SUMÁRIO Esse banco de três pernas chamado “indústria do frango” 24 Credenciamento do CEDISA inicia descentralização de laboratórios oficiais 18 Simulado do MAPA capacita veterinários ................................16 Associações: Audiência discutiu liberação de OGM .......34 28 VI Congresso da APA reflete momento de valorização Eventos............................ 04 Notícias ............ 10 Postura em Foco ............. 08 Ciência Avícola 20 AviGuia: empresas, produtos e serviços ........... 32 ESTATÍSTICAS E PREÇOS Ponto Final Importação de milho: o melhor é começar já! 46 Produção e mercado em resumo.......................................... 36 Alojamento de matrizes de corte..........................................37 Produção de pintos de corte ................................................ 38 Produção de carne de frango ............................................... 39 Exportação de carne de frango............................................ 40 Disponibilidade interna de carne de frango ........................41 Alojamento de matrizes de postura .................................... 42 Alojamento de pintainhas comerciais de postura .............. 43 Desempenho do frango vivo no mês de março .................. 44 Desempenho do ovo no mês de março ............................... 45 EXPEDIENTE EDITORIAL Coordenador Editorial José Carlos Godoy [email protected] MTB - 9782 O tripé da avicultura, a defesa sanitária e o milho GM Comercial Paulo Godoy [email protected] Redação Érica Barros Alexandre Ambiel [email protected] Diagramação e arte Mundo Agro e Bravos Comunicação [email protected] Circulação e Assinatura Alexandre Aguilar (19) 3241 9292 [email protected] Fale com a redação! [email protected] Tel: (19) 3241 9292 Fax: (19) 3212 3782 Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP Habituado a ouvir que a avicultura é uma atividade assentada em quatro pilares – genética, nutrição, manejo e biosseguridade – o setor deve estranhar a afirmação de que a indústria do frango é um banco de três pernas tipicamente gaúcho. Mas o economista norte-americano Paul Aho elegeu a imagem perfeita para mostrar os desafios que, atualmente, fazem aquelas três pernas balançar perigosamente. A matéria, reproduzida de boletim da Arbor Acres, mostra que o frango tem, sim, um belo futuro pela frente. Mas, antes, vai precisar superar algumas sérias turbulências. Quem atua no setor sabe do que se está falando. Ações adotadas pelo Ministério da Agricultura mostram que o poder público está atento à necessidade de se aperfeiçoar (continuamente, sem tréguas) o esquema de defesa sanitária animal brasileiro. E um dos exemplos está no “simulado” para ação em suspeitas de Influenza Aviária e Doença de Newcastle realizado em março, matéria enfocada na página 16. Mas o principal fato do mês na área de defesa sanitária animal foi o credenciamento do laboratório CEDISA para a realização de diagnósticos em amostras do controle oficial. A atribuição, aparentemente rotineira, desencadeia o processo de descentralização de diagnósticos oficiais na área avícola, até agora restritos ao Lanagro de São Paulo. Também a ressaltar a liberação do plantio de duas espécies de milho geneticamente modificado, o que pressupõe liberação, também, da comercialização e, mais ainda, possibilidade de importação de produto geneticamente modificado. A perspectiva de a importação ser agora facilitada foi corroborada pelo Ministro Reinhold Stephanes, da Agricultura, em audiência mantida com as lideranças avícolas encabeçadas pela UBA (página 34). Mesmo assim, o setor talvez precise iniciar já os trâmites visando à importação. É disso que trata, no final desta edição, o Ponto Final. José Carlos Godoy Coordenador Editorial [email protected] Produção Animal | Avicultura 3 EVENTOS Maio Abril 13 a 15 de maio 11 de abril Encontro Mineiro de Avicultura de Barbacena Local: Barbacena, MG Contato: 31- 3482-6403 Informações: www.avimig.com.br 14 a 18 de abril 30ª Conferência Regional da FAO para América Latina e Caribe O encontro é a principal instância de debate oficial entre os 33 países que integram a Organização na região e se divide em duas partes: o Comitê Técnico (dias 14 e 15) e a Sessão Plenária (dias 16 a 18). Local: Sede do Ministério das Relações Exteriores, Brasília, DF Realização: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) Contato: 61-3343-2543 Informações: www.fao.org.br 17 e 18 de abril Conferência sobre Ciência e Produção de Perus Local: Shrigley Hall Hotel, Pott Shrigley, Macclesfield, Cheshire, Reino Unido Informações: [email protected] Junho ho Avicultor 2008 Local: Belo Hor izonte, MG Realização: AV IMIG, Associa ção dos Avicul de Minas Gerai tores s Contato: 313482-6403 Informações: www.avimig.c om.br 4 de julho XXIII Congre sso Mundial de Avicultura Local: Convent ion and Exhibi tion Centre, Brisbane, Aus tralia Realização: W PSA, World Po ultry Science Association Informações: www.wpsa.in fo Produção Pr Produç Pro d ção ã Animal A ma Ani mal al | Avicultura al Avvicu icultltu tuura 4 Produção 27 a 29 de maio Conferência APINCO 2008 de Ciência e Tecnologia Avícolas Local: Mendes Convention Center, Santos, SP Realização: FACTA, Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas Contato: 19-3243-6555 E-mail: [email protected] Informações: www.facta.org.br/conferencia2008 28 a 30 de maio Enipec 2008 Local: Centro de eventos do Pantanal, Cuiabá, MT Realização: Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) Contato: 65-3617-4421 E-mail: [email protected] Julho 25 e 26 de jun 29 de junho a Avesui 2008 Local: Centro Sul, Florianópolis, SC Realização: Gessulli Agribusiness Contato: 11-2118-3133 E-mail: [email protected] Informações: www.avesui.com 17 a 20 de Julho astos o Ovo de B Watanabe, 49º Festa d ções Kisuke si o p Ex e d to Local: Recin s Bastos, SP ral de Basto Sindicato Ru Realização: -3478-9800 Contato: 14 Novembro 19 a 21 de Novembro AVISULAT - I Congresso Sul Brasileiro de Avicultura, Suinocultura e Laticínios Local: Centro de Exposições Fundaparque, Bento Gonçalves, RS Realização: ASGAV, SINDI-LAT, SIPS Contato: 51-3228-8844 Informações: www.avisulat.com.br Produção Animal | Avicultura 5 EVENTOS Em maio, o principal evento técnico cnico da avicultura a APINCO Latino-Americana, a Conferência Nos três dias de conferência serão apresentadas quase cinqüenta palestras sobre os mais diversos aspectos técnicos e científicos da produção avícola U m dos mais tradicionais eventos da avicultura brasileira, a Conferência APINCO 2008 de Ciência e Tecnologia Avícolas, acontece entre os dias 27 e 29 de maio no Mendes Convention Center em Santos, SP. Neste ano, o principal evento técnicocientífico do setor na América Latina completa sua 26ª edição. Na programação está previsto um dia para as apresentações de pesquisas e trabalhos científicos que concorrerão ao Prêmio de Pesquisa Avícola “José Maria Lamas da Silva” e outros dois voltados para palestras e painéis, apresentados por especialistas do país e convidados do exterior. O prêmio Lamas destaca, desde a segunda metade dos anos de 1980, os principais trabalhos de pesquisa avícola do país, com premiações em dinheiro ou através de menções honrosas. Além disso, a Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas, FACTA, organizadora do evento, vai homenagear o Profissional do Ano na avicultura, com o prêmio “Mérito Técnico e Científico de 2008”. No dia 27 de maio, o evento vai contar com uma novidade: o Simpósio Sobre Bem Estar de Frango e Peru. A palestra de abertura do simpósio será da pesquisadora Irenilza de Alencar Naas da Unicamp sobre os “Princípios de Bem-Estar Animal e sua Aplicação na Cadeia Avícola”. No mesmo dia, ocorrerão mais oito palestras. Entre os assuntos estão: Setor de Grãos e Carne com o professor Eugênio Stefanelo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Bem-Estar para Poedeiras Comerciais com a zootecnista Sulivan Pereira Alves da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (ABEF). Nos dias 28 e 29 de maio, serão apresentados painéis e palestras em três locais simultaneamente: sala A, sala B e auditório principal. Na quarta-feira, 28 de maio, Alexandre Pontes Pontes, coordenador da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) discute o “Programa do Codex Alimentarius para Controle de Salmonella e Campylobacter em Carne de Aves” e na sala A, a pesquisadora Virginia Santiago Silva, da Embrapa, fala a respeito do “Manejo Adequado para reutilização de Cama”. Já no último dia do evento, quinta-feira (29), o Professor Paulo Tabajara C.Costa, diretor da Vitagri, vai falar sobre “Alteração no Custo de Produção de Frangos em Função da Utilização de Grãos para a Produção de Etanol” enquanto especialistas de várias países discutem as “Perspectivas do Melhoramento Genético do Frango para Médio e Longo Prazo”. • 6 Produção Animal | Avicultura Abaixo, alguns destaques da programação. Confira a programação completa e os palestrantes em www.facta.org.br Princípios de Bem-Estar Animal e sua Aplicação na Cadeia Avícola Irenilza de Alencar Nääs – Unicamp, Campinas, SP Legislação Européia e de outros Mercados Importadores Erika L. Voogd - Voogd Consulting, EUA Exigências de Bem-Estar para Poedeiras Comerciais Sulivan Pereira Alves – ABEF, São Paulo, SP Perspectivas para o Setor de Grãos e Carnes Eugênio Stefanelo – Conab, Curitiba, PR Doenças Respiratórias Bacterianas: O Desafio para o Futuro Pat J. Blackall - Animal Research Institute - Austrália Política da OIE para Estabelecimento de Normas Sanitárias para Facilitar o Comércio Internacional de Produtos Avícolas Luiz Carlos de Oliveira – MAPA, Brasília, DF Fundamentos químicos para a ação dos antioxidantes na melhoria da qualidade nutricional das rações Arnaldo da Silva Junior – Kemin, Indaiatuba, SP Programa do Codex Alimentarius para Controle de Salmonella e Campylobacter em Carne de Aves Alexandre Pontes – MAPA, Brasília, DF Manejo Adequado para reutilização de Cama Virginia Santiago Silva – Embrapa, Concórdia, SC Perspectivas de Alteração no Custo de Produção de Frangos em Função da Utilização de Grãos para a Produção de Etanol e Biodisel Paulo Tabajara C. Costa – Vitagri, Curitiba, PR Qualidade de Água para Aves Susan E. Watkins - Univ. Arkansas, EUA Perspectivas do Melhoramento Genético do Frango para Médio e Longo Prazo Danny Lubritz – Cobb, EUA. Yves Jego – Hubbard, França. Gosse Veninga – Hybro. Eduardo Mendonça Souza – Aviagen, EUA. Produção Animal | Avicultura 7 POSTURA EM FOCO Grupo de Trabalho revi de inspeçã Objetivo da revisão é o melhoramento do setor através da padronização da inspeção oficial para garantir a segurança alimentar. A legislação revista e aprimorada permitirá uma maior valorização do ovo. N o mês de seu 18º aniversário, a Portaria nº1 de 21/02/1990, que rege as normas gerais de inspeção de ovos e derivados teve concluído o trabalho de revisão desenvolvido por um dos seis Grupos de Trabalho (GT) da União Brasileira de Avicultura (UBA) que fazem sugestões na legislação. Após um ano o GT formado por profissionais ligados às associações de classe e docentes de todo o País apresentou as sugestões para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que após análise deve convocar uma reunião com o grupo. Silvana Laudanna, coordenadora do GT, explica: “O objetivo do trabalho de revisão é o melhoramento do setor através da padronização da inspeção oficial para atingir a segurança alimentar, considerando-se, sempre, o estágio de desenvolvimento dos estabelecimentos e a infra-estrutura do País”. A Portaria 1 estabelece as exigências quanto à instalações, equipamentos, procedimentos e programas de controle dos estabelecimentos do segmento de ovos e derivados. As 8 Produção Animal | Avicultura to destinado ao recebimento e inprincipais atualizações a serem feitas dustrialização de ovos, não se dedidizem respeito a termos ultrapassacando a ovos “in natura”) e outros dos, algumas considerações que não estabelecimentos (determinadas mais condizem com a realidade deviinstalações de outros estabelecido aos avanços tecnológicos e a dementos industriais de produtos de finição dos Programas de Controle origem animal para produção de que não constam na portaria. ovos desidratados e liofilizados). Pela Portaria 1, os estabeleciCom a revisão, a fábrica de conmentos recebem as seguintes denoserva de ovos, pode ter sua designaminações: Granja Avícola (local desção atualizada para indústria de tinado ao recebimento, classificação, ovoprodutos. ovoscopia, acondicionamento, idenO GT também propõe que para a tificação e distribuição de ovos em granja avícola e entreposto de ovos natureza), Entreposto de Ovos (estabelecimento destinado ao recebimento, classificação, acon1 - Especificar detalhadamente as características de cada dicionamento, tipo de estabelecimento. Com isso, estabelecimentos identificação e que não forem realizar alguns processos passam a ter distribuição de as exigências diferenciadas. ovos em natureExemplo: A Portaria 1 determina que o Entreposto za, dispondo ou de Ovos deve dispor de local e equipamento para a não de instalaclassificação de ovos, mas a maioria dos entrepostos ções para sua inrecebe o ovo já classificado das granjas de postura. dustrialização), Assim, a sugestão estabelece exigências quanto a Fábrica de Coneste ovo recebido e elimina a obrigatoriedade de serva de Ovos equipamento de classificação. (estabelecimen- Principais sugestões proposta sa legislação que trata ã o de ovos seja obrigatória a implantação de Boas Práticas de Higiene (BPH) e Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO). A Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) seria obrigatória apenas para a indústria de ovoprodutos (ou fábrica de conserva de ovos) e empresas que exportam. Silvana explica que a