ponderação dos conflitos. As informações foram complementadas com os resultados obtidos nos seminários referentes às Consultas Públicas (Capítulo 7) realizadas, quando foram fornecidas novas informações sobre possíveis conflitos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 325 Como resultado, foi elaborado um quadro-síntese onde estão expostos os principais conflitos que poderão ser gerados com a implantação dos aproveitamentos a partir da análise de todas as informações disponíveis. 5.6.1. Cenário O Cenário para a análise dos potenciais conflitos que poderão surgir quando da implantação de aproveitamentos hidrelétricos na bacia leva em consideração a implantação de todos os empreendimentos planejados (selecionados nos Estudos de Inventário da bacia do Aripuanã) e os já existentes na bacia, conforme apresentado na Tabela 5.6.1. Este cenário está inserido em um contexto de análise para um horizonte de 20 anos (2026). Tabela 5.6.1. – Cenário e empreendimentos atuais e de longo prazo Cenário Existente 2006 Empreendimentos/Cota (m) PCH Juína UHE Dardanelos Prainha Sumaúma Quebra Remo Planejado 2026 Ilha 3 Quedas Cachoeira Galinha Inferninho Ilha São Pedro 5.6.2 Quadro-Síntese dos Conflitos Conforme descrito no item 5.2. - Procedimentos Metodológicos, foram realizadas pesquisas nos principais meios de comunicação, como internet, jornais e revistas, com intuito de verificar, em um primeiro momento, as diversas situações de conflito existentes na bacia. Às informações obtidas neste levantamento prévio, juntamente com um roteiro orientativo para a interpretação e preenchimento dos dados, subsidiaram à equipe técnica multidisciplinar, que participou na elaboração da AAI e do diagnóstico socioambiental dos Estudos de Inventário, na elaboração das fichas de identificação de conflitos. 24. Nas fichas constam seis colunas, sendo: Atributos, onde constam os Meios (físico, biótico e socioeconômico), suas subdivisões e as principais interferências; Grau de Conflito, que qualifica a intensidade do conflito, conforme quadro a seguir (Tabela 5.6.2.); Caracterização dos Conflitos e Segmentos Sociais Interessados, onde são apontados os atores sociais envolvidos ou possivelmente envolvidos no conflito. 24 Foram utilizadas como exemplo as planilhas de conflito elaboradas para o Inventário da Bacia do Rio Uruguai, realizado pela EPE. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 326 Os conflitos identificados são classificados conforme: NI (não identificado), quando o conflito exposto não é identificado na área de estudo, 0 (zero) quando não há possibilidade de conflito, e de 1 (um) a 4 (quatro) quando é identificada a possibilidade de conflito, indo de baixo a muito alto grau de conflito, respectivamente. Tabela 5.6.2. Legenda utilizada na caracterização do Grau de Conflito Legenda N.I. - não identificado NI Não há conflito 0 Baixo Grau de Conflito 1 Moderado Grau de Conflito 2 Alto Grau de Conflito 3 Muito Alto Grau de Conflito 4 5.6.3. Resultados O quadro síntese dos conflitos apresentado em anexo (Anexo 6), é uma compilação de planilhas respondidas por técnicos que trabalharam nos estudos da bacia do rio Aripuanã, inclusive realizando trabalhos de campo e/ou percorrendo a região para reconhecimento. Os principais conflitos relatados no meio biótico referem-se à interferência em ambientes ricos em biodiversidade, alteração da relação de espécies da fauna e da flora pela mudança de ambiente; interferência na sensibilidade ambiental; interrupção da rota migratória dos peixes; e interferência / supressão de vegetação marginal. Foram também relatados prejuízos nas áreas localizadas no lago da barragem e microbacias marginais, perda de recursos genéticos, alterações na dinâmica ecológica, além da interferência em políticas públicas de conservação e de desenvolvimento sustentável. Pelo fato dos empreendimentos não alagarem nenhuma área urbana, mas estarem próximo de áreas indígenas ou rurais, os conflitos gerados serão, quase sempre, sobre as populações indígenas ou tradicionais, podendo causar interferências sobre o modo de vida das comunidades étnicas, intensificar invasões e apropriações indevidas dos recursos de uso exclusivo de povos indígenas, interferências nas atividades econômicas rurais tradicionais, afetando as comunidades que praticam tal atividade. No aspecto das políticas governamentais que vem sendo implementadas na região, constatase um conflito de interesses entre as políticas conservacionistas e as políticas de desenvolvimento. Na bacia são implementados, concomitantemente, Planos e Programas que visam à preservação dos recursos naturais e etno-culturais, pela criação de unidades de conservação, terras indígenas e a redução do desmatamento, como também Programas de Desenvolvimento de infraestrutura, propondo a implantação de aproveitamentos hidrelétricos e a ampliação da malha viária, como o Programa de Aceleração do Crescimento. Com frequência esses Planos e Programas se sobrepõem territorialmente provocando conflitos de uso, e entre as diversas instituições de governo com jurisdição sobre a área. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 327 Outro aspecto que merece destaque, pelo potencial de geração de conflitos, é a grande afluência de população a ser atraída para a região pela construção dos aproveitamentos hidrelétricos. Os principais conflitos devem surgir nas áreas urbanas que servirão de apoio às obras, cidades que não contam com infraestrutura nem equipamentos sociais adequados para atender o acréscimo de população. Também devem surgir conflitos pelo convívio entre a população atraída e a população local, pelas diferenças culturais e de modos de vida entre elas. A localização dos aproveitamentos em áreas isoladas deve propiciar o surgimento de acampamentos improvisados próximos às obras, formado por pessoas que têm expectativas de serem contratados num futuro próximo. A formação, aliada às prováveis condições precárias desses acampamentos, deve gerar conflitos pela ocupação de terras, ações de desmatamento e o convívio com outros modos de vida existentes nessas localidades, além de prováveis problemas de violência. Em relação às atividades econômicas, os principais conflitos ocorrerão pelas interferências com as comunidades tradicionais, especialmente com os ribeirinhos, extrativistas e pescadores, residentes nas áreas a serem ocupadas pelos reservatórios. A recomposição das atividades econômicas por eles desenvolvidas, associada a uma estratégia de sobrevivência onde mais de uma atividade complementa a renda, demandará um esforço e tratamento específico na busca de soluções que permitam, às comunidades afetadas, manter o seu modo de vida. Outro ponto de conflito pode ocorrer com os produtores rurais e as prefeituras de Apuí e Novo Aripuanã, pela interferência no trecho navegável do rio Aripuanã próximo à localidade de MataMatá, na travessia da rodovia Transamazônica. De acordo com o AHIMOC (Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental) o rio Aripuanã possui uma extensão navegável de 300 km na época das cheias (março a maio), a partir da foz até a localidade de Mata-Matá. No período de vazante (agosto a outubro), a navegabilidade se reduz a 212 km a partir da foz, até Palmeirinha. Na época de cheias os produtores rurais embarcam o gado em Mata-Matá para Novo Aripuanã e Manaus, via rio Aripuanã. A construção do aproveitamento Prainha interferirá no uso dessa via de transporte numa extensão aproximada de 35,0 km, entre a barragem e Mata-Matá. A implantação de uma eclusa para transposição da barragem permitiria a manutenção dessa via de transporte. Quanto aos atores sociais envolvidos nos conflitos, foram identificadas as prefeituras, órgãos públicos federais e estaduais, algumas ONGs, população em geral e, principalmente, os ribeirinhos, pescadores, extrativistas e indígenas e pequenos produtores rurais. 5.6.3.1. Identificação de Conflitos por Subáreas Os principais conflitos esperados em função da implantação dos aproveitamentos propostos nos Estudos de Inventário para o cenário 2026, são descritos para as subáreas em que se localizam, sendo apresentados no Quadro 5.6.1. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 328 Quadro 5.6.1. - Principais Conflitos por Subárea - 2026 SA1 - Baixo Aripuanã AHE Prainha Conflito Institucional com o ICMBio pela inundação de área do PARNA Campos Amazônicos (20 ha); pela interferência com os modos de vida tradicionais – ribeirinhos, extrativistas e pescadores; Conflitos com ambientalistas e ONGs pelas interferências com a flora e fauna pela inundação de vegetação preservada; conflitos fundiários e de desmatamento provocados pela atração de população e aumento da pressão antrópica; interferência com trecho navegável do rio Aripuanã; interferência com a travessia da Transamazônica no rio Aripuanã. SA2 - Médio Aripuanã AHE Sumaúma Conflito institucional com órgãos ambientais estaduais pela inundação de parte da RDS do Aripuanã (283,8 km²), FES e do PE do Sucunduri; PE Igarapés do Juruena; com projetos extrativistas e com modos de vida tradicionais. Conflito pela implantação de estradas de acesso à obra em áreas com vegetação preservada, com aumento da pressão antrópica, abertura de frentes de ocupação e de atividades agropecuárias, provocando desmatamento e degradação socioambiental da área (problemas fundiários e aumento da violência). Conflitos com ambientalistas e ONGs pelas interferências com a flora e fauna pela inundação de áreas com vegetação preservada de interesse para conservação. AHE Quebra Remo Conflito institucional com a FUNAI pela inundação de parte da TI Arara do rio Branco (21,2km²) e interferências com o modo de vida tradicional da comunidade indígena. Com ambientalistas e ONGs pela inundação de áreas de vegetação preservada. Também são esperados conflitos pelo aumento do desmatamento e da pressão antrópica de ocupação, pela abertura de frentes de colonização e de produção agropecuária, com a consequente degradação socioambiental (conflitos fundiários e aumento da violência). A abertura e melhoria de estradas e interferência com a rodovia MT-206, também devem ser fontes de conflitos. SA3 - Alto Aripuanã AHE Ilha Três Quedas Conflito institucional com a FUNAI pela inundação de partes das TI Serra Morena (29,95km²), da TI Aripuanã (45,92km²) e Parque Indígena Aripuanã (45,56k,²) além de interferências com os modos de vida das comunidades indígenas. Com ambientalistas e ONGs pela inundação de áreas de vegetação preservada. Também é esperado aumento do desmatamento e da pressão antrópica de ocupação, pela abertura de frentes de colonização e de produção agropecuária, com a consequente degradação socioambiental (conflitos fundiários e aumento da violência). A abertura/ melhoria de estrada e interferência com as rodovias MT208 e MT-420, também deve ser fonte de conflitos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 329 Quadro 5.6.1. - Principais Conflitos por Subárea - 2026 (continuação) SA4 – Baixo Roosevelt AHE Cachoeira Galinha Conflito institucional com o ICMBio pela inundação de parte do PARNA Campos Amazônicos (139,9km²) e com a FUNAI pela proximidade do reservatório com a TI Tenharim do Igarapé Preto e interferências com os modos de vida da comunidade indígena. Com ambientalistas e ONGs pela inundação de áreas de interesse conservacionista. Também é esperado aumento do desmatamento e da pressão antrópica de ocupação em áreas do PARNA e das proximidades. Aumento da pressão antrópica e consequente degradação socioambiental pela proximidade da rodovia Transamazônica (BR-230), com aumento dos conflitos fundiários e da violência. AHE Inferninho Conflitos Institucionais com o ICMBio e OEMAs pela inundação de 154,32km² de Unidades de Conservação de Proteção Integral - EE do rio Roosevelt, PE do Tucumã, EE do rio Madeirinha, PE do Guariba e PARNA dos Campos Amazônicos; e de 115,49km² de Unidades de Conservação de Uso Sustentável – Resex Guariba – Roosevelt e Floresta estadual de Manicoré. Conflitos com a FUNAI pela inundação de 11,71km² da TI Tenharim do Igarapé Preto e interferências com os modos de vida da comunidade indígena. Conflitos com modos de vida e fundiários com comunidades tradicionais ribeirinhas, extrativistas e pescadores. Conflitos pela interferência em áreas de interesse turístico e pesca esportiva. Conflitos de interesse econômico pela interferência com áreas de mineração. Com ambientalistas e ONGs pela inundação de áreas de interesse conservacionista. Também é esperado aumento do desmatamento e da pressão antrópica de ocupação e consequente degradação socioambiental pela abertura de estradas para a implantação do aproveitamento. Aumento dos conflitos fundiários e da violência. SA5 – Médio Roosevelt Conflito Institucional com a FUNAI pela inundação de 9,3km² da TI Zoró e interferências com o modo de vida da comunidade indígena. AHE Ilha São Pedro Espera-se um aumento do desmatamento e da pressão antrópica de ocupação pela abertura de estrada para a implantação do aproveitamento, permitindo nova frente de colonização e avanço da agropecuária, com a consequente degradação socioambiental. Aumento dos conflitos fundiários e da violência. SA6 – Alto Roosevelt -- Subárea sem aproveitamentos. SA7 – Guariba -- Subárea sem aproveitamentos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 330 6. AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA 6.1. Aspectos Metodológicos Nesta etapa foram avaliados os efeitos da implantação dos empreendimentos hidrelétricos que compõem a alternativa de divisão de quedas selecionada nos Estudos de Inventário em um cenário de desenvolvimento da região projetado para 2026. Por meio de modelos de simulação foram projetados cenários temporais de desenvolvimento regional da bacia que permitiram estimativas das sensibilidades ambientais futuras. A metodologia utilizada para valoração e espacialização da sensibilidade ambiental dos diversos subespaços da bacia, dos impactos socioambientais dos aproveitamentos hidrelétricos e das consequentes fragilidades e potencialidades é semelhante à da Avaliação Ambiental Distribuída (AAD), apresentada no capítulo 4. As várias atividades que compõem a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) podem ser visualizadas na Figura 6.1.1. Num primeiro momento foram analisados os cenários macroeconômicos apresentados no Plano Nacional de Energia – 2030 e o Cenário Demográfico do IBGE 2050 que serviram de referência para a construção dos modelos de projeção. Para o cálculo das sensibilidades futuras foram analisadas as variáveis consideradas na Avaliação Ambiental Distribuída - AAD, as quais representam as condições naturais e o estado de conservação ou degradação dos recursos naturais, sendo selecionadas as mais adequadas à modelagem do cenário prospectivo. As variáveis selecionadas foram classificadas de acordo com a possibilidade de serem projetadas no futuro e do grau de confiabilidade dos resultados obtidos, em concordância com as tendências socioeconômicas consideradas. Assim, foram classificadas como variáveis autônomas, aquelas que podem ser projetadas no futuro e cujos resultados apresentam-se confiáveis. Foram classificadas como variáveis estáveis, aquelas que não têm condições de serem projetadas, por não sofrerem alterações com o tempo ou cujo resultado é incerto, e, como variáveis agregadas, àquelas cuja projeção pode ser associada à projeção de variáveis autônomas. Os modelos de projeção permitiram a estimativa dos valores das variáveis autônomas para o horizonte de 2026, gerando indicadores de variação temporal a serem utilizados nos cálculos das sensibilidades projetadas para cada um dos temas: Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, Meio Físico e Ecossistemas Terrestres e Socioeconomia. São também indicados os processos para a integração dos resultados ao Sistema de Informações Geográficas – SIG. Paralelamente ao indicado acima, a partir do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Aripuanã foi elaborado o cenário de geração hidrelétrica da bacia para 2026, permitindo a avaliação dos impactos dos empreendimentos futuros com a utilização da metodologia desenvolvida na AAD. Os cruzamentos dos mapas de sensibilidades projetados e dos impactos dos empreendimentos atuais e futuros permitiram a espacialização das fragilidades e potencialidades da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã nos seguintes cenários: Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 331 Cenário A – considera o desenvolvimento socioeconômico da bacia no horizonte de 20 anos, com os empreendimentos hidrelétricos existentes em 2006 (PCH Juína e UHE Dardanelos); e Cenário B – considera a implantação da alternativa de divisão de quedas prevista no Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã (2026). Os resultados da Avaliação Ambiental Integrada permitiram a análise e descrição dos dois cenários considerados. Cenários Macroeconômicos de Referência Matriz dos Indicadores por Tema AAI Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Aripuanã Cenário Futuro de Geração Hidrelétrica Classificação das Variáveis Construção de Modelos de Projeções Avaliação Impactos Empreendimentos Futuros Matriz de Impactos AAI Geração de Indicadores de Variação Temporal Sistema de Informação Geográfica Avaliação dos Efeitos Sinérgicos e Cumulativos Sistema de Informação Geográfica Cálculo das Sensibilidades Projetadas por Temas Mapeamento das Sensibilidades Projetadas Mapeamento dos Impactos dos Empreendimentos Atuais e Futuros Mapas de Fragilidades e Potencialidades por Cenários 2006 e 2026 Descrição e Análise dos Cenários Figura 6.1.1. Etapas de Desenvolvimento da Avaliação Ambiental Integrada Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 332 6.2. Cenários de Referência Para delinear o quadro socioambiental da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, no período de 2006 a 2026, foram analisadas as variáveis regionais selecionadas como determinantes desse quadro, tanto no âmbito das relações internas, como as relações com outras de âmbito nacional e, eventualmente, mundial. A seguir são indicadas as variáveis macroeconômicas que afetam a previsão dos contextos socioambientais futuros da bacia, por meio de sua influência sobre a dinâmica econômica regional. O Produto Interno Bruto Mundial, utilizado como fator que pode influenciar o crescimento econômico nacional e, consequentemente, a demanda de consumo de energia. O PIB Nacional, cujo crescimento influencia diretamente o PIB per capita nacional, o PIB municipal e o Valor Adicionado (VA) agropecuário, esses dois últimos considerados para estimar a evolução econômica na bacia. A População Total Brasileira que, juntamente com o PIB total, é utilizada para determinar a cada ano o valor do PIB per capita nacional. O PIB per capita Nacional, com o qual são comparados os PIB per capita das subáreas da bacia no processo de determinação das taxas esperadas de crescimento populacional. Neste trabalho, foram consideradas as projeções dos PIB mundial e nacional estabelecidas nos estudos do “Plano Nacional de Energia 2030 – Cenários Macroeconômicos”, publicado pelo MME/EPE, em 2007, constituindo-se numa referência para o planejamento de longo prazo do setor elétrico. As estimativas populacionais futuras adotadas para o país são as elaboradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sob o título “Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 1980-2050 (IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica - Revisão 2008)”. A Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, ainda com ocupação antrópica incipiente, tem como característica de destaque a conservação dos recursos naturais em grande extensão da bacia. Os índices representativos da dinâmica econômica internacional são considerados como premissas que interferem nos índices nacionais, utilizados nas previsões das taxas de crescimento que interagem com o processo de desenvolvimento dessa bacia. Esse processo é simulado por meio da modelagem desenvolvida no ambiente computacional Stella. As previsões permitem determinar o quadro socioambiental futuro, possibilitando tanto a identificação das sensibilidades da bacia como a criação do cenário sobre o qual incidirão os impactos dos aproveitamentos hidrelétricos projetados, permitindo a visualização das interfaces ambientais que são analisadas na Avaliação Ambiental Integrada. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 333 6.2.1. Cenários Macroeconômicos 6.2.1.1. Cenário Macroeconômico Mundial e Nacional A evolução econômica futura da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã está relacionada ao desenvolvimento das condições econômicas existentes, seja em relação às atividades produtivas como à continuidade da dinâmica populacional predominante nos últimos anos. O processo migratório tem sido um fator importante no estimulo econômico na bacia, incorporando novas áreas à produção agropecuária, impulsionando o setor industrial madeireiro e aumentando a demanda no setor de comércio e serviços. Para a análise do desenvolvimento econômico, optou-se por adotar um cenário otimista, onde o crescimento econômico nacional demandará maior consumo de energia e, consequentemente, a construção de novos empreendimentos hidrelétricos. Do ponto de vista ambiental, significará maior pressão sobre regiões onde os recursos hídricos para geração ainda são pouco explorados, aumentando o nível de conflito pelo uso dos recursos naturais. O desenvolvimento econômico da bacia é influenciado por fatores externos, principalmente, pelo crescimento positivo da economia mundial e nacional esperado para os próximos anos. Os cenários de desenvolvimento adotados correspondem àqueles indicados no Plano Nacional de Energia 2030 (MME/EPE 2007), onde, para o plano mundial, define o cenário mais favorável ao desenvolvimento, “Mundo Uno”, com taxa anual média de crescimento do PIB de 3,8% ao ano, para o período 2005-2030. Para o período 2000 – 2015 foram utilizadas as taxas médias de crescimento anual do FMI a preços correntes (FMI, World Economic Outlook Database, outubro 2010). Para a projeção do PIB Nacional foram utilizadas as taxas de crescimento econômico para o período 2000-2009, do IBGE (IPEADATA). Para os dois anos seguintes, 2010 e 2011, utilizaram-se as estimativas publicadas pela Pesquisa Focus (29/10/2010) do Banco Central do Brasil, indicando evolução do PIB Nacional em 7,6% e 4,5% ao ano, respectivamente. Na sequência, para o período final de projeção 2012 a 2026, adotaram-se as previsões do Plano Nacional de Energia 2030 (MME/EPE 2007), que estimam aumento do PIB da ordem de 5,1% ao ano. A evolução do PIB Mundial, PIB Nacional e o PIB per capita nacional é apresentada nas Figuras 6.2.1, 6.2.2 e 6.2.3, em termos de valores anuais e taxas anuais de crescimento. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 334 PIB Mundial Taxa de crescimento (%) Figura 6.2.1. - PIB Mundial e Taxa de crescimento anual PIB Nacional Taxa de crescimento (% aa) Figura 6.2.2. - PIB Nacional e Taxa de crescimento anual Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 335 PIB per capita nacional Taxa de crescimento (% aa) Figura 6.2.3. - PIB per capita Nacional e Taxa de crescimento anual 6.2.1.2. Cenário Demográfico O IBGE realiza atualizações periódicas de estimativas populacionais nos períodos intercensitários, com o objetivo de calcular os indicadores sociodemográficos e econômicos, além de subsidiar a formulação de programas de desenvolvimento pelos Ministérios e Secretarias Estaduais e Municipais e respectivas ações para a implementação e avaliação de políticas sociais. Essas estimativas se constituem também no principal parâmetro para a distribuição das quotas-partes relativas ao Fundo de Participação de Estados e Municípios, pelo Tribunal de Contas da União – TCU. A revisão 2008 da Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade incorpora as informações sobre as tendências da mortalidade, da fecundidade e da migração em nível nacional, no período de 1980 a 2050. Foi analisada a trajetória recente e futura da fecundidade, com base nas informações provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2002 a 2006. Com os devidos ajustes inerentes ao processo de modelagem, a fecundidade limite seria de 1,5 filhos por mulher, valor que será alcançado entre 2027 e 2028. Esse limite foi considerado como hipótese recomendada para a revisão 2008 da Projeção da População do Brasil. A taxa de crescimento populacional no país vem apresentando declínio desde a década de 1960, o que é intensificado com a diminuição da fecundidade em decorrência das transformações na sociedade brasileira em geral e, entre outros fatores, pelo acesso à educação que mudou os padrões culturais e reprodutivos entre as mulheres. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 336 250.000 1,8 225.000 1,6 200.000 1,4 175.000 1,2 150.000 1 125.000 0,8 100.000 0,6 75.000 50.000 0,4 25.000 0,2 Ano População em 1º de julho 2027 2025 2023 2021 2019 2017 2015 2013 2011 2009 2007 2005 1996 0 1980 0 taxa de crescimento Figura 6.2.4. - Evolução da População do Brasil, 1980 – 2026 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética (% a.a) (1.000 habitantes) A partir do período 1950-1960, a taxa de crescimento da população recuou de 3,04% ao ano para 1,05% em 2008. Mas, em 2050, a taxa de crescimento cairá para –0,291%, que representa uma população de 215,3 milhões de habitantes. Segundo as projeções, o país apresentará um potencial de crescimento populacional até 2039, fruto do balanço entre os nascimentos e os óbitos ocorridos no País. A partir daí espera-se que a população atinja o chamado “crescimento zero”. Depois desse ano seriam registradas taxas de crescimento negativas, que correspondem a queda no número da população. A trajetória demográfica estimada pelo IBGE para o Brasil, no período de 1980 a 2026 está apresentada na Figura 6.2.4. 337 6.2.2. Cenário de Geração Hidrelétrica na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã 6.2.2.1. Diretrizes e Premissas para a Construção dos Cenários de Geração Hidrelétrica na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã As diretrizes e premissas para a construção dos cenários descritos neste item, que contemplam o período de 2006 a 2026, foram obtidas nos Planos Decenais de Expansão de Energia e no Plano Nacional de Energia 2030 (MME/EPE). Esses planos se constituem em instrumentos de planejamento, incorporando uma visão integrada da expansão da demanda e da oferta de recursos energéticos nos períodos considerados, buscando a sua eficiência e o respeito às questões socioambientais, definindo cenários de referência para as ações de expansão equilibrada da oferta de energia, com sustentabilidade técnica, econômica e ambiental. Objetivam também orientar e subsidiar a realização dos futuros leilões de compra de energia de novos empreendimentos de geração e de transmissão, além da definição da priorização de estudos de viabilidade de novas usinas geradoras, bem como definir quais os estudos de inventários deverão ser realizados ou atualizados. São realizadas atualizações anuais, necessárias para balizar os planos, de forma a incorporar as mudanças nas previsões de crescimento do consumo, assim como reavaliar a economicidade e viabilidade dos projetos de geração e inserir novos projetos, cujos estudos tenham sido concluídos. Assim, o planejamento orienta as ações governamentais e oferece uma correta sinalização a todos os agentes do setor energético, com a antecedência necessária à implantação de novos empreendimentos, permitindo a eficiente alocação de investimentos que se traduz pelo barateamento do custo da energia. As análises que integram os planos decenais são orientadas pelas diretrizes de longo prazo, de até 30 anos, estabelecidas nos Planos Nacionais de Energia Elétrica, que estão consolidadas no último plano, PNE 2030 para o período de 2007/2030. O PNE 2030 recomenda como opção prioritária a fonte primária hidrelétrica, em termos quantitativos, para o suprimento dos requisitos de energia elétrica do país até 2030, partindo da premissa que a evolução da Matriz energética no período considerado apresenta uma maior diversificação como pode ser observado na Tabela 6.2.1. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 338 Tabela 6.2.1. - Evolução da Matriz Energética - 2005/2030 Matriz 2005 2030 Lenha e carvão vegetal 13,0% 5,5% Hidráulica e eletricidade 14,8% 13,5% Carvão mineral 6,3% 6,9% Gás natural 9,4% 15,5% Urânio 1,2% 3,0% Petróleo e derivados 38,7% 28,0% Produtos da cana de açúcar e outras fontes renováveis (etanol, H-Bio(*), biodiesel e outras) 16,7% 27,6% (*) Processo de produção de óleo diesel, a partir de óleo vegetal, desenvolvido pela Petrobrás. Fonte: MME/ EPE- Plano Nacional de Energia – PNE 2030 Além da priorização da fonte hidrelétrica, o PNE 2030 considera critérios socioambientais para a análise de projetos de geração e transmissão, a partir do desenvolvimento de índices de sustentabilidade, de acordo com as interações que se estabelecem com o meio natural e com a sociedade. Este enfoque objetiva subsidiar os sucessivos ciclos de planejamento com novos projetos e alternativas mais sustentáveis. No PNE 2030, a geração hidrelétrica de grande porte teve um tratamento específico, pois cerca de 60% do potencial a ser aproveitado situa-se na bacia Amazônica, que se encontra ocupada, em grande parte, por reservas florestais, parques nacionais e terras indígenas. A exploração desse potencial irá demandar estudos especiais, orientados para a sustentabilidade ambiental dos projetos. Assim, independentemente da economicidade que possa apresentar o aproveitamento desse potencial, considerou-se as restrições objetivas ao seu desenvolvimento, como forma de internalizar a questão ambiental. Essas restrições, embora genéricas, limitam a potência hidrelétrica a ser desenvolvida. O PNE considerou priorizar a realização, até 2012, dos estudos de inventário das bacias hidrográficas dos rios onde se localizam as usinas hidrelétricas consideradas para aproveitamento até 2030. Simultaneamente à conclusão desses inventários, o PNE recomenda a realização de estudos de viabilidade das usinas hidrelétricas com os melhores índices de economicidade, visando disponibilizar uma carteira de projetos a ser considerada no âmbito dos Planos Decenais e a priorização ao desenvolvimento do potencial hidrelétrico das bacias hidrográficas indicadas como objeto de avaliação ambiental integrada. Além dessas premissas, o planejamento do setor elétrico deve considerar o que foi estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), quanto ao risco de não atendimento da demanda de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) que não poderá exceder a 5% em cada um dos sistemas que o compõem. Isto é, considera-se como risco de déficit anual a probabilidade de que a oferta de energia elétrica seja menor do que a Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 339 carga de energia a ser atendida, em pelo menos um mês das séries do ano não importando a magnitude do déficit. 6.2.2.2. Cenários de Geração Hidrelétrica Para compor o cenário de geração hidrelétrica para o período 2006-2026, necessário à Avaliação Ambiental Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã, foram analisados os seguintes planos: Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica – PDEE 2006-2015; Plano Decenal de Expansão de Energia – PDEE 2007/2016; Plano Decenal de Expansão de Energia 2019 – PDE 2019, para o período de 2010-2019 e o Plano Nacional de Energia -2030. O Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (PDEE) 2006-2015 considerou três trajetórias de evolução da economia com base nos cenários macroeconômicos estudados: alta, baixa e de referência. Esta última, considerada como a mais provável, foi utilizada para os estudos de demanda de energia e a consequente definição dos projetos de geração prioritários. Tabela 6.2.2. -Taxa de Crescimento do PIB (% ao ano) - Brasil Trajetória 2005 2006 2007-2011 2012-2015 2005-2015 Alta 3,0 4,5 4,5 6,0 5,1 Referência 3,0 4,0 4,0 4,5 4,2 Baixa 3,0 3,0 3,0 3,5 3,2 Fonte: EPE- Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006-2015 Além dos cenários macroeconômicos considerados nesse Plano foi realizada a avaliação socioambiental considerando o grau de impacto potencial de cada projeto por meio de indicadores para os elementos físico-bióticos e socioeconômicos. Com base nesses critérios foram identificadas as obras consideradas ambientalmente viáveis e com prazos de início de operação compatíveis com aqueles necessários ao desenvolvimento das diversas etapas de projeto, licenciamento ambiental e construção, considerando também as incertezas nos processos de aprovação e licenciamento. No Programa de Obras de Geração Hidrelétrica definido no PDEE 2006-2015, foi inserida a UHE Dardanelos, localizada no rio Aripuanã, classificada na categoria 1, ou seja, com impactos muito pouco significativos e significativos, nos meios físico-biótico e socioeconômico, respectivamente. Esse empreendimento encontra-se em construção, e a entrada em operação comercial está prevista para o primeiro semestre de 2011. Em 2006, a EPE iniciou os estudos necessários para a atualização do plano anterior, que subsidiaram a elaboração do Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2007-2016, publicado em dezembro de 2007. Este PDEE incorporou uma visão integrada da expansão da demanda e da oferta de diversos energéticos além da energia elétrica, considerando o sistema existente, a interligação dos sistemas isolados e as fontes de geração: hidrelétricas, biomassa, carvão mineral, Pequena Central Hidrelétrica, gás natural, co-geração, eólica e repotenciação de usinas existentes. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 340 Segundo os dados do PDEE 2007-2016, cerca de 70% do potencial hidrelétrico a ser aproveitado encontra-se na região amazônica ou no cerrado, cujos biomas ocupam cerca de dois terços do território nacional. No entanto, é na Amazônia que esse potencial hidrelétrico concorre com áreas de proteção legal como Terras Indígenas e Unidades de Conservação, o que pode dificultar o processo de licenciamento dos empreendimentos. Acresce-se a esse fato, a preocupação sobre os impactos ambientais, principalmente da emissão de gases de efeito estufa, que a expansão da demanda e da oferta de energia poderão provocar. O uso de outras fontes como o etanol, o biodiesel o usos de óleos vegetais na produção de diesel (H-bio) e a geração de energia elétrica a partir fontes renováveis, ou seja, cogeração a partir de biomassa, centrais eólicas, energia solar, além da nuclear apresentam-se como alternativas para a promoção da eficiência energética, entretanto não excluem as fontes convencionais. Considera-se também nesse plano a contribuição do desenvolvimento tecnológico para a superação dos desafios relacionados ao abastecimento energético confiável, eficiente, seguro e ambientalmente aceitável em benefício dos diversos setores da sociedade. A eficiência energética, considerada nesse planejamento decenal, também está relacionada à conservação e ao uso racional de energia que vêm sendo aplicados no país. A partir dessas considerações, a projeção da demanda final de energia, por fonte energética para o período de 2006/2016, foi realizada com base em duas trajetórias de crescimento da economia, inferior e superior, conforme apresentado nas Tabelas 6.2.3 e 6.2.4. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 341 Tabela 6.2.3. -Estrutura Final do Consumo Energético*, por fonte (%) - Trajetória Inferior Fonte 2006 2011 2016 Gás natural 6,2 7,2 6,9 Lenha 9,1 7,9 6,3 Bagaço de cana 8,0 7,9 7,7 18,4 19,4 20,0 Álcool etílico carburante 4,1 4,8 5,5 Biodiesel 0,0 1,4 1,4 Outros 14,2 13,1 14,1 Derivados de petróleo 40,0 38,4 38,0 Óleo diesel 19,3 18,4 18,8 Óleo combustível 3,1 2,8 2,7 Gasolina 7,8 7,4 7,2 Gás liquefeito de petróleo 4,1 3,8 3,5 Outros derivados de petróleo 5,8 5,9 6,0 100,0 100,0 100,0 Eletricidade Consumo final energético Fonte: EPE – Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2007/2016 Tabela 6.2.4. - Estrutura Final do Consumo Energético*, por fonte (%) - Trajetória Superior Fonte 2006 2011 2016 Gás natural 6,2 7,2 7,0 Lenha 9,1 7,7 6,1 Bagaço de cana 8,0 7,9 7,8 18,4 19,5 20,0 Álcool etílico carburante 4,1 4,7 5,5 Biodiesel 0,0 1,4 1,4 Outros 14,2 13,1 14,1 Derivados de petróleo 40,0 38,5 38,2 19,3 18,6 19,0 Óleo combustível 3,1 2,9 2,7 Gasolina 7,8 7,3 7,1 Gás liquefeito de petróleo 4,1 3,8 3,4 Outros derivados de petróleo 5,8 5,9 6,0 100,0 100,0 100,0 Eletricidade Óleo diesel Consumo final energético Fonte: EPE – Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2007/2016 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 342 Com o objetivo de planejar a expansão da geração e das principais interligações, de forma a atender as projeções de demanda, compreendida entre as trajetórias inferior e superior estudadas, o referido Plano propõe um cenário considerando: o sistema de geração existente; as fontes de geração que poderão assumir papel importante no parque gerador até 2016, destacando-se: a geração de energia elétrica a partir de hidrelétricas de médio e grande porte; de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs; de termelétricas a biomassa, a gás natural, a óleo combustível, a carvão mineral e as usinas eólicas. Como uma das premissas consideradas em todos os estudos de cenário de expansão do parque gerador, o PDEE 2007-2016 propõe suprir a demanda por meio da energia hidrelétrica. Nesse contexto, destaca-se a realização de estudos de Avaliação Ambiental Integrada em diversas bacias, com o objetivo de identificar e avaliar os impactos cumulativos e sinérgicos dos impactos ambientais, decorrentes da proposição de diversos aproveitamentos hidrelétricos em uma mesma Bacia Hidrográfica. Desta forma, o planejamento indica o pleno aproveitamento do potencial hidrelétrico, de forma ambientalmente adequada. Para compor o quadro de atendimento à demanda, estão sendo desenvolvidos estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental de vários projetos, de forma a torná-los aptos a obterem a habilitação técnica para serem ofertados em leilões de compra de energia proveniente de novos empreendimentos. Da mesma forma, novos estudos de inventário estão sendo realizados, para melhor avaliar potencial hidrelétrico nacional, incorporando a variável socioambiental. No PDEE 2007-2016 foram priorizadas seis bacias hidrográficas, apresentadas na Tabela 6.2.5. cujos estudos de inventário estão em andamento. Tabela 6.2.5. - Bacias Hidrográficas Priorizadas para Estudos de Inventário Bacia Hidrográfica Potência (MW) Branco 2.000 Trombetas 3.000 Aripuanã 3.000 Jari 1.100 Sucunduri Juruena Total 650 5.000 14.750 Fonte: EPE – Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2007/2016 Os estudos de inventário propostos indicarão os novos empreendimentos a serem considerados nos ciclos futuros do planejamento. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 343 Para complementar o cenário de geração hidrelétrica do PDE 2007/2016, foi também analisado o Plano Decenal de Expansão de Energia 2019, que abrange o período de 2010 a 2019, ambos elaborados pela EPE. O PDE 2019 prevê um programa de obras para a expansão da infraestrutura de geração e de transporte de energia, a partir do cenário macroeconômico de referência, que considera as perspectivas de preços do petróleo, as premissas demográficas e setoriais, com as seguintes variáveis: crescimento populacional e consequente acréscimo no consumo domiciliar e demandas nos setores de comércio, serviços e sua vinculação ao setor industrial; a expansão da economia com reflexos na renda e no consumo de energia elétrica pela população; a expansão e diversificação da produção industrial; a evolução da eficiência energética pela conservação de energia pelo seu potencial de deslocamento de consumo; o crescimento da autoprodução de energia, verificada, principalmente no setor industrial e suas consequências sobre a parcela da demanda a ser atendida pelo sistema elétrico. Além dessas variáveis, o planejamento considera a retomada da participação das fontes renováveis na matriz elétrica, a partir do ano de 2014, como alternativa às fontes baseadas em combustíveis fósseis, contribuindo para a sustentabilidade das fontes de geração. O PDE 2019 foi elaborado considerando os indicadores do nível de atividade econômica ao longo do ano de 2009, tanto no Brasil quanto nos demais países, após a crise internacional instalada a partir de setembro de 2008. Segundo esse estudo, no caso brasileiro, o cenário de referência adotado reflete a percepção de que um novo ciclo de crescimento da economia brasileira esteja se consolidando para os próximos anos. As análises do PDE 2019 consideraram os estudos do PNE 2030, que estabeleceram os cenários econômicos e energéticos para o país com base em quatro trajetórias distintas, com as seguintes taxas anuais médias de crescimento do PIB no período de 2005 a 2030: Cenário A com 5,1%, Cenário B1 - 4,1% Cenário B2 – 3,2% e Cenário C com 2,2%, considerando as duas formas em que a energia é consumida: eletricidade e combustível. Na construção desses cenários foi previsto o crescimento do setor de serviços na economia, aumento da participação do setor industrial de maior valor agregado e um aumento da posse de equipamentos eletrodomésticos pela população. Como resultado, verificou-se nesses estudos que o consumo de energia elétrica cresce a taxas maiores que as da energia em geral, conforme pode ser verificado na Tabela 6.2.6. Tabela 6.2.6 – Brasil - Período 2005/2030 - Taxa Média de Crescimento de Energia Cenário A Cenário B1 Cenário B2 Cenário C Energia* 4,3 3,6 3,1 2,5 Energia Elétrica 5,1 4,1 3,9 3,5 * Exclusive consumo no setor energético e usos não energéticos Fonte: MME/EPE – Plano Nacional de Energia - PNE 2030. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 344 A formulação dos cenários macroeconômicos do PDE 2019 se dá no contexto do cenário de referência B1, no qual se considera que o crescimento da economia brasileira deverá superar um crescimento mais moderado da economia mundial. Além disso, foram considerados os elementos conjunturais e as definições e estratégias de médio prazo, que podem influenciar parâmetros relevantes no horizonte decenal, particularmente as taxas de expansão da economia. Assim, embora o nível de recuperação da atividade econômica brasileira tenha ensejado projeções de crescimento em torno de 4,0% e 4,5%, em patamar um pouco inferior ao de antes da crise internacional de 2008 (cerca de 5% ao ano), o PDE 2019 considera a expansão econômica em torno de 5,0% ao ano. A partir dos cenários considerados, o planejamento define quais os estudos deverão ser priorizados para o atendimento às demandas. 6.2.2.3. Cenários de Geração Hidrelétrica na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã Para a Avaliação Ambiental Integrada da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã considera-se o período da 2006-2026, a partir dos seguintes cenários: Cenário A: que tem como base o desenvolvimento econômico da área de estudo no horizonte de 20 anos (2026), sem a implantação da alternativa de divisão de queda prevista nesse estudo de inventário. Ou seja, serão considerados somente os empreendimentos que atualmente se encontram em operação ou que possuam Outorgas de Concessão ou de autorizações emitidas pela ANEEL; Cenário B: que considera o desenvolvimento socioeconômico da área de estudo no horizonte de 20 anos (2026), com todos os empreendimentos que compõem a alternativa selecionada, implantados e em operação, adicionalmente aos empreendimentos que atualmente se encontram em operação ou que possuam Outorgas de concessão ou de Autorização emitidas pela ANEEL. Para a definição dos cenários de geração de energia hidrelétrica, de acordo com a metodologia proposta para os estudos de Avaliação Ambiental Integrada (AAI) para o período de 20062026, deverão ser consideradas as condições do Sistema Integrado Nacional – SIN. Ou seja, as usinas hidrelétricas em operação com potência superior a 30 MW e as premissas conjunturais estabelecidas no planejamento do setor energético, que constam no PDEE 20062015 e PDE-2019, produzidos pela EPE, assim como as diretrizes do Plano Nacional de Energia - PNE 2030. A Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã é considerada no PNE 2030, com o potencial de geração a ser aproveitado no horizonte de 2015. Essa inclusão baseou-se nos critérios de sustentabilidade para a geração de energia, que balizaram os estudos realizados para a formulação dos citados planos. Com base nessa premissa e nos cenários estudados no PDEE 2007-2016, essa Bacia Hidrográfica foi considerada como uma das prioritárias para o desenvolvimento de estudos de inventário. Na metodologia de AAI, devem-se considerar também os projetos de implantação de PCHs, pelo potencial de impactos que representam no conjunto de empreendimentos da bacia. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 345 Além das PCHs, há as denominadas Centrais Geradoras Hidrelétricas - CGH, caracterizadas pela geração de energia com potência inferior a 1.000 kW (1 MW). Na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã foi registrada em março de 2004, conforme Despacho nº 157 da ANEEL, a CGH Espigão, localizada no córrego rio Preto, município de Espigão do Oeste - RO, com uma unidade hidrogeradora de 900 kW de potência instalada. 6.2.2.3.1. Cenário Atual de Geração sem a Implantação das Obras Previstas neste Inventário Como usina de grande porte, encontra-se em fase final de construção a UHE Dardanelos, incluída no PDEE 2006-2015, como passível de integrar o sistema de geração em 2010, conforme consta na Tabela 6.2.7. a seguir. Tabela 6.2.7. – Características da UHE Dardanelos UHE Dardanelos Rio UF Aripuanã MT Sistema SE/CO Potência (MW) 261 Etapa Projeto Projeto Básico Data Plano 2010 Avaliação Socioambiental Impactos Categoria AB 1 Nível de Incerteza Classe II Fonte:MME/ EPE- Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006-2015 A UHE Dardanelos está localizada na margem direita do rio Aripuanã e é alimentada por um canal que garante a vazão para a geração de energia e para a manutenção das cachoeiras Dardanelos e Andorinhas. No período seco e de baixa vazão, a UHE Dardanelos deixa de operar. De acordo com o contrato de concessão celebrado entre a União e a Concessionária, a UHE Dardanelos deverá gerar 261 MW em cinco unidades geradoras. A entrada em operação comercial da 1ª unidade estava prevista para o primeiro trimestre de 2011 e da 5ª unidade em agosto de 2011. A oferta de energia na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, no cenário atual (2006) é obtida pela geração de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs e de Centrais Geradoras Hidrelétricas – CGHs, a seguir descritas: PCH Juína – localizada no rio Aripuanã, no município de Juína-MT, com potência instalada de 5,3 MW; CGH - Aripuanã – localizada no rio Aripuanã, com potência instalada de 800 kW. PCH Faxinal I, localizada no rio Aripuanã, com duas unidades geradoras, sendo uma de 398 kW e outra de 2.390 kW, totalizando 2.788 kW (2, 788 MW), conforme a Portaria DNEE nº 236, de 26/06/1996, que concedeu a autorização para a sua construção. Com a entrada em operação da UHE Dardanelos, haverá perda de geração de energia por esta PCH. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 346 PCH Faxinal II, localizada no rio Aripuanã, com potência instalada de 10 MW, conforme autorização concedida pela ANEEL na Resolução nº 637, de 22/11/2002. Também esta PCH sofrerá perda de geração de energia com a entrada em operação da UHE Dardanelos. CGH Espigão, registrada na ANEEL, com 0,9 MW de potência instalada, localizada no córrego Rio Preto, município de Espigão do Oeste. As PCHs Faxinal I e II e a CGH Aripuanã encontram-se na Área de Influência da UHE Dardanelos. A Figura 6.2.5. apresenta a localização desses empreendimentos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 347 Figura 6.2.5. - Empreendimentos hidrelétricos no cenário atual 2006, na bacia do rio Aripuanã Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 348 6.2.2.3.2. Cenário de Longo Prazo com a Implantação dos Empreendimentos Previstos nos Estudos de Inventário A Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã foi considerada no Plano Nacional de Energia 2030, como uma das bacias prioritárias para a implantação de empreendimentos hidrelétricos. Por outro lado as projeções de crescimento da economia nacional previstas nos cenários macroeconômicos estudados nos Planos Decenais de Geração de Energia Elétrica e também no PNE 2030 indicam que para o atendimento à demanda de consumo até o horizonte de 2026, o potencial hidrelétrico dessa bacia deverá ser totalmente aproveitado. Assim, para a Avaliação Ambiental Integrada que compõe o Estudo de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, deverão ser considerados como implantados os empreendimentos previstos nesse inventário. Como apresentado no Item 3.2 deste relatório, a alternativa de divisão de queda selecionada pela combinação de critérios de custo-benefício e de impacto ambiental compreende sete aproveitamentos. Quatro deles localizados no rio Aripuanã (de jusante para montante): Prainha, no km 300, com potência instalada (PI) = 796,4 MW, Sumaúma, no km 426, com PI = 458,2 MW, Quebra Remo, no km 633, com PI = 267,8 MW e Ilha 3 Quedas, no Km 820, com PI = 115,5 MW. Três aproveitamentos no rio Roosevelt são: Cachoeira Galinha no km 33, com PI = 399,8 MW, Inferninho, no Km 140, com PI = 361,1 e Ilha São Pedro, no Km 390, com PI = 131,0 MW. A Tabela 6.2.8 e a Figura 6.2.6 apresentam a divisão de quedas da alternativa selecionada, mais os dois empreendimentos existentes, a UHE Dardanelos, no km 815, com PI = 261,0 MW (com operação prevista para o primeiro semestre de 2011) e a PCH Juína no Km 1059, com PI = 5,3 MW, em operação, totalizando 9 empreendimentos na bacia. Tabela 6.2.8. - Divisão de Quedas da Alternativa Selecionada APROVEITAMENTO RIO ARIPUANÃ ROOSEVELT Nome Prainha Localização ARI - 300 Sumaúma POTÊNCIA (MW) Montante 48,0 Jusante 26,0 ARI – 426 77,0 48,0 458,2 Quebra Remo ARI – 633 105,0 83,0 267,8 Dardanelos ARI - 815 212,5 120,0 261,0 Ilha 3 Quedas ARI - 820 245,0 216,0 115,5 PCH Juína ARI – 1.059 SI (*) SI (*) 5,3 Cachoeira Galinha RO – 33 70,0 48,0 399,8 Inferninho RO – 140 97,0 70,0 361,1 Ilha São Pedro RO – 390 130,0 110,0 131,0 SI – sem informação Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética NÍVEIS D’ÁGUA (m) 796,4 349 Figura 6.2.6. - Empreendimentos hidrelétricos no cenário 2026, na bacia do rio Aripuanã Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 350 6.3. Modelagem de Cenários 6.3.1. Aspectos Metodológicos Neste item é descrito o processo metodológico do desenvolvimento das ferramentas de modelagem, o processo de escolha das variáveis utilizadas na composição do modelo de projeções e sua aplicação na geração dos cenários utilizados para o mapeamento das fragilidades e potencialidades. A elaboração de cenários tem como objetivo criar, dentro de um horizonte de tempo determinado, uma situação viável, de modo a fornecer informações que auxiliem na tomada de decisões aos administradores nas ações de planejamento estratégico, públicas ou privadas. Como apresentado por alguns autores, e adotado em outros estudos de Avaliação Ambiental Integrada, a elaboração conceitual de um processo de modelagem inclui as seguintes etapas: definição do objetivo do modelo; definição dos contornos do modelo e identificação de suas variáveis-chaves; descrição do comportamento dos modelos de referência das variáveis-chaves; elaboração de diagrama dos mecanismos básicos do sistema; definição das técnicas e ferramentas de modelagem e construção do modelo; calibração e análise de consistência dos resultados; projeção, propriamente dita, dos cenários. O primeiro passo na elaboração do modelo é a identificação do objetivo principal a ser alcançado de modo a permitir a definição das variáveis e estabelecer a sua estrutura. Na construção do modelo é importante identificar todos os componentes que integram o cenário a ser projetado, selecionando aqueles que sejam necessários para alcançar o objetivo pretendido. Ao mesmo tempo deve-se evitar incluir variáveis desnecessárias, que não agregam informação e possam aumentar a complexidade do modelo. As variáveis selecionadas, dependendo de suas características, podem ser endógenas, quando estas são parte integrante do modelo, ou exógenas, que não são afetadas pelo sistema, como as variáveis de ambiente, caso dos cenários de referência e as variáveis de controle - políticas ou de gestão - e os recursos e condições iniciais. O modelo de referência corresponde à evolução temporal de uma variável-chave, vindo a se configurar como parâmetro do modelo construído. São elaborados com dados observados ou de projeções, podendo ser úteis na verificação da plausibilidade do modelo elaborado. Uma das etapas importantes corresponde à identificação dos mecanismos básicos de funcionamento e das inter-relações do sistema, também denominados diagramas causais. Esta etapa permite visualizar as variáveis envolvidas no processo e como elas se relacionam, permitindo a percepção do conjunto do modelo. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 351 6.3.2. Construção do Modelo Após análise e avaliação das diferentes etapas de construção do modelo relacionadas no item anterior, deu-se sequência a elaboração do modelo de projeção do cenário de 2026 para a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, com o objetivo de desenvolver os estudos da avaliação ambiental integrada. Na elaboração dos cenários socioeconômicos de referência foi utilizado o modelo de dinâmica de sistemas STELLA V.9.1.4. (High Performance Systems, 2010) seguindo a recomendação do Manual de Inventário Hidroelétrico de Bacias Hidrográficas MME/CEPEL, 2007. No modelo, os diagramas dos mecanismos básicos do sistema, os diagramas causais, podem ser facilmente construídos, utilizando os elementos fornecidos pelo modelo, denominados: estoques, fluxos, conversores e conectores, representados por símbolos, como pode ser observado na Figura 6.3.1. Esses elementos são definidos de acordo com a variável em análise, permitindo estabelecer as relações entre eles, utilizando equações, tabelas e gráficos. Figura 6.3.1. - Ferramentas do software STELLA para construção de modelos A descrição de cada um desses símbolos, de acordo ao apresentado na AAI do rio Doce (EPE/Sondotécnica, 2007) é apresentada a seguir: “Estoque: representado por um retângulo, é o elemento básico da construção do modelo, sendo também conhecido como variável de nível. Estoques são a acumulação dentro do sistema, o valor presente que resulta da diferença acumulada entre o influxo, entradas no sistema, e o efluxo, saídas do sistema. É importante notar que a unidade de medida de um componente do sistema não serve para distinguir estoques de fluxos. Alguns estoques são definidos por meio de medidas que consideram o fator tempo, e isto pode causar confusão. Um teste para determinar se uma variável é um estoque ou fluxo é verificar se a variável vai ou não continuar a existir (e ter sentido) em um sistema que tenha sido separado do resto. Se toda a atividade em forma de fluxos cessar, os estoques vão ainda existir. Fluxo: desenhado como um tubo e um regulador de fluxo, é a taxa de mudança de um nível que aumenta ou diminui seu conteúdo. As taxas definem o presente, fluxos instantâneos que produzem as variações entre estoques no sistema, e correspondem à atividade. Os níveis (estoques) medem o estado resultante ao qual o sistema foi levado pela atividade (fluxos). Conversor: representado por um círculo, serve para vários propósitos. É usado para armazenar valores constantes ou manipular e converter entradas por meio de cálculos Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 352 auxiliares por intermédio de equações, gerando valores de saída para uso em outra variável. Pode substituir uma representação de estoque/fluxo sempre que não haja preocupação com os processos que enchem ou drenem um estoque. São empregados para explicitar os detalhes de uma lógica que, de outra maneira, ficaria oculta. No mais, conversores podem representar parâmetros do modelo em forma de valor, tabelas ou gráficos. Conector: representado por uma seta que conecta diferentes variáveis. É utilizado para mostrar causalidade e permite a transmissão de informação entre fluxos e conversores, mas nunca entre estoques (apenas fluxos podem mudar os estoques)”. 6.3.3. Seleção de Variáveis Na elaboração dos cenários prospectivos as variáveis a serem selecionadas para a construção do modelo devem representar adequadamente as características relevantes da região em estudo, neste caso à Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, como também permitir a sua projeção no tempo para gerar o cenário pretendido. Para atingir tal objetivo foram selecionados indicadores socioeconômicos e ambientais representativos das condições atuais, que ao serem projetados seguindo as tendências de desenvolvimento socioeconômico e ambiental nacional e da bacia, estruturam o cenário prospectivo do ano 2026, sobre o qual deve ser implantada a divisão de queda selecionada. Na fase da Avaliação Ambiental Distribuída (AAD) foram destacadas as principais características da bacia, a partir das quais foram selecionados os indicadores de sensibilidade ambiental. De modo a manter uma coerência na continuidade dos estudos, optou-se por selecionar entre os indicadores utilizados, nessa fase, aqueles que fossem os mais adequados à modelagem do cenário prospectivo. A análise dos Indicadores de Sensibilidade utilizados na Avaliação Ambiental Distribuída permitiu a identificação de 9 variáveis apropriadas para o desenvolvimento das projeções. Alguns critérios básicos foram observados na sua escolha, sendo selecionados aqueles indicadores que representam características socioeconômicas e ambientais importantes da bacia; as que apresentam variação no tempo; as que permitem a sua mensuração e cujos dados são de fácil acesso, como aqueles fornecidos regularmente por instituições oficiais. A Tabela 6.3.1 apresenta os Indicadores de Sensibilidade Ambiental utilizados na Avaliação Ambiental Distribuída com as respectivas variáveis ambientais. São destacadas em cor azul as variáveis selecionadas para a elaboração das projeções na Avaliação Ambiental Integrada. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 353 Tabela 6.3.1. - Variáveis Selecionadas para a elaboração dos cenários futuros. nº INDICADOR VARIÁVEIS 1 Recursos Hídricos 2 Ecossistemas Aquáticos 3 Meio Físico 4 Ecossistemas Terrestres 5 Pressão Populacional 6 Modos de Vida 7 Condições de Vida 8 Uso e Ocupação do Solo 9 Comprometimento Econômicas 10 Organização Territorial 11 Compensação Elétrico do Setor 12 Capacidade de Gestão Compensação Financeira da das Financeira Atividades Uso do Solo Densidade Demográfica Rotas Migratórias Ambientes Relevantes Erosão Superficial e Concentrada Integridade da Vegetação Áreas Protegidas Áreas Prioritárias Crescimento Demográfico Densidade Demográfica Grau de Urbanização Infraestrutura viária Populações Indígenas + Unidades de Conservação Populações Tradicionais - Extrativistas e Ribeirinhas Assentamentos/Ocupação Rural População urbana Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) Índice de Gini Índice de Violência nos Municípios Nº de Leitos Hospitalares Áreas ocupadas por Matas e Florestas Aptidão Agrícola dos Solos Valor Agregado pelo Setor Agropecuário Produto Interno Bruto Municipal (PIBM) Atividades Econômicas Arrecadação Municipal Restrições Legais do Uso do Solo Organização Político-Administrativa Instrumentos de Gestão Municipal Infraestrutura Viária Dinamismo Econômico (PIB) Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) Arrecadação Municipal Instrumentos de Gestão Municipal Instrumentos de Gestão Ambiental 6.3.4. Organização dos Dados As informações socioeconômicas utilizadas para elaborar as projeções e as respectivas subáreas em que se dividiu a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã encontram-se agregadas por município. Na bacia, o território da maioria dos municípios que a integram, extrapola, e muito, os limites das áreas em análise, além das sedes municipais encontrarem-se localizadas fora da bacia, o que impede a utilização das informações municipais em forma direta. Na falta de dados referenciados à Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, e das subáreas em que esta se dividiu, foi necessário desagregar as informações para definir os dados iniciais a serem considerados na modelagem dos indicadores para o cenário 2026. Os dados municipais foram estimados de forma proporcional à porção territorial englobada pela bacia ou pelas subáreas. Essa opção permitiu uma estimativa dos dados mais aproximada da realidade que a alternativa de adotar os valores brutos agregados por município. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 354 Para a desagregação dos dados municipais adotou-se como critério as características socioambientais, as atividades econômicas existentes e a extensão territorial das subáreas. Levou-se em consideração também a presença de áreas urbanas, tendo presente o nível administrativo - sedes municipais ou distritos - como indicador da atividade econômica desenvolvida. Os centros urbanos concentram as atividades dos setores da Indústria e do Comércio e Serviços, comparativamente com a área rural. Pelo conhecimento da bacia obtido na fase de elaboração do diagnóstico, considerou-se que em torno de 80% do Valor Agregado dos setores Industrial e de Comércio e Serviços é gerado nas áreas urbanas e cerca de 20% nas áreas rurais. No caso da presença de distritos, estimou-se que eles geram 10% do Valor Agregado. Os 20% do Valor Agregado pelos setores industrial e de comércio e serviços na área rural do município, distribuem-se em forma proporcional à participação da população residente na área em relação à população total do município, considerando-se a população como geradora das atividades. O valor agregado pela atividade agropecuária nas subáreas foi determinado em função da participação proporcional da extensão da subárea em relação ao total do território do município. Como descrito no Capitulo 4.2.2., Volume II deste Apêndice F, a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã foi dividida em 7 subáreas (SA), a saber: SA1 – Baixo Aripuanã; SA2 – Médio Aripuanã; SA3 – Alto Aripuanã; SA4 – Baixo Roosevelt; SA5 – Médio Roosevelt; SA6 – Alto Roosevelt; e SA7 – Guariba. As subáreas apresentam dinâmicas diferenciadas determinadas pelas suas características econômicas e socioambientais. A presença (ou não) de assentamentos rurais, áreas urbanas, atividades minerárias, áreas extrativistas, unidades de conservação, terras indígenas e infraestrutura viária, exercem um papel importante na dinâmica e evolução do seu crescimento. Em função dessas características foram determinadas as tendências evolutivas e os respectivos ajustes, consideradas no modelo de projeção das subáreas para o cenário de referência, ano 2026. A representação espacial das subáreas em que se dividiu a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã é mostrada na Figura 6.3.2. a seguir. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 355 Figura 6.3.2. - Bacia Hidrográfica do Aripuanã, com as subáreas e municípios que a integram. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 356 6.3.5. Construção dos Cenários A elaboração de cenários futuros é uma tentativa de projetar a situação atual num horizonte predeterminado. No entanto, as relações de causa-efeito que influenciam a evolução dos comportamentos sociais e econômicos são altamente complexas, nem sempre passiveis de serem representadas num modelo de projeções. Desse modo, é necessário assumir algumas simplificações na sua construção, mantendo-se, sempre, a perspectiva de não comprometer o objetivo pretendido. Na construção do modelo de projeção para a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, simplificações e premissas também tiveram que ser introduzidas. Os cenários macroeconômicos de referência utilizados são um exemplo dessa simplificação. Eles representam o ambiente dentro dos quais o modelo projetado se desenvolverá, constituindo uma condicionante externa (exógena) de influência sobre os valores das variáveis socioeconômicas internas (ou endógenas) que determinarão a evolução do cenário em análise. Dentro desse contexto foram apresentados os cenários macroeconômicos mundial e nacional, do Plano Nacional de Energia 2030 e o cenário demográfico (Item 6.2.1). A divisão da bacia em subáreas, com dinâmicas econômicas e tendências evolutivas diferenciadas, também se constitui numa simplificação do modelo. A mesma situação é aplicável à seleção de variáveis, utilizadas nos indicadores. Cabe destacar que os diagramas causais apresentados para cada setor criado no modelo de projeções foram desenvolvidos dentro do ambiente Stella, utilizando-se os elementos estruturais básicos próprios desse software (estoques, fluxos, conversores e conectores). No processo de modelagem foram utilizados os seguintes parâmetros: o período de calibragem compreendeu os anos 1991 a 2006, período com dados disponíveis para a maior parte das variáveis; Nos diagramas causais, os dados iniciais que alimentam o estoque foram referenciados ao ano 2001. Quando não disponíveis foram estimados com base nos dados observados de outros anos; A descrição das variáveis, os coeficientes definidos e as Tabelas elaboradas encontram-se no Anexo 5. 6.3.5.1. População A estimativa de população para o cenário do ano 2026 foi realizada com base nas informações produzidas pelo IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000; Contagem da População 2007 e da Projeção da População do Brasil por sexo e idade: 1980-2050; Revisão 2008. A população da bacia foi estimada em função da densidade de população rural dos municípios envolvidos e da população urbana, esta última representada pelas sedes municipais localizadas dentro da bacia, Novo Aripuanã e Apuí, no Estado do Amazonas; Aripuanã, Colniza e Rondolândia, no Estado de Mato Grosso e Ministro Andreazza no Estado de Rondônia. A população dos municípios que integram total ou parcialmente a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã vem crescendo de forma significativa nas últimas décadas, sendo observadas taxas Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 357 de 2,1% ao ano no período 1991/2000 e de 1,5% ao ano no período de 2000/2007, taxas superiores às observadas no Brasil, 1,62% a.a. e 1,15% a.a., respectivamente. O crescimento intenso de população deve-se à influencia das migrações para os estados de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, atraídas pelos incentivos governamentais para a ocupação da Amazônia Legal, implementados a partir da década de 1970. A política governamental promoveu a abertura de novas estradas e implantação de projetos de assentamentos rurais e urbanos voltados para pequenos agricultores. A ampla maioria dos municípios que fazem parte da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã é resultante desse processo. Atualmente a migração de população ainda é um fator importante no crescimento populacional da região, como observado nos levantamentos do IBGE (Censo Demográfico de 2000 e Contagem de População de 2007. O processo de urbanização da população, fenômeno de ocorrência nacional, não tem sido diferente na bacia. A migração rural/urbana tem levado à redução de população rural na maior parte dos municípios integrantes da bacia (11 dos 14 municípios), seja no período 1991/2000, no de 2000/2007 ou em ambos. Assim, municípios como Novo Aripuanã no Estado do Amazonas; Aripuanã, Castanheira, Juína, Juruena, Ministro Andreazza e Rondolândia no Estado de Mato Grosso; e Cacoal, Espigão d’Oeste, Pimenta Bueno e Vilhena no Estado de Rondônia, tiveram redução de população rural. Cabe destacar que no caso do município de Aripuanã (MT), a redução de população, tanto rural como urbana, decorre do desmembramento do seu território quando da implantação do município de Colniza, em 2001. As sedes municipais absorveram parte da população rural migrante, no entanto em alguns municípios houve perda líquida de população, como no caso dos municípios de Castanheira, Rondolândia, Ministro Andreazza, Pimenta Bueno e Aripuanã. Ao analisar a distribuição da população nas subáreas observa-se que há crescimento de população em quatro das sete subáreas, atribuindo-se esse resultado à presença de sedes municipais de maior porte ou por incluir áreas rurais onde há a presença de projetos de assentamentos rurais e/ou pela existência de estradas. Na primeira situação encontram-se a SA1-Baixo Aripuanã, com as cidades de Novo Aripuanã e Apuí, e a SA2-Médio Aripuanã, com as cidades de Colniza e Aripuanã. Na segunda situação podem ser citadas a SA4-Baixo Roosevelt e a SA7-Alto Guariba, que abrangem parte do território dos municípios de Novo Aripuanã e Colniza, e Aripuanã e Colniza respectivamente. No município de Colniza destacamse os projetos de assentamento Filinto Muller e a Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt. Estas subáreas também são atravessadas pela rodovia estadual MT-206, que interliga a cidade de Colniza (MT) com os estados de Rondônia (cidade de Machadinho do O’Este) e Amazônia (rodovia Transamazônica (BR-230). Em sentido oposto, as subáreas SA3-Alto Aripuanã, SA5-Médio Roosevelt e SA6-Alto Roosevelt, localizadas na região sul da bacia, apresentaram taxas de crescimento negativas resultando em intensa perda de população ao longo do período 1991-2007, ainda que no último segmento observado, 2000-2007, as taxas se mantiveram ainda negativas, porém, em percentuais significativamente menores às do período anterior (1991-2000), como apresentado na Tabela 6.3.2. Estas subáreas possuem como característica principal as extensas áreas do seu território ocupadas com Terras Indígenas, além de possuírem taxas altas de emigração de população rural. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 358 Tabela 6.3.2. - Evolução da população por Subárea entre os anos 1991, 2000 e 2007 Taxa média anual de Crescimento (% a.a.) População Subáreas 1991 2000 2007 1991/2007 1991/2000 2000/2007 SA1-Baixo Aripuanã 13.917 25.226 40.495 6,90 6,83 7,00 SA2-Médio Aripuanã 13.795 19.574 39.764 6,84 3,96 10,66 SA3-Alto Aripuanã 6.187 4.369 3.829 (-2,95) (-3,79) (-1,87) SA4-Baixo Roosevelt 2.649 3.713 5.434 4,59 3,82 5,59 SA5-Médio Roosevelt 38.412 30.440 27.260 (-2,12) (-2,55) (-1,56) SA6-Alto Roosevelt 11.710 7.433 6.332 (-3,77) (-4,92) (-2,26) 2.630 2.527 3.658 2,08 (-0,44) 5,43 89.300 93.282 126.771 2,21 0,49 4,48 SA7-Guariba População Total Fonte: Elaboração Themag, com base nos dados censitários e de contagem da população do IBGE. Projeção de População A projeção da população no Brasil é atualizada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, periodicamente, sendo a “Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade 1980 – 2050”, revisão 2008, a publicação mais recente. As informações apresentadas indicam que no país, desde a década de 1950, a taxa de crescimento da população vem decrescendo paulatinamente, passando de aproximadamente 3,0% ao ano, no período 1950/60, para 1,05% ao ano em 2008. Mantendo-se a tendência estima-se que em torno do ano 2039 seja atingido o denominado “crescimento zero”, a partir do qual as taxas de crescimento passam a serem negativas, tendo início o declínio da população. Na metodologia, o IBGE utiliza os componentes demográficos de mortalidade, fecundidade, e movimentos migratórios para determinar as projeções populacionais do Brasil, das Grandes Regiões e Unidades da Federação. Os dados para o período 1980-2030 podem ser acessados no site do IBGE (www.ibge.gov.br). A estimativa de população para a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã foi calculada com base nos dados de projeção da população para os estados da Amazônia, Mato Grosso e Rondônia no período 1980-2030 (IBGE). Sendo o objeto da análise da Avaliação Ambiental Integrada o período 2006-2026 adotou-se ano 2000 como base de cálculo da projeção, data do último Censo Demográfico, além dos dados da Contagem de População do ano 2007. As informações dos anos 2000 e 2007 correspondem a dados observados, com os quais se estimaram as populações das sete subáreas em que se dividiu a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, servindo também de base para calibrar as taxas de crescimento, de modo a compensar as diferenças entre o crescimento das subáreas, influenciadas pela migração, e as taxas de crescimento dos estados (Ver Anexo 5). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 359 O crescimento da população ocorre de forma diferenciada dentro da bacia. O processo de ocupação baseado em políticas públicas que utilizaram a implantação de projetos de assentamentos, rurais e urbanos, como instrumentos de atração de imigrantes para a Amazônia, favorecendo o crescimento populacional nas regiões onde estes foram instalados. Por outro lado, regiões onde a ocupação é antiga, com extensas áreas ocupadas por Terras Indígenas e/ou Unidades de Conservação, apresentam hoje menor capacidade de expansão e, por tanto, menor atratividade, provocando emigração de população, como observado pelas taxas de crescimento negativas. O cálculo da projeção de crescimento populacional levou em consideração as especificidades de cada subárea, ajustando as projeções do IBGE para os Estados à realidade das subáreas, sendo definido um percentual sobre a taxa de crescimento vegetativo denominado Taxa de Ajuste Fator Migração. Subáreas com crescimento populacional positivo, no período 1991/2007, evoluíram a taxas significativamente superiores às taxas projetadas para os estados. Esta situação ocorre nas subáreas SA1–Baixo Aripuanã; SA2–Médio Aripuanã; SA4–Baixo Roosevelt e SA7–Guariba, subáreas nas quais pode-se constatar algumas características que influenciam essa situação. Na análise de projeção da população foram consideradas as projeções de crescimento da economia nacional, como também as intenções do governo federal de melhorar a infraestrutura viária nacional, onde se considera o asfaltamento de rodovias como a Transamazônica. Ainda que estas metas não sejam plenamente alcançadas, pode-se supor que essa situação manterá a pressão de ocupação populacional nessas subáreas, sobretudo quando associada à melhoria das condições das estradas, principalmente, na época das chuvas, quando ficam parcialmente intransitáveis. Por outro lado, taxas de crescimento populacional negativas foram observadas nas SA3 – Alto Aripuanã, SA5 – Médio Roosevelt e SA6 - Alto Roosevelt no período 1991/2007, evoluindo a taxas significativamente inferiores às taxas projetadas para os estados. Estas subáreas correspondem a setores de ocupação mais antiga, cujas áreas rurais encontram-se praticamente consolidadas, além de ter como limitante à expansão das atividades produtivas a existência de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, que ocupam grande parte da Subárea. Essas características desestimulam a fixação da população na área, provocando o êxodo rural. A expectativa de crescimento econômico nacional para os próximos anos, que aos poucos se consolida, permite prever que influencie também no desenvolvimento das SA3, SA5 e SA6. Por sua vez, planos nacionais de melhoria de infraestrutura devem contemplar as rodovias, como também os serviços de saneamento básico e de eletrificação rural, melhorando as condições de vida da população nessas subáreas, o que deve redundar numa fixação maior da população. Em função dessas condicionantes e observando as taxas decrescentes de emigração dos últimos anos, considerou-se que as taxas continuariam decrescendo, porém num ritmo menor. A seguir é apresentado o gráfico com a evolução da população e taxa de crescimento da população na bacia no período 2000 – 2026 (Figura 6.3.3.). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 360 5,0 200.000 4,0 150.000 3,0 100.000 2,0 50.000 1,0 0 0,0 Taxa de Crescimento (% ao ano) 250.000 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08 20 10 20 12 20 14 20 16 20 18 20 20 20 22 20 24 20 26 Habitantes BACIA DO RIO ARIPUANÃ Evolução da População Total da Bacia, 2000 - 2026 Habitantes Tx de Crescimento anual da população Figura 6.3.3. - Evolução da População e Taxa Estimada de Crescimento da População para o Total da Bacia do rio Aripuanã, período 2000-2026 A Figura 6.3.4. mostra o diagrama causal do modelo Stella para o setor população. A projeção teve como base a população observada nos anos 2000 e 2007 (IBGE), a estimativa de crescimento populacional do IBGE 1980/2031 para os estados de, Amazônia, Mato Grosso e Rondônia, nos quais se insere a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã. O coeficiente taxa de migração da população (CoefTxMigrPop) cumpre a função de calibrar as taxas de crescimento estaduais aos dados de crescimento da população observados nas respectivas subáreas da bacia. Figura 6.3.4. - Diagrama causal do cenário de referência de população Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 361 6.3.5.2. Setores Econômicos A evolução econômica da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã está relacionada tanto com o desenvolvimento das atividades produtivas existentes como pela continuidade da dinâmica populacional dos últimos anos. O processo migratório tem contribuído como fator de estímulo econômico no desenvolvimento regional, incorporando novas áreas à produção agropecuária, desenvolvendo o setor industrial, via beneficiamento de madeira, e aumentando a demanda no setor de comércio e serviços. O desenvolvimento econômico da bacia também deve ser influenciado por fatores externos, onde o crescimento da economia nacional deve exercer um papel importante. As projeções de crescimento para o período 2005 - 2030, realizadas no Plano Nacional de Energia 2030 (MME/EPE 2006/2007), estimam um aumento do Produto Interno Nacional (PIB) da ordem de 5,1% ao ano num cenário otimista, expectativa de crescimento que aos poucos se consolida. Outro fator que deve favorecer o crescimento econômico na bacia é o propósito do Governo Federal de investir em infraestrutura através do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC 1 e PAC 2, planos que têm entre os objetivos a melhora de rodovias e dos serviços de saneamento básico no país, principalmente no abastecimento de água e na coleta e tratamento de esgotos. Em termos gerais, dos projetos que podem vir a beneficiar a região podem ser mencionados o asfaltamento da rodovia Transamazônica (BR-230) e melhoras no saneamento básico nas áreas urbanas dos municípios. A melhora da Transamazônica, e de outras estradas em geral, deve fortalecer a economia local, tanto pelo investimento em si, como pela melhora das condições de trafegabilidade, e consequente redução de custos do transporte de mercadorias. Outro aspecto a ser considerado é o Programa Luz para Todos que visa à intensificação da eletrificação rural, levando energia elétrica à população rural. Ainda que estas metas gerais dos planos não sejam plenamente alcançadas, pode-se supor que o desenvolvimento da economia nacional dará condições para a implementação de alguns desses projetos, disponibilizando recursos numa região carente de investimentos públicos, gerando empregos e fortalecendo a economia local. Além do desenvolvimento econômico, a implantação dos projetos trará melhoras nas condições de vida da população residente, benefício que deve estimular a fixação da população nos seus atuais locais de residência, como também servir de atrativo para os imigrantes de outras regiões do país. Assim, espera-se que o cenário econômico nacional que se projeta para o futuro influencie de forma positiva o desenvolvimento dos setores econômicos dentro da bacia. O diagrama causal dos cenários de referência para o PIB Nacional, População Nacional e para a determinação do PIB per capita é apresentado na Figura 6.3.5. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 362 Figura 6.3.5. - Diagrama causal do cenário de referência do PIB Nacional e PIB per capita Nacional a) Setor Agropecuário O Valor Agregado pela atividade agropecuária é o produto entre a extensão de área destinada à atividade e a produtividade obtida nessas áreas. Essa relação depende também de outras variáveis tais como demandas do mercado, desenvolvimento tecnológico e condições climatológicas que, dependendo das condições, determinam fortes oscilações nos Valores Agregados observados nos municípios, tanto anualmente como entre municípios vizinhos, não se configurando um padrão evolutivo. Para a modelagem do crescimento do Valor Agregado para as subáreas, ainda que com essas incertezas, foram estimadas as taxas de produtividade para as respectivas bacias adotando os dados municipais anuais, do período 2000 a 2007 (IPEADATA/IBGE). A Tabela 6.3.3 apresenta as áreas utilizadas e os resultados do Valor Adicionado pela agropecuária nas subáreas no ano 2006. (Ver Anexo 5). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 363 Tabela 6.3.3. - Áreas utilizadas e produtividade por subárea Produtividade Agropecuária Reais/ano 2000 Vegetação e Uso do Solo (*) Subáreas Área Total (km²) Áreas de uso Agropecuário (km²) (1) Formações Naturais (km²) Outras Áreas (km²) Produtividade R$/km² (ano 2006) (**) (2) Valor Adicionado pela Agropecuária (ano 2006) (R$ Mil) (1X2) SA1 Baixo Aripuanã 29.328 1.070 27.695 563 27.596 29.527 SA2 Médio Aripuanã 32.549 3.409 29.002 138 9.083 30.964 SA3 Alto Aripuanã 15.141 2.650 12.419 72 9.687 25.671 SA4 Baixo Roosevelt 17.933 855 16.950 128 10.730 9.174 SA5 Médio Roosevelt 25.175 4.369 20.692 114 14.168 61.900 SA6 Alto Roosevelt 15.795 634 15.094 67 18.768 11.899 SA7 Guariba 10.336 621 9.699 16 9.783 6.075 146.257 13.608 131.551 1.098 12.876 175.210 TOTAL BACIA (*) Planimetria - Mapa de Vegetação e Uso do Solo da Bacia (**) Calculado com base na produtividade por município A evolução do Valor Agregado da Agropecuária na bacia pode ser influenciada tanto por fatores externos, como o desenvolvimento econômico nacional e mundial, como internos, pelo aumento da produtividade por unidade de área como também pelo potencial de expansão da área destinada à produção agropecuária. Ainda que a incorporação de novas áreas seja possível, ela apresenta limitações. Por encontrar-se na região amazônica, os estabelecimentos rurais localizados na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã possuem restrições à expansão da ocupação de terras pela Lei 4.771/65 – Código Florestal, e modificações posteriores, que limita a supressão da vegetação na propriedade até no máximo 20% da sua área, desde que sejam preservados os 80% restantes a título de reserva legal. Na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, o avanço da fronteira agrícola se deu mais tarde que nas bacias vizinhas. A ocupação mais ostensiva ocorre a partir dos anos de 1980, intensificando-se na década seguinte, permanecendo até os dias de hoje. No contexto geral da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, as áreas sem restrições de uso, situadas fora das Terras Indígenas, Unidades de Conservação e áreas urbanas, corresponderiam às áreas de estabelecimentos rurais passíveis de serem utilizadas na agropecuária. No entanto, pelas restrições impostas pelo Código Florestal, o potencial de expansão da área explorada com agropecuária na bacia, se for considerada esta como um estabelecimento agropecuário, se encontraria muito próximo de atingir o seu limite. Com base nessa premissa, o potencial de expansão remanescente seria da ordem de 10% da área já destinada à agropecuária. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 364 A Tabela 6.3.4. apresenta a extensão das áreas com potencial para expansão da atividade agropecuária por subárea, podendo ser observado que algumas delas já teriam excedido o limite de 20% de ocupação. Tabela 6.3.4. - Áreas para expansão Agrícola Subáreas Área Total (km²) Áreas Urbanas (km²) Unidades de Conservação (km²) Terras Indígenas (km²) Área fora das TI, UC e áreas urbanas (km²) 20% da área remanescente fora das TI, UC e áreas urbanas passíveis de desmatamento (km²) Área de Uso Agropecuá rio atual (km²) Áreas para expansão da agropecuá -ria (km²) SA1 29.328 7 9.567 348 19.406 3.881 1.070 2.811 SA2 32.549 11 8.793 6.305 17.440 3.488 3.409 79 SA3 15.141 10 290 7.476 7.365 1.473 2.650 -1.177 SA4 17.933 3 7.579 1.853 8.498 1.700 855 845 SA5 25.175 3 449 9.586 15.137 3.027 4.369 -1.342 SA6 15.795 0 232 13.853 1.710 342 634 -292 SA7 10.336 6 897 2.859 6.574 1.315 621 694 Bacia 146.257 40 27.807 42.280 76.129 15.226 13.608 1.618 100,0 0,0 19,0 28,9 52,1 20,0/100,0 89,4 10,6 % Obs.: SA1 - Baixo Aripuanã, SA2 - Médio Aripuanã, SA3 - Alto Aripuanã, SA4 - Baixo Roosevelt, SA5 - Médio Roosevelt, SA6 - Alto Roosevelt, SA7 – Guariba. No modelo de projeção do indicador Valor Agregado da Agropecuária foram utilizados como parâmetros de crescimento, o potencial de aumento da ocupação de novas áreas na bacia e o aumento da produtividade por unidade de área ocupada. No caso do desenvolvimento econômico, como fator de crescimento, estima-se que este se mantenha ainda alto no futuro próximo. A incorporação de novas áreas à produção deve evoluir num ritmo decrescente, limitada por fatores tais como, o aumento da pressão do governo e da sociedade pela preservação da floresta amazônica e pelo menor potencial produtivo das áreas remanescentes, uma vez que as melhores terras teriam sido ocupadas anteriormente. O aumento da produtividade também deve ser decrescente no tempo, tendendo a estabilização. Por outro lado, nas subáreas onde a ocupação teria ultrapassado o limite de desmatamento, determinado segundo os critérios definidos pelo Código Florestal, a incorporação de novas áreas deve continuar, no entanto, a um ritmo menor que nas subáreas onde ainda há terras com potencial de ocupação. A Figura 6.3.6. apresenta o diagrama causal do Valor Agregado da agropecuária. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 365 Figura 6.3.6. - Diagrama causal do Valor Agregado da agropecuária 6.3.5.3. Aspectos Sociais - Condições de Vida O cenário das condições de vida da população foi elaborado com base no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). O Índice de Desenvolvimento Humano é elaborado com base em três componentes, renda, longevidade e educação. A renda da população é medida através do PIB per capita, a longevidade pela expectativa de vida ao nascer e a educação pelo índice de analfabetismo e taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. Os três parâmetros têm a mesma importância no índice, que varia de zero (nenhum desenvolvimento) a um (desenvolvimento humano total). Municípios com índices de até 0,499 têm desenvolvimento considerado baixo; entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento e com IDH a partir de 0,800 com desenvolvimento humano alto. O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil apresenta os resultados do IDHM para os anos de 1991 e 2000, nos quais os municípios da bacia encontram-se num nível médio de desenvolvimento humano, tanto no levantamento de 1991 como no de 2000, como pode ser observado na Tabela 6.3.5. Na década de 1990 o IDHM evoluiu positivamente em todos os municípios, aproximando-se do patamar superior de desenvolvimento, ainda que não o suficiente para ser considerado como nível alto de desenvolvimento. Nesse período, foram observados aumentos de 2,6% no caso do município de Juruena (MT) até 15,5% no município de Ministro Andreazza (RO). Por outro lado, analisando a situação entre os municípios, pode ser constatado que se encontram num nível de desenvolvimento relativamente próximo, variando em 23,6% entre o de menor desenvolvimento, Novo Aripuanã (AM) com IDHM de 0,624, e o de maior desenvolvimento, Vilhena (RO) com IDHM de 0,771. Comparativamente com a situação do Brasil, que possuía no ano 2000 um IDH de 0,766 e dos estados de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, que contavam com IDH de 0,713, de 0,773 e de 0,735 respectivamente, a maior parte dos municípios possuem menor desenvolvimento, somente aqueles pertencentes à Rondônia encontram-se em situação similar ou superior ao nível do Estado. No contexto da bacia, apenas o município de Vilhena possui IDH superior ao do país. Como parâmetro de referência, o município com melhor desenvolvimento humano no Brasil, no ano 2000, foi São Caetano do Sul (SP), com 0,919. (Tabela 6.3.5.). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 366 Tabela 6.3.5. - Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil, Estados e Municípios 1991 - 2000 País, Estados e Municípios IDHM, 1991 IDHM, 2000 Brasil 0,696 0,766 Amazonas 0,664 0,713 Mato Grosso 0,685 Rondônia Posição (2) Taxa de Crescimento 1991-2000 Período (%) 10,06 1,07 16º 7,38 0,79 0,773 9º 12,85 1,35 0,660 0,735 14º 11,36 1,20 Apuí (AM) 0,616 0,676 12º 9,74 1,04 Novo Aripuanã (AM) 0,559 0,624 35º 11,63 1,23 Aripuanã (MT) 0,640 0,704 98º 10,00 1,06 Castanheira (MT) 0,629 0,730 68º 16,06 1,67 Colniza (MT) (1) - Cotriguaçu (MT) 0,691 0,721 79º 4,34 0,47 Juína (MT) 0,666 0,749 47º 12,46 1,31 Juruena (MT) 0,732 0,751 44º 2,60 0,29 Rondolândia (MT) (1) - - - Período (%) - - - - - - - Cacoal (RO) 0,673 0,755 3º 12,18 1,29 Espigão d'Oeste (RO) 0,647 0,738 11º 14,06 1,47 Ministro Andreazza (RO) 0,607 0,701 27º 15,49 1,61 Pimenta Bueno (RO) 0,663 0,754 4º 13,73 1,44 Vilhena (RO) 0,710 0,771 1º 8,59 0,92 (1) (2) Fonte: Município criado após 2000. Posição dos Estados no Brasil e dos municípios no Estado. PNUD, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. O IDHM, no cenário de longo prazo 2026, deve continuar a tendência de evolução positiva do período 1991/2000, sendo os parâmetros que compõem o índice, educação, longevidade e renda, influenciados pelo desenvolvimento socioeconômico esperado para o país pela implementação das políticas públicas propostas para educação e saneamento básico. No aspecto econômico, o cenário positivo de desenvolvimento (PNE 2030- MME/EPE), propiciará também o crescimento econômico na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, influenciando na renda familiar e no PIB per capita. As políticas governamentais que visam, no nível nacional, investimentos em infraestrutura de saneamento básico, devem trazer benefícios diretos para a saúde da população, principalmente, nos municípios da bacia onde estes serviços são deficitários. Na educação, as políticas públicas aplicadas no setor vêm dando resultados há mais tempo, fazendo evoluir a componente educação a taxas maiores que as da longevidade e da renda, chegando, no ano 2000, a que alguns municípios tivessem atingido um patamar alto de desenvolvimento nesse componente, como Juruena, Cacoal, Pimenta Bueno, Vilhena e Juína. A Figura 6.3.7. mostra o diagrama causal do modelo de projeção do IDHM. (ver Anexo 5). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 367 Figura 6.3.7. - Diagrama Causal do Índice de Desenvolvimento Humano 6.3.6. Calibragem e análise de consistência do modelo Como explicitado em itens anteriores, nos processos de modelagem são adotadas algumas simplificações e premissas na sua estruturação, o que determina que nem sempre se consiga representar plenamente a realidade futura. Para evitar essa situação foram utilizados coeficientes de ajustes para aumentar a precisão e representatividade dos modelos, processo denominado como calibragem do modelo. Por sua vez, os coeficientes a serem adotados são denominados coeficientes de calibração. No modelo de projeção estruturado para a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã a calibragem e a definição dos coeficientes de calibração foram definidos com base nos dados observados para cada variável, sendo adotado para efeito de calibragem o período 2001-2006, para o qual existem informações para todas as variáveis, ainda que na análise, eventualmente, se utilizassem períodos mais longos, quando a existência de dados o permitia. A projeção das informações corresponde ao período 2006 -2026. No processo de desenvolvimento e calibração do modelo foram utilizados os seguintes dados: População – dados de 1991, 2000 e 2007; Produto Interno Bruto Municipal, 2000 a 2007; Valor Agregado da Agropecuária, 1999 a 2007; Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, IDHM, 1991 e 2000. O modelo de projeção foi calibrado utilizando o menor número possível de coeficientes de calibragem, permitindo o ajuste dos resultados aos dados observados. Por outro lado, na projeção de variáveis, como no caso do Produto Interno Bruto, População e Índice de Desenvolvimento Humano, os coeficientes de ajuste serviram também para introduzir características específicas que influenciam no desenvolvimento das subáreas, de modo a estas se refletirem nos cenários projetados. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 368 Cabe mencionar que no caso específico da população, o cenário de 2026 foi definido utilizando-se diretamente os dados da projeção da população do IBGE, apresentados no documento - Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação, Projeção da População por Sexo e Idade para o Período 1980 – 2050. Revisão 2008. O IBGE apresenta as projeções para os estados de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, pelo que as informações foram desagregadas para cada uma das sete subáreas em que se dividiu a bacia, sendo necessária a aplicação de coeficientes de ajuste adequando as informações à realidade de cada uma delas. A projeção do Valor Agregado da Agropecuária considera dois elementos como fatores de influência - a incorporação de novas áreas à produção e o aumento da produtividade por unidade de área. A projeção conjunta desses dois fatores determinaria o incremento do valor agregado da agropecuária, sendo também aplicados coeficientes de ajuste específicos. Em todo o processo de modelagem, os valores dos coeficientes de calibração foram obtidos seguindo o processo de tentativa e erro, ajustando os valores gerados no modelo aos dados observados no período 2001 a 2006. Para cada variável, em cada subárea, o processo foi repetido até atingir um resultado satisfatório, sendo posteriormente a variável consistida para a totalidade da bacia. Este processo permitiu também a revisão das relações presentes no modelo. No processo de calibragem foram também considerados padrões de comportamento esperados e limites próprios das variáveis, como no caso do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que tem o valor 1 como limite máximo de crescimento. Após a aplicação dos coeficientes de ajustes nas variáveis projetadas, o modelo apresentou resultados condizentes com o comportamento esperado das variáveis no cenário futuro tanto nas subáreas como na bacia como um todo. Os coeficientes de ajuste das variáveis utilizados em cada subárea são apresentados na Tabela 6.3.6. Tabela 6.3.6. - Coeficientes de Ajustes por Variável e por Subárea Coeficiente de Ajuste Sigla SA1 SA2 SA3 SA4 SA5 SA6 SA7 TxCresPop CoefTxMigrPop 3,31 1,0 5,20 1,0 -0,91 0,85 2,70 1,0 -1,73 0,85 -2,50 0,85 2,65 1,0 TxAjusPIB 0,96 0,96 0,98 0,92 1,00 1,00 0,96 CoefCresAreaAgrop 0,95 0,95 0,95 0,90 0,90 0,85 0,90 CoefTxAumProd 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 CoefAjusFat_IDH 0,98 0,98 0,96 0,98 0,98 0,96 0,98 População: Fator Migração Redutor Fator Migração Produto Interno Bruto Fator de Crescimento Valor Agregado da Agropecuária Coeficiente de Supressão da Vegetação Coeficiente de aumento da produtividade Índice de Desenvolvimento Humano Fator de IDH Obs.: SA1-Baixo Aripuanã, SA2-Médio Aripuanã, SA3-Alto Aripuanã, SA4-Baixo Roosevelt, SA5-Médio Roosevelt, SA6-Alto Roosevelt e SA7-Guariba. 6.4. Projeção da Sensibilidade O processo de elaboração dos Indicadores de Sensibilidade para o Cenário Futuro de 2026 foi desenvolvido de forma similar ao aplicado na Avaliação Ambiental Distribuída sendo adotados Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 369 os mesmos temas utilizados na ocasião: Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, Socioeconomia e Potencialidade Socioeconômica, com as respectivas variáveis e indicadores. Do mesmo modo foram respeitados os valores dos pesos e ponderações outorgados respectivamente às variáveis e indicadores utilizados na Avaliação Ambiental Distribuída (AAD). 6.4.1. Ponderação das Variáveis As variáveis consideradas nos indicadores representam as condições naturais e o estado de conservação ou degradação dos recursos naturais, sendo selecionadas as mais adequadas à modelagem do cenário prospectivo, sendo que, para a modelagem de cenários, nem todas são passíveis de se projetar no tempo. Assim, para sua utilização foi necessário fazer uma classificação das variáveis adotando-se os mesmos critérios utilizados em outros estudos de AAI: Variáveis Autônomas: quando permitem ser projetadas em cenários futuros, apresentando resultados confiáveis, de acordo com a análise das tendências socioeconômicas. Variáveis Agregadas: quando podem ser associadas a variáveis autônomas, possibilitando a identificação de sua trajetória de projeção a partir da modelagem de variáveis autônomas. Variáveis Estáveis: quando elas não variam com o tempo ou a sua variação se dá de forma errática ou imprevisível não permitindo definir com segurança valores ou tendências em cenários futuros. O peso atribuído às variáveis foi o mesmo adotado na AAD sendo incorporados ao SIG utilizando os valores ponderados com os pesos dos indicadores. A Tabela 6.4.1 apresenta as variáveis segundo a sua classificação e forma de associação em cada tema. 6.4.2. Incorporação das Informações da Sensibilidade no SIG Nesta etapa do processo, o conhecimento do comportamento das variáveis no cenário de 2026 permite outorgar o grau de sensibilidade das variáveis como também dos indicadores ambientais, possibilitando alimentar o banco de dados do Sistema de Informações Geográficas – SIG, para compor os mapas de sensibilidade, fragilidade e potencialidade ambiental. As projeções das Variáveis Autônomas forneceram os valores respectivos de cada uma delas no cenário futuro, confrontando-os com os parâmetros adotados nos critérios dos Indicadores de Sensibilidade utilizados na AAD, mantendo o mesmo parâmetro de referência, permitindo assim, a classificação do Indicador na nova situação projetada. As Variáveis Agregadas foram projetadas de acordo com o comportamento apresentado pela evolução das Variáveis Autônomas as quais se encontram associadas. Conhecido o resultado projetado definiu-se a sensibilidade da variável aplicando o mesmo procedimento adotado para as Variáveis Autônomas. No caso das Variáveis Estáveis, por não apresentarem mudança temporal, adotou-se o mesmo valor da sensibilidade do cenário atual (2006). O peso atribuído às variáveis foi o mesmo adotado na AAD sendo incorporados ao SIG utilizando os valores ponderados com os pesos dos indicadores. A Tabela 6.4.2. apresenta os valores ponderados para cada variável. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 370 Tabela 6.4.1. - Classificação das Variáveis por Indicador de Sensibilidade Variáveis dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Uso do Solo Densidade Demográfica Rotas Migratórias Ambientes Relevantes Variáveis do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Integridade da Vegetação Áreas Protegidas Áreas Prioritárias para Conservação Erosão Superficial e Concentrada Variáveis da Socioeconomia Pressão Populacional Crescimento Demográfico Densidade Demográfica Infraestrutura viária Grau de Urbanização Modos de Vida Populações Indígenas (Estável) e Unidades de Conservação Integral (Autônoma) Populações Tradicionais Extrativistas e Ribeirinhas (Estável) e UC de Uso Sustentável (Autônoma) Assentamentos/Ocupação Rural População urbana Condições de Vida Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) Índice de Gini Índice de Violência dos Municípios Nº de Leitos Hospitalares Uso e Ocupação do Solo Áreas ocupadas por Matas e Florestas Valor Agregado pelo Setor Agropecuário Aptidão Agrícola dos Solos Comprometimento das Atividades Econômicas Produto Interno Bruto Municipal (PIB) Atividades Econômicas Arrecadação Municipal Organização Territorial Restrições Legais do Uso do Solo Organização Político-Administrativa Instrumentos de Gestão Municipal Infraestrutura Viária Variáveis da Potencialidade Socioeconômica Compensação Financeira do Setor Elétrico Dinamismo Econômico (PIB) Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) Arrecadação Municipal Gestão da Compensação Financeira Instrumentos de Gestão Municipal Instrumentos de Gestão Ambiental Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Autônoma Agregada Estável Estável Autônoma Autônoma Autônoma Estável Autônoma Agregada Agregada Estável Estável/Autônoma Estável/Autônoma Estável Estável Autônoma Agregada Agregada Agregada Autônoma Autônoma Estável Autônoma Agregada Agregada Autônoma Agregada Agregada Agregada Autônoma Autônoma Agregada Agregada Agregada 371 Tabela 6.4.2. - Pesos e valores ponderados das variáveis ambientais Indicadores Peso Variáveis Sensibilidade Ambiental dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Uso do Solo Recursos Hídricos 0,40 Densidade Demográfica Rotas Migratórias Ecossistemas 0,60 Aquáticos Ambientes Relevantes Sensibilidade Ambiental do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Meio Físico 0,30 Erosão Superficial e Concentrada Integridade da Vegetação Ecossistemas 0,70 Áreas Protegidas Terrestres Áreas Prioritárias para Conservação Sensibilidade Ambiental da Socioeconomia Crescimento Demográfico Densidade Demográfica Pressão 0,20 Populacional Infraestrutura viária Grau de Urbanização Populações Indígenas e Unidades de Conservação Integral Populações Tradicionais Extrativistas e Modo de vida 0,30 Ribeirinhas e UC de Uso Sustentável Assentamentos/Ocupação Rural População urbana Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) Índice de Gini Condições de Vida 0,15 Índice de Violência dos Municípios Nº de Leitos Hospitalares Áreas ocupadas por Matas e Florestas Uso e Ocupação do 0,20 Valor Agregado pelo Setor Agropecuário Solo Aptidão Agrícola dos Solos Produto Interno Bruto Municipal (PIB) Comprometimento das Atividades 0,10 Atividades Econômicas Econômicas Arrecadação Municipal Restrições Legais do Uso do Solo Organização Político-Administrativa Organização 0,05 Territorial Instrumentos de Gestão Municipal Infraestrutura Viária Potencialidade da Socioeconomia Dinamismo Econômico (PIB) Compensação Índice de Desenvolvimento Humano Financeira do Setor 0,60 Municipal (IDHM) Elétrico Arrecadação Municipal Gestão da Compensação 0,40 Instrumentos de Gestão Municipal Financeira Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Peso Peso Ponderado 0,6 0,4 0,6 0,4 0,24 0,16 0,36 0,24 1,0 0,5 0,4 0,1 0,30 0,35 0,28 0,07 0,3 0,2 0,3 0,2 0,06 0,04 0,06 0,04 0,4 0,12 0,3 0,09 0,2 0,1 0,06 0,03 0,3 0,045 0,3 0,2 0,2 0,5 0,3 0,2 0,3 0,4 0,3 0,4 0,2 0,2 0,2 0,045 0,03 0,03 0,10 0,06 0,04 0,03 0,04 0,03 0,02 0,01 0,01 0,01 0,4 0,24 0,2 0,12 0,4 0,24 0,4 0,16 372 6.4.3. Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Dentre aquelas variáveis definidas para a elaboração do mapa de sensibilidades dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, apresentadas no item 6.4.1, apenas o uso do solo foi utilizado para as projeções do cenário futuro (2026), as demais foram consideradas estáveis. 6.4.3.1. Uso do Solo Para caracterizar e analisar a distribuição das manchas de pastagens e florestas/savanas no cenário de 2026 foram definidos, conforme anteriormente descrito, os critérios e a metodologia a ser seguida. A dinâmica de ocupação na Amazônia (predominante ao longo de estradas) e as taxas de desmatamento oficiais disponibilizadas pelo PRODES foram os principais norteadores da projeção para o cenário futuro do uso do solo na bacia do Aripuanã. Outros dados projetados, tais como crescimento demográfico e o aumento da mancha urbana também foram levados em consideração no momento de integração ao SIG. A existência de modelos de simulação e projeções de desmatamentos na Amazônia legal, os quais criam cenários futuros até o ano de 2050, possibilitou as projeções para a bacia em questão e a estimativa do novo cenário de ocupação e do avanço do desmatamento. Tal fato influenciou na escolha da metodologia utilizada. A preferência pela não utilização da ferramenta Stella para obtenção de novos índices foi, justamente, devido ao software não permitir a espacialização dos dados de ocupação do solo e, dessa forma, a elaboração de um novo mapa de usos do solo para o cenário futuro. Nas últimas décadas um conjunto considerável de estudos sobre a Amazônia brasileira foi elaborado, muito, em virtude da intensificação dos fomentos às pesquisas sobre a região e o reconhecimento da importância dos ecossistemas amazônicos, na tentativa de compreender e dinâmica ecológica, social e política da região. Nesse contexto, foi desenvolvido o projeto interinstitucional “Cenários para a Amazônia”, concebido com o objetivo de desenvolver um modelo integrado – “SimAmazonia” – que simule o complexo de interações entre os ecossistemas da Amazônia, suas economias, sociedades e climas regional e global, e com isso nos permita avaliar o potencial de políticas públicas e estratégias de conservação para evitar o colapso ambiental desse importante bioma. (SOARES FILHO et al., 2008). O modelo em questão é gerado sobre a plataforma computacional Dinâmica EGO, desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). (http://www.csr.ufmg.br/simamazonia/) Uma vez que a simulação realizada pelo projeto “SimAmazônia” envolve a Amazônia legal como um todo, foi preciso efetuar um refinamento das informação de acordo com a experiência da equipe integrante dos estudos da AAI com a Bacia Hidrográfica em questão, e ajustes em alguns parâmetros, tais como; rodovias planejadas, unidades de conservação e terras indígenas, bem como a importância de alguns distritos no cenário de 2026. Os dois cenários apresentados pelas projeções do “SimAmazônia” (com governança e sem governança) mostraram-se bastante extremistas quanto as taxas de desmatamento proposta. Sendo assim, foi utilizado um valor intermediário, e mais congruente com o simulado pelo programa Stella para o valor agregado da agropecuária, e com distribuição e espacialização Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 373 mais refinada e condizente com o observado na caracterização da bacia e no diagnóstico socioambiental da bacia do rio Aripuanã. Os resultados obtidos aproximaram-se do esperado para a dinâmica de ocupação da região e em conformidade com a ordenação territorial da bacia. As manchas de uso antrópico e áreas de pastagens concentraram-se ao longo das rodovias, em especial a BR-230 (Transamazônica), da MT-206 e da rodovia que faz a ligação entre as sedes municipais de Apuí e Novo Aripuanã. O avanço do desmatamento foi mais nítido nas subáreas Médio Aripuanã e Guariba, devido à presença de núcleos urbanos (Colniza e Aripuanã) e dos distritos mato-grossenses (Guariba e Conselvan). A subárea Baixo Aripuanã também apresentou incremento nas áreas de pastagens e uso antrópico, especialmente no entorno do município de Apuí e nos travessões da rodovia Apuí-Novo Aripuanã. A presença de Áreas Protegidas contribuiu como condicionante à distribuição e no padrão das novas áreas de uso antrópico, resultando no padrão de uso apresentado na Figura 6.4.1 a seguir. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 374 Figura 6.4.1. Usos do Solo no Cenário 2026 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 375 6.4.4. Meio Físico/Ecossistemas Terrestre As variáveis definidas para a elaboração do mapa de sensibilidades do Meio Físico/Ecossistemas Terrestres, conforme apresentado no item 6.4.1, foram tratadas como autônomas para as projeções do cenário futuro (2026), conforme metodologias apresentadas a seguir. 6.4.4.1. Integridade da Vegetação As projeções foram realizadas conforme metodologia apresentada no item 6.4.3.1. Os resultados obtidos para as projeções do Meio Físico/Ecossistemas Terrestre forneceram uma nova distribuição das manchas de vegetação natural e das pastagens, condicionando novos padrões de contínuos florestais decorrentes do incremento da fragmentação dos habitats. Dessa forma, novas sensibilidades foram geradas de acordo com as classes de tamanhos dos fragmentos florestais, conforme definido no item 4.3.1.2 da Avaliação Ambiental Distribuída (Volume II). Pode-se perceber um incremento na fragmentação de habitats, especialmente, na subárea Médio Aripuanã, devido à expansão de áreas de pastagens próximas aos municípios de Colniza e Aripuanã, ambos em Mato Grosso, reduzindo áreas importantes de remanescentes, incluindo áreas de Preservação Permanente e reservas legais. Na subárea Guariba a redução de áreas de florestas ocorreu, principalmente, no entorno da rodovia MT-206, revelando o padrão típico da região amazônica de ocupação do território e padrão de desmatamento nos chamados travessões, formando o desenho típico de “espinha de peixe” já visível nos municípios da bacia do estado de Rondônia. Na subárea Baixo Aripuanã observa-se um incremento considerável da fragmentação dos contínuos florestais na região do entorno do núcleo urbano de Apuí, estendendo-se ao longo da rodovia que liga este município ao município de Nova Aripuanã. Nesta subárea, pode-se verificar, também, o avanço de áreas desmatadas ao longo da rodovia Transamazônica (BR230). Entretanto, de modo geral, os grandes contínuos florestais permaneceram com o mesmo padrão de distribuição, principalmente, pela ação e pela presença das áreas protegidas, havendo certa fragmentação nas regiões já ocupadas da bacia e ao longo das rodovias e núcleos populacionais. A Figura 6.4.2. apresenta o mapa dos remanescentes florestais para o cenário 2026. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 376 Figura 6.4.2. Remanescentes florestais – Cenário 2026 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 377 6.4.4.2. Áreas Protegidas Esta variável foi considerada como autônoma pela importância e número de áreas protegidas na bacia, incluindo Unidades de Conservação e os grandes remanescentes florestais preservados, situados na fronteira agrícola. Tal importância torna a política de preservação uma variável dinâmica e atuante na bacia do rio Aripuanã, tanto em nível estadual como federal. Neste contexto, é importante destacar que no período entre o ano de 2000 e 2006 foram criadas na bacia 14 unidades de conservação, totalizando aproximadamente 67.300 km2 de áreas protegidas (Tabela 6.4.3). Tabela 6.4.3. - Unidades de Conservação criadas na bacia do rio Aripuanã: período 2000-2006 Nome Instância 2 Legislação Área (km ) Estação Ecológica Rio Flor do Prado Estadual Dec. Nº 2.124 de 09/12/2003 85,17 Parque Estadual Igarapés do Juruena* Estadual Dec. Nº 5.438 de 12/11/2002 2.278,17 Parque Estadual Tucumã Estadual Dec. Nº 5.439 de 12/11/2002 664,75 Parque Nacional do Juruena* Federal Dec. s/n de 05/06/2006 Parque Estadual do Guariba Estadual Dec. Nº 24.805 de 19/01/2005 722,96 Reserva Extrativista do Guariba Estadual Dec. Nº 25.040 de 01/06/2005 1.504,65 Parque Nacional dos Campos Amazônicos* Federal Dec. s/n de 21/06/2006 8.735,70 RDS Aripuanã Estadual Dec. Nº 24.811 de 21/01/2005 2.242,91 RDS do Juma* Estadual Dec. Nº 26.010 de 03/07/06 5.896,11 Floresta Estadual do Aripuanã Estadual Dec. Nº 24.807 de 19/01/2005 3.360,40 Floresta Estadual de Manicoré Estadual Dec. Nº 24.806 de 19/01/2005 833,81 Floresta Estadual do Sucunduri* Estadual Dec. Nº 24.808 de 20/01/2005 4.929,05 Floresta Nacional do Jatuarana* Federal Dec. s/n de 19/09/2002 8.371,00 Parque Estadual do Sucunduri* Estadual Dec. 24.810 de 21/01/2005 8.083,12 19.570,00 TOTAL 67.277,80 * Unidades de Conservação parcialmente inseridas na bacia do Aripuanã O processo para a criação de Unidades de Conservação é complexo, envolvendo desde a seleção da área, consultas públicas e estudos prévios de caracterização, além da definição dos limites e da categoria de manejo a ser implementada. Sendo assim, a proposição de novas áreas foi embasada nas recomendações de ações das Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade (MMA/PROBIO, 2007) existentes na bacia e na análise do novo mapeamento dos fragmentos florestais projetados para o cenário 2026. Esta análise revelou que as áreas prioritárias Am069 e Am115, ambas definidas como de extrema importância ecológica, constituem as áreas mais indicadas para comporem novas unidades de conservação para o cenário 2026. A região em que se inserem as novas unidades apresenta elevada relevância ecológica e importantes fragmentos florestais que, uma vez protegidos, podem atuar como corredor ecológico entre o mosaico de Apuí e as terras Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 378 indígenas do sul da bacia, e também como ligação entre o PARNA Campos Amazônicos e a RDS do Juma no extremo norte da bacia. Seguindo as recomendações de cada área prioritária quanto à categoria da unidade de conservação a ser criada, a área Am069 foi indicada como unidade de proteção integral e a Am115 como unidade de uso sustentável, conforme apresentado no item 6.4.4.3. Por outro lado, a redução, a alteração dos limites e a extinção de uma unidade de conservação precisam ser aprovadas pelo poder legislativo competente. Dentro da bacia do Aripuanã apenas uma unidade de conservação passou por processo de extinção, devido ao não cumprimento de sua função ecológica, como consequência do alto índice de degradação e desmatamento encontrado. A Floresta de Rendimento Sustentável (FLORSU) do Rio Roosevelt, unidade com categoria de uso sustentável localizada no estado de Rondônia, teve processo aberto na Assembleia Legislativa com recomendação de extinção desta unidade. Sendo assim, esta unidade não constará dos mapas e projeções para o cenário 2026. As Terras Indígenas foram consideradas como variáveis estáveis. A configuração das áreas protegidas para o cenário 2026 pode ser visualizada na Figura 6.4.3. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 379 Figura 6.4.3. – Áreas Protegidas – Cenário 2026 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 380 6.4.4.3. Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade Dentre as áreas definidas como prioritárias para conservação da biodiversidade, segundo resolução do Ministério do Meio Ambiente (MMA/PROBIO, 2007), as consideradas de extrema importância e prioridade extremamente alta e muito alta foram analisadas para serem propostas como Unidades de Conservação, conforme explicitado no item 6.4.4.2. A seleção das áreas Am069 e Am115 foi embasada nas próprias recomendações de ações para estas áreas, no resultado obtido no diagnóstico socioambiental e no mapeamento dos fragmentos florestais projetado para o cenário 2026. Algumas das principais características e recomendações das áreas selecionadas são: (Am069) Ji-Paraná- Roosevelt – Área considerada de extrema importância com 4.523 km2 de extensão. Com importantes remanescentes florestais, apresenta alta diversidade de árvores e endemismo de avifauna. Outra característica importante é a presença de populações tradicionais extrativistas. As ações recomendadas para a área envolvem a realização de inventário taxonômico, levantamentos etnobotânicos, monitoramento e combate ao desmatamento, e ainda, pela conectividade da área com outras áreas de proteção, o estabelecimento de corredores ecológicos.. (Am115) Pró Resex do Rio Aripuanã – Área com 4.319 Km2 no baixo Aripuanã é considerada de extrema importância e de muito alta prioridade. A existência de alta densidade de produtos florestais não–madeireiros (copaíba, castanha e seringa) e a demanda social, torna a região propícia para a criação de uma reserva extrativista. As recomendações de capacitação para manejo sustentável e apoio a comercialização de produtos e a projetos sociais, se fazem necessárias frente à ocupação irregular das terras públicas, à exploração ilegal de madeira e à influência da rodovia BR-230. A distribuição das demais áreas prioritárias e a categoria de importância de cada uma permaneceram estáveis. A Figura 6.4.3, acima, apresenta as indicações para as novas Unidades de Conservação no cenário 2026. 6.4.5. Projeções Socioeconômicas A Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã tem entre suas principais características possuir extensas áreas de vegetação, além de Unidades de Conservação e Terras Indígenas já demarcadas que representam, cerca da metade da área da bacia. Outra característica da bacia é a baixa densidade demográfica, em 2007, 126.700 habitantes ocupavam uma extensão de cerca de 146.000 km², uma densidade de menos de um habitante/km². No que se refere à distribuição da população, esta não é homogênea, concentrando-se em três regiões da bacia. No setor norte, no Estado do Amazonas, a população se localiza, principalmente, no entorno da rodovia Transamazônica (BR-230), que atravessa a bacia no sentido leste–oeste, sendo Apuí e Novo Aripuanã as cidades nesse setor. Na parte centro-leste, no estado de Mato Grosso, a ocupação se concentra no entorno das cidades de Aripuanã e Colniza e nas proximidades das rodovias estaduais que interligam Aripuanã a Conselvan (MT-208) e Colniza (MT-418), como também esta última a Guariba (MT206) e Machadinho do Oeste, já em Rondônia. Por último, a região pertencente ao estado de Rondônia, localizada no sudoeste da bacia, concentra outra parte da população. Nesse setor Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 381 predomina a população rural, já que as cidades presentes na área, Rondolândia, e Ministro Andreazza, são de pequeno porte. Em relação às atividades econômicas, o setor de comércio e serviços se constitui na principal atividade, representando em 2005, em valores monetários, praticamente 50% do PIB gerado pelos municípios integrantes da bacia, seguido das atividades agropecuárias e extrativistas (21%) e, por último, o setor industrial (19%). Os impostos, com 10%, completam o PIB. No entanto é a atividade agropecuária e as atividades extrativas de produtos florestais, sobretudo de madeira, que dão sustentação aos setores industrial e de comércio e serviços na região. A seleção das variáveis dos indicadores de sensibilidade e potencialidade a serem projetadas levou em consideração a representatividade das principais características da bacia, a tendência de evolução, como também a relação com outras variáveis (Variáveis Agregadas), ampliando a influência sobre as prováveis alterações nos indicadores de sensibilidade e potencialidade num cenário futuro. A estrutura do modelo de projeção elaborado para cada variável foi aplicado nas subáreas, considerando as suas características específicas, incorporadas através dos coeficientes de calibração e dos dados disponíveis de cada uma delas. Nos itens seguintes, a análise das variáveis projetadas será apresentada para a bacia como um todo, resultado que representam os dados agregados de cada uma das sete subáreas em que se dividiu a Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, SA1 – Baixo Aripuanã, SA2 – Médio Aripuanã, SA3 – Alto Aripuanã, SA4 – Baixo Roosevelt, SA5 – Médio Roosevelt, SA6 Alto Roosevelt e SA7 Guariba. 6.4.5.1. Crescimento da População A população na Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã deve continuar crescendo alcançando, em 2026, um total aproximado de 235.800 habitantes, registrando um crescimento de 90,4% em relação à população estimada em 2006. O crescimento projetado para a bacia é superior ao estimado pelo IBGE para os estados de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, resultado dos fluxos de imigração de população. A imigração deve continuar intensa, sobretudo, se for efetivado o asfaltamento e/ou melhora das estradas que cruzam a bacia, como previsto para a rodovia Transamazônica, no Amazonas, e para as rodovias, no Mato Grosso. Analisando as subáreas de forma individualizada, observa-se que apesar da bacia apresentar crescimento da população, em alguns setores ocorre o oposto, emigração de população, principalmente, naqueles setores de ocupação relativamente mais antiga, como a subárea do Alto Aripuanã - SA3, do Médio Roosevelt - SA5 e do Alto Roosevelt - SA6, provavelmente, pelo predomínio de áreas rurais, marcadas pela emigração de população. A subárea SA2 - Médio Aripuanã é a que apresenta maior crescimento de população, podendo ser atribuído à presença das cidades de Aripuanã e Colniza, áreas urbanas de forte crescimento na década de 2000, como também às estradas estaduais MT-206 e MT-208 que cruzam a região. A SA1 - Baixo Aripuanã, apesar de ter inicialmente maior população que a SA2 e de contar com a presença da rodovia Transamazônica e da cidade de Apuí, apresentou um desenvolvimento menor no período 2006-2026, atingindo o 2º lugar em número de habitantes totais entre as subáreas. As subáreas SA4 - Baixo Roosevelt e SA7 - Guariba também tem crescimento positivo. Estas subáreas são influenciadas pela presença da estrada estadual MT-206 que se constitui numa Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 382 importante via de ligação entre Mato Grosso e Rondônia (cidade de Machadinho do Oeste), como com o Estado do Amazonas (Rodovia Transamazônica). A estrada permite o escoamento da produção além de servir como vetor de ocupação da região. Além disso, a subárea SA7 conta com dois centros urbanos importantes, Conselvan e Guariba, situados nas margens das rodovias MT-208 e MT-206, respectivamente, servindo como centros de apoio às atividades rurais e madeireiras da região. As subáreas que possuíam crescimento negativo de população, SA3 – Alto Aripuanã, SA5 – Médio Roosevelt e SA6 – Alto Roosevelt, continuarão evoluindo com taxas negativas, porém, tendendo à estabilidade de crescimento. A expectativa de crescimento econômico nacional para os próximos anos, que aos poucos se consolida, permite prever sua influência no desenvolvimento regional nas subáreas SA3, SA5 e SA6. Por sua vez, os planos nacionais de melhoria de infraestrutura devem contemplar as rodovias, como também os serviços de saneamento básico e de eletrificação rural, melhorando as condições de vida da população, o que deve redundar numa fixação maior da população nos municípios. Em função dessas condicionantes e observando as taxas decrescentes de emigração dos últimos anos, considerou-se que na SA3 e na SA5 as taxas continuariam decrescendo, porém, a taxas menores, adotando-se um fator de redução de 15% ao ano. No caso da SA6, onde as restrições à expansão são maiores e a presença de infraestrutura é escassa, espera-se uma melhora mais lenta, adotando-se um fator de redução das taxas de crescimento negativo de 10% ao ano. População (1000 habitantes) As características de migração de cada subárea foram incorporadas no modelo pelos coeficientes de calibração, sendo adotados também coeficientes específicos nos casos em que foram observadas taxas negativas de crescimento. (Figuras 6.4.4, 6.4.5. e 6.4.6.) 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 População Observada População Projetada 0 2001 2006 2011 2016 2021 2026 Anos Figura 6.4.4. - Evolução da população na bacia do rio Aripuanã, período 2001–2026 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética População (1000 habitantes) 383 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 2001 2006 SA1-BA SA2-MA 2011 SA3-AA 2016 SA4-BR 2021 SA5-MR 2026 SA6-AR SA7-G Figura 6.4.5. - Crescimento da população por subárea na bacia, período 2001-2026 14 Taxa de Crescimento (% ao ano) 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 2001 SA1-BA 2006 SA2-MA 2011 SA3-AA 2016 SA4-BR 2021 SA5-MR 2026 SA6-AR SA7-G Figura 6.4.6. - Taxa de crescimento anual da população por subárea, período 2001-2026 6.4.5.2. Produto Interno Bruto A Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã deve manter, no futuro próximo, o desenvolvimento econômico apresentado na década de 2000. A bacia conta com fatores importantes de estímulo ao desenvolvimento, tais como um intenso processo de imigração de população, projetos de assentamento, existência de estradas de acesso, estaduais e federais, extensas áreas com potencial madeireiro, além de setores com potencial mineral para exploração de cassiterita e diamantes. Não obstante o potencial existente, também espera-se que o desenvolvimento econômico ocorra a taxas de crescimento menores às observadas nos últimos anos, considerando que a economia regional tem como uma das suas bases de sustentação a extração de madeira, produto que, se não for bem administrado, pode vir a se Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 384 esgotar no curto prazo. Outro fator importante a ser considerado são as limitações à incorporação de novas áreas à produção, seja pelas limitações legais, seja pela pressão crescente para preservação da vegetação amazônica exercido pelo governo federal e pelo conjunto da sociedade. A projeção do PIB total para 2026 deve atingir um valor estimado de R$ 3,1 bilhões, representando um aumento da ordem de 463% em relação ao ano 2006, com taxa média de crescimento de 9,02% ao ano no período 2006 - 2026, cerca de 77% superior à taxa projetada para o PIB Nacional de 5,1% ao ano, no cenário otimista “Na Crista da Onda” do Plano Nacional de Energia – 2030(MME/EPE,2007). A atividade econômica é desenvolvida com intensidade diferenciada na bacia, sendo a subárea SA2 - Médio Aripuanã a que deve evoluir mais intensamente no futuro, pela continuidade do crescimento populacional, do desenvolvimento das atividades agropecuária e extrativista e, principalmente, pela extração de madeira. Outras subáreas como a SA7 – Guariba, SA3 Alto Aripuanã, assim como a SA1 – Baixo Aripuanã, também devem ter um desenvolvimento significativo. No caso da SA5 – Médio Roosevelt o desenvolvimento econômico tem por base as atividades agropecuárias e as atividades industriais e de comércio e serviços, atividades que devem continuar se desenvolvendo influenciadas pela expansão da ocupação na direção norte da subárea. Subáreas de baixa atividade econômica encontram-se representadas pela SA4 – Baixo Roosevelt e SA6 – Alto Roosevelt. A SA4 é pouco ocupada, com atividades eminentemente rurais e presença significativa de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, sendo que a atividade mineral de extração de cassiterita, importante na década de 1980, apresentou forte declínio na década de 2000. A SA6 – Alto Roosevelt apresenta pouca diversidade econômica, com predomínio de atividades eminentemente rurais, não existindo áreas urbanas nem rodovias importantes no seu território, além de ter quase 88% da área ocupada por Terras Indígenas. O PIB atribuído a estas duas subáreas apresenta certo grau de distorção, podendo indicar valores maiores que os reais. O processo metodológico adotado atribui o valor agregado pelas atividades econômicas nos municípios à subárea em forma proporcional ao território que lhe pertence, desse modo, a importância econômica do segmento dentro dela pode estar representando mais o desenvolvimento do município como um todo, e não o resultado da atividade econômica efetivamente realizada dentro do seu território. As Figuras 6.4.7., 6.4.8., e 6.4.9. representam o desenvolvimento do PIB total da bacia, das subáreas que a compõem, e as taxas anuais de evolução do período 2006 – 2026. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 385 PIB Bacia (R$ 1000, Base ano 2000) 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 PIB Observado PIB Projetado 2001 2006 2011 2016 2021 2026 Anos Figura 6.4.7. - Evolução do PIB da Bacia do rio Aripuanã, período 2001–2026 (R$1000, base ano 2000) PIB por Subárea 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0 SA1-BA SA2-MA SA3-AA 2001 2006 SA4-BR 2011 2016 SA5-MR 2021 SA6-AR SA7-G 2026 Figura 6.4.8. - Evolução do PIB por Subárea, período 2001-2026 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Taxa de Crescimento Anual (em %) 386 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 2.001 2.006 SA1 2.011 SA2 SA3 2.016 SA4 2.021 SA5 SA6 2.026 SA7 Figura 6.4.9.- Taxa de Crescimento Anual PIB por Subárea, período 2001-2026 6.4.5.3. Valor Agregado da Agropecuária A atividade agropecuária e extrativista tem um papel importante na economia dos municípios da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, refletindo-se na participação do Valor Agregado (VA) dessas atividades no PIB total. Em 2006, o VA da Agropecuária representava entre 59,7% do PIB no município de Rondolândia, a 10,8%, no município de Vilhena. Ao analisar o conjunto da bacia, a atividade agropecuária e extrativista mantém o peso relativo em relação às demais atividades econômicas, representando 30,96% do PIB em 2006. O resultado da projeção para o período 2006/2026 indica que o Valor Agregado cresceria 372,1% nesses 20 anos, passando de R$ 102,5 milhões para R$ 483,8 milhões Apesar do crescimento, a participação relativa se reduz para 15,6% do PIB. Isto ocorre porque o desenvolvimento das atividades industriais e de comércio e serviços, que também compõem o PIB, devem evoluir significativamente na bacia, principalmente esta última atividade. A Figura 6.4.10. mostra o gráfico com a evolução do Valor Agregado na bacia. Em relação às subáreas, a atividade agropecuária e extrativista apresenta um desenvolvimento diferenciado, sendo observado que as subáreas SA4 – Baixo Roosevelt, SA7 – Guariba e SA1 – Baixo Aripuanã são as que devem crescer mais intensamente no período 2006 a 2026, com aumento de 1.284%, 1.233% e 1.011%, respectivamente. Cabe mencionar que em 2006 estas subáreas eram as que possuíam os menores Valores Agregados da agropecuária na bacia. Em relação ao valor monetário, a SA5 – Médio Roosevelt é onde a atividade agropecuária apresenta o melhor desempenho atingindo R$ 135,3 milhões ou 28,3% do total da bacia. As SA2 – Médio Aripuanã e SA1 – Baixo Aripuanã são a 2ª e 3ª subárea em importância participando respectivamente com 19,1% e 19,0% do total gerado na bacia. As Figuras 6.4.11. e 6.4.12. mostram o gráfico com a evolução do Valor Agregado por subárea e a Taxa de crescimento anual no período 2001 a 2026. Cabe mencionar que o modelo de projeção do Valor Agregado da Agropecuária levou em consideração, como variáveis, o aumento da produtividade da agropecuária e a incorporação Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 387 Valor Agregado da Agropecuária (R$ 1.000) Base R$ ano 2000 de novas áreas a produção. A evolução positiva da economia deve incentivar os produtores a incorporar novas áreas à produção. Ainda que o desenvolvimento econômico se mantenha alto ao longo dos anos, a incorporação de áreas à produção deve seguir um ritmo menor de crescimento, limitado por fatores como pressão crescente pela preservação da floresta amazônica e menor qualidade produtiva das áreas remanescentes, sendo que as melhores terras já teriam sido ocupadas. A Figura 6.4.13. mostra a projeção da ocupação de novas áreas a serem incorporadas à agropecuária. 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 VA Observado VA Projetado 0 2001 2006 2011 2016 2021 2026 Anos Valor Agregado da Agropecuária (R$1.000) Base ano R$ 2000 Figura 6.4.10. - Evolução do Valor Agregado da Agropecuária na Bacia do rio Aripuanã, período 2001-2026 160.000 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 SA1-BA SA2-MA 2001 SA3-AA 2006 SA4-BR 2011 2016 SA5-MR 2021 SA6-AR SA7-G 2026 Figura 6.4.11. - Evolução do Valor Agregado da Agropecuária por Subárea, período 2001-2026 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Taxa de Crescimento Anual do VA da Agropecuária na Bacia (em %) 388 35 30 25 20 15 10 5 -5 2001 2006 2011 2016 Dados Projetados 2021 2026 Dados Observados Figura 6.4.12. - Taxa de Crescimento Anual do Valor Agregado da Agropecuária, período 2001 - 2026 Área Ocupada pela Agropecuária na bacia (km²) 20.000 18.000 16.000 14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 Área Ocupada Observada Área Ocupada Projetada 0 2001 2006 2011 2016 2021 2026 Anos Figura 6.4.13. - Crescimento da área Ocupada pela Agropecuária, período 2001-2026 6.4.5.4. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) O Índice de Desenvolvimento Humano da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã, estimado com base nos dados observados nos municípios no ano 2000 (Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil/PNUD), mostra que a população da bacia contava com um desenvolvimento humano de 0,699, classificado como médio (entre 0,500 e 0,799). No mesmo ano, os dados estimados para as subáreas mostravam que, apesar de algumas variações entre elas, a população se encontrava num mesmo patamar de desenvolvimento humano, variando entre 0,650 na SA1 – Baixo Aripuanã e 0,759 da SA6 – Alto Roosevelt. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 389 Na projeção do IDH realizada para a bacia, a população muda para o patamar alto de desenvolvimento a partir do ano 2016, chegando em 2026 com um desenvolvimento de 0,860. Nas subáreas, a situação é similar. A população consegue atingir um padrão alto de desenvolvimento ainda que, devido às características específicas de cada subárea, estas continuem apresentando diferenças de nível, variando de 0,813 na SA1 – Baixo Aripuanã a 0,908 na SA6 – Alto Roosevelt sendo, esta última, a única subárea que ultrapassa o índice de 0,900 na bacia. Outra diferença observada entre as subáreas é o momento em que a população consegue subir do patamar médio para o de alto desenvolvimento. Assim, enquanto a SA6 – Alto Roosevelt atinge um alto desenvolvimento em 2006, a SA1 – Baixo Aripuanã alcança a mesma situação só em 2026. As Figuras 6.4.14. e 6.4.15. apresentam a evolução do Desenvolvimento Humano para a bacia e para as subáreas. Índice de Desenvolvimento Humano da Bacia 0,900 0,850 0,800 0,750 0,700 0,650 0,600 Dados Projetados Dados Observados 0,550 1991 2000 2006 2011 2016 2021 2026 Figura 6.4.14. - Índice de Desenvolvimento Humano da bacia do rio Aripuanã, período 1991-2026 Índice de Desenvolvimento Humano por Subárea 0,950 0,900 0,850 0,800 0,750 0,700 0,650 0,600 0,550 SA1-BA SA2-MA 1991 SA3-AA 2000 2006 SA4-BR 2011 SA5-MR 2016 2021 SA6-AR SA7-G 2026 Figura 6.4.15. - Índice de Desenvolvimento Humano das subáreas, período 1991-2026 Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 390 6.4.5.5. Áreas Ocupadas por Matas e Florestas Apesar de a bacia contar com extensas áreas preservadas, a ocupação avança de forma continuada sobre as áreas de vegetação, sendo o desmatamento a principal via de ocupação e incorporação de novas áreas. Na Avaliação Ambiental Distribuída, o indicador de sensibilidade do Uso e Ocupação do Solo utilizou, entre as suas variáveis, as áreas ocupadas por matas e florestas, sendo estimada a sensibilidade com base no grau de participação da área ocupada pelas matas e florestas nos estabelecimentos rurais (Censo Agropecuário/2006). O grau de sensibilidade considera que quanto maior for essa participação nos estabelecimentos agropecuários, mais sensível é a área às intervenções. A projeção das áreas de matas e florestas foi estimada adotando-se os levantamentos anuais da área desflorestada da Amazônia Legal realizados pelo INPE, utilizando o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal - PRODES, cujos dados informam o aumento anual do desmatamento nos municípios. Nos dados disponibilizados, a partir do ano 2000, observa-se que o ritmo de desflorestamento na região vem declinando anualmente. Para efeito deste estudo, a estimativa da extensão ocupada pelas matas e florestas, para o cenário do ano 2026, foi projetada utilizando a taxa de desflorestamento dos municípios integrantes da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã observada entre os anos 2007/2008. A estimativa da variação da área desflorestada foi realiza junto com a projeção do Valor Agregado da Agropecuária. 6.5. Avaliação de Efeitos Cumulativos e Sinérgicos de Impactos Ambientais A metodologia para a identificação, qualificação, quantificação e valoração dos impactos socioambientais dos empreendimentos estudados é a mesma utilizada na Avaliação Ambiental Distribuída – AAD, descrita no Apêndice F-Volume II – Capítulo 4. Na Avaliação Ambiental Integrada – AAI são considerados os efeitos socioambientais da implantação de usinas hidrelétricas e a identificação dos efeitos cumulativos e sinérgicos decorrentes da formação da cadeia de reservatórios. Desta forma procurou-se: - Diferenciar a significância dos impactos de acordo com as suas características, associando os seus efeitos sobre os recursos ambientais afetados em cada uma das áreas onde ocorrem: ADA, AID, AII, Jusante, Municípios e Áreas Protegidas, permitindo assim a sua espacialização e mapeamento. - Hierarquizar os impactos de acordo com a sua significância que é um valor obtido a partir da interação e o estabelecimento de um sistema de pesos para classificar a magnitude e importância de cada impacto; - Diferenciar intensidade dos impactos de acordo com as características de construção e operação de cada empreendimento; - Elaborar uma avaliação do conjunto dos empreendimentos considerando a abrangência dos impactos nas subáreas e suas interações manifestadas pelos efeitos cumulativos e sinérgicos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 391 A Figura 6.5.1 apresenta as principais atividades envolvidas no processo de avaliação dos impactos ambientais. Alternativa de divisão de queda selecionada Significância Características do Impacto Seleção de Impactos Intensidade Características do empreendimento Abrangência Espacialização MAPAS DE IMPACTOS: - Recursos Hídricos e Ecossistemas aquáticos - Meio Físico e Ecossistemas Terrestres - Socioeconomia Negativos - Socioeconomia Positivos Mapas de Sensibilidade Integrada por Tema Sinergia e Cumulatividade Mapa de Fragilidades e Potencialidades por Tema Figura 6.5.1. Etapas do Processo de Avaliação de Impactos Ambientais 6.5.1. Identificação e Seleção dos Impactos Ambientais Analisando-se o conjunto de empreendimentos existentes e aqueles previstos nos Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã, consideraram-se os mesmos impactos identificados na Avaliação Ambiental Distribuída, que estão apresentados na Tabela 6.5.1. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 392 Tabela 6.5.1. Lista de Impactos Ambientais por Tema Tema Impactos Ambientais Negativos Alteração no Regime Natural do Rio Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Qualidade da Água no Reservatório Qualidade da Água a Jusante Perda de Ambientes Relevantes Extensão de Rio Inundado Perda de Vegetação Marginal Perda de Vegetação Natural Meio Físico e Interferências em Áreas Protegidas Ecossistemas Terrestres Pressão Antrópica/Erosão Fragmentação Habitat Perda de áreas Desarticulação de Modos de Vida Socioeconomia Intensificação do Potencial de Conflitos Perda de Patrimônio Natural, Histórico, Cultural e Arqueológico População Afetada Tema Impactos Ambientais Positivos Socioeconomia Aumento da Arrecadação Financeira Melhora na Infraestrutura Viária 6.5.2. Análise dos Impactos Ambientais Os impactos foram avaliados de acordo com a sua significância, intensidade e abrangência. 6.5.2.1. Significância do Impacto A significância de um impacto é representada por um valor que é o resultado da interação entre a sua magnitude e a sua importância. A magnitude é determinada pelas características do impacto e pela forma como ocorre no ambiente. A sua importância é determinada pelo potencial de provocar efeitos sinérgicos e cumulativos. A Tabela 6.5.2 apresenta a composição da significância dos impactos selecionados. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 393 Tabela 6.5.2. - Significância dos Impactos Distributividade Tempo de Incidência Prazo de Permanência Probabilidade MAGNITUDE Cumulatividade Reversibilidade Sinergia Importância IMPORTÂNCIA SENTIDO SIGNIFICÂNCIA COMPOSIÇÃO DA IMPORTÂNCIA Forma de Incidência COMPOSIÇÃO DA MAGNITUDE 1. Alteração no Regime Natural do Rio D L I P C 10 C I P G 12 N -120 2. Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias D R I P P 10 C I P MG 13 N -130 3. Qualidade da Água do Reservatório D L I P P 9 C I P G 12 N -108 4. Qualidade da Água a Jusante D L I P P 9 C I P M 11 N -99 5. Perda de Ambientes Relevantes D L I P C 10 NC I A M 7 N -70 6. Extensão de Rio Inundado D L I P C 10 C I P G 12 N -120 7. Perda de Vegetação Marginal D L I P C 10 C I P G 12 N -120 8. Perda de Vegetação Natural D L I P C 10 C I P MG 13 N -130 9. Interferências em Áreas Protegidas D L I P P 9 NC I A MG 9 N -81 10. 10. Pressão Antrópica/Erosão I R I P P 9 C I A P 8 N -72 11. Fragmentação de Habitats I R I P C 9 C I P G 12 N -120 Impactos Socioambientais Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 394 Tabela 6.5.2. - Significância dos Impactos (continuação) Distributividad e Tempo de Incidência Prazo de Permanência Probabilidad e MAGNITUDE Cumulativida de Reversibilidad e Sinergia Importância IMPORTÂNCI A SENTIDO SIGNIFICÂNCIA COMPOSIÇÃO DA IMPORTÂNCIA Forma de Incidência COMPOSIÇÃO DA MAGNITUDE 12. Perda de Áreas D L I P C 10 C I A G 10 N -100 13. Desarticulação de Modos de Vida D L I P C 10 NC I P MG 11 N -110 14. Intensificação do Potencial de Conflitos D R I P C 11 C R P MG 12 N -132 15. Perda de Patrimônio Natural, Histórico, Cultural e Arqueológico D L I P C 10 C I P M 11 N -110 16. População Afetada D L I P C 10 C I A MG 11 N -110 17. Aumento da Arrecadação dos Municípios I L MLP P C 8 C I P M 11 P 88 18. Melhora na Infraestrutura Viária I L I P P 8 C R A G 9 P 72 Impactos Socioambientais Forma de Incidência: Distributividade: Indireta-I (1) Local-L (1) Direta-D (2) Regional-R (2) Tempo de Incidência: Prazo de Permanência: Médio/Longo Prazo-MLP (1) Temporário-T (1) Imediato-I (2 ) Permanente-P (3) Sinergia: Ausente-A (1) Presente-P (3) Sentido: Positivo-P (+) Negativo-N (-) Importância: Muito Pequena_MP (1) Pequena-P (2) Média-M (3) Grande-G (4) Muito Grande-MG (5) Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Probabilidade: Provável-P (1) Certo-C (2) Cumulatividade: Não Cumulativo-NC (1) Cumulativo-C (3) Reversibilidade: Reversível-R (1) Irreversível-I (2) 395 6.5.2.2. Intensidade dos Impactos Os fatores determinantes da intensidade dos impactos estão relacionados às características do empreendimento tanto na etapa de construção como de operação e a sua participação na geração de processos indutores de impactos. A classificação foi definida com base na percepção e experiência da equipe multidisciplinar envolvida no processo de avaliação dos impactos. A Tabela 6.5.3 apresenta as características do empreendimento que serviram de base para a composição da intensidade dos impactos. Tabela 6.5.3. Composição da Intensidade dos Impactos Regime de Operação Tempo de Permanência Potência (MW) Área do Reservatório Km 2 Comprimento do Reservatório (% do comprimento do rio em que se localiza o eixo) Queda de Referência (metros) Trecho de Vazão Reduzida* Regularização Fio d'água >60 20,1 - 60 5,1 - 20 ≤5 >300 150 - 300 50 - 150 <50 >250,0 150,1 - 250,0 50,1 - 150,0 <50,0 >20% entre 10,1 e 20% entre 5 e 10% <5 % >25,0 10,0 - 25,0 <10,0 sim não Alta Muito Baixa Alta Média Baixa Muito Baixa Alta Média Baixa Muito Baixa Alta Média Baixa Muito Baixa Alta Média Baixa Muito baixa Alta Média Baixa Alta Muito Baixa (*) somente ocorre na UHE Dardanelos 6.5.2.3. Abrangência dos Impactos A área de abrangência dos impactos é definida no Manual de Inventário Hidroelétrico de Bacias Hidrográficas/MME 2007, como “a representação espacial dos impactos realizada a partir da identificação dos elementos geográficos que podem melhor representar os recursos naturais envolvidos diretamente em cada impacto ambiental”. Assim, foi definida a área de abrangência de cada impacto para efeito de representação gráfica da sua influência, que pode ser sentida em mais de uma área, porém com intensidades diferentes. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 396 As áreas de abrangência consideradas são: - ADA – Área Diretamente Afetada: Compreende á área a ser ocupada pela formação do reservatório. - AID – Área de Influência Direta: Compreende á área a ser ocupada pelo reservatório e o entorno, correspondente a uma faixa de 10 km (ADA+10km). No caso de impacto na socioeconomia, as Terras Indígenas, mesmo que parcialmente afetadas, foram consideradas na sua totalidade. - AII – Área de Influência Indireta: Na área de influência indireta os efeitos dos impactos abrangeriam a Bacia Hidrográfica de contribuição direta do empreendimento. - Áreas Protegidas: Inclui as Unidades de Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas, sendo que a influência dos impactos abrange a totalidade da Área Protegida cujo território é afetado, ainda que parcialmente. - Área de Jusante: compreende uma faixa de 10 km, em cumprimento e largura, a jusante do barramento, nos casos em que o remanso do reservatório do próximo empreendimento, avance sobre esse trecho. No caso de ausência de aproveitamentos a jusante a faixa se estenderá até a foz do próximo corpo hídrico classificado com no mínimo a 5ª ordem na hierarquia fluvial. - Municípios: Abrange os municípios sob influência direta de cada empreendimento, ou seja, aqueles cujo território é parcialmente inundado pela formação do reservatório. A Tabela 6.5.4 a seguir apresenta a associação entre os impactos e as áreas de abrangência. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 397 Tabela 6.5.4. - Abrangência dos Impactos Ambientais Impactos Ambientais Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Meio Físico e Ecossistemas Terrestre Socioeconomia Abrangência Alteração no Regime Natural do Rio ADA Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias AII Qualidade da Água do Reservatório ADA Qualidade da Água a Jusante Jusante Perda de Ambientes Relevantes ADA Extensão de Rio Inundado AII Perda de Vegetação Marginal AID (ADA+10km) Perda de Vegetação Natural ADA Interferências em Áreas Protegidas Áreas Protegidas Pressão Antrópica/Erosão AII Fragmentação de Habitats AID (ADA+10km) Perda de áreas ADA Desarticulação de Modos de Vida AID (ADA+10km) Intensificação do Potencial de Conflitos Municípios Perda de Patrimônio Natural, Histórico, ADA Cultural e Arqueológico População Afetada AID (ADA+10km) Aumento da Arrecadação Financeira Municípios Melhora na Infraestrutura Viária Municípios 6.5.3. Composição dos Indicadores de Impacto A composição dos indicadores de impacto partiu da metodologia adotada na AAD, portanto, os impactos foram ponderados de acordo com o grau de importância relacionado à área de abrangência. A integração em ambiente SIG dos resultados dos cruzamentos entre significância, intensidade e abrangência permitiu a geração dos mapas de impacto para cada um dos temas analisados e o posterior cruzamento com os mapas de sensibilidade ambiental da Bacia Hidrográfica. 6.5.4. Elaboração dos Mapas de Fragilidade Ambiental e Potencialidade Socioeconômica Os mapas de fragilidade ambiental e de potencialidade socioeconômica foram construídos por meio da ferramenta SIG, sobrepondo-se espacialmente os mapas de impactos ambientais com os mapas de sensibilidade ambiental, elaborados para o cenário futuro de acordo com os critérios de projeção da sensibilidade, descritos no item 6.4. A integração dos impactos negativos com a sensibilidade ambiental determinou a identificação das fragilidades na Bacia Hidrográfica, enquanto que a integração dos impactos positivos resultou no mapa de potencialidade socioeconômica da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 398 Os mapas resultantes foram analisados pela equipe técnica para aferir a consistência em relação à abrangência dos impactos em cada subárea, a intensidade da manifestação dos impactos ambientais e a indicação dos graus de fragilidade ambiental em cada subárea. Não foram identificadas inconsistências que justificassem a alteração dos critérios estabelecidos. Desta forma, os mapas foram analisados permitindo a Avaliação Ambiental Integrada no Cenário A – Empreendimentos Existentes - Ano 2026 e Cenário B – que considera o desenvolvimento socioeconômico da área de estudo no horizonte de 20 anos (2026), com a implantação de todos os empreendimentos que compõem a alternativa de divisão de quedas definida no Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã. 6.6. Avaliação Ambiental Integrada 6.6.1. Cenário A – Empreendimentos Existentes – Ano 2026 Considera-se no Cenário A, o desenvolvimento socioeconômico da Bacia Hidrográfica no horizonte de 20 anos (2026), com os empreendimentos hidrelétricos PCH Juína, e UHE Dardanelos existentes (2006) e analisados na Avaliação Ambiental Distribuída – AAD, apresentados na Figura 6.6.1, sem a implantação da alternativa de divisão de quedas proposta no Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã. De acordo com a metodologia descrita anteriormente e com base no cenário de referência para 2026, apresenta-se uma análise da sensibilidade socioambiental, dos impactos cumulativos e sinérgicos, bem como das fragilidades e potencialidades da bacia do rio Aripuanã, face a esses dois empreendimentos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 399 Figura 6.6.1. - Cenário A - Empreendimentos hidrelétricos existentes – Bacia do Rio Aripuanã Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 400 6.6.1.1. Sensibilidade Ambiental A análise da sensibilidade ambiental da bacia para os dois cenários considerados (2026) foi definida conforme metodologia descrita no item 6.4, com base na valoração e espacialização dos indicadores e variáveis selecionadas para esse fim. Foram elaborados mapas de sensibilidade ambiental para cada um dos indicadores selecionados. A integração dessas variáveis, por tema, permite a análise das modificações projetadas para a caracterização da sensibilidade ambiental dessa Bacia Hidrográfica para o Cenário A, com os empreendimentos existentes no ano 2006, e para o Cenário B (2026), onde se consideram também os empreendimentos propostos no inventário. As características da sensibilidade projetadas para o cenário de longo prazo (cenário 2026), no que diz respeito aos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos (Ilustração 55), revelaram um aumento da sensibilidade especialmente devido à pressão populacional sobre os recursos hídricos e o potencial agravamento dos padrões de qualidade da água, quando comparados com os observados no cenário atual (2006) (Ilustração 31). O aumento da sensibilidade para os recursos hídricos reflete as altas taxas de crescimento e da densidade populacional especialmente nas subáreas Baixo Aripuanã - SA1, Médio Aripuanã - SA2, Baixo Roosevelt SA4 e Guariba - SA7. No caso dos Ecossistemas Aquáticos a sensibilidade permaneceu com os mesmos índices obtidos para o cenário atual 2006 (Ilustração 43), visto que os indicadores para esta variável foram classificados como estáveis para a elaboração do cenário 2026. O que pode ocorrer é a pressão indireta sobre os Ecossistemas Aquáticos decorrentes do aumento da sensibilidade para os Recursos Hídricos, como pode ser observado no mapa de sensibilidade desta variável projetado para 2026 (Ilustração 44). No caso do Meio Físico e dos Ecossistemas Terrestres, o avanço da ocupação antrópica e a consequente diminuição de áreas com vegetação natural condicionaram a diminuição da sensibilidade especialmente nas subáreas Baixo Aripuanã - SA1, Médio Aripuanã -- SA2, e Guariba - SA7, em áreas próximas aos núcleos urbanos e ao longo das principais rodovias. Neste contexto, a porção sul da subárea Baixo Roosevelt - SA4 apresentou importante diminuição da sensibilidade, assim como a região do entorno do município de Apuí e Novo Aripuanã, na subárea Baixo Aripuanã - SA1 (Ilustração 56). Comparando-se com o Mapa de Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres do cenário atual 2006 (Ilustração 21), verifica-se um aumento da sensibilidade nas subáreas Baixo Roosevelt SA4, na região do rio Madeirinha, e na subárea Baixo Aripuanã - SA1, ao longo do rio Aripuanã, devido a proposição de duas novas unidades de conservação para o cenário 2026 (Ilustração 45). No caso do Meio Físico, a sensibilidade manteve-se nos mesmos índices do cenário atual 2006, pois a variável do indicador de sensibilidade, erosão superficial e concentrada, foi considerada estável (Ilustração 46). No que concerne ao meio socioeconômico, comparando-se com a sensibilidade ambiental identificada em 2006, o cenário 2026 mostra um comportamento diferenciado da sensibilidade. Observa-se um aumento da sensibilidade nos subespaços correspondentes às Terras Indígenas e Unidades de Conservação, nas quais há um predomínio de áreas com alta sensibilidade. No restante da bacia, onde a ocupação antrópica e as atividades econômicas têm uma presença maior a sensibilidade apresentou melhora, ou seja, diminuição nos índices, como no leste da bacia, na região dos municípios de Juruena e Cotriguaçu, classificada com baixa sensibilidade. No restante da bacia, onde a ocupação é menor, com áreas ainda bem Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 401 preservadas, a sensibilidade apresentou um pequeno aumento, mas mantendo-se ainda como de média sensibilidade. Na região sul da bacia, nas áreas dos municípios mato-grossenses, a sensibilidade se manteve praticamente estável (Ilustração 57 – Mapa de Sensibilidade Integrada da Socioeconomia). Nas projeções realizadas, a pressão populacional foi o único indicador que sofreu drástico aumento da sensibilidade. As altas taxas de crescimento demográfico se traduzem numa elevação da pressão populacional em praticamente todas as subáreas, principalmente no setor sul da bacia. Nas subáreas, Baixo Aripuanã - SA1, Médio Aripuanã - SA2, e Baixo Roosevelt SA4, abrangendo a região central e norte da bacia, há certa homogeneização da sensibilidade em relação a 2006, que passa a ter sensibilidade moderadamente alta. Já na porção sul, que compreende parte dos municípios mato-grossenses e rondonienses da bacia, nesses com ocupação mais antiga, observam-se taxas negativas de crescimento populacional, influenciadas pela emigração da população rural. No entanto as altas densidades que ocorrem nesses municípios determinam uma sensibilidade mais alta (Ilustração 47). O uso e ocupação do solo (Ilustração 50) é outro indicador que teve sua sensibilidade modificada. Nas porções da bacia que ainda possuem grandes áreas preservadas, tanto pela baixa ocupação quanto pela presença de Unidades de Conservação e Terras Indígenas, observa-se um aumento da sensibilidade. Já as porções mais densamente ocupadas e com atividade agropecuária consolidada (leste da SA3 - Alto Aripuanã, sul da SA5 - Médio Roosevelt, e oeste da SA6 - Alto Roosevelt), a sensibilidade aumenta apenas discretamente. Por sua vez, nos municípios rondonienses da SA6 – Alto Roosevelt, ao contrário da maioria dos demais municípios, o melhor desempenho da agropecuária influenciou na redução da sensibilidade. Porém, este fato provoca pressão sobre as Terras Indígenas, aumentando a sua sensibilidade, embora essa pressão possa não acontecer efetivamente, pois a parte com maior ocupação agropecuária encontra-se fora da bacia. Vale ressaltar que, nesta mesma lógica, para os municípios do centro e norte da bacia, as projeções indicam uma menor participação da agropecuária, aumentando a sensibilidade, além de índices estáveis ou pouco mais elevados de áreas ocupadas por florestas, condição que determina a manutenção da sensibilidade ainda elevada. Ainda neste indicador observou-se que a participação do valor agregado do setor agropecuário no PIB de cada município, segundo as projeções, tende a diminuir na maioria deles, aumentando assim a sensibilidade. Significante é também a diminuição da sensibilidade quanto ao comprometimento das atividades econômicas na maior parte da bacia (Ilustração 51), como a extrativista e do setor terciário (comércio e serviços), mas principalmente quanto à agropecuária, que deve se expandir em detrimento das áreas preservadas. Pode-se observar a consolidação desta atividade em todo o leste matogrossense, principalmente no entorno das cidades de Aripuanã e Colniza, além de sua expansão para o oeste, unindo-a à porção rondoniense. Nesta última, a tendência é de ocupação da pouca área remanescente fora das Unidades de Conservação e Terras Indígenas, provocando assim um aumento da sensibilidade nas subáreas SA5 e SA6, em subespaços que correspondem às áreas indígenas e seu entorno. Poderá haver também, a expansão da atividade econômica no trecho da BR-230 (Transamazônica) e Apuí, no eixo Apuí-Novo Aripuanã e no entorno da sede desses municípios. Do mesmo modo, espera-se um aumento nos valores tanto do PIB quanto da arrecadação municipal, fato que diminui, invariavelmente, a sensibilidade de todos os municípios da bacia podendo provocar a melhora dos aspectos econômicos dos mesmos. Nota-se, ainda, que este cenário também esboça um aumento da sensibilidade nas Unidades de Conservação, que se encontram próximas às áreas densamente ocupadas ou de vetores de ocupação, devido à forte pressão sobre seus limites. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 402 Em contrapartida, a sensibilidade quanto à organização territorial (Ilustração 52) diminuirá em praticamente toda a bacia. A implementação de novos instrumentos de gestão municipal e ambiental deve permitir às respectivas administrações melhorar a eficiência frente a novas intervenções, reduzindo a sensibilidade quanto a este indicador. No entanto, nas subáreas Alto Aripuanã - SA3, Médio Roosevelt - SA5 e Alto Roosevelt - SA6, ocorre um ligeiro acréscimo na sensibilidade nos subespaços que correspondem às áreas indígenas. No modo de vida, a sensibilidade se mantém estável na maior parte da bacia, observando-se um aumento de sensibilidade, para moderadamente alta, nas subáreas Baixo Aripuanã - SA1 e Baixo Roosevelt - SA2, circunscrita aos subespaços onde surgiram novas Unidades de Conservação. A expansão da ocupação das áreas urbanas e rurais provoca, também, aumento da sensibilidade (Ilustração 48). Quanto às condições de vida (Ilustração 49) nota-se uma diminuição significativa da sensibilidade em toda a área da bacia. Espera-se a melhora quanto ao IDH-M e o índice GINI em todos os municípios. Quanto ao índice de violência e ao número de leitos/habitante, a sensibilidade também diminui, inclusive em Colniza e Juruena. Nesses municípios a redução na sensibilidade, apesar de significativa, os mantém ainda em nível maior de sensibilidade em relação aos outros municípios, ainda que passem para sensibilidade média. Assim, é possível constatar que haverá a tendência de uma leve diminuição da sensibilidade em áreas específicas da bacia, variando entre média e baixa sensibilidade, nas subáreas SA3, SA5, SA6, ao sul das subáreas SA2, SA4 e SA7 e ao norte da SA1. Já a porção norte das subáreas SA2, SA4 e SA7 e a porção sul da SA1, que juntas podem ser classificadas como um subespaço ainda de maior sensibilidade na bacia, porém com tendência a diminuir. Já na sensibilidade positiva (Ilustrações 53, 54 e 58) observa-se que praticamente todos os municípios tornam-se menos sensíveis, onde indicadores como o dinamismo econômico, PIB e IDH-M seguem na tendência de melhora acentuada. Apenas o município de Aripuanã mantémse no patamar de alta sensibilidade, pois neste cenário apresenta uma discreta melhora quanto aos índices de dinamismo econômico, mas ainda carece de instrumentos de gestão tanto municipal quanto ambiental. As Ilustrações 55, 56 e 57 apresentam os mapas de Sensibilidade Integrada para os Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, para o Meio Físico e Ecossistemas Terrestres e para a Socioeconomia, respectivamente. 6.6.1.2. Impactos Cumulativos e Sinérgicos A metodologia para a identificação, qualificação, quantificação e valoração dos impactos socioambientais dos empreendimentos estudados é a mesma utilizada na Avaliação Ambiental Distribuída – AAD e está descrita no Apêndice F-Volume II – Capítulo 4. A significância, a intensidade dos fatores determinantes e a abrangência dos impactos ambientais decorrentes dos empreendimentos do Cenário A - PCH Juína localizada no alto curso do rio Aripuanã e a UHE Dardanelos, localizada no limite entre as subáreas Alto e Médio Aripuanã, são apresentadas nas Tabelas 6.6.1, 6.6.2, 6.6.3 e 6.6.4, a seguir. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 403 Tabela 6.6.1. - Significância dos Impactos – Cenários A e B Distributividade Tempo de Incidência Prazo de Permanência Probabilidade MAGNITUDE Cumulatividade Reversibilidade Sinergia Importância IMPORTÂNCIA SENTIDO SIGNIFICÂNCIA COMPOSIÇÃO DA IMPORTÂNCIA Forma de Incidência COMPOSIÇÃO DA MAGNITUDE 1. Alteração no Regime Natural do Rio D L I P C 10 C I P G 12 N -120 2. Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias D R I P P 10 C I P MG 13 N -130 3. Qualidade da Água do Reservatório D L I P P 9 C I P G 12 N -108 4. Qualidade da Água a Jusante D L I P P 9 C I P M 11 N -99 5. Perda de Ambientes Relevantes D L I P C 10 NC I A M 7 N -70 6. Extensão de Rio Inundado D L I P C 10 C I P G 12 N -120 7. Perda de Vegetação Marginal D L I P C 10 C I P G 12 N -120 8. Perda de Vegetação Natural D L I P C 10 C I P MG 13 N -130 9. Interferências em Áreas Protegidas D L I P P 9 NC I A MG 9 N -81 10. Pressão Antrópica/Erosão I R I P P 9 C I A P 8 N -72 11. Fragmentação de Habitats I R I P C 9 C I P G 12 N -120 Impactos Socioambientais Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 404 Tabela 6.6.1. - Significância dos Impactos - Cenários A e B (continuação) Distributividade Tempo de Incidência Prazo de Permanência Probabilidade MAGNITUDE Cumulatividade Reversibilidade Sinergia Importância IMPORTÂNCIA SENTIDO SIGNIFICÂNCIA COMPOSIÇÃO DA IMPORTÂNCIA Forma de Incidência COMPOSIÇÃO DA MAGNITUDE 12. Perda de Áreas D L I P C 10 C I A G 10 N -100 13. Desarticulação de Modos de Vida D L I P C 10 NC I P MG 11 N -110 14. Intensificação do Potencial de Conflitos D R I P C 11 C R P MG 12 N -132 15. Perda de Patrimônio Natural, Histórico, Cultural e Arqueológico D L I P C 10 C I P M 11 N -110 16. População Afetada D L I P C 10 C I A MG 11 N -110 17. Aumento da Arrecadação dos Municípios I L MLP P C 8 C I P M 11 P 88 18. Melhora na Infraestrutura Viária I L I P P 8 C R A G 9 P 72 Impactos Socioambientais Forma de Incidência: Distributividade: Indireta-I (1) Local-L (1) Direta-D (2) Regional-R (2) Tempo de Incidência: Prazo de Permanência: Médio/Longo Prazo-MLP (1) Temporário-T (1) Imediato-I (2 ) Permanente-P (3) Sinergia: Ausente-A (1) Presente-P (3) Sentido: Positivo-P (+) Negativo-N (-) Importância: Muito Pequena_MP (1) Pequena-P (2) Média-M (3) Grande-G (4) Muito Grande-MG (5) Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Probabilidade: Provável-P (1) Certo-C (2) Cumulatividade: Não Cumulativo-NC (1) Cumulativo-C (3) Reversibilidade: Reversível-R (1) Irreversível-I (2) 405 Tabela 6.6.2. – Intensidade dos Fatores Determinantes dos Impactos Ambientais – Cenário A Fator Determinante de Impacto UHE Dardanelos PCH Juína Estágio Construção Operação Cenário Atual Atual Valor Fio d'água Fio d' água Índice Muito Baixa Regime de Operação Valor (dias) Tempo de Permanência Índice Valor (MW) Muito Baixa 0 6 Muito Baixa Baixa 261 5,3 Potência Índice Valor (km²) Média 0,02 Muito Baixa 6,70 Área do Reservatório Índice Trecho de Vazão Reduzida* Valor (km) Muito Baixa Muito Baixa 2,30 0 - - Valor (m) 5,00 13,00 Índice Baixa Média 0 10,00 0% 0,85% Índice Queda de Referência Valor (km) Comprimento do Reservatório % do comprimento do rio em que se encontra o eixo Índice Muito baixa Muito baixa * Não foi utilizado na AAI da Bacia do Rio Aripuanã, mantido na tabela como informação As características do empreendimento e a composição dos índices dos fatores determinantes de impactos ambientais são apresentadas na Tabela 6.6.3. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 406 Tabela 6.6.3. - Características do empreendimento e Índices Regularização Alta Fio d'água Muito Baixa >60 Alta 20,1 - 60 Média 5,1 - 20 Baixa ≤5 Muito Baixa >300 Alta 150,1 - 300 Média 50 - 150 Baixa <50 Muito Baixa >250,0 Alta 150,1 - 250,0 Média 50,1 - 150,0 Baixa <50,0 Muito Baixa Comprimento do Reservatório (% do comprimento do rio em que se localiza o eixo) >20% Alta entre 10,1 e 20% Média entre 5 e 10% Baixa <5 % Muito baixa Queda de Referência (metros) >25,0 Alta 10,0 - 25,0 Média <10,0 Baixa Trecho de Vazão Reduzida* sim Alta Regime de Operação Tempo de Permanência Potência (MW) Área do 2 Reservatório Km não Muito Baixa (*) não foi utilizado na AAI da Bacia do Rio Aripuanã. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 407 Tabela 6.6.4. - Abrangência dos Impactos Ambientais Selecionados – Cenários A e B Impactos Ambientais Abrangência 1. Alteração no Regime Natural ADA 2. Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias AII 3. Qualidade da Água do Reservatório ADA 4. Qualidade da Água a Jusante Jusante 5. Perda de Ambientes Relevantes ADA 6. Extensão de Rio Inundado AII 7. Perda de Vegetação Marginal AID (ADA + 10 km) 8. Perda de Vegetação Natural ADA 9. Interferências em Áreas Protegidas Áreas Protegidas 10.Pressão Antrópica/Erosão AII 11.Fragmentação de Habitats AID (ADA + 10 km) 12.Perda de Áreas ADA 13.Desarticulação de Modos de Vida AID (ADA+10 km) 14.Intensificação do Potencial de Conflitos Municípios 15.Perda de Patrimônio Natural, Histórico, Cultural e Arqueológico ADA 16.População Afetada AID (ADA+10 km) 17.Aumento da Arrecadação dos Municípios Municípios 18. Melhora na Infraestrutura Viária Municípios A partir dessas informações foi elaborada a Matriz de Impactos Ambientais, Tabela 6.6.5. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 408 Tabela 6.6.5. - Matriz dos Impactos Ambientais – Cenário A UHE Dardanelos Impactos Ambientais Abrangência Fator Determinante da Intensidade Significância PCH Juína Valoração da Intensidade Intensidade X Significância dos Impactos Valoração da Intensidade Intensidade X Significância dos Impactos IMP-01 Alteração no regime natural do rio IMP-02 Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias IMP-03 Qualidade da Água no Reservatório IMP-04 Qualidade da Água a Jusante IMP-05 Perda de Ambientes Relevantes ADA Compr. do Reservatório -120 MB - 1 -120 MB - 1 -120 AII Queda de Referência -130 B-2 -260 ME - 3 -390 ADA Jusante ADA Tempo de Permanência Regime de Operação Área do Reservatório -108 -99 -70 MB - 1 MB - 1 MB - 1 -108 -99 -70 B-2 MB - 1 MB - 1 -216 -99 -70 IMP-06 Extensão de Rio Inundado AII Compr. do Reservatório -120 MB - 1 -120 MB - 1 -120 IMP-07 IMP-08 IMP-09 IMP-10 IMP-11 IMP-12 IMP-13 IMP-14 AID (ADA+10km) ADA Áreas Protegidas AII AID (ADA+10km) ADA AID (ADA+10km) Município Compr. do Reservatório Área do Reservatório Área do Reservatório Potência (porte da obra) Área do Reservatório Área do Reservatório Área do Reservatório Área do Reservatório -120 -130 -81 -72 -120 -100 -110 -132 MB - 1 MB - 1 MB - 1 ME - 3 MB - 1 MB - 1 MB - 1 MB - 1 -120 -130 -81 -216 -120 -100 -110 -132 MB - 1 MB - 1 MB - 1 MB - 1 MB - 1 MB - 1 MB - 1 MB - 1 -120 -130 -81 -72 -120 -100 -110 -132 IMP-15 Perda de Patrimônio Natural, Histórico, Cultural e Arqueológico ADA Área do Reservatório -110 MB - 1 -110 MB - 1 -110 IMP-16 População Afetada AID (ADA+10km) Área do Reservatório -110 MB - 1 -110 MB - 1 -110 IMP-17 Aumento da Arrecadação Financeira IMP-18 Melhora na Infraestrutura Viária Municípios Municípios Potência (porte da obra) Potência (porte da obra) 88 72 ME - 3 ME - 3 264 216 MB - 1 MB - 1 88 72 Perda de Vegetação Marginal Perda de Vegetação Natural Interferências em Áreas Protegidas Pressão Antrópica/Erosão Fragmentação de Habitats Perda de Áreas Desarticulação de Modos de Vida Intensificação do Potencial de Conflitos Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 409 Os valores foram ponderados em escala definida pela equipe técnica variando de 1 a 10, em ordem crescente de importância relacionada à área de abrangência dos impactos. A partir dessas informações foram definidos os índices de impactos por abrangência, conforme apresentado na Tabela 6.6.6., a seguir. Tabela 6.6.6. - Índices dos Impactos por Abrangência – Cenário A Abrangência dos Impactos Identificação UHE Dardanelos PCH Juína Situação Atual Em construção Em operação Cenário Atual Atual Valor ponderado das áreas da abrangência Índices dos Impactos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos ADA – Área Diretamente Afetada 4 -1.192 -1.624 AID – Área de Influência Direta (ADA+10 km) 1 -120 -120 Jusante 2 -198 -198 AII 3 -1.140 -1.530 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres ADA 5 -650 -650 AID - Área de Influência Direta (ADA + 10 km) 2 -240 -240 Áreas Protegidas 2 -162 -162 AII 1 -216 -72 Meio Socioeconômico Meio Socioeconômico Negativo ADA– Área Diretamente Afetada 5 -1.050 -1.050 AID – Área de Influência Direta (ADA+10 km) 3 -660 -660 Municípios 2 -264 -264 Meio Socioeconômico Meio Socioeconômico Positivo Municípios 10 4.800 1.600 Essas informações foram processadas em ambiente SIG, resultando nos mapas de impacto do Cenário A, Ilustrações 59, 60, 61 e 62. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 410 Pode-se verificar pela análise dos mapas de impactos que os principais impactos cumulativos e sinérgicos ocorrem sobre os recursos hídricos e a biota aquática, relacionados à alteração no regime natural do rio na extensão do reservatório. Secundariamente, os efeitos se fazem sentir em relação à qualidade da água, seguido pela interferência em rotas migratórias, especialmente na PCH Juína e em menor grau na UHE Dardanelos, em virtude do tamanho reduzido do reservatório e da existência do desnível natural do rio. Com relação aos efeitos no meio físico e ecossistemas terrestres a maior cumulatividade e sinergia ocorrem, principalmente na AID da PCH Juína e na ADA dessa PCH e da UHE Dardanelos, principalmente relacionadas à perda de vegetação natural e fragmentação de habitats. Além desses, deverão ser considerados os impactos em áreas protegidas, além da pressão antrópica como fator de indução aos processos erosivos. No que se refere à socioeconomia, a cumulatividade e sinergia verificam-se na AID dos dois empreendimentos, principalmente relacionadas à desarticulação dos modos de vida e à perda de áreas. Quanto aos impactos positivos na socioeconomia, a intensidade varia de média a alta e se restringem aos municípios de Aripuanã e Juína, onde os empreendimentos se localizam e estão relacionados ao aumento da arrecadação financeira. A sinergia entre impactos está representada na Tabela 6.6.7. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 411 IMP-02 - Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias X X IMP-03 - Qualidade da Água no Reservatório X X X IMP-04 - Qualidade da Água a Jusante X X X X X IMP-05 - Perda de Ambientes Relevantes IMP-06 - Extensão de Rio Inundado X X Imp 5 Imp 4 Imp 3 Imp 2 X X X X X X X X X X X X X X X X IMP-08 - Perda de Vegetação Natural X X X X X X IMP-10 - Pressão Antrópica/Erosão X X IMP-11 - Fragmentação de Habitats X IMP-12 - Perda de Áreas X X X IMP-13 - Desarticulação de Modos de Vida X X X IMP-14 - Intensificação do Potencial de Conflitos X X IMP-15 - Perda de Patrimônio Natural, Histórico, Cultural e Arqueológico IMP-16 - População Afetada IMP-17 - Aumento da Arrecadação Financeira IMP-18 - Melhora na Infraestrutura Viária Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética X X X X X X X IMP-07 - Perda de Vegetação Marginal IMP-09 - Interferências em Áreas Protegidas X X X X X X X Imp 1 Imp 6 X Imp 7 X Imp 8 Imp 12 X Imp 9 Imp 13 X Imp 10 Imp 14 X Imp 11 Imp 15 IMP-01 - Alteração no regime natural do rio Imp 16 Impactos Ambientais Imp 17 Imp 18 Tabela 6.6.7. – Sinergia entre os Impactos Ambientais Analisados. 412 6.6.1.3. Fragilidades e Potencialidades As Ilustrações 63, 64, 65 apresentam o mapeamento da fragilidade por tema de estudo e a Ilustração 66 as potencialidades da Bacia Hidrográfica do rio Aripuanã no Cenário A. Considerando-se que a fragilidade ambiental é o resultado do cruzamento da sensibilidade ambiental com os impactos dos empreendimentos hidrelétricos existentes, verifica-se nesse mapeamento que as maiores fragilidades encontram-se na Subárea 3–Alto Aripuanã onde se localizam a PCH Juína e UHE Dardanelos. No que se refere aos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos (Ilustração 63), pode-se observar que as áreas mais frágeis coincidem com as cabeceiras do rio Aripuanã na Área de Influência Indireta da PCH Juína, onde se encontra um subespaço com maior fragilidade, coincidente com uma área de sensibilidade média relacionada às pressões exercidas pela atividade minerária sobre os recursos hídricos. A sensibilidade moderadamente alta ocorre na ADA, estendendo-se a jusante desse empreendimento em faixa ao longo do rio Aripuanã, até a ADA da UHE Dardanelos. Na AII e na ADA da UHE Dardanelos a fragilidade é moderadamente alta, diminuindo gradativamente a jusante, como decorrência dos impactos da UHE que se estendem para a Subárea 2 - Médio Aripuanã. Nessa Subárea também ocorrem fragilidades médias associadas às áreas de ocupação antrópica classificadas como de alta sensibilidade, pela pressão exercida sobre os recursos hídricos. As fragilidades apontadas estão relacionadas aos impactos decorrentes da implantação e operação desses reservatórios, no regime natural do rio, na qualidade da água e, no caso de Dardanelos, também às pressões sobre os recursos hídricos pela ocupação da sede municipal de Aripuanã. Quanto ao tema Meio Físico e Ecossistemas Terrestres (Ilustração 64), as maiores fragilidades estão relacionadas com os impactos na ADA e na AII da PCH Juína sobre as Terras Indígenas Parque Indígena do Aripuanã, Aripuanã, Serra Morena e Enawenê-Nawê (parte), estendendose com fragilidade moderadamente alta e média para a Subárea 3 - Alto Roosevelt e média para a Subárea Guariba e parte da Subárea Médio Aripuanã, onde coincide com porções de áreas indígenas. A fragilidade média está associada aos impactos sobre áreas onde a sensibilidade varia de média a baixa nas áreas rurais dos municípios de Juína, Castanheira e Aripuanã, pela presença de pastagens. Além dessas, ocorrem subespaços de fragilidade moderadamente alta na ADA da UHE Dardanelos na parte do território correspondente à Subárea 3 - Alto Aripuanã e média na porção correspondente à Subárea Médio Aripuanã. Especificamente no que se refere à fragilidade no meio físico, os maiores índices estão associados à maior sensibilidade em áreas onde os processos erosivos são mais intensos e que sofrem as pressões pela intensificação das atividades antrópicas. Como nos demais temas, a fragilidade na socioeconomia (Ilustração 65) concentra-se no território dos municípios Aripuanã e Juína, onde se encontram os empreendimentos UHE Dardanelos e PCH Juína, respectivamente, com maior intensidade no entorno deles. No entanto, comparando-se com a sensibilidade da AAD, observa-se o aumento da fragilidade ao longo do período, principalmente nas Terras Indígenas e, uma fragilidade menor no restante do território desses municípios. No restante da bacia, como não há outros empreendimentos no Cenário A, a fragilidade está relacionada à sensibilidade das áreas, variando de média a moderadamente baixa, que coincidem com as unidades de conservação de uso sustentável, reservas extrativistas e de proteção integral, e, com baixa fragilidade as áreas com uso antrópico consolidado. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 413 A potencialidade da socioeconomia (Ilustração 66) é o resultado do cruzamento da sensibilidade positiva dos municípios com os impactos positivos provocados pela instalação e operação dos empreendimentos hidrelétricos existentes. A sensibilidade positiva foi definida pelo grau de organização e a quantidade de instrumentos de gestão administrativa e ambiental existentes nos municípios, para a gestão dos recursos provenientes da compensação financeira pela instalação de empreendimentos hidrelétricos. Assim, verifica-se que o município Aripuanã, embora tenha maior arrecadação pelo porte da UHE Dardanelos, também sofre os impactos negativos desse empreendimento e tem menor capacidade de gestão desses recursos que Juína. Ambos os municípios possuem uma potencialidade baixa, ainda que Juína seja levemente maior. Por outro lado, os municípios rondonienses, onde não há empreendimentos hidrelétricos, têm maior capacidade de gestão administrativa e ambiental de seus recursos financeiros classificando-se como os de maior potencialidade nessa Bacia Hidrográfica. 6.6.1.4. Avaliação Ambiental por Subárea Neste item serão consideradas apenas as subáreas sujeitas às interferências dos empreendimentos do cenário A, subárea Alto Aripuanã – SA3 e Médio Aripuanã – SA2. 6.6.1.4.1. Subárea Alto Aripuanã Impactos Cumulativos e Sinérgicos A PCH Juína e a UHE Dardanelos localizam-se nesta subárea, sendo que esta última se encontra no limite das subáreas Alto – SA3 e Médio Aripuanã – SA2. A análise dos efeitos cumulativos e sinérgicos dos impactos ambientais desses dois empreendimentos demonstra que são mais expressivos nos recursos hídricos e ecossistemas aquáticos, notadamente na Subárea Alto Aripuanã na área de influência da PCH Juína e da UHE Dardanelos. Esses efeitos se estendem a jusante da PCH até o reservatório de Dardanelos e são decorrentes da alteração do regime do rio de lótico para lêntico, a partir do qual é desencadeada uma série de interferências nas condições limnológicas, alterando a qualidade da água e a biota aquática. Verifica-se na Ilustração 59 que a maior cumulatividade e sinergia ocorre na Área de Influência Direta da PCH Juína, estendendo-se com intensidade média para a AII da PCH relacionado à interferência na ictiofauna e rotas migratórias, pois de acordo com a metodologia utilizada, os fatores determinantes para definir a abrangência dos impactos na AII foram a queda de referência e o comprimento do reservatório. No entanto, este efeito pode ser relativizado, uma vez que a presença do complexo de cachoeiras de Dardanelos, já representa um fator restritivo à migração reprodutiva de grandes peixes migradores existentes no rio Aripuanã. Os impactos na qualidade da água de jusante da PCH Juína prolongam-se até o reservatório da UHE Dardanelos e, a intensidade média, está relacionada à cumulatividade e sinergia com os impactos medianamente baixos na AII da UHE Dardanelos. Ainda relacionadas a esta última, a cumulatividade e sinergia ocorrem no entorno da barragem e à jusante avançando pela Subárea Médio Aripuanã até encontrar rio Canamã, afluente de 5ª ordem, a partir do qual os efeitos negativos sobre a qualidade da água são minimizados. Como cumulativos e sinérgicos nos ecossistemas terrestres podem-se considerar que os impactos sobre os diversos grupos de comunidades biológicas, provocados pela alteração no regime natural do rio, repercutem nesses ecossistemas, como por exemplo, a interferência na comunidade de animais piscívoros. Ainda em relação a esse tema, conforme se observa na Ilustração 60, a concentração de impactos de maior intensidade ocorre na ADA, AID e Jusante da PCH Juína. A cumulatividade e sinergia estão relacionadas à perda de vegetação natural e Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 414 fragmentação de habitats. Acrescenta-se que com diferentes graus de impactos são classificadas as interferências nas terras indígenas. Nesta subárea os impactos mais significativos encontram-se na AII da UHE Dardanelos, intensificando-se onde coincide com a AID e jusante da PCH Juína. Na AII da UHE Dardanelos, os graus de impacto variam de baixo, onde não há áreas protegidas, a medianamente alto, onde coincide com a o Parque Indígena Aripuanã, que sofre também influência da PCH Juína. Na AII, dessa PCH, no extremo sul da subárea Alto Aripuanã, verifica-se baixo grau de impacto pela interferência com parte da TI Enawenê-Navê. No restante dessa subárea, onde coincide com as Terras Indígenas Aripuanã e Serra Morena, o grau de impacto é moderadamente baixo, pois, essas áreas, sofrem apenas a influência de Dardanelos. Na AID desta usina, verifica-se grau médio de impacto relacionado à perda de habitats e de vegetação natural pela implantação do reservatório e diminuindo para jusante pelos impactos relacionados à perda de vegetação e consequente interferência na fauna associada. Ressalta-se que no caso da existência de área protegida dentro da área de influência dos empreendimentos, considera-se o impacto no total da área, no entanto, o grau de interferência é considerado maior na porção que se encontra mais próxima ao reservatório e dentro da AII. Por esse motivo, os impactos da PCH Juína e UHE Dardanelos se estendem para a Subárea Alto Roosevelt pela interferência na TI Parque do Aripuanã. Há que se considerar também a possibilidade de intensificação de processos erosivos causados pela pressão de ocupação antrópica sobre os ecossistemas terrestres. A quantidade de população atraída está vinculada ao porte do empreendimento e pode implicar no aumento de desmatamento e de atividades agropecuárias, causando impactos sobre a fauna terrestre e alada além de provocar um aumento da erosão dos solos na AII dos empreendimentos. Os impactos socioeconômicos negativos foram definidos por município onde estão localizados os empreendimentos. Os territórios dos municípios Juína e Aripuanã estendem-se pelas Subáreas Alto – SA3 e Médio Aripuanã – SA2, Alto – SA6 e Médio Roosevelt – SA5 e Guariba – SA7. Analisando-se a Ilustração 61, pode verificar que a maior intensidade dos impactos ocorre no entorno do eixo – ADA e a jusante dos dois empreendimentos e está diretamente relacionada à inundação de áreas, afetando a população e as atividades por ela desenvolvidas, bem como a perda de patrimônio natural, histórico, cultural e arqueológico. As atividades desenvolvidas nessa subárea são a pecuária, geralmente de forma extensiva, a agricultura desenvolvida em pequena escala e o extrativismo vegetal madeireiro e de exploração de produtos da floresta, como óleos, essências e castanhas. A perda de áreas de vegetação natural, além provocar impactos no modo de vida extrativista e ribeirinho afeta a possibilidade futura de uso sustentável da biodiversidade. Do ponto de vista socioeconômico, a formação do reservatório da PCH Juína interfere na TI Parque do Aripuanã, sendo fonte de conflito com essa comunidade. Não há inundação de áreas urbanas e os impactos se estendem com intensidade medianamente baixa para todo o território desses municípios. Os impactos positivos, Ilustração 62, estão relacionados ao aumento da arrecadação financeira e à melhora na infraestrutura viária, sendo maior no município de Aripuanã pelo porte do empreendimento, UHE Dardanelos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 415 Fragilidades e Potencialidades Os maiores índices de impactos cumulativos e sinérgicos que ocorrem na AII e ADA da PCH Juína condicionam a maior fragilidade nos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, apesar da baixa sensibilidade dessa subárea. A maior fragilidade verificada no subespaço a sul e sudeste, coincide com área de sensibilidade moderadamente alta nos recursos hídricos, que está relacionada à atividade garimpeira existente nas sub-bacias dos rios Cinta-larga e Vinte Um e à ocupação antrópica dos distritos de Terra Roxa e Filadélfia, do município de Juína. A fragilidade moderadamente alta, se estende pela ADA e Jusante dessa PCH, ao longo do rio Aripuanã, até encontrar o reservatório da UHE Dardanelos. Observa-se também, na Ilustração 63, a fragilidade medianamente alta na ADA da UHE Dardanelos devido à sensibilidade dos recursos hídricos condicionada pela ocupação da sede municipal de Aripuanã e áreas de pastagens no entorno, bem como subespaço de moderadamente baixa fragilidade a jusante, já na Subárea Médio Aripuanã – SA2, relacionado aos impactos provocados pelo empreendimento em áreas de sensibilidades médias a baixa. No Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, Ilustração 64, verifica-se maior fragilidade na AII da UHE Dardanelos, na porção que coincide com a Terra Indígena Parque do Aripuanã, também parcialmente inserida na AII da PCH Juína. Correlacionada com as áreas indígenas essa fragilidade se estende com intensidade um pouco acima da média para a Subárea Alto Roosevelt – SA6. Na porção da subárea na margem direita do rio Aripuanã a fragilidade vai diminuindo coincidindo com áreas de menor intensidade de impactos, até se intensificar novamente na ADA da UHE Dardanelos. Observa-se na Ilustração 65 que os mais altos índices de fragilidade da socioeconomia são encontrados na ADA da PCH Juína e da UHE Dardanelos, correspondentes aos impactos provocados por esses empreendimentos sobre as áreas de moderadamente alta e média sensibilidade, relacionadas, respectivamente, às pressões das atividades econômicas sobre áreas indígenas e à ocupação antrópica no entorno da sede municipal de Aripuanã, embora a sensibilidade ambiental nessa área seja média. A fragilidade alta e moderadamente alta se estende para oeste, nos municípios de Juína e Aripuanã em áreas coincidentes com as Terras Indígenas Aripuanã e Serra Morena e Parque Indígena Aripuanã, abrangendo parte das Subáreas Alto – SA3 e Médio Aripuanã – SA2, Alto Roosevelt – SA6 e Guariba – SA7. Na porção leste da Subárea a fragilidade é um pouco mais baixa, condicionada às áreas de sensibilidade média que coincidem com a ocupação rural dos municípios Aripuanã, Juína, Castanheiras e Juruena. A potencialidade da socioeconomia na Subárea Alto Aripuanã – SA3, apresentada na Ilustração 66, é analisada por município, pois considera a capacidade de gestão dos seus recursos financeiros. A Subárea Alto Aripuanã – SA3 é integrada pelos municípios Aripuanã, Juína e parte de Castanheira. A potencialidade média corresponde à parte do território deste último município, que embora não possua qualquer empreendimento hidrelétrico em seu território possui instrumentos de gestão mais eficientes que Aripuanã e Juína. O município Aripuanã, que abrange parte das Subáreas Médio Aripuanã – SA2, Médio Roosevelt - SA5 e Guariba – SA7, apresenta-se como o de menor potencialidade na bacia, secundado por Juína, que abrange parte da Subárea Alto Roosevelt – SA6. A capacidade de gestão administrativa e ambiental dos recursos da Compensação Financeira do Setor Elétrico é menor nesses dois municípios que também sofrem os impactos negativos da UHE Dardanelos e PCH Juína. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 416 6.6.1.4.2. Subárea Médio Aripuanã Impactos Cumulativos e Sinérgicos Nesta subárea ocorrem os efeitos sinérgicos e cumulativos de jusante da UHE Dardanelos, com índice medianamente baixo relacionado, principalmente, às interferências na qualidade da água de jusante, que depende da existente no reservatório e, também, do regime de operação do empreendimento, que é a fio d’água, o que causa alterações menores do que as provocadas em reservatórios de regularização. No que se refere aos Ecossistemas Terrestres, os impactos de nível medianamente baixo, localizam-se na ADA da UHE Dardanelos, que se estende para jusante abrangendo o extremo sul desta Subárea, uma vez que este empreendimento situa-se no limite entre as subáreas SA2 – Médio Aripuanã e SA3 – Alto Aripuanã. Os impactos ocorrem principalmente na fase de implantação, pela eliminação da cobertura vegetal, o que interfere direta e indiretamente nas populações de animais, contribuindo para a redução gradual da biodiversidade da região. Ainda há que se considerar a pressão antrópica exercida sobre os ecossistemas terrestres pela quantidade de população atraída para a obra, que está relacionada à potência de geração de energia, que no caso de Dardanelos é média. Quanto ao tema Socioeconomia os impactos negativos nesta Subárea concentram-se com maior intensidade na ADA da UHE Dardanelos. No restante da Subárea os índices são medianamente baixos e estão vinculados, principalmente à intensificação do potencial de conflitos no município de Aripuanã, que abrange também parte da Subárea Guariba – SA7 e leste da Subárea Médio Roosevelt – SA5. Os impactos positivos são maiores do que na Subárea Alto Aripuanã – SA3, devido ao porte da UHE Dardanelos, que se localiza no município de Aripuanã e referem-se ao aumento da arrecadação financeira e à melhora na infraestrutura viária. Esses impactos positivos se estendem pelas Subáreas Guariba – SA7 e Médio Roosevelt – SA5 por integrarem o referido município. Fragilidades e Potencialidades Condicionada pela baixa sensibilidade relacionada aos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos nas áreas indígenas e média/baixa sensibilidade no entorno da ADA da UHE Dardanelos, esta Subárea apresenta graus médios de fragilidade ambiental na ADA e Jusante desse empreendimento até encontrar o rio Canamã, notadamente pelos impactos na qualidade da água. Na porção sul desta Subárea a fragilidade é baixa e corresponde à baixa sensibilidade da Terra Indígena Aripuanã na porção sul/sudoeste dessa Subárea e média sensibilidade das áreas rurais dos municípios Aripuanã e Juruena a sul/sudeste, não atingidas pelos impactos dessa Usina. No restante da Subárea a fragilidade é média na porção correspondente às áreas de alta sensibilidade aos recursos hídricos dos municípios Cotriguaçú e Colniza. Na porção norte desta subárea a fragilidade é moderadamente baixa por não sofrer os impactos da Usina. No que se refere ao Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, áreas com média fragilidade localizam-se na ADA da UHE Dardanelos e na porção desta Subárea que coincide com a Terra Indígena Aripuanã, pois parte dela se encontra na AII dessa usina. Na porção central a fragilidade é baixa nas áreas rurais de Cotriguaçú e moderadamente baixa no entorno da sede municipal de Colniza, que embora classificada como de alta sensibilidade pela pressão que exerce sobre os ecossistemas terrestres, não sofrerá os impactos da Usina. Na parte norte desta subárea a fragilidade é moderadamente baixa e coincide com os contínuos florestais protegidos por Unidades de Conservação. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 417 Nos aspectos socioeconômicos a fragilidade é analisada pela abrangência do município de Aripuanã. Os índices mais elevados concentram-se na ADA da UHE Dardanelos e na parcela da Terra Indígena Aripuanã, estendendo-se com fragilidade moderadamente alta no restante desse município e está relacionada aos impactos na ADA e à intensificação do potencial de conflitos. Nas áreas que integram os municípios de Juruena e Cotriguaçú, por não serem afetados pelos impactos dessa usina a fragilidade é baixa. No restante desta subárea a fragilidade é média e está relacionada à presença de áreas protegidas. A menor potencialidade socioeconômica nessa Subárea é representada pela porção do município de Aripuanã, conforme explicitado na descrição da Subárea Alto Aripuanã – SA3. As potencialidades médias a moderadamente alta correspondem aos municípios de Colniza (MT) e Apuí (AM), que não sofrem impactos de empreendimentos hidrelétricos e possuem maior quantidade de instrumentos de gestão de seus recursos financeiros, comparativamente a Aripuanã. 6.6.2. Cenário B – Empreendimentos – Ano 2026 Este cenário considera o desenvolvimento socioeconômico da área de estudo no horizonte de 20 anos (2026), com a incorporação de todos os empreendimentos que compõem a alternativa de divisão de quedas definida no Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã. O referido inventário concluiu que a alternativa de divisão de quedas que melhor aproveita o potencial hidroelétrico da bacia seria formada pelo seguinte conjunto de aproveitamentos, incluindo as usinas existentes em 2006 – PCH Juína e UHE Dardanelos (Tabela 6.6.8.). Tabela 6.6.8. – Aproveitamentos Propostos e Existentes na Bacia do rio Aripuanã Localização Nível d’água Rio Potência Instalada (MW) Prainha ARI-300 48 Aripuanã 796,4 Sumaúma ARI-426 77 Aripuanã 458,2 Quebra Remo ARI-633 105 Aripuanã 267,8 Dardanelos (*) ARI-815 213,5 Aripuanã 261,0 Ilha Três Quedas ARI-820 245 Aripuanã 115,5 ARI-1.059 s/inf Aripuanã 5,3 Cachoeira Galinha RO-33 70 Roosevelt 399,8 Inferninho RO-140 97 Roosevelt 361,1 Ilha São Pedro RO-390 130 Roosevelt 131,0 Aproveitamento PCH Juína (*) (*) Empreendimentos existentes De acordo com a metodologia adotada neste estudo, descrita anteriormente, e com base no cenário de referência para 2026, apresenta-se, a seguir, uma análise da sensibilidade socioambiental, dos efeitos cumulativos e sinérgicos e da fragilidade e potencialidade da bacia do rio Aripuanã, em face à presença na bacia desses nove (9) empreendimentos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 418 Figura 6.6.2. - Cenário B - Empreendimentos hidrelétricos da divisão de quedas proposta Bacia do Rio Aripuanã Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 419 6.6.2.1. Sensibilidade Ambiental O Cenário B, sobre o qual é desenvolvida à análise de sensibilidade da divisão de quedas proposta no inventário, corresponde ao cenário futuro projetado de 2026, o mesmo sobre o qual se analisou a sensibilidade aos efeitos da presença dos empreendimentos já existentes em 2006, Juína e Dardanelos – Cenário A. A análise da sensibilidade ambiental foi realizada de acordo com o processo metodológico apresentado no Item 6.4, sendo as características de sensibilidade das subáreas descritas no Item 6.6.1.1. 6.6.2.2. Impactos Cumulativos e Sinérgicos Neste item são apresentados os resultados da análise dos impactos socioambientais dos empreendimentos propostos nos estudos de inventário hidrelétrico da bacia do rio Aripuanã UHEs Prainha, Sumaúma, Quebra Remo e Ilha Três Quedas, no rio Aripuanã, e as UHEs Cachoeira Galinha, Inferninho e Ilha São Pedro, no rio Roosevelt. A análise considera também os empreendimentos existentes, UHE Dardanelos e PCH Juína. Na avaliação dos impactos, dados como significância, características dos empreendimentos, com os índices dos fatores determinantes dos impactos e a definição da sua abrangência são apresentados nas Tabelas 6.6.1, 6.6.3 e 6.6.4, respectivamente. A intensidade dos fatores determinantes dos impactos, a matriz com a abrangência dos impactos e os índices dos impactos e o valor ponderado por abrangência no Cenário B, com os empreendimentos existentes e propostos no inventário são apresentadas nas Tabelas 6.6.9, 6.6.10 e 6.6.11 a seguir. Com base nas informações apresentadas nessas tabelas, os valores dos índices de impactos foram agrupados por área de abrangência e ponderados em escala definida pela equipe técnica variando de 1 a 10, em ordem crescente de importância, sendo os resultados apresentados na Tabela 6.6.9. Essas informações foram processadas em ambiente SIG, resultando nos mapas de impacto – Ilustrações 67, 68, 69 e 70. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 420 Tabela 6.6.9. – Intensidade dos Fatores Determinantes dos Impactos Ambientais dos Aproveitamentos – Cenário B Cenário Dardanelos 212,5 Construção Operação Prainha Sumaúma Quebra 48 77 Remo 105 Inventário Inventário Inventário Cachoeira Galinha 70 Inventário Valor Fio d'água Fio d'água Fio d'água Fio d'água Fio d'água Fio d'água Índice Muito Baixa Muito Baixa Valor (dias) Índice Valor (MW) Índice Valor (Km²) Índice 0 Muito Baixa 261,00 Média 0,02 Muito Baixa 6 Baixa 5,30 Muito Baixa 6,70 Muito Baixa Muito Baixa 6 Baixa 796,4 Alta 262,90 Alta Muito Baixa 26 Média 458,2 Alta 420,40 Alta Muito Baixa 21 Média 267,8 Média 233,50 Média Valor (Km) 2,30 0 0 0 - - - 5,00 13,00 21,1 Baixa 0,00 Média 10,00 Média 121,00 0,00 0,85 Nome Estágio Regime de Operação Tempo de Permanência Potência Área do Reservatório Trecho de Vazão Reduzida* Queda de Referência Comprimento do Reservatório 2026 Índice Valor (m) Índice Valor (Km) % do comprimento do rio em que se encontra o eixo Índice Juína Muito Baixa Muito baixa Muito Baixa Alta Alta Alta 13 Baixa 399,8 Alta 230,60 Média 20 Baixa 361,1 Alta 432,30 Alta 130 Alta 115,5 Baixa 487,00 Alta 37 Média 131,0 Baixa 186,10 Média 0 0 0 0 0 - - - - - - 28,2 26,8 21,5 21,8 24,9 16,8 Alta 158,00 Alta 130,00 Média 112,00 Média 150,00 Média 156,00 Média 118,00 10,25 13,39 11,02 13,66 18,29 13,22 14,39 Média Média Média Média Média Média Média Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Inferninho Ilha 3 Ilha São 97 Quedas 245 Pedro 130 Inventário Inventário Inventário Regulariza Regulariza Regulariza ção ção ção 421 SIGNIF. ABRANGÊNCIA INTENSIDADE FATOR DETERMINANTE Dardanelos 212,5 Juína Prainha 48 Sumaúma 77 Quebra Remo 105 Cachoeira Galinha 70 Inferninho 97 Ilha 3 Quedas 245 Ilha São Pedro 130 Tabela 6.6.10. – Intensidade dos Indicadores de Impacto Ambientais por Aproveitamento – Cenário B INTENSIDADE DO FATOR DETERMINANTE -120 ADA Comprimento do Reservatório 1 1 3 3 3 3 3 3 3 -130 AII Queda de Referência 2 3 3 5 5 3 3 3 3 -108 -99 -70 ADA Jusante ADA 1 1 1 2 1 1 2 1 5 3 1 5 3 1 3 2 1 3 2 5 5 5 5 5 3 5 3 IMP-06 Extensão de Rio Inundado -120 AII 1 1 3 3 3 3 3 3 3 IMP-07 Perda de Vegetação Marginal -120 AID (ADA+10km) Tempo de Permanência Regime de Operação Área do Reservatório Comprimento do Reservatório Comprimento do Reservatório Área do Reservatório Área do Reservatório Potência (porte da obra) Área do Reservatório Área do Reservatório Área do Reservatório 1 1 3 3 3 3 3 3 3 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 3 3 3 3 3 3 3 3 5 3 3 3 5 5 5 5 5 5 5 5 2 5 5 5 3 3 2 3 3 3 Área do Reservatório 1 1 5 5 3 3 5 5 3 Área do Reservatório 1 1 5 5 3 3 5 5 3 Área do Reservatório Potência (porte da obra) Potência (porte da obra) 1 3 3 1 1 1 5 5 5 5 5 5 3 3 3 3 5 5 5 5 5 5 2 2 3 2 2 IMPACTOS AMBIENTAIS IMP-01 Alteração no regime natural do rio IMP-02 Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias IMP-03 Qualidade da Água no Reservatório IMP-04 Qualidade da Água a Jusante IMP-05 Perda de Ambientes Relevantes IMP-08 Perda de Vegetação Natural -130 ADA IMP-09 Interferências em Áreas Protegidas -81 Áreas Protegidas IMP-10 Pressão Antrópica/Erosão -72 AII IMP-11 Fragmentação Habitat -120 AID (ADA+10km) IMP-12 Perda de Áreas -100 ADA IMP-13 Desarticulação de Modos de Vida -110 AID (ADA+10km) IMP-14 Intensificação do Potencial de -132 Município Conflitos IMP-15 Perda de Patrimônio Natural, -110 ADA Histórico, Cultural e Arqueológico IMP-16 População Afetada -110 AID (ADA+10km) IMP-17 Aumento da Arrecadação Financeira 88 Município IMP-18 Melhora na Infraestrutura Viária 72 Município Obs.: Muito Baixo – 1; Baixo – 2; Médio – 3; e Alto – 5. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 422 DETERMINANTE Dardanelos 212,5 Juína Prainha 48 Sumaúma 77 Quebra Remo 105 Cachoeira Galinha 70 Inferninho 97 Ilha 3 Quedas 245 Ilha São Pedro 130 Tabela 6.6.11. – Intensidade dos Indicadores de Impactos Ambientais por Aproveitamento – Cenário B INTENSIDADE X SIGNIFICÂNCIA ADA Comprimento do Reservatório -120 -120 -360 -360 -360 -360 -360 -360 -360 -130 AII Queda de Referência -260 -390 -390 -650 -650 -390 -390 -390 -390 -108 ADA Tempo de Permanência -108 -216 -216 -324 -324 -216 -216 -540 -324 IMP-04 Qualidade da Água a Jusante -99 Jusante Regime de Operação -99 -99 -99 -99 -99 -99 -495 -495 -495 IMP-05 Perda de Ambientes Relevantes -70 ADA -70 -70 -350 -350 -210 -210 -350 -350 -210 IMP-06 Extensão de Rio Inundado -120 AII -120 -120 -360 -360 -360 -360 -360 -360 -360 IMP-07 Perda de Vegetação Marginal -120 AID (ADA+10km) Área do Reservatório Comprimento do Reservatório Comprimento do Reservatório -120 -120 -360 -360 -360 -360 -360 -360 -360 IMP-08 Perda de Vegetação Natural -130 ADA Área do Reservatório -130 -130 -650 -650 -390 -390 -650 -650 -390 IMP-09 Interferências em Áreas Protegidas -81 Áreas Protegidas Área do Reservatório -81 -81 -405 -405 -243 -243 -405 -405 -243 IMP-10 Pressão Antrópica/Erosão IMP-11 Fragmentação Habitat IMP-12 Perda de Áreas IMP-13 Desarticulação de Modos de Vida IMP-14 Intensificação do Potencial de Conflitos IMP-15 Perda de Patrimônio Natural, Histórico, Cultural e Arqueológico IMP-16 População Afetada IMP-17 Aumento da Arrecadação Financeira IMP-18 Melhora na Infraestrutura Viária -72 -120 -100 -110 AII AID (ADA+10km) ADA AID (ADA+10km) Potência (porte da obra) Área do Reservatório -216 -120 -100 -110 -72 -120 -100 -110 -360 -600 -500 -550 -360 -600 -500 -550 -216 -360 -300 -330 -360 -360 -300 -330 -360 -600 -500 -550 -144 -600 -500 -550 -144 -360 -300 -330 -132 Município Área do Reservatório -132 -132 -660 -660 -396 -396 -660 -660 -396 -110 ADA Área do Reservatório -110 -110 -550 -550 -330 -330 -550 -550 -330 -110 88 72 AID (ADA+10km) Município Município Área do Reservatório Potência (porte da obra) -110 264 216 -110 88 72 -550 440 360 -550 440 360 -330 264 216 -330 440 360 -550 440 360 -550 176 144 -330 176 144 Impactos Ambientais IMP-01 Alteração no regime natural do rio IMP-02 Interferência Ictiofauna/Rotas Migratórias IMP-03 Qualidade da Água no Reservatório SIGNIF. ABRANGÊNCIA -120 INTENSIDADE FATOR Área do Reservatório Área do Reservatório Potência (porte da obra) Totais negativos Totais positivos Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 2.006 2.100 6.960 7.328 5.258 5.034 7.356 7.464 5.322 480 160 800 800 480 800 800 320 320 423 ADA AID (ADA+10km) AII ÁREAS PROTEGIDAS 5 2 1 2 ADA AID (ADA+10km) MUNICÍPIO 5 3 2 MUNICÍPIO 10 Cachoeira Galinha 70 Quebra Remo 105 Sumaúma 77 -3.704 -360 -990 -2.250 -5.000 -360 -990 -2.250 -3.576 -360 -990 -2.250 -3.250 -1.200 -360 -810 -3.250 -1.200 -144 -810 -1.950 -720 -144 -486 -5.250 -3.300 -1.320 -5.250 -3.300 -1.320 -3.150 -1.980 -792 8.000 3.200 3.200 Construção Operação Atual Atual Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Ilha São Pedro 130 4 1 2 3 Ilha 3 Quedas 245 ADA AID - (ADA + 10 km) JUSANTE AII Inventário 2026 Índices de Impactos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos -1.192 -1.624 -3.704 -4.136 -3.576 -3.144 -120 -120 -360 -360 -360 -360 -198 -198 -198 -198 -198 -198 -1.140 -1.530 -2.250 -3.030 -3.030 -2.250 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres -650 -650 -3.250 -3.250 -1.950 -1.950 -240 -240 -1.200 -1.200 -720 -720 -216 -72 -360 -360 -216 -360 -162 -162 -810 -810 -486 -486 Meio Socioeconômico Meio Socioeconômico Negativo -1.050 -1.050 -5.250 -5.250 -3.150 -3.150 -660 -660 -3.300 -3.300 -1.980 -1.980 -264 -264 -1.320 -1.320 -792 -792 Meio Socioeconômico Positivo 4.800 1.600 8.000 8.000 4.800 8.000 Inferninho 97 Situação Atual Cenário Ponderação Prainha 48 Abrangência dos Impactos Juína Identificação Dardanelos 212,5 Tabela 6.6.12. – Valor Ponderado dos Indicadores de Impacto por Área de Abrangência e por Aproveitamento – Cenário B 424 No cenário 2026, os aproveitamentos hidrelétricos, existentes e propostos no Inventário, localizam-se nos rios Aripuanã e Roosevelt, com preferência no primeiro, onde seis (6) deles devem ser implantados - Prainha; Sumaúma; Quebra Remo; Ilha Três Quedas; Dardanelos e a PCH Juína, sendo que os dois últimos já existem. No rio Roosevelt, são propostos mais três (3) aproveitamentos – Cachoeira Galinha, Inferninho e Ilha São Pedro, totalizando nove (9) empreendimentos na bacia (Ilustração 18). A distribuição dos aproveitamentos hidrelétricos na bacia não é homogênea, havendo certa concentração em algumas subáreas. Na Subárea Alto Aripuanã – SA3 são previstos o maior número, com duas usinas hidrelétricas - Dardanelos e Ilha Três Quedas, e uma PCH, Juína. Nas subáreas Médio Aripuanã – SA2 e Baixo Roosevelt – SA4, são propostos dois (2) aproveitamentos em cada uma delas, as UHEs Sumaúma e Quebra Remo, na primeira, e as UHEs Cachoeira Galinha e Inferninho, na segunda. As subáreas Baixo Aripuanã – SA1 e Médio Roosevelt – SA5 devem contar com uma hidrelétrica cada uma, Prainha e Ilha São Pedro, respectivamente. Não são previstos aproveitamentos nas subáreas Alto Roosevelt – SA6 e Guariba – SA7. A maior ou menor presença de aproveitamentos nas subáreas incide diretamente na cumulatividade e sinergia dos impactos como também na extensão da sua área de abrangência. Observa-se que as subáreas sem aproveitamentos também sofrem a influência das áreas de abrangência dos impactos provocados por aproveitamentos localizados nas subáreas vizinhas. Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Os impactos negativos decorrentes da implantação dos aproveitamentos, planejados e existentes para a bacia do Aripuanã, sobre os recursos hídricos e ecossistemas aquáticos apresentam maior intensidade nas áreas diretamente afetadas (ADA) e na região das áreas de influência direta (AID), conforme apresentado na Ilustração 67. As elevadas intensidades de impactos observadas nas áreas diretamente afetadas, abrangendo a área correspondente aos reservatórios, são decorrentes dos impactos advindos da alteração do ambiente lótico em ambiente lêntico, incluindo as alterações nos parâmetros da qualidade da água e à perda de ambientes ecológicos relevantes. Neste aspecto, as maiores intensidades são observadas nos reservatórios dos aproveitamentos Ilha Três Quedas e Sumaúma devido à grandeza de suas áreas (487 e 420 km², respectivamente); no caso do reservatório de Ilha Três Quedas contribui ainda para a elevada intensidade o alto tempo de permanência da água (130 dias). Na Área de Influência Direta as intensidades dos impactos apresentam-se semelhantes para os aproveitamentos planejados (refletindo os impactos da perda de vegetação marginal), havendo maior intensidade naqueles subespaços onde há sobreposição e consequentemente a cumulatividade de impactos de aproveitamentos distintos ou de áreas de abrangência, com destaque para as áreas de jusante dos aproveitamentos onde há reservatório de regularização (Ilha Três Quedas, Ilha São Pedro e Inferninho). Em relação à Área de Influência Indireta (AII) os impactos apresentam intensidades baixas a moderadas devido às interferências nas rotas migratórias para a ictiofauna e a extensão do trecho de rio modificado. Neste contexto, destaca-se a região do médio Aripuanã (Subárea SA2) em função dos impactos dos empreendimentos Sumaúma e Quebra Remo. Nas demais sub-bacias as intensidades apresentam-se homogêneas com baixas intensidades, como apresentado na Ilustração 67. Dessa forma, podemos resumir o Mapa de Impacto (Ilustração 67) através das características de cada empreendimento, conforme exposto na Tabela 6.6.11, observando um aumento das intensidades nas áreas onde há cumulatividade dos impactos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 425 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres De acordo com a Ilustração 68, para o Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, os impactos negativos a serem provocados pelos aproveitamentos planejados apresentam maior intensidade na região dos reservatórios e na Área de Influência Direta, em maior intensidade naqueles subespaços sobrepostos com áreas legalmente protegidas (unidades de conservação e terras indígenas). Estes impactos refletem a perda de vegetação natural e a fragmentação de habitats estando diretamente relacionados á área dos reservatórios. Neste contexto observam-se altas intensidades nas regiões do entorno dos aproveitamentos Inferninho e Cachoeira Galinha no Médio Roosevelt (SA4), justamente pela cumulatividade dos impactos sobre a abrangência das áreas protegidas concentradas nesta região da bacia. Semelhantemente, mas na região do alto Aripuanã (SA3), a alta intensidade do impacto na Área Diretamente Afetada e da Área de Influência Direta do aproveitamento Ilha Três Quedas se elevam quando sobrepostos às terras indígenas da região, como observado nos subespaços que apresentam intensidade moderada na Subárea SA3. A mesma dinâmica de espacialização e da cumulatividade dos impactos pode ser observada, embora em menor intensidade, na região do médio Roosevelt (SA5) e médio Aripuanã (SA2), nas áreas de influência dos aproveitamentos Ilha São Pedro e Quebra Remo respectivamente. Meio Socioeconômico Em relação aos aspectos socioeconômicos, os impactos negativos a serem provocados pelos aproveitamentos se apresentam com maior intensidade, principalmente, nos locais atingidos diretamente, tais como nas áreas a serem ocupadas pelos reservatórios. No entanto, outros impactos podem se estender por extensões maiores, como no caso da interferência sobre os modos de vida e o potencial de conflitos, casos em que a influência do impacto pode avançar até as subáreas vizinhas, inclusive, sobre aquelas que não possuem aproveitamentos. O Mapa de Impactos Negativos (Ilustração 69) reflete os efeitos cumulativos e sinérgicos das interferências, apresentando maior intensidade em aqueles subespaços nos quais há sobreposição de impactos, inclusive, se provocados por empreendimentos diferentes. Os empreendimentos que apresentam maior intensidade dos impactos nas Áreas Diretamente Afetadas, ou seja, nas áreas a serem ocupadas pela formação do reservatório, destacam-se os aproveitamentos de Prainha, Sumaúma, Inferninho e Ilha Três Quedas. Nessas áreas atuam diversos impactos, com magnitude maior ou menor, em função do porte do reservatório, aumentando a intensidade pela acumulação de impactos. Os impactos que atuam sobre a ADA correspondem à perda de áreas; interferência com o Patrimônio Natural, Histórico, Cultural e Arqueológico; interferência sobre a população residente que deve ser deslocada, e a desarticulação de modos de vida, principalmente de populações tradicionais, ribeirinhos e extrativistas. Com patamar médio de intensidade de impacto, nos respectivos reservatórios, encontram-se os aproveitamentos de Quebra Remo, Cachoeira Galinha e Ilha São Pedro. E por último, com baixo nível de impacto, Dardanelos e Juína, aproveitamentos com reservatórios de pequena extensão. Na área de abrangência do entorno do reservatório, correspondente a Área de Influência Direta ADA + 10 km, os impactos apresentam-se com intensidade de baixa a média, sendo estes decorrentes da interferência sobre a população e os modos de vida. Alguns aproveitamentos apresentam intensidade maior do impacto em áreas do entorno do local da barragem, como Sumaúma, Ilha Três Quedas, Cachoeira Galinhas e Inferninho, situação que ocorre devido à sobreposição das áreas de influência de mais de um empreendimento, existindo impactos cumulativos entre o aproveitamento de montante e o de jusante. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 426 Na Área de Influência Indireta observam-se também subespaços que apresentam valoração superior do impacto, com média e alta intensidade, como no trecho médio do reservatório de Ilha Três Quedas; no fim do reservatório de Sumaúma e ao oeste dos aproveitamentos de Juína, Inferninho e Ilha São Pedro, devido ao efeito cumulativo da interferência dos aproveitamentos com Terras Indígenas. No caso do impacto sobre o potencial de intensificação de conflitos, a influência dos seus efeitos é municipal, pelo que sua abrangência cobre grandes extensões, inclusive avançando sobre outras subáreas. Condição similar acontece com as Terras Indígenas. Essa situação ocorre em praticamente todos os empreendimentos, apresentando intensidade baixa. Em relação aos impactos positivos provocados pelos aproveitamentos propostos no Inventário Hidrelétrico, estes são avaliados em função da influência sobre a arrecadação financeira municipal e melhora na infraestrutura viária, sendo a influência exercida no âmbito do município (Ilustração 70). No Cenário B, ano 2026, os municípios afetados apresentam intensidade de impacto de media à moderadamente alta a alta, na maior parte deles, sendo Novo Aripuanã o que apresenta melhor índice. Nos municípios com receitas significativas, o aporte da compensação financeira pela perda de território, decorrente da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos, adquire pouca significância, por tanto tem menor sensibilidade e menor impacto que aqueles com baixa arrecadação. No mapa de impactos positivos observa-se que todos os municípios rondonienses – Ministro Andreazza, Cacoal, Espigão D’Oeste, Pimenta Bueno e Vilhena, e os municípios mato-grossenses de Castanheira, Juruena e Cotriguaçu, que não são afetados pelos aproveitamentos propostos, apresentam baixa sensibilidade. A sinergia entre impactos está representada na Tabela 6.6.7. 6.6.2.3. Fragilidades e Potencialidades Fragilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos A partir dos resultados do cruzamento da sensibilidade ambiental com o mapa de impactos, elaborados para os aproveitamentos planejados e existentes, obteve-se a fragilidade ambiental dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, conforme apresentado na Ilustração 71. A extensão dos subespaços de fragilidade limita-se as áreas de abrangência dos impactos e, sendo assim, a sua intensidade reflete a importância e cumulatividade dos impactos variando em suas magnitudes de acordo com o grau de sensibilidade da área impactada. Dessa forma, observa-se que as maiores fragilidades ocorrem nas áreas diretamente afetadas dos reservatórios e entorno (AID e Jusante), especialmente nos subespaços onde há cumulatividade de impactos e na região do baixo/médio Aripuanã (SA1 e SA2), que apresenta alta sensibilidade. Algumas variações na magnitude da fragilidade em decorrência da sensibilidade ambiental podem ser observadas pontualmente na Área de Influência Direta do aproveitamento Inferninho na região do rio Madeirinha (SA4) e no trecho de Jusante do aproveitamento Ilha São Pedro (SA5). De modo geral as fragilidades vão de baixa a alta, refletindo muito mais a importância dos impactos do que o grau de sensibilidade das subáreas. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 427 Fragilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Em relação ao Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, podemos distinguir claramente duas regiões distintas na bacia quanto à intensidade das fragilidades. Conforme observado na Ilustração 72, as regiões que englobam os trechos do baixo/médio Roosevelt (SA4) e baixo/médio Aripuanã (SA1 e SA2) apresentam fragilidades variando de média a alta, enquanto na porção alta da bacia (SA3 e SA5) e na área de abrangência dos impactos do aproveitamento Quebra Remo as fragilidades concentram-se em torno de uma intensidade média; exceção feita ao reservatório do aproveitamento Ilha Três Quedas, incluindo o subespaço onde há sobreposição com terras indígenas (SA3). Tal distinção, além de refletir as intensidades dos impactos, decorre da maior sensibilidade ambiental da região onde estão localizados os aproveitamentos Prainha, Sumaúma, Cachoeira Galinha e Inferninho, devido à presença de um mosaico de unidades de conservação e ao alto grau de preservação da vegetação natural. Por sua vez, as maiores intensidades observadas nas áreas de influência dos aproveitamentos Quebra Remo, Ilha Três Quedas e Ilha São Pedro, ocorrem na Área Diretamente Afetada e nos subespaços onde há sobreposição entre a Área de Influência Direta e as terras indígenas existentes neste trecho da bacia. Fragilidade e Potencialidade do Meio Socioeconômico Sendo a fragilidade resultado do cruzamento da sensibilidade ambiental da subárea com os impactos negativos provocados pelos aproveitamentos propostos e existentes, a extensão dos subespaços de fragilidade é delimitada pela abrangência dos impactos. Do mesmo modo, a intensidade da fragilidade, de determinado subespaço, é decorrente da importância e cumulatividade do impacto. Assim, os subespaços mais frágeis, concentram-se na área diretamente afetada pelos aproveitamentos e no seu entorno, onde frequentemente ocorre cumulatividade de impactos nos subespaços, aumentando a sua fragilidade. Em relação à fragilidade dos aspectos socioeconômicos da bacia, observa-se que como os sete (7) empreendimentos propostos na divisão de quedas, mais os dois existentes, se distribuem em 5 das sete subáreas da bacia acaba que, pela abrangência das áreas de influência, todas elas sofrem os efeitos de sua presença. A maior ou menor fragilidade está relacionada com o número de aproveitamentos definidos para a subárea ou pela incidência das áreas de influência, como no caso das subáreas Alto Roosevelt – SA6 e Guariba -SA7, as quais apresentam diversos graus de fragilidade apesar de não terem sido previstos aproveitamentos nos seus territórios (Ilustração 73). As fragilidades provocadas pelos aproveitamentos variam de intensidade média a alta, sendo as maiores intensidades observadas no entorno dos eixos das barragens e em aqueles subespaços onde há sobreposição de impactos com as terras indígenas. Observam-se também subespaços de baixa fragilidade no centro-sul da bacia, tanto ao leste como ao oeste, principalmente nos municípios fora da área de influência dos impactos, como é o caso de Ministro Andreazza, Cacoal, Espigão D’Oeste, Pimenta Bueno, Castanheira, Juruena e Cotriguaçu. Enquanto a potencialidade da socioeconomia (Ilustração 74), esta é definida pelo resultado do cruzamento da sensibilidade positiva da bacia com os impactos positivos provocados pela instalação e operação dos empreendimentos hidrelétricos existentes. A sensibilidade positiva foi definida pelo grau de organização e a quantidade de instrumentos de gestão administrativa e ambiental existentes nos municípios para a gestão dos recursos provenientes da compensação financeira pela instalação de empreendimentos hidrelétricos, como também pela própria influência dessa compensação sobre a arrecadação e desenvolvimento do município. Municípios com menor número de instrumentos de gestão apresentariam menor potencial socioeconômico, por outro lado, aqueles com menor Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 428 arrecadação ou dinamismo econômico teriam maior potencial frente ao aporte de recursos provenientes da compensação financeira. Sendo os elementos que compõem a potencialidade socioeconômica de abrangência municipal, o recorte dos subespaços coincide com os territórios dos municípios. As menores potencialidades são observadas nos municípios de Novo Aripuanã e Aripuanã, determinadas principalmente pelos poucos instrumentos de gestão administrativa e ambiental que possuem, ainda que possam ser compensados pelo aumento da arrecadação pela compensação financeira proveniente da implantação dos empreendimentos. No outro extremo, o maior potencial observado corresponde aos municípios rondonienses de Cacoal e Vilhena, e aos mato-grossenses de Juruena e Cotriguaçu, que por coincidência, não devem ser afetados pela implantação de aproveitamentos hidrelétricos. Nos demais municípios a intensidade da potencialidade socioeconômica pode considerar-se média, com pequenas variações entre eles (Ilustração 74). 6.6.2.4. Avaliação Ambiental por Subárea 6.6.2.4.1. Subárea Baixo Aripuanã – SA1 Impactos Cumulativos e Sinérgicos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Os impactos observados na Subárea Baixo Aripuanã – SA1 são decorrentes, principalmente, da presença do aproveitamento Prainha, alcançando as maiores intensidades na região do reservatório (ADA), que além do rio Aripuanã, abrange trechos do baixo rio Roosevelt e do baixo rio Guariba, ambos integrados a esta subárea. Observam-se também, através da Ilustração 67, subespaços com impactos de intensidade média nas regiões onde há cumulatividade de impactos advindos das áreas de jusante dos aproveitamentos Cachoeira Galinha e Sumaúma, devido à sobreposição com os impactos percebidos na Área de Influência Direta do aproveitamento Prainha. Tais impactos cumulativos decorrem da alteração na qualidade da água, uma vez que os parâmetros no reservatório também serão condicionados pelos impactos advindos dos aproveitamentos Sumaúma e Cachoeira Galinha. Por sua vez, na região da Área de Influência Indireta (AII) de Prainha, os impactos são de baixa intensidade, muito em virtude da ausência de outros aproveitamentos na subárea, deixando, desse modo, um grande trecho de rio livre de jusante até a foz com o rio Madeira; fato que acaba por minimizar a intensidade dos impactos na SA1, embora as interferências para a rota migratória para a ictiofauna tenham reflexo no restante da bacia devido à ausência de rotas alternativas e canais de montante disponíveis quando da implantação do aproveitamento Prainha. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 429 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres No caso do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, os impactos observados na SA1 apresentam intensidade alta na área diretamente afetada do aproveitamento Prainha em decorrência da perda de vegetação natural pela formação do reservatório. Outros subespaços com intensidade média a alta correspondem às áreas de Unidades de Conservação (PARNA dos Campos Amazônicos) atingidas pelo aproveitamento Prainha, e nos subespaços com sobreposição aos impactos da Área de Influência Direta (AID) do aproveitamento Sumaúma, localizado na SA2. Nesta área se observam efeitos cumulativos e impactos de intensidade média, tanto pela potencial fragmentação de habitat quando pelo aumento da pressão antrópica, conforme apresentado na Ilustração 68. Meio Socioeconômico Na subárea Baixo Aripuanã – SA1, encontra-se previsto somente o aproveitamento hidrelétrico Prainha, cujo reservatório deve ocupar parte dos rios Aripuanã, Guariba e Roosevelt. Do ponto de vista do Meio Socioeconômico, considerou-se que o aproveitamento de Prainha se encontra integralmente na subárea do Baixo Aripuanã, ainda que os braços do reservatório formados no rio Roosevelt e no rio Aripuanã cheguem até os eixos dos aproveitamentos de Cachoeira Galinha e Sumaúma, localizados na divisa com as subáreas Médio Roosevelt – SA4 e Médio Aripuanã – SA2, respectivamente. O rio Guariba não possui aproveitamentos hidrelétricos projetados (Ilustração 69). Os impactos do aproveitamento Prainha possuem uma intensidade maior na área diretamente afetada, classificada de moderadamente alta a alta, em função da cumulatividade de impactos provocados pela formação do reservatório, tais como perda de áreas; desarticulação de modos de vida; população ribeirinha afetada e perda de patrimônio natural, histórico, cultural e arqueológico. Na área de influência direta - ADA mais a faixa de 10 km no entorno do reservatório - a incidência de impactos é menor que na ADA, sendo a intensidade do impacto classificada como média. Apesar de Prainha ser o único aproveitamento na subárea, ele sofre interferências das áreas de influência dos aproveitamentos localizados nas subáreas de montante. Os impactos a jusante dos aproveitamentos de Cachoeira Galinha e Sumaúma se sobrepõem com a área de entorno do reservatório de Prainha, acumulando o efeito dos impactos nesses subespaços e, consequentemente, aumentando a sua intensidade para média e moderadamente alta, respectivamente. No caso do aproveitamento de Inferninho, a área de abrangência dos impactos do entorno do reservatório também avança sobre a subárea do Baixo Roosevelt, porem não interfere com nenhum aproveitamento. Em relação aos impactos positivos na subárea Baixo Aripuanã – SA1, os municípios que a compõem apresentam uma classificação moderadamente alta para alta, sendo Aripuanã o que apresenta a melhor intensidade da subárea, pouco superior à do município de Apuí, classificado com intensidade moderadamente alta. A presença de aproveitamentos pode trazer melhora na arrecadação e na situação das estradas (Ilustração 70). Fragilidades e Potencialidades Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos As fragilidades na Subárea Baixo Aripuanã – SA1 são mais destacadas na Área Diretamente Afetada pelo aproveitamento Prainha e naqueles subespaços onde há sobreposição e possível efeito cumulativo de impactos advindos da área de jusante dos aproveitamentos Cachoeira Galinha e Sumaúma. A interferência nas rotas migratórias, nesta subárea que apresenta a mais alta hierarquia Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 430 fluvial da bacia, condicionou a fragilidade observada na Área de Influência Indireta, porção sul da subárea, do aproveitamento Prainha, conforme observado na Ilustração 71. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres A subárea Baixo Aripuanã – SA1, conforme observado na Ilustração 72, apresenta subespaços identificados como de média a alta fragilidade especialmente nas regiões de unidades de conservação impactadas pelo aproveitamento Prainha. Outro subespaço com alta fragilidade corresponde à área do reservatório de Prainha impactando a vegetação natural em uma região com alta sensibilidade justamente pela integridade dos ecossistemas nesta porção desta subárea. Meio Socioeconômico A subárea Baixo Aripuanã – SA1 conta com subespaços classificados de baixa e de média fragilidade, sendo que os primeiros correspondem à aquelas áreas com vegetação bem preservada e de baixa ocupação antrópica, localizadas nos interflúvios, e os segundos, as áreas do entorno dos rios, ocupadas com populações tradicionais, principalmente moradores ribeirinhos e extrativistas, e por unidades de conservação, sendo que o setor mais frágil identificado é o ocupado pelo Parque Nacional dos Campos Amazônicos, ao sudoeste da subárea. O aproveitamento de Prainha interfere com as áreas de fragilidade ocupadas por moradores ribeirinhos, mas, não interfere com unidades de conservação nem terras indígenas (Ilustração 73). Em relação à potencialidade socioeconômica, a subárea Baixo Aripuanã – SA1 é classificada como de baixa potencialidade. A subárea e formada por parte dos municípios de Novo Aripuanã e Apuí, que possuem poucos instrumentos de gestão municipal, além do baixo dinamismo econômico, como também, no caso específico de Novo Aripuanã, contar com o menor índice de desenvolvimento humano da bacia, fatores, que em seu conjunto, determinam a baixa potencialidade da subárea. A melhora pelo aumento da arrecadação e da infraestrutura viária, decorrentes da implantação do aproveitamento de Prainha, não elevam significativamente o potencial da subárea (Ilustração 74). 6.6.2.4.2. Subárea Médio Aripuanã – SA2 Impactos Cumulativos e Sinérgicos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Na Subárea Médio Aripuanã - SA2 estão inseridos os aproveitamentos Sumaúma e Quebra Remo, com os respectivos reservatórios ocupando quase a totalidade deste trecho do rio Aripuanã, tendo como consequência os altos índices de impacto observados na Área Diretamente Afetada e também aos índices médios observados na AII destes aproveitamentos, condicionando toda a SA2 á índices médios a altos de impactos. No caso do aproveitamento Sumaúma, a maior área do reservatório e o elevado tempo de permanência implicam em impactos cumulativos e sinergias importantes tanto na alteração do regime lótico para lêntico nesta região, o que leva à maior intensidade de impacto neste reservatório quando comparada à região da ADA do aproveitamento Quebra Remo, conforme apresentado na Ilustração 67. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 431 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Os impactos observados para o Meio Físico e Ecossistemas Terrestres na Subárea do Médio Aripuanã – SA2, conforme apresentados na Ilustração 68, distribuem-se principalmente no entorno do aproveitamento Sumaúma, na Área Diretamente Afetada pelo reservatório, relativo à importante perda de vegetação natural. A grande área do reservatório de Sumaúma condiciona também os índices de impactos observados na AID em decorrência da fragmentação de habitas nesta área, ocupada por vegetação natural bem preservada. Ainda neste contexto, é possível notar, na porção nordeste da Subárea, um subespaço com intensidade de impacto elevado na região onde há interferência com unidade de conservação Outros subespaços com índices classificados como médios a altos estão localizados na área do reservatório do aproveitamento Quebra Remo, especialmente quando inseridos no interior da terra indígena. Meio Socioeconômico Do ponto de vista socioeconômico, a subárea Médio Aripuanã – SA2 recebe a influência dos aproveitamentos projetados para a subárea, Sumaúma e Quebra Remo, como também dos aproveitamentos da subárea Alto Aripuanã – SA3, Dardanelos, já existente e do projetado Ilha Três Quedas. A área diretamente afetada pela formação do reservatório de Sumaúma atinge a maior intensidade de impacto, moderadamente alta, entre as áreas de abrangência dos impactos que afetam a subárea Médio Aripuanã. A localização do reservatório de Sumaúma interfere com unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável, como a Floresta Estadual do Sucunduri, Parque Estadual Igarapés do Juruena, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Aripuanã, e Floresta Estadual do Aripuanã, como também com a Terra Indígena Rio Pardo. Considera-se que a interferência sobre a T.I. Rio Pardo, afeta a totalidade da área indígena, em função das possíveis modificações em relação ao modo de vida, assim a abrangência se expande também pelas subáreas Baixo Aripuanã - SA1 e Guariba - SA7, porém com baixa intensidade no impacto (Ilustração 69). Como o aproveitamento de Sumaúma encontra-se no limite entre as subáreas Médio e Baixo Aripuanã, os efeitos a jusante se fazem sentir na subárea do Baixo Aripuanã, ocorrendo impactos cumulativos com o reservatório de Prainha. Nesse subespaço, a intensidade do impacto é moderadamente alta. Os impactos decorrentes do aproveitamento de Quebra Remo apresentam menor intensidade em relação à formação do reservatório, por não afetar unidades de conservação, ainda que também interfira com a terra indígena Arara do Rio Branco, no trecho de montante do reservatório. A esse subespaço lhe é atribuído impacto de intensidade média, a maior provocada por este aproveitamento, em função da sobreposição de interferências entre a Terra Indígena, a área de influência indireta e parte do território do município de Aripuanã. A subárea Médio Aripuanã – SA2, também recebe a influência indireta dos impactos de jusante do aproveitamento de Dardanelos e da área de influência direta de Ilha Três Quedas, como também, da interferência sobre a Terra Indígena Aripuanã. Estas interferências, ainda que indiretas, ocorrem com intensidade média de impacto, ocupando grandes extensões do extremo sul da subárea. Em relação aos impactos positivos, os municípios que compõem a subárea Médio Aripuanã, -SA2 Apuí, Colniza, Aripuanã, Juruena e Cotriguaçu, apresentam em geral bom potencial, recebendo, os três, classificação no mesmo patamar de moderadamente alta, ainda que com pequenas diferenças Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 432 entre eles. As exceções são os municípios de Juruena e Cotriguaçu, com baixa classificação, mas, eles não são afetados pelos aproveitamentos propostos para a subárea (Ilustração 70). Fragilidades e Potencialidades Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Os altos índices de impacto observados na Ilustração 67 aliados a alta sensibilidade da região do médio Aripuanã, devido à alta hierarquia fluvial, presença de um número significativo de ambientes relevantes e crescente pressão antrópica ao redor do município de Colniza, condicionam a alta fragilidade observada na Subárea (Ilustração 71). A sequência de reservatórios modificando o regime de quase todo o comprimento do rio Aripuanã nesta subárea e a interrupção das rotas migratórias implicam na média fragilidade que abrange toda a área de influência indireta dos aproveitamentos Sumaúma e Quebra Remo, ocupando toda região do médio Aripuanã. A existência da UHE Dardanelos e a influência de jusante do aproveitamento Ilha Três Quedas (localizado na Subárea Alto Aripuanã – SA3) no extremo sul da subárea implicam nas altas fragilidades observadas no limite entre a SA2 e SA3. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Na subárea Médio Aripuanã – SA2 as maiores fragilidades decorrem da incidência dos impactos advindos do aproveitamento Sumaúma sobre a região de alta sensibilidade identificada no norte da subárea, devido a integridade da vegetação e a presença de um mosaico de unidades de conservação. Na área de influência do aproveitamento Quebra Remo, por sua vez, observam-se fragilidades de média a alta, especialmente na área do reservatório e na sobreposição com a terra indígena. As variações entre as menores e maiores fragilidades na AID do aproveitamento Quebra Remo são devido à diferenciação da sensibilidade de acordo com o uso do solo da região, onde as menores sensibilidade da SA2 ocorrem na região sul, no entorno do núcleo urbano de Colniza, conforme pode ser observado na Ilustração 72. Meio Socioeconômico A fragilidade observada na Subárea Médio Aripuanã, do ponto de vista socioeconômico, é considerada com intensidade de baixa a moderadamente alta, sendo que as áreas mais frágeis são as áreas a serem ocupadas diretamente pelos reservatórios, algumas áreas de influência indireta – totais ou parciais, e terras indígenas, como também alguns subespaços onde ocorre cumulatividade de impactos. As áreas com baixa fragilidade estão associadas aos territórios dos municípios de Juruena, Cotriguaçu e de Colniza, que integram parcialmente a subárea (Ilustração 73). Dos aproveitamentos projetados para a subárea, Sumaúma e Quebra Remo, o primeiro apresenta as maiores fragilidades, tanto na área do reservatório, como na área de influência indireta. Também apresenta fragilidade de intensidade alta no entorno do eixo da barragem e no extremo de montante do reservatório, no subespaço criado pela sobreposição de impactos da área de influencia direta e indireta do aproveitamento com a terra indígena do Rio Pardo. O fator que determina a maior fragilidade geral da área de implantação de Sumaúma é a coincidência de localização de parte significativa do aproveitamento com a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Aripuanã, indicando a presença de comunidades tradicionais extrativistas. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 433 Em relação ao aproveitamento de Quebra Remo, a fragilidade possui menor intensidade, em geral, ainda que possa haver subespaços classificados com fragilidade moderadamente alta. Podem ser consideradas com essa intensidade, as áreas a serem ocupadas pelo reservatório e setores do extremo de montante da área de influência indireta. A maior fragilidade é observada justamente nesse último subespaço, pela sobreposição de impactos com a Terra Indígena Arara do Rio Branco. A subárea Médio Aripuanã – SA2, sofre também influência do aproveitamento de Ilha Três Quedas, localizado na subárea Alto Aripuanã – SA3, devido a interferência na terra indígena Aripuanã, cujas terras ocupam uma área extensa, distribuídas em 5 subáreas, Alto e Médio Aripuanã, Alto e Médio Roosevelt e Guariba. Nessa área a intensidade da fragilidade é classificada como moderadamente alta. Em relação à potencialidade socioeconômica, a subárea possui de média a baixa intensidade, determinada pela classificação dos municípios que a integram - Aripuanã, Colniza, Apuí, Juruena e Cotriguaçu, sendo que os dois últimos, não são afetados pelos aproveitamos propostos na subárea. Os municípios de Aripuanã, Colniza e Apuí, que recebem a influência dos aproveitamentos, podem ser classificados com potencial socioeconômico de média intensidade, ainda que apresentem pequenas diferenças entre eles. Os fatores que fazem a diferença são a quantidade de instrumentos de gestão municipal e o dinamismo econômico, sendo Aripuanã o município com maior potencial. O aumento da arrecadação e da infraestrutura viária, decorrentes da implantação dos aproveitamentos de Sumaúma e Quebra Remo, devem contribuir com a melhora do potencial da subárea (Ilustração 74). 6.6.2.4.3. Subárea Alto Aripuanã – SA3 Impactos Cumulativos e Sinérgicos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Os impactos observados na subárea Alto Aripuanã – SA3 concentram-se, sobretudo, na região do reservatório do aproveitamento Ilha Três Quedas, alcançando alta intensidade em decorrência da grande área do reservatório e do elevado tempo de permanência, acarretando em significativos efeitos sobre a qualidade da água, tanto a montante quanto a jusante, neste caso devido ao regime de operação do reservatório atuando com regularização. Os baixos índices observados nas demais áreas são em função da pouca interferência do aproveitamento Ilha Três Quedas para a ictiofauna migratória e suas rotas, devido a localização em região com baixa hierarquia fluvial e a montante de um controle hidráulico importante (Salto Dardanelos). A Ilustração 67 apresenta a espacialização dos impactos para esta subárea. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Na Subárea Alto Aripuanã, os impactos são decorrentes do aproveitamento Ilha Três Quedas, situado próximo ao limite com a SA2, apresentando intensidade alta na região do reservatório e na região da AID, especialmente no interior das terras indígenas, onde o índices altos são em função dos efeitos cumulativos observados, conforme exposto na Ilustração 68. Neste mesmo contexto, em relação ás terras indígenas pode ser observado, porém e menor magnitude na região da PCH Juína e da UHE Dardanelos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 434 Os altos índices de impacto do aproveitamento Ilha Três Quedas são em função da grande área do reservatório acarretando em significativa perda de vegetação natural (ADA) e fragmentação de habitats (AID). Meio Socioeconômico Em relação aos impactos socioeconômicos, na subárea Alto Aripuanã – SA3 estão previstos três aproveitamentos, Dardanelos, com início de geração estimado para o primeiro semestre de 2011, Ilha Três Quedas e a PCH de Juína, já em operação. Desses aproveitamentos, o que apresenta impactos de maior intensidade é o de Ilha Três Quedas, principalmente na área diretamente afetada, onde atinge intensidade alta. A extensa área de influência direta – ADA+10km, desse aproveitamento possui intensidade de impactos diferenciada variando de baixa para média, média e moderadamente alta. A área de jusante acumula impactos com o aproveitamento de Dardanelos alcançando intensidade média. A Intensidade do impacto aumenta para moderadamente alta nos subespaços onde a área de influência direta coincide com as Terras Indígenas Aripuanã e Serra Morena, alcançando uma intensidade ligeiramente maior na primeira, decorrente da maior sensibilidade do município de Aripuanã. No restante da faixa de entorno do reservatório os impactos alcançam intensidade de baixa para média. Pela proximidade com o limite da subárea, a influência da faixa de entorno avança sobre a subárea vizinha Médio Aripuanã –SA2. O mesmo acontece com a interferência sobre as terras indígenas e os impactos que envolvem os municípios, que pela extensão dos seus territórios, acaba que a influência do aproveitamento se estende para as subáreas Médio Aripuanã, Médio e Alto Roosevelt e Guariba (Ilustração 69). Os aproveitamentos de Dardanelos e de Juína, cujos reservatórios ocupam áreas reduzidas, apresentam consequentemente impactos de pequena magnitude. No caso de Dardanelos, apesar do reservatório ser de apenas 0,2 km², o seu entorno atinge impacto de intensidade média por coincidir com a área de influência de jusante do aproveitamento Ilha Três Quedas. Em relação aos impactos positivos, os municípios que compõem a subárea Alto Aripuanã – SA3, Aripuanã, Juína e Castanheira, possuem um potencial classificado de baixo a moderadamente alto. No caso de Castanheira, classificado com baixo potencial, não será afetado pelos aproveitamentos propostos na subárea. O Município de Aripuanã apresenta a melhor classificação, moderadamente alta, devendo ser beneficiado pela presença dos aproveitamentos Dardanelos e Ilha Três Quedas. O município de Juína recebe influência menor, sendo afetado somente pelo trecho final do reservatório de Ilha Três Quedas, que avança no município, e pela PCH Juína, já em operação (Ilustração 70). Fragilidades e Potencialidades Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos A baixa sensibilidade neste trecho de montante da bacia, correspondente à Subárea Alto Aripuanã – SA3, implica em fragilidades classificadas como baixas a médias, principalmente na área de influência direta dos impactos do aproveitamento Ilha Três Quedas e na região de jusante da PCH Juína, especialmente nas áreas sobrepostas com os impactos do Ilha Três Quedas. A alta fragilidade identificada ocorre no reservatório do Ilha Três Quedas, incidindo especialmente sobre a qualidade da água em uma subárea com crescente pressão antrópica. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Conforme observado na Ilustração 72, a subárea Alto Aripuanã – SA3 apresenta áreas de alta fragilidade nas áreas diretamente afetada e de influência direta dos impactos decorrentes do aproveitamento Ilha Três Quedas. A região de maior sensibilidade na subárea ocorre no interior das Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 435 terras indígenas, justamente as regiões onde é possível destacar as fragilidades classificadas com média a alta importância. Meio Socioeconômico Em relação à fragilidade da subárea Alto Aripuanã –SA3, são identificados subespaços classificados com baixa intensidade até outros com alta fragilidade, estes últimos, com certo destaque em termos da extensão da área ocupada. Os setores de menor fragilidade estão localizados no sudeste, coincidentes com os municípios de Castanheira e a área antropizada, e não ocupada por terras indígenas, de Juína. A área diretamente afetada pela formação do reservatório do aproveitamento de Ilha Três Quedas e onde há sobreposição de interferências da área de influência direta com a T.I. e o Parque Indígena Aripuanã, caracterizam-se como de alta fragilidade. Possui fragilidade moderadamente alta o restante das áreas sem sobreposição das terras e parque indígena Aripuanã com a área de influência direta da UHE Ilha Três Quedas (Ilustração 73). A UHE Dardanelos, localizada no extremo norte da subárea, no limite com a subárea Médio Aripuanã, tem classificação de moderadamente alta fragilidade, dada pela sobreposição da sua área de influência direta com a do aproveitamento de Ilha Três Quedas. Por outro lado, os efeitos de jusante do aproveitamento, avançam sobre a subárea do Médio Aripuanã. Na PCH Juína são identificados dos subespaços formados pela área de influência direta do aproveitamento, sendo que o localizado na margem esquerda, e que coincide com o parque indígena Aripuanã, possui fragilidade moderadamente alta, e o localizado na margem direita, em área antropizada e fora do Parque Indígena, fragilidade baixa. Sendo que as áreas de abrangência das fragilidades são delimitadas, em alguns casos, pelo território do município ou da totalidade da terra indígena afetada, a sua influência extrapola o limite da subárea de localização do aproveitamento, avançando, assim, sobre as subáreas Médio Aripuanã, Médio e Alto Roosevelt e Guariba. A potencialidade socioeconômica da Subárea Alto Aripuanã –SA3, está relacionada com a compensação financeira e capacidade de gestão dos municípios que a integram, Aripuanã, Juína e Castanheira. Destes, Aripuanã é o que apresenta menor potencial, por contar com menor quantidade de instrumentos de gestão. Os aproveitamentos Dardanelos e Ilha Três Quedas concentram os seus impactos no município de Aripuanã, e a PCH Juína, no município homônimo. Como o efeito da potencialidade socioeconômica utiliza a abrangência do território do município, os seus efeitos extrapolam para as subáreas vizinhas, principalmente nos casos de Aripuanã e Juína. O município de Castanheira não é afetado pelos aproveitamentos propostos (Ilustração 74). 6.6.2.4.4. Subárea Baixo Roosevelt – SA4 Impactos Cumulativos e Sinérgicos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Os impactos identificados na Subárea Baixo Roosevelt – SA4 são classificados como de alta intensidade na Área Diretamente Afetada pelos reservatórios Cachoeira Galinha e Inferninho, com maior importância para este último aproveitamento em razão da maior área do reservatório, incidindo em perdas consideráveis de ambientes relevantes, incluindo a sub-bacia do rio Madeirinha. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 436 Outro subespaço que apresenta índice de impacto relevante é na área onde há possíveis efeitos cumulativos e sinérgicos devido à sobreposição dos impactos de jusante do aproveitamento Inferninho, com intensidade média devido ao reservatório de regularização, com o trecho de montante do reservatório de Cachoeira Galinha, conforme apresentado na Ilustração 67, implicando em consideráveis alterações para a qualidade da água. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres A existência dos aproveitamentos Inferninho e Cachoeira Galinha implica em índices de impacto elevados, principalmente na região dos reservatórios onde há incidência de unidades de conservação. A grande dimensão dos reservatórios acarreta em perda considerável de vegetação natural, bem como de potencial fragmentação de habitats, em uma região da subárea onde há um mosaico de unidades de conservação. Por meio da Ilustração 68, conclui-se que os impactos nesta subárea se destacam nas áreas dos aproveitamentos planejados que interferem com as unidades de conservação. Meio Socioeconômico Em relação aos impactos socioeconômicos, a subárea Baixo Roosevelt – SA4, deve sofrer a influência dos aproveitamentos propostos, Cachoeira Galinha e Inferninho. Desses aproveitamentos, Inferninho possui a maior intensidade de impactos, classificada como alta tanto no setor do reservatório localizado no município de Novo Aripuanã, como no setor onde se sobrepõem as interferências da área de influência direta com a terra indígena Tenharim do Igarapé Preto. No restante da terra indígena o impacto é de intensidade média (Ilustração 69). Outra área de impactos com intensidade média corresponde à sobreposição de impactos das áreas de influência da faixa do entorno e de jusante de Inferninho com o trecho final do reservatório de Cachoeira Galinha. Em Inferninho também ocorrem subespaços com impactos de intensidade moderadamente alta nos trechos superiores dos braços do reservatório formados pelos rios Roosevelt e Madeirinha, nos setores localizados no município de Colniza. No caso do aproveitamento de Cachoeira Galinha, as áreas de abrangência são classificadas com intensidade de baixa a moderadamente alta, sendo o setor do reservatório que coincide com a faixa da área de influência direta dos aproveitamentos de Inferninho, a montante, e de Prainha, a jusante, os subespaços com intensidade de impacto moderadamente alta. A faixa de entorno do reservatório onde não há sobreposição de impactos é classificada com baixa intensidade. Cabe citar que as áreas de ambos os empreendimentos estendem a sua influência sobre as subáreas vizinhas, Baixo Aripuanã no caso de Cachoeira Galinha, e no caso de Inferninho, sobre Baixo Aripuanã, Médio Roosevelt e uma fração de Guariba. Em relação aos impactos positivos, os três municípios que compõem a subárea Baixo Roosevelt – SA4, Novo Aripuanã e Rondolândia, apresentam em geral bom potencial, recebendo classificação de média intensidade a moderadamente alta a alta. O município de maior classificação é o de Novo Aripuanã com classificação de moderadamente alta a alta, seguido de Colniza e Rondolândia, classificados com nível de impactos positivos de moderadamente alto e médio, respectivamente. Destes municípios, Novo Aripuanã é o mais favorecido, devendo contar com os dois aproveitamentos propostos para a subárea, Cachoeira Galinha e Inferninho. O município de Colniza só deve receber uma parte do reservatório de Inferninho, sendo que, o município de Rondolândia, não deve ser afetado (Ilustração 70). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 437 Fragilidades e Potencialidades Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos A alta sensibilidade do baixo Roosevelt (SA4) para os Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos e a presença dos aproveitamentos Inferninho e Cachoeira Galinha, implicam na existência de subespaços com altas fragilidades, especialmente na região dos reservatórios. Neste contexto destaca-se o subespaço onde há o efeito cumulativo e sinérgico dos impactos que incidem na sobreposição do trecho de jusante do aproveitamento Inferninho com o reservatório do Cachoeira Galinha. Merece destaque também, na região do reservatório Inferninho, quando avança sobre o rio Madeirinha, em área de alta sensibilidade pela existência de mineração, o que pode comprometer a qualidade da água e dos recursos hídricos neste trecho do baixo Roosevelt (Ilustração 71). Meio Físico e Ecossistemas Terrestres A região do Baixo Roosevelt apresenta elevada sensibilidade devido à integridade da vegetação e da presença de um conjunto de unidades de conservação. A presença dos aproveitamentos Cachoeira Galinha e Inferninho com impactos de alta magnitude nesta região de alta sensibilidade implicam na existência das altas fragilidades, conforme observado para esta subárea na Ilustração 72. As maiores fragilidades ocorrem nos reservatórios dos aproveitamentos existentes, sobretudo nas regiões sobrepostas às unidades de conservação e terras indígenas. Meio Socioeconômico Na subárea Baixo Roosevelt – SA4, a fragilidade identificada nos subespaços é classificada desde baixa até alta fragilidade. No setor norte, coincidente com a área pertencente ao município de Novo Aripuanã, e onde se localizam os aproveitamentos propostos Cachoeira Galinha e Inferninho, predominam os subespaços de maior fragilidade. Ao contrário, na região sul, coincidente com a área municipal de Colniza e Rondolândia, predominam os subespaços com baixa fragilidade, sendo que este setor é afetado somente pelo trecho superior dos dois braços do reservatório de Inferninho, formados nos rios Madeirinha e Roosevelt (Ilustração73). Analisando a abrangência dos impactos dos aproveitamentos, as fragilidades com intensidade alta ocorrem na área diretamente afetada pelos reservatórios e nos setores onde há coincidência das áreas de influência direta do aproveitamento Cachoeira Galinha com os aproveitamentos de montante e jusante, Inferninho e Prainha, respectivamente. Outros dois subespaços de alta fragilidade são formados pela interferência do aproveitamento de Inferninho com a terra indígena Tenharim do Igarapé Preto, um pela formação do reservatório e outro pela interferência com a área de influência direta, sendo esta última a mais frágil pelo acúmulo de impactos. Os trechos intermediários das áreas de influência direta do entorno dos reservatórios dos aproveitamentos, Cachoeira Galinha e Inferninho, onde não há unidades de conservação nem terras indígenas, são classificados com média fragilidade. Em relação às potencialidades da bacia, o recorte é dado pelo território municipal, em função de que os componentes que influenciam a potencialidade terem abrangência municipal. Dos municípios que integram a subárea Baixo Roosevelt – SA4, Novo Aripuanã, Colniza e Rondolândia, o primeiro é o que apresenta menor potencialidade socioeconômica, sendo o município que conta com o menor número de instrumentos de gestão municipal e ambiental, na sua administração (Ilustração 74). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 438 O município de Novo Aripuanã, em termos de potencialidade, concentra a influência dos aproveitamentos propostos, Cachoeira Galinha e Inferninho, no qual têm localizados os seus eixos. Em relação aos reservatórios, Cachoeira Galinha encontra-se integralmente dentro do município. Quanto ao de Inferninho, a parte superior dos dois braços do reservatório, avança no município de Colniza, ao qual se atribui uma potencialidade média. O município de Rondolândia não é afetado. 6.6.2.4.5. Subárea Médio Roosevelt – SA5 Impactos Cumulativos e Sinérgicos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Na subárea Médio Roosevelt – SA5, os impactos decorrem da presença do aproveitamento Ilha São Pedro, com maior índice na área afetada pelo reservatório. Visto se tratar de um aproveitamento com reservatório de regularização os impactos na área de jusante apresentam índices com intensidade mediana, sobretudo no subespaço em que o efeito cumulativo com os impactos existentes na AID, conforme apresentado na Ilustração 67. O restante da subárea apresenta baixos índices de impacto, inclusive na AID, devido ao comprimento do reservatório causar pouca modificação do curso natural do rio Roosevelt neste trecho da bacia. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Os principais impactos no Meio Físico e Ecossistemas Terrestres na Subárea Médio Roosevelt – SA5, incidem nas áreas de influência do aproveitamento Ilha São Pedro, especialmente devido à perda de vegetação na área do reservatório com os maiores índices correspondentes a interferência na área da terra indígena. Neste mesmo contexto, observa-se também um subespaço com baixa intensidade de impacto provenientes dos impactos do aproveitamento Ilha Três Quedas sobre as terras indígenas, na subárea Alto Aripuanã – SA3, conforme exposto na Ilustração 68. Meio Socioeconômico Em relação aos impactos socioeconômicos sobre a subárea Médio Roosevelt – SA5, estes ocorrem, principalmente, pela presença do único aproveitamento proposto, Ilha São Pedro. O aproveitamento deve ser localizado no rio Roosevelt, no setor central da subárea, no limite entre os municípios de Aripuanã e Rondolândia, localizados na margem direita e esquerda, respectivamente (Ilustração 69). A maior intensidade de impacto encontra-se na área diretamente afetada pelo reservatório, com classificação média. Na área de influência direta do aproveitamento, ocorrem três subespaços, classificados num mesmo patamar de intensidade baixa, ainda que apresentem pequenas variações entre eles. A mais baixa intensidade ocorre na margem esquerda, no setor próximo ao eixo, onde as interferências incidem sobre áreas sem unidades de conservação nem terras indígenas. Na mesma margem, porém no trecho superior do reservatório, onde apresenta uma configuração mais estreita, o aproveitamento interfere com a terra indígena Zoró, subespaço que apresenta uma intensidade de impacto pouco superior à anterior. Já na margem direita do aproveitamento, localizada integralmente no município de Aripuanã e onde não há unidades de conservação nem terras indígenas, é atribuída intensidade baixa para média, principalmente pelas condições desse município, que apresenta maior sensibilidade que Rondolândia. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 439 A subárea Médio Roosevelt –SA5, sofre também influência indireta dos aproveitamentos de outras subáreas. No extremo norte, o aproveitamento de Inferninho, localizado na subárea Baixo Aripuanã – SA1 exerce influência por conta da AII, subespaço classificado com intensidade de impacto baixa. No sudeste da subárea, à terra indígena Aripuanã lhe é atribuída intensidade de impacto média, por conta da interferência do aproveitamento de Ilha Três Quedas, localizado na subárea do Alto Aripuanã – SA3. Na mesma região, e pelo mesmo aproveitamento, a fração do município de Juína que pertence à subárea Médio Roosevelt, obtém a classificação de impacto de baixa intensidade, Em relação aos impactos positivos que ocorrem na subárea Médio Roosevelt –SA5, os municípios que a compõem, Colniza, Aripuanã, Rondolândia, Ministro Andreazza, Cacoal e Espigão D’Oeste, recebem classificação entre baixa e moderadamente alta. Os municípios de Aripuanã e Colniza são os que apresentam maior classificação - moderadamente alta, ainda que com pequenas diferenças entre eles, favorecendo Aripuanã. Rondolândia, num patamar um pouco inferior, recebe classificação média. Os municípios rondonienses, Ministro Andreazza, Cacoal e Espigão D’Oeste, possuem classificação baixa para os impactos positivos, mas, estes não devem ser afetados pelo aproveitamento proposto na subárea, Ilha São Pedro. Pela localização do aproveitamento, no limite dos municípios de Aripuanã e Rondolândia, os impactos positivos favorecerão esses municípios (Ilustração 70). Fragilidades e Potencialidades Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos As baixas sensibilidades observadas para os Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos na Subárea Médio Roosevelt – SA5, não impediram a presença de áreas de elevada fragilidade em decorrência dos impactos advindos do aproveitamento Ilha São Pedro, especialmente na área diretamente afetada pelo reservatório e no trecho de jusante. Muito da intensidade das fragilidades decorrem do regime de operação do reservatório de Ilha São Pedro, que permite a regularização, tendo consequências importantes para a qualidade da água a jusante. A Ilustração 71 nos permite visualizar, neste contexto, a elevada fragilidade proveniente dos efeitos cumulativos existente no subespaço imediatamente a jusante do aproveitamento, devido á alteração da qualidade da água e da perda de vegetação marginal; este último em decorrência dos impactos na AID. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres A alta sensibilidade identificada na porção sul as Subárea, devido à presença de terras indígenas, condicionam os subespaços de maiores fragilidades decorrentes dos impactos do aproveitamento Ilha São Pedro, especialmente na Área Diretamente Afetada e na Área de Influência Direta, conforme exposto na Ilustração 72. Meio Socioeconômico A fragilidade identificada na subárea Médio Roosevelt – SA5, dependendo dos setores, pode ser classificada de baixa até alta, ainda que, em geral, predominem os setores de baixa fragilidade. As áreas de maior fragilidade concentram-se no entorno do único aproveitamento proposto na subárea, Ilha São Pedro, sendo a área diretamente afetada pela formação do seu reservatório, o subespaço considerado de maior fragilidade, com classificação alta. Na área de influência direta podem ser identificados três subespaços com fragilidades diferenciadas. Na metade mais próxima ao eixo, na margem esquerda, ocorrem interferências com áreas que não contam com unidades de conservação nem terras indígenas, possuindo fragilidade baixa. O trecho logo a montante, já interfere com a terra indígena Zoró, sendo classificado com fragilidade média. Na margem direita da área de influência direta, em toda a sua extensão, a fragilidade é a maior das três, atingindo intensidade Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 440 moderadamente alta, determinada pela maior fragilidade do município de Aripuanã, situado nessa margem do reservatório. Pelo mesmo motivo o restante da área do município de Aripuanã, que faz parte da subárea, encontra-se classificado com média fragilidade (Ilustração 73). A subárea é também afetada por aproveitamentos localizados em subáreas vizinhas. No sul da bacia, na área pertencente à terra indígena Aripuanã, a fragilidade se apresenta com intensidade moderadamente alta, resultado da interferência sofrida pelo aproveitamento Cachoeira Três Quedas, localizado na subárea Alto Aripuanã – SA3. Na subárea Médio Roosevelt –SA5, a potencialidade socioeconômica é dada pelas características dos municípios de Colniza, Aripuanã, Rondolândia, Juína, Ministro Andreazza, Cacoal e Espigão D’Oeste, os quais à compõem. As potencialidades podem ser baixa, caso de Aripuanã, a moderadamente alta, no caso de Cacoal (Ilustração 74). Na subárea é previsto somente o aproveitamento de Ilha São Pedro, a ser localizado no rio Roosevelt, no limite dos municípios de Aripuanã e Rondolândia, sendo os únicos municípios afetados pela formação do reservatório. A potencialidade socioeconômica de Rondolândia é classificada como média. 6.6.2.4.6. Subárea Alto Roosevelt – SA6 Impactos Cumulativos e Sinérgicos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Conforme exposto pela Ilustração 67, a Subárea Alto Roosevelt – SA6 apresenta apenas subespaços de baixa intensidade de impactos para os Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos em seus limites, muito devido à ausência de aproveitamentos planejados e existentes nesta subárea. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Apesar da ausência de aproveitamentos, tanto existentes quanto planejados, nesta subárea, podem ser identificados subespaços com índices de baixa intensidade nas áreas correspondentes às terras indígenas. Estes impactos são decorrentes da interferência do aproveitamento Ilha Três Quedas (Subárea Alto Aripuanã – SA3) nestas áreas protegidas cujos limites abrangem as subáreas SA2, SA3, SA5, SA6 e SA7, conforme apresentado na Ilustração 68. Meio Socioeconômico Na subárea Alto Roosevelt -SA6, não é prevista a implantação de aproveitamentos hidrelétricos. No entanto, a subárea sofre influência dos impactos indiretos da UHE Ilha Três Quedas, aproveitamento proposto para a subárea Alto Aripuanã. Os impactos decorrem da influência sobre o município de Juína, e sobre as terras indígenas Serra Morena e Parque Indígena Aripuanã. A intensidade do impacto sobre essas áreas é considerado de baixa intensidade (Ilustração 69). Em relação aos impactos positivos, os municípios que compõem a subárea Alto Roosevelt –SA6, Cacoal, Pimenta Bueno, Vilhena e Juína, apresentam de baixa a média classificação, sendo Juína o melhor posicionado (Ilustração 70). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 441 Fragilidades e Potencialidades Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Conforme exposto pela Ilustração 71, a Subárea Alto Roosevelt – SA6 apresenta apenas subespaços de baixa fragilidade em decorrência da ausência de impactos significativos, para os Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos em seus limites. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres A Subárea Alto Roosevelt – SA6 apresenta quase a totalidade de seus limites classificados como de média fragilidade, em região correspondente a alta sensibilidade devido a presença de terras indígenas, conforme exposto na Ilustração 72. Estes impactos são decorrentes da interferência do aproveitamento Ilha Três Quedas (Subárea Alto Aripuanã – SA3) nesta terra indígena, cujos limites abrangem as subáreas SA2, SA3, SA5, SA6 e SA7, conforme apresentado na Ilustração 68. Meio Socioeconômico Na subárea Alto Roosevelt -SA6, não é prevista a implantação de aproveitamentos hidrelétricos. Ainda assim sofre os efeitos indiretos de aproveitamentos propostos na subárea vizinha, Alto Aripuanã – SA3. Por conta desse aproveitamento ocorrem setores com fragilidades de baixa a moderadamente alta intensidade. Os subespaços coincidentes com o Parque Indígena Aripuanã e a fração do território do município de Juína, não incluída no Parque Indígena, têm fragilidade moderadamente alta, ainda que, este último, com menor intensidade que o primeiro. O restante das terras indígenas localizadas no município de Vilhena, no setor central da subárea, é atribuído fragilidade média (Ilustração 73). No caso da potencialidade, esta se encontra relacionada com o potencial dos municípios que integram a subárea, Juína, Rondolândia, Vilhena, Espigão D’Oeste e Pimenta Bueno. Nestes municípios a intensidade varia de média a alta, sendo que Vilhena, Pimenta Bueno e Espigão D’Oeste, possuem um potencial considerado como alto, com pequenas diferenças entre eles, e Juína e Rondolândia num patamar menor, possuem potencial médio (Ilustração 74). 6.6.2.4.7. Subárea Guariba SA7 Impactos Cumulativos e Sinérgicos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Conforme exposto pela Ilustração 67, a subárea Guariba – SA7 apresenta apenas áreas de baixo impacto em decorrência da ausência de aproveitamentos em seus limites. Os impactos incidentes na área de Influência Indireta do Aproveitamento Prainha, localizado na SA1, especialmente sobre as rotas migratórias não chegam a apresentar índices relevantes, devido à extensão do rio Guariba que se mantém no seu estado lótico nesta subárea e no trecho sul da SA1. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres Da mesma forma que o apresentado para os impactos cumulativos e sinérgicos da Subárea Alto Roosevelt – SA6, apesar da ausência de aproveitamentos verifica-se a existência de subespaços com índice de baixa intensidade na área correspondente à terra indígena. Este impacto é decorrente Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 442 da interferência do aproveitamento Ilha Três Quedas, na terra indígena na qual os limites abrangem as subáreas SA2, SA3, SA5, SA6 e SA7, conforme apresentado na Ilustração 68. Meio Socioeconômico Na subárea Guariba – SA7, formada pelos municípios de Apuí, Colniza e Aripuanã, não é prevista a implantação de aproveitamentos hidrelétricos. Ainda assim, a subárea recebe influência dos impactos indiretos de aproveitamentos localizados nas subáreas vizinhas. Na região norte, a terra indígena Rio Pardo é afetada pela formação do reservatório de Sumaúma, localizado na subárea Médio Aripuanã, tendo o impacto classificado com baixa intensidade. A fração do território pertencente ao município de Aripuanã, localizada na bacia do rio Guariba, sofre a influência do aproveitamento Ilha São Pedro, localizado na subárea Médio Roosevelt -SA5, e dos aproveitamentos Quebra Remo e Ilha Três Quedas, que se encontram na subárea Médio Aripuanã – SA2. O impacto nesse subespaço é classificado com intensidade baixa. A fração da terra indígena Aripuanã localizada na subárea Guariba – SA7 é afetada pela UHE Ilha Três Quedas, estando o impacto classificado como de média intensidade, pela sobreposição com o território do município de Aripuanã (Ilustração 69). Em relação aos impactos positivos, os municípios que compõem a subárea Guariba –SA7, Apuí, Colniza e Aripuanã, são classificados num patamar considerado moderadamente alto, ainda que com pequenas diferenças entre eles (Ilustração 70). Fragilidades e Potencialidades Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Conforme exposto pela Ilustração 71, a subárea Guariba – SA7 apresenta apenas subespaços de baixa fragilidade em decorrência da ausência de impactos significativos, para os Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos em seus limites. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres A subárea apresenta baixa fragilidade em quase toda a sua extensão devido à ausência de aproveitamentos em seus limites. Entretanto, conforme apresentado na Ilustração 72, na região correspondente a terra indígena, no extremo sul desta subárea, percebe-se um subespaço com fragilidade média devido à incidência de impactos advindos do Aproveitamento Ilha Três Quedas, situado na subárea Alto Aripuanã – SA3. Meio Socioeconômico Embora na subárea Guariba –SA7, não esteja prevista a implantação de aproveitamentos hidrelétricos, sofre os efeitos indiretos de aqueles propostos nas subáreas vizinhas, Médio e Alto Aripuanã, e Baixo e Médio Roosevelt. Por conta da influência desses aproveitamentos ocorrem setores com fragilidades de intensidade baixa a moderadamente alta. Na região sudeste da subárea encontra-se o subespaço de maior fragilidade, classificado com intensidade moderadamente alta. A área pertence à Terra Indígena Aripuanã, afetada pelo aproveitamento Ilha Três Quedas, a ser implantado na subárea Alto Aripuanã. Na região norte, com classificação similar, ainda que com menor intensidade que a anterior, encontra-se o subespaço coincidente com a Terra Indígena Rio Pardo, afetada pelo aproveitamento de Sumaúma, situado na subárea Médio Aripuanã. A região centro-sul da subárea, coincidente com o território do município de Aripuanã, apresenta fragilidade média, em função de esse município contar com poucos instrumentos de gestão administrativa e Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 443 ambiental. Os subespaços com baixa fragilidade coincidem com as áreas onde não há influência de aproveitamentos hidrelétricos (Ilustração 73). Em relação à potencialidade, esta se encontra vinculada ao potencial dos municípios que integram a subárea, Apuí, Colniza e Aripuanã, variando de baixa a média, sendo Aripuanã o que apresenta menor potencialidade (Ilustração 74). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 444 7. SÍNTESE DOS ASPECTOS DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA A realização de seminários públicos teve como objetivo apresentar e discutir os resultados do Inventário Hidrelétrico e da Avaliação Ambiental Integrada com os agentes e instituições públicas e privadas que atuam na bacia hidrográfica do rio Aripuanã, como também com a comunidade científica e comunidade em geral, tendo como finalidade receber subsídios e informações para a complementação dos resultados de tais Estudos. Considerando que os aproveitamentos hidrelétricos propostos na divisão de quedas se distribuem nos territórios dos estados de Amazonas e Mato Grosso, foram escolhidas as respectivas capitais, para a realização dos seminários públicos, em função de serem nestas cidades onde a maior parte dos órgãos e instituições, com atuação ou interesse na bacia, têm instaladas as suas sedes ou escritórios regionais. Os seminários foram realizados nos dias 10 e 12 de abril de 2012, nas cidades de Manaus e Cuiabá, respectivamente. Nos seminários participaram representantes de órgãos de governo das esferas, federal, estadual e municipal, como também de instituições não governamentais e particulares. A seguir a lista das instituições participantes dos seminários de Manaus e Cuiabá. A lista completa dos presentes encontra-se no Anexo 7. Âmbito Federal - ANA - Agência Nacional de Águas. - CPRM – Serviço Geológico do Brasil - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. - EPE - Empresa de Pesquisa Energética. (Empresa contratante dos estudos de Inventário Hidrelétrico e da Avaliação Ambiental Integrada). - FUNAI/MT – Fundação Nacional do Índio (*). - IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. - ICMBio – Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (**). - INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. - INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (**). - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. - MPF/AM - Ministério Público Federal/Amazonas (**). - UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso (*). Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 445 Âmbito Estadual - CEUC - Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas (**). - SDS - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável /Governo do Amazonas (**). - SEDUC/MT – Secretaria de Estado de Educação / Governo do Estado de Mato Grosso (*). - SEMA/MT – Secretaria de Estado do Meio Ambiente /Governo do Estado de Mato Grosso (*). Âmbito Municipal - Prefeitura de Aripuanã (*). Organizações não Governamentais - IDESAM- Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (**) - WWF/Brasil – Fundo Mundial para a Natureza (World Wildelife Fund for Nature) (**). - PROAMB – PROAMB Projetos e Consultoria Ambiental (*). - Um particular (*). Obs.: (*) Presente só no seminário de Cuiabá. (**) Presente só no seminário de Manaus. 7.1. Principais Questões e Contribuições Levantadas durante os Seminários Públicos A participação pública teve como momento efetivo a rodada de manifestações e questionamentos ocorrida após a apresentação dos resultados dos estudos de inventário e da AAI. As manifestações abordaram temas como o planejamento energético na bacia, possibilidade da energia inventariada ser ofertada para as comunidades locais, potenciais impactos e interferências dos aproveitamentos hidrelétricos na biodiversidade regional e em áreas legalmente protegidas. Outro conjunto de questões buscou elucidações acerca dos conceitos e da metodologia adotada na AAI em debate. É importante destacar que muitos dos questionamentos envolveram ações que extrapolavam a fase do planejamento energético (Estudos de Inventário), fazendo referências às etapas futuras deste planejamento setorial, como as etapas de viabilidade e licitação dos projetos. Este conjunto de questionamentos pode ser exemplificado pelas questões relacionadas às compensações por alagamento, interferências em áreas protegidas, planos de mitigação de impactos, ações estas associadas ao licenciamento ambiental de cada empreendimento hidrelétrico, caso estes passem para a fase de estudos de viabilidade. Dentre as contribuições recebidas, destacam-se os pareceres técnicos do Centro Estadual de Unidades de Conservação – CEUC e do Centro Estadual de Mudanças Climáticas – CECLIMA, Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 446 ambos encaminhados, por ofício, pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SDS, apresentados na íntegra no Anexo 8. O parecer dos técnicos do CEUC destaca as especificidades da região denominada Mosaico do Apuí. Este Mosaico abrange nove unidades de conservação (UCs) estaduais no Amazonas, sendo duas de proteção integral e sete de uso sustentável, formando um grande triângulo de glebas de domínio estadual no sudeste do Amazonas, de aproximadamente 2,46 milhões de hectares, nos municípios de Apuí e Novo Aripuanã. Em razão de sua localização geográfica, as UCs que o compõem são únicas dentro do Sistema por abrangerem características geológicas e biogeográficas ausentes em outras UCs do estado. Assim, qualquer intervenção na bacia do rio Aripuanã deverá considerar as características especiais dessa região, bem como as ações traçadas no Plano de Gestão do Mosaico de Unidades de Conservação do Apuí (Governo do Amazonas, 2010). O parecer do CECLIMA destacou a reduzida cobertura de domicílios atendidos com eletricidade nos municípios situados no sul do estado do Amazonas: Humaitá, Boca do Acre, Manicoré, Lábrea, Apuí, Novo Aripuanã e Santo Antônio do Matupi. Diante desse quadro, aponta para a necessidade de que os municípios supracitados sejam contemplados no estudo de expansão de energia elétrica, de modo a garantir o atendimento por meio de uma fonte renovável, aumentando a qualidade de vida da população, além de reduzir as emissões de CO2. Com intuito de facilitar a análise, as questões foram classificadas de acordo com três linhas temáticas: Planejamento Energético - Demanda de energia e os reais benefícios locais da geração inventariada; - Planejamento estratégico e integrado entre as bacias amazônicas; - Planejamento energético para a bacia no que tange a implantação de PCHs; - Hierarquização ou ranking final de sustentabilidade dos aproveitamentos selecionados com possibilidade de diferenciação no horizonte de implantação de cada um. Impactos dos Aproveitamentos hidrelétricos (AHEs) selecionados - Recursos hídricos (regularização das vazões - alteração do regime hídrico); - Interferência em assentamentos rurais e planos de mitigação deste impacto; - Interferência em terras indígenas e povos indígenas isolados; - Interferência em Unidades de Conservação e planos de ação para compensação e desafetação do PARNA dos Campos Amazônicos; - Ações mitigadoras para problemas socioeconômicos e impactos sociais da atração populacional nos municípios atingidos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 447 Metodologia e Conceitos da Avaliação Ambiental Integrada (AAI) - Utilização do parâmetro ‘estradas’ como vetor de impactos para a análise dos Ecossistemas Terrestres. - Inserção da atividade minerária como usuário de energia na análise do cenário 2026; - Peso atribuído entre Custo Benefício x Impactos Ambientais no processo de seleção dos aproveitamentos; - Atribuição do maior grau de análise de sensibilidade dos ecossistemas terrestres para as áreas com unidades de conservação e terras indígenas; - Consideração dos efeitos de outros empreendimentos – linhas de transmissão e distribuição, estradas, etc.- e outros inventários hidrelétricos na análise dos efeitos cumulativos e sinérgicos. - Consideração para a análise dos impactos e fragilidades das perdas econômicas dos municípios atingidos devido às interferências sobre os setores de turismo, pesca e transporte hidroviário. A representatividade das questões formuladas conforme o tema de abrangência pode ser visualizado pelas figuras 7.1.1, 7.1.2 e 7.1.3 apresentadas a seguir. Figura 7.1.1. Percentual da representatividade das questões levantadas – Seminário Manaus Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 448 Figura 7.1.2. Percentual da representatividade das questões levantadas – Seminário Cuiabá Figura 7.1.3. Percentual da representatividade das questões levantadas – Geral Do conjunto das questões debatidas, observa-se, como indicado nas Figuras 7.1.1 a 7.1.3, que o foco das preocupações se centraram nas questões relacionadas à metodologia adotada, em particular nos fatores de pressão antrópica (estradas, atividades minerarias e outros empreendimentos). A título de considerações finais podemos afirmar que os principais anseios e dúvidas levantadas durante os Seminários não contrariaram as principais conclusões e explanações apresentadas nesta Avaliação Ambiental Integrada que destaca a importância da biodiversidade regional e da sociodiversidade presente na bacia, bem como seus distintos modos de apropriação dos recursos naturais, indicando um cenário de intensificação de processos conflituosos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 449 8. DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES As Diretrizes compreendem ações de responsabilidade dos agentes do setor elétrico, em especial, dos responsáveis pela elaboração dos Estudos de Viabilidade Técnica Econômica - EVTE e dos Estudos de Impacto Ambiental – EIA/RIMA considerando, entretanto, que muitas delas dependem da participação de outros órgãos governamentais ou privados para sua implementação. Destinam-se, portanto, também, às instituições que interagem na concessão, na outorga, na análise e aprovação técnica e ambiental dos Estudos de Viabilidade dos empreendimentos, envolvendo: ANEEL, ANA, IBAMA, Órgãos Ambientais Estaduais, Secretarias de Recursos Hídricos e Comitês de Bacia. As Recomendações, por sua vez, são constituídas por medidas e ações voltadas para a atuação de instituições pertencentes a outras esferas governamentais ou privadas, cujas atribuições extrapolam as responsabilidades precípuas do setor elétrico e do concessionário, embora estes possam contribuir com a aplicação de recursos técnicos, administrativos e financeiros. 8.1. Aspectos Relevantes para o planejamento integrado da bacia O desenvolvimento da Avaliação Ambiental Integrada - AAI possibilitou um maior conhecimento integrado das questões socioambientais da bacia, permitindo assim, a identificação das suas sensibilidades, fragilidades e potencialidades, além dos efeitos cumulativos e sinérgicos que potencialmente advirão com a implantação do conjunto de aproveitamentos inventariados. Entretanto, para que a futura implantação dos empreendimentos inventariados possa integrar o conjunto de demandas e particularidades socioambientais da bacia, é necessária, antes, a elaboração de orientações gerais derivadas dos principais aspectos levantados na AAI, visando a minimização dos potenciais impactos negativos e a maximização dos efeitos positivos. Para tanto, foi elaborado um quadro-síntese (Quadro 8.1.1) dos principais aspectos da dinâmica socioambiental da bacia que subsidiaram a formulação de ações estratégicas que norteiam as Diretrizes e Recomendações propostas nesse estudo. Na bacia do Aripuanã convivem modos de vida tradicionais, como indígenas, ribeirinhos e extrativistas com modos de vida advindos de um processo de ocupação recente na região, tais como pecuaristas, madeireiros, garimpeiros e colonos. Esta diversidade sociocultural acaba gerando conflitos de ocupação e uso e do solo e apropriação dos recursos naturais, dada, sobretudo, pela pressão da atividade agropecuária, da exploração madeireira e da mineração em áreas com ocupação tradicional. O crescimento acelerado apresentado pelos centros urbanos localizados na bacia tende a intensificar os problemas de conflitos de uso pela contaminação do recurso hídrico, além dos potenciais problemas de saúde publica a serem gerados. As ações de saneamento nas áreas urbanas devem ser implementadas pelas prefeituras, com apoio dos concessionários. O grande número de espécies novas e endêmicas de primatas, assim como a potencialidade da região de conter táxons novos de mamíferos de grande porte, transforma a região em um dos locais mais interessantes de toda a Amazônia do ponto de vista de conservação da biodiversidade. Vale ressaltar que esta bacia é uma das regiões mais preservadas do noroeste do Mato Grosso e sudeste do Amazonas, e que devido à presença de um número considerável de áreas protegidas, incluindo Terras Indígenas, apresenta altos índices de conflitos, especialmente na questão da grilagem de terras, invasões e desmatamento nas Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 450 A importância da bacia é evidenciada nas diretrizes governamentais de programas de sustentabilidade e gerenciamento tais como o programa das áreas prioritárias para preservação e conservação da biodiversidade (PROBIO/MMA; 2007), Zoneamento Sócio Econômico Ecológico do Estado de Mato Grosso (SEPLAN-MT; 2002) e Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal – Macro ZEE (MMA; 2010), apresentando também forte potencial para o Ecoturismo. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 451 Quadro 8.1.1: Quadro Referencial para a Sustentabilidade da Bacia: Aspectos Relevantes, Efeitos Cumulativos e Sinérgicos e Subsídios para a Tomada de Decisões. Componente Síntese/Temas Gerais Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Meio Físico Ecossistemas Terrestres Aspectos Relevantes Principais Parâmetros de Impactos Desarticulação das ações Gerenciamento integrado e planos multisetoriais integradas de gestão, para a implantação de empreendimentos com consequente hidrelétricos na bacia. isolamento na articulação de cada AHE planejado. Interferências nos Áreas de relevância ecológica para Ecossistemas Aquáticos ictiofauna,0020 pesca artesanal e econômica no baixo Aripuanã e potencial turístico-ecológico. Recursos hídricos como mantedores de modos de vida tradicionais (aguas classe especial). Fisiografia singular no baixo Aripuanã. Potenciais endemismos de peixes. Alterações no regime natural do rio Interferências em áreas protegidas e prioritárias para a conservação da Alta relevância ecológica das florestas de terra biodiversidade firme do Mato Grosso. Endemismos de espécies no interflúvio Acari-Aripuanã. Presença de unidades de conservação constituindo corredores ecológicos e áreas prioritárias para conservação. Perda de vegetação Elevados índices de desmatamento. natural Aumento da pressão antrópica Efeitos Cumulativos e Sinérgicos Subsídios para tomada de decisões Potencialização de impactos e de processos conflituosos nas etapas de licenciamento Conceber a Gestão Integrada do conjunto dos aproveitamentos e das medidas e programas ambientais necessários para o conjunto de AHEs planejados. Implantar o Comitê de Gestão Socioambiental e de Mediação de Conflitos, em conjunto com órgãos intervenientes no processo de licenciamento. Interferências na ictiofauna/rotas migratórias e fauna aquática Perda de ambientes ecológicos relevantes Alterações na qualidade da água Promover levantamentos e pesquisas sobre a fauna aquática e dos ambientes estratégicos. Elaborar estudos da viabilidade e eficácia de estruturas de transposição de peixes na bacia. Realizar monitoramento da ictiofauna/rotas migratórias nos empreendimentos planejados e existentes. Instalar rede integrada para monitoramento da qualidade da água na bacia. Implementar mecanismos de fiscalização, criação e recuperação das APPs dos reservatórios. Alterações no Transporte Instalar rede de monitoramento hidrológico da bacia de sedimentos Perda de ambientes relevantes para a manutenção da biodiversidade na bacia Interferências na fauna associada/endêmica Fragmentação de habitats Propor a implementação de medidas de fiscalização para evitar pressões sobre as Áreas Legalmente Protegidas, incluindo o ordenamento das zonas de amortecimento. Efetivar a implantação de novas UCs conforme prioridades do Programa ARPA e das APCB para a bacia, de acordo com o planejamento do conjunto de aproveitamentos inventariados. Propor a implantação de APPs mais largas nos reservatórios e de incentivos para a manutenção de fragmentos vegetais significativos, de forma a garantir a conectividade, além de implantação de instrumentos de fiscalização e recomposição das reservas legais. continua Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 452 Quadro 8.1.1: Quadro Referencial para a Sustentabilidade da Bacia: Aspectos Relevantes, Efeitos Cumulativos e Sinérgicos e Subsídios para a Tomada de Decisões. (continuação) Componente Síntese/Temas Aspectos Relevantes Dinâmica de ocupação e Organização Territorial Principais Parâmetros de Impactos Socioeconomia Populações Indígenas Alteração de uso das áreas legalmente protegidas e com vegetação preservada e a exploração do solo acima da sua aptidão de uso. Interferências em terras Região com ocupação tradicional de povos indígenas/Perda de indígenas, com presença de inúmeras terras Territórios demarcadas e novos estudos em andamento. Presença de povos indígenas isolados. Bacia com fortes conflitos históricos entre colonizadores Potencialização de e indígenas. conflitos Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética Subsídios para tomada de decisões Crescimento demográfico e Aumento desordenado da Promover a elaboração de Planos Diretores Municipais e da densidade como fator ocupação e incremento dos Plano de uso e ocupação do entorno dos reservatórios. de Pressão de Ocupação conflitos fundiários. Interferência em áreas Presença de modos de vida tradicionais, como habitadas/utilizadas pelas população indígena, ribeirinhas e extrativistas. comunidades tradicionais Conflitos de Ocupação e Uso e do Solo – Processo de ocupação crescente na região; pressão da atividade agropecuária, da exploração madeireira e da mineração. Conflitos fundiários e violência. Efeitos Cumulativos e Sinérgicos Interferências nas comunidades tradicionais, com potencial de desarticulação dos seus modos de vida. Promover o levantamento das comunidades tradicionais, delimitação e regularização fundiária das áreas ocupadas. Redução das áreas com vegetação preservada e degradação de recursos naturais. Aumento dos conflitos fundiários e das disputas pela apropriação dos recursos naturais. Ações de regularização fundiária das terras rurais e fortalecimento dos órgãos ambientais de fiscalização e controle das unidades de conservação, terras indígenas e atividades produtivas. Desarticulação nos modos de vida Implementar processo prévio e participativo no licenciamento ambiental dos aproveitamentos. Planejar e elaborar de forma integrada para o conjunto de aproveitamentos os planos, estudos e programas com a efetiva participação dos povos atingidos. 453 8.2. Diretrizes Gerais A partir dos aspectos relevantes da bacia e dos potenciais efeitos cumulativos e sinérgicos identificados foram definidas as seguintes Diretrizes Gerais para a implantação integrada dos empreendimentos inventariados. - Interlocução entre o setor elétrico e agências governamentais para a gestão integrada da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos na bacia, incluindo os órgãos ambientais licenciadores/gestores de Unidades de Conservação e FUNAI. - Elaboração de estudos técnicos para a Implantação de hidrelétricas utilizando modelos que tragam o menor impacto socioambiental para a região, incluindo o aporte populacional e a construção de rodovias em áreas florestais, especialmente nas regiões do mosaico de Apuí e nas proximidades de terras indígenas e demais áreas protegidas. - Elaborar e disponibilizar um banco de dados com os resultados dos levantamentos da fauna (terrestre, alada e aquática) e da flora buscando sintetizar e caracterizar a biodiversidade da bacia do Aripuanã, subsidiando, dessa forma, as novas pesquisas científicas e o planejamento ambiental integrado da bacia. - Capacitar e incentivar as prefeituras na criação de instrumentos de gestão municipal e ambiental que lhe permitam administrar, em melhores condições, a situação da implantação de um projeto de grande porte no município, como o caso de uma hidrelétrica. 8.3. Diretrizes Específicas As diretrizes específicas foram elaboradas de acordo com as principais características da dinâmica socioambiental abrangendo cada um dos componentes-síntese avaliados e as áreas de sensibilidade e fragilidade apontadas para cada grande tema analisado. 8.3.1. Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Os Recursos hídricos e os Ecossistemas aquáticos da bacia do Aripuanã são fundamentais para a manutenção dos modos de vida tradicionais da bacia, tais como a pesca artesanal, além do potencial turístico-ecológico no baixo Aripuanã. Conforme observado nas demais bacias amazônicas, é notável a falta de informações acerca da ictiofauna regional. Ainda que na última década os estudos ambientais de empreendimentos de infraestrutura na Amazônia tenham produzido informações pertinentes, estas têm sido pouco divulgadas e não inseridas no meio científico especializado. O Diagnóstico Socioambiental elaborado para os Estudos de Inventário Hidrelétrico da bacia do rio Aripuanã constatou a presença de uma rica fauna endêmica de peixes associada a ambientes relevantes e espécies com hábitos reprodutivos migratórios. Visto isso, torna-se fundamental realizar novos levantamentos ao longo da bacia, incluindo os trechos do alto curso dos principais rios, onde há potencial para a existência de uma ictiofauna de pequeno porte ainda desconhecida para a ciência e, também da fauna de peixes associada aos ambientes ecologicamente estratégicos (cachoeiras, corredeiras, lagoas marginais). Sendo Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 454 assim, visando a avaliação da diversidade, distribuição e grau de endemismo, além dos impactos aos quais a ictiofauna encontra-se submetida, devem ser adotadas medidas adequadas à sua preservação, sobretudo frente a fragmentação dos cursos d’água (barreiras ao deslocamento migratório de peixes) a ser imposta pelos futuros aproveitamentos. 8.3.1.1. Monitoramento da Ictiofauna e do Movimento Migratório de Peixes O levantamento da ictiofauna realizado para os Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Aripuanã identificou espécies de grupos caracterizados como migradores, típicos da bacia amazônica, em especial da sub-bacia do rio Madeira. Foram também identificados potenciais sítios de reprodução e ambientes estratégicos no recrutamento e retenção de indivíduos jovens de espécies reofílicas, com destaque para a sub-bacia do baixo rio Madeirinha e para o baixo Guariba, onde as lagoas marginais presentes atuam como “berçários” para a ictiofauna migradora. Outra questão relevante quanto à possível interferência nas rotas migratórias é a consequente diminuição e modificação do estoque pesqueiro da bacia, especialmente nos cursos baixo e médio, uma vez que a possibilidade de ocorrência dos grandes migradores é maior nessas áreas. A complexidade envolvida nos estudos de migração, devido à necessidade de levantamentos constantes e abrangentes, requer o envolvimento de diversos atores atuantes na bacia, como pescadores profissionais e amadores, ribeirinhos e instituições de pesquisa, para o repasse das informações pertinentes e sistematização destas em um banco de dados. A modificação do regime lótico ao longo dos cursos dos rios para trechos com regime lêntico, apesar das características dos reservatórios existentes e planejados para a bacia, interfere diretamente na dinâmica ecológica natural da bacia, com alterações na cadeia trófica e na composição de espécies nestes trechos. Esta diretriz contempla quatro linhas de ações, que podem ser efetuadas em etapas distintas ou simultâneas e compreendem: Levantamentos e coleta de informações ao longo de toda a bacia e sistematização das informações obtidas. Diagnosticar a composição da ictiofauna, enfatizando os estudos complementares voltados às espécies migradoras, ameaçadas, raras e de interesse econômico. Elaboração de mapa (SIG) dos principais ambientes de recrutamento (alagados, lagoas, tributários) da ictiofauna reofílica e dos trechos potenciais para as rotas migratórias. As informações, compondo um banco de dados, devem ser acessíveis. Desenvolvimento de um plano de amostragem voltado ao inventário da diversidade de peixes de piracema dos trechos livres que sofrerão fragmentação com os futuros aproveitamentos hidrelétricos, como é o caso das regiões do baixo Roosevelt, incluindo o tributário Madeirinha, e baixo/médio Aripuanã, incluindo o tributário Guariba. Sugere-se realizar uma avaliação qualitativa da riqueza das espécies desses ambientes, incluindo uma estimativa comparada de sua abundância entre os diferentes trechos. Realização de inventário em tributários e lagoas marginais, para buscar uma compreensão maior do papel dos trechos ainda livres de represamentos e os que serão Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 455 perdidos, para a ecologia dos peixes da bacia. Ressalta-se que esses tributários podem representar rotas migratórias alternativas a futuros barramentos. 8.3.1.2. Implantação de Mecanismo para Transposição de Peixes Para a implantação de mecanismos de transposição de peixes em cada aproveitamento planejado, as análises devem ser precedidas de estudos referentes à eficácia de cada mecanismo proposto de acordo com as características ecológicas e fisiográficas locais. Os rios tributários Madeirinha (no rio Roosevelt) e Guariba (rio Aripuanã) foram apontados pelos levantamentos do inventário hidrelétrico da bacia como potenciais ambientes para o recrutamento e seleção de espécies migratórias. 8.3.2. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres As extensas áreas florestais ainda existentes na bacia do rio Aripuanã e a diversidade de habitats decorrentes do mosaico das diferentes fisionomias vegetais, aliado ao ambiente de interflúvios do baixo Aripuanã/Madeira, fazem desta bacia uma região com alta diversidade biológica. A importância desta riqueza biológica é ressaltada pela localização da bacia, constituindo zona de fronteira ao avanço do desmatamento na Amazônia legal. Este fato é realçado pela existência da grande quantidade de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade estabelecidas para esta bacia hidrográfica, ocupando praticamente toda a extensão das áreas não protegidas. A seguir estão descritas as diretrizes específicas a serem seguidas pelo setor elétrico para o Meio Físico e Ecossistemas Terrestres. 8.3.2.1. Consolidação de Informações já Existentes (Formação de Banco de Dados) e Levantamento Complementar da Fauna Terrestre e Flora Como já mencionado, a bacia do Aripuanã apresenta um elevado potencial ecológico para abrigar espécies endêmicas e ainda desconhecidas da ciência, tanto da fauna como da flora, com ambientes de interflúvio que podem atuar como barreiras biogeográficas para algumas espécies, especialmente de primatas, e com formações vegetais restritas, como as campinas, que podem abrigar grupos de espécies únicas e endêmicas. Para tanto, é necessária a ação conjunta entre empresas do setor elétrico, órgãos ambientais e de pesquisa para coleta de dados, intercâmbio e sistematização de informações sobre a biodiversidade regional. 8.3.2.2. Levantamentos Complementares da Fauna Endêmica A região do baixo rio Aripuanã, em especial, é de altíssima prioridade para a conservação da biodiversidade, principalmente, de aves e mamíferos, devido à elevada riqueza de espécies, registros de táxons novos para a ciência, padrões de endemismos em margens opostas do rio e pela presença de uma formação vegetal única e extensa de campinaranas (Rapp Py-Daniel et allii, 2007). Apesar da existência de um vasto continuum de vegetação bem preservada e da alta integridade ambiental, a região está ameaçada pelo avanço do desmatamento e por novos Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 456 projetos de infraestrutura que terão um profundo impacto na biota e na paisagem. (Governo do Amazonas/SDS; 2005). Nesse sentido, seguindo as recomendações e diretrizes apontadas para o planejamento integrado da bacia deverão ser implementadas ações que englobam as seguintes diretrizes: Diretrizes Realizar novos levantamentos de fauna, terrestre e aquática, em ações conjuntas entre as empresas do setor elétrico com os gestores das unidades de conservação, instituições de pesquisas e órgãos ambientais, a fim de diagnosticar a fauna endêmica e a dinâmica ecológica dos ambientes de floresta, savanas e de campinaranas. Os levantamentos devem procurar elucidar o isolamento de espécies nas margens dos rios Aripuanã e Roosevelt. Deve ser prioritário o estudo de fauna nas regiões do baixo Roosevelt e baixo Aripuanã pela riqueza de espécies e alto grau de conservação dessas áreas. 8.3.2.3. Estudos Complementares e Monitoramento dos Ambientes de Campinas e Campinaranas Os levantamentos realizados nos Estudos de Inventário chamaram a atenção para as áreas de Campinaranas existentes em pequenas porções da bacia. Apesar de tais áreas estarem classificadas no mapeamento como savanas (Ilustração 13), o reconhecimento efetuado em campo considerou que estas formações estão mais próximas das campinaranas e campinas amazônicas. Por se tratar de formação com baixa representatividade na bacia, possuindo, dessa forma, elevado peso ecológico, constitui um ecossistema ímpar na região. Este tipo de formação é encontrado apenas pontualmente na região amazônica e tem o potencial para alojar uma diversidade única de fauna e flora, tornando-a de grande relevância para a realização de estudos florísticos e fitossociológicos, em particular nas áreas de campinaranas que poderão sofrer interferências dos aproveitamentos planejados. Os resultados obtidos com esses estudos devem compor um banco de dados com a elaboração de catálogo com as principais características ecológicas e das espécies vegetais encontradas. Caso haja interferência direta e o alagamento de áreas de campinas e campinaranas, deverá ser formado um banco de germoplasma para subsidiar possíveis programas de recomposição de áreas degradadas. Estas ações podem fomentar parcerias conjuntas de pesquisa e conservação com os gestores das unidades de conservação que possuem formações de campinas, especialmente, àquelas que poderão sofrer interferências diretas dos empreendimentos planejados, tais como o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, Parque Estadual do Guariba e Estação Ecológica do rio Roosevelt. 8.3.2.4. Conservação da Flora Visto a notável falta de estudos florísticos mais sistematizados para a bacia do Aripuanã, tornam-se necessários maiores incentivos e condições para se preencher tais lacunas do conhecimento científico. Pela localização da bacia, nos domínios dos biomas amazônico e Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 457 cerrado, somados às áreas de transição e tensão ecológica, espera-se que o número de espécies de plantas existente nessa região seja elevado. Isto implica em grande probabilidade de ocorrências de espécies endêmicas e espécies desconhecidas pela ciência (espécies novas). Por outro lado, o crescente desmatamento e a fragmentação da vegetação nativa na bacia são grandes ameaças para tais espécies; sendo que muitas poderão estar ameaçadas de extinção. A região da bacia do Aripuanã abriga um dos maiores contínuos de terra firme da Amazônia. Esta importante área florestal vem enfrentando constante pressão de desmatamento, devido à substituição da cobertura vegetal por pastagens e agricultura, além da intensa exploração madeireira. O avanço do arco do desmatamento sobre esta porção de floresta implica em medidas conservacionistas urgentes. Dessa forma, é fundamental que o Setor Elétrico em conjunto com o MMA, IBAMA, INCRA, e órgãos estaduais de planejamento e de meio ambiente, elaborem programas de conservação da vegetação e fiscalização das ações de desmatamento, especialmente, nas áreas com potencial indução populacional advindos dos empreendimentos planejados. O programa deve ser incorporado ao gerenciamento integrado da bacia, voltados para a ordenação territorial com programas que disciplinem o uso do solo de acordo com as premissas legais para as APPs e zonas de amortecimento de unidades de conservação e terras indígenas, além da recuperação das áreas de reservas legais. 8.3.2.5. Conservação e recuperação da vegetação marginal A vegetação marginal aos corpos d’água e o sistema fluvial mantêm importantes interações ecológicas que atuam na manutenção de parâmetros, tais como qualidade da água, composição da fauna aquática, aporte de nutrientes, estabilização de encostas, dispersão de espécies, entre outras. A vegetação marginal também contribui para o refugio da fauna e na interligação de diversos habitats, formando corredores para dispersão genética da fauna e flora e na redução do aporte de sedimentos sólidos e insumos agrícolas. Apesar da bacia do rio Aripuanã ainda manter importantes extensões de vegetação marginal preservada, a sua localização na fronteira do chamado “arco do desmatamento” impõe a necessidade da implantação de um programa de recuperação da área de preservação permanente dos futuros reservatórios. As ações de fiscalização e recuperação da APP tornamse mais urgentes nas sub-bacias onde foram identificados altos índices de fragilidade devido à intensa pressão antrópica e áreas de crescente fragmentação da vegetação, especialmente na região do alto-médio Aripuanã. O empreendedor deverá adotar programas ambientais de conservação e recuperação com a utilização de espécies adaptadas às oscilações do nível de água visando à minimização do impacto do alagamento da faixa marginal aos reservatórios, além de incentivar, em conjunto com órgãos intervenientes medidas conservacionistas do uso do solo nas bacias de contribuição dos aproveitamentos planejados. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 458 8.3.3. Meio Socioeconômico 8.3.3.1. Modos de Vida e População Afetada A população residente na bacia do rio Aripuanã apresenta diversos grupos sociais, com características culturais, atividades econômicas e até de distribuição espacial própria que representam modos de vida diferenciados, tais como as populações indígenas, os ribeirinhos e os extrativistas. Além dessas populações, podem ser identificados os colonos - agricultores, pecuaristas e madeireiros, que se instalaram na bacia em época mais recente. A concentração dos agricultores, pecuaristas e madeireiros, em torno de estradas, cidades e bairros rurais, favorece a identificação dos mesmos. Destaca-se que essa população está sujeita à menor interferência pelos aproveitamentos planejados. Situação diferente ocorre com as populações indígenas, ribeirinhas e extrativistas, que se distribuem de forma esparsa pela bacia, preferencialmente, próximos dos principais rios, sobre os quais a implantação de aproveitamentos hidrelétricos deve interferir significativamente. Atualmente, é muito restrito o conhecimento dessas comunidades, principalmente, daquelas mais distantes dos eixos de circulação. A distribuição esparsa e distante entre si, a carência de acessos e da existência de grupos que residem embrenhados na mata, aumenta a dificuldade de localização dessas famílias, especialmente, no caso dos índios isolados. Em uma tentativa de assegurar o correto tratamento para a população afetada pelos empreendimentos hidrelétricos, em outubro de 2010 foi promulgado o Decreto n° 7.342, que no âmbito do Ministério das Minas e Energia, criou o Comitê Interministerial de cadastramento socioeconômico para identificação, qualificação e registro público da população atingida por empreendimentos de geração de energia hidrelétrica, entrando em vigência em janeiro de 2011. O Comitê, a ser coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, conta em sua composição com representantes dos ministérios das Minas e Energia, do Meio Ambiente, da Agricultura, Pecuária, Abastecimento, Pesca e Aquicultura e da Secretaria Geral da Presidência da República. O mesmo Decreto estabeleceu que a “Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL deve incluir nos contratos de concessão de uso do bem público e nos editais de leilão, cláusula específica sobre responsabilidades do concessionário, frente ao cadastro socioeconômico da população atingida por empreendimentos de geração de energia hidrelétrica”. Tendo em conta as exigências do Decreto nº 7.342/2010 e verificando-se as dificuldades específicas da bacia para identificação da população residente em áreas de influência de alguns dos aproveitamentos hidrelétricos, deverá ser previsto, no âmbito do licenciamento ambiental, a adoção das seguintes medidas: - Desenvolvimento das pesquisas necessárias à localização, identificação e caracterização da população ribeirinha e extrativista residente nas áreas a serem afetadas pelos aproveitamentos hidrelétricos; - Desenvolvimento de gestões junto à FUNAI com vistas a identificar a existência de índios isolados nas áreas a serem afetadas pelos aproveitamentos hidrelétricos. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 459 - Garantir a participação da comunidade afetada, ou de seus representantes, no processo de identificação, diagnóstico de interferências e implementação de medidas compensatórias e/ou mitigadoras. - Efetivar a celebração de acordos coletivos e programas de reassentamento e indenização, priorizando, no mínimo, a manutenção dos modos e padrão de vida pré-existentes (no EIA e para a emissão da LP um pré-Acordo e no PBA a assinatura do Acordo). Cabe ao Comitê Interministerial do Cadastro Socioeconômico, sob a responsabilidade de Ministério das Minas e Energia, apresentar, no âmbito do processo de licenciamento ambiental, os requisitos para que o responsável pelo empreendimento elabore o cadastro socioeconômico da população atingida pelos empreendimentos de geração de energia hidrelétrica e, mais tarde, acompanhar a sua elaboração e manifestar-se sobre a sua adequação. 8.3.3.2. Conflitos Potenciais A existência de conflitos na bacia do Aripuanã ocorre de longa data, tendo início com a chegada do homem branco à região. Os principais conflitos identificados na bacia estão relacionados com a ocupação de terras indígenas, desmatamentos ilegais, grilagem de terras, presença de posseiros e pela mineração clandestina de ouro, diamantes e cassiterita. Problemas são também observados em projetos de colonização, os quais ocuparam áreas de seringais e de extrativistas, gerando conflitos com as comunidades que desenvolvem essas atividades. Em outros projetos, o foco de conflitos surge pela não regularização fundiária dos assentados, o que permite a entrada de invasores e grileiros na área. Por outro lado, na região, ainda existem extensas áreas de terras da União, o que favorece a ação de grileiros, madeireiros e garimpeiros, que se apropriam das áreas e/ou exploram os recursos naturais de forma predatória. Outros conflitos ocorrem com os diversos povos indígenas que possuem terras demarcadas na bacia, as quais representam cerca de 30% do território. Este número pode ainda aumentar, uma vez que existem áreas não protegidas ocupadas por grupos de índios isolados. Porém, ainda com as terras regularizadas, a expansão da ocupação e avanço da fronteira agrícola, tem provocado o aumento da pressão sobre os seus territórios e modos de vida, intensificando os conflitos entre as comunidades indígenas e a população não índia. Em função das condições acima expostas, a implantação de aproveitamentos hidrelétricos na bacia pode também vir a gerar conflitos. Os aproveitamentos devem demandar extensas áreas de terras para sua implantação, atrair contingentes significativos de população para a obra e para os centros urbanos próximos. Em alguns projetos será necessário abrir longos acessos para o local dos eixos, situados em locais isolados e distantes, com o consequente desmatamento dessas áreas. Deve ser considerado também que, a formação de alguns reservatórios, deve interferir com unidades de conservação e terras indígenas. Todas essas situações, em conjunto ou de forma isolada, podem gerar focos de tensão ou intensificar àqueles já existentes. Em função disso, propõe-se um planejamento adequado, por parte do setor elétrico, para a implantação dos projetos hidrelétricos na bacia do rio Aripuanã. - A implantação dos sete (7) projetos hidrelétricos estudados no inventário, todos de grande porte, implica num potencial de conflito significativo a ser considerado, podendo ser multiplicado se estes forem implantados simultaneamente. Cabe ao Ministério de Minas e Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 460 Energia - MME programar um cronograma de licitação minimamente escalonado, de modo a minimizar o potencial de conflitos. Outras fontes de conflitos com a comunidade, órgãos públicos e sociedade organizada, devem ocorrer durante o processo de implantação dos aproveitamentos, podendo ser minimizados pela abertura de um canal de comunicação com o empreendedor, que possibilita aos afetados, o acesso às informações sobre o projeto, cronograma de implantação, abrangência, interferências e programas de mitigação e compensação propostos. O canal de comunicação tem, também, como finalidade a incorporação da comunidade aos processos estabelecidos para implantação do aproveitamento, permitindo a busca conjunta das melhores soluções aos problemas existentes, além de dar ampla transparência à tomada de decisões. Em vista desses conflitos, deve ser previsto, tanto no âmbito do licenciamento ambiental como durante toda a fase de implantação do aproveitamento ações tais como: - Divulgação para a população afetada, suas entidades representativas, órgão ambiental responsável pelo licenciamento, e aos representantes dos poderes públicos locais, as interferências a serem provocadas pelos aproveitamentos, como em que fases da implantação elas devem ocorrer. Também devem ter ampla divulgação a concepção, os fundamentos e as propostas dos programas de mitigação, compensação e monitoramento a serem propostos. A divulgação tem o objetivo de tornar públicas as intenções do Empreendedor, o esclarecimento de toda e qualquer dúvida e a discussão com a população e entidades envolvidas, permitindo a análise das soluções, de modo que a decisão sobre a alternativa de tratamento seja a mais adequada às necessidades das comunidades afetadas. - Constituição de um fórum de discussões e negociações, integrado por representantes dos órgãos fiscalizadores, órgão ambiental responsável pelo licenciamento, do empreendedor, representantes da população atingida e das prefeituras envolvidas. A criação do fórum, a ser implementado pelo empreendedor, tem como objetivo ter um espaço parara dirimir as situações conflitantes em que se faça necessário um acordo entre as partes. 8.3.3.3. Ordenamento Territorial do Uso dos Reservatórios A bacia do rio Aripuanã integra parte dos estados de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, ocupando parcial ou integralmente o território de 14 municípios, Apuí e Novo Aripuanã, no estado de Amazônia; Aripuanã, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Juína, Juruena e Rondolândia, no estado de Mato Grosso e Cacoal, Espigão D’Oeste, Ministro Andreazza, Pimenta Bueno e Vilhena, no estado de Rondônia. Nesse contexto, decisões sobre o uso do solo na bacia são exercidas por diversas instituições, de âmbito municipal, estadual e federal, níveis administrativos diferenciados que, muitas vezes, agem de forma independente, sem levar em consideração os interesses e necessidades uns dos outros. A falta de coordenação é favorecida pela inexistência de um órgão gestor da bacia hidrográfica, ou mesmo um grupo consultivo dos recursos hídricos da região. A evolução da bacia tem acontecido, principalmente, como resultado de ações federais e estaduais desenvolvidas em atendimento a políticas nacionais, tais como o interesse pela ocupação da Amazônia Legal nas décadas de 1960/70. Assim, a organização territorial foi sendo configurada em função dos estímulos à ocupação demográfica, implementadas pelo governo federal e estados através de ações de colonização, reforçadas pela implantação de Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 461 estradas. Estas ações permitiram o surgimento de adensamentos populacionais que evoluíram para núcleos urbanos, transformando-se, mais tarde, em municípios. Por outro lado, ações federais e estaduais, em atendimento a demandas socioambientais, têm definido o uso de extensas áreas da bacia através da criação de Unidades de Conservação e demarcação de Terras Indígenas. Assim, em sentido contrário ao da política de ocupação, extensas áreas na bacia foram sendo protegidas, somando atualmente 46% da bacia. O crescimento da ocupação e das migrações de população em regiões com áreas protegidas e Terras Indígenas tem sido uma das principais fontes de conflitos. A participação das prefeituras na tomada de decisão para implementar essas ações, é muito incipiente. Sendo os municípios da bacia relativamente novos, diversas prefeituras não definiram ainda toda a sua organização administrativa nem desenvolveram um planejamento do uso do território municipal. Em 2009, somente 6 dos 14 municípios contavam com Plano Diretor (IBGE/Perfil dos Municípios Brasileiros). Assim, a capacidade de decisão das prefeituras sobre a organização dos seus territórios e definição do zoneamento do uso do solo encontra-se limitada em muitas delas. Sem as definições determinadas por um zoneamento, a ocupação das áreas ocorre de forma desordenada, favorecida pela ausência do poder público, que não tem condições de inibir a ação ilegal de grileiros e madeireiros. A implantação de empreendimentos hidrelétricos é também uma forma de determinar a ocupação do espaço, seja pela apropriação da área pelos aproveitamentos, seja como fator de estimulo à ocupação de áreas no entorno dos reservatórios. A implantação de acessos às áreas das obras e a atração de população pela expectativa de geração de empregos devem gerar intensa pressão sobre o território. Assim, é importante definir o ordenamento do uso do espaço das áreas de inserção dos aproveitamentos, principalmente, nas áreas de influência direta e de entorno dos reservatórios, integrando os aproveitamentos com a paisagem e com as comunidades locais, em particular na área dos aproveitamentos que deverão ser implantados em áreas isoladas, com predomínio de vegetação preservada. Em vista dessa situação, o setor elétrico, no âmbito do licenciamento ambiental, deve prever ações tais como: - Apoiar na elaboração do Plano Diretor do Município as prefeituras que integram as áreas de influência direta e que não possuam tal instrumento de planejamento. O Plano Diretor deve ser realizado logo no início do processo de licenciamento ambiental. - Elaborar planos diretores para os reservatórios, como o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, a ser desenvolvido no âmbito do licenciamento ambiental, visando definir as propostas de uso e ocupação do entorno dos reservatórios. 8.4. Recomendações 8.4.1. Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos Apesar do bom estado de preservação dos recursos naturais da bacia do rio Aripuanã e da baixa demanda pelos recursos hídricos, observa-se um crescente processo de ocupação antrópica desordenada e instalação de áreas de garimpo, potencializando as alterações nos Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 462 parâmetros de qualidade da água. Este fato é agravado pela ausência de informações e de estações de monitoramento instaladas na bacia. Recomendações Caberá à ANA instalar a rede de monitoramento da qualidade da água, com pontos de amostragem à montante e à jusante dos reservatórios em operação e planejados, para permitir a identificação do eventual comprometimento nos parâmetros previamente estabelecidos (Resoluções Conama) para o monitoramento. Este monitoramento deve ser prioritário nas sub-bacias do rio Aripuanã, do baixo Roosevelt e do baixo Guariba. As prefeituras de Colniza (MT), Aripuanã (MT), Apuí (AM) e Novo Aripuanã (AM), e nos distritos de Conselvan e Guariba deverão priorizar a implantação de sistemas de coleta e tratamento de esgoto doméstico nas áreas urbanas; Criação do Comitê de Bacia hidrográfica como órgão gestor e articulador da atuação das entidades intervenientes com os recursos hídricos na bacia. O desenvolvimento crescente da população e das atividades econômicas na bacia, junto com a presença dos aproveitamentos hidrelétricos, deve aumentar a demanda pelo uso da água, podendo gerar situações de conflito. A presença do Comitê permitiria dirimir essas situações, possibilitando a todos os usuários o direito de acesso à água. Caberá à ANA e às secretarias estaduais de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, envolvidas com a gestão dos recursos hídricos, desenvolver as ações necessárias para a implantação do Comitê de Bacia do rio Aripuanã, com apoio do setor elétrico e concessionários. Como instrumento de apoio ao planejamento e gerenciamento dos usos múltiplos da água, definindo prioridades, ações e programas, visando compatibilizar os diversos usos demandados pela sociedade com a preservação do recurso hídrico, deverá ser elaborado o Plano de Recursos Hídricos para a bacia hidrográfica. 8.4.2. Meio Físico e Ecossistemas Terrestres De acordo com as especificações e características da bacia em questão, foram destacados os seguintes aspectos do Meio Físico e dos Ecossistemas Terrestres: A bacia do Aripuanã apresenta relevância ecológica, devido à presença de um número considerável de unidades de conservação de diversas categorias, áreas prioritárias para conservação da biodiversidade; além de terras indígenas. Estas áreas ocupam cerca de 90% do total da bacia. As áreas protegidas existentes na bacia constituem, ainda, corredores ecológicos importantes para a manutenção da biodiversidade local na região sul-amazônica, onde se verifica o avanço da fronteira agrícola do chamado “Arco do Desmatamento”. Essas áreas foram reconhecidas e agrupadas como o “Mosaico de Apuí” e integram o corredor denominado “Corredor Ecológico dos Ecótonos Sul-Amazônicos”. Cabe destacar também a importância da bacia em relação à diversidade da fauna encontrada, especialmente, a presença de grupos endêmicos e novos para a ciência na região do baixo Aripuanã. Da mesma forma, destacam-se a presença de formações vegetais relevantes como as campinaranas (Médio/baixo Roosevelt) e os ecótonos (savanas/Floresta ombrófila) na região sul da bacia. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 463 A expansão antrópica e as políticas preservacionistas geram no cenário atual (2006) e poderão gerar no cenário futuro (2026), conflitos relacionados à apropriação dos recursos naturais. No médio prazo estes conflitos tendem a se acirrarem visto a diminuição das áreas ainda livres para utilização econômica dos recursos naturais. Por outro lado, o planejamento visando à conservação ambiental da bacia e as aplicações adequadas das compensações ambientais provenientes dos empreendimentos planejados podem contribuir para um gerenciamento ambiental e socialmente justo da bacia em questão. Recomendações - O MMA deverá consolidar, por meio do Programa ARPA (Decreto 4.326/02), novas unidades de conservação na bacia conforme as áreas identificadas como Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade na bacia (Decreto 5.092/04 e Portaria MMA nº. 09/07). - As prefeituras localizadas na bacia poderão apoiar projetos de capacitação de mãode-obra, especialmente, nas áreas com potencial para o ecoturismo, conservação e recuperação de águas e florestas, valorização cultural, agroecologia, consumo sustentável, manejo de recursos naturais e outros, que tenham nas comunidades e instituições locais seus principais atores e beneficiários. Poderão se observadas as experiências dos municípios de Juruena, Apuí, Espigão D’Oeste, Cacoal, Rondolândia e Vilhena. - Fortalecer, por meio de programas e projetos, a viabilidade e sustentabilidade econômica dos povos tradicionais, por meio do uso racional dos recursos naturais buscando a conservação e preservação da biodiversidade local. O fortalecimento das atividades econômicas das populações indígenas deverá ser promovido pela FUNAI e das comunidades ribeirinhas das RESEXs do Guariba e Guariba - Roosevelt e nas RDS do Aripuanã e do Juma, deverá ser promovido pelos órgãos gestores dessas unidades e parceiros. - Dada a evidente pressão antrópica e do desmatamento nas áreas de influência de rodovias pavimentadas, caberá ao Ministério dos Transportes/ANTAQ e órgãos estaduais e municipais do setor de transporte elaborarem um programa para o gerenciamento e ocupação destas áreas, com intuito de mitigar os impactos socioambientais decorrentes da pavimentação, em especial da MT-206 e da rodovia Transamazônica (BR-230); os quais poderão ser intensificados com a implantação dos empreendimentos hidrelétricos planejados para a bacia; - O MMA e os órgãos estaduais de meio ambiente, por meio do projeto Corredores Ecológicos, deverá consolidar a criação dos Corredores Ecológicos na bacia, criando e/ou aumentando a conexão entre as unidades de conservação já existentes. - O MME e o MMA deverão promover e aperfeiçoar a articulação institucional entre as empresas do setor elétrico e os órgãos governamentais responsáveis pela proteção do meio ambiente, no sentido de definir mecanismos de compensação ambiental em áreas que sejam estratégicas para a consolidação dos esforços de proteção dos recursos naturais da bacia. - O MMA por intermédio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) deverá promover, obedecendo as diretrizes dos ZEEs existentes e em conjunto com os órgão estaduais de meio ambiente e de planejamento, a criação de Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 464 sistemas de gestão territorial e outros organismos gestores de recursos naturais e de ordenamento territorial, além do incentivo da participação civil para a gestão participativa de áreas protegidas de uso integral (Parques Estaduais), sustentável (RESEX) e particulares (RPPNs). - O MMA e o IBAMA, em conjunto com as secretárias estaduais de meio ambiente, deverão promover e fiscalizar a implementação de projetos de recuperação de áreas degradadas e reservas legais, especialmente nas regiões do médio e alto Aripuanã e alto Roosevelt no município de Apuí (AM). Visando a recuperação do solo, recuperação de nascentes e olhos d’água, recomposição das paisagens e amplificação da diversidade específica e genética nas áreas de maior ocupação antrópica. - O IBAMA ou o órgão estadual licenciador competente deverá cumprir e tornar efetiva as aplicações da Compensação Ambiental, provenientes dos empreendimentos em fase de licenciamento ambiental, em unidades de conservação da bacia do Aripuanã, conforme os dispostos no arcabouço legal vigente no período.25 8.4.3. Socioeconomia Na bacia é possível identificar várias situações de conflito, como a ocupação ilegal de terras e desmatamentos irregulares realizadas por grileiros e madeireiros, ações que provocam, também, situações de conflitos com as comunidades indígenas, ribeirinhos e extrativistas. Essa situação tenderá a se agravar na presença ou iminência de implantação das futuras usinas inventariadas, com o crescimento desordenado das áreas urbanas, a falta de regularização das terras e a pressão da extração de madeira nas áreas de influência dos aproveitamentos. Para melhorar a gestão da bacia e minimizar as situações de conflitos, recomenda-se a implementação de algumas ações. Recomendações - Acelerar o processo de regularização fundiária, especialmente em assentamentos, rurais e urbanos, e comunidades tradicionais, com a participação de órgãos federais como o INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, FUNAI – Fundação Nacional do Índio e órgãos estaduais como o INTERMAT - Instituto de Terras do Estado de Mato Grosso, o ITEAM Instituto de Terras do Amazonas e da Secretaria do Estado de Rondônia, através do Programa Terra Legal. - Intensificação do apoio à FUNAI, por parte do Governo Federal, para o atendimento das comunidades indígenas da bacia, aumentando as atividades de fiscalização e 25 A lei 9.985/00 (SNUC), regulamentada pelo Decreto 4 340/02 (alterado pelo Decreto 5 566/05, pela Resolução CONAMA 371/06 e pelo Decreto 6.848/09), estabelece que o Grau de impacto ambiental seja calculado no EIA e na Câmara de Compensação o montante da compensação ambiental a ser aplicada em unidades de conservação integral (Portaria Conjunta MMA/IBAMA/Instituto Chico Mendes 205/2008, revogada pela Portaria 415/2010 e recriada pela 416/2010). Em 2011 o IBAMA por meio da Instrução Normativa nº 8/2011 regulamenta o procedimento da Compensação Ambiental, conforme disposto nos Decretos nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, com as alterações introduzidas pelo Decreto 6.848, de 14 de maio de 2009. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 465 proteção, visando à redução da ação de garimpeiros e madeireiros em suas terras, com a consequente redução dos conflitos. - Fortalecimento, por parte do Governo Federal, das instituições de proteção e fiscalização dos recursos naturais que atuam na região, tais como o IBAMA e o ICMBio e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, por meio do reforço de funcionários, equipamentos e recursos orçamentários, para o desenvolvimento adequado das ações de proteção das unidades de conservação e da floresta preservada. - No saneamento básico, apoiar a implantação de sistemas de coleta e tratamento de efluentes nos centros urbanos. O crescimento acelerado apresentado pelos centros urbanos localizados na bacia tende a intensificar os problemas de conflitos de uso pela contaminação do recurso hídrico, além dos potenciais problemas de saúde publica a serem gerados. As ações de saneamento nas áreas urbanas devem ser implementadas pelas prefeituras, com apoio dos concessionários. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 466 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã é uma das regiões mais preservadas do noroeste do Mato Grosso e sudeste do Amazonas, marcada pela presença de um número considerável de áreas legalmente protegidas, cerca de 46%, incluindo Terras Indígenas, com alta diversidade biológica e grande relevância ecológica. Aproximadamente 90% da área total da bacia estão cobertas com vegetação natural com elevado grau de conservação. As áreas legalmente protegidas contribuem para a preservação da bacia, ao mesmo tempo em que, constituem também um fator potencializador de conflitos na região, especialmente, na questão da grilagem de terras, invasões e desmatamento nas Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Isto porque o processo recente de colonização observado para a bacia trouxe um contingente populacional que mantém uma relação com o ambiente natural de modo diferente das populações locais tradicionais, acarretando em conflitos em torno da apropriação e utilização dos recursos naturais. Trata-se, portanto, de uma região com alta sensibilidade socioambiental e crescente fragilidade, onde a implantação dos projetos hidrelétricos inventariados precisa ser acompanhada de um amplo e aprofundado debate focado, principalmente, no arcabouço legal que rege e regulamenta as atividades e interferências sobre as terras indígenas e as unidades de conservação. Com relação às terras indígenas, cabe ressaltar que, o §2º do art. 231 da Constituição Federal dispõe sobre o usufruto exclusivo dos índios sobre as riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes nas terras tradicionalmente por eles ocupadas e o § 6º estabelece que sejam nulos e extintos quaisquer atos que visem a posse, a ocupação ou o domínio das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, inclusive aqueles atos que envolvam a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos existentes nestas terras. Apenas e tão somente os atos considerados de relevante interesse público da União escapam a esta regra, desde que previstos em Lei Complementar. Destaca-se que desde 1990, tramita no Congresso Nacional o PLP nº 260 que definirá a hipótese de "relevante interesse público da União", para os fins previstos no § 6º. Com relação às unidades de conservação percebe-se que, no caso da implantação dos projetos hidrelétricos inventariados, o debate será focado na produção de energia e a proteção da biodiversidade. Isto se deve às peculiaridades e particularidades do bioma amazônico, apresentando características ímpares tanto para o setor energético, tais como o maior potencial hidrelétrico estimado e o potencial ainda disponível, quanto para a proteção da biodiversidade como, por exemplo, a grande disponibilidade de terras públicas com potencial conservacionista. Nota-se, a partir do exposto, que temas ainda não amadurecidos pela sociedade e ainda não regulamentados juridicamente serão comuns na bacia, o que implica em dizer que qualquer planejamento setorial deverá ser objeto de um amplo processo de discussão e precedido de políticas públicas afirmativas. Estas ações são fundamentais para que não sejam acirrados os conflitos atualmente vigentes e devem subsidiar o gerenciamento integrado da bacia, visando, dessa forma, a minimização dos potenciais impactos negativos e a maximização e efetivação das ações positivas. Os sete (7) aproveitamentos inventariados, além dos dois (2) empreendimentos existentes UHE Dardanelos e PCH Juína – distribuem-se em regiões e sub-bacias com características socioambientais diferentes e com capacidade distintas quanto às respostas frente às Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 467 alterações e pressões induzidas pela cadeia de aproveitamentos na dinâmica regional. Estas diferenciações ficam evidentes a partir dos resultados apresentados pelos mapas de sensibilidade, fragilidade e de potencialidades obtidos. Tal distinção, além de refletir as intensidades dos impactos, decorre da maior sensibilidade ambiental da região onde estão localizados os aproveitamentos Prainha, Sumaúma, Cachoeira Galinha e Inferninho, região do mosaico de unidades de conservação e com alto grau de preservação da vegetação natural. O isolamento do local de inserção destes projetos hidrelétricos, com a necessidade de construção de estradas com até 80 km em áreas de floresta, estradas estas, que além de ser um dos principais fatores de indução para novos desmatamentos, tornam-se um importante potencializador da pressão antrópica com consequentes impactos para os modos de vida locais, sugere ações concretas de controle e gerenciamento ambiental regional. Dentre os empreendimentos planejados, aqueles localizados no estado do Amazonas, coincidindo com as áreas de maior fragilidade da bacia e com alta sensibilidade socioambiental, deverão ter um planejamento integrado de inserção regional nas suas fases de licenciamento. Para este caso, o Setor Elétrico deve elaborar ações estratégicas junto aos órgãos intervenientes para a implementação e criação de câmara gerencial socioambiental visando à prévia identificação dos conflitos e servindo como mediadora na busca de soluções e práticas mitigadoras, para que a implantação dos empreendimentos seja participativa e respeitando os preceitos da sustentabilidade e dos povos tradicionais. Neste contexto, visto a complexidade do ordenamento territorial nesta região, com a presença do mosaico de unidades de conservação (Mosaico de Apuí) e de Terras Indígenas, a inserção de empreendimentos estará condicionada por entendimentos e impedimentos legais que devem ser debatidos e inseridos dentro do planejamento integrado a partir de ações conjuntas com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), IBAMA e FUNAI. Quanto aos aspectos positivos, a implantação dos aproveitamentos abrirá a possibilidade de aprofundar o conhecimento dos aspectos físicos, bióticos e sociais da bacia. Os diversos estudos a serem desenvolvidos, devem gerar inúmeros dados novos, os quais ficariam disponíveis para a comunidade cientifica, e para a população em geral, a traves do banco de dados a ser gerado. A implantação do Comitê de Bacia Hidrográfica seria um importante passo na coordenação dos diferentes entes federais e estaduais atuantes na bacia, como também na organização das ações por eles desenvolvidas. Papel significativo teria, também, na preservação do recurso hídrico e na redução de possíveis conflitos gerados pelo uso diversificado desse recurso. Quanto aos impactos positivos para os municípios, o aumento da arrecadação financeira pode ser destacado. O aumento das atividades econômicas decorrentes da implantação dos aproveitamentos, como também o reforço orçamentário a través da compensação financeira durante a operação da usina, podem trazer resultados de intensidade variável para os municípios. Os efeitos podem ser mais intensos em aqueles de menor arrecadação, como também podem ser mais beneficiados aqueles municípios com maior capacidade de gestão administrativa e ambiental. A espacialização e sobreposições das áreas de sensibilidade e fragilidade da bacia indicam a necessidade de um planejamento efetivo e integrado, visto a capacidade de modificação da dinâmica socioambiental advindo da implantação dos sete projetos hidrelétricos inventariados. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 468 Este planejamento deve ser integrado e deve envolver tanto os órgãos governamentais e as empresas do setor elétrico quanto a sociedade civil atuante na bacia. A bacia do Aripuanã apresenta características socioambientais que a preconizam, dentro de planejamento estratégico mais amplo do cenário nacional, como região prioritária para a manutenção da biodiversidade do sudoeste amazônico e fundamental para as políticas e programas de combate ao desmatamento. Sendo assim, as estratégias conflituosas entre as próprias políticas oficiais para o desenvolvimento regional (geração de energia versus proteção da biodiversidade e diversidade cultural) devem ser antes debatidas e contextualizadas na busca de um consenso que possibilite a implantação de um cenário sustentável para a bacia no caso da implantação dos projetos hidrelétricos inventariados. Responsável Técnico Pedro Diego Jensen CREA/SP no 87.583/D Empresa de Pesquisa Energética 469 10. BIBLIOGRAFIA AB’SABER, A.N. 1973. A organização natural das paisagens inter e subtropicais brasileiras. Geomorfologia. Revista do Instituto de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) nº41. São Paulo, SP. 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