utilização do termo BPH, ao invés de BPF (Boas Práticas de Fabricação), é adequada, já que em granjas avícolas e entrepostos de ovos não ocorre processo de fabricação. Silvana Laudanna : interação entre MAPA e setor privado é fundamental “O que solicitamos é que seja considerado como controle factível para granjas e entrepostos o BPH, pois proporcionará o fornecimento à população do produto com segurança alimentar básica. A exigência de APPCC é inviável no atual estágio de desenvolvimento dos estabelecimentos e infra-estrutura do país”, ressalta. O Ministério 2 - Estabelecer para Granja Avícola e Entreposto de Ovos da Agricultura exigências diferentes do que para Fábrica de Conserva também iniciou a de Ovos. Nos dois primeiros, os processos realizados revisão, há temsão apenas de manipulação do ovo enquanto na Fábripos solicitada ca ocorrem processos de industrialização. pela avicultura, 3 - Quanto aos Programas de Controle, a sugestão é a do Regulamento implantação de Boas Práticas de Higiene (BPH) na de Inspeção InGranja Avícola e Entreposto de Ovos. E para a Fábrica dustrial e Sanitáde Conserva de Ovos sugere-se a implantação do proria de Produtos grama de Análise de Perigos e Pontos Críticos de de Origem AniControle (APPCC). mal (RIISPOA). as na revisão e seus objetivos As alterações sugeridas para a Portaria 1 implicam necessariamente na revisão, alteração e/ou revogação de artigos do RIISPOA e o Ministério já programou a participação da iniciativa privada. Silvana se diz muito satisfeita com a abertura que o MAPA está dando para a interação com a iniciativa privada na revisão da legislação existente. “Ao trabalhar junto com os órgãos oficiais, como Ministério da Agricultura e Saúde, DIPOA (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal) e ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é possível proporcionar um padrão de qualidade maior e uniforme. A legislação revista e aprimorada vai permitir uma maior valorização do ovo”, afirma a coordenadora. O Grupo de Trabalho objetiva colaborar fazendo a integração da teoria com a prática, ou seja, analisando tecnicamente a viabilidade real da implantação da teoria no “campo” e fazendo as sugestões pertinentes. • Produção Animal | Avicultura 9 NOTÍCIAS Francisco Turra assume presidência da ABEF em abril A exemplo da Abiec, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, presidida por Marcus Vinícius Pratini de Moraes há seis anos, a ABEF, que reúne os exportadores de carne de frango, passa a ter em sua presidência um ex-Ministro da Agricultura: Francisco Turra, que deixou o cargo de Diretor de Operações do BRDE, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. De acordo com a entidade, a posse está programada para acontecer em Brasília, dia 16 de abril. Natural de Marau, cidade essencialmente agrícola no Rio Grande do Sul e sede de importante unidade exportadora da Perdigão, da qual foi prefeito, Turra é formado em direito e comunicação social. Além de Ministro da Agricultura no último mandato de Fernando Henrique Cardoso, o político também foi presidente da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, entre 1996 e 1997 e deputado federal entre 2003 e 2006. Christian Lohbauer, que passou a fazer parte da equipe da ABEF no início de 2006, como Gerente de Relações Internacio- nais, ocupava a presidência interina da entidade desde maio de 2007. Em entrevista à equipe do AviSite, Turra falou mais sobre o novo cargo: AviSite - Qual é a sua principal meta à frente da associação que representa os exportadores de frango brasileiros? Francisco Turra - Há vários e grandes desafios para manter o setor com toda a vitalidade, crescendo nas exportações, mantendo-o competitivo e permitindo que, cada vez mais, o produto continue sendo referência de qualidade e sanidade. A ampliação de mercado será importante, especialmente no caso da China, além de manter e ampliar os mercados conquistados. AviSite - Recentemente, a União Européia impôs barreiras comerciais para a carne bovina brasileira. Que atitudes podem ser tomadas para que a avicultura não sofra sanções como esta? Turra - Temos que agir pro-ativamente. Não podemos ter surpresas. Para tanto, devemos manter os padrões de sanidade e agir com absoluta transparência. Aceitar as imposições dos mercados como tem acontecido é fundamental. No caso da carne bovina, os acordos fitossanitários pressupunham que a rastreabilidade fosse implementada, fato que não ocorreu na amplitude necessária. Também há que se considerar a pressão política da própria União Européia. As barreiras tinham por finalidade acomodar interesses de produtores. ABEF e APEX homenageiam, em livro, os 100 anos da imigração japonesa A Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (ABEF) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Museu Histórico da Imigração Japonesa sa 10 Produção Animal | Avicultura Investimentos (APEX-Brasil) lançaram na Foodex Japan 2008, em Tóquio, o livro “A presença japonesa na avicultura brasileira de exportação”, com que homenageiam o primeiro centenário da imigração japonesa no Brasil. A edição bilíngüe (português/japonês) do livro mostra a contribuição dos descendentes japoneses para o desenvolvimento da avicultura brasileira e, em especial, do segmento dedicado à exportação. trajetória que auxiliou Uma trajetóri Brasil a consolidaro Brasi como o maior se co exportador de carexpor ne de aves do mundo e princimun pal fornecedor de carne de frango para o fra m e r c a d o jjaponês. Registro de granjas em MG depende de recadastramento no IMA O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) vai recadastrar, até 31 de julho, os estabelecimentos avícolas comerciais do estado. O trabalho é realizado anualmente pelo órgão e visa a atualização dos dados referentes aos 2.400 já cadastrados. Este ano o Instituto pede mais atenção ao produtor, uma vez que durante o recadastramento serão passadas informações referentes ao registro das granjas. O registro é uma exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para as granjas avícolas comerciais dos estados participantes do Programa Nacional de Sanidade Avícola. O registro dos estabelecimentos comerciais deve seguir os procedimentos descritos na Instrução Normativa nº 56, publicada pelo Mapa em dezembro de 2007. De acordo com a legislação, o proprietário que deseja registrar sua granja, deve procurar o escritório do IMA mais próximo ao seu estabelecimento, para solicitar o registro e providenciar a documentação necessária. Serão pedidos, por exemplo, cópia do cartão de CPF ou CNPJ e memorial descritivo das medidas higiênico-sanitárias e de biossegurança, dentre outros. Os documentos devem ser entregues no local em que a solicitação foi feita. A partir de então, o Instituto fará uma inspeção físico-sanitária nas granjas e será elaborado um laudo para a emissão da “Certidão de Registro de Estabelecimento Avícola”. O IMA ressalta que é obrigatória a existência de um médico veterinário como responsável técnico pelo estabelecimento. Avicultura do Paraná passa a ser licenciada pelo IAP O setor avícola paranaense passou a ser mais uma das atividades licenciadas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Até então a atividade era disciplinada pela resolução 237/97 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A portaria ainda trouxe a possibilidade de integradores agilizarem a regularização das propriedades que os abastecem. O tempo de espera pelo procedimento será reduzido de um ano, em média, para cerca de 45 dias. Para que Integradores e responsáveis técnicos estejam aptos a auxiliar no processo de licenciamento, o IAP irá capacitálos para cadastrar as informações de cada propriedade e elaborar o Plano de Controle Ambiental, por exemplo. Eles também serão responsáveis por assegurar o cumprimento da legislação estadual em todas estas etapas do processo. Em caso de irregularidades, integrado, responsável técnico e integrador serão autuados seguindo o princípio da coresponsabilidade. Os empreendimentos com aviários de até 1.200 metros quadrados em área rural estão dispensados do procedimento, mas devem solicitar junto ao IAP uma declaração de Dispensa de Licenciamento Ambiental Estadual (DLAE). Para aviários com área construída entre 1201 e 2000 metros quadrados é necessário solicitar a autorização ambiental; já para áreas superiores a 2000 metros quadrados, deve ser solicitado o licenciamento ambiental. Produção Animal | Avicultura 11 NOTÍCIAS A relação entre o salário mínimo, os produtores e os consumidores de frango e ovos 2001 2008 Para pagar o atual Salário Mínimo, avicultor necessitou de 92% mais frangos (quase o dobro!) que em 2001 Pois ainda assim o poder de compra se ampliou, já que um SM permitia adquirir, praticamente, 134 dúzias de ovos, 16,5% a mais que em 2004. Já o frango abatido resfriado apresentou, no varejo, preço médio de R$2,92/ kg. Assim, um SM foi suficiente para adquirir 142 kg do produto, 9% a mais que em 2004. O consumidor, portanto, ganhou. Mas tudo indica que seu ganho foi bem menor que a perda do avicultor. Indício de que segmentos intermediários também se beneficiaram dos preços decrescentes de frango e ovo. 2001 adquiridos com um salário mínimo Ovo 8,25 caixas adquiridos com um salário mínimo 320 Kg adquiridos com um salário mínimo 166 Kg Frango que 22%, enquanto o SM sofreu reajuste de 130%. Em 2001, o produtor de ovos precisou (preços na granja, interior paulista) de perto de 7,8 caixas do produto para cobrir um salário mínimo, volume que em 2007 apresentou forte deterioração, pois o SM que vigorou a partir de abril solicitou quase 12 caixas de ovos – 53% a mais que em 2001. A valorização mais recente do ovo reverteu essa situação. Assim, o valor médio recebido pela caixa de ovo branco extra (média de R$ 50,30 em março) faz com que 8,25 caixas cubram um salário mínimo – quase 30% menos que no ano passado. Já em comparação a 2001, ainda é necessário um volume cerca de 6% maior. E o consumidor? Ganhou ou perdeu? Infelizmente, os preços do setor (levantados pelo Procon-SP) permitem um retrospecto até, somente, 2004. E, neste caso, constata-se que um SM (R$260,00) adquiria então 130 kg de frango abatido resfriado ou, então, 115 dúzias de ovos. Em março passado, o mesmo Procon-SP levantou para o ovo um preço médio de R$3,10/dúzia – o maior valor registrado pelo produto desde que o órgão de defesa do consumidor realizou seus primeiros levantamentos. adquiridos com um salário mínimo o início deste século, 2001, o produtor de frangos precisou destinar 166,6 kg do produto para cobrir o salário mínimo (SM) então em vigor (R$180,00). Em 2008, com o SM fixado em R$415,00 e o frango cotado em R$1,30/kg, para cada salário mínimo pago o produtor necessita de quase 320 kg de frango vivo, ou seja, 92% a mais que em 2001. Tudo apenas porque o preço pago pela ave viva evoluiu não mais 7,8 caixas N 2008 Apesar dos preços recordes alcançados em março, um Salário Mínimo solicitou 9% mais ovos que em 2001 Goiás caminha para o 5º lugar na avicultura de corte H á pelo menos duas décadas o ranking dos cinco principais produtores brasileiros de frango se mantém inalterado, salvo pequenas trocas de posição entre os estados líderes. Porém, a qualquer momento, a quinta posição ocupada por Minas Gerais pode ter a presença de outro estado, já que em Goiás o alojamento de pintos de corte (indicador do volume de frangos criado nas diferentes UFs da União) vem se expandindo mais rapidamente que nos demais estados. Numa avaliação da variação ponta a ponta (de 2001 para 2008), constata-se que enquanto o alojamento mineiro aumentou 70%, o goiano se expandiu não menos de 215%. Com isso, o alojamento de Goiás, correspondente, em janeiro de 2001, a somente 37% do alojamento de Minas Gerais, subiu em janeiro passado para 69%. 12 Produção Animal | Avicultura Minas Gerais e Goiás Evolução de criação de frangos* entre 2001 e 2008 MILHÕES DE CABEÇAS Fonte dos dados básicos: APINCO - Elaboração e análise: AVISITE * Base: alojamento de pintos de corte em janeiro de cada ano Mercado internacional de carnes foi tema da aula inaugural do Didatus C om uma apresentação de Ariel Mendes, presidente da Associação Latino-Americana de Avicultura (ALA), da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) e vice-presidente técnico científico da União Brasileira de Avicultura (UBA), o Instituto Didatus de Ensino e Qualificação, com sede em Curitiba, inaugurou, em Campinas, SP, seu curso de MBA em Avicultura. O projeto tem programação inédita e visa não apenas à formação técnica, mas também ao crescimento de seus alunos dentro das empresas. Wilson Mendes, diretor e fundador da Didatus, também presente na aula inaugural, explica: “Quando surgir uma oportunidade de gerente agropecuário, o aluno formado pela Didatus vai estar preparado e será o candidato ideal”. Com aulas mensais durante 20 meses, o curso - certificado pelas Faculdades Spei - tem carga horária de 520 horas, sendo 400 horas de aulas teórico-práticas e 120 horas para elaboração e apresentação de monografia. O Instituto vai premiar com US$2.000,00, para uma visita técnica ao exterior, o aluno que apresentar melhor aproveitamento da turma. Entre outros critérios para seleção, estão aná- lise do currículo e a avaliação do trabalho de conclusão do curso. Discorrendo sobre as barreiras sanitárias no mercado internacional de carnes, Ariel Mendes evidenciou as vantagens competitivas da carne de frango brasileira, competitividade que pode motivar embargos protecionistas. Utilizando o exemplo do embargo imposto pela União Européia sobre a importação de carne bovina brasileira, o professor observou que muitas vezes informações divulgadas de forma incorreta pela imprensa de países importadores podem afetar as exportações. “Em alguns momentos, o Brasil pode, eventualmente, perder mercados na exportação de carne de frango, setor em que superou poderosos ‘players’ do mercado internacional. Entretanto, o País deve sempre trabalhar para evidenciar a qualidade da carne de frango brasileira”. Ariel Mendes lembrou ainda que as faculdades brasileiras têm formado ótimos profissionais para atuar “da porteira para dentro” (produção e características da integração) mas não é tão bem sucedida na formação “para fora da porteira” (frigoríficos e comercialização), daí a importância de cursos como o oferecido pela Didatus. Mais informações: www.didatus.com.br Wilson Mendes, do Didatus: MBA unindo formação técnica aos conceitos de administração e marketing na avicultura Produção Animal | Avicultura 13 Produção Animal | Avicultura 13 NOTÍCIAS Cargill espera dobrar de tamanho até 2015 Anhambi investe mais R$37 milhões no médio norte de MT D O e acordo com informações do jornal Valor Econômico, a americana Cargill, maior empresa de agronegócios e alimentos do mundo, estabeleceu a meta de duplicar de tamanho em 7 anos. Os aportes totais dos últimos sete anos somaram US$ 18 bilhões e que existe uma boa expectativa de crescimento para 2015. Com a consolidação desse número a Cargill pretende ampliar suas ações em multinacionais espalhadas por 66 países. No Brasil, a empresa está presente desde 1965 e hoje conta com 30 fábricas. Dentre os produtos comercializados no país estão as carnes de frango e suína (produzidas pela Seara) e alimentos para a nutrição animal (produzidos pela Purina). Banco do Brasil e a empresa Anhambi Alimentos assinaram convênio da ordem de R$37 milhões, que prevê ampliação de crédito para a construção de mais 150 aviários integrados na região de Sorriso, Sinop e Vera e outros 50 em Tangará da Serra, cidades ao norte e médio norte de Cuiabá. De acordo com a Anhambi esta ampliação de crédito poderá proporcionar o aumento do número de abates diários do frigorífico, que é de 140 mil aves, para 280 mil aves/dia até 2009. Atualmente, o frigorífico de Sorriso emprega aproximadamente 300 funcionários diretos e poderá gerar cerca de mil empregos diretos após a expansão. Nova unidade da Aurora deve abater 300 mil aves por dia A Aurora Alimentos, anunciou a construção da nova fábrica avícola no município de Carazinho, noroeste do Rio Grande do Sul, até o final de 2008. Com uma planta de médio porte, espera-se uma produção de 300 mil aves por dia, num investimento inicial de R$ 300 milhões. A expectativa de faturamento anual da empresa é de R$ 1 bilhão. A construção vai compreender todo o ciclo de produção da ave, desde os incubatórios até as fábricas de ração e o local de abate. O projeto envolve 940 cooperativados da Cotrijal, Cooperativa Agropecuária e Industrial, e de outras cooperativas locais. A perspectiva é de que 2,5 mil empregos diretos sejam criados. Perdigão vai investir R$1,1 bilhão em Goiás nos próximos três anos Sadia busca novas áreas para granjas em Santa Cruz, RS C A om estimativa de investimento de R$1,1 bilhão até 2011, a Perdigão anunciou oficialmente os planos de expansão dos sistemas de integração de aves e suínos na região de Mineiros, Jataí e Rio Verde, em Goiás. Os produtores integrados receberão recursos do Fundo Constitucional do Centro – Oeste (FCO), por intermédio do Banco do Brasil. Com o recurso, o projeto de Jataí pretende contemplar até 2010 cerca de 308 granjas. Já em Mineiros, com a ampliação da integração de perus espera-se aumentar para 163 o número de núcleos de granjas. Até o inicio de 2008, os projetos desenvolvidos pela Perdigão geraram em Goiás mais de 9,2 mil empregos diretos e cerca de 27,9 mil indiretos. 14 Produção Animal | Avicultura Sadia vai implantar granjas destinadas à produção de ovos férteis em Santa Cruz do Sul, RS. As famílias interessadas se cadastraram e os técnicos da empresa estão avaliando as propostas. Os levantamentos têm como objetivo identificar a viabilidade dos produtores para a construção dos aviários, avaliados em cerca de R$600 mil. A previsão é de que os 15 aviários, com capacidade para até 25 mil matrizes, sejam instalados até 2010. O investimento deve chegar a R$ 9 milhões. As unidades devem ser localizadas nos vales do Rio Pardo e Taquari. De Santa Cruz, os ovos serão levados de caminhão até Estrela, onde já funciona o incubatório da Sadia. Pelo acordo firmado com o município, a Prefeitura entrará com o licenciamento e apoio na infra-estrutura de implantação das granjas. Produção Animal | Avicultura 15 DEFESA ANIMAL Simulado do MAPA capacita veterinários para ação em suspeitas de Influenza Aviária e Doença de Newcastle C om o objetivo de capacitar os fiscais federais agropecuários e médicos veterinários que atuam nos órgãos estaduais de defesa sanitária animal para agir em possíveis focos da Doença de Newcastle e Influenza Aviária, conforme as etapas do Plano de Contigência para Influenza Aviária e Doença de Newcastle, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) realizou em março o 2ª Simulado de Emergência Sanitária. De acordo com Regina D’Arce, nova Coordenadora de Sanidade Avícola da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), o simulado é uma ferramenta de capacitação importante para o setor avícola no País. “Esse tipo de simulado possibilita aos técnicos envolvidos ações de atendimento e contingência de focos de enfermidades avícolas emergenciais, além de um treinamento para agilidade e precisão em tomada de decisão e atuação nesses casos” comenta. O treinamento simulou focos em alguns municípios e os participantes foram divididos, conforme a especificidade da tomada de decisão diante de uma suspeita de foco da doença: de logística, de documentação, de investigação epidemiológica, de biossegurança e controle de trânsito, de taxação, de compensação, despovoamento e destruição, de limpeza e desinfecção, de repovoamento e de comunicação social e educação sanitária. Em entrevista à assessoria de comunicação do MAPA, a fiscal estadual agropecuário, da Secretaria de Estado de De- Medidas a serem tomadas em caso d 1    Notificação de suspeita e comunicação ao órgão estadual de defesa sanitária 2    Encaminhamento de amostra ao Laboratório Nacional Agropecuário 16 Produção Animal | Avicultura Atendimento à notificação e visita à propriedade Coleta de Material Investigação Epidemiológica Sacrifício preventivo das aves suspeitas Capacitação para ações do plano de contingência: resposta rápida contra IA e Newcastle senvolvimento Agropecuário e da Pesca da Paraíba, Samy Bianchini, afirmou que o simulado é uma experiência importante para os coordenadores estaduais do Programa de Sanidade Avícola. “Com ele temos a oportunidade de treinar os procedimentos e medidas que devemos adotar durante uma emergência sanitária por IA no País”, afirma. Regina explica quais medidas (ver quadro) devem ser tomadas em caso de suspeita de foco das doenças: O estabelecimento avícola é interditado e o trânsito de aves, seus produtos e subprodutos fica proibido; pessoas, animais, veículos, produtos avícolas, ração animal, ou qualquer agente que possa transmitir o vírus da IA não podem ser deslocados de e para a proprieda- de sem autorização do serviço de defesa sanitária animal; medidas de biosseguridade, como desinfecção de vestimentas, veículos e equipamentos, devem ser realizadas. A coordenadora lembra que apesar de o Brasil ser um país livre da doença de Newcastle e Influenza Aviária, as ações de prevenção, de rápida contenção e encerramento de um foco dessas enfermidades devem ser frequentemente treinadas. O Plano de Contingência é atualizado periodicamente pelo MAPA e tem a finalidade de prevenir a disseminação da doença, descrevendo ações de investigações de suspeitas e de contenção de um foco. • e suspeita de foco de IA e Newcastle 3 4  Limpeza e desinfecção das instalações, veículos e qualquer equipamento contaminado   Eliminação de carcaças e resíduos     Vazio sanitário, introdução de aves sentinelas e repovoamento Descontaminação da propriedade Adoção de zona de proteção de 7KM Ações estratégicas em veículos na zona de vigilância Encerramento do foco Produção Animal | Avicultura 17 CiaCo DEFESA ANIMAL Credenciamento do CEDISA, no Sul, dá a largada à implantação de uma rede oficial de diagnóstico mais pertinente com as dimensões da avicultura brasileira e com a extensão territorial do País. Próximos credenciamentos devem atender à avicultura das Regiões Nordeste e Centro-Oeste. MAPA inicia descentralização de laboratórios oficiais de diagnóstico A CiaCom pós visitar o Brasil, em março de 2007, para mais uma avaliação do grau de controle sanitário no setor avícola, a missão veterinária européia que aqui esteve concluiu – e registrou em relatório oficial - que o credenciamento de somente um laboratório de patologia aviária (o LANAGRO de São Paulo) para as análises sorológicas, isolamento e identificação dos vírus da Influenza Aviária e da Doença de Newcastle era inadequado, especialmente “em um país do tamanho do Brasil”. Exatamente um ano depois dessa constatação, o governo federal começou a dar resposta à crítica, sem dúvida pertinente: através da Portaria nº 51, datada de 19 de março de 2008 e 18 Produção Animal | Avicultura assinada pelo Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, médico veterinário Inácio Afonso Kroetz, oficializou-se o credenciamento do Centro de Diagnóstico de Sanidade Animal (CEDISA, instalado em Concórdia, SC) para a realização de análises “na área de Diagnóstico Animal, em amostras oriundas do Controle Oficial e programas específicos do MAPA”. A uma primeira vista genérica, a Portaria não só corresponde ao início do processo que o MAPA denomina de “política estratégica de descentralização dos exames de rotina hoje realizados pelos Laboratórios Nacionais Agropecuários – LANAGROs”, como também compartilha com o CEDISA a responsabilidade pela realização de análises sorológicas para monitoria da Influenza Aviária e da Doença de Newcastle - até agora uma atribuição exclusiva do LANAGRO Campinas. Informando que as tarefas a serem executadas pelo CEDISA incluem alguns exames necessários para a certificação de granjas avícolas exportadoras de material genético, o MAPA também observa que os resultados das análises executadas pelo laboratório estarão disponíveis em seu site, na Internet. E explica que, com o credenciamento, o LANAGRO-Campinas “diminuirá as análises de rotina executadas até hoje e poderá se preparar para uma produção estratégica de insumos de referência para o diagnóstico da Influenza Aviaria”, cuja ocorrência na avicultura brasileira “causaria impacto na saúde pública e perdas econômicas expressivas, já que o setor emprega direta e indiretamente quatro milhões de brasileiros”. CiaCom O CEDISA – que funciona nas instalações da Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia, SC – foi criado no início dos anos 90, a partir de uma parceria que reuniu agroindústrias, produtores, Secretaria Estadual da Agricultura de Santa Catarina e o Ministério da Agricultura. A Cidasc, órgão catarinense que responde pela defesa agropecuária estadual, e a Embrapa Suínos e Aves ficaram responsáveis pela concretização do laboratório. Em 2005, o laboratório passou por uma mudança jurídica e se transformou numa OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Estavam criadas as condições para que viesse o reconhecimento como centro de diagnóstico independente credenciado pelo MAPA e associado, via convênios, à Cidasc e à Embrapa. Lauren Ventura Parisotto, Gerente Técnica e da Qualidade do CEDISA, dá mais detalhes: Estrutura, equipamentos e tecnologia do CEDISA O Laboratório CEDISA possui uma área de 660 m², divididos em setor administrativo (recepção, financeiro, sala de reuniões e sala da gerência técnica e da qualidade) e setor de laboratório (sorologia, bacteriologia, patologia, biologia e molecular, este último em implantação), leptospirose, virologia I e II, parasitologia e setores complementares. O CEDISA também atende aos requisitos da NBR ISO/IEC 17025 para Laboratórios de Ensaio, que estabelece os critérios para demonstrar sua competência técnica, possuindo um sistema da qualidade efetivo e capaz de produzir resultados tecnicamente válidos. Profissionais envolvidos O CEDISA conta com quatro médicos veterinários, sendo um na área administrativa, um responsável técnico pela virologia, bacteriologia e patologia. Representatividade para a avicultura e sinergia com a Embrapa O CEDISA realiza ensaios voltados às monitorias ativas e passivas para suínos e aves. Por fazer parte da área física e, principalmente, por fazer parceria técnica com a Embrapa, há a possibilidade de receber novas tecnologias e repassálas aos clientes (produtores, agroindústrias, defesa sanitária animal). Além disso, o laboratório participa de projetos da Embrapa Suínos e Aves. Com o credenciamento do CEDISA, a avicultura nacional, e, sobretudo a catarinense, terá um maior número de ensaios oferecidos com resultados validados e reconhecidos pelos órgãos oficiais e internacionais. Além de proporcionar melhor e mais direto atendimento ao Sul do País, com o CEDISA o Ministério da Agricultura libera o Lanagro de São Paulo para outras atividades. A produção de insumos de referência para o diagnóstico da Influenza Aviária é uma delas. • CEDISA terá a responsabilidade pela realização de análises sorológicas para monitoria da Influenza Aviária e da iaCom Doença de Newcastle Produção Animal | Avicultura 19 CIÊNCIA AVÍCOLA Casca de ovos é alternativa natural para a indústria U m novo estudo demonstrou que as propriedades físico-químicas do carbonato de cálcio extraído da casca do ovo apresentam maior estabilidade e resistência térmica quando comparado ao carbonato de cálcio produzido industrialmente – amplamente utilizado como diluente sólido em produtos farmacêuticos, odontológicos, cosméticos e em suplementos alimentares. Compostas por Pesquisa pode levar a 94% de carbonato futuro aproveitamento de cálcio, as cascas de ovos são excepara resíduos de lente fonte dessa incubatórios e substância e podem processadores de ovos ser uma alternativa ao produto de origem industrial. O trabalho, feito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi publicado pela revista Ciência e Tecnologia de Alimentos. De acordo com Fábio Murakami, do Laboratório de Controle de Qualidade da UFSC e primeiro autor do estudo, o principal objetivo foi investigar reações físico-químicas e o comportamento térmico do carbonato obtido da casca de ovo em comparação ao industrial. “As principais vantagens do derivado da casca de ovo são o aproveitamento do resíduo da agroindústria, que é um desafio ambiental, e a maior estabilidade em temperaturas superiores às investigadas para o carbonato de origem industrial”, disse à Agência FAPESP “O composto obtido da farinha de ossos não tem a mesma disponibilidade do cálcio extraído de fontes sintéticas. Nas conchas de ostras, o carbonato tem vestígios de chumbo, entre outros elementos potencialmente tóxicos como alumínio, cádmio e mercúrio. Nesse cenário, a casca de ovo tem a vantagem de não conter elementos tóxicos”, afirmou Murakami. Há grande interesse no mercado em encontrar novas fontes puras de carbonato de cálcio. De acordo com o pesquisador, a qualidade de apresentar maior estabilidade térmica poderá ser relacionada ao processamento tecnológico de farmacêuticos, dentifrícios, antiácidos, suplementos alimentícios, entre outros. “O composto que apresentar maior estabilidade à temperatura poderá resistir a processos mais agressivos quando o elevado calor for considerado, além de apresentar um melhor prazo de validade”, explicou Murakami. Para o estudo, os pesquisadores utilizaram métodos como análise térmica – que avalia as mudanças físicas dos compostos por meio de um programa controlado de temperatura –, difração de raios X e microscopia. Esses foram empregados para investi- Casca de ovo é melhor e mais resistente que o carbonato de cálcio industrial 20 Produção Animal | Avicultura gar a cristalinidade, aspectos estruturais, dimensão, textura, forma e comportamento das partículas tanto no carbonato de cálcio de origem industrial como no da casca de ovo. A análise térmica do carbonato de cálcio industrial indicou sua decomposição a temperaturas entre 601°C e 770°C, ao passo que o composto extraído da casca de ovo sofreu o mesmo processo entre 636°C e 795ºC. “Os resultados demonstraram que o carbonato de cálcio de origem industrial se decompõe a cerca de 30°C a menos do que o obtido da casca de ovo, que se mostrou mais resistente ao calor e, por isso, mais estável em relação ao composto industrial”, disse pesquisador. A difração de raios X e a microscopia revelaram que, em ambas as fontes, as partículas de carbonato de cálcio apresentaram aspectos de cristalinidade semelhantes, e que no composto obtido da casca de ovo as partículas tinham tamanho maior, o que pode estar relacionado à maior estabilidade térmica. “Nos dois casos, os compostos apresentaram parâmetros físico-químicos similares, indicando que o carbonato de cálcio extraído da casca de ovo pode ser uma nova opção como excipiente farmacêutico, ou seja, uma promissora área a ser explorada”, destacou Murakami. Produção Animal | Avicultura 21 CIÊNCIA AVÍCOLA Nutricionista avalia Boas Práticas em granjas de postura A nalisar os hábitos de higiene no manejo ovos desde a coleta, classificação, transporte, armazenamento e distribuição dos mesmo tentando identificar pontos de possível contaminação cruzada Pesquisa checou com ocorrência aplicação de de surtos de enterobactéBoas Práticas na rias. Foi este o produção e manejo objetivo do trabalho “Boas de ovos em granjas Práticas de Produção no Manejo de Ovos de Granja como Prevenção de Enterobactérias”. De autoria principal de Evelise Caprara, nutricionista e pós-graduada em Higiene e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Caxias do Sul, a pesquisa analisou granjas e os locais de manejo dos ovos a partir de um check list (baseado nas Boas Práticas de Produção - BPP) que verificou itens com edifícios e instala- ções, localização da granja, piso da área de postura, forros e tetos da área de postura, iluminação e ventilação da área de postura, lavatórios exclusivos para higiene das mãos, abastecimento de água, higiene e saúde dos manipuladores, área da coleta de ovos. Foram realizadas visitas a granjas gaúchas (região de Caxias do Sul) e de Mato Grosso, nas quais se avaliaram as condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos. Após a aplicação da lista de verificação, foram avaliados os itens mais críticos, assim como as principais ações que deverão ser implantadas pelos estabelecimentos, a fim de melhorar a qualidade e o nível de segurança alimentar. A tabela mostra os resultados da análise higiênico-sanitária de 7 granjas visitadas em novembro de 2007 na região de Caxias do Sul, RS. A granja 7 é única localizada em MT. De acordo com a análise, verificou-se que a maioria das granjas ti- nha maior percentual de conformidades que não-conformidades. Porém houve estabelecimentos com um percentual acentuado de não-conformidades, o que sugere uma necessidade de melhoria e ampliação em programas de garantia da qualidade. (N.R.: vide nesta edição, página 8, matéria sobre revisão da portaria do MAPA quanto às boas práticas na postura comercial). A pesquisa também observou que nas empresas familiares, onde a atividade é alicerce de subsistência, a introdução das Boas Práticas ainda é vista com desconfiança. As nãoconformidades têm papel importante pois abrem a possibilidade de contaminação cruzada na manipulação de ovos, podendo causar desde alterações nutricionais bem como até potencial risco para o consumidor. Mais informações sobre a pesquisa com a autora: [email protected] Resultados do Check list realizado nas granjas Granjas Granja 1 Granja 2 Granja 3 Granja 4 Granja 5 Granja 6 Granja 7 (MT) Conforme 52,38% 71,43% 28,57% 61,90% 28,57% 61,90% 90,48% Não-conforme 47,61% 28,57% 71,43% 38,09% 71,43% 38,09% 9,52% 22 Produção Animal | Avicultura Produção Animal | Avicultura 23 PERSPECTIVAS Tendências da avicultura de corte frente ao elevado preço dos grãos Ainda que nas últimas duas décadas tenha se expandido à dé eexcepcional média de 5% ao ano, a indústria mundial da ca carne de frango não dá sinais de esgotamento e, mesmo em ritm ritmo mais lento, deve alcançar a marca dos 100 milhões de ttoneladas por volta de 2020. No momento, porém, uma da das três pernas de sustentação de dessa forte indústria apresenta um grau de fragilidade que afeta todo o setor e indica desaceleração no ritmo de Foto: Aviagen incre incremento até agora registrado. 24 Produção Animal | Avicultura Independente dos desafiantes rum rumos que a economia mundial vem tomando em 2008 e que, de alguma forma, devem repercutir na atividade, já se sabia que o ano continuaria (como foi 2007) problemático para a avicultura, devido à explosão dos preços dos grãos que servem de base para a alimentação das aves, especialmente o milho. Aliás, em visita ao Brasil em novembro do ano passado, quando participou do I Seminário Internacional Aviagen, o próprio Paul Aho, autor deste artigo, alertou sobre “a exis- tência de nuvens no horizonte” – ocasionadas, exatamente, pelo custo dos grãos. Paul Aho (www.paulaho.com) é, na atualidade, o mais conceituado analista econômico, em nível mundial, da indústria do frango. Presidente da Poultry Perspective, também atua como Consultor de Negócios Internacionais da Aviagen. A matéria ora reproduzida foi extraída do “Broiler Economics”, boletim mensal da Arbor Acres, uma das linhagens Aviagen (www.aviagen.com). O Esse banquinho de três pernas chamado “indústria do frango” U Nas últimas décadas a indústria do frango experimentou, mundialmente, um rápido aumento da produção. De 27 milhões de toneladas métricas (mtm) em 1985, a produção mundial saltou para 70 mtm em 2005 e pode chegar aos 100 mtm em 2020. O sucesso da indústria do frango pode ser visualizado como um banco de três pernas, comum entre os gaúchos, representado na ilustração. Uma das pernas representa o custo do frango, outra a renda do consumidor e outra a vontade desse consumidor de comer frango. Para avaliar as possibilidades a curto e longo prazo da indústria, em qualquer lugar do mundo, é preciso conhecimento do custo, das preferências e da renda. Produção Mundial de Carne de Frango 1985 a 2020 Milhões de toneladas Custo No decorrer do tempo, a indústria do frango vem demonstrando particular eficiência na redução de custos. Uma combinação de instrumentos – aí inclusos genética, controle de doenças, economia de escala e disponibilidade de grãos a preços acessíveis – contribuiu para isso. Os leitores deste texto conhecem muito bem os grandes avanços da genética avícola, sintetizados no quadro abaixo. Em 1925, eram necessárias 16 semanas para conseguir apenas um quilo de peso vivo. Hoje, 2,5 quilos podem ser alcançados em 42 dias. Igualmente importante foi o aumento da eficiência na conversão alimentar, de 4,7 kg de ração para cada quilograma de peso vivo produzido para apenas 1,7:1. Há vários indicativos de que o melhoramento genético deve continuar evoluindo nas próximas décadas, mas não tão significativamente quanto no século XX. Embora menos destacadas, foram igualmente notáveis as melhorias na genética e na produção de grãos. A feliz combinação de sementes melhoradas, cultivo em larga escala, equipamentos modernos e fertilizantes mais baratos derrubou o preço do milho em cerca de 75% no século XX. Preço do milho em Chicago, EUA (Valor de 1 tonelada a dólar de 2000) ANO VALOR (U$) 1900 400 2000 100 2010 200 Infelizmente, mal iniciado o século XXI, os preços dos grãos voltam a percorrer um caminho totalmente equivocado (não por culpa da genética) devido à destinação de quantidades massivas do produto para a fabricação de combustíveis. O súbito desaparecimento de 30% da colheita de milho dos Estados Unidos dobrou os custos de todos os grãos e pôs em choque a produção animal em todo o mundo. Melhoramento genético do frango em oito décadas ANO PESO VIVO Kg CONVERSÃO ALIMENTAR Kg ração/kg peso vivo MORTALIDADE % IDADE DE ABATE Dias 1925 1,0 4,700 18% 112 1965 1,6 2,400 6% 63 2005 2,4 1,700 4% 42 Produção Animal | Avicultura 25 PERSPECTIVAS Evolução do custo do frango vivo (USS/Kg deflacionado a valores de 2000) A perfeita combinação do que há de melhor em genética avícola e agrícola com todos os demais avanços tecnológicos derrubou o preço do frango vivo de U$3,00 em 1940 para apenas U$0,55/quilo em 2000. Infelizmente, a repentina explosão no custo do grão foi muito mais significativa do que todos os ganhos anteriores, na gené- tica e nas demais áreas. Em conseqüência, até 2010 o custo do frango vivo pode muito bem retornar aos níveis alcançados nos anos 1980. Graças a esse confisco de alimentos para a fabricação de combustível subsidiado, liquidaramse no curto espaço de três anos pelo menos 20 anos de esforços dedicados à redução do custo do frango. E embora estes números sejam dos Estados Unidos, outros países tiveram experiências semelhantes com o custo do frango vivo. No curto prazo, a perna do “banco gaúcho” correspondente ao custo mantém-se como problema. E mesmo que todo o resto continue igual, com os altos custos a predisposição do consumidor em adquirir frango vem diminuindo. Em especial, pessoas de menor renda irão, em decorrência do preço maior, adquirir menos frango e outras carnes. A longo prazo, só podemos torcer que os políticos recobrem o bom senso e reduzam o elevado ônus imposto aos grãos e alimentos pelos massivos subsídios ao biodiesel. Enquanto isso não for equacionado, a questão dos custos elevados continuará sendo um grande desafio. Renda aspecto, menos atrelados à economia norte-americana A renda do consumidor é um fator tão importante do que no passado. Assim, não serão os problemas ecoquanto o custo do frango na predisposição do consuminômicos da América do Norte que puxarão para baixo a dor para continuar adquirindo carne de frango. Se a reneconomia mundial. da crescer rápido o suficiente, os custos mais altos do De toda forma problemas ocorrerão, o que pode ser frango não irão afetar o consumo. Entretanto, se a renda considerado um ciclo de mercado perfeitamente normal: cair durante o período de alta dos custos, o consumo será no curto prazo, a renda do consumidor deve crescer mais mais seriamente afetado. lentamente do que o normal e, depois de certo espaço de Utilizando o Produto Interno Bruto (PIB) mundial tempo, deve voltar a crescer de forma mais rápida. como um mensurador da renda do consumidor é possível constatar (gráfico ao lado) que a renda munProduto Interno Bruto Mundial dial evoluiu vigorosamente entre 2003 e (Variação percentual anual) 2007. O ruim é que um enfraquecimento na América do Norte e Europa tende a puxar para baixo a expansão da renda mundial neste e no próximo ano, até o advento de um novo ciclo de aceleração, por volta de 2010. Felizmente, os países em desenvolvimento se encontram hoje mais fortalecidos de um ponto de vista econômico e, nesse 26 Produção Animal | Avicultura As preferências do consumidor Não foi em todos os países do mundo que o frango se tornou a carne favorita dos consumidores. No entanto ele apresenta duas vantagens significativas que outras carnes não têm: 1 - É aceito em todas as culturas; 2 - Converte os grãos de forma mais eficiente. Índices de BOI 8:1 SUÍNO 3:1 FRANGO 2:1 conversão (quilogramas de ração necessários para a produção de um quilograma de carne) Em tempos de altos preços do grão e menor renda, a popularidade da carne de frango cresce à medida que os consumidores trocam o consume de carne suína e bovina por frango. Com uma melhor taxa de conversão de grão para carne, o custo da carne de frango sobe num ritmo menor que o custo de outras carnes. Quanto mais tempo os preços dos grãos permanecerem elevados, mais o poder de barganha do frango será comparado com outras carnes. A carne de frango deve ganhar mercado rapidamente sobre as carnes bovinas e suínas enquanto o custo destas cresce substancialmente. Não obstante, num espaço de tempo relativamente curto, os preços de suínos e bovinos devem cair na medida em que os plantéis sejam liquidados em decorrência dos altos preços dos grãos. Uma vez que a redução esteja concretizada, os preços crescerão para níveis muito mais elevados. Doenças animais também podem afetar as preferências do consumidor. Em 2006, o temor da Influenza Aviária reduziu o consumo mundial de carne de frango de maneira poucas vezes observada. Porém, o problema foi rapidamente superado: depois que os consumidores se conscientizaram do pequeno risco que a doença apresentava para o homem, os níveis de consumo voltaram ao normal. Previsões mundiais Aparentemente, duas das três pernas do banquinho (custo e renda do consumidor) irão apresentar certa fragilidade nos próximos anos. A terceira perna se mantém firme e forte, já que o frango ganha mercado perante as outras carnes. Como resultado, prevalece a possibilidade de um menor crescimento no consumo de frango no decorrer deste ano. Ou seja: após um robusto crescimento de 4% no consumo mundial de carne de frango no ano que passou, o ritmo de incremento de 2008 deve ser bem mais modesto, ao redor de 2,5%. Após 2008, a produção de carne de frango tende a experimentar aceleração. Todas as três pernas do banquinho devem se tornar mais fortes. Quando os preços dos grãos pararem de subir, o custo do frango deve se estabilizar e começar a cair outra vez. Depois de uma leve desacelerada, em 2009 também a renda do consumidor deve voltar a crescer. A preferência pela carne de frango deve, igualmente, crescer no futuro, graças às vantagens únicas que sua produção apresenta. Tendências da indústria do frango Perna do banco Curto Prazo Médio Prazo Custo do frango Em elevação Estabilização ou queda Renda do consumidor Lenta evolução Rápida evolução Preferência Rápido ganho de participação no mercado Ganho de mercado mais lento CONCLUSÃO LIGEIRAMENTE MENOS FAVORÁVEL MAIS FAVORÁVEL Índices de incremento da carne de frango g (Variação (Variaç o percentual p rcentual anual) • Produção Animal | Avicultura 27 PERSPECTIVAS VI Congress Consumo co Sucesso da VI Edição do Congresso de Ovos reflete momento de valorização do alimento. Após anos difíceis para os produtores, cenário em 2008 é favorável à recuperação de preços C ontando com mais de 350 inscritos, a Associação Paulista de Avicultura (APA) realizou entre os dias 25 e 27 de março a VI edição do Congresso de Produção, Comercialização e Consumo de Ovos. Diferentemente de edições anteriores, este ano o setor teve bons motivos para manter o otimismo. Basta recordar que em março de 2007 a Ovos Brasil, organização criada para desenvolver o consumo e a produção deste alimento, ainda estava no papel e o setor buscava sincronia para estabelecer melhores preços. Já neste ano a avicultura de postura mostra coesão no ajuste da produção, e trouxe para discussão no Congresso, além de temas técnicos, um enfoque maior em comercialização e comunicação com o consumidor. José Roberto Bottura, coordenador do Congresso e também diretor-executivo da Ovos Brasil, não deixou de ressaltar a atual valorização nos José Roberto Bottura preços alcançados pelos ovos. Após dois anos difíceis para os produtores, 2008 aparece como um bom cenário de recuperação de preços, resultado do ajuste entre oferta e demanda. Mesa de abertura; ao centro, Zoé D’Ávila 28 Produção Animal | Avicultura o de Produção, Comercialização e roa ano de valorização para o ovo PNCRC/Ovos Para discutir o controle de qualidade da produção de ovos e a educação sanitária, Leandro Feijó, responsável pela Coordenadoria de Controle de Resíduos e Contaminantes (CCRC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), apresentou o Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminates (PNCRC) para Ovos. As novas metas propostas pelo Ministério da Agricultura e pela CCRC procuram garantir a segurança em todos os processadores de ovos registrados sob SIF O PNCRC fiscaliza e procura garantir a segurança em todos os processadores de ovos registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF). Além de explicar os detalhes do Programa, Feijó ressaltou diversas vezes que o setor produtivo de ovos deve compreender a importância do PNCRC para seu pleno funcionamento. “Não adianta existir a legislação se a base não é estruturada”, afirma. A palestra aconteceu na manhã do primeiro dia do evento, 25 de março, e foi antecedida por uma reunião entre representantes do MAPA, Associação Paulista de Avicultura (APA) e outros participantes do segmento. Para Leandro Feijó, este foi um dia importante para a avicultura de postura, já que os setores produtivos, público e privado se uniram com o objetivo de qualificar a produção para o mercado interno e externo. O PNCRC monitora, semanalmente, através de um sorteio, o uso de medicamentos veterinários e de contaminantes ambientais. Após a detecção de anormalidades são realizadas análises para saber o que ocorreu e evitar novas ocorrências. Na implantação do PNCRC/Ovos o Ministério da Agricultura está investindo R$500 milhões, verba que inclui a inserção no monitoramento do produto consumido internamente e o processo de contratação de laboratórios para análise. Leandro Feijó O controle de qualidade da produção, educação sanitária e segurança de alimentos na produção de ovos se mostra importante frente às exigências sanitárias impostas pelo mercado internacional Legislação para o setor de ovos Regina D’arce, coordenadora de sanidade avícola da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do MAPA apresentou para o setor produtivo de ovos os novos regulamentos na área de sanidade avícola. Falando sobre a Instrução Normativa nº 56 de 4 de dezembro de 2007, que estende os procedimentos de registro, fiscalização e controle oficial também aos estabelecimentos avícolas comerciais (granjas de produção de frangos e de ovos de consumo), Regina lembrou que muitas polêmicas surgiram antes mesmo da publicação da proposta do MAPA. Umas delas é a obrigatoriedade das telas com malha não superior a 2 centímetros para as granjas comerciais, instaladas de forma a impedir a entrada de pássaros, animais domésticos e silvestres. Apesar, porém, da obrigatoriedade já em vigor, os estabelecimentos comerciais preexistentes têm um prazo de cinco anos para o atendimento dessa exigência. O setor avícola argumenta que o uso da tela pode se transformar em mero paliativo, não em medida adicional de biosseguridade, já que pássaros entram nos galinheiros por pequenas frestas. A IN 56 substitui a IN 4, de dezembro de 1998, que tratava do mesmo assunto e considerava os estabelecimentos produtores de frangos e de ovos comerciais “de controle eventual” (ou não-obrigatório) e, assim, as determinações em torno desse segmento eram mínimas. Produção Animal | Avicultura 29 PERSPECTIVAS Entre os procedimentos exigidos para registro de granjas de postura comercial e de reprodução estão: licença ambiental, descrição das medidas higiênico-sanitárias e de biossegurança a serem adotadas e distância mínima de 3 km entre estabelecimento avícola de reprodução a abatedouros, fábrica de ração e outros estabelecimentos de reprodução ou comercial. Outras medidas, como permitir o acesso do veterinário oficial aos documentos, registros e instalações e comunicar ao serviço oficial, por meio do veterinário habilitado, sinais repentinos, acentuados e fora da normalidade, como queda da produção de ovos e aumento da mortalidade dentro de 72 horas, também devem ser adotadas. Sobre a IN 17, de abril de 2006, que instituiu o Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle e avaliou os sistemas de resposta a um desafio sanitário, Regina D’arce reiterou que alguns Estados, como Rio Grande do Sul e São Paulo, ficaram próximos de alcançar uma classifica- ção acima da obtida pelos sistemas estaduais de defesa sanitária animal. Além disso, novas auditorias devem ser realizadas no 2º semestre deste ano. Todas as Unidades Federativas que aderiram voluntariamente ao Plano tiveram seus sistemas de defesa sanitária animal auditados e os resultados da avaliação realizada abrangeram um total de 22 UFs. Ou seja: apenas cinco estados não participaram (pelo menos inicialmente) da regionalização Grãos Para Elcio de Angelis, da Cargill/ Purina, que discutiu o mercado de grãos e suas perspectivas, a utilização do milho para etanol nos Estados Unidos vai continuar crescendo e conseqüentemente, os preços vão continuar altos. Entretanto, nos Estados Unidos, o aumento do consumo de milho para etanol gerou excesso de oferta do DDG (Distillers Dried Grains), subproduto da produção de etanol à base de milho, que substitui parcialmente a ne- Nos EUA, o aumento do consumo de milho para etanol gerou excesso de oferta do DDG, que substitui parcialmente a necessidade de nutrientes que o milho em grão oferece às rações Elcio de Angelis cessidade de nutrientes que o milho em grão oferece às rações para suínos, bovinos e aves. Com isso, a região Nordeste do Brasil e outros países próximos podem ser eventualmente beneficiados com a possível importação do DDG excedente. Comparação entre milho e DDG Milho DDG Proteína 8,00% 27,50% Gordura 3,70% 11,00% Cinza 1,30% 4,30% Umidade 13,50% 9,00% Fibra 1,70% 6,30% Cálcio 0,03% 0,20% NDF 0,25% 0,70% ADF 1,90% 7,60% Energia TDN 81,90% 87,50% Preço – U$/ton 237 215 Ovos Brasil Através da empresa de pesquisa MKT-STAT, a Ovos Brasil está realizando uma pesquisa qualitativa junto a consumidores e formadores de opinião, para definir as ações de marketing para valorizar o ovo junto ao consumidor final (classes A, B, C e D) e formadores de opinião (nutricionistas e médicos), de acordo com a real qualidade deste alimento e seus benefícios à saúde. 30 Produção Animal | Avicultura A estratégia da Ovos Brasil está dividida em três fases que englobam a pesquisa qualitativa, o planejamento da campanha e a pesquisa quantitativa para mensurar os efeitos da mesma. Atualmente, os trabalhos se encontram na fase 1. Sérgio Seyssel, da MKT-STAT, apresentou os resultados da pesquisa qualitativa que, através da técnica de Primeiro passo dado pela Ovos Brasil foi pesquisar o que pensam os consumidores. Nos resultados da Grande São Paulo é evidente a necessidade de desfazer o mito do colesterol. Porto Alegre e Recife serão as próximas regiões avaliadas discussão em grupo, identificou os principais hábitos de consumo de ovos in natura. A pesquisa realizada na Grande São Paulo evidenciou que ainda existem lacunas no conhecimento das propriedades e qualidades do ovo entre consumidores e formadores de opinião. A análise concluiu, entre outros pontos, que os três perfis analisados (consumidores, médicos e nutricionistas) necessitam de mais e melhores informações sobre o consumo de ovo e que o maior problema está localizado no consumidor, que ainda acredita que o ovo é o vilão do colesterol. Além disso, a equipe identificou que os consumidores vêem o ovo como um alimento das classes mais baixas. Para desfazer este conceito, a proposta é a divulgação de receitas e pratos mais elaborados utilizando o ovo. A MKT-STAT fez algumas sugestões de campanhas, todas com o objetivo de enfatizar as propriedades e os aspectos positivos do ovo e desfazer o mito do colesterol e o rótulo de alimento “sem classe”. Para donas de casa a sugestão é passar dicas de receitas em emissoras de TV’s, rádios e escolas. Já para adultos solteiros os veículos de comunicação ideais seriam rádio, TV’s e jornais com matérias mais aprofundadas e embasamento científico utilizando profissionais da saúde como comunicadores. Quanto aos médicos, a sugestão é se valer de revistas semanais para publicar estudos científicos, de universidades renomadas, através de profissionais já conhecidos da mídia, como o dr. Dráuzio Varela. Rogério Belzer, diretor do Setor de Ovos da União Brasileira de Avicultura (UBA) e presidente do Conselho Diretor da Ovos Brasil, acredita que os resultados obtidos ficaram dentro do esperado.“Não houve propriamente uma surpresa, mas constatamos que ainda há muita desinformação em relação ao ovo, por parte dos consumidores e também de médicos e nutricionistas. Informar parece ser a palavra chave para as futuras ações”, afirma. O próximo passo da MKT-STAT é realizar as pesquisas qualitativas na região de Porto Alegre e Recife. • “Ainda há muita desinformação em relação ao ovo, por parte dos consumidores, de médicos e nutricionistas. Informar parece ser a palavra chave para as futuras ações” Merial debate biosseguridade Jeovane Pereira, gerente técnico da Merial Saúde Animal, uma das patrocinadoras do VI Congresso de Produção, Comercialização e Consumo, apresentou no Espaço Empresarial o selo de identificação criado para certificar e registrar a imunidade de pintos e pintainhas de um dia contra as doenças de Marek e Gumboro. O selo identificará as caixas de transporte de aves dos incubatórios que utilizam a vacina Vaxxitek HVT+IBD, que proporciona imunização simultânea contra as duas doenças (Marek e Gumboro), com dose única, ainda no incubatório. A Vaxxitek foi apresentada ao setor na V edição do Congresso e possui tecnologia vetorial, ou seja, utiliza um vetor modificado em sua estrutura para conferir imunidade contra um segundo vírus. À apresentação de Jeovane se seguiu a palestra da Dra. Nair Katayama Ito, do Laboratório Spave, que abordou a produção de ovos em seus diferentes aspectos e discutiu diversos assuntos que influenciam e interferem no desenvolvimento das pintainhas no período de recria, como manejo, instalações, nutrição e controle de enfermidades através de medidas de biosseguridade. Nair Katayama Produção Animal | Avicultura 31 AVIGUIA: EMPRESAS, PRODUTOS E SERVIÇOS Linha de Avicultura da Fort Dodge realiza treinamento na Globoaves A equipe da Fort Dodge Saúde Animal visitou a unidade de Paraíba do Sul, RJ, da Globoaves para promover palestra sobre técnicas de vacinação para controle da Salmonella Enteritidis em reprodutoras pesadas. No evento, o palestrante e assistente técnico da companhia de saúde animal, Dr. Ludio Gomes, discutiu aspectos teóricos e práticos da vacinação. O encontro foi acompanhado por toda a equipe de recria, produção e vacinação da Globoaves, uma das principais empresas produtoras de pintos de um dia. Entre os conceitos importantes abordados durante a palestra, estão o uso de vacinas inativadas contra Salmonella, a redução da transmissão vertical e a proteção passiva à progênie. Para o gerente de área da Fort Dodge para Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Rio de Janeiro, Dalmo Arantes, o treinamento de vacinadores é um dos fundamentos mais importantes para a boa proteção das aves. “A Fort Dodge sente-se honrada em poder participar da capacitação de um grande número de pessoas todos os anos”, afirma. Nova ração da Linha Natural Purina deixa as gemas mais amarelas A Cargill Nutrição Animal-Purina lança um novo diferencial para o produto “Natural Ovos” de criações caseiras. O produto apresenta agora um pigmentante natural de gema, tornando-a mais amarela e mais atrativa aos consumidores. Diversas pesquisas indicam a preferência dos criadores e consumidores por gemas de coloração mais intensa. Segundo a percepção geral, a cor da gema mais forte está relacionada ao valor mais nutritivo e mais saudável. Gemas douradas e brilhantes demonstram que as galinhas recebem um suprimento adequado de carotenóides essenciais. Além de conferir à gema sua cor amarela, essas substâncias protetoras previnem a oxidação e a destruição de substâncias vitais frágeis como as vitaminas do ovo. O produto pode ser encontrado a partir de abril nas principais revendas Purina de todo o país. Mais informações: www.nutrimentospurina.com.br Elanco tem novo Gerente de Marketing e Técnico – Avicultura Equipe técnica de avicultura do Biovet ganha reforço no Sul do País D C esde o dia 1º de fevereiro a Elanco possui um novo gerente de marketing e técnico para avicultura, Giankleber S. Diniz, que terá como foco apoiar a equipe de aves na entrega de soluções confiáveis para os clientes da empresa. Giankleber está há 19 anos inserido no mercado de saúde animal, onde atuou não somente no Brasil como também na América Latina nas áreas de marketing e suporte técnico para avicultura, suinocultura e bovinocultura. O medico veterinário é formado pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina. Além disso, é especialista em Marketing e Desenvolvimento Gerencial pela Embrape/ FGV e mestre em Ciência Animal pela Universidade Estadual de Londrina. 32 Produção Animal | Avicultura ontando com grande equipe técnica no segmento de biológicos para avicultura, o Laboratório Biovet reforça ainda mais seu quadro profissional na região Sul do Brasil. A partir deste mês, o médico veterinário Carlos Adelino Dalle Mole assume a assistência técnica aos clientes paranaenses e da região oeste de Santa Catarina. Graduado pela Universidade Federal do Paraná Campus Palotina, Carlos é especialista em Avicultura pela UNOCHAPECÓ. Em seu currículo constam cinco anos de atuação na Sadia S.A, na unidade de Faxinal dos Guedes (SC), onde atuou na área de sanidade e manejo de avós e matrizes de corte. Bayer lança limpador e desinfetante A unidade de Aves e Suínos da Bayer HealthCare lançou os novos produtos do Programa de Biossegurança da empresa: o limpador Cleanagol e o desinfetante Delegol. Os lançamentos acontecem em eventos voltados ao mercado de aves e suínos em vários estados do país. O desinfetante Delegol possui amplo espectro de atividades contra os microorganismos. É indicado como desinfetante geral, para uso em pedilúvios e rodolúvios, e desinfecção de caminhões, equipamentos e instalações. Já o limpador Cleanagol é de uso geral, capaz de remover as sujidades impregnadas em veículos, equipamentos, instala- ções, pisos, beirais dos galpões, plásticos e chapas galvanizadas, entre outros. Ambos os produtos são biodegradáveis e de base aquosa, o que garante a segurança do meio ambiente. “Agora oferecemos um programa de biossegurança completo, com a combinação ideal de modernos princípios ativos, inovadores no mercado”, afirma Rogério Petri, gerente da unidade Aves e Suínos da Bayer. Mais informações: www.bayer.com.br Paraibuna Embalagens inaugura fábrica de papelão ondulado no RJ A Paraibuna Embalagens inaugurou, em Sapucaia, RJ, a sua nova unidade industrial de papelão ondulado. A cerimônia teve a presença de representantes do Governo federal, do vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Souza, do prefeito de Sapucaia, Paulo Coelho e de autoridades regionais, além de clientes e fornecedores. A fábrica conta com maquinário de alta tecnologia para a produção de papelão e impressão de caixas. A unidade industrial, chamada de Projeto Sapucaia, recebeu investimentos de R$20 milhões, para a construção da fábrica com 22 mil metros quadrados e a aquisição de equipamentos de última geração. Com isso espera-se um crescimento na produção de cerca de 8 mil toneladas. Já a fábrica de Juiz de Fora com mais de 40 anos de atuação no mercado terá investimentos de R$15 milhões de reais para a modernização do parque industrial e a fabricação de todo o papel que for necessário para a Unidade de Sapucaia. Merial cria selo de qualidade para garantir imunização contra Marek e Gumboro U m selo de identificação criado pela Merial Saúde Animal vai certificar e registrar a imunidade de pintos e pintainhas de um dia contra as doenças de Marek e Gumboro. O selo identificará as caixas de transporte de aves dos incubatórios que utilizam a vacina Vaxxitek® HVT+IBD, recente lançamento da multinacional franco-americana, que proporciona imunização simultânea contra as duas doenças (Marek e Gumboro), com dose única, ainda no incubatório. Segundo Jeovane Pereira, gerente de produtos e serviços técnicos em avicultura da Merial, o selo funciona como um atestado de qualidade da imunização, que garante, portanto, a sanidade das aves e, por extensão, a qualidade dos produtos finais (carne de frango e ovos) ao consumidor. Lançada em 2006 no Brasil, Vaxxitek® HVT+IBD é considerada a vacina mais avançada do mundo contra doenças de Marek e Gumboro. O produto possui exclusiva tecnologia vetorial, ou seja, utiliza um vetor modificado em sua estrutura para conferir imunidade contra um segundo vírus. Informações adicionais podem ser obtidas pelo SAC 0800 888-8484 ou no site www.merial.com.br. Produção Animal | Avicultura 33 ASSOCIAÇÕES Ministro da Agricultura se mostra sensível às reivindicações do setor avícola Audiência com Ministro discutiu liberação da importação do milho OGM e paridade tributária entre o grão exportado e o transferido entre Estados “Sem a paridade fiscal, o governo federal está, sem dúvida, favorecendo o competidor internacional em detrimento do produtor interno”. A afirmação é do secretário executivo da União Brasileira de Avicultura (UBA), João Tomelin. Em audiência com o Ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, a avicultura brasileira, representada pela UBA e entidades de classe de 12 Estados brasileiros e empresas do setor, reivindicou auxílio a dois entraves que podem tirar a capacidade de concorrência do segmento: a liberação das importações do milho transgênico e a paridade tributária entre o milho exportado e o transferido entre Estados. O produto exportado não recolhe PIS, COFINS ou ICMS e ainda recebe subsídio no frete. Enquanto isso, os grandes Estados produtores de milho acabam sendo obrigados a importar o produto de outros estados ou regiões e são, neste caso, onerados pelo ICMS. Tomelin explica que o Ministro se mostrou surpreso e considerou que as regras estão desencontradas. O secretário de Política Agrícola, Edílson Guimarães, estava presente na reunião, juntamente com o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, e foi incumbido de examinar esta questão. “Somos a favor das exportações de milho. Entretanto, as regras têm que ser as mesmas para a importação. A avicultura vai continuar lutando pela livre comercialização do milho”, completa Tomelin. Quanto à importação de milho geneticamente modificado, único disponível para compra no mercado internacional, Stephanes entende que não existem mais entraves para a importação de milho transgênico e instruiu o setor a realizar novo pleito, que deve ser aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A preocupação do setor é se resguardar de uma possível falta de oferta de milho no mercado interno. A necessidade ou não da importação depende do consumo durante o ano e a expectativa da colheita. Em 2008, o consumo de milho previsto para a avicultura, deve atingir 23 milhões de toneladas para um consumo total nacional entre 44 e 45 milhões de toneladas. A estimativa de produção da safra 2007/2008 é de cerca de 53 milhões de toneladas do grão. Em 2007 foram exportadas quase 11 milhões de toneladas de milho; o Brasil se transformou no último País do mundo onde ainda há milho não-OGM. Caso se mantenham volumes dessa ordem para o corrente ano, devem ser registradas dificuldades de abastecimento e custos, principalmente, para o segundo semestre de 2008. Com a possibilidade de importação o abastecimento fica garantido e os preços internos do grão tendem a manter valores acessíveis com o aumento da competição. Outro assunto abordado pelo setor na reunião foi a necessidade de uma política de estocagem de milho, de cerca de 8 milhões de toneladas, para garantia do consumo nacional (avicultura e suinocultura à frente) de dois meses. “O estoque regulador deve existir, pois é uma proteção para os produtores internos. Um problema climático na safra de milho, por exemplo, pode alterar o quadro de suprimento e pôr em risco a produção”, finaliza o secretário da UBA. • Stephanes e representantes da avicultura brasileira 34 Produção 34 Animal Produção | Avicultura Animal | Avicultura Pernambuco AVIPE busca isenção de ICMS para milho importado AVIP A diretoria da Associação Avícola de Pernambuco (AVIPE) pleiteia uma reunião com o governador do Estado, Eduardo Campos. A intenção da entidade é conseguir o apoio do governo para a volta de um programa regular de importação de milho, procedimento que existiu no Estado até 2000, para abastecer a avicultura local, que ano passado produziu 300 mil toneladas de carne. O setor avícola pernambucano, que adquire milho a quatro mil quilômetros de distância, tem poucas esperanças que o governo federal troque parte do milho exportado por uma venda desonerada de tributos para a produção de aves no País, mas acredita que voltando a importar, o governo de Pernambuco possa abrir mão dos 3% de ICMS que cobraria. O presidente da AVIPE, Saulo Perazzo Valadares, explica que a avicultura deseja importar 600 mil toneladas por ano de milho, substituindo as compras que faz no mercado interno, onerada com 12% de ICMS e 9,20% de PIS/Confins. Perazzo lembra que o milho exportado com dólar baixo e isenção de imposto é também vendido no mercado interno com 21,2% de imposto para a indústria. A chegada de empresas como Sadia e Perdigão, que já possuem benefícios fiscais através de suas Centrais de Distribuição, é vista como mais uma chance de fortalecer a atividade e buscar menores preços de insumos. A AVIPE ainda não foi procurada pelas empresas e espera informações sobre as condições oferecidas aos integrados. Rio Grande Sul A Avicultura gaúcha quer ampliar vendas para Oriente Médio Em reunião, dirigentes da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) avaliaram a situação do setor diante da alta dos custos e também a grande procura de carne de frango por parte de representantes de importadores do Oriente Médio. De acordo com o secretário-executivo da entidade, José Eduardo dos Santos, a perspectiva é de que se inicie ainda neste semestre uma série de operações de ex- portação de carne de frango para ampliar as vendas a alguns países. Atualmente, o RS exporta 29% da produção para o Oriente Médio e os principais compradores são Arábia Saudita, Barein, Catar, Emirados Árabes, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Omã, Tadisquistão, Turcomenistão, Turquia, e Uzbequistão. “A persistir a alta dos insumos, milho, soja e outros complementos da ração do frango e mesmo com o dólar em queda, a tendência é intensificar as exportações para amenizar os prejuízos”, afirma o secretário-executivo. E completa: “A avicultura gaúcha está passando por um momento delicado, mas acreditamos que a redução da produção e o redirecionamento em larga escala para o mercado externo devem estabilizar o mercado, valorizando a carne de frango em sintonia com o custo dos grãos”. Minas Gerais Tarcísio Amaral é reeleito presidente da Avimig Será que os empresários avícolas de seu Estado sabem o que a O empresário Tarcísio Franco do Amaral foi reeleito em Assembléia-Geral Ordinária, presidente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig) para cumprir mandato de dois anos. A vice-presidência conta agora com a empresária Maria Luíza Assunção Pimenta. A diretoria executiva da entidade teve algumas alterações, como a saída do diretor financeiro Luís de Cássio da Paixão. Em seu lugar assumiu o empresário Antônio Carlos Vasconcelos Costa. No cargo de diretor administrativo, continua José Maria Salgado, tendo como vice o empresário José Aparecido Ferreira. entidade de classe do setor vem fazendo por eles? Divulgue as atividades de sua Associação – reuniões, iniciativas, eventos, pleitos oficiais, necessidades,etc. – através da Produção Animal – AVICULTURA. Basta enviar e-mail para imprensa@ avisite.com.br. Produção Animal | Avicultura 35 ESTATÍSTICAS E PREÇOS Produção e mercado em resumo Trimestre beneficiou o ovo, mas não o frango, em desvalorização desde 2007 O primeiro trimestre de 2008 terminou sem que o frango vivo interrompesse a trajetória de baixa iniciada em setembro de 2007. Após brevíssimo interregno em dezembro (absolutamente natural) e sem ter registrado nenhuma valorização neste ano, o produto alcançou, em março último, seu pior desempenho dos últimos sete meses. Um comportamento que – ao contrário de vezes anteriores – refletiu a situação também do frango abatido. E como, no período, os preços das demais carnes permaneceram bem melhores e as exportações de frangos caminharam acima das expectativas iniciais, só se pode concluir que os problemas enfrentados pelo frango resultaram de um excesso de produção ou, mais provavelmente, do fato de o setor ter ignorado que todo início de ano é desafiante em termos de consumo. Assim, apenas paga-se (caro) a conta de manter o mesmo nível de produção do final do ano, época em que o consumo é bem mais significativo. Já o ovo experimentou desempenho inverso, visto que seus preços superaram não só os do mesmo trimestre do ano passado, mas também o do último trimestre de 2007, geralmente um dos mais favoráveis períodos do ano para o produto. Na- Avicultura de corte ignorou o fato de que todo início de ano é desafiante em termos de consumo turalmente, pesou no resultado do trimestre a Quaresma “prematura”, que permitiu fossem alcançados, em fevereiro, os melhores preços de todos os tempos. Mas o que, verdadeiramente, contribuiu para que o setor alcançasse um bom desempenho – a ponto de neutralizar os elevados aumentos de custos enfrentados pelo setor – foi a perfeita adequação da oferta ao consumo, fato raro na his- MATRIZES DE CORTE tória do setor, mas que hoje serve de exemplo aos demais segmentos da avicultura brasileira. No tocante à produção e ao alojamento – especialmente na área de corte – seguem batendo recordes, o que, em vez de alvissareiro, é motivo de preocupação. Assim, a produção brasileira de carne de frango mantém, nos últimos 12 meses, expansão de quase 13%, índice excepcionalmente elevado até mesmo para uma exportação quase 25% maior, porquanto a oferta interna evolui à razão de quase 8%, nível extremamente superior ao do crescimento vegetativo da população. Porém, o mais desafiante até aqui é a evolução do alojamento de matrizes de corte. Elas, já há algum tempo, vêm apresentando (considerado o alojamento acumulado em 12 meses) expansão média muito próxima de 1,5% ao mês. E isso projetado para a totalidade do ano sugere volume acima dos 50 milhões de cabeças. Há espaço para tanto? Evolução do alojamento acumulado em 12 meses e tendência em 2008 (mantida a evolução média dos últimos doze meses) MILHÕES DE CABEÇAS 36 Produção Animal | Avicultura Alojamento de matrizes de corte Volume acumulado em 12 meses já chega aos 44,5 milhões de cabeças O levantamento mensal da UBA revela que em fevereiro passado foram alojadas no País 3.851.818 matrizes de corte, 30% a mais que o registrado em fevereiro do ano passado, mês em que, ainda sob os influxos da crise de 2006, o setor alojou o menor volume de 2007. Note-se, ainda, que há um ano o alojamento de matrizes de corte apresentou redução de quase 6% sobre fevereiro de 2006. E isso considerado, o incremento bienal foi de, aproximadamente, 22,5% - perto de 11% anuais. Mesmo assim é inegável que os índices de expansão do setor vêm sendo elevados, fato ressaltado pelo incremento de 33% no primeiro bimestre de 2008. É verdade, aqui, que a base anterior era relativamente baixa. Mas uma retrospectiva até o primeiro bimestre de 2006 (quando a crise externa ainda não havia se refletido no alojamento interno de matrizes de corte) mostra que o volume alojado no último bimestre se expandiu a uma média anual superior a 12%. O fato principal é que, depois de ter fechado 2007 com um volume da ordem de 42,482 milhões de cabeças, dois meses depois o número de matrizes de corte alojadas em um período de 12 meses sobe para 44,500 milhões – incremento de quase 5% em relação ao fechamento do ano que passou. Comparativamente ao mesmo período anterior, a expansão é bem mais significativa, visto que em relação aos 38,004 milhões de matrizes de corte alojados entre março de 2006 e fevereiro de 2007 o atual volume é 17% superior. MATRIZES DE CORTE Alojamento mensal em 24 meses MILHÕES DE CABEÇAS MÊS 2006/2007 2007/2008 VAR. % Março 3,099 3,674 18,55% Abril 2,635 3,444 30,73% Maio 3,110 3,863 24,20% Junho 3,022 3,358 11,12% Julho 3,263 3,601 10,36% Agosto 3,152 3,527 11,90% Setembro 3,105 3,347 7,77% Outubro 3,444 3,945 14,56% Novembro 3,490 3,858 10,55% Dezembro 3,585 3,766 5,05% Janeiro 3,137 4,265 35,97% Fevereiro 2,962 3,852 30,06% EM 2 MESES 6,098 8,117 33,10% EM 12 MESES 38,004 44,500 17,09% Fonte: UBA – Elaboração e análises: AVISITE Apesar da redução em relação a janeiro, volume acumulado nos últimos 12 meses é muito superior ao do mesmo período de 2007 Produção Animal | Avicultura 37 ESTATÍSTICAS E PREÇOS Produção de pintos de corte Pintos de corte mantêm o mesmo ritmo da abertura do ano D epois de iniciar o ano com incremento anual de 9,56%, em fevereiro último a produção brasileira de pintos de corte voltou a apresentar índice de crescimento praticamente similar, pois, conforme a APINCO, o volume do mês totalizou 427,892 milhões de cabeças, 9,48% a mais que em fevereiro de 2007. Em comparação ao mês anterior, janeiro de 2008, houve uma queda de 7,12%. Em valores reais, porém, essas variações são ligeiramente diferentes. Por exemplo, fevereiro de 2008 teve um dia a mais. Assim, a variação anual foi ligeiramente menor, de 5,72%. Já a queda em relação ao mês anterior (de 31 dias) não foi tão significativa, pois ficou em 0,7%. O que também significa que o volume alcançado em fevereiro foi apenas 1,3% menor que o registrado em outubro de 2007, até aqui recorde absoluto do setor. E uma vez que em janeiro e fevereiro o volume produzido teve variações de 9,56% e 9,48% sobre os mesmos meses do ano passado, o volume do primeiro bimestre foi, lógico, 9,52% maior que o de idêntico bimestre de 2007, ou seja, somou 888,6 milhões de cabeças, projetando para o ano um volume global da ordem de 5,330 bilhões de cabeças, 3,5% a mais que o produzido no decorrer de 2007. Uma vez, porém, que o primeiro bimestre é o mais curto do ano, é certo que os números vindouros serão bem maiores e, com eles, também a produção anual. Nos últimos 12 meses (março de 2007 a fevereiro de 2008) a produção cresceu mais de 13%, totalizando agora 5,229 bilhões de cabeças. Apenas aparentemente menor, a produção de pintos de corte em fevereiro manteve o ritmo apresentado na abertura do ano 38 Produção Animal | Avicultura PINTOS DE CORTE Produção brasileira em 24 meses MILHÕES DE CABEÇAS MÊS 2006/2007 2007/2008 VAR. % ANUAL Março 340,8 423,4 24,24% Abril 333,0 414,3 24,41% Maio 376,4 433,5 15,17% Junho 379,8 418,8 10,27% Julho 387,6 434,6 12,12% Agosto 396,4 444,8 12,22% Setembro 388,3 424,4 9,30% Outubro 412,6 463,4 12,30% Novembro 394,1 431,5 9,50% Dezembro 405,4 451,8 11,44% Janeiro 420,5 460,7 9,56% Fevereiro 390,8 427,9 9,48% EM 2 MESES 811,3 888,6 9,52% EM 12 MESES 4.625,7 5.229,1 13,04% Fonte: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE Produção de carne de frango Em fevereiro de 2008 o segundo maior nível histórico do setor B aseando-se na produção anterior de pintos de corte e no volume de frangos inteiros e cortes exportados no mês, a APINCO estimou que em fevereiro passado o Brasil produziu 866.302 toneladas de carne de frango, volume 15,5% maior que o registrado um anos antes, em fevereiro de 2007. Em relação ao mês anterior, janeiro de 2008, houve uma queda de 5,2%. Mas isso, em valores absolutos, porquanto considerado o número de dias de um e outro mês o que ocorreu, na realidade, foi um acréscimo de 1,32%. Ou, dito de outra forma, enquanto a produção média diária de janeiro foi de 29.484 toneladas, a de fevereiro subiu para 29.872 toneladas – um volume só superado pela produção de dezembro passado, da ordem de 30,5 mil toneladas/dia. Com esses resultados, a produção brasileira de carne de frango do primeiro bimestre de 2008 alcança a marca de 1,780 milhão de toneladas, superando em 12,77% a produção do mesmo bimestre do ano passado. Esse volume, projetado para a totalidade do ano, sugere produção global de não menos de 10,680 milhões de toneladas em 2008, quase 4% a mais que o produzido em 2007. Mas, sabe-se muito bem, a produção do bimestre inicial do ano é pouco expressiva. E não só porque o bimestre é mais curto que os demais. Assim, no presente passo, pode-se esperar incremento de produção bem mais significativo que o ora projetado. Por enquanto, nos últimos 12 meses (março de 2007 a fevereiro de 2008), a produção brasileira de carne de frango está próxima dos 10,507 milhões de toneladas, volume 12,73% superior ao produzido nos 12 meses imediatamente anteriores. CARNE DE FRANGO Produção em 24 meses MIL TONELADAS MÊS 2006/2007 2007/ 2008 VAR. % ANUAL Março 814,9 843,7 3,54% Abril 708,8 835,3 17,85% Maio 707,1 859,7 21,58% Junho 727,2 851,6 17,10% Julho 802,2 872,6 8,78% Agosto 764,4 871,8 14,04% Setembro 777,3 866,9 11,53% Outubro 797,5 891,4 11,78% Novembro 790,7 887,9 12,29% Dezembro 851,4 945,5 11,05% Janeiro 828,9 914,0 10,26% Fevereiro 749,8 866,3 15,53% EM 2 MESES 1.578,7 1.780,3 12,77% EM 12 MESES 9.320,2 10.506,7 12,73% Fonte: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE Produção Animal | Avicultura 39 ESTATÍSTICAS E PREÇOS Exportação de carne de frango 292,5 mil toneladas embarcadas em fevereiro surpreendem R esultados consolidados divulgados pela ABEF apontam a exportação, em fevereiro passado, de 292.538 toneladas de carne de frango, um volume quase 26% maior que o exportado em fevereiro do ano passado. E, a despeito do mês mais curto, o resultado foi também melhor que o de janeiro/08, quando foram embarcadas perto de 274.897 toneladas de carne de frango. O incremento em fevereiro foi, pois, de 6,4% em valores nominais e de 23,2% em valores reais (embarques diários). Com esse resultado, o volume exportado no primeiro bimestre do ano totalizou 567.435 toneladas. Correspondendo a 28,50% de aumento sobre idêntico bimestre de 2007, esse volume, projetado para a totalidade do ano, sugere embarques anuais da ordem de 3,4 milhões de toneladas, 3,5% a mais que o exportado em 2007. O desempenho no bimestre, entretanto, não corresponde à melhor forma de se projetar os eventuais resultados das exportações no decorrer do ano – em particular, porque esse bimestre apresenta fraco desempenho e, ainda, porque, em termos de dias úteis (fator que pesa nas exportações mensais), é dos mais curtos do ano. Porém, mesmo tomando como base os embarques diários do primeiro bimestre (567.435 toneladas ÷ 40 dias úteis = ±14.186 toneladas/ dia), os resultados são bastante promissores, apontando um total anual da ordem de 3,617 milhões de toneladas (±14.186 toneladas/dia x 255 dias úteis), 10% a mais que o embarcado em 2007. Até agora, as estimativas de crescimento vindas do próprio setor exportador não iam além dos 8% no exercício de 2008. 40 Produção Animal | Avicultura CARNE DE FRANGO Exportação brasileira em 24 meses MIL TONELADAS MÊS 2006/2007 2007/2008 VAR. % ANUAL Março 225,5 303,6 34,61% Abril 211,5 264,0 24,82% Maio 196,5 275,2 40,07% Junho 194,9 259,3 33,06% Julho 186,2 284,0 52,54% Agosto 300,6 304,7 1,36% Setembro 210,6 242,1 15,00% Outubro 256,9 313,4 20,57% Novembro 284,1 298,9 5,32% Dezembro 238,1 299,9 25,95% Janeiro 209,2 274,9 31,40% Fevereiro 232,4 292,5 25,89% EM 2 MESES 441,6 567,4 28,48% EM 12 MESES 2.746,5 3.412,6 24,25% Fonte: ABEF - Elaboração e análises: AVISITE Disponibilidade interna de carne de frango Oferta interna aumentou quase 11% em fevereiro E mbora a produção brasileira de carne de frango tenha registrado aumento de mais de 15% em fevereiro passado, a disponibilidade interna apresentou evolução próxima (mas abaixo) de 11%. Graças, naturalmente, ao bom desempenho das exportações, que em fevereiro tiveram incremento superior a 25%. No segundo mês de 2008, a disponibilidade interna aparente de carne de frango foi de 573.764 toneladas, volume que, à primeira vista, representa queda de 10% sobre o mês anterior. Mas fevereiro é mais curto, o último teve 29 dias. Com isso, a queda efetiva foi de 4%. Com o último resultado, a oferta interna de carne de frango do primeiro bimestre de 2008 ficou próxima de 1,213 milhão de toneladas, aumentando 6,66% em relação ao mesmo período do ano passado. Projetado para a totalidade do ano, esse volume sugere oferta interna total da ordem de 7,278 milhões de toneladas, cerca de 4% a mais que o ofertado em 2007. Estamos, porém, apenas iniciando o ano. Portanto, volumes ainda maiores podem ser aguardados para os próximos meses. Por ora, em 12 meses, a disponibilidade aparente de carne de frango já anda próxima de 7,1 milhões de toneladas e apresenta incremento de aproximadamente 8% sobre os doze meses imediatamente anteriores. CARNE DE FRANGO Disponibilidade interna em 24 meses MIL TONELADAS MÊS 2006/2007 2007/2008 VAR. % ANUAL Março 589,4 540,1 -8,35% Abril 497,2 571,3 14,89% Maio 510,6 584,5 14,46% Junho 532,3 592,2 11,26% Julho 616,5 588,6 -4,52% Agosto 465,3 567,0 21,87% Setembro 567,7 624,7 10,04% Outubro 541,6 578,1 6,73% Novembro 506,9 589,0 16,20% Dezembro 613,6 645,6 5,21% Janeiro 619,7 639,1 3,13% Fevereiro 517,5 573,8 10,88% EM 2 MESES 1.137,2 1.212,9 6,66% EM 12 MESES 6.578,3 7.094,0 7,84% Fontes dos dados básicos: APINCO e ABEF - Elaboração e análises: AVISITE Produção Animal | Avicultura 41 ESTATÍSTICAS E PREÇOS Alojamento de matrizes de postura Volume alojado cresce 100% no bimestre D e acordo com levantamento da UBA, em fevereiro passado foram alojadas no Brasil 98.130 matrizes destinadas à produção de poedeiras, quase 86% delas de linhagens produtoras de ovos brancos. O volume alojado no mês correspondeu a aumentos de 182,90% e de 5,67% sobre os volumes alojados, respectivamente, em fevereiro de 2007 e em janeiro de 2008. Como mostra o quadro, depois de registrar alojamento médio de 55 mil matrizes em 22 dos últimos 24 meses, em janeiro e fevereiro passados o alojamento mensal das reprodutoras de postura superou as 90 mil cabeças, ficando, em fevereiro, muito próximo das 100 mil matrizes. Isso fez com que o primeiro bimestre de 2008 fosse encerrado com um total de, praticamente, 191 mil matrizes de postura, 101,76% a mais que o alojado no mesmo período de 2007. Isso, naturalmente, significa que o setor de postura já esqueceu todo o esforço anterior (responsável, hoje, pela boa remuneração obtida pelos ovos) e agora parte para o alojamento pleno, certo? Nem tanto, pois o alto índice de incremento ora observado tem por base os baixos números do bimestre inicial de 2007. Tanto assim que, comparado ao alojamento do mesmo bimestre de 2006 (184.493 matrizes), o alojamento atual é apenas 3,5% superior. Mesmo assim é impossível deixar de alertar que o alojamento acumulado nos últimos 12 meses (perto de 793 mil matrizes de postura) se encontra quase 30% acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores. Nos 12 meses encerrados em dezembro de 2007 essa diferença era negativa – 1,23% menor que a do mesmo período anterior. 42 Produção Animal | Avicultura MATRIZES DE POSTURA Alojamento em 24 meses (ovos brancos e vermelhos) MILHARES DE CABEÇAS 2006/ 2007/ 2007 2008 Mar 18,159 100,664 454,35% 37,89% 64,12% Abr 46,747 23,304 -50,15% 83,81% 56,66% MÊS VAR. % % OVO BRANCO 2006/2007 2007/2008 Mai 23,223 83,167 258,12% 77,62% 74,63% Jun 42,489 95,915 125,74% 72,49% 63,49% Jul 93,053 53,253 -42,77% 76,50% 64,66% Ago 43,751 63,392 44,89% 66,41% 85,02% Set 31,827 67,212 111,18% 34,56% 43,68% Out 78,400 24,339 -68,96% 66,45% 55,63% Nov 80,900 40,126 -50,40% 73,42% 91,92% Dez 62,143 50,503 -18,73% 73,13% 80,03% Jan 59,975 92,858 54,83% 83,33% 56,45% Fev 34,687 98,130 182,90% 59,64% 85,95% EM 2 MESES 94,662 190,988 101,76% 74,65% 71,61% EM 12 MESES 615,354 792,863 28,85% 70,48% 68,86% Fonte: UBA – Elaboração e análises: AVISITE Alojamento de pintainhas de postura Plantel acumulado em 12 meses continua a registrar lenta expansão C onforme a UBA, em fevereiro passado foram alojadas no Brasil 5,048 milhões de pintainhas comerciais de postura, 73% delas representadas por linhagens produtoras de ovos brancos. O volume alojado representou aumentos de 6,29% sobre fevereiro de 2007 e de pouco mais de 3% sobre o mês anterior, janeiro de 2008. Como, nos meses iniciais do ano, foi registrado maior alojamento que no mesmo período do ano anterior, o volume alojado no primeiro bimestre apresenta evolução de 3,91% sobre janeiro e fevereiro de 2007, projetando para a totalidade do ano alojamento total próximo (mas ainda abaixo) dos 60 milhões de cabeças. Por ora, o volume acumulado em 12 meses é um pouco superior, somando 60,585 milhões de cabeças. Mas permanece 2,84% abaixo do que foi alojado nos 12 meses imediatamente anteriores, março de 2006 a fevereiro de 2007. De toda forma, o plantel acumulado em 12 meses vem, desde novembro de 2007, apresentando uma expansão contínua, que, embora lenta e inferior a meio por cento ao mês pode, antes do final de 2008, elevar o plantel para números acima dos 62,5 milhões de cabeças registrados em abril do ano passado. PINTAINHAS COMERCIAIS DE POSTURA Alojamento em 24 meses (ovos brancos e vermelhos) MILHÕES DE CABEÇAS MÊS 2006/ 2007/ 2007 2008 VAR. % % OVO BRANCO 2006/2007 2007/2008 Mar 5,343 5,028 -5,91% 76,67% 73,73% Abr 4,472 4,980 11,36% 72,86% 73,53% Mai 5,483 4,960 -9,53% 74,44% 74,17% Jun 5,478 5,142 -6,14% 74,68% 74,39% Jul 5,669 5,078 -10,44% 74,57% 74,30% Ago 5,543 5,091 -8,16% 72,91% 74,48% Set 5,034 5,074 0,80% 73,43% 72,28% Out 6,086 5,166 -15,13% 75,33% 73,26% Nov 4,882 5,105 4,57% 72,55% 73,80% Dez 4,792 5,017 4,71% 75,16% 75,79% Jan 4,821 4,897 1,57% 76,98% 75,11% Fev 4,749 5,048 6,29% 77,81% 73,17% EM 2 MESES 9,570 9,944 3,91% 77,39% 74,12% EM 12 MESES , 62,353 , 60,585 , -2,84% , 74,78% , 74,00% Fonte: UBA – Elaboração e análises: AVISITE Produção Animal | Avicultura 43 ESTATÍSTICAS E PREÇOS Desempenho do frango vivo em março de 2008 Apenas baixas de preços nos primeiros 91 dias do ano O frango vivo comercializado no interior paulista encerrou o primeiro trimestre de 2008 em condições similares às observadas no mesmo período de 2006 (ou seja, há dois anos), quando a atividade enfrentou sua mais séria crise de demanda no mercado internacional. A única grande diferença é que desta vez não há crise de demanda - nem externa (muito pelo contrário), nem interna, apenas excesso de oferta em um período de baixo consumo. Dessa forma, como ocorreu em 2006, o produto fechou o trimestre registrando apenas baixas de preços. Que, em relação ao valor de abertura do ano (R$1,65/kg) totalizam 45 centavos, desvalorização global de 27% em menos de 90 dias. O preço médio do mês também retrocedeu para R$1,24/kg, o menor valor deste ano, e também o segundo pior desempenho dos últimos 15 meses. Em relação a março de 2007 apresenta queda de 20% e, em comparação ao mês anterior, de 10%. Já o preço médio do primeiro trimestre de 2008, de R$1,38/kg, foi 11,53% abaixo da média de R$1,56/ kg alcançada no mesmo período de 2007. É verdade, aqui, que em comparação a idêntico trimestre de 2006 (época da “grande crise”), a média atual é 45% superior, o que soa consolador. Mas esse significativo ganho é insuficiente para cobrir o custo adicional do milho atualmente. Assim, se em 2006 precisava-se de pouco mais de 13 quilos de frango vivo para adquirir uma saca de milho (R$12,95/saca em 31 de março de 2006), a atual média corresponde a quase 19 quilos de frango vivo (R$25,50/saca no final de março). Ainda que o preço recebido pela ave viva tenha evoluído 45% em relação à época da crise, atualmente o avicultor precisa de um terço a mais de aves para obter a mesma saca de milho. 44 Produção Animal | Avicultura FRANGO VIVO Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/kg MÊS MÉDIA R$/KG VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL Março/2007 1,55 89,02% -13,41% Abril/2007 1,36 38,78% -12,26% Maio/2007 1,20 4,35% -11,76% Junho/2007 1,40 25,00% 16,66% Julho/2007 1,68 82,60% 20,00% Agosto/2007 1,84 55,93% 9,52% Setembro/2007 1,68 9,80% -8,69% Outubro/2007 1,60 -9,09% -4,76% Novembro/2007 1,55 21,09% -3,12% Dezembro/2007 1,65 41,02% 6,45% Janeiro/2008 1,52 14,28% -7,88% Fevereiro/2008 1,38 -22,90% -9,21% 1,24 -20,00% -10,14% Março/2008 Médias Anuais entre 2000 e 2007 ANO R$/KG VAR. % ANO R$/KG VAR. % 2000 0,91 14,57% 2004 1,49 2,75% 2001 0,97 6,47% 2005 1,35 -8,72% 2002 1,13 16,49% 2006 1,16 -14,70% 2003 1,45 28,31% 2007 1,55 33,62% Situação em 2008 (em relação ao mesmo período de 2007) MÉDIA JAN-MAR R$1,38/KG -11,53% Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE FRANGO VIVO - PREÇOS HISTÓRICOS E PREÇO EFETIVO EM 2008 PREÇO HISTÓRICO (MÉDIA 1998/2007): preço em dezembro do ano anterior igual a 100 PREÇO MÉDIO EFETIVO EM 2008: (R$/KG, granja, interior paulista) Desempenho do ovo em março de 2008 Trimestre mostra início de ano ajustado para postura comercial OVO BRANCO EXTRA Evolução de preços no atacado paulista – R$/Caixa de 30 dúzias MÊS MÉDIA R$/CXA VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL Março/2007 41,18 58,87% 4,92% Abril/2007 37,83 43,90% -8,14% Maio/2007 37,21 45,29% -1,64% Junho/2007 43,56 59,09% 17,06% Julho/2007 42,13 63,16% -3,28% Agosto/2007 43,34 73,22% 2,87% Setembro/2007 38,42 42,03% -11,35% Outubro/2007 37,29 28,36% -2,94% Novembro/2007 36,64 26,12% -1,74% Dezembro/2007 45,30 27,43% 23,64% Janeiro/2008 38,69 27,69% -14,59% Fevereiro/2008 50,71 29,20% 31,07% Março/2008 50,30 22,14% -0,81% Médias Anuais entre 2000 e 2007 ANO R$/CXA VAR. % ANO R$/CXA VAR. % 2000 23,12 16,89% 2004 34,47 -13,11% 2001 24,07 4,11% 2005 33,48 -2,87% 2002 27,88 15,83% 2006 27,48 -17,92% 39,67 42,29% 2007 39,37 43,27% 2003 Situação em 2008 (em relação ao mesmo período de 2007) MÉDIA JAN-MAR R$46,56/CAIXA 26,16% Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE OVO EXTRA BRANCO - PREÇOS HISTÓRICOS E PREÇO EFETIVO EM 2008 PREÇO HISTÓRICO (MÉDIA 1998/2007): preço em dezembro do ano anterior igual a 100 D epois de alcançar, na segunda quinzena de fevereiro, preços historicamente recordes – média de R$ 54,50 por caixa, o que significou, também, superar pela primeira vez a marca dos R$ 50,00/caixa – o ovo abriu março passado no mesmo passo, trazendo a impressão de que novos recordes seriam atingidos no mês. Mas o estágio de altas cotações, típico do período de Quaresma, se diluiu rápida e sensivelmente no decorrer do período. Tanto que, com uma cotação média, de R$ 41,00/caixa, o produto encerrou março com perda de 25% de seu valor inicial. A despeito, porém, desse recuo, raras vezes visto com tal intensidade, o produto manteve, no mês de março, um preço médio que, embora menor que o alcançado em fevereiro, permaneceu ligeiramente acima dos R$ 50,00/caixa, apresentando uma evolução de 22% em relação a março do ano passado. Também recorde para o período (R$ 46,56/caixa), o preço médio do primeiro trimestre de 2008 se encontra 26% acima da média registrada no mesmo trimestre do ano passado (R$ 36,91/caixa), além de manter-se significativamente acima das médias anuais alcançadas nos últimos anos. PREÇO MÉDIO EFETIVO EM 2008: (R$/caixa, no atacado paulista) Produção Animal | Avicultura 45 PONTO FINAL Importação de milho: o melhor é começar já! S egundo líderes avícolas da vizinha Argentina, a falta de ração enfrentada pelo setor logo nos primeiros dias do locaute dos agropecuaristas foi suficiente para afetar, além da produção imediata de frangos, a dos próximos seis meses. Essa constatação proporciona breve, mas ainda pálida, idéia do risco com que a avicultura brasileira conviveu nos primeiros meses deste ano frente à perspectiva de enfrentar um “vazio entressafras” no abastecimento de milho – que, para felicidade geral da Nação, não se confirmou. Para quem olha a questão de fora, tudo fica extremamente fácil: não tem milho (quase um sinônimo de ração, já que para ele não há, praticamente, substitutivos) reduz-se a produção. Mas o que está em produção não são apenas os frangos e os ovos do curto prazo, mas também os do médio e longo prazos. Ou seja: o criatório é composto não apenas de aves comerciais que amanhã ou depois estarão transformadas em carne Até aqui as indicações de safra apontam para um novo recorde de produção e para um volume de milho capaz de atender o mercado interno e a forte demanda externa. Portanto, talvez a controversa (e, por isso, indesejada) importação se torne dispensável. Mesmo assim se pergunta: é possível confiar? Pois parte significativa do abastecimento depende da safrinha, cujo desempenho ninguém pode assegurar: e se São Pedro cismar de não colaborar? 46 Produção Animal | Avicultura de frango ou produzindo ovos, mas também de reprodutores – avós, bisavós, tataravós, linhas puras, de onde sairão o que se vai consumir ou exportar em 2008, 2009, 2010, eventualmente até em 2012. Portanto, não é pouco o que pode ser colocado em risco pela inépcia oficial. À primeira vista esse risco está, hoje, superado. Pois, com a liberação do plantio de alguns tipos específicos de milho geneticamente modificado (o que pressupõe liberação, também, da comercialização dessas espécies), entende-se que não haverá maior entrave à importação, perspectiva corroborada até pelo Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes (vide matéria da página 34). Mas nada é tão simples assim. Porque, além da aprovação de importação a que o setor ainda está sujeito, podem ser aguardados outros obstáculos antes que, já como ração, o milho importado chegue às granjas brasileiras. Assim, até mesmo a obtenção de um “sim” da parte da CTNBio deve ser considerada apenas primeiro passo. Pois - recentes experiências anteriores apontam nessa direção – o processo tende a ser obsta- do e muitas vezes subvertido por ações de caráter burocrático ou, mesmo, de ordem jurídica. Até aqui, todas as indicações de safra apontam para um novo recorde de produção e para um volume de milho capaz de atender o mercado interno e a forte demanda externa. Assim, é bem provável que, mais uma vez, a controversa (e, por isso, indesejada) importação se torne dispensável. Mesmo assim se pergunta: é permitido confiar? Pois parte significativa do abastecimento depende da safrinha, cujo desempenho ninguém pode assegurar: e se São Pedro cismar de não colaborar? Uma atividade econômica que responde pela maior parte da proteína animal consumida pela população, que gera cerca de quatro milhões de empregos diretos e indiretos (são números do próprio setor) e espera alcançar, ainda em 2008, uma receita cambial de seis bilhões de dólares não pode viver sob o risco de, a qualquer momento, ficar sem a sua principal matéria-prima. Por isso, os trâmites para importação de milho precisam começar já! PONTO PONT PO NTO O FI FINA FINAL NALL 46 Produção Animal | Avicultura Produção Animal | Avicultura 